A HEMATOPOIESE - A FORMAÇÃO DO SANGUE "Um processo

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A HEMATOPOIESE - A FORMAÇÃO DO SANGUE
"Um processo que se inicia no embrião, em torno do segundo mês, e se
prolonga por toda a vida."
Evolução da hematopoiese do embrião ao adulto
É da parede do útero materno que o embrião retira os alimentos que
necessita, nos primeiros dias de vida. Em torno da terceira/quarta semana,
porém, seu sistema de alimentação sofre uma modificação radical. O pequeno
ser em formação passa a alimentar-se através do sangue da mãe. E, para que
os alimentos possam ser distribuídos adequadamente pelo organismo
embrionário, é indispensável um eficiente sistema transportador de elementos
nutritivos.
Ao completar um mês, o embrião já possui um sistema igual ao do
adulto. Os vasos sangüíneos percorrem o pequeno corpo, numa rede extensa
e intrincada que leva o sangue para todas as partes do organismo. E, ao fim do
primeiro mês, já existe um coração rudimentar, que bombeia sangue para o
corpo em formação.
Durante toda a vida uterina, o feto sofre as transformações necessárias
para adaptar o aparelho circulatório à futura existência fora do útero. Mas,
desde o início de segundo mês, o sangue já está presente, com seus glóbulos
vermelhos (hemácias), glóbulos brancos (leucócitos) e plaquetas.
Nas três primeiras semanas de gestação, o embrião humano apresentase ao lado de uma espécie de bolsa de grandes dimensões, o chamado saco
vitelino. Nos vertebrados ovíparos esta bolsa funciona como um reservatório de
material nutritivo. No embrião humano, o saco vitelino não tem função de
reservatório alimentar, mas possui também um papel valioso.
É nele que se inicia a formação dos vasos sangüíneos e dos glóbulos
vermelhos do embrião. Por volta de três semanas de gestação, podem ser
observadas na parede externa do saco vitelino, pequenas massas celulares.
Pouco a pouco, as células que formam esses aglomerados sofrem uma
transformação e originam pequenas ilhotas sangüíneas, as chamadas ilhotas
de Wolff.
As células que delimitam o contorno das ilhotas vão originar as paredes
dos primeiros vasos sangüíneos. Gradualmente, o interior dessas ilhotas vai
ficando vazio e as células mais internas transformam-se em glóbulos
vermelhos primitivos (megaloblastos). Assim, vasos sangüíneos e glóbulos
vermelhos se originam a partir da mesma estrutura inicial, situada fora do
organismo do embrião. São, portanto, de origem extra-embrionária.
Formados os primeiros vasos sangüíneos, o processo se desencadeia e
a produção de células do sangue continua ininterruptamente, pelo resto da
vida. Daí por diante, quem se encarrega de fabricar novos glóbulos vermelhos
para o transporte da nutrição do organismo embrionário são as células que
existem no interior dos vasos recém formados (células reticulares).
Pouco a pouco, o saco vitelino deixa de ter qualquer função para a vida
embrionária e começa a involuir. A partir daí, as células do sangue passam a
ser produzidas no interior do próprio organismo.
O organismo do embrião possui três camadas fundamentais de tecidos.
A mais exterior denomina-se ectoderma e a mais interna, endoderma; a do
meio é o mesoderma. É nesta camada média que são produzidos novos vasos
e glóbulos sangüíneos. No início, o mesoderma é constituído apenas por uma
massa gelatinosa de protoplasma, com núcleos dispersos. Não existem limites
evidentes entre as células, que se comunicam livremente, caracterizando,
assim, o chamado sincício.
Pouco a pouco, o sincício mesodérmico dá origem à rede de delgados
vasos capilares, forrados de endotélio; o protoplasma original se liquefaz e se
transforma no plasma, que é a parte líquida do sangue. Em alguns pontos do
endotélio, suas células proliferam e se diferenciam, dando origem a glóbulos
vermelhos. Assim aparecem no interior dos capilares massas de células
portadoras de hemoglobina (pigmento vermelho transportador de oxigênio),
que preenchem e distendem o espaço interno desses vasos recém-formados.
Quando estas células se tornam livres, passam a circular pela corrente
sanguínea, caminhando pelo plasma que acabou de se formar. Finalmente, as
células perdem os núcleos e transforma-se em glóbulos vermelhos, que
normalmente não têm núcleo, são células anucleadas.
Esse processo de formação do sangue que ocorre no mesoderma é ao
que parece o único exemplo de fabricação de hemácias no interior de vasos.
Durante o resto da vida fetal, os glóbulos vermelhos serão fabricados fora dos
vasos.
Após o terceiro mês de vida fetal, a formação do sangue se processa,
em particular no fígado e também no baço. É a chamada fase hepática da
hematopoiese (fabricação de sangue) fetal. Entre os vasos sanguíneos e as
células que compõem esses órgãos, localiza-se o mesênquima, tecido derivado
do mesoderma. É a partir daí que se formam os glóbulos vermelhos do feto.
