INTRODUÇÃO Pensar no poder das marcas tem sido uma tarefa constante dos pesquisadores de publicidade e dos publicitários. Considerar as variáveis que interferem no fortalecimento das marcas e nas estratégias que podem redimensionar o valor dessas marcas no mercado têm impulsionado as pesquisas científicas ou de mercado. A reflexão sobre esse tema não se limita a áreas como publicidade, marketing ou administração, e sua origem vem desde a Roma Antiga e desde o século XI as marcas tornaram-se obrigatórias e adquiriram um senso comercial em países como França, Itália e Alemanha. A marca não significa apenas o design do conjunto formado por símbolos e cores que representarão a empresa ou o produto, mas também um conjunto de valores agregados e intangíveis que são fixados na mente dos consumidores, assim posicionando a marca perante o público-alvo desejado e se diferenciando da concorrência. A indústria do esporte movimenta bilhões de dólares em todo o mundo, nela pode-se considerar as equipes ou os atletas como marcas e os torcedores como consumidores, que possuem um papel essencial para o esporte e são elementos fundamentais para a sobrevivência de cada modalidade. Assim como na evolução do Marketing que inicialmente havia um foco nas vendas, passando para os produtos e atualmente está no consumidor, o marketing esportivo focava inicialmente na venda dos ingressos, migrou para os produtos relacionados aos clubes e atividades esportivas e finalmente o torcedor passou a ser o principal foco da indústria esportiva. Oficialmente criada em 1947 a montadora italiana Ferrari vence seu primeiro título mundial da Fórmula 1 em 1952. Seu sucesso dentro e fora das pistas é marcado por vários recordes antes e depois da morte de seu fundador Enzo Anselmo Ferrari, ocorrida em 1988. Atualmente a Ferrari é recordista em números de campeonatos vencidos na Fórmula 1, tanto por construtores com 18 títulos, quanto por pilotos que dirigiam para a 10 equipe com 15 títulos. Segundo a consultoria britânica Interbrand, somente a marca da montadora italiana, vale 3.562 bilhões de dólares. Os carros fabricados pela Ferrari são para um público restrito devido ao valor do produto, por isso a companhia no Brasil não utiliza os veículos de massa como: a televisão, o rádio ou outdoors. Para divulgação dos novos modelos a equipe aproveita os principais eventos do automobilismo como os salões internacionais de automóvel e os próprios Grandes Prêmios de Fórmula 1, além de eventos exclusivos como o Ferrari Day ou o Welcome Cocktail aos Pilotos. Entretanto, para o lançamento de produtos relacionados, como perfumes, relógios e demais coleções, a equipe utiliza ações e alguns veículos direcionados. Após o estudo desses conceitos, analisa-se os dados coletados na loja de produtos esportivos Centauro no Shopping Iguatemi de Fortaleza, assim como os da pesquisa quantitativa aplicada para entender a relação entre o evento GP Brasil 2010 e a venda de produtos relacionados a marca Ferrari. 11 Capítulo 1: Marca e Marketing 1.1 História da Marca Já na antiga Roma, devido o alto índice de analfabetismo, os comerciantes utilizavam pinturas para identificar os produtos vendidos em sua loja, e também as mercadorias possuíam desenhos para diferenciá-las. Por exemplo, a figura de uma vaca inclinada na fachada identificava que ali eram comercializados laticínios em geral, outro exemplo, são os comerciantes de vinhas que utilizavam o desenho de uma ânfora para indicar seu estabelecimento. No século XI, foi estabelecido o uso obrigatório de marcas individuais, já com sentido comercial, em países como França, Alemanha, Inglaterra e Itália. Tal símbolo servia como garantia de qualidade ao produto e dava ao comprador a possibilidade de reclamar quando a mercadoria não atingia as devidas qualidades. Outro papel importante foi o vínculo criado entre o fabricante ou produtor e o consumidor, quando no produto havia uma marca estampada. Pinho (1996) traz o pioneiro na utilização de marca: O uso pioneiro da marca como elemento de diferenciação aconteceu na Escócia, em 1835, com a introdução da marca Old Smuggler, criada para designar uma linha de uísque que empregava um processo especial de destilação. (PINHO, 1996, p.12) A seguir, temos a definição de marca, dada pela American Marketing Association: Marca é um nome, termo, sinal, símbolo ou desenho, ou uma combinação dos mesmos, que pretende identificar os bens e serviços de um vendedor ou grupo de vendedores e diferenciá-los daqueles concorrentes.(2005) Além do símbolo em si, temos também as cores da marca, que são tão importantes quanto os elementos que as compõem, existindo até produtos ou empresas que são reconhecidos pela utilização de uma cor determinada. Em um capítulo do livro 12 “Marca” (Petit, 2003), denominado “Cor Também é Marca”, o autor destaca duas marcas que souberam trabalhar as cores para gerar identidade visual: (...) duas grandes marcas se destacam pelo uso da cor vermelha. Uma é a Coca-Cola que sempre a utilizou de maneira brilhante, poderíamos dizer que ela monopolizou o vermelho como identidade da marca. A outra é a Ferrari, o famoso vermelho Ferrari, cor tradicional de seus bólidos, verdadeira marca da Fórmula 1, o vermelho mitológico de todo Grand Prix. (PETIT, 2003, p.292-293) O design do conjunto formado por símbolos e cores que representarão a empresa ou o produto é bastante importante para Petit (2003) “se a marca não for atrativa, interessante, não vale a pena gastar dinheiro nela”. Entretanto, não pode-se entender Marca somente por uma figura que difere uma empresa de seus concorrentes. Para compreende-se melhor esta afirmação, esta será tratada no item a seguir. 1.2 Poder de Marca Quando diz-se que a marca não é apenas o símbolo, concorda-se com Murphy (1987) que identifica os principais componentes de uma marca: (...) o produto em si, a embalagem, o nome de marca, a publicidade e a apresentação como um todo, sustentando, então, que a marca é a síntese dos elementos físicos, racionais, emocionais e estéticos nela presentes e desenvolvidos através dos tempos. (MURPHY, 1987, p.3) Então, o produto, o serviço, ou a marca possui um valor agregado, ou seja, ao adquiri-lo, o cliente não estará comprando somente a mercadoria, mas todo um conjunto de valores atribuídos àquela marca. Assim como Charley Revson observou: “Na fábrica, fazemos cosméticos; nas lojas, vendemos esperança” e Kotler completa “O comprador de uma furadeira está, na verdade, comprando um furo.” Logo, ao comprar uma Ferrari, o valor agregado à marca gera uma percepção de status, velocidade e outros atributos que extrapolam a compra do automóvel em si. A percepção gerada pela marca não se limita ao seu principal produto, mas se estende por outros produtos lançados pela empresa, o que é chamado de extensão de 13 marca. Assim, em qualquer produto da Nestlé encontram-se atributos como confiança, qualidade e sabor. Murphy (1990) cita um exemplo que se adequa perfeitamente à Ferrari e pode ser comprovado pelo sucesso das lojas Ferrari Store: Do mesmo modo, as características de sofisticação, estilo e engenharia de precisão do carro Porsche podem ser plausivelmente transpostas para relógios Porsche, óculos de sol Porsche, e até mesmo para roupas, máquinas fotográficas e malas Porsche. Qualquer extensão do nome Porsche que mantenha os atributos essenciais de estilo, sofisticação e alta qualidade são apropriados e merecem credibilidade, além de tudo podem servir para desenvolver a marca e não para prejudicá-la. (MURPHY, 1990, p. 112) Em um mercado de produtos commodities, principalmente, os atributos intangíveis da marca possuem um importante papel de diferenciação daqueles que lhe são semelhantes. Entretanto, fixar os valores ou o posicionamento na mente dos consumidores não é uma tarefa simples. Em alguns casos, o produto, empresa ou serviço, possui excelentes aspectos físicos que não conseguem ser transformados em valorização da marca. Como exemplo, utilizaremos as palavras de Petit (2003): Esse fato é tão absurdo do ponto de vista de marca que, mesmo tendo arrebatado todas as glórias automobilísticas da categoria de maior prestígio do mundo, a Fórmula 1, a Renault não consegue repassar esse prestígio aos seus produtos. (...) A Renault derrota marcas como Ferrari, Mercedes-Benz, Honda, Porsche, e o consumidor compra o carro Renault porque tem bom preço, são confiáveis e vão pouco à oficina; (PETIT, 2003, p.48) Ao contrário da Renault, outras empresas trabalham muito bem a valorização de suas marcas, por exemplo, as grifes no mundo da moda, em que uma peça de roupa deixa de possuir apenas o papel de vestimenta e passa a transmitir todos os valores presentes na marca. Assim, todo o luxo, estilo e glamour presentes em uma marca, como Armani ou Chanel, estarão, também, presentes em suas coleções, e no preço diferenciado que o cliente terá que pagar pelo produto. Atualmente, praticamente nada é comercializado sem marca. Isso demonstra a infinidade de sinais e/ou desenhos que buscam ocupar a mente dos consumidores, e a importância de possuir uma marca forte e posicionada junto ao público-alvo desejado. 14 1.3 Posicionamento Posicionamento significa criar uma imagem para marcar ou produto que agregue valor para tal e fixá-la na mente dos clientes ou futuros clientes, essa identidade criada também tem como objetivo diferenciá-la dos concorrentes. Posicionar um produto, empresa ou marca, requer um profundo conhecimento do produto e seus atributos, mas também dos desejos, expectativas e necessidades dos consumidores. A percepção é considerada umas das leis de marketing mais importantes, para Al Ries (1993): “Marketing não é uma batalha de produtos, é uma batalha de percepção travada na mente do cliente ou possível cliente.”. Para exemplificar essa afirmação o autor utilizou dados comparativos entre as vendas de três marcas de automóveis nos Estados Unidos e no Japão. No continente americano a Honda é líder em vendas seguida da Toyota e em terceiro a Nissan, então se o marketing fosse uma batalha de produtos, no Japão onde são vendidos exatamente os mesmos carros, a Honda deviria manter-se líder, ou próximo a isso. Entretanto, no mercado japonês a Toyota lidera com o número de vendas quatro vezes maior que a Honda, que ocupa a terceira posição no país. Mesmo com automóveis iguais nos dois países, a mente do consumidor é diferente, o que gera percepções diversas e por isso se torna importante fixar um posicionamento na mente dos atuais e/ou futuros clientes. Ries; Trout; (1993) afirmam que “É melhor ser o primeiro na mente do que ser o primeiro no mercado. O que, se ocorrer, atenua a importância de ser o primeiro na mente.”, os autores a chamam de Lei da Mente. Como se viu anteriormente, o marketing é uma batalha de percepção e não de produtos, por isso a mente é prioridade em relação ao mercado, e exatamente por esse motivo, que a posição de top of mind, “no topo da mente” traduzido para o português, é tão desejada pelas empresas. Esta expressão indica a primeira marca, de uma determinada categoria de mercado, a ser lembrada pelo consumidor, estabelecida através de pesquisas. Durante a análise dos dados da pesquisa quantitativa, realizada para a produção deste trabalho científico, a Ferrari obteve esta posição entre as equipes que participam da Fórmula 1 (aprofundaremos os dados da pesquisa em um outro capítulo adiante). 