percepção dos empresários de varejo e serviços sobre

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PERCEPÇÃO DOS EMPRESÁRIOS
DE VAREJO E SERVIÇOS SOBRE O
MOMENTO DA ECONOMIA BRASILEIRA
Setembro 2016
INTRODUÇÃO
A economia brasileira enfrenta uma crise que já se arrasta por quase dois anos. Nesse intervalo, todos os
principais indicadores apresentaram sensível piora. Os setores de Comércio e Serviços sofreram o impacto
do aumento da inadimplência e também da queda de faturamento. Dados do IBGE mostram que o volume
de vendas do Comércio recuou 6,7% no acumulado de 12 meses terminados em junho de 2016, enquanto o
volume de vendas do setor de Serviços teve recuo de 4,9%, na mesma base de comparação. No tocante aos
atrasos, dados do SPC Brasil revelam que o número de consumidores negativados atingiu 58,9 milhões em
julho de 2016.
A forte deterioração desses números afeta a saúde financeira das empresas, podendo levar até ao seu
fechamento. A pesquisa “Percepção do Empresário de Varejo e Serviços sobre a crise e Expectativas para
o futuro do Brasil”, conduzida pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL),
procura dimensionar a percepção dos empresários que atuam no Varejo e no setor de Serviços sobre as
dificuldades enfrentadas durante o período mais agudo da crise, bem como o impacto da conjuntura sobre
seus negócios. Os entrevistados foram instados a responder sobre as estratégias das empresas para se
manterem no mercado frente à crise, seus principais receios e expectativas para o segundo semestre de
2016, além de apontar o que consideram necessário para o Brasil voltar a crescer.
Os setores de Comércio e Serviços respondem por parcela importante da produção nacional e do emprego.
Que o ambiente de negócios lhes seja favorável é do interesse de toda a economia. Daí a importância de se
avaliar a percepção desses setores, bem como os principais entraves que enfrentam.
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Uma grave crise, cada vez mais perto do fim...
A economia brasileira caminha para o terceiro ano consecutivo sem crescimento. Em face desse cenário,
a grande maioria dos empresários de Varejo e Serviços avalia como grave a situação do país. Numa escala
de zero a 10, em que zero equivale a “nenhuma gravidade”, 79,4% dos entrevistados atribuíram uma nota
acima de sete para o momento atual. Apenas 1,5% atribuiu nota abaixo de três, entendendo que o momento
é pouco ou nada grave. A nota média, apurada nas primeiras semanas de agosto, foi de 7,79, um número
bastante elevado, mas abaixo do dado apurado no semestre anterior, no mês de abril. Naquele mês, os
empresários atribuíram nota média de 8,6 à gravidade da crise.
A situação das empresas tampouco é favorável. Questionados
sobre o desempenho de seu negócio, a metade dos entrevistados
48,0%
diz estar estagnada e apenas um em cada cinco (20%) diz estar
dizem ter sido
totalmente ou muito
afetados pela crise
crescendo. Outros 26% dizem estar em crise ou no vermelho.
A avaliação geral é de que a crise tem, sim, afetado os
negócios: 48,0% dizem ter sido totalmente ou muito afetados;
39,5% consideram que foram pouco afetados e apenas 12,2%
Para 70% destes,
a diminuição das
vendas é o principal
impacto sobre
os negócios
asseguram que a crise em nada tem afetado seu negócio. A
diminuição das vendas é o principal impacto sobre os negócios,
mencionada por 70% daqueles que se dizem afetados pela crise.
Em seguida, aparece o aumento no pagamento dos impostos,
mencionado por 33,8%, e a inadimplência de clientes (31,8%).
Na sondagem realizada no primeiro semestre, esses impactos
também foram os que tiveram mais destaque.
QUAL A SITUAÇÃO ATUAL DA EMPRESA?
