GRAZIELA BINOT DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS COMO TEMA TRANSVERSAL NO ENSINO MÉDIO CANOAS, 2007. GRAZIELA BINOT DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS COMO TEMA TRANSVERSAL NO ENSINO MÉDIO Trabalho de conclusão apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciada do curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário La Salle – Unilasalle, pelo avaliador Prof. Ms. Giovani André Piva. CANOAS, 2007. TERMO DE APROVAÇÃO GRAZIELA BINOT DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS COMO TEMA TRANSVERSAL NO ENSINO MÉDIO Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de licenciada em ciências biológicas , no centro universitário La Salle – Unilasalle, pelo seguinte avaliador. Prof.Ms. Giovani André Piva Unilasalle CANOAS, 2007. Minha eterna gratidão à minha mãe Tereza Binot A minha vó Ângela nos seus 93 anos de muita sabedoria Com amor aos meus irmãos Vinicius e Mariela. AGRADECIMENTOS A Deus, pelo dom da vida e por ter me dado força nas horas de fraqueza. Aos meus pais, que sempre acreditavam, incentivaram, e pelo amor incondicional que tiveram e tem comigo além de me bancaram por um tempo nessa caminhada. Ao meu irmão, grande homem, que abraçou a bronca e me agüentou. A minha irmã, Mariela excelente professora e incentivadora dessa jornada. A minha avó eterna guerreira da faculdade da vida. A minha avó Glória valeu a força e as suas rezas.Aos meus primos Marcelo e Bruno, a prima/irmã/mãe ama vocês.A minha linda e amada afilhada Rafaela, meu amor por ti é incondicional. Nenê a dinda é Bióloga!Aos meus tios Alves e Jandira, obrigada pelo amor e carinho que tem comigo. Aos meus primos Rafael,César, Cínara e Cizane. Aos meus tios Jandir e Lucia valeu o apoio.As minhas amigas Camila e Lisandra, obrigada por me apoiar nas decisões e de entender as vezes que não me encontrava presente nas festas e passeios.As minhas amigas e agora biólogas, guerreiras de trabalhos, provas, TCCI, projetos, relatórios, saídas de campo, alegrias e tristezas Elba, Isabel, Iara, Carol , Ana Paula, Daniele e Fernanda Bender. As meus colegas de faculdade que desde 1999 tiveram aula comigo e que de alguma forma compartilharam esse caminhada.Aos meus padrinhos Juditte e Guilherme por sempre me apoiarem.As crianças maravilhosas que nasceram nessa caminhada alegrando a minha vida são elas: Lucas, Bárbara, Rafaela, Maria Eduarda, Henrique, Caroline, Ana Clara e o próximo feito aos festejos da graduação da minha amiga Elba (risos!!). Ao meu mestre Giovani André Piva, por sua atenção, dedicação, paciência e perseverança, o que tornou essa trajetória possível. À direção e professores do Colégio Guianuba, que acolheram essa pesquisa e a tornaram possível.Aos educandos do ensino médio da turma 215 que participaram com entusiasmo e dedicação nesta monografia.Aos funcionários do La Salle que sempre estavam empenhados a ajudar.Aos mestres que me deram aula, obrigada por me agüentarem e me orientarem quando possível, em especial, Liliam, Adriana e Cristina. Aos meus colegas que se formarão comigo, Andressa, Maria, Carlos, Sandro, Fernanda, Eurídice, Arlete, Rosane, Paulo Ricardo, Márcio e Lisiane , E por fim , todas aquelas pessoas que colaboraram , de alguma forma, em momentos essenciais da faculdade para a concretização desse sonho. Que Deus os abençoe! Obrigada por tudo! ADOLESCENTE É ADRENALINA QUE AGITA A JUVENTUDE, TUMULTUA OS PAIS E OS QUE LIDAM COM ELE. ADRENALINA QUE DÁ TAQUICARDIA NOS PAIS, DEPRESSÃO NAS MÃES, RAIVA NOS IRMÃOS, QUE PROVOCA FIDELIDADE AOS AMIGOS, DESPERTA PAIXÕES NO SEXO OPOSTO, CANSA OS PROFESSORES, CURTE UM BARULHENTO SOM, EXPERIMENTA NOVIDADES, DESAFIA OS PERIGOS, REVOLTA VISINHOS... O ADOLESCENTE É PEQUENO DEMAIS PARA GRANDES COISAS, GRANDE DEMAIS PARA PEQUENAS COISAS. IÇAMI TIBA RESUMO O objetivo deste trabalho é apresentar o trabalho preventivo realizado através de oficinas junto a adolescentes no que se refere às doenças sexualmente transmissíveis, Síndrome da Imunodeficiência Humana. Palavras chaves: Adolescentes, prevenção, doenças sexualmente transmissíveis, Síndrome da Imunodeficiência Humana, saúde reprodutiva. ABSTRACT The objective of this work is to presents the preventive work realized through workshops with adolescents related to sexually transmitted disease, Acquired Imunodeficiency Human and health reproduction. Key words: Adolescents, prevention, sexually transmitted disease, Acquired Imunodeficiency Human. SUMÁRIO 1 O INÍCIO DE TUDO........................................................................................... 11 2 ALGUNS PENSADORES ................................................................................. 13 3 ASSUNTOS TRANSVERSAIS.......................................................................... 15 4 RAZÕES QUE LEVARAM A REALIZAR ESSE PROJETO............................. 17 4.1 Análise da situação epidemiológica das DST ............................................. 17 4.2 Violência sexual e DST .................................................................................. 19 4.3 Auto-estima .................................................................................................... 20 5 DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS ............................................. 21 5.1 Clamídia .......................................................................................................... 22 5.1.1 Formas de Contágio ...................................................................................... 22 5.1.2 Sinais e Sintomas .......................................................................................... 22 5.1.3 Prevenção...................................................................................................... 23 5.2 Hepatite C ....................................................................................................... 23 5.2.1 Tipos de vírus ................................................................................................ 24 5.2.2 Sintomas........................................................................................................ 24 5.2.3 Evolução Clínica ............................................................................................ 25 5.2.4 Formas de transmissão do VHC .................................................................... 26 5.2.5 Diagnóstico .................................................................................................... 26 5.2.6 Considerações sobre a prevenção da Hepatite C.......................................... 27 5.2.7 Profilaxia pós-exposição ................................................................................ 29 5.2.8 Prevenção...................................................................................................... 30 5.2.9 Hepatite C e HIV ............................................................................................ 30 5.3 Herpes genital ................................................................................................ 30 5.3.1 Formas de contágio ....................................................................................... 31 5.3.2 Sinais e Sintomas .......................................................................................... 31 5.3.3 Recidivas ....................................................................................................... 32 5.3.4 Complicações ................................................................................................ 33 5.3.5 Prevenção...................................................................................................... 33 5.4 HIV/AIDS.......................................................................................................... 33 5.4.1 Significado ..................................................................................................... 33 5.4.2 Histórico ......................................................................................................... 33 5.4.3 Formas de contágio ....................................................................................... 35 5.4.4 Quando fazer o teste sorológico anti-HIV ...................................................... 36 5.4.5 Efeitos do vírus .............................................................................................. 36 5.4.6 Sinais e sintomas........................................................................................... 37 5.4.7 Análise da situação epidemiológica do HIV/AIDS.......................................... 38 5.4.8 Avaliação epidemiológica no Rio Grande do Sul ........................................... 38 5.4.9 Avaliação epidemiológica em Sapucaia do Sul.............................................. 39 5.4.10 Aumento de incidência em mulheres ............................................................. 39 5.4.11 Transmissão vertical ...................................................................................... 40 5.4.12 Transmissão vertical em números ................................................................. 40 5.4.13 Sinais e sintomas........................................................................................... 41 5.4.14 Exames.......................................................................................................... 41 5.4.15 Prevenção...................................................................................................... 41 5.5 HPV.................................................................................................................. 41 5.5.1 Transmissibilidade ......................................................................................... 42 5.5.2 Diagnóstico .................................................................................................... 43 5.5.3 Formas clínicas.............................................................................................. 44 5.5.4 Prevalência do papilomavírus humano na cavidade oral............................... 46 5.5.5 Prevenção...................................................................................................... 47 6 MÉTODOS PREVENTIVOS.............................................................................. 