15 1.4 História do Marketing Utilizado de forma didática pela primeira vez em uma tese na Universidade de Ohio, Estados Unidos, em 1904, o termo Marketing vem ganhando cada vez mais espaço, tanto no mundo acadêmico quanto no empresarial. Na década de 1940, mesmo com poucos princípios de Marketing ainda estabelecidos, o americano Robert Bartels defendia sua tese de doutorado sobre a Teoria do Marketing. Mas foi Peter Drucker a realizar um trabalho que daria visibilidade e transformaria o marketing em uma força poderosa a ser considerada por administradores e economistas, com a obra “A Prática da Administração”, publicada em 1954. Nesta década, a orientação de marketing era voltada para a produção. A década de 1960 expõe ao mundo dois grandes nomes do Marketing: Theodore Levitt e Philip Kotler. O primeiro, considerado “o Pai do Marketing”, escreveu um artigo para a revista Harvard Business Review, onde também era professor da universidade, que mostrava a importância da satisfação dos consumidores, abandonando a idéia do “vender a qualquer custo”. Tal artigo, que garantiu uma transformação no mundo dos negócios, chama-se “Miopia de Marketing”. O segundo, Kotler, é o autor do livro “Administração de Marketing”, lançado em 1967, considerado também como a “Bíblia do Marketing”. Atualmente, está em sua 12ª edição, lançada em 2006, na versão em português. A década de 1960 também é marcada pelo aumento significativo das pesquisas de marketing realizadas, artigos científicos publicados e dados estatisticamente relevantes traçados. Na década de 1970, o marketing passa da teoria para a prática no dia-a-dia das grandes empresas, com o surgimento de diretorias e departamentos direcionados. Mas não somente, o marketing foi adaptado para outros setores como partidos políticos, organizações civis, entidades religiosas, etc. A década seguinte traria o livro de marketing mais vendido da história, para ser exato, em 1982 era lançado “Em Busca da Excelência", de Tom Peters e Bob Waterman, que trazia em suas páginas um foco total no cliente. Outros dois autores importantes desse período foram Al Ries e Jay Conrad Levinson, um por definir o conceito de posicionamento e outro por conceituar o marketing de guerrilha, respectivamente. 16 Os avanços tecnológicos da década de 1990 trouxeram impactos ao marketing que se caracterizaram tanto por uma busca à personalização da massa, com conceitos como: marketing 1 to 1, marketing direto e o CRM - Customer Relationship Management, que em português pode ser traduzido como Marketing de Relacionamento com o Cliente, quanto com o conceito de marketing societal, em que a responsabilidade e a preocupação com o bem-estar social se transformaram em uma vantagem competitiva. No novo milênio, a tecnologia passou a ser ainda mais presente no dia-a-dia dos consumidores, assim, internet, celulares e televisão a cabo impulsionaram pesquisas e publicações sobre webmarketing, marketing viral, buzzmarketing, dentre outros. Em nosso tempo, o consumidor conquistou não só o poder de barganha, mas também o poder da informação. 1.5 Conceito e Definição Existem diversas definições para Marketing expostas por estudiosos, autores e associações. Inicialmente, traz-se a definição, dada em 2007 pela American Marketing Association, que se estende do produtor ao cliente final e engloba os canais de marketing: Marketing é a atividade, conjunto de instituições e processos para criar, comunicar, distribuir e efetuar a troca de ofertas que tenham valor para consumidores, clientes, parceiros e a sociedade como um todo (AMA - American Marketing Association, 2007). Já nesta definição de Kotler e Armstrong (1999), percebe-se um foco maior na satisfação do consumidor: “Marketing é a entrega de satisfação para o cliente em forma de benefício” Na definição do Sebrae - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, é ressaltado o estudo do mercado: Marketing é o estudo do mercado que visa a planejar possíveis lançamentos de produtos em um futuro próximo ou distante (prospectivos), e que leva em consideração as necessidades existentes ou possíveis, e as perspectivas de pesquisa e de adaptação da empresa. (Sebrae, 2010) 17 Mas foi em uma citação de Peter Druker (Kotler, 2004), que encontra-se a definição de Marketing que mais se encaixa com o objeto de estudo, a Ferrari, pois tanto retrata a pesquisa de mercado pré-produção, quanto a necessidade da preparação do consumidor para o novo produto, sem esquecer da satisfação do cliente: Pode-se presumir que sempre haverá necessidade de algum esforço de vendas, mas o objetivo do marketing é tornar a venda supérflua. A meta é conhecer e compreender tão bem o cliente que o produto ou serviço se adapte a ele e se venda por si só. O ideal é que o marketing deixe o cliente pronto para comprar. A partir daí, basta tornar o produto ou serviço disponível. (KOTLER, 2000, p. 30) Kloter cita os exemplos da Sony, Nintendo e Toyota como empresas que souberam fazer um excelente estudo de marketing e ao lançarem seus produtos no mercado logo se tornaram um sucesso junto ao público, com inúmeros pedidos. Tal exemplo pode ser aplicado com bastante clareza à Ferrari Califórnia, apresentada no Salão do Automóvel de Paris em 2008. O sucesso do novo carro foi tanto que se o cliente fechasse o contrato de compra em 2009, teria que esperar cerca de 2 anos para a entrega do veículo pela fábrica. Para a lingüística, a definição do termo Marketing, proveniente dos Estados Unidos, dada pela AMA - American Marketing Association, explicitada na primeira citação, é a mesma que o Glossário de Mercadologia da Fundação Getúlio Vargas F.G.V., de 1962, dá ao termo "Mercadização", entretanto, tal tradução quase nunca é utilizada. Segundo Pacheco (no artigo: Marketing - A Questão da Tradução para o Português, 2007), "a tradução mais próxima possível do literal seria uma expressão composta, algo assim como: Fazendo o Mercado, Operando o Mercado ou Executando a Mercadização". 1.6 Canais e o Mix de Marketing Buscando alcançar o público alvo desejado, as empresas se utilizam de três tipos de canais de Marketing, segundo Kotler (2001): Canais de Comunicação, Canais de Distribuição e Canais de Venda. 18 Canais de Comunicação são utilizados para transmitir mensagens aos consumidores, ou seja, estão inclusos todos os veículos de comunicação, non media, o próprio ponto de venda, etc. Dentro desses canais de comunicação, encontra-se também o Canal de Diálogo, que é uma forma de dar voz ao cliente e balancear os canais de via única, tal como os anúncios publicitários. Como exemplo de canal de diálogo, temos o SAC - Serviço de Atendimento ao Cliente, podendo ser tanto por telefone quanto pela internet. Canais de Distribuição têm o objetivo de entregar ou demonstrar produtos ou serviços, são exemplos: os armazéns, as transportadoras, os distribuidores.Canais de Venda são onde as transações tornam possíveis com os compradores potenciais, fazendo parte deles não apenas varejistas ou revendedores, mas também instituições bancárias e companhias de seguro, estes com o objetivo de facilitar a transação. O Composto de Marketing é o conjunto de ferramentas de marketing que a empresa utiliza para perseguir seus objetivos de marketing no mercado-alvo (Kotler, 2000, p.37). O Composto de Marketing, também pode ser chamado de Mix de Marketing ou os 4Ps do Marketing, esta última denominação se dá em a McCarthy, que classificou essas ferramentas em quatro grupos: Product, Price, Place and Promotion (em português: Produto, Preço, Praça e Promoção) O “Produto” faz referência ao “o quê” será oferecido aos consumidores, podendo ser tanto um bem físico quanto um serviço. Atividades relacionadas ao “Produto”: variedade de produtos, qualidade, design, características, nome da marca, embalagem, etc. O “Preço” faz alusão ao desembolso financeiro e aos custos não financeiros que serão envolvidos na compra ou obtenção do produto ou serviço. Atividades relacionadas ao “Preço”: descontos, concessões, prazo de pagamento, condições de financiamento. A “Praça”, também pode ser entendida como o ponto-de-venda, é o meio utilizado para fazer com que o produto chegue aos consumidores. Atividades relacionadas à “Praça”: canais, cobertura, variedades, locais, estoque, transporte. Por fim, a “Promoção” é a responsável por tornar o produto ou serviço conhecido, além de informar, lembrar e persuadir os consumidores. Atividades 19 relacionadas à “Promoção”: promoção de vendas, publicidade, força de vendas, relações públicas, marketing direto, entre outros. A divisão em 4 grupos tem objetivo de lembrar aos profissionais de marketing, que é necessário um planejamento conjunto dos “4Ps” para que a venda ao consumidor seja realizada com sucesso. Por exemplo, o que adianta ter o melhor produto do mercado, se este não é anunciado e os futuros clientes não sabem que ele existe (caracteriza uma falha na promoção), ou ainda, se faz uma campanha publicitária maciça mas o produto não chega as prateleiras (falha na praça). 1.7 Marketing Esportivo 1.7.1 - Breve História e Conceito Na indústria esportiva podemos considerar as equipes ou os atletas como marcas e os torcedores como consumidores, que possuem um papel essencial para o esporte e são elementos fundamentais para a sobrevivência de cada modalidade. Essa indústria movimenta bilhões de dólares, dos atletas aos produtos licenciados, é um mercado em continua ascensão. Salários de atletas, venda de produtos relacionados, cotas de patrocínio, etc. atingem a cada temporada valores inimagináveis. Rein; Kotler; Shields; (2008), os autores citam dados sobre os valores atingidos em venda e produção de artigos esportivos: Artigos esportivos licenciados por equipes e federações, como camisetas e bonés, venderam US$ 12,6 bilhões nos EUA, e a produção de artigos esportivos norte-americanos atingiu US$ 52,1 bilhões em um ano. (REIN, KOTLER, SHIELDS, 2008) Desde a Grécia antiga se sabe sobre as competições esportivas, entretanto Rein; Kotler; Shields; (2008) dividiram a evolução do esporte e seus torcedores em três gerações, focando no período em que o esporte passou a ser também uma indústria. A primeira geração vai de 1900 à 1950, e é denominada “ A Geração do Monopólio” devido as poucas modalidades esportivas que dominavam a indústria, por exemplo, boxe, corridas de cavalos , futebol e beisebol. É nesta época que os esportes começam a se organizar como indústria e trazem importantes conseqüências econômicas, os torcedores, predominantemente masculino, precisavam comparecer aos 20 estádios para assistir as competições, pois os meios de comunicação utilizados para as transmissões eram, principalmente, o rádio, os jornais e as revistas. A captação dos fãs se dava a partir de estratégias promocionais que priorizavam o acesso e o custo dos ingressos. Esta geração também trouxe a valorização dos astros, e como exemplo de eventos internacionais se destacam a Copa do Mundo da Fifa e os Jogos Olímpicos. Atraindo multidões para bares, lojas e até as casas dos vizinhos, a televisão que obteve uma popularização acelerada entre as décadas de 1940 e 1950, marca a nova geração, “A Geração da Televisão”, que vai de 1950 até 1990. Agora os jogos que aconteciam nos estádios, eram transmitidos simultaneamente para a TV, assim os torcedores podiam acompanhar tudo sem sair de casa. Essa nova mídia trouxe não só mudança para os torcedores, os demais meios de comunicação também mudaram sua relação com o esporte, as rádios passam a perder audiência, jornais e revistas focaram nas histórias pessoais dos atletas deixando de lado a narração das competições, o que gerou um maior reconhecimento dos astros, assim como uma maior exposição de sua vida familiar, hobbies e escândalos. Os programas relacionados ao esporte se tornam mais especializados, a indústria esportiva se torna mais quantitativa e surgem pesquisas relativas ao consumo de produtos. As mulheres e outras etnias, hispânicos, asiáticoamericanos, afro-americanos, se tornam oportunidades de expansão do mercado. A partir de 1990 se dá início a “Geração dos Melhores Momentos”. Devido a uma saturação de informação do mercado esportivo, manter a atenção dos torcedores se tornou uma tarefa mais difícil. Em resposta a isso surge, um novo modelo de expor o conteúdo aos fãs, agora de forma resumida, rápida e baseada na imagem visual. Por exemplo, um dos programas preferidos dos telespectadores americano na ESPN era o “Fastest 3 Minutes” um resumo em três minutos, editados com os lances críticos e relevantes dos 13 jogos da NFL, o que pode ser comparado ao “Placar da Rodada”, da Rede Globo, após as noites de quartas-feiras, o programa traz todos os gols da rodada de futebol. Os esportes radicais e o público jovem ganham espaço nesse período, assim como o aumento de produtos relacionados e canais de distribuição. Nesta geração ainda se destacam a dinâmica da comunicação esportiva, a convergência das mídias e a interatividade dos torcedores na geração de conteúdo. 