Doentes com DPOC devem fazer uma alimentação saudável e

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Doentes com DPOC devem fazer uma alimentação saudável e equilibrada
23 Oct 2008
A alimentação pode ser uma excelente aliada dos doentes com DPOC, mas também pode servir para
prevenir o desenvolvimento da doença, em particular nos grupos considerados de maior risco.
Os doentes com DPOC só têm a beneficiar com uma dieta equilibrada que contemple alimentos saudáveis,
como os brócolos, e ponha de parte alimentos comprovadamente maus, como a carne fumada. Desta forma,
poder-se-á evitar danos nos pulmões e a evolução para a desnutrição, que piora o prognóstico e pode
mesmo provocar a morte.
Uma boa alimentação é fundamental para os doentes que sofrem de doença pulmonar obstrutiva crónica. A
doença leva a um maior gasto de energia, obrigando a uma dieta saudável e equilibrada, capaz de aportar a
quantidade necessária de calorias e nutrientes indispensáveis a um bom funcionamento do organismo, em
particular dos pulmões.
A dieta destes doentes deve, assim, incluir muitas frutas, vegetais, grãos e proteínas, tais como peixe e
frango.
Siga estas orientações:
Faça pequenas refeições várias vezes ao dia (5 a 6) para facilitar a digestão e conservar energia;
Coma algum peixe ou carne, que são importantes fontes de proteínas;
Todos os dias, coma frutas e legumes;
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Fuja dos alimentos refinados, designadamente os que contêm açúcar;
Não coma carne fumada;
Evite ou diminua a ingestão de alimentos que fermentam;
Beba bastante água para se manter hidrato e expulsar mais facilmente as secreções.
Dieta mediterrânica previne a doença
A alimentação pode ser uma excelente aliada dos doentes com DPOC, mas também pode servir para
prevenir o desenvolvimento da doença, em particular nos grupos considerados de maior risco.
Um estudo publicado recentemente na revista médica Thorax é mais um a juntar-se ao um extenso rol de
estudos que destacam os benefícios da dieta mediterrânica na prevenção de doenças do foro respiratório,
como a asma, e até na redução do risco de doenças cardiovasculares e de Alzheimer.
De acordo com este novo estudo, a dieta mediterrânica reduz para metade o risco de desenvolver DPOC. A
investigação, conduzida pela Escola de Saúde Pública de Harvard, em Boston (Massachusetts), recomenda
o consumo de frutas, verduras, alimentos integrais e peixe para prevenir esta patologia, ao mesmo tempo
que desaconselha a chamada dieta ocidental, baseada em alimentos refinados, carnes vermelhas e
fumadas, doces e batatas fritas.
Os investigadores norte-americanos analisaram 42.917 homens, durante 11 anos, tendo concluído que
quanto mais a alimentação diária se ajustar aos padrões da dieta mediterrânica, menor é o risco de doença
pulmonar obstrutiva crónica.
Mas alguns alimentos podem ser melhores do que outros. Os brócolos, por exemplo, parecem excelentes
para quem já sofre de DPOC, ajudando a prevenir danos pulmonares. É o que garante um estudo realizado
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pela Johns Hopkins University, nos Estados Unidos, e publicado recentemente no American Journal of
Respiratory and Critical Care Medicine.
No caso dos brócolos, o mérito parece recair sobre o sulforafano, um fitonutriente que contribui para a
activação de uma proteína com propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes que se encontra reduzida em
doentes com DPOC em estado avançado.
Carne fumada: a má da fita
Assim como uns alimentos são melhores do que outros, há alimentos que são especialmente prejudiciais
para os doentes com DPOC. É o caso da carne fumada.
Se gosta de salsichas, chouriços, presunto ou bacon, mas sofre desta doença ou corre o risco de sofrer, vai
ter mesmo de resistir à tentação.
Segundo um estudo recente intitulado “Consumo de carne fumada, função pulmonar e DPOC nos
adultos dos Estados Unidos”, publicado no American Journal of Respiratory and Critical Care
Medicine, a carne fumada, rica em nitritos, provoca sérios danos nos pulmões.
Os investigadores encontraram uma relação estreita entre o consumo de carnes fumadas e a incidência de
DPOC, independentemente de factores como a idade, o tabagismo ou a dieta. Dos 7.352 participantes no
estudo, com idade igual ou superior a 45 anos, os que consumiam carne fumada mais frequentemente
corriam um risco muito mais elevado de desenvolver DPOC. A explicação residirá na elevada quantidade de
nitritos presente na carne fumada.
Anteriormente, outros estudos também apontavam para uma associação entre a frequência do consumo de
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carne fumada e a DPOC, sobretudo entre mulheres fumadoras e ex-fumadoras que consumiam mais de 4
doses por semana.