20%
26%
4%
50%
Crescendo
Estagnada
No vermelho/
em crise
Prefere não
responder
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Diante da crise, a reação mais comum desses empresários para se
manter no mercado foi a redução de gastos: 38% afirmam ter feito
contenção de despesas. A respeito disso, é importante ter em vista
que a melhora do padrão de gastos pode ser um legado positivo da
crise. Mesmo em períodos de bonança, o empresário deve buscar
fazer o máximo com o mínimo de recursos, sem que isso prejudique
Para 47,9%,
o segundo semestre
será melhor do
que o primeiro
a qualidade daquilo que oferta. Outros 17,3% optaram por reduzir os
preços e 10,1% demitiram funcionários.
Quando instados a falar sobre o futuro da economia brasileira, a maioria relativa dos entrevistados manifestam
algum otimismo para o segundo semestre de 2016. Para 47,9%, o segundo semestre será melhor do que o
primeiro. Outros 32,7% dizem que será igual ao primeiro e 6,8% acreditam que será ainda pior. O dado reflete
a discreta melhora dos indicadores de confiança e as expectativas de que a economia inicie a retomada, tanto
por parte dos consumidores como por parte dos empresários. Na sondagem de abril, apenas 22,2% nutriam
expectativas positivas para a economia em 2016. Para aqueles que consideram que o cenário econômico
continuará ruim, ou irá piorar, as principais consequências para o negócio serão: queda das vendas (33,0%),
dificuldade para fazer capital de giro (30,0%) e a dificuldade de manter as contas em dia (29,0%).
A boa notícia é que, tendo em vista esse novo cenário, a larga maioria dos entrevistados não pretende demitir
funcionários atualmente. 84,1% afastam a possibilidade de reduzir o quadro de funcionários, contra 8,6%
que consideram essa possibilidade. A decisão de demitir em razão da crise é algo que o empresário tende a
postergar ao máximo, pois a recontratação posterior é custosa. No entanto, pela sua gravidade, a crise tirou
alguns empregos: de acordo com a pesquisa, 62,8% dos entrevistados tiveram que demitir funcionários no
primeiro semestre.
Entre os economistas, não há consenso sobre o desempenho futuro do país. Os mais otimistas falam em
crescimento próximo de 2% em 2017, enquanto os mais pessimistas acreditam que a recessão poderá
continuar. A persistência do quadro recessivo é o principal temor dos empresários para o próximo semestre.
Embora a maioria esteja confiante de que os próximos meses serão melhores que os últimos, ainda
há um percentual expressivo de empresários que temem a continuidade da crise (33,5%). Para efeito de
comparação, em abril, o temor de que crise continuasse era mencionado por 41,5%, uma proporção maior
dos empresários. O segundo maior receio para os próximos meses é não conseguir pagar as contas e ficar
inadimplente, mencionado por quase um quinto dos entrevistados (19,2%). Com efeito, os indicadores do
SPC Brasil mostram um crescimento expressivo do número de pessoas jurídicas negativadas ao longo do
ano. Outros 14,6% temem ter que fechar o próprio negócio. O dado curioso é que a crise e a inadimplência
superaram o temor de ser vítima de um assalto ou violência, citado por 14,2% dos entrevistados.
PRINCIPAIS TEMORES DOS EMPRESÁRIOS
PARA O PRÓXIMO SEMESTRE
84,1%
não pretendem
demitir funcionários
atualmente
RESPOSTAS (RU)
1º SEM.
2º SEM.