21 1.7.2 - Os Torcedores Assim como na evolução do Marketing que inicialmente havia um foco nas vendas, passando para os produtos e atualmente está no consumidor, o marketing esportivo focava inicialmente na venda dos ingressos, migrou para os produtos relacionados aos clubes e atividades esportivas e finalmente o torcedor passou a ser o principal foco da indústria esportiva. (...) hoje sabemos mais sobre os torcedores dos esportes que em qualquer outra época anterior. Temos pesquisa, grupos de foco, agências de informação, questionários interativos na televisão ou na Internet, e sofisticadas ferramentas e sistemas de venda, todos empenhados em detectar os hábitos e padrões de comportamento dos fãs. (REIN, KOTLER, SHIELDS, 2008, p.103) Já que os torcedores possuem grande importância dentro dessa indústria é necessário entender os motivos que levam esses consumidores a escolher um determinado produto esportivo ou modalidade de esporte. Os conectores, que são os pontos de contato que geram a interação entre torcedores e esportes, possuem um papel importante nessa escolha, que nem sempre agem de forma igual nos indivíduos, isso quer dizer que pode-se ter fãs do mesmo esporte por razões diferentes. Dois desses conectores são considerados como os principais: os Astros e o Local, para Rein; Kotler; Shields; (2008): “Os astros são o lado humano dos esportes com o qual os fãs talvez mais consigam se relacionar, e por meio dessa relação, expressar um largo número de emoções.” Tal astro não significa somente o atleta, outras figuras como um treinador ou uma equipe também podem ser considerados astros, desde que potencialmente vendável. Eles possuem o poder de atrair os fãs para determinada modalidade esportiva, não apenas por bons resultados obtidos, mas também por suas ações, personalidade, envolvimento em causas sociais, etc. Um grande astro da Fórmula 1, foi o piloto Ayrton Senna, seu carisma e suas boas atitudes extrapolavam as vitórias e os campeonatos conquistados nas pistas, para muitos brasileiros era considerado mais que um astro, um verdadeiro herói. Para o nosso objeto de estudo, os astros que movimentaram as vendas de produtos Ferrari no Brasil foram o heptacampeão Michael Schumacher e os brasileiros Rubens Barrichello e Felipe Massa. Massa, obteve destaque em 2008 onde foi vice-campeão mundial, ganhando a última 22 corrida da temporada, realizada no Brasil e perdendo o título por apenas 1 ponto de diferença. A arquibancada daquele Grande Prêmio mais parecia um mar vermelho, com torcedores vestindo as camisas e hasteando bandeiras da montadora. O local por sua vez “é onde o esporte tem suas raízes mais profundas, entrelaçando-se com muitas emoções relacionadas à identificação e ao envolvimento com a comunidade” Rein; Kotler; Shields; (2008). Uma cidade em que as pessoas possuem uma forte ligação com uma marca esportiva é Maranello, cidade sede da fábrica Ferrari, que engloba cerca de 45 edifícios, além do museu Ferrari e de uma pista de testes. Desde 1947 a montadora deixou Milão, se instalou na cidade de Maranello e transformou completamente a vida dos cidadãos e o relacionamento com a marca. Astro e local são denominados os principais conectores entre torcedores e esporte, entretanto, não são os únicos. Segundo Rein; Kotler; Shields; (2008), existem ainda: a moeda social, a família, os conectores de busca, a experiência indireta, a incerteza e as utopias. Os indivíduos podem ter se tornado fã de um determinado esporte por um ou por múltiplos conectores. Outro ponto importante para o marketing esportivo é o entendimento do processo decisório dos torcedores, onde pequenas decisões podem gerar grandes impactos. Por exemplo, um fã de corridas automotivas estilo drift, pode ter iniciado anos atrás quando um jovem foi com a namorada ao cinema e acabou assistindo o filme “Velozes e Furiosos - Tokyo Drift”, que explora tal modalidade de corrida. A partir daí o garoto, que só conhecia categorias como a Fórmula 1 ou NASCAR, passa a procurar na internet outros vídeos e informações sobre o esporte, devido a convergência das mídias e da interatividade gerada pela “Geração dos Melhores Momentos”, o interesse aumenta e ele passa a importar miniaturas de carros que fazem drift, freqüentar o Auto Clube e futuramente poderá vir a organizar o primeiro campeonato de drift da cidade. Ou seja, uma simples ida ao cinema pode gerar conseqüências que afetará diretamente um esporte. Atualmente, como as várias modalidades de esportes presentes e um mercado esportivo altamente competitivo, cada exibição tem o potencial de afetar um consumidor. O real processo de comprar é gerado quando alguém reconhece uma oportunidade, problema ou necessidade, e os compradores foram categorizados em setes funções por Rein; Kotler; Shields;(2008): 23 Iniciador: O iniciador reconhece o problema, necessidade ou oportunidade, e tem informações que introduz a idéia de uma atividade esportiva. (...) Influenciador: O influenciador busca maiores informações e em geral valida a idéia do iniciador sobre a atividade esportiva. (...) Decisor: O responsável pela decisão é a pessoa que avalia as alternativas e em quem reside a autoridade formal para tomar as decisões a respeito (...) Aprovador: O aprovador é a pessoa que pode, logicamente, aprovar ou reverter uma decisão (...) Comprador: O verdadeiro comprador toma a decisão final e é quem faz a compra. (...) Usuário: Trata-se da pessoa para a qual a compra é feita. Os usuários incluem familiares, amigos, clientes ou colegas. (...)Avaliador: Analisa a qualidade da experiência e aconselha as próximas ações a respeito, dependendo dos níveis de satisfação ou desgosto com a experiência. (...). (p. 88) Os torcedores além de se conectarem, demonstram diversos graus de envolvimento com o clube, equipe ou marca. Apesar de atualmente existir um maior público esportivo comparado com décadas anteriores, há uma diminuição dos torcedores fanáticos. Para melhor compreendermos o envolvimento dos indivíduos e sua fidelidade com o esporte, utilizaremos uma escala com sete níveis, desenvolvida por Rein; Kotler; Shields;(2008) onde na base encontramos os indiferentes, seguido dos curiosos, gastadores, colecionadores, agregados, conhecedores e no topo os torcedores fanáticos. Apesar dos ocupantes do topo e da base serem importantes para as entidades esportivas, são os cinco níveis que os separam que se deve ter maior atenção dos executivos, utilizando de ações, publicidade, etc. com o objetivo de aumentar o envolvimento de cada torcedor/consumidor. 1.7.3 - Eventos Esportivos Os eventos esportivos precisam manter um equilíbrio delicado entre fazer com que os torcedores encham os estádios e corresponder às expectativas dos telespectadores, além da pressão imposta pelas redes de televisão sobre a audiência de um determinado esporte ou um evento esportivo, em um cenário cada vez mais fragmentado tanto pelo surgimento de novas mídias quanto pelo surgimento de novas modalidades esportivas. 24 Nesta batalha entre o ao vivo e o televisionado, o torcedor é o principal favorecido, pois de um lado os estágios, autódromos, etc. criam ações e melhorias em suas infra-estruturas para atrair e melhor receber os torcedores, como nos exemplos citados por Rein; Kotler; Shields; (2008): Atração de grupos demográficos: Refeições para a família – quatro ingressos, quatro cachorros-quente, quatro refrigerantes e quatro copos para levar para casa; Dia do cachorro no estádio; Poltronas reclináveis no melhor setor das numeradas – inclui bufê livre. Promoção durante o jogo: Atrações musicais antes, no intervalo e após o jogo; Distribuição de camisetas e mascote; A câmara do beijo1 (REIN; KOTLER; SHIELDS; 2008, p.16) Já as transmissões esportivas vêm em constante evolução, inicialmente em preto e branco, as câmeras faziam tomadas de ângulos abertos e raramente o público assistia a um replay. Hoje, a alta definição da HDTV, os ângulos cada vez mais aproximados, os efeitos sonoros, as câmeras instaladas dentro dos carros de corridas, os replays instantâneos de diversos ângulos e as entrevistas nos intervalos com jogadores, técnicos, etc. contribuem para que os torcedores acabem ficando em casa, de frente para a televisão. Rein; Kotler; Shields; (2008) traz uma comparação entre torcedores que assistem aos jogos pela TV e os que comparecem aos estádios: a NFL2 tem 120 milhões de telespectadores e 17 milhões de fãs que comparecem aos jogos anualmente, tomando 90% da capacidade dos estádios. Isso significa que 14% dos tordcedores da TV vão ao estádio e um determinado ano. (REIN, KOTLER, SHIELDS, 2008, p.28). Entretanto a TV não é única responsável a fazer com que os torcedores deixem de ir ao estádio ou autódromos, existem outros fatores importantes, como o tempo e o dinheiro que as pessoas dispõem para assistir ou praticar determinada modalidade esportiva. 1 Kiss cam, no original. Brincadeira feita nos jogos de beisebol em que um casal é mostrado no telão do estádio e estimulado a trocar um beijo pelos gritos da torcida. ² National Football League, em português, Liga Nacional de Futebol Americano 2 National Football League, em português, Liga Nacional de Futebol Americano. 25 No fator tempo, estudos sobre o beisebol, onde uma partida dura cerca de 3 horas, o torcedor gasta com trânsito, estacionamento, compra de ingressos, partida e retorno, é cerca de 6h. Uma pesquisa analisou o cronograma de um dia típico de trabalho norte-americano e encontrou os seguintes resultados (REIN, KOTLER, SHIELDS. 