Um pouco mais tarde, aproximadamente na metade do período de vida
fetal, a medula óssea começa a desempenhar o papel de estrutura produtora
de sangue. Tem início a fase mielóide (de myelos, medula) de produção do
sangue, que, em regra, continua durante toda a vida extra-uterina.
Em casos especiais em que o organismo exige maior quantidade de
sangue, o fígado e o baço podem retomar a atividade de formadores de
sangue. O mesmo pode ocorrer no caso de destruição extensa da medula
óssea, por irradiação intensa, tumores ou depressão por drogas.
A Medula Óssea
"É no interior dos ossos, na Medula Óssea, que estão as células progenitoras
das células sangüíneas. Ali também tem origem as alteração que vão ser
responsáveis por inúmeras doenças."
A medula óssea é constituída por um tecido esponjoso mole localizado
no interior dos ossos longos. É nela que o organismo produz praticamente
todas as células do sangue: glóbulos vermelhos (hemácias); glóbulos brancos
e plaquetas. Estes componentes do sangue são renovados continuamente e a
medula óssea é quem se encarrega desta renovação. Trata-se, portanto de um
tecido de grande atividade evidenciada pelo grande número de multiplicações
celulares.
Estima-se que em um adulto médio, com aproximadamente 5 litros de
sangue, existam em cada mililitro (mL) de sangue, cerca de 4,5 milhões de
glóbulos vermelhos, 6 mil glóbulos brancos e 300 mil plaquetas. Isso significa
um total aproximado de 22,5 bilhões de glóbulos vermelhos, 30 milhões de
glóbulos brancos e 1,5 bilhões de plaquetas.
As células sangüíneas têm vida curta: os glóbulos vermelhos tem uma
vida média de 120 dias, os glóbulos brancos vivem em média 1 semana, as
plaquetas 9 dias. Há, portanto células morrendo permanentemente, sendo
destruídas ou eliminadas e substituídas por novas células.
Ao nascermos todos os nossos ossos contém medula capaz de produzir
sangue: a medula vermelha. Com a passagem dos anos, a maior parte da
medula vai perdendo sua função, sendo substituída por tecido gorduroso e
passa a ser chamada de medula amarela. No adulto apenas alguns ossos
continuam exercendo essa função: as costelas, o corpo das vértebras, as
partes esponjosas de alguns ossos curtos e das extremidades dos ossos
longos dos membros superiores e inferiores, assim como o interior dos ossos
do crânio e do esterno.
Os outros ossos do esqueleto do adulto possuem medula amarela e,
portanto, em condições normais, são incapazes de produzir sangue. Quando
há uma necessidade maior como no caso de uma anemia, parte desta medula
óssea amarela pode voltar a produzir células sangüíneas.
A medula óssea mantém-se em atividade intensa e ininterrupta para
produzir células sangüíneas e para isso depende de abundante e contínuo
suprimento de substâncias. Para elaborar novos glóbulos vermelhos ela
aproveita algumas moléculas resultantes da destruição dos glóbulos vermelhos
envelhecidos. O ferro contido na hemoglobina é deixado na medula pelas
hemácias que chegam ao fim da vida e novamente utilizado pela medula para
formar novas moléculas de hemoglobina.
Células fagocitárias do baço, fígado, gânglios linfáticos e da própria
medula encarregadas de englobar os glóbulos envelhecidos e destruí-los no
interior do seu citoplasma, lançam o ferro na circulação para aproveitamento
futuro. Grande parte deste ferro fica armazenado no fígado e na medula. O
ferro da dieta, absorvido pela mucosa do intestino delgado, complementa as
necessidades diárias deste elemento.
Outra
substância
indispensável
ao
funcionamento
do
tecido
hematopoiético é a vitamina B12. Quantidades muito pequenas desta vitamina
são necessárias diariamente, mas para que ela seja absorvida e aproveitada
pelo organismo, exige a presença do fator intrínseco da vit. B12, açúcar de
natureza complexa, sintetizado pelas células da mucosa do estômago. A falta
desta substância implica em uma diminuição da produção de células
sangüíneas pela medula e o aparecimento de precursores de tamanho
aumentado, os megaloblastos. A este tipo de anemia denomina-se anemia
megaloblástica. O ácido fólico, uma das vitaminas do complexo B, também está
relacionado na produção dos glóbulos vermelhos pela medula óssea. As duas
substâncias
desempenham
importante
papel
em
numerosas
reações
bioquímicas que envolvem os ácidos nucléicos.
Hematopoiese
A Hemocitopoiese (Hematopoiese) é o processo de formação,
maturação e liberação na corrente sanguínea das células do sangue. O tecido
conjuntivo hemocitopoético, ou tecido reticular, é produtor das duas linhagens
de glóbulos: leucócitos e hemácias. Esse tecido aparece no baço, no timo e
nos nódulos linfáticos, recebendo o nome de tecido linfóide. No interior da
medula óssea vermelha, esse tecido é chamado mielóide, ocupando os
espaços entre lâminas ósseas que formam o osso esponjoso.