48 6.1 Camisinha Masculina..................................................................................... 49 6.2 Camisinha feminina.......................................................................................... 49 7 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 51 7.1 O colégio......................................................................................................... 51 7.2 Planejamento.................................................................................................. 52 7.3 Aspectos metodológicos............................................................................... 54 7.3.1 Oficina 1 : Exposição teórica do tema DST ................................................... 54 7.3.2 Oficina 2: Confecção de cartazes .................................................................. 54 7.3.3 Oficina 3: “Caixinha de Perguntas” ................................................................ 55 7.3.4 Oficina 4: Confecção da Camiseta................................................................. 55 8 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 57 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 59 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 61 ANEXO A – Polígrafo ............................................................................................... 63 ANEXO B – Fotos: grupo HIV/AIDS. ........................................................................ 65 ANEXO C – Fotos: grupo clamídia ........................................................................... 66 ANEXO D – Fotos: grupo hepatite C ........................................................................ 67 ANEXO E – Fotos: grupo HPV ................................................................................. 68 ANEXO F – Porque devo utilizar o preservativo – por Carla .................................... 69 ANEXO G – Porque devo utilizar o preservativo – por Caroline............................... 70 ANEXO H – Porque devo utilizar o preservativo – por Pâmela ................................ 71 ANEXO I – Porque devo utilizar o preservativo – por Deisiane ................................ 72 ANEXO J – Foto: confecção das camisetas ............................................................. 73 ANEXO L – Ilustração: prevenção é a solução......................................................... 74 ANEXO M – Ilustração: árvore de preservativo ........................................................ 75 ANEXO N – Ilustração: preservativo do amor .......................................................... 76 ANEXO O – Ilustrações: formas de utilização do preservativo................................ 77 ANEXO P – Ilustrações: o preservativo. ................................................................... 78 ANEXO Q – Fotos: camisetas prontas ..................................................................... 79 ANEXO R – Fotos: turma 215 com as camisetas prontas. ....................................... 80 1 O INÍCIO DE TUDO O grande problema atualmente é que muitos professores não estão sendo preparados nas faculdades para desenvolver aulas envolvendo doenças sexualmente transmissíveis (DST) de maior incidência. O terceiro capítulo apresenta como o tema DST será tratado como assunto transversal no qual é muito importante e necessário, porém pouco trabalhado nas escolas. Observamos que ele pode ser lançado para os educandos do ensino fundamental (5ª, 6ª e 7ª séries) e médio (1°, 2° e 3°anos), atingindo várias disciplinas como educação física, educação artística, ensino religioso, português e ciências. Cada etapa com o grau de atuação e assuntos pertinentes a idade. Já no quarto capitulo abordará as razões que levaram a realização desse projeto como também a análise da situação epidemiológica das DST de maior incidência. Mesmo sabendo que os adolescentes buscam o saber, querem estar atualizados com assuntos e temas ligados a sexualidade, tem a informação, mas não o conhecimento. Ainda mais agora com as diversas ferramentas que a internet disponibiliza no qual adolescentes passam horas, entre elas Blogs, Orkut, MSN. Além destes, ainda podem buscar em sítios de busca como Google e Yahoo informações sobre todas as dúvidas que habitam as suas cabeças nessa fase da vida. Já no capítulo quinto abordará as doenças de maior incidência, seus sinais e sintomas, formas de contágio e métodos de prevenção, segundo os dados do Ministério da Saúde (BRASIL, 2006), a prevalência encontrada das seguintes doenças são: HIV é de 1,5% em homens e 0,9% em mulheres; Hepatite C é de 3,4% em homens e 2,4% em mulheres; Herpes Genital (HSV2) é de 18,3% em homens e 39% em mulheres; HPV (vírus papilomavírus humano) é de 3,2% em homens e 36,2% em mulheres; e Clamídia é de 4,5% em homens e 2,2% em mulheres, com 12 base nesses dados demonstra-se a importância de abordar esse tema com os educandos, através dos assuntos transversais realizando as Oficinas de Prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis. O décimo primeiro capítulo abordará as práticas que foram realizadas com educandos do ensino médio do Colégio Estadual Guianuba da turma 215, no turno da manhã, localizado na Rua Djalma Sassi, 561, Bairro Nova Sapucaia, Sapucaia do Sul, no período de outubro a novembro de 2007. O grupo realizou quatro oficinas: 1ª oficina: aula expositiva dando ênfase as doenças (AIDS/HIV, Hepatite C, Herpes Genital, HPV e Clamídia.) de maior incidência, seus sintomas, formas de contágio; 2ª oficina: caixa de dúvidas; 3ª oficina: realização dos cartazes; 4ª oficina: realização de arte em uma camiseta. Os encontros foram semanais, com a duração aproximada de 1 hora e 45 minutos cada. Participaram das oficinas 28 adolescentes, sendo 15 do sexo masculino e 13 do sexo feminino, com idades entre 15 e 18 anos. O grande objetivo é debater com os adolescentes do ensino médio, as questões relacionadas a valorização e ao cuidado com o corpo como condição necessária para ter uma vida saudável; proteção de relacionamentos sexuais promíscuos , promoção da saúde , o respeito ao outro, auto-estima e também sobre a importância de conhecer as doenças sexualmente transmissíveis de maior incidência ( AIDS/HIV, Hepatite C, Herpes Genital, HPV e Clamídia )destacando os problemas de cada doença e as conseqüências psicossociais no adolescente infectado, estímulo ao uso de preservativos , através do dialogo e da orientação, a fim de potencializá-los e qualificá-los da melhor maneira possível. Já no décimo segundo capítulo abordará todos os dados da pesquisa exploratória e a abordagem metodológica na qual foram utilizados com os educandos, buscando as respostas para a análise dos seus conflitos e dúvidas mais comuns e freqüentes enfrentados, em busca de estratégias para melhor ajudá-los. 2 ALGUNS PENSADORES “Os professores são os criadores da sua atividade profissional, mas também são criações de seu local de trabalho.” O que nos remete é que os professorem não são fixos ao conhecimento de cálculos e tecnologias, como os engenheiros, mas são eternamente incansáveis na busca de todos os conhecimentos específicos e diversificados pela prática docente. (HARGREAVES, 2002). Conforme estudos de Perrenoud , se o professor não for capaz de estabelecer uma cumplicidade e uma solidariedade verossímil na busca do conhecimento, como tornará o conhecimento apaixonante por si mesmo? Primeiramente os professores devem estar totalmente vinculados à prática docente, se encontrarem comprometidos, encorajados, mobilizados, assim, poderão envolver os educandos em seus cronogramas, conteúdos, atividades a serem realizadas fora da escola, não ficando limitados à sala de aula, mas que possam ser transmitidos também aos seus familiares, como as pesquisas, leituras de textos científicos, ou atividades propostas pelo professor. (PERRENOUD, 2000, pág. 38) Ao envolver os educandos com todas as táticas dentro e fora de aula, já conseguimos alcançar uma excelente meta no planejamento da prática docente. “Quando se busca mudança na prática de ensino, mudança na prática educativa” (FARIAS, 2006, pág.147).Os professores, neste caso, emergem como foco de atenção, pois são eles que, através de suas ações, do modo de viver e conceber a atividade de ensino concretiza ou não as mudanças. Com base nos estudos de Rogers (1972), o ser humano é criativo e curioso, mas precisa de ajuda para poder aperfeiçoar e buscar conhecimentos. Segundo ele, o papel do professor é o de facilitador e valorizador de técnicas de intervenção no processo de aprendizagem, valorizando o lado afetivo nas relações de 14 aprendizagem, a importância de valorizar a imaginação e atiçar a curiosidade dos seus educandos. Já Hoffmann (2003, p.41) relata que o aluno constrói o seu conhecimento na interação com o meio em que vive. Portanto, depende das condições deste meio, da vivência de objetos e situações, para ultrapassar determinados estágios de desenvolvimento e ser capaz de estabelecer relações cada vez mais complexas e abstratas. Para Perrenoud (2001, p.77) na concepção de educação como processo que se dá ao longo da vida, as instituições educacionais e os educadores têm um papel muito importante a cumprir, pois cabe a estes assumir a responsabilidade de promover a educação fundamentada em pilares que sustentem uma aprendizagem permanente: levar o educando a aprender a conviver e a aprender a ser uma pessoa mais integrada, mais colaboradora, mais crítica e mais autônoma. Nesse processo, educador é alguém que faz aprender a andar, faz aprender a pensar e não simplesmente dá as respostas, faz aprender a perguntar para descobrir problemas e investigar soluções alternativas, criativas e inovadoras e não simplesmente aquele que aponta problemas e soluções. Com base nas idéias de planejamento estipuladas por Perronoud, é importante adequá-las com a realidade do colégio, e as atividades a serem desenvolvidas com os educandos. Para Suplicy (1999, p. 51; 2000, p.33) refere-se à escola como um local privilegiado onde o aluno não está somente por “dever moral”, mas pelo desejo de saber. A escola tem então como tarefa continuar o que deveria ter sido iniciado na família, esclarecendo as questões vinculadas sobre sexualidade e distorções quando necessárias. Portanto, “a adolescência é o prisma pelo qual os adultos olham os adolescentes e pelo qual os próprios adolescentes se contemplam. Ela é uma das formações culturais mais poderosas de nossa época” (CALLIGARIS, 2000, p.9). Devendo sim, ser orientados com os assuntos a serem desenvolvidos nas oficinas. 