2008): 9,2 horas de trabalho, 7,5 horas de sono, 0,9 hora de atividades domésticas, 3 horas de lazer ou esporte e 3,4 horas para o restante do dia, o que inclui refeições, uma bebidinha ou ir à escola ou sair a passeio. (p.34) Ou seja, assistir a uma partida de beisebol no estádio, equivale a quase 2 dias do tempo que a pesquisa mostrou reservado para o esporte. A parte financeira também é importante a ser considerada, não só o preço do ingresso, mas o deslocamento, estacionamento, alimentação, dentre outros gastos. Por exemplo, o custo médio de uma família com quatro pessoas para um jogo da NFL atinge US$ 330 para um jogo. Para a Fórmula 1, os fatores tempo e dinheiro podem ser determinantes. O evento normalmente acontece em 3 dias, de sexta-feira a domingo, com treinos livres na manhã e na tarde da sexta-feira e também na manhã do sábado. No sábado a tarde acontece o treino classificatório que definirá o grid de largada e finalmente no domingo a tarde o Grande Prêmio. Financeiramente, o GP Brasil 2011, que já disponibiliza os ingressos a venda no site oficial da categoria, oferece o final de semana da corrida por US$ 377.50 no pior setor e US$ 7.550,58 no melhor setor. Percebemos que os valores de tempo e dinheiro não são acessíveis a todos, ainda mais por se tratar de uma categoria internacional, presente nos 5 continentes, se torna quase impossível que algum torcedor esteja presente em todos os Grandes Prêmios, que ocorrem normalmente em finais de semanas alternados. 1.8 Marketing de Eventos Os eventos são cada vez mais notórios e praticados por empresas e marcas, não só privadas, mas também os governamentais, as ONG’s, os clubes esportivos, etc. São várias as definições para o termo evento já que o mesmo pode ser considerado desde um Grande Prêmio de Fórmula 1 até um churrasco no final de semana com os amigos. Dentre tantos utilizaremos a definição de Meirelles: 26 um instrumento institucional e promocional, utilizado na comunicação dirigida, com a finalidade de criar conceito e estabelecer a imagem de organizações, produtos e serviços, idéias e pessoas, por meio de um acontecimento previamente planejado, a ocorrer em um único espaço de tempo com a aproximação entre os participantes, quer seja física, quer seja por meio de recursos da tecnologia. (MEIRELLES, 1999, p.71) Assim como os vários conceitos os eventos possuem várias classificações, como: por abrangência (internacionais, nacionais, regionais), para competição (o evento deve gerar um premiação, podendo ser esportiva, artística, cultural, etc.), para demonstração ou exposição (a motivação desse evento é a apresentação de um produto ou serviço, por exemplo, desfiles, inaugurações, etc.), por data ou freqüência (permanente, esporádico, único ou de oportunidade), por categoria ou função estratégica (leva-se em consideração a finalidade do evento e sua função de marketing: promocional, institucional, social, dentre outros), por dimensão (relacionado ao número de participantes: macro evento, grande, médio ou pequeno porte), por objetivo ou interesse (artístico, cientifico, educativo, político, governamental, etc.), pelo perfil dos participantes (Específico ou especializado, dirigido e geral), por tipo de adesão (referindo-se a forma de adesão dos participantes ao evento: aberto ou fechado). A seguir segue uma relação dos eventos mais utilizados pelo mercado: Café da manhã, comemoração, competição, congresso, desfile, encontro, feira e exposição, coquetel, fórum, inauguração, palestra, seminário, show, treinamento, workshop, etc. A execução de um evento passa por três fases: pré-evento, evento e pós-evento, e assim são definidas por Vanessa Martin (2003): Pré-evento (...) onde haverá a definição do projeto e o planejamento de todas as atividades, bem como o detalhamento de receitas e despesas esperadas, com a decisão de um tipo de fornecedores e profissionais deverá ser contratado. Também são equacionados os controles administrativos e financeiros. Evento (...) Nessa fase, há a montagem do evento no local escolhido e a operacionalização do atendimento ao público-alvo. Também vão operar todos os fornecedores e profissionais contratados durante o pré-evento. Pósevento caracteriza-se pela desmontagem de toda a estrutura montada na fase anterior, dos acertos financeiros e dos pagamentos dos fornecedores. É o momento também de acertar as contas com o cliente (dono do evento): devolver todos os matérias não utilizados e as correspondências oficiais catalogadas e arquivadas corretamente da apresentação dos relatórios financeiros e de desempenho do evento. (MARTIN, 2003, p.72) 27 Existem várias razões para as empresas realizarem um evento: reunir clientes em potencial, introduzir um novo produto ou serviço no mercado, aproximar clientes e celebridades, obter feedback sobre os produtos da empresa, encontrar com representantes da marca ou formadores de opinião, reforçar a imagem da marca, criar uma base de dados, distribuir informações e/ou amostras do produto, proporcionar contatos entre profissionais da área, gerar experiência de marca aos clientes ou futuros clientes, realizar um estudo de mercado para o lançamento de um novo produto, etc. Assim como os serviços, os eventos são bens intangíveis, e a motivação dos indivíduos na presença de um desses acontecimentos está em ser encantados e em ter suas expectativas plenamente satisfeitas. A importância de entender-se melhor “o que é um evento”, assim como os vários tipos e as razões da realização de um deles, deve-se por estar-se estudando os efeitos de um evento, o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, em relação a venda dos produtos relacionados a marca Ferrari. 1.9 Licenciamento de Marca A preocupação com o registro, e conseqüentemente proteção, de marca teve início no século XIX, e segundo Pinho (1996, p.13) passou por uma “evolução lenta e confusa da legislação de proteção às marcas, decorrente das dificuldades inerentes aos valores intangíveis da marca”. No Brasil a primeira lei aprovada a respeito deste assunto data de 1875, Domingues (1984) resume as principais características e disposições dessa Lei nº 2.682: A lei protegia apenas o fabricante do produto ou seu vendedor e com a marca somente podiam ser assinaladas as mercadorias entregues ao comércio. A marca utilizada pelos comerciantes e industriais para assinalar seus produtos e diferenciá-los de artigos de outra procedência podia consistir da firma ou razão social da empresa, no nome do fabricante revestido de forma distintiva, e ainda em quaisquer outras denominações, emblemas, selos, sinetes, carimbos, relevos, invólucros de toda a espécie, que possam distinguir os produtos da fábrica ou os objetos do comércio. ( DOMINGUES, 1984, p.48) Atualmente, o licenciamento é definido como o direito contratual de utilização de determinada marca, imagem ou propriedade intelectual e artística registrada, que pertençam ou sejam controladas por terceiros, em um produto, serviço ou peça de comunicação promocional ou publicitária, definição dada pelo consultor de 28 licenciamento Arnaldo Rabelo (2007). Ele também cita que o mercado de licenciamento movimentou no Brasil cerca de R$ 2,7 bilhões em 2005. Além dos diversos tipos de marcas (corporativa, moda, ONG, equipe esportiva, etc.), ainda podem ser licenciados: personagens, obras artísticas, músicas, cinema, etc. A Ferrari possui três empresas com licença para utilização de sua marca: Puma, Acer e Mattel. Normalmente o direito de utilização da marca é concedido através de um contrato entre as duas empresas, por exemplo, a Ferrari avalia se a empresa de tecnologia Acer que pretende utilizar sua marca, atende aos requisitos estabelecidos pela montadora italiana. Após a avaliação, caso o contrato seja fechado, a Acer terá um tempo limitado, determinado pelo contrato, para a utilização da marca Ferrari em seus produtos. A Ferrari recebe uma remuneração, que geralmente é um percentual aplicado sobre os valores gerado com as vendas dos produtos que utilizam tal licenciamento. Quando o acordo entre as empresas é bem estudado, o lançamento dos produtos ou serviços relacionados traz benefícios para ambas as marcas. As vantagens para as empresas que conseguem o licenciamento são: o rápido reconhecimento, valorização do público, devido à associação e valores ligados à marca que cedeu à licença e também o aumento das vendas. Para o detentor dos direitos, podemos citar vantagens como: a geração de receita adicional e a facilidade e exposição da marca para diferentes segmentos e regiões. 29 Capítulo 2: Ferrari, Fórmula 1 e Grande Prêmio Brasil 2.1 – Ferrari 2.1.1 - História Nascido em 20 de Fevereiro de 1898, Enzo Anselmo Ferrari, vivia com os pais e o irmão mais velho no subúrbio de Módena, Itália. Em 1919 Enzo é contratado como piloto de testes da CMN, uma pequena montadora, onde mais tarde também passou a ser piloto de corridas. Em 1920, foi contratado pela Alfa Romeo, a montadora mais famosa da época, mas foi em 1923 que Ferrari venceu a corrida que traria repercussões para toda sua vida. Na platéia do Circuito Del Sávio em Ravenna, estavam o Conde Enrico e a Condessa Paolina, pais de Francesco Baracca, considerado o maior piloto da brigada italiana na Primeira Guerra Mundial. Morto em combate em 1918, sua aeronave foi destruída, entretanto, o emblema da aviação de Baracca foi recuperado e enviado aos seus pais como sinal de respeito. O símbolo era um Cavallino Rampante (Cavalo Empinado, traduzido para o português, figura 1). Após a corrida o piloto Enzo Ferrari foi convidado à casa do Conde, onde a Condessa Paolina lhe dedicou o Cavallino Rampante como um amuleto da sorte. Figura1 - Aeronave Francesco Baracca Na obra O Pequeno Grande Livro da Ferrari, o autor narra à criação da marca Ferrari: 30 Ferrari, claro, aceitou a honra, e pôs o cavalo preto em um escudo amarelo para representar as cores de Módena, coroando-o com as três cores da bandeira italiana – verde, branco e vermelho – e usando-o pelo resto de sua vida (LABAN, 2007, p.9) Em 1929, o Sr. Enzo Ferrari deixa de ser o dirigente da Alfa Romeo e emerge como dirigente do novo grupo de corridas da montadora, separado da parte comercial de carros utilitários, mas ainda apoiado pela companhia, esse novo grupo passa a se chamar Scuderia Ferrari, que já utilizava a marca com o Cavallino Rampante, deixa Milão e se instala em Módena. Em 1932, com o nascimento do filho Alfredo (apelidado como Alfredino ou Dino), Enzo se aposenta do cockpit e passa a trabalhar como chefe de equipe. O ano de 1939 é marcado pelo desligamento do Sr. Enzo Ferrari com a Alfa Romeo, e junto ao encerramento do contrato veio uma restrição de não poder correr contra a montadora usando o próprio nome, por quatro anos. Por isso, ele cria a Auto Avio Construzione, uma agência de engenharia e design para produção de automóveis, que eram “Ferrari” em tudo, só não no nome. Em 1943, ocorre a transferência da Auto Avio Construzione de Módena para as proximidades de Maranello e finalmente em 1947 foi apresentado o primeiro carro assinado com seu nome, a Ferrari 125. Segundo Laban, “Ferrari planejou fazer carros exóticos (e conseqüentemente caros)”. A estréia da Ferrari em corridas foi em maio de 1947, entretanto seus 2 únicos carros não completaram sua primeira prova, mesmo com Franco Cortese liderando a corrida até a antepenúltima volta, quando a bomba de gasolina quebrou, mesmo assim, o sucesso da Ferrari logo é notado: Mas demorou apenas duas