As células sanguíneas formam-se originalmente, das chamadas
células-tronco totipotentes que, em ativa proliferação, podem produzir as
duas diferentes linhagens celulares, a linfóide e a mielóide, conforme
estejam nos tecidos reticulares do baço ou da medula óssea.
As células linfóides vão originar os linfócitos e os plasmócitos,
enquanto as mielóides produzirão hemácias, os outros leucócitos e até as
plaquetas.
Eritropoiese
Gênese ou produção de hemácias pela medula óssea:
*Eritroblasto  Eritroblasto basófilo  Eritroblasto policromatófilo 
Normoblasto  Reticulócito  Eritrócito.
Durante os estágios iniciais, as células dividem-se muitas vezes e
mudam de cor, devido à progressiva formação de maiores e maiores
quantidades de hemoglobina. No estágio de normoblasto, o núcleo se
degenera e a célula transforma-se num reticulócito. É nesse estágio que
geralmente a célula deixa a medula óssea. O reticulócito contém ainda
pequenos filamentos de retículo endoplasmático e continua a produzir
pequenas quantidades de hemoglobina. Contudo, o retículo degenera
dentro de um ou dois dias e se transforma numa célula madura: o eritrócito,
que circula pelo sangue durante aproximadamente 120 dias, antes de ser
destruído.
Destruição das hemácias pelo baço:
Porção globina (grupo protéico – formado por aminoácidos): digerido e
reaproveitado.
Porção heme (grupo prostético – formado por átomos de ferro): a
hemoglobina liberada das células que se fragmentam é fagocitada e
digerida quase imediatamente, liberando ferro na corrente sangüínea, para
ser conduzido para a medula óssea (para a produção de novas células
vermelhas) e para o fígado (produção do pigmento biliar bilirrubina).
A redução de glóbulos vermelhos no sangue (eritropenia) ou a queda
na concentração de hemoglobina chama-se anemia, caracterizada por
cansaço e deficiência respiratória.
Leucopoiese
Gênese ou produção de Leucócitos (glóbulos brancos):
*Linfoblasto  Pró-linfócito  Linfócito T e B
*Mieloblasto  Pró- monócito  Monócito
*Mieloblasto  Pró-mielócito  Mielócito  Metamielócito 
Bastonete  segmentado (Neutrófilo, Basófilo, Eosinófilo)
Os leucócitos são células especializadas na defesa do organismo,
combatendo vírus, bactérias e outros agentes invasores que penetram no
corpo. Denomina-se leucocitose o fenômeno em que o número de
leucócitos sobe acima de 10.000/mm³ de sangue e leucopenia quando
desce abaixo de 2.000/mm³ de sangue. Na leucemia encontramos mais de
100 mil leucócitos/mm³ de sangue. A leucocitose geralmente ocorre devido
a uma infecção, enquanto a leucopenia predispõe o organismo a infecções.
Os monócitos do sangue podem atravessar os vasos sanguíneos por
diapedese (movimento das células da defesa para fora dos vasos
sangüíneos) e alojar-se em outros tecidos, dando origem a diferentes tipos
celulares, que têm em comum a grande capacidade de fagocitose. Nos
tecidos conjuntivos de propriedades gerais dão origem aos macrófagos; no
fígado, às células de Kupffer; no tecido nervoso, às células micróglias.
Plaquetopoiese
Origem das Plaquetas ou trombócitos:
*Megacarioblasto  Pró- megacariócito  Megacariócito  Plaquetas
As plaquetas são minúsculos discos redondos ou ovais, de cerca de 2
mm de diâmetro que participam do processo de coagulação sangüínea.
Representam fragmentos de megacariócitos, que são células brancas
extremamente grandes formadas na medula óssea. Os megacariócitos
desintegram-se, formando plaquetas, enquanto ainda estão na medula
óssea, liberando depois as plaquetas no sangue. A concentração normal de
plaquetas no sangue situa-se em torno de 200.000 a 400.000 por mililitro de
sangue.
Na trombocitopenia ocorre redução do número de plaquetas
circulantes, o que predispõe o paciente a um grande número de minúsculos
pontos hemorrágicos na pele e nos tecidos profundos, uma vez que o
método
de
tamponamento
plaquetário
para
interromper
pequenas
hemorragias vasculares se torna deficiente. A trombocitopenia pode ser
determinada geneticamente, porém a maioria dos casos resulta de
intoxicação por toxinas ou medicamentos.
Na trombocitose ocorre aumento do número de plaquetas circulantes,
podendo levar à formação de trombos (coágulos), predispondo o indivíduo à
trombose, que é a solidificação do sangue dentro do coração ou dos vasos.
Geralmente é determinada geneticamente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.BAIN, B. J. Células sanguíneas um guia prático – 2° ed, Editora Artes
Médicas, Porto Alegre, 1997.
2.VERRASTRO, T. et al. Hematologia e Hemoterapia. Fundamentos de
Morfologia, Fisiologia, Patologia e Clinica. Editora Atheneu, 1996.
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