Desnutrição é um factor de mau prognóstico
Se é verdade que a alimentação pode ajudar a prevenir a DPOC e os danos que lhe estão normalmente
associados, também é verdade que o doente com DPOC corre um risco significativo de desnutrição.
De facto, a evolução da DPOC pode trazer inúmeras complicações que afectam o estado nutricional dos
pacientes, devido à diminuição no consumo de alimentos e ao gasto energético aumentado atribuído ao
aumento do esforço desenvolvido pelos músculos respiratórios e às necessidades de oxigénio.
Por outras palavras, os doentes com DPOC podem não conseguir ingerir alimentos em quantidade
suficiente, mesmo que sejam muito bons, por causa das dificuldades em mastigar e em engolir decorrentes
da dispneia (falta de ar), da tosse, das secreções e da fadiga.
Também o uso de corticóides pode ter um impacto negativo no estado nutricional, contribuindo para diminuir
o apetite.
Outra explicação para o risco de desnutrição pode residir na alteração do metabolismo da leptina, uma
proteína sintetizada pelo tecido adiposo e que desempenha um papel importante no metabolismo energético.
Estas alterações podem contribuir para a perda de peso.
De acordo com os dados divulgados no Jornal Brasileiro de Pneumologia, a desnutrição é extremamente
comum em doentes com DPOC, calculando-se uma prevalência de 22% a 24% em doentes tratados no
ambulatório e entre 34% e 50% em doentes internados nos hospitais.
Os especialistas alertam que a desnutrição constitui um indicador de mau prognóstico da doença, uma vez
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que provoca uma diminuição da força dos músculos expiratórios, da tolerância ao exercício e da qualidade
de vida, além de predispor a infecções, que são frequentemente causa de hospitalização e de morte.
Nos doentes com DPOC desnutridos, a mortalidade aumenta consideravelmente, chegando mesmo a atingir
os 33% após o início do emagrecimento e os 51% após cinco anos.
Dieta adequada pode evitar a desnutrição
A boa notícia é que a desnutrição é potencialmente modificada através de uma dieta adequada e eficaz.
Segundo os nutricionistas, a terapia nutricional individualizada é muito importante e deve ser instituída o
mais precocemente possível, a fim de proporcionar uma melhoria do estado nutricional, da função muscular
respiratória, da tolerância ao exercício e da função imunológica, o que aumentará as defesas do organismo
contra as infecções.
Nos doentes com DPOC, a dieta deve ter como objectivo evitar a desnutrição protéico-calórica, bem como
suas consequências, através do fornecimento de uma alimentação adequada.
Mesmo no caso de desnutrição instalada, é ainda possível reverter o quadro através de uma alimentação
que garanta a reposição de todos os macro e micronutrientes em falta. Recomenda-se uma dieta
hiperprotéica aos doentes com DPOC, a fim de restaurar a força pulmonar e muscular e promover uma
melhoria na função imunológica. Contudo, o excesso de proteínas na dieta deve ser evitado, uma vez que
aparece associado à dispneia e, no caso de excesso de alguns aminoácidos (valina, leucina e isoleucina), a
um aumento do trabalho respiratório e à fadiga muscular.
Quanto à quantidade recomendada de hidratos de carbono, é da ordem dos 50% a 60% do gasto energético
total. No entanto, mais uma vez, o exagero é mau conselheiro, podendo provocar uma produção excessiva
de dióxido de carbono e levar à esteatose hepática.
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Aconselha-se que os doentes com DPOC ingiram lípidos entre 25% e 30% do gasto energético total
calculado.
A consistência dos alimentos é outro aspecto fulcral. A dieta para portadores de DPOC deve apresentar a
consistência adaptada às condições fisiológicas de cada paciente (problemas dentários e/ou dispneia, que
dificultam o consumo dos alimentos).
A dieta deve ser bem fraccionada, entre cinco e seis refeições diárias, com um volume menor, uma vez que
as refeições volumosas podem causar fadiga.
Recomenda-se ainda que os alimentos sejam servidos em temperaturas mais amenas, a fim de se evitar
danos na mucosa oral.
A DPOC afecta 5,3% da população portuguesa e poderá converter-se na terceira causa de morte no mundo
já em 2020.
Fontes:http://www.fag.edu.br/professores/pos/MATERIAIS/Nutri%E7%E3o%20Cl%EDnica%20com%20%CA
nfase%20em%20Nutri%E7%E3o%20Esportiva/Aula%20-%2013%20e%2014%20de%20junho/Jornal%20Bra
sileiro%20de%20Pneumologia%20dpoc%20fag.pdfhttp://ajrccm.atsjournals.org/cgi/content/abstract/175/8/79
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/1002http://aje.oxfordjournals.org/cgi/content/abstract/166/12/1438
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