semanas até Cortese vencer a primeira prova para a nova marca, em outra corrida pequena em Roma – e, antes do fim do ano, Cortese, Nuvolari e Raymond Sommer deram à Ferrari muitas outras vitórias, fazendo com que os novos carros fossem notados. (LABAN, 2007, p. 16) Outro feito inesquecível que começa a colocar a marca Ferrari dentre os grandes campeões do automobilismo, foi a vitória na primeira edição das 24 Horas de Le Mans, 31 em 1948. Com o sucesso das vitórias conquistadas a marca se tornou uma das mais conhecidas mundialmente, e nas Américas graças ao campeão Chinetti, que havia emigrado da Itália e também a primeira vitória em Nova Iorque, em 1949. O 125 GP, foi o primeiro monoposto produzido genuinamente para o que viria a ser a Fórmula 1. Estreou no GP da Itália em 1948, cruzando a linha de chegada em terceiro, mas já na sua segunda corrida, garantia a Ferrari o lugar mais alto do pódio. Em 1949 as vitórias não pararam e a nova máquina venceu os GPs da Suiça, Tchecolosváquia, Europa (Monza), Holanda e o Troféu Daily Express (Silverstone). Além de conquistar naquele ano todas as corridas que se inscreveu na Fórmula 2, com o modelo 166 F2. Os modelos dos carros da marca tanto ganhavam grandes corridas quanto eram postos a venda, por exemplo, o modelo 250 trouxe várias vitórias à Ferrari, incluindo a segunda conquista em Le Mans e vendeu quase dois mil e quinhentos exemplares. Em Silverstone, 14 de julho de 1951, Froilán Gonzalez pilotando um 375 F1, venceu a corrida acirrada contra as rivais Alfas 158/159 Alfettas. Poderia ser só mais uma entre tantas vitórias, no entanto, para Enzo Ferrari a emoção de superar a equipe campeã mundial, a qual havia integrado durante vinte anos, talvez tenha sido sua vitória mais emocionante e assim relembra: “Chorei de alegria, mas minhas lágrimas de entusiasmo também eram de dor, pois naquele dia eu pensei: matei a minha mãe”. Em 1952 Ferrari se tornou pela primeira vez campeã mundial da Fórmula 1, categoria oficialmente criada dois anos antes, com o piloto Alberto Ascari, o sucesso foi repetido em 1953. A década que havia começado com bastante intensidade e alegrias teria um triste fim, não só nas pistas, onde as Ferraris não conseguiam mais os títulos mundiais e testemunhava a perda de Collins e Hawthorn (este aposentado, surpreendido por um acidente urbano), mas principalmente o falecimento de seu filho Alfredo, carinhosamente chamado de Dino aos 24 anos, em 1956, Enzo ficaria de luto até o fim da vida, visitando o túmulo do filho todos os dias. A década de 1960 traria mais 2 títulos mundiais para a Ferrari, um em 1961e o outro em 1964, com um feito histórico, nesse ano, John Surtees que também era piloto de motos e campeão da categoria, foi também campeão mundial de Fórmula1, se tornando o primeiro e único a conseguir um título tanto em duas rodas quanto em 32 quatro. Em 1969 a FIAT adquire o controle comercial da Ferrari, Enzo vende 50% da companhia, equivalente a produção de carros de passeio e passa a dedicar-se somente à área de corridas. Apesar de não está diretamente no controle das vendas de carros a passeio, o criador da marca era consciente dos benefícios comerciais e da visibilidade que as corridas davam a Scuderia Ferrari, e para ele vencer aos domingos significava vender nas segundas. Em 1987, era lançado em Maranello, o que Enzo prometia ser “o melhor carro de todos”, o F40, o último carro lançado por ele, que comemoraria 90 anos em breve e que celebraria o quadragésimo aniversário da marca. Até ali a Ferrari já havia conquistado oito títulos de Construtores, dez campeonatos de Pilotos, quase cem Grandes Prêmios, além de vários outros triunfos automobilísticos. Então, pessoalmente, Enzo apresenta a F40, a um pequeno grupo de convidados e jornalistas, como o carro de rua mais rápido, isso porque foi o primeiro modelo a ultrapassar 320km/h e necessitando apenas de 3,4 segundos para atingir os 100km/h. Em fevereiro de 1988 Enzo Anselmo Ferrari completava 90 anos e em 14 de agosto do mesmo ano, já com sua saúde debilitada, um dos maiores nomes do automobilismo mundial deixava o mundo. O ano de 1983 ficou marcado na história da montadora por dar início a uma seca de títulos que só cessaria 16 anos depois. Em 1999, após uma reestruturação completa da equipe, com contratações como o piloto Michael Schumacher (com um salário anual de 30 milhões de dólares), o diretor técnico Ross Brawn, o projetista Rory Byrne e ainda Jean Todt como diretor esportivo, a Ferrari volta a ganhar o mundial de Construtores. E no ano seguinte Schumacher começaria o trabalho que lhe daria 5 títulos mundiais consecutivos pela Scuderia e o levaria para o recorde de títulos conquistados, sendo ele heptacampeão. A figura 2 mostra toda a evolução dos caros de Fórmula 1 da Ferrari: 33 Figura2 - Evolução dos carros Ferrari na Fórmula 1 O último mundial conquistado pela Ferrari na Fórmula 1 foi em 2007 com o piloto finlandês Kimmi Raikkonen, no ano seguinte, o brasileiro Felipe Massa foi vicecampeão mundial perdendo o título na ultima volta do ultimo GP da temporada, em Interlagos, com a diferença de apenas 1 ponto. Atualmente, na Scuderia, Massa forma dupla com o espanhol Fernando Alonso, bicampeão mundial que teve seu contrato renovado em 2011 e fará parte da família Ferrari até 2016, tendo sido também vice campeão em 2010 pela equipe italiana. Massa é o terceiro brasileiro a pilotar para Scuderia, antes dele correram para a Ferrari: Chico Landi em uma prova de 1950 e Rubens Barrichello, que chegou a ser duas vezes vice campeão. A Ferrari possui 15 campeonatos mundiais de Pilotos, conquistados em: 1952, 1953, 1956, 1958, 1961, 1964, 1975, 1977, 1979, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2007. Já os mundiais de Construtores totalizam 18, recorde mundial, conquistados em: 1952, 1953, 1961, 1964, 1975, 1976, 1977, 1979, 1982, 1983, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2007, 2008. 34 2.1.2 – Ferrari na Atualidade Maranello, sedia a fábrica da Ferrari (considerada uma mini-cidade que engloba 45 edifícios), além do museu e da pista de testes. São cerca de três mil funcionários, produzindo em média seis mil automóveis por ano. Essa produção parece baixa se compararmos com outras montadoras, mas a montadora não prevê aumento na produção, isso para criar um objeto de desejo, gerar a percepção que uma Ferrari é uma preciosidade para poucos, e tais clientes estão dispostos a esperar mais de uma ano pela entrega, como já citado o exemplo da Ferrari Califórnia, que alguns compradores teriam que esperar até 2 anos para receber o automóvel. Esse processo mais lento se deve aos padrões de produção, mesmo com todas as inovações tecnológicas, motores e funilarias são acabados a mão e até o estofado é manufaturado, costurado por mulheres em máquinas de costura. A título de curiosidade, são necessárias cerca de três vacas para estofar uma Ferrari, com couros Conolly, vindo do norte europeu, onde o gado possui pele mais fina, e devido a ausência de mosquitos na região impede o surgimento de manchas ou marcas no couro. A FIAT é proprietária da marca, que está sob o comando do presidente Luca di Montezemolo, no cargo desde 1991, assim como ele, todo o organograma principal da Ferrari comandado por italianos, como: Piero Ferrari – Vice Presidente, Stefano Domenicali – Diretor Esportivo, Roberto Fedeli – Diretor Técnico, Enrico Galliera – Diretor Comercial e de Marketing, dentre outros. Em 2009, a empresa produziu cerca de 6.250 automóveis, teve um faturamento de 1.77 bilhões de euros e um lucro de 245 milhões de euros. Com 30 lojas no mundo, presente no Brasil através de uma revendedora autorizada (Via Italia) e presença global em cerca de 100 países. Em 2010 a Ferrari ocupava a 91º posição no ranking das marcas mais valiosas do mundo, segundo a consultoria britânica Interbrand, somente a marca, vale 3.562 bilhões de dólares. Falando em marca, outra curiosidade, o porquê da Ferrari ter ficado famosa com a cor vermelha se sua marca é amarela, deve-se a entidade que controlava o automobilismo nos anos 1920, atualmente chamada de FIA (Federação Internacional de Automobilismo), ela estabelecia que as equipes italianas corressem com a cor vermelha, as alemãs com a branca, inglesas com o verde e francesas com o azul, essa obrigação durou até 1968. Outro exemplo é a seleção de futebol que joga com o uniforme 35 predominantemente azul, é conhecida como Squadra Azurra (equipe azul, em português), e a bandeira italiana é verde, branca e vermelho), a explicação do uniforme ser azul deve-se à antiga casa real italiana que tinha o azul como cor predominante no brasão imperial. A Ferrari possui vários recordes, como mostra o blog Mundo das Marcas (2010): São 216 vitórias, 205 pole positions, 224 voltas mais rápidas, 643 pódios conquistados e 18 títulos de construtores. A equipe acumula um total de 4.489,5 pontos. Nos 813 GPs disputados, a escuderia já liderou mais de 12.200 voltas, o que significa dizer mais de 64.000 quilômetros na liderança(Mundo das Marcas, 2010). Para nunca esquecer todos esses momentos de glória, ao lado da fábrica em Maranello encontra-se o Galleria Ferrari, museu exclusivo da marca que recebe cerca de 180 mil visitantes anualmente. Além de vários carros expostos, tanto de passeio quanto de corrida, os três andares do museu ainda expõe ao público, fotografias, bilhetes, uma réplica do escritório de Enzo, equipamentos utilizados nos boxes das corridas, assim como o muro de controle e monitoramento das corridas, um simulador de Fórmula 1, etc. Entretanto é fora da Itália que se encontra o Ferrari World, figura 3, um parque temático em Abu Dhabi – Emirados Árabes, inaugurado em 27 de outubro de 2010. O parque coberto ocupa uma superfície de 200 mil metros quadrados e a enorme marca estampada a 66 metros de altura. A 50 minutos do Circuito Yas Marina, onde é disputado o GP Aby Dhabi, o parque possui: simuladores de corridas, montanhas-russas – atualmente a mais rápida do mundo, ultrapassando os 200km/h e dando a sensação de está dentro de um verdadeiro carro de Fórmula 1, a Formula Roosa, um simulador de Força G, lojas, restaurantes e até um circuito. 36 Figura 3 - Ferrari World 2.1.3 – Histórico de comunicação da Ferrari no Brasil Os carros fabricados pela Ferrari são para um público restrito devido ao valor do produto, por isso a companhia no Brasil não utiliza os veículos de comunicação de massa como: a televisão, o rádio ou outdoors. Para divulgação dos novos modelos a equipe utiliza os principais eventos do automobilismo como os salões internacionais de automóvel e os próprios Grandes Prêmios de Fórmula 1, onde os apaixonados por carros estão presentes e junto a eles um público alvo seleto que possui poder aquisitivo para comprar um veículo da marca. No Brasil, tanto o Salão Internacional do Automóvel de São Paulo quanto o GP Brasil, foram utilizados para divulgação dos carros e produtos da marca. Nos stands da marca nos salões internacionais um dos pilotos da equipe da Fórmula 1, além de figuras ilustres sempre estão presente chamando ainda mais atenção do público. O então Presidente da República Luis Inácio Lula da Silva e o piloto Felipe Massa foram os destaques do stand de 2010 em São Paulo. Além dos grandes eventos que dão visibilidade a marca e geraram mídia espontânea em jornais, revistas especializadas, sites, etc. as revendedoras da marca, no Brasil a Via Italia, proporcionam a um público exclusivo eventos fechados da marca como, o Ferrari Day e o Welcome Cocktail aos Pilotos. 