3 ASSUNTOS TRANSVERSAIS Os Parâmetros Curriculares Nacionais, sugerem a educação para a saúde como tema transversal, destacando a abordagem sobre DST/AIDS (BRASIL,1998, p.325). A abordagem do tema DST com os educandos do ensino médio deve ser realizada de forma descontraída , reafirmando a importância deles se tornarem responsáveis por sua vida sexual, mas também mantendo a idéia do cuidado e respeito pelo outro. Devem-se ter sempre como foco a promoção da saúde e de medidas preventivas. Para melhor agregar o conhecimento dos educandos, referências de grande importância, tais como Ministério da Saúde, Ministério da Educação e livros técnicos serão utilizados. Serão abordadas de forma respeitosa todas as formas de contágio, principais sinais e sintomas das DST e também a importância da utilização do preservativo masculino, como o feminino, atualmente pouco utilizado. Seguindo o que é proposto pelos PCN , é um problema para quem está iniciando um relacionamento sexual, exigir dos seus parceiros o uso do preservativo nas relações sexuais com isso ocasionando uma série de fatores, entre eles auto-estima rebaixada, submissão ao homem, medo de “perder” o parceiro, medo de ser tomada como promíscua, entre outras questões, complicando a vida dos adolescentes. (BRASIL,1998, p.327). A utilização dos temas transversais para tratar de DST/AIDS, agregando o conteúdo sobre vírus e bactérias não pode ser desperdiçada à oportunidade de abordar quando é trazido pelos próprios educandos, ou é vivido pela comunidade escolar, pois, além de ser um princípio didático fundamental, 16 verifica-se a existência de um grande volume de informações errôneas e equivocadas sobre essas doenças. Ainda segundo os PCN, (1998, p.328), muitas comunidades escolares já se depararam com o fato de haver, entre seus membros, um portador do HIV ou doente de AIDS. Deve-se trabalhar tanto o aspecto informativo da ausência do perigo da contaminação no contato social, quanto o aspecto ético dos relacionamentos, promovendo o convívio e a solidariedade. A falta de informações sobre a AIDS é um dos fatores que podem gerar preconceito e discriminação de soropositivos na escola. Como contraponto, o trabalho com os educandos deve, além da informação, propor valores como o respeito aos direitos de cidadania, não exclusão e solidariedade para com os soropositivos. Os educandos terão grande autonomia para discutir e tirar dúvidas sobre todos os assuntos abordados em sala de aula. Grande ênfase a temas como preconceito, respeito, cuidado com o corpo e a utilização correta dos preservativos também serão abordados. 4 4.1 RAZÕES QUE LEVARAM A REALIZAR ESSE PROJETO Análise da situação epidemiológica das DST A Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1999, estimou um total de 340 milhões de casos novos de DST curáveis no mundo, na faixa etária de 15 a 49 anos, sendo que a maior parte , quase 80% ocorrendo em países em desenvolvimento . Para o Brasil, foi estimado um total de 10 a 12 milhões de casos novos por ano. Estima-se que incontáveis casos de DST não-curáveis (virais) também ocorram anualmente, como, por exemplo, herpes genital (HSV-2), papilomavírus humano (HPV), hepatite B e HIV. (Ministério da Saúde – DST/AIDS) Rouquayrol (1999, p.283) e Taquette (2005, p. 148) relatam que a epidemia da AIDS passa recentemente, por um processo de interiorização geográfica, heterossexualização, feminização e pauperização. As DST, no mundo, têm significativa implicação na economia, principalmente nos países em desenvolvimento onde respondem por 17% de perdas econômicas com o binômio saúde-doença. A infecção pelo HPV se reveste de grande importância, pois alguns subtipos virais têm um papel importante no desenvolvimento do câncer e de suas lesões precursoras. No Brasil, as estimativas de incidência e mortalidade em 2003 apontam o câncer de colo do útero como a terceira neoplasia mais comum entre as mulheres e como a quarta causa de óbito por câncer na população feminina. A prevenção primária pode ser realizada com o uso de preservativos durante a relação sexual, uma vez que a prática de sexo seguro é uma das formas efetivas de se evitar o contágio com o HPV. 18 Com o aumento da expectativa de vida das pessoas vivendo com HIV/AIDS, mais casos de câncer de colo de útero podem surgir se não se oferecer um programa de rastreio e controle adequados dessas lesões HPVinduzidas na população em geral e nas portadoras do HIV. A infecção causada pelo HPV representa um grave problema de saúde pública, porém existem ações de baixo custo que podem promover grande impacto epidemiológico. Campanha nacional de combate ao câncer de colo uterino, visando ao aumento da cobertura de exames de colpocitologia oncótica (Papanicolaou) no país. (BRASIL, 2005). Já Taquette (2005, p. 148) relata que a incidência das DST entre adolescentes vem aumentando e a chance de infecção pelo HIV e o perfil epidemiológico da AIDS. No Brasil não há informações sobre a prevalência de DST entre adolescentes. O número de casos notificados encontra-se bem abaixo das estimativas, talvez porque somente a AIDS e a sífilis sejam de notificação compulsória. Além disso, muitas DST são assintomáticas principalmente entre as mulheres. Fatores biológicos, psíquicos e sociais podem aumentar a vulnerabilidade das adolescentes às DST. No âmbito psíquico, a adolescência é uma fase de definição da identidade sexual com experimentação e variabilidade de parceiros. O pensamento abstrato ainda incipiente nos adolescentes faz com que se sintam invulneráveis, se expondo a riscos sem prever suas conseqüências. Instáveis, susceptíveis a influências grupais e familiares, estas jovens beneficiam-se de um bom relacionamento familiar para proteger-se das DST. Os modelos de gênero também são responsáveis por atividades que colocam em risco a saúde da mulher ao imporem a esta última uma conduta submissa em relação ao homem que a impede de negociar o uso do preservativo nos intercursos sexuais. (TAQUETTE, 2005, p.151). Com tantos dados é importante ministrar esse conteúdo DST/HIV/AIDS no ensino médio utilizando os de temas transversais. Outra questão importante a ser considerada é o preconceito que o tema ainda é abordado em sala de aula, cuja barreira deve ser quebrada com o trabalho de prevenção e de orientação. 19 4.2 Violência sexual e DST Define-se como estupro o ato de constranger a mulher de qualquer idade ou condição à conjunção carnal, por meio de violência ou grave ameaça. É crime previsto no artigo 213 do Código Penal Brasileiro. O estupro deve ser diferenciado do atentado violento ao pudor, que consiste em constranger alguém mediante violência ou grave ameaça a praticar ou permitir que se pratique ato libidinoso diverso da conjugação carnal. (Ministério da Saúde – AIDS) Seguindo a proposição de Taquette (2000, p.1438) verifica-se que a violência possui determinantes bio-psico-sociais em oposição ao determinismo inato e biológico da natureza violenta do ser humano. Já nos relacionamentos afetivos entre adolescentes aumenta o risco de DST/AIDS, e a gravidez indesejada devido à impossibilidade de negociação quanto ao uso de preservativo nos intercursos sexuais. O trauma emocional da violência sexual do parceiro ou até de outros homens , o abuso sexual resulta da violência em si ,a reação imediata é de medo persistente, perda de auto-estima e dificuldade de relacionamento. Os efeitos psicológicos crônicos do abuso sexual se enquadram no distúrbio de stress pós-traumático. O medo de ter contraído infecção pelo HIV aumenta a ansiedade da vítima. O grau de risco de contrair HIV depende da condição clínica e sorológica do agressor, do tipo de trauma e das freqüências das agressões. O tipo de exposição sexual (vaginal, anal ou oral), o trauma associado, a presença de outra DST inflamatória ou ulcerativa, e a exposição a secreções sexuais e/ou sangue, são relevantes na avaliação do risco de transmissão do HIV. As vítimas de estupro necessitam de diagnóstico e acompanhamento cuidadosos para uma multiplicidade de condições clínicas, incluindo apoio psicológico, amparo forense, prevenção da gravidez indesejada e profilaxia das DST. Sociedades violentas, estruturalmente restringem o acesso da grande maioria da população às condições essenciais a uma vida digna, interferindo negativamente no âmbito familiar e interpessoal dos jovens. 20 4.3 Auto-estima Segundo Cury (2003), professores fascinantes são promotores da auto- estima e dão uma atenção especial aos educandos desprezados, tímidos e que recebem apelidos. A construção da auto-estima nos adolescentes é muito importante, adolescentes desmotivados podem se sentir infrutíferos e ficarem tímido em frente a novas metodologias. Adolescentes amados e motivados com certeza aprendem melhor e se desenvolvem com mais liberdade e criatividade. Educar é semear com sabedoria e colher com paciência, ou seja, o professor deve fazer de novas metodologias um processo contínuo e deverá ter paciência para colher bons resultados. 5 DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS As doenças sexualmente transmissíveis ou DST, são doenças infecciosas que podem ser disseminadas através do contato sexual. Algumas podem também ser transmitidas por vias não sexuais, porém formas não-sexuais de transmissão são menos freqüentes. Buscando estabelecer relações, Goldman (2001, p. 1939) define DST como “um grupo diversificado de infecções causadas por agentes microbianos biologicamente distintos, agrupados em virtude de determinadas características clinicas e epidemiológicas comuns”. Com base nos estudos de Tortora (2006, p. 745) e Suplicy (1999, p.289) a maioria das doenças do sistema reprodutor é transmitida pela atividade sexual, assim, são denominadas DST, são mais de 30 doenças bacterianas, virais, ou parasitas que foram identificadas como sexualmente transmissíveis, já destaca que são doenças que se propagam, principalmente, pelo contato sexual ou coito, em geral, que só podem viver em condições encontradas dentro do corpo humano, e são particularmente adaptáveis à região dos genitais, sendo que muitas dessas doenças podem ser tratadas, com sucesso, com antibióticos e podem ser prevenidas pelo uso dos preservativos. Entretanto, milhões de pessoas possuem alguma DST, a maioria viral, para as quais não há cura efetiva. O Ministério da Saúde (BRASIL, 2006) descreve que, as Doenças Sexualmente Transmissíveis são doenças causadas por vários tipos de agentes. São transmitidas, principalmente, por contato sexual sem o uso de camisinha, com uma pessoa que esteja infectada e, geralmente, se manifestam por meio de feridas, corrimentos, bolhas ou verrugas. 