Que o país não saia da crise
41,1%
33,5%
Não conseguir pagar minhas dívidas
17,6%
19,2%
Ter que fechar o meu negócio
14,9%
14,6%
Ser vítima de algum tipo de violência ou assalto
12,7%
14,2%
Não sei/prefiro não responder
5,9%
2,3%
Outros
7,8%
16,2%
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Menos impostos, menos corrupção: as principais condições para
que o país volte a crescer
Além da crise econômica, é sabido que o país enfrenta turbulências na esfera política. Ao longo de 2015, o
descompasso entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo alcançou o ápice. O quadro, hoje, é um pouco
menos conturbado. Ainda assim, os efeitos daquele momento sobre a economia brasileira ainda se fazem
sentir. O principal deles, na opinião dos empresários ouvidos, foi o aumento do desemprego, citado por
65,8% dos entrevistados. Mesmo não sendo a primeira medida tomada pelo empresário diante da crise, o
problema do desemprego ganha destaque em razão do impacto social, que transborda para outras variáveis
como, por exemplo, o consumo. O segundo efeito mais mencionado foi o aumento dos impostos (50,5%). Em
seguida aparecem queda no consumo e, simetricamente, a diminuição das vendas (45,7%). Por fim, 43,1%
citam o aumento da inflação.
A grande maioria dos empresários ainda se indigna ao ouvir falar dos problemas do país: na sondagem de
agosto, 70,8% relataram sentir indignação diante desses problemas, contra 83,3% na sondagem de abril. O
sentimento de desesperança também diminuiu, passando de 61,1% em abril para 49,4% em agosto. Apesar
de ainda apresentarem números expressivos, todos os sentimentos negativos que os problemas do país
despertam tiveram queda entre a sondagem de abrll e agosto, o que sugere o início de uma mudança no
humor desses empresários.
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SENTIMENTOS DESPERTADOS AO
FALAR/VER/OUVIR SOBRE OS PROBLEMAS
ECONÔMICOS E POLÍTICOS DO BRASIL:
RU (POR ITEM)
NOTA MÉDIA
1º SEM.
2º SEM.
Indignação
83,3%
70,8%
Vergonha
76,7%
67,0%
Estresse/Raiva
75,2%
61,3%
Ansiedade
67,0%
55,0%
Desesperança
61,1%
49,4%
Na visão dos empresários de Varejo e Serviços, para que o país volte a crescer, três questões devem ser
enfocadas: impostos, corrupção e inflação. Questionados sobre o que deve ser feito para a retomada do
crescimento, o combate à corrupção e a redução de tributos apareceram ambos com 42,7% de menções. O
controle da inflação aparece em seguida (39,1%).
O QUE PRECISA SER FEITO PARA O PAÍS VOLTAR A CRESCER?
Reduzir os impostos
42,7%
Combater a corrupção
42,7%
Controlar a inflação
39,1%
Pode-se dizer, a título de conclusão, que há pouca dúvida sobre a gravidade da crise entre aqueles empresários
que atuam diretamente com o consumidor final, seja no Varejo, seja prestando algum serviço. A percepção
está justificada pelos dados econômicos recentes, que mostram uma forte deterioração dos principais
indicadores da economia brasileira. A novidade é que, mesmo diante de um retrospecto ruim, o percentual
de empresários que consideram que o próximo semestre será melhor que o primeiro ficou muito acima
daquele observado na sondagem de abril: naquele mês, apenas 22,2% apostavam na melhora do semestre
seguinte, contra 47% que se mostraram mais otimistas na sondagem de agosto. Não é o caso, porém, de
ignorar os problemas estruturais da economia brasileira. O PIB pode voltar a crescer no próximo ano, mas
ainda teremos que tratar a questão tributária, a excessiva burocracia e a infraestrutura deficiente. Há na
sociedade um notório desalento com a gestão do Estado. A pesquisa evidencia esse mal-estar ao apontar que
os principais entraves ao crescimento, na visão desses empresários, é a corrupção e o peso dos tributos sobre
seus ombros. O desenvolvimento requer o trabalho e a inventividade do setor privado, mas também cobra
um ambiente institucional que favoreça o empreendedorismo.
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METODOLOGIA
Público-alvo: empresas brasileiras de todos os portes dos ramos de comércios e serviços.
Método de coleta: pesquisa realizada por telefone
Tamanho amostral da pesquisa: 822 casos, margem de erro geral de 3,4 p.p para um intervalo de
confiança de 95%.
Data de coleta dos dados: 01 a 12 de agosto de 2016.
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