37 O Ferrari Day é um evento praticado mundialmente pela marca e possui o objetivo de proporcionar aos clientes o desafio e a emoção de colocar seus próprios carros nas pistas dos principais autódromos ao redor do mundo, disponibilizando toda infra-estrutura, de mecânicos ao Diretor da Confederação Brasileira de Automobilismo, no final de semana em que o evento exclusivo ocorreu em Interlagos. No sábado, os trinta participantes do evento, passam por dois momentos, as regras do evento são expostas e segue para a tomada de tempos. No domingo, os proprietários disputam uma corrida testam suas performances, usufruírem plenamente de suas máquinas e pisam livremente no pedal direito, como afirma a revendedora: “lugar de Ferrari é na pista!”. O Welcome Cocktail aos Pilotos, é um evento de interatividade entre Scuderia Ferrari e seus clientes. Também realizado pela Via Itália, para cerca de 250 convidados, no showroom da revendedora, os pilotos da equipe são homenageados, saúdam os clientes da marca e acontece sorteio com kits exclusivos da Puma Ferrari. Entretanto, para a divulgação dos produtos da Ferrari Store, perfumes, camisas, bonés, relógios, artigos de decoração, sapatilhas, etc. a equipe italiana utiliza também alguns veículos de comunicação e ações eventos automobilísticos que a Scuderia Ferrari participa. Como exemplo, traz-se o lançamento da nova fragrância Scuderia Ferrari, onde Fernando Alonso é o garoto propaganda, desenvolvida pela Malcom Tyler italiana, que no país além dos materiais de ponto-de-venda, cartazes, anúncio para revista, produziu também um comercial para televisão. Já no Brasil, a responsável pelo lançamento foi Premissa Comunicação. Inicialmente a campanha de lançamento focou os representantes do novo produto que além de receber o material criado pela agência, participaram de um evento no Kartódromo de Itu, onde puderam ter a experiência de pilotar uma Ferrari. Já para os consumidores a agência utilizou o Grande Prêmio Brasil para o lançamento da nova linha de perfumes. Antes do início da corrida foram distribuídos material informativo e fitas vermelhas como o nome Scuderia Ferrari que possuíam o cheiro do perfume e um vale desconto de 10% exclusivo para os espectadores de Interlagos. A figura 4 mostra o anúncio impresso da campanha de lançamento, que destaca o piloto Alonso e a embalagem do produto: 38 Figura 4 - Anúncio do Perfume Scuderia Ferrari Percebe-se que a base de comunicação da Ferrari está nos grandes eventos e eventos exclusivos proporcionados pela marca, ambos gerando curiosidade do público em geral e mídia espontânea, publicações sobre a marca do qual a mesma não pagou pelo espaço veiculado. Os pilotos da Fórmula 1 são os principais garotos propaganda da marca, o que reforça a utilização dos astros expostas por Rein; Kotler; Shields; (2008). 2.2 Fórmula 1 A Fórmula 1 tem origem na Europa com as corridas de Grandes Prêmios que já aconteciam desde antes da Segunda Guerra Mundial. Entretanto foi no pós-guerra que se instituiu e se oficializou o campeonato de Formula 1, com a primeira corrida no Circuito de Silverstone, Inglaterra no dia 13 de maio de 1950, na platéia de cerca 100 mil pessoas, entre elas: o Rei George VI, a Rainha Elizabeth e a princesa Margareth. Naquela época o campeonato era disputado em sete provas, sendo seis na Europa (Inglaterra, Mônaco, Suíça, Bélgica, França e Itália) e uma nos EUA. O regulamento descartava os três piores resultados e a pontuação era dada do primeiro ao quinto colocado, respectivamente: 8, 6, 4, 3 e 2 pontos, além do ponto extra dado ao piloto que fizesse a volta mais rápida de cada corrida. 39 Após os dois primeiros anos serem dominados pela Alfa Romeo, em 1952 e 1953 foi a vez da Ferrari dominar as pistas, e assim, Alberto Ascari conquistou o seu bicampeonato. A década de 1950, também trouxe a primeira mulher a pilotar um Fórmula 1, a italiana Maria Teresa de Filippis, tentou classificação para 5 Grandes Prêmios em 1958, entretanto só disputou três e sua melhor colocação foi um 10º lugar. Foi na década de 1960 que a publicidade passou a fazer parte da Fórmula 1, com a entrada de uma empresa de tabaco junto a Lotus, formando a equipe Gold Leaf Lotus em 1968, então os tradicionais carros britânicos pintados de verde passaram a circular com as cores vermelho, branco e dourado. Até o final dos anos 1960, os proprietários dos circuitos eram quem detinham maiores poderes sobre a organização dos Grandes Prêmios e da negociação financeira com as equipes. Ao assumir a direção da Formula One Constructor’s Association, criada pelas equipes inglesas, Ecclestone, em 1971, tem o objetivo de negocias as participações das equipes junto aos organizadores da competição. O objetivo foi conquistado e em 1979 a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) o escolhe para administrar os direitos de transmissão da Fórmula 1 na televisão, contrato que irá expirar em 2012. Também na década de 1970 a categoria teve o único campeão póstumo, chamava-se Jochen Rindt que faleceu na curva Parabólica de Monza, no dia 5 de setembro de 1970, e tornou-se campeão em 4 de outubro. A Fórmula 1 testemunhou grandes pilotos brasileiros, cada um deles se destacando em uma década diferente dos demais. A de 1970, tivemos o primeiro brasileiro a ser campeão mundial, Emerson Fittipaldi, que estreou na principal categoria do automobilismo em 1970 e conquistou o bicampeonato em 1972 e 1974. O primeiro título o garantiu o recorde de campão mais jovem, na época com 25 anos, e só foi quebrado com o espanhol Fernando Alonso em 2005, mas, atualmente, o campeão mais jovem da categoria é Sebastian Vettel, campeão em 2010 com 23 anos, 4 meses e 11 dias. Fittipaldi é o único piloto a conquistar duas vezes o maior campeonato, a de Fórmula 1, e a de maior corrida, as 500 Milhas de Indianápolis, em 1989 e 1993. do automobilismo mundial. Na década seguinte era a vez de Nelson Piquet se tornar tricampeão, em 1981 e 1983 pela Brabham e em 1987 pela Williams. Entre os campeonatos de Piquet, estréia na Fórmula 1 em 1984, outro piloto brasileiro, Ayrton Senna. 40 Senna, conquista seu primeiro campeonato em 1988 pela McLaren , a equipe tinha dominado aquele ano vencendo 15 das 16 corridas disputadas.. Em 1989, \Airton Senna foi vice-campeão travando disputas históricas com Alain Prost. Mas foi a década de 90 que marcou Ayrton na Formula 1, não só pela conquista do seu terceiro campeonato, 1990 e 1991, mas também pelo acidente fatal na curva Tamburello. No Autódromo Enzo e Dino Ferrari, em Ímola, disputando o GP da Itália em 1994, a coluna de direção de sua Williams quebra e o piloto choca-se contra o muro. Ali encerrava a carreira e a vida do último brasileiro campeão de Fórmula 1, para muitos compatriotas, um verdadeiro herói, para a revista inglesa Autosport que realizou uma pesquisa em dezembro de 2009, com 217 pilotos que haviam passado pela Fórmula 1: “o melhor piloto de todos os tempos”, o mesmo resultado é alcançado na pesquisa realizada pela revista The Times. No início dos anos 2000 é a vez de Rubens Barrichello ser o destaque brasileiro na categoria, pilotando a Ferrari de 2000 a 2005 conseguiu dois vice-campeonatos em 2002 e 2004, entretanto, sua passagem pela Ferrari foi ofuscada por seu companheiro de equipe Michael Schumacher, maior campeão de todos os tempos, com sete títulos dos quais conseguiu 5 consecutivos de 2000 a 2004. A dupla é detentora do recorde em dobradinhas (quando os dois carros da mesma equipe cruzam a linha de chegada nas duas primeiras posições) e Barrichello é o recordista em participações nos Grandes Prêmios, acumulando mais de 300 largadas. Atualmente, o piloto brasileiro com maior possibilidade de título é Felipe Massa, na Ferrari desde a saída de Rubens da equipe. Massa até chegou a cruzar a linha de chegada sendo campeão do mundo em 2008, mas enquanto esperava os outros carros receberem a bandeirada final, Lewis Hamilton faz uma ultrapassagem em Timo Glock na penúltima curva do Grande Prêmio de Interlagos, o último da temporada, e com isso termina a prova em 5º colocado tirando o título do brasileiro por apenas 1 ponto. Na história da competição, a menor diferença entre um campeão e um vice foi de Niki Lauda e Alain Prost, respectivamente, por apenas meio ponto de diferença, em 1984. Hoje a Fórmula 1 é a principal categoria do automobilismo mundial, viaja por todos os cinco continentes tendo 20 Grandes Prêmios, em 19 países e 12 equipes participando do campeonato. Em 2010 a Formula 1 completou 60 anos, a equipe com o maior número de vitórias no mundial de construtores é a Ferrari com 18 campeonatos e 41 em seguida a Williams com 9 títulos (1980, 1981, 1986, 1987, 1992, 1993, 1994, 1996, 1997). Já no campeonato de pilotos o maior campeão é o alemão Michael Schumacher que possui sete títulos, sendo dois pela Benetton em 1994 e1995 e cinco pela Ferrari de 2000 a 2004, em seguida temos o argentino Juan Manuel Fangio pentacampeão (1951, 1954, 1955, 1956 e 1957). Curiosidade sobre os maiores campeões: Schumacher é o piloto com maior número de vitórias, acumulando 91 na Fórmula 1 e Fangio foi campeão pelas 4 equipes que pilotou: Alfa Romeo, Mercedes, Ferrari e Maserati. A Ásia é o único continente a não possuir nenhum campeão mundial na categoria. Dados retirados de um artigo da HSM Management de julho-agosto de 2003, figura 5, mostram a expansão da categoria, tornando-se a cada ano mais internacional e aumentando o número de telespectadores: Figura 5 - Expansão da Fórmula 1 No Brasil a Rede Globo que detém os direitos de transmissão da categoria e consegue dobrar a audiência no horário da corrida diante dos outros canais, como mostra esse exemplo retirado do site TV Ibope: O Grande Prêmio de Fórmula 1 realizado na Espanha, neste domingo (22/05/11) conseguiu a liderança isolada para a Globo. A atração obteve 11.8 (12) de média, enquanto no mesmo horário, a Rede Record ocupou a vice-liderança com 5.8 (6) pontos e o SBT ficou em terceiro com 4.4 (4) pontos. (...) Os índices são prévios e podem sofrer alterações no consolidado (TV IBOPE; 2011). 42 A audiência da Fórmula 1 não pára de crescer, em 2010, os treinos e corridas da categoria alcançaram uma audiência de 527 milhões de espectadores, em 187 países e cerca de 16 mil horas de transmissão. 