22 As DST são de fácil tratamento e de rápida resolução. Outras, contudo, têm tratamento mais difícil ou podem persistir ativas, apesar da sensação de melhora relatada por pacientes. As mulheres, em especial, devem ser bastante cuidadosas, já que, em diversos casos de DST, não é fácil distinguir os sintomas das reações orgânicas comuns de seu organismo. Isso exige da mulher consultas periódicas ao médico. Algumas DST, quando não diagnosticadas e tratadas a tempo, podem evoluir para complicações graves e até a morte. O uso de preservativos em todas as relações sexuais é o método mais eficaz para a redução do risco de transmissão, tanto das DST quanto do vírus da AIDS. Algumas DST também podem ser transmitidas da mãe infectada para o bebê durante a gravidez ou durante o parto. Podem provocar, assim, a interrupção espontânea da gravidez ou causar graves lesões ao feto. Outras DST podem também ser transmitidas por transfusão de sangue contaminado ou compartilhamento de seringas e agulhas, principalmente no uso de drogas injetáveis. (Ministério da Saúde : DST/AIDS, 2006) 5.1 Clamídia É uma doença infecto contagiosa dos órgãos genitais masculinos ou femininos, seu agente transmissor é a bactéria Chlamidia trachomatis. Geralmente a doença recebe alguns sinônimos como uretrite ou cervicite inespecífica e uretrite não gonocócica. Na visão de Freitas (2006, p. 136) é frequentemente assintomática e associada à infertilidade. 5.1.1 Formas de Contágio Através da relação sexual. É importante saber que mesmo a pessoa assintomática (portadora da doença, mas sem sintomas) pode transmiti-la. 5.1.2 Sinais e Sintomas O período de incubação da doença pode ficar entre 1e 2 semanas podendo estender-se até um mês ou mais. Caracteriza-se pela presença (pode 23 não ocorrer) de secreção, corrimento, uretral escassa, translúcida e geralmente matinal. Um ardor uretral ou vaginal pode ser a única manifestação. Raramente a secreção pode ser purulenta e abundante. Se não tratada, pode permanecer durante anos contaminando as vias genitais dos pacientes. Suas maiores complicações e conseqüências são epididimite, proctite, salpingite e suas seqüelas (infertilidade), conjuntivite de inclusão, otite média, tracoma, linfogranuloma venéreo, bartolinite, Doença Inflamatória Pélvica (DIP). 5.1.3 Prevenção O uso de preservativo em todas as relações sexuais, vaginais, orais e anais. 5.2 Hepatite C A hepatite C é causada por um vírus denominado VHC (vírus da hepatite C). A principal via de transmissão do VHC é o contato de sangue e das secreções contaminadas pelo vírus com o sangue de um indivíduo sadio (via parenteral). A descoberta do vírus C em 1989 permitiu o desenvolvimento de testes para identificar anticorpos específicos. Assim, em 1992, um teste para identificação do anticorpo do VHC foi disponibilizado, fato que aumentou a segurança para os receptores de sangue, uma vez que todas as bolsas de sangue passaram a ser testadas. A hepatite C vem sendo reconhecida mundialmente como um dos mais importantes problemas de saúde pública nos últimos anos. A prevalência global desta infecção é estimada em 3%, ou seja, aproximadamente 150 milhões de pessoas são infectadas pelo vírus da hepatite C (VHC), sendo 3 milhões somente no Brasil. A hepatite C tem sido descrita como uma epidemia silenciosa, matando mais pessoas que a AIDS nos EUA. A hepatite C é uma doença que apresenta ritmos distintos de evolução, mas, em geral, te curso lentamente progressivo, levando para a forma crônica da doença os seus s sintomas são geralmente leves ou ausentes, o que dificulta e atrasa o diagnóstico da doença. 80% dos casos de hepatite C 24 cronificam, podendo levar os pacientes a desenvolver cirrose e câncer hepático. Aproximadamente 20% dos pacientes com doença crônica progridem para a cirrose em um período de 15 a 20 anos após a infecção inicial. Dos pacientes cirróticos, 1% a 4% ao ano evoluem para o câncer de fígado. Esse tipo de câncer é difícil de ser tratado. Tanto a cirrose como o câncer de fígado podem levar a uma indicação de transplante de fígado. Alguns fatores importantes que podem aumentar a predisposição para hepatite crônica C: a) Duração prolongada da infecção; b) Idade avançada na época da infecção; c) Alto consumo de álcool; d) Infecção conjunta com VHB ou HIV. 5.2.1 Tipos de vírus Há uma distribuição geográfica diferenciada em relação aos genótipos do VHC. No Brasil, os mais freqüentes são: 1, 2 e 3. Não se conhece, com precisão, a prevalência do VHC no nosso país; há relatos feitos em diversas áreas que sugerem que, em média, ela esteja entre 1% a 2% da população em geral. Tortora (2005, p.724) descreve que o HCV contém uma fita simples e possui envelope. Ele é capaz de rápida variação genética para escapar do sistema imunológico, o que por conta disso não pode ser cultivado em in vitro, complicando a busca por vacina eficiente. 5.2.2 Sintomas Os sintomas da fase aguda da infecção pelo VHC são leves ou ausentes; assim, a infecção raramente é diagnosticada na sua fase aguda. Os sintomas da infecção crônica também são leves, pelo menos no início; por isso, a infecção pelo VHC muitas vezes é diagnosticada apenas acidentalmente durante exames de sangue de rotina ou nos exames de triagem para doação de sangue. 25 A maioria dos pacientes com a infecção aguda não apresentam sintomas (assintomáticos). Quando acontecem, esses podem ser letargia ("moleza", fadiga), anorexia (falta de apetite) e náuseas. Na fase crônica, pode haver fadiga, um mal-estar semelhante ao da gripe (síndrome gripal: mal estar, dor de cabeça, entre outros), dores musculares, perda do apetite, náuseas e febre, com maior intensidade nos idosos e naqueles que têm o sistema imunológico mais debilitado (imunossuprimidos). 5.2.3 Evolução Clínica A hepatite C é uma doença de evolução lenta, com várias conseqüências possíveis. Antes de detalhar a evolução clínica do VHC, é importante saber como podem ser as infecções causadas por este vírus sendo a infecção aguda e a infecção crônica. 5.2.3.1 Infecção aguda A infecção aguda é aquela que tem início repentino e os pacientes podem apresentar sintomas. O período de incubação do VHC varia de 2 semanas a 6 meses. Nesse intervalo, a infecção pelo vírus C pode se manifestar de dois modos: através de sintomas clínicos, como moleza, fadiga, falta de apetites, náuseas e síndrome gripal (febre, calafrios, mal estar e dor de cabeça), ou por alterações dos exames de sangue, geralmente por aumento das enzimas do fígado. Na maior parte dos casos, os pacientes não apresentam nenhum sintoma, por isso a doença pode ser considerada assintomática. Quando ocorrem sintomas, são geralmente leves, podendo ser mais severos em pacientes mais idosos ou naqueles que têm o sistema imunológico mais debilitado. Assim, a doença pode levar muitos anos, após a infecção inicial, para ser diagnosticada. 5.2.3.2 Infecção crônica Quando o sistema imunológico não é capaz de eliminar espontaneamente o vírus do organismo (durante a infecção aguda), dizemos que o indivíduo é 26 portador de uma doença crônica.A progressão da doença da forma aguda para a forma crônica é bem mais freqüente nos pacientes com hepatite C (75%80%) do que com hepatite B (10%). A infecção crônica pode provocar lesões no fígado por dois meios diferentes:Pela agressão direta do vírus da hepatite C contra as células do fígado (ação citopática). Pela reação inflamatória provocada pelo ataque do sistema de defesa do paciente ao vírus, o que acaba gerando destruição de células do fígado, já que é nesse órgão que o vírus se instala. 5.2.4 Formas de transmissão do VHC O vírus da hepatite C (VHC), em geral, não sobrevive por um longo período fora do organismo do hospedeiro. Estudos têm demonstrado que o VHC pode sobreviver fora do organismo por até 72 horas. Entretanto, a partir de 1992 quando as bolsas de sangue passaram a ser testadas o risco é quase zero. Seguem algumas formas de contaminação do VHC: a) Sangue e derivados de sangue contaminados. b) Hemodiálise (pelo compartilhamento de materiais contaminados); c) Uso de drogas intravenosas (contaminação por seringa compartilhada); d) Manipulação de material contaminado por profissionais de saúde; e) Cortes e ferimentos expostos, onde o sangue contaminado pode entrar em contato com o sangue de um indivíduo sadio; f) Transmissão na gestação ou parto (rara); g) Relação sexual (rara); h) Outras vias não determinadas. 5.2.5 Diagnóstico Uma vez que a infecção pelo VHC freqüentemente não produz sintomas, raramente é diagnosticada na sua fase aguda. O diagnóstico geralmente ocorre apenas durante exames de rotina ou de triagem para doação de sangue. Os três principais indicadores da infecção pelo VHC são: a) Presença de anticorpos contra o vírus (anti-HCV ou anti-VHC); 27 b) Presença do RNA do vírus no sangue (HCV-RNA); c) Exame da biópsia do fígado. Mas atualmente a Faculdade de Ciências Médicas a UNICAMP no Hospital de Clínicas Tratamento de hepatite C crônica vinculado ao Departamento de Clínica Médica, com base nos seus estudos que os testes utilizados para o diagnóstico da hepatite C, o ELISA é o de escolha para iniciar investigação, sendo de menor custo e bastante confiável em pacientes imunocompetentes. Em populações de baixo risco (doadores de sangue ou outros screenings populacionais), o ELISA pode, no entanto, apresentar taxas elevadas de falso positivo (até 25%), sendo interessante sua confirmação com outro método (inicialmente RIBA). O PCR qualitativo pode ser usado para confirmação diagnóstica de pacientes com ELISA positivo ou em pacientes com ELISA negativo porém com hepatite crônica sem causa definida e suspeita de infecção por VHC, principalmente em imunodeprimidos e pacientes em hemodiálise. O PCR quantitativo, assim como a genotipagem, devem ser reservados para avaliação pré-tratamento. 