2.3 Grande Prêmio Brasil A história de Interlagos tem início nos anos de 1920 com o processo de urbanização da cidade de São Paulo. O encarregado era o engenheiro britânico Sanson e projetou o bairro Balneário Satélite da Capital, localizado entre as represas de Billings e Guarapiranga, mas tarde o urbanista francês Agache, ao ser contratado para a elaboração do planejamento de construção, que previa estádio com pista atlética, lagos para iatismo, quadras esportivas e um autódromo, achou o local parecido com a cidade suíça Interlaken, a partir daí o bairro passou a ser chamado Interlagos. Mas a crise mundial de 1929 e as revoluções nacionais da década de 1930 acabaram atrasando o projeto. Paralelo a isto, foi realizado no Circuito da Gávea, no dia 8 de outubro de 1933, o 1º Grande Prêmio Internacional da Cidade do Rio de Janeiro, que também é considerado a primeira corrida de automóveis de caráter internacional no Brasil. Com o sucesso do evento na capital carioca, os paulistas realizam, no dia 12 de julho de 1936, 1º Grande Prêmio Internacional Cidade de São Paulo, corrida esta que seria decisiva para construção do autódromo, entretanto devido a uma catástrofe: como de costume da época, as ruas também faziam parte dos cenários das corridas, e durante esta prova o Alfa Romeo da francesa Hellé-Nice perde o controle e atropela os espectadores deixando quatro vítimas fatais e cerca de 37 feridos. Devido a este acidente, Eusébio de Queiroz Matozzo, na época diretor do Automóvel Club do Brasil e diretor jurídico do Banco de Comércio e Indústria de São Paulo, solicita que acelerassem as obras do circuito, então estagnadas. Em 1938, Sanson inicia as obras e no ano seguinte o circuito estava pronto, com 7.960 metros de extensão. A pista estava pronta, mas boxes, arquibancadas, lanchonetes, estacionamento, torre de transmissão, dentre outras coisas ainda estavam inacabados devido a falta de recursos financeiros. 43 Previsto para ser inaugurado, em 19 de novembro de 1939, a data foi adiada por causa das fortes chuvas que atingiam a cidade. Então no dia 12 de maio de 1940, é realizado o 3º Grande Prêmio Cidade de São Paulo, junto a uma prova de motocicletas, caracterizando assim a inauguração do autódromo de Interlagos, o primeiro autódromo do Brasil. A prova vencida pelo piloto brasileiro Nascimento Júnior e seu Alfa Romeo teve a presença de cerca 15 mil pessoas. Em março de 1947, o autódromo recebeu os carros Grand Prix, antecessores da Fórmula 1, em sua primeira corrida internacional. Vendido por um valor simbólico para o comitê de Celebração do IV Centenário da cidade de São Paulo em 1954, até então administrado pela AESA (empresa imobiliária de construção civil Auto-Estradas S.A), a pista do autódromo foi dividida em dois circuitos, um anel externo para as corridas de alta velocidade e outro misto para as demais provas. De 1967 a 1970 o autódromo passou por reformas, em 1971 mais ajustes foram realizados para receber a Fórmula 1. Mesmo sem contar pontos para o campeonato mundial, Interlagos recebeu em 1972, pela primeira vez a Fórmula 1, com a vitória foi do argentino Carlos Reutemann. A partir de 1973, o Brasil passou a fazer parte do calendário oficial da competição, com a prova marcada no dia 11 de fevereiro de 1973 e vencida pelo brasileiro Emerson Fittipaldi. Em 1978, o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 é transferido para o autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Entretanto, volta a se realizar em São Paulo no ano seguinte, que em 1980 abre mão do evento por não conseguir liberar recursos necessários para a manutenção do autódromo segundo as exigências das autoridades desportivas. Assim, o GP Brasil retorna ao Rio de 1981 a 1989. 44 Figura 6 - Autódromo de Interlagos Ao contrario do que havia acontecido em 1980, em 1989, foi a prefeitura do Rio a não conseguir verba para manter a Fórmula 1 na cidade, e a corrida voltava para as terras paulistas, após reformas tanto na pista, agora com 4.325 metros, quanto no boxes e torre de controle de Interlagos, chamado agora de Autódromo José Carlos Pace, figura 6, em homenagem a um grande nome brasileiro no automobilismo, morto em um acidente aéreo em 1977. Sua corrida de reinauguração foi vencida pelo piloto francês Alain Prost, em 1990. Desde então o Grande Prêmio do Brasil sempre ocorre em São Paulo. Os brasileiros já venceram o Grande Prêmio do Brasil nove vezes, sendo eles: Felipe Massa (2006 e 2008), Ayrton Senna (1991 e 1993), Nelson Piquet (1983 e 1986), José Carlos Pace (1975) e Emerson Fittipaldi (1973 e 1974). 45 Capítulo 3: Metodologia e Pesquisa 3.1 Metodologia Este trabalho consiste em um estudo de caso que busca entender a relação entre o Grande Premio Brasil de Fórmula 1 e a venda dos produtos relacionados a esta categoria do automobilismo. O Estudo de Caso se objetiva pela descoberta, revelando a realidade estudada, através de várias fontes de informação, defina a seguir por Yin (1989): estudo de caso é uma inquirição empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, quando a fronteira entre o fenômeno e o contexto não é claramente evidente e onde múltiplas fontes de evidência são utilizadas. (YIN, 1989, p. 23) O método de Pesquisa Exploratória Quantitativa, foi utilizado durante a realização do trabalho. Nesta pesquisa quantitativa foram aplicados 64 questionários, com 13 perguntas cada, entre os dias 22 e 27 de maio de 2011, de forma direta e convencional. A definição de pesquisa quantitativa que melhor nos atende é a dada pelo IBOPE – Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística: pesquisas quantitativas são mais adequadas para apurar opiniões e atitudes explícitas e conscientes dos entrevistados, pois utilizam instrumentos estruturados (questionários). Devem ser representativas de um determinado universo de modo que seus dados possam ser generalizados e projetados para aquele universo. Seu objetivo é mensurar e permitir o teste de hipóteses, já que os resultados são mais concretos e, conseqüentemente, menos passíveis de erros de interpretação. Em muitos casos geram índices que podem ser comparados ao longo do tempo, permitindo traçar um histórico da informação. (IBOPE,2011) A pesquisa quantitativa é uma das técnicas também utilizadas para a pesquisa de marketing, assim definida por Mcdaniel; Gates; (2003): Pesquisa de marketing é o planejamento, a coleta e a análise de dados relevantes para a tomada de decisões de marketing e para a comunicação dos resultados dessa análise à administração. (MCDANIEL; GATES; 2003, p. 9) No entanto, não foi possível realizar o cálculo real da margem de erro amostral, que tem em consideração o tamanho da amostra, o tamanho do universo considerado e a 46 proporção da população com características semelhantes e distintas, decorrente do extenso universo de telespectadores da Fórmula 1. Além da pesquisa quantitativa, a coleta de dados foi realizada por dados estatísticos disponibilizados pela loja Centauro do Shopping Iguatemi de Fortaleza. 3.2 Mercado dos produtos Puma-Ferrari Centauro A Ferrari Store, é a revenda oficial dos produtos da marca, espalhada por mais de 20 países e com apenas 3 empresas com licença para utilização da marca (Puma, Acer e Mattel). Os fãs podem encontrar de tudo nessas lojas: roupas, relógios, óculos, jóias, malas, celulares, computadores, miniaturas, peças utilizadas em carros (volantes, cilindro do motor, escapamento, etc.), artigos decorativos para casa e escritório, livros, bicicletas, artigos para golf, surfe, suvenir, ursos de pelúcia, etc. Enfim, produtos ligados ao Cavallino Rampante estão a venda, com preços que variam do simples souvenir a artigos de luxo caríssimos. Na loja de artigos esportivos Centauro do Shopping Iguatemi em Fortaleza, estão disponíveis à venda os seguintes produtos ligados a marca Puma-Ferrai: sapatilhas, bolsas femininas e masculinas, t-shirt, shorts, relógios, pochetes e bonés. Segundo a Gerente Comercial, Rosana Peixoto: No períodos dos eventos que envolve a Marca Ferrari, aumentamos nossa venda e temos uma procura da Marca em torno de 12% maior que meses anteriores que não temos divulgação. (2011) Este dado estatístico é de grande importância e ajuda a comprovar que o evento Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 influi os consumidores, contribuindo para o aumento das vendas nesta loja. A Gerente completa: “Nas cidades ondem (sic.) ocorrem os eventos, a procura é bem maior, chegando a ultrapassar esse número citado”. Ou seja, nas lojas em São Paulo, onde ocorre o evento, as compras aumentam ainda mais, devido tanto a maior exposição da marca e ações realizadas, quanto ao acontecimento de eventos simultâneos à corrida de Fórmula 1, como o Salão Internacional do Automóvel em São Paulo. 47 3.3 Análise da pesquisa 3.3.1 Perfil dos Entrevistados Após o levantamento dos dados do questionário, observa-se uma predominância masculina (64%) em relação à feminina, gráfico 1: Gênero -Gráfico 1 a. Masculino 41 b. Feminino 23 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Fonte: Dados da Pesquisa Os jovens de 15 a 25 anos foram os que mais responderam a pesquisa, tendo eles uma participação de 66%, seguido dos adultos de 26 a 35 anos (23%), indivíduos de 36 a 45 anos e 46 a 60 participaram igualmente com 5 % da pesquisa e por fim, apenas uma resposta com alguém acima dos 60 anos, gráfico 2: 48 Gráfico 2 - Faixa Etária a. 15 a 25 anos 42 b. 26 a 35 anos 15 c. 36 a 45 anos 3 d. 46 a 60 anos 3 e. Acima de 60 anos 1 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Fonte: Dados da Pesquisa Quanto ao grau de escolaridade, não se obteve nenhuma resposta com estudantes do 1º grau, o nível dominante foi o “superior incompleto” (61%), seguido com percentuais idênticos, 16% cada, dos níveis “superior completo” e “pós-graduado”. Ainda 8% dos estudantes de 2º grau completam a pesquisa, gráfico 3: Gráfico 3 - Grau de Escolaridade a. 1º grau completo 0 b. 2º grau completo 5 c. Nível superior completo 10 d. Nível superior incompleto 39 e. Pós-graduado 10 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Fonte: Dados da Pesquisa 49 3.3.2 Sistematização e análise dos dados O processamento dos dados foram realizados, principalmente, através da ferramenta Google Docs, no qual os intrevistados respondiam os questionários on line esta ferramenta agrupa as resposta, sintetiza em percentuais e até gera gráficos, entretanto resolveu-se não utilizar os gráficos gerados pelo programa devido uma questão da má qualidade para visibilidade. Depois de identificados os perfís dos entrevistados, fêz-se perguntas sobre o hábito do torcedor, como eles costumam assistir e se trajarem durante as partidas de futebol, um dos esportes mais populares no Brasil. O principal interesse das duas perguntas a seguir era descobrir a utilização de artigos esportivos no momento dos jogos de futebol, no estádio e em casa: Gráfico 4 - Quando você vai assistir a um jogo de futebol no estádio, você vai: a. Com o uniforme do seu time 20 b. Uma roupa qualquer 14 c. Se tivesse uniforme do time, com certeza usaria 7 d. Não vou a estádios de futebol 23 0 5 10 15 20 25 Fonte: Dados da Pesquisa A utilização dos uniformes das equipes é bem maior quando o torcedor vai assistir o evento esportivo ao vivo, quando eles assistem aos jogos nos estádios (gráfico 4), 39% dos torcedores vestem o uniforme do seu time, este percentual cai bruscamente para 9% quando os entrevistados assistem aos jogos em casa (gráfico 5), e utilizam preferencialmente uma roupa qualquer, o percentual desse item chegou a 63%. Assim como a informação da Centauro, quanto ao aumento de vendas relacionados a marca Ferrari nas proximidades do Grande Prêmio Brasil, estas perguntas do questionário 50 ajudam a mostrar que realmente existe uma influência do evento esportivo para a utilização de artigos relacionados aquele esporte. Gráfico 5 - Quando você assiste a um jogo de futebol em casa, você assiste: a. Com o uniforme do seu time 6 b. Com uma roupa qualquer 40 c. Se tivesse uniforme do time, com certeza usaria 5 d. Indiferente 13 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Fonte: Dados da Pesquisa Ao serem perguntados se gostam ou assistem corridas automobilísticas (gráfico 6), apenas 27% assinalaram que não gostavam, mostrando uma audiência elevada para as corridas, já que estas não possuem tanta exposição na mídia se compararmos ao futebol, por exemplo. 