5.2.6 Considerações sobre a prevenção da Hepatite C Apesar das múltiplas tentativas, ainda não há vacina contra a hepatite C, e tampouco uma profilaxia eficaz pós-exposição. A redução da infecção requer a implementação de atividades de prevenção primárias e secundárias. As primeiras, para reduzir a incidência da infecção; as secundárias, para diminuir o risco de hepatopatia e de outras doenças entre os portadores do VHC. A prevenção primária tem como alvo a diminuição da incidência da infecção pelo VHC. Para que se iniciem atividades de prevenção secundária e terciária é necessária a identificação dos indivíduos anti-VHC infectados, pois essas se destinam a reduzir o risco de transmissão e a evolução para hepatopatia crônica. A prevenção deve focalizar o aconselhamento de pessoas que usam drogas ou que estão em risco de uso, e aquelas com práticas sexuais também consideradas de risco. Aconselhamento e testes laboratoriais devem ser conduzidos em locais ou situações onde indivíduos de risco são localizados, 28 como, por exemplo, prisões, clínicas de DST, HIV e AIDS, instituições de drogados, de doentes neurológicos e mentais. Os pacientes infectados pelo VHC necessitam de um acompanhamento mais aprofundado, no sentido de avaliar a existência de doença hepática crônica e a necessidade de tratamento antiviral ou de outras terapêuticas especializadas, como o transplante hepático. Pessoas cronicamente infectadas pelo VHC apresentam um risco aumentado de morbidade por insultos hepáticos adicionais. Outra recomendação adequada é evitar o uso de álcool nesses pacientes, já que o seu uso (maior do que 10 g/dia para mulheres e maior do que 20 g/dia para homens) tem sido associado à progressão mais rápida de cirrose, que expõe o paciente ao aparecimento de carcinoma hepatocelular. Os indivíduos que apresentam riscos para contrair infecção pelo vírus C, ou mesmo aqueles cronicamente infectados, se beneficiam de programas de educação de saúde e material educacional que incluam informações sobre como diminuir a progressão da doença hepática e as opções de tratamento. Os tópicos que devem ser incluídos nos programas educacionais são: tratamento de viciados, uso de agulhas e seringas, riscos de compartilhar drogas e uso de preservativos. A vigilância sanitária para hepatite C é fundamental, já que não há disponibilidade de medidas de prevenção eficazes. Para que se consiga alcançar metas de vigilância em relação ao vírus da hepatite C é necessário identificar pessoas com hepatite C aguda e crônica. A infecção aguda pelo vírus da hepatite C é usualmente (80%) assintomática. De qualquer maneira, a hepatite C faz parte do diagnóstico diferencial das hepatites agudas virais. A confirmação de hepatite C aguda inclui exames negativos para IgM anti-VHA, IgM anti-HBc e teste positivo para anti-VHC, com confirmação. Alguns pacientes podem apresentar anti-VHC negativo no início dos sintomas e somente exames seriados vão evidenciar o diagnóstico. A identificação de alguém com hepatite aguda C deveria desencadear um processo de busca epidemiológica para evidenciar a fonte de infecção. Dependendo dos resultados, pode ser indicado testar os contatos. A vigilância 29 desses casos pode esclarecer, além das fontes de infecção, as características da doença e os fatores de risco que fornecem informações sobre os padrões da transmissão. Assim, caracterizam-se as populações-alvo, também para prevenção. Por outro lado, essas medidas podem avaliar os sistemas utilizados para prevenção. Nos indivíduos com anti-VHC positivo, a infecção crônica pode ser diagnosticada pela persistência de RNA VHC positivo por mais de seis meses. A determinação e a notificação dessas pessoas com hepatite C crônica auxiliam no diagnóstico de quem são essas pessoas, qual a sua fonte de transmissão e onde elas estão. Essas informações podem melhorar a qualidade das ações para prevenção e facilitar o seguimento desses pacientes. 5.2.7 Profilaxia pós-exposição Silveira, (2004, pg.485) relata que após um acidente com exposição percutânea ou de mucosa, o indivíduo-fonte deve ser testado para o anti-VHC. Se for positivo, a pessoa exposta deve ser testada para anti-VHC e ser submetida à determinação da ALT, no momento da exposição e quatro e seis meses depois. Para um diagnóstico mais precoce, a determinação do RNA do VHC pode ser realizada quatro a seis semanas após a exposição. Imunoglobulinas e agentes antivirais não são recomendados após exposição ao vírus da hepatite C. Em resumo, para que se possa desenvolver normas adequadas de vigilância sanitária e viabilizar a diminuição da incidência, ou mesmo a erradicação das infecções, devem ser considerados os aspectos epidemiológicos e de prevenção, específicos para cada tipo de hepatite viral. É indispensável que haja a colaboração dos gestores de saúde, estaduais e municipais, profissionais de saúde, representantes da sociedade civil e aqueles que detêm o poder de comunicação, como os professores para difundir e esclarecer as dúvidas mais freqüentes. 30 5.2.8 Prevenção Na ausência de vacinas, a prevenção consiste em evitar a exposição a sangue contaminado, por isso: a) Todo sangue doado é testado, recomendando-se o mesmo para as doações de órgãos e tecidos; b) Programas de informação são essenciais; c) São necessários cuidados com materiais que possam conter sangue contaminado, como alicates de unha, lâminas, barbeadores, escovas de dente, agulhas e seringas compartilhadas e materiais cirúrgicos. Evitar o contato com sangue contaminado não é a única maneira de prevenção contra a hepatite C. O diagnóstico precoce da doença é essencial para que a progressão seja impedida. Por isso, todos devem ser testados contra a hepatite C. Fale com seu médico e faça o teste anti-HCV. 5.2.9 Hepatite C e HIV Estar contaminados com um tipo de hepatite não significa que você está isento de contrair outras doenças. Por isso, é importante que portadores da hepatite C sejam vacinados contra as hepatites A e B. Não são apenas os vírus das hepatites que portadores do VHC podem contrair. Aproximadamente 30% a 40% dos pacientes portadores do HIV estão coinfectados com o VHC. Nessa situação, a hepatite C tende a apresentar uma maior velocidade de progressão, podendo ocorrer cirrose mais precocemente. As doenças do fígado são as que mais levam pacientes com HIV ao óbito. Um estudo recente demonstrou que a terapia combinada de interferon peguilado alfa-2a e ribavirina pode ser utilizada com sucesso em pacientes coinfectados HIV/HCV, sem prejudicar o tratamento contra o HIV ou o tratamento contra o HCV. 5.3 Herpes genital Segundo Freitas (2006, p.139), é uma DST ulcerativa mais freqüente, a grande maioria dos casos são causados pelo HSV-2. Os estudos serológicos 31 têm mostrado que cerca de 50 milhões de americanos estão infectados pelo HSV-2. É uma doença que aparece e desaparece sozinha, de tempos em tempos, dependendo de certos fatores como estresse, cansaço, esforço exagerado, febre, exposição ao sol, traumatismo e menstruação. Nas mulheres, o herpes pode também se localizar nas partes internas do corpo. Uma vez infectada pelo vírus da herpes simples, a pessoa permanecerá com o vírus em seu organismo para sempre. 5.3.1 Formas de contágio O herpes genital é transmitido por meio de relação sexual (oral, anal ou vaginal) desprotegida (sem uso da camisinha). Essa doença é bastante contagiosa e a transmissão ocorre quando as pequenas bolhas, que se formam durante a manifestação dos sintomas, se rompem, ocasionando uma ferida e eliminando o líquido do seu interior. Esse líquido, ao entrar em contato com mucosas da boca ou da região ano-genital do parceiro, pode transmitir o vírus. Na teoria de Duncan (2004, p.609), as habilidades do médico são fundamentais para evitar a transmissão vertical para o feto ou recém-nascido. 5.3.2 Sinais e Sintomas Manifesta-se através de pequenas bolhas localizadas principalmente na parte externa da vagina e na ponta do pênis. Essas bolhas podem arder e causam coceira intensa. Ao se coçar, a pessoa pode romper a bolha, causando uma ferida. Os episódios iniciais da primoinfecção tendem a ser mais intensos do que as recorrências; são mais intensos nas mulheres do que em homens. As mulheres têm duas vezes mais propensão que os homens para os sintomas sistêmicos, meningite asséptica e sintomas urinários. A intensidade e a duração do episódio inicial são iguais para o HSV-1 e 2. (FREITAS; 2006, p.140) 32 Figura 1 – Herpes genital – pênis Fonte: http://www.fmt.am.gov.br/imagens/Herpes.jpg Figura 2 – herpes genital – pênis Fonte: http://www.astradur.is/menu/kynsjukdomar/images/herpes.jpg 5.3.3 Recidivas As feridas desaparecem por si mesmas. Após algum tempo, porém, o herpes pode reaparecer no mesmo local, com os mesmos sintomas. Enquanto persistirem as bolhas e feridas, a pessoa infectada estará transmitindo a doença. Na presença dessas lesões, a pessoa deve abster-se de relações sexuais, até que o médico as autorize. 33 5.3.4 Complicações Com base nos estudos de Freitas as principais complicações ocasionadas pela herpes são: a) Meningite asséptica: ocorre em um terço das mulheres e em 10% dos homens; b) Retenção urinária: por mielite transversa (rara) ou disfunção do sistema nervoso autônomo (SNA) (menos de 1%), necessitando cateterismo intermitente por quatro a oito semanas; c) Disseminação cutânea e visceral ( fígado , pulmão, meninges);mais comum nos casos de eczema atópico , imunocomprometidos , gestação (raro). 5.3.5 Prevenção O uso de preservativo em todas as relações sexuais, vaginais, orais e anais, não impedem a contaminação com herpes genital. 5.4 HIV/AIDS 5.4.1 Significado Na visão de Rubio (1997, p.10) o termo AIDS, é um acrônimo que significa síndrome da imunodeficiência adquirida, seguindo a terminologia em língua inglesa. (Acquired Immunodeficiency Syndrome). 5.4.2 Histórico Os primeiros casos nos EUA, Haiti e África Central, descobertos e definidos como AIDS, em 1982, quando se classificou a nova síndrome. As autoridades de saúde pública nos EUA começavam, a se preocupar com uma nova e misteriosa doença. Já o primeiro caso no Brasil, em São Paulo, só classificado em 1982. Em 1983, notificação do primeiro caso de AIDS em crianças. Homossexuais 34 usuários de drogas são considerados os difusores do fator para os heterossexuais usuários de drogas. Já a equipe de Luc Montagner, do Instituto Pasteur, em 1984, na França, isola e caracteriza um retrovírus (vírus mutante que se transforma conforme o meio em que vive) como causador da AIDS. Fundação do GAPA – Grupo de Apoio à Prevenção à AIDS (primeira ONG do Brasil e da América Latina na luta contra a AIDS) em 1985. No Brasil, em 1988,uma portaria assinada pelo Ministro da Saúde passa a adotar o dia 1o de dezembro como o Dia Mundial de Luta Contra a AIDS. Morre o cartunista Henrique de Souza Filho, o Henfil, aos 43 anos. Já em 1989 morre Lauro Corona, ator da TV Globo, aos 32 anos. Um ano mais tarde morre aos 32 anos o cantor e compositor Cazuza. Já em 1995 uma nova classe de drogas contra o HIV, os inibidores de protease, é aprovada nos EUA. Zerti (d4T) e Epivir (3TC), outros inibidores de transcriptase reversa, são lançados, aumentando as escolhas de tratamento. Em 1996, com a disponibilização do AZT venoso na rede pública, gratuita, as queda das taxas de mortalidade por AIDS, diferenciada por regiões. Percebe-se também que a infecção aumenta entre as mulheres (feminização), dirige-se para os municípios do interior dos estados brasileiros (interiorização) e aumenta significativamente na população de baixa escolaridade e baixa renda (pauperização) Morre em 1997 o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. Hemofílico, contaminado por transfusão de sangue, defendia o tratamento digno dos doentes de AIDS. Cientistas registram em 1998 a imagem da estrutura cristalina da proteína GP 120 do vírus da AIDS, usada por ele para entrar nas células do sistema imunológico atacadas pelo HIV. No Brasil, já em 2000 aumentam os casos em mulheres. A proporção nacional de casos de AIDS notificados já é de uma mulher para cada dois homens. O Brasil em 2001 ameaça quebrar as patentes e conseguem negociar com a indústria farmacêutica internacional a redução no preço dos medicamentos para AIDS. Organizações médicas e ativistas denunciam o alto 35 preço dos remédios contra AIDS. Muitos laboratórios são obrigados a baixar o preço das drogas nos países do Terceiro Mundo. Em 2002, o Fundo Global para o Combate a AIDS, Tuberculose e Malária é criado para captar e distribuir recursos, que serão utilizados por países em desenvolvimento, para o controle das três doenças infecciosas que mais matam no mundo. Um relatório realizado pelo UNAIDS, Programa Conjunto das Nações Unidas para a luta contra a AIDS, afirma que a AIDS vai matar 70 milhões de pessoas nos próximos 20 anos, a maior parte na África, a não ser que as nações ricas aumentem seus esforços para conter a doença. O Programa Nacional de DST/AIDS de 2003 é considerado por diversas agências de cooperação internacional como referência mundial. Makgatho Mandela (filho do ex-presidente Nelson Mandela) morre em 2005, conseqüência da AIDS aos 54 anos. O tema do Dia Mundial de Luta Contra a AIDS no Brasil aborda o racismo como fator de vulnerabilidade para a população negra. Acordo do MS, realizado em 2006, reduz em 50% preço do anti-retroviral tenofovir, representando uma economia imediata de US$ 31,4 milhões por anos. 5.4.3 Formas de contágio O HIV pode ser transmitido pelo sangue, sêmen, secreção vaginal e pelo leite materno. Formas de contagio do HIV: sexo vaginal sem camisinha, sexo anal sem camisinha, sexo oral sem camisinha, uso da mesma seringa ou agulha por mais de uma pessoa, transfusão de sangue contaminado, mãe infectada pode passar o HIV para o filho durante a gravidez, o parto e a amamentação podendo também ocorrer por instrumentos que furam ou cortam, não esterilizados. Outras formas que não possuem contágio: a realização de sexo, desde que se use corretamente a camisinha; masturbação a dois; beijo no rosto ou na boca; suor e lágrima; picada de inseto; aperto de mão ou abraço; a utilização de talheres, copos, sabonetes, toalhas e lençóis; sentar sem banco de ônibus ou trem e a doação de sangue. 36 5.4.4 Quando fazer o teste sorológico anti-HIV Para detectar o HIV, é necessário fazer um teste de sangue em laboratório. Hoje ele já pode ser realizado sem prescrição médica, nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs), laboratórios particulares e em serviços de saúde pública. Os CTAs contam com médicos, enfermeiros e psicólogos que acompanham o paciente antes e depois do exame. Tudo é feito de maneira sigilosa e gratuita. O exame é realizado pela a coleta simples de sangue, com material descartável. Não é preciso estar em jejum. O teste só deve ser feito após a "janela imunológica", período de 20 a 30 dias para o vírus se manifestar. Pode durar até 6 meses. Neste tempo, o corpo produz anticorpos que possam ser detectados no teste. 5.4.5 Efeitos do vírus Existem três fases na infecção pelo HIV: fase 1: o vírus se multiplica rapidamente pelo corpo logo após a infecção, mas o sistema imunológico consegue combatê-lo; fase 2: o sistema imunológico mantém o vírus sob controle, mas com certo esforço; Fase 3: as defesas estão comprometidas, o vírus se multiplica e pode provocar outras infecções. O organismo conta com as células de defesa chamadas CD4, que reconhece e neutraliza tudo o que for estranho, como vírus, fungos e bactérias que causam doenças. Em um corpo saudável, inúmeras células de defesa, como as CD4 são produzidas diariamente. O mesmo número de células é destruído pelo corpo quando não é mais capaz de realizar suas funções. O HIV destrói lentamente a capacidade de defesa das células CD4. A AIDS reflete a perda da imunidade celular após a infecção pelo HIV. O processo de replicação do HIV e de reposição das células CD4 na corrente sanguínea é dinâmico. A meia-vida do HIV, tempo necessário para 50% dos vírus completarem um ciclo de vida é de 1,2 dias aproximadamente. Por volta de 50% deles morrem e são substituídos a cada seis horas. A cada dia, 10,3 milhões de novos vírus são liberados na corrente sanguínea e quase 2 bilhões de células CD4 são mortas e substituídas. 37 Infectadas pelo vírus, as células do sistema imunológico começam a funcionar com menos eficiência, até que, com o tempo, a habilidade do organismo em combater doenças comuns diminui, ficando sujeito ao aparecimento de doenças oportunistas, como a pneumonia, a tuberculose, hepatite C, entre outras. O vírus HIV chega a ficar incubado no organismo por até 10 anos, sem que a pessoa infectada manifeste os sintomas da AIDS. O período entre a infecção pelo HIV e a manifestação dos sintomas da doença depende, principalmente, do estado de saúde do paciente, que pode retardar, ou não, o aparecimento dos primeiros sintomas. (BRASIL, 2007) 5.4.6 Sinais e sintomas O HIV age no interior das principais células do sistema imunológico, os linfócitos. Ao entrar nessa célula, o HIV se integra ao seu código genético. Entre os linfócitos, o tipo mais atingido pelo vírus é o chamado linfócito TCD4, usado pelo HIV para gerar cópias de si mesmo. Infectadas pelo vírus, essas células começam a funcionar com menos eficiência até serem destruídas. Dessa forma, com o passar do tempo, a habilidade do organismo para combater doenças comuns diminui, permitindo, então, o aparecimento de doenças oportunistas. O período médio de incubação é estimado em 3 a 6 semanas. Compreende-se por período de incubação o intervalo de tempo entre a exposição ao vírus até o surgimento de alguns sintomas, como febre e malestar (fase inicial). A produção de anticorpos inicia-se de 8 a 12 semanas após a infecção. Denomina-se fase assintomática o estágio em que a pessoa infectada não apresenta qualquer sintoma. Esse período de latência do vírus é marcado pela forte interação entre o sistema imune e as constantes e rápidas mutações do vírus. Durante essa fase, os vírus amadurecem e morrem de forma equilibrada. A fase final corresponde à redução crítica de células T, tipo CD4, que chegam abaixo de 200 unidades por mm³ de sangue. Adultos saudáveis possuem de 800 a 1200 unidades. Nessa fase, surgem os sintomas típicos da 38 AIDS, tais como: diarréia persistente, dores de cabeça, contrações abdominais, febre, falta de coordenação, náuseas, vômitos, fadiga extrema, perda de peso, câncer. 5.4.7 Análise da situação epidemiológica do HIV/AIDS Segundo o Ministério da Saúde, em 2004, estimou-se que 600 mil indivíduos de 15 a 49 anos estariam vivendo com HIV/AIDS no Brasil. Esta prevalência foi de 0,42% em mulheres e 0,80% em homens, com estimativa média de 208.898 mulheres e 384.889 homens vivendo com HIV/AIDS no país. Utilizando a prevalência do HIV em estudo realizado em cerca de 30 mil jovens masculinos de 17 a 21 anos, observaram-se incidências de 0,161% na região Sul, conscritos do Exército brasileiro, em 2002. Até junho de 2004, foram registrados 362.364 casos de AIDS, sendo 69% ocorridos em homens. Entre as mulheres, a tendência tem sido crescente, com a maior taxa observada em 2003, de 14 casos por 100 mil mulheres. Conforme dados atualizados em março de 2007 da Secretaria Estadual da Saúde o município de Sapucaia do Sul tendo a Incidência acumulada de 484 casos e desses 226 óbitos, havendo uma prevalência absoluta de 258 casos, no coeficiente de prevalência p/ 10.000 habitantes de 18,98 %. (SINAN/SIM – RS) 5.4.8 Avaliação epidemiológica no Rio Grande do Sul No Rio Grande do Sul, de 1985 a 2005, foram notificados à Secretaria da Saúde do Estado, 1388 casos de AIDS em crianças – com menos de 13 anos de idade. Oitenta e cinco por cento dessas (1183 crianças), foram infectadas no período pré e perinatal por transmissão vertical do HIV. Essa proporção de casos acumulados representa, de fato, a média dos últimos doze anos da epidemia – diferente do perfil inicial de transmissão do HIV para crianças – que, nos primeiros anos, tinha como principal situação de risco para transmissão, a transfusão de sangue e hemoderivados. A partir de 1993, com a melhora no controle dos bancos de sangue e com o aumento da 39 incidência de mulheres com AIDS no RGS, começa a aumentar a incidência de AIDS em crianças na sua maioria, filhos de mães infectadas por HIV/AIDS. Importante ressaltar que em dois períodos específicos algumas situações operacionais resultaram em um pseudo-aumento de casos notificados entre 1996 e 1997 houve mudança nos critérios de definição de casos e isso ocasionou uma entrada concentrada de casos que passaram a ter os critérios de inclusão; entre 2001 e 2002, com a descentralização e informatização da notificação dos casos, também houve um aparente crescimento, em função da melhora na coleta e organização dos dados – ocasionando o resgate de vários casos antigos que não haviam sido notificados na época do diagnóstico. 