51 Gráfico 6 - Você gosta/assiste corridas automobilísticas? a. Gosto 11 b. Gosto, mas não assisto com freqüência 36 c. Não gosto 17 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Fonte: Dados da Pesquisa Conclui-se que o público do automobilismo era principalmente masculino quando compara-se o número de respostas dos homens que responderam não gostar ou não assistir às corridas, dos 41 que participaram da pesquisa, apenas 7 não gostam, gerando um percentual de 17%. Ao fazer-se a mesma comparação com as mulheres, o percentual sobe para 43,5%. A pergunta a seguir (gráfico 7), refere-se à pesquisa de Top of Mind, ou seja, qual a primeira equipe de Fórmula 1 que vem à mente do entrevistado, essa é uma disputa importante para os executivos de marketing e ainda mais para a marca que conquista essa posição no mercado. A Ferrari é a primeira marca na mente daqueles que responderam ao questionário, com uma liderança destacada, mais de quatro vezes maior do que o segundo colocado, com 78% (50 das 64 respostas obtidas), contra 17% da McLaren com 11 lembranças entre as 64 respostas, ficando com a segunda posição. Outras duas equipes foram citadas, a Williams com duas recordações e a MercedezBens com apenas uma. 52 Gráfico 7 - Qual a primeira equipe de Fórmula 1 que vem a sua cabeça? Ferrari 50 McLaren 11 Williams 2 Mercedez - Benz 1 0 10 20 30 40 50 60 Fonte: Dados da Pesquisa Continuando com o questionário, busca-se informações a respeito do envolvimento e da freqüência que os entrevistados assistem à Fórmula 1 (gráfico 8). O número de pessoas que não se envolvem com a categoria, representada pela pergunta “acha uma idiotice aqueles carros dando voltas no mesmo lugar”, obteve o índice de 14%, maior do que os que se consideram fanáticos (6%). A maioria, 45% dos entrevistados, “gosta e assiste de vez em quando”. Ainda tem-se os que são fãs e assistem sempre que podem (9%) e os que assistem por acaso, “assiste quando acorda cedo no domingo e não têm nada fazer.” (25%). 53 Gráfico 8 - Quanto ao grau de envolvimento com a Fórmula 1, você: a. é fanático e se preciso acorda de madrugada para ver a corrida. 4 b. é fã e assiste sempre que pode. 6 c. gosta e assiste de vez em quando 29 d. assiste quando acorda cedo no domingo e não tem nada fazer. 16 e. acha uma idiotice aqueles carros dando voltas no mesmo lugar. 9 0 5 10 15 20 25 30 35 Fonte: Dados da Pesquisa Quanto à freqüência, quase metade deles assistem até sete corridas, sendo 30% os que assistem até 3 Grandes Prêmios e 19% os que assistem até sete. Os 6% dos fanáticos da questão anterior equivalem aos 5% dos que assistem até todas as etapas do campeonato. Os que assistem cerca de metade do campeonato, de 8 a 11 corridas, correspondem a 16% dos entrevistados, como mostra o gráfico 9: 54 Gráfico 9 - Em média, quantas corridas de Fórmula 1 você assiste por ano? a. 0 a 3 30 b. 4 a 7 19 c. 8 a 11 10 d. 12 a 15 2 e. 15 a 18 3 0 5 10 15 20 25 30 35 Fonte: Dados da Pesquisa Atualmente os treinos livres da sexta-feira e o treino livre na manhã do sábado são transmitidos pela SporTv, canal fechado, assim como uma reprise da corrida nas noites de domingo, entretanto,algumas vezes acontece da transmissão noturna receber alguns cortes e não ser reprisada na íntegra. Já no canal aberto, a Rede Globo transmite o treino classificatório no sábado e a corrida no domingo. O portal da emissora, o Globo.com, disponibiliza após as corridas, melhores momentos, notícias, entrevistas e outras matérias que não foram ao ar durante a transmissão na TV. Por isso, a questão a seguir tem o objetivo de descobrir de onde os entrevistados assistem e conseqüentemente se informam sobre a Fórmula 1 (gráfico 10): 55 Gráfico 10 - Onde você assiste as corridas de Fórmula 1 principalmente? a. Globo 55 b. SporTv 1 c. Globo.com 0 d. Todas as opções acima 1 e. Não assisto 7 0 10 20 30 40 50 60 Fonte: Dados da Pesquisa A Globo possui a grande audiência dos entrevistados, com 86% das respostas, equivalente a 55 das 64 respostas totais. Esse dado indica também que os telespectadores assistem principalmente a transmissão ao vivo da Globo em relação a reprise da SporTv (2%) ou os melhores momentos do portal Globo.com. Há ainda quem busque informação ou assista ao campeonato mundial nesses três veículos (2%). Apenas 7% dos entrevistados responderam não assistirem à Fórmula 1 (7 das 64 respostas), percentual bem menor se comparado aos 27% que responderam não gostar das corridas automobilísticas. A próxima pergunta é a que tem significado direto para o que este estudo, ela supõe a ida do entrevistado ao Grande Prêmio do Brasil e deseja saber como ele se vestiria, para descobriu-se se há um interesse de compra dos produtos relativos ao esporte quando o torcedor vai assistir ao evento ao vivo. Apesar do percentual dos entrevistados que comprariam a camiseta de uma das equipes ter sido menor do que aqueles que usariam uma roupa qualquer (64%), gráfico 11, o percentual (36%) mostra um interesse de compra maior do que o percentual fornecido pela Centauro de Fortaleza, que consta o aumento nas vendas dos produtos Ferrari em 12%. Se existe uma compra efetiva na loja de 12% e um interesse de compra de 36% pelos entrevistados, conclui-se que o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1, influi no aumento das vendas. 56 Gráfico 11 - Se você fosse a São Paulo para assistir o Grande Prêmio Brasil de Formula 1 no autódromo, como você se vestiria: a. Compraria a camisa de uma das equipes (Ferrari, Mercedes-Benz, Mclaren, Red Bull) 23 b. Usaria uma roupa qualquer do guarda-roupa 41 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Fonte: Dados da Pesquisa Fêz-se uma comparação entre os torcedores que vão com o uniforme do seu time aos estádios e os que comprariam uma das camisas das equipes de Fórmula 1, o percentual sobe pouco, de 36% do geral, para 40%. Já o percentual dos que não possuem uniforme de time e se fosse ao Grande Prêmio compraria um artigo esportivo relacionado é de 68%. A busca por informações sobre a Fórmula 1 e a exposição na mídia possui dois picos durante o ano no Brasil, o primeiro no início da temporada, que normalmente acontece entre os meses de fevereiro ou março, causado pela mudança das regras para o novo ano, troca de pilotos, surgimento de novas equipes, os novos modelos dos carros, etc. O segundo pico acontece no período do Grande Prêmio do Brasil, uma das últimas corridas do campeonato, acontecendo normalmente no mês de novembro, e causado pela proximidade com pilotos e equipes, acesso aos bastidores do evento, disputa entre os líderes do campeonato, etc. Quando pergunta-se: “Em que época do ano você mais escuta falar sobre a Fórmula 1?” busca-se saber qual dos dois picos é mais marcante para os telespectadores, gráfico 12: 57 Gráfico 12 - Em que época do ano você mais escuta falar sobre a Fórmula 1? a. Primeiro semestre 19 b. Segundo semestre 34 c. Não escuto falar sobre a Formula 1 durante o ano 11 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Fonte: Dados da Pesquisa No segundo semestre obtem-se a maior percepção da Fórmula 1, 34% contra os 19% do primeiro semestre, coincidindo com o evento no Brasil. Essa maior exposição durante o evento é considerada outro fator que influencia a compra de artigos esportivos relacionados à Ferrari. Ainda há um público de 11% que não escuta falar sobre Fórmula 1 ao longo do ano, percentual outra vez menor aos 27% que admitiram não gostar de corridas automobilísticas. 58 Gráfico 13 - Qual das equipes presente na Fórmula 1 tem na sua opinião a marca mais forte/consolidada fora das pistas? a. Ferrari 57 b. Mercedez-Benz 2 c. McLaren 3 d. Red Bull RacingTeam 2 e. Renault 0 f. Lotus 0 g. Outras 0 0 10 20 30 40 50 60 Fonte: Dados da Pesquisa A última pergunta refere-se ao poder da marca, ao posicionamento, à valores e atributos relacionados às marcas que compõem a Fórmula 1, não só dentro da categoria, mas de modo geral. Esse é um dado bastante importante já que concorda-se com Al Ries (1993), que o marketing é uma batalha de percepção instalada na mente dos consumidores e não uma batalha de produtos. Os entrevistados perceberam a Ferrari como a marca mais forte e consolidada, com impressionantes 89% (57 das 64 respostas totais) diante do segundo colocado com apenas 3 citações e um percentual de 5%, a McLaren. A Mercedez-Bens e a Red Bull Racing Team empataram com 3% de alusões, e nenhuma outra equipe ou marca foi mencionada (gráfico 13): 59 CONCLUSÃO O presente trabalho monográfico teve por fim fazer um estudo de caso sobre a influência do evento esportivo Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 em relação as vendas da loja de artigos esportivos Centauro do Shopping Iguatemi em Fortaleza. No desenvolvimento desse trabalho acadêmico, foram expostas algumas questões de marketing, marca, posicionamento, marketing esportivo e de eventos, o licenciamento de marca, a historia e a situação atual da Ferrari, assim como a Fórmula 1 e o Grande Prêmio Brasil. Realizou-se a coleta de dados através de um pesquisa quantitativa e estatísticas disponibilizadas pela loja em estudo, Centauro do Shopping Iguatemi de Fortaleza. Ressalte-se que, a evolução do marketing que antes visava a venda e os produtos atualmente foca o consumidor. A marca vai além do símbolo estampado, e que a lembrança do produto, empresa ou marca, na mente do consumir é considerada até mais relevante do que a posição que a mesma ocupa no mercado, o que acentua a importância do posicionamento nas instituições. Seguindo a tendência, no marketing esportivo, o torcedor é considerado o foco das ações, pois é ele que irá escolher se um determinado produto será sucesso de vendas ou não, e ainda a importância do evento esportivo para a indústria do esporte. Revendo a literatura sobre a origem da Ferrari observa-se que é uma marca que desde o início possui fortes valores atribuídos a marca, como o símbolo do cavalo empinado, que estampava o avião de Francesco Baracca, considerado o maior piloto da brigada italiana na Primeira Guerra Mundial. Nas corridas de Fórmula 1 também se destacou desde cedo, conquistando o 1º título mundial após dois anos do início da categoria, e eram esses bons resultados na pista que agregavam valores como velocidade aos carros, além do visual exótico e excelente acabamento que ajudavam a montadora a vender seus carros e produtos relacionados ao público. Além dos autores estudados, verifica-se, com a ajuda dos dados coletados na loja de artigos esportivos Centauro do Shopping Iguatemi de Fortaleza e os dados da pesquisa quantitativa realizada, que o evento esportivo Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 2010, assim como, a maior exposição na mídia derivada da cobertura do 60 evento, contribui diretamente para o aumento na venda dos produtos relacionados a marca Ferrari na loja Centauro em estudo. 61 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO Estatísticas da Fórmula 1. Disponível em: <http://www.portalbrasil.net/formula1_estatisticas.htm> Acesso em:13 de maio de 2011 KOTLER, Philip. Administração de Marketing. 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