5.4.9 Avaliação epidemiológica em Sapucaia do Sul Os dados específicos sobre exposição à transmissão vertical da infecção começaram a serem sistematizados a partir de 1997. Desde então, até 2005, foram notificados a SES/RS 4016 casos de gestantes HIV+ e, conseqüentemente, de crianças expostas à transmissão vertical. 5.4.10 Aumento de incidência em mulheres Uma conseqüência do aumento dos casos de AIDS masculinos em razão da transmissão heterossexual é o aumento dos casos em mulheres. Desde o início da epidemia, a transmissão sexual vem representando mais de 75% dos casos de AIDS em mulheres, chegando, em 2004, a 95%, com redução importante dos casos relacionados ao uso de drogas injetáveis. Entre os casos em mulheres, 60% disseram ter tido parceiros UDI, ou parceiros com múltiplas parcerias ou mesmo parceiros infectados pelo HIV. A razão de casos entre homens e mulheres variou de 6,5 casos, em média, no período de 1980-1990, para menos de 2 casos masculinos para cada caso feminino desde 1999. Quando se analisa as taxas de incidência na população heterossexual, observa-se que, desde o início da década de 90, as taxas em mulheres heterossexuais já ultrapassavam as observadas para os homens com esta mesma exposição e com crescimento bem mais acentuado desde então, chegando a 17,6 casos por 100 mil mulheres heterossexuais em 40 1998, comparado a 12,5 casos por 100 mil homens heterossexuais. Observase, também, nesta categoria de exposição, a inversão da razão de sexo, chegando a 14 casos femininos para cada 10 masculinos desde meados da década de 90. Na faixa etária de 13 a 19 anos, observa-se, também, uma ligeira inversão da razão entre os sexos, que, a partir de 1998, passa a ser de menos de um caso masculino para cada feminino, principalmente graças à grande redução dos casos por transfusão de sangue (incluindo em hemofílicos) e uso de drogas injetáveis. 5.4.11 Transmissão vertical Denomina-se transmissão vertical do HIV a situação em que a criança é infectada pelo vírus da AIDS durante a gestação, o parto ou por meio da amamentação. No entanto, a criança, filha de mãe infectada pelo HIV, tem a oportunidade de não se infectar pelo HIV. Atualmente, existem medidas eficazes para evitar o risco de transmissão, tais como: o diagnóstico precoce da gestante infectada, o uso de drogas antiretrovirais, o parto cesariano programado, a suspensão do aleitamento materno, substituindo-o por leite artificial (fórmula infantil) e outros alimentos, de acordo com a idade da criança. Durante o pré-natal, toda gestante tem o direito e deve realizar o teste HIV. Quanto mais precoce o diagnóstico da infecção pelo HIV na gestante, maiores são as chances de evitar a transmissão para o bebê. O tratamento é gratuito e está disponível no SUS. 5.4.12 Transmissão vertical em números A taxa de transmissão vertical do HIV pode chegar a 20%, ou seja, a cada 100 crianças nascidas de mães infectadas, 20 podem tornar-se HIV positivas. Com ações de prevenção, no entanto, a transmissão pode reduzir-se para menos de 1%. No ano de 2004, estimou-se que cerca de 12.000 parturientes estavam infectadas pelo HIV no Brasil. Foram notificados ao Ministério da Saúde, de 41 janeiro de 1983 a junho de 2006, 13171 casos de AIDS em menores de 13 anos de idade devido à transmissão vertical. Este número vem reduzindo ano a ano com a adoção de medidas de prevenção. 5.4.13 Sinais e sintomas A maioria das crianças nascidas de mãe soropositiva para o HIV não apresenta sinais ou sintomas de infecção pelo HIV quando do nascimento. Toda criança nascida de mãe soropositiva para o HIV deve fazer o acompanhamento recomendado pelo Ministério da Saúde, até comprovar sua situação sorológica (infectada ou não). 5.4.14 Exames O diagnóstico da infecção pelo HIV é feito por meio de testes realizados a partir da coleta de uma amostra de sangue. O teste deve ser oferecido a todas as gestantes, independente da situação de risco para o HIV. O teste deverá ser sempre voluntário e confidencial. 5.4.15 Prevenção Quanto mais precoce o diagnóstico da infecção pelo HIV na gestante, maiores são as chances de evitar a transmissão para o bebê. O uso de medicamentos anti-retrovirais (AZT) em gestante e recém-nascido, a cesariana programada e a substitução do aleitamento materno podem reduzir o risco de transmissão do HIV da mãe para o filho. 5.5 HPV Atualmente existem cerca de 40 milhões de pessoas infectadas pelo HPV, segundo estatísticas americanas, ou seja, quase 20% da população daquele país. Estima-se que no Brasil as estatísticas sejam semelhantes. É uma DST com maior incidência nos adultos com vida sexual ativa. 42 È uma Infecção causada por um grupo de vírus (HPV – Human Papilloma Viruses) que inclui mais de 70 tipos. As verrugas genitais ou condilomas acuminados são apenas uma das manifestações da infecção pelo vírus do grupo HPV e estão relacionadas com os tipos 6,11 e 42, entre outros. As verrugas genitais ou condilomas são lesões papilares as quais, ao se fundirem, formam massas vegetantes com o aspecto de couve-flor. Os locais mais comuns do aparecimento destas lesões são a glande, o prepúcio e o meato uretral no homem e a vulva, o períneo, a vagina e o colo do útero na mulher. Em ambos os sexos, podem ocorrer no ânus e reto, não necessariamente relacionado com o coito anal. Assim como a grande parte das doenças sexualmente transmissíveis, o HPV causa uma infecção silêncios. O homem infectado é um grande disseminador do vírus devido a maior freqüência de relações e maior troca de parceiras, mas a prevalência da doença pode ser semelhante em ambos os sexos. E ainda, certamente existe forte relação entre o contagio pelo HPV e o desenvolvimento de neoplasias (câncer), principalmente às do colo uterino. 5.5.1 Transmissibilidade Contacto sexual íntimo (vaginal, anal e oral). Mesmo que não ocorra penetração o vírus pode ser transmitido. Eventualmente uma criança pode ser infectada pela mãe doente, durante o parto. (MS) Esta é uma questão ainda bastante polêmica. Sabe-se que a transmissão ocorre por contato sexual direto (áreas contaminadas em contato com áreas não contaminadas do parceiro ou parceira). Isto não é questionado quando se trata de infecção clinicamente manifesta (verruga visível). Todavia, questionase a possibilidade de transmissão indireta (pelas roupas, em banheiros, lençóis, etc.). Como o vírus resiste pouco às condições ambientais e não resiste às medidas normais de higiene (água e sabão) a possibilidade de transmissão por contato indireto é considerada pouco provável. Mais controvérsia existe quanto à transmissibilidade da infecção subclínica. Acredita-se que a transmissão desta forma de infecção seja pouco provável uma vez que existem pesquisas sugerindo que somente em 20% dos 43 casos em que os dois parceiros estão contaminados existe concordância entre os tipos de HPV. Outro aspecto polêmico refere-se à real necessidade de se tratar todos os casos de HPV. Sabe-se que as infecções mais perigosas são aquelas produzidas pelos chamados HPV oncogênicos (capazes de provocar câncer de colo do útero). No entanto, a identificação do tipo de DNA do HPV não é feita de rotina porque exige um exame muito caro e complexo. Por outro lado, a atitude mais segura, com relação a esta polêmica, consiste na identificação, orientação e tratamento de homens e mulheres contaminadas ou com risco de infecção por HPV. Isto pode ser feito através de consultas periódicas com urologistas e ginecologistas e dos exames mais simples como peniscopia (homem) e colposcopia (mulheres). Finalmente, a infecção latente é uma última questão onde se encontra alguma polêmica. Geralmente, quando ela é identificada (através de um exame de DNA do HPV), não precisa de tratamento. No entanto, não se sabe ao certo quanto tempo uma pessoa pode ter infecção latente, antes que a mesma venha a se reativar e se manifestar. Admite-se que possa ser durante anos. Isto explicaria o fato de casais que são parceiros mutuamente exclusivos há vários anos, terem uma infecção identificada após várias consultas anteriores com diagnóstico de normalidade. Por isso, muitas vezes não é possível afirmar a quanto tempo uma contaminação existe nem qual dos dois parceiros adquiriu primeiro. As maiores complicações e conseqüências do HPV são cânceres do colo do útero e vulva e, mais raramente, câncer do pênis e também do ânus. 5.5.2 Diagnóstico O diagnóstico da infecção pelo HPV é feito por profissional habilitado sendo baseado na história clínica do doente seguido do exame físico minucioso. Pode ser utilizado ainda, o recurso dos métodos complementares, como a peniscopia e a colposcopia, com biópsias, citologia (exame do raspado da pele ou mucosa) e biologia molecular (exame de DNA). 44 5.5.3 Formas clínicas Conforme Freitas, (2006, pg.142) as formas da infecção pelo HPV são classificadas em ter categorias: a) Infecção clínica – é a forma evidencialvel a olho nú (condiloma cuminado ou plano) e representa cerca de 1% dos casos; b) Infecção sub-clínica – diagnóstico por meio do exame colposcópico ou microscópico (citologia ou histologia). Representa 60% do HPV anogenital externo e 95% do HPV cervical; c) Infecção latente – diagnóstico apenas por meio das técnicas de hibridização do DNA viral em indivíduos com clínica e cito histologia normais. Sabe-se ainda que a partir da inoculação, ou seja, contágio pelo vírus, o período de incubação pode variar de 2-3 semanas, podendo estender-se por meses e até vários anos, dependendo da capacidade imunológica do indivíduo. Abaixo seguem algumas fotografias referentes a diversas formas e locais de lesões por infecções do HPV. Figura 3 – Infecção por HPV – Lesões vegetantes em borda anal. Fonte: http://www.aids.gov.br/dst/imagem50.jpg 45 Figura 4 – Condiloma Acuminado – Lesões vegetantes verrucosas em pênis Fonte: http://www.aids.gov.br/dst/imagem47.jpg Figura 5 – Infecção por HPV – Lesões vegetantes em vulva. Fonte: http://www.aids.gov.br/dst/imagem48.jpg Figura 6 – Infecção por HPV – condiloma gigante em vulva. Fonte: http://www.aids.gov.br/dst/imagem49.jpg 46 5.5.4 Prevalência do papilomavírus humano na cavidade oral Conforme Castro e Bussoloti (2006, p. 272), em artigo publicado na Revista Brasileira de Otorrinolaringologia a prevalência do papilomavírus humano (HPV) na cavidade oral e na orofaringe ainda não está bem esclarecida como nos estudos do trato genital, na qual é bem definida. Entretanto, novas pesquisas estão surgindo após o aparecimento dos exames de biologia molecular. Neste estudo foi realizada uma revisão da literatura com o objetivo de verificar a prevalência do papilomavírus humano na cavidade oral e na orofaringe. Os resultados desta pesquisa mostraram uma prevalência do HPV 16 na mucosa oral normal (infecção latente). Já nas lesões benignas orais associadas ao HPV mostraram uma prevalência do HPV 6 e 11 em papilomas de células escamosas e condilomas, e, nas verrugas, uma prevalência do HPV 2 e 57, enquanto na hiperplasia epitelial focal prevaleceram os HPV 13 e 32, e no câncer oral, principalmente, no carcinoma de células escamosas (CCE), foi evidenciada uma alta prevalência do HPV 16, o que sugere sua participação na carcinogênese oral, apesar de ser um assunto controverso. Constatou-se também uma enorme discrepância nos resultados da prevalência do papilomavírus humano (HPV) na mucosa oral normal (infecção latente) e no câncer oral, enquanto nas lesões benignas associadas ao vírus, os resultados foram confirmatórios. Os autores argumentam que a análise da literatura sobre a prevalência do HPV na cavidade oral e orofaringe permite as seguintes conclusões: 1. Dentre as técnicas utilizadas no diagnóstico do HPV, a mais sensível é a PCR; 2. A prevalência do HPV, na mucosa oral normal, apresenta resultados discrepantes; 3. A prevalência do HPV, nas lesões benignas associadas ao vírus, é confirmada; 4. No câncer oral, apesar da prevalência do HPV 16, ainda existe controvérsias com relação à presença do vírus e à carcinogênese oral. Contudo, ainda são necessários mais estudos com aperfeiçoamento dos métodos utilizados para a detecção do DNA HPV e das técnicas de coletas das amostras (swabs ou biópsia), objetivando menor interferência nos resultados e maior esclarecimento sobre a infecção do HPV, e sua prevalência na cavidade 47 oral e orofaringe, ficando a motivação para continuar a pesquisar o HPV, principalmente, na mucosa oral normal e no câncer oral. Figura 7 – HPV oral Fonte: www.avimed.com.br/news/ed18/img/Condiloma%20em%20Boca.jpg 5.5.5 Prevenção Calcula-se que o uso da camisinha consiga barrar entre 70% e 80% das transmissões, e sua efetividade não é maior porque o vírus pode estar alojado em outros locais, não necessariamente no pênis, mas também na pele da região pubiana, períneo e ânus. A utilização da camisinha usada adequadamente, do início ao fim da relação, pode proporcionar alguma proteção. Na maioria das vezes os homens não manifestam a doença. Ainda assim, são transmissores do vírus. Quanto às mulheres, é importante que elas façam o exame de prevenção do câncer do colo, conhecido como papanicolau ou preventivo, regularmente. Avaliação do (a) parceiro (a). Abstinência sexual durante o tratamento. 6 MÉTODOS PREVENTIVOS Conforme Adolesite , site vinculado ao Ministério da Saúde , voltado para adolescentes , as infecção podem ser evitadas fazendo o uso de camisinha (feminina ou masculina) corretamente, em todas as relações sexuais. O que significa "sexo seguro" ou "sexo protegido"? Como as expressões levam a entender, praticar sexo de forma segura ou protegida significa que as pessoas estão adotando o uso adequado do preservativo. A prática das seguintes atividades irá prevenir que o sangue, sêmen, ou secreções vaginais de um parceiro entrem em contato com o seu sangue e, desta forma, previne a transmissão do HIV: masturbar-se, massagear-se, roçar-se, abraçar-se, fazer carícias genitais. O uso correto e constante de preservativo (camisinha) na relação sexual previne contra o risco de infecção do HIV e outras DST. Foi demonstrado que preservativos de látex são eficazes na proteção contra HIV, DST e gravidez. O uso incorreto do preservativo reduz a sua eficácia, porque, por exemplo, pode fazer com que ele se rompa. A relação sexual com preservativo é chamada de "sexo protegido". Embora apenas um pequeno número de pessoas tenha contraído HIV por estes meios, as práticas seguintes apresentam risco: felação (introdução do pênis na boca); sexo oral vaginal (boca na vagina); sexo oral anal (boca no ânus) As seguintes práticas representam, sem dúvida, alto risco, se realizadas sem preservativo: sexo anal (introdução do pênis no reto); sexo vaginal (introdução do pênis na vagina); qualquer prática sexual que cause sangramento; esperma ou sangue levado à boca durante sexo urogenital. 49 6.1 Camisinha Masculina A camisinha masculina é uma capa de borracha (látex) que é colocada sobre o pênis, e reduz efetivamente a transmissão das doenças sexualmente transmissíveis (DST) e da AIDS (síndrome da imunodeficiência adquirida). O preservativo é o único método eficaz na prevenção dessas doenças e age também como contraceptivo, isto é, evitando a gravidez. Figura 8 :Preservativo masculino Fonte: http://www.spiner.com.br/areas/figuras/sexo/cam_3.jpg 6.2 Camisinha feminina A camisinha feminina é uma bolsa feita de plástico macio (o poliuretano), que é mais fino que o látex do preservativo masculino. Tem 15 centímetros de comprimento e oito de diâmetro, sendo bem mais larga que o masculino. Também tem maior lubrificação. A parte fechada da bolsa contém um anel flexível e móvel que serve de guia para a colocação no fundo da vagina. A borda do outro extremo termina num anel flexível que deve cobrir a vulva. Recebe o líquido que o homem libera na relação sexual, impedindo a entrada do espermatozóide e evitando a transmissão de DST (doenças sexualmente transmissíveis), como a AIDS (síndrome da imunodeficiência adquirida). O custo é três vezes maior que o do preservativo masculino. A camisinha feminina é macia, transparente, resistente, e deve ser usada em todas as relações sexuais. 50 Figura 9 – Preservativo feminino. Fonte: http://www.agenciaaids.com.br/news_imagens/camisinha_feminina.jpg Para que ela funcione é preciso que você a coloque corretamente e tome alguns cuidados: a) Guarde a camisinha feminina em lugar fresco; b) A camisinha com a data de validade vencida, não deve ser usada; c) Abra a embalagem somente quando você for usar; d) Tome cuidado para não estragar a camisinha feminina. Se isto acontecer jogue-a no lixo e use outra; e) Nunca use a camisinha feminina junto à camisinha masculina. Na relação, use uma ou outra. Se usar as duas ao mesmo tempo, o atrito pode causar o risco de rompimento; A camisinha feminina sai da fábrica lubrificada, mas você pode se desejar, adicionar uma gota de lubrificante extra no fundo da camisinha ou na argola exterior.Outra dica é colocar o lubrificante diretamente no pênis. O lubrificante deve ser sempre a base de água.A camisinha feminina é descartável, ela tem que ser jogada fora ao final da relação sexual. A camisinha feminina, como a masculina, é o único método de prevenção eficaz no controle da transmissão sexual das DST e AIDS, e age também como contraceptivo, isto é, evitando a gravidez. (MINISTÉRIO DA SAÚDE – AIDS). 7 7.1 MATERIAL E MÉTODOS O colégio O Colégio Estadual Guianuba, está localizado na Rua Djalma Sassi, 561, Bairro Nova Sapucaia, Sapucaia do Sul. Conta , com um quadro de 60 professores responsáveis pelo ensino de 1600 educandos, distribuídos nos três turnos. O colégio é simples, sem grandes recursos didáticos, possui os seguintes serviços/instituições: circulo de pais e mestres; biblioteca escolar; grêmio estudantil; secretaria serviço de orientação educacional; serviço de supervisão escolar; conselho escolar serviço de integração escola-empresa; serviço de cozinha e refeitório; serviço de portaria e vigilância. Os horários de início e término das aulas são respeitados. A disciplina está mais evidente, sendo que os educandos têm liberdade de ficar no pátio ou nos corredores, caso sejam liberados pelo professor. O prédio está mal conservado, mas as salas foram recentemente pintadas e limpas pelos soldados do exército de Sapucaia, as salas encontram-se um pouco mais limpas. Há uma grande facilidade de acesso dos educandos com a direção, orientação e supervisão. Os profissionais destas áreas estão sempre dispostos a ouvir, orientar e ajudar. A disposição dos períodos segue o modelo de ensino superior, ou seja, cada dia da semana é reservado a somente uma disciplina e cada disciplina tem seu encerramento semestralmente. 52 Os cursos oferecidos pelo colégio são: ensino fundamental, ensino médio; oferecendo também matrícula com dependência no ensino fundamental, bem como matrícula com dependência no ensino médio. As aulas acontecem às quintas-feiras no horário da manhã, das sete horas e quarenta minutos às doze horas. A disciplina é semestral. O sistema de avaliação no semestre consistirá de três notas, sendo que a média é cinqüenta totalizando cento e cinqüenta pontos no semestre para haver aprovação. Caso o aluno não consiga atingir o estimado é feita uma substituição de umas das três avaliações, a maioria dos educandos opta pela que tirou menor nota. Mesmo não conseguindo essa nota, o aluno terá de realizar um exame que conterá todo o conteúdo realizado no decorrer do semestre. A turma tem como professora titular Marilurdes Pozzebom, graduada em Biologia e pós-graduada Genética, há quinze anos pela Unisinos. O colégio participa também do projeto Escola Aberta, que tem como objetivos: Diminuir os índices de violência, principalmente, nas comunidades mais carentes; fortalecer o papel da escola como pólo irradiador de cultura; Fortalecer as ações políticas e pedagógicas das escolas e das comunidades envolvidas; Aproximar escola e comunidade; Provocar mudanças nas relações da escola com a sociedade; Envolver os jovens na elaboração e na execução do projeto preparando-os para um melhor exercício da cidadania. 7.2 Planejamento Sendo assim, as oficinas foram realizadas em encontros semanais, com a duração de uma hora e quarenta e cinco minutos por dia, no período de vinte e quatro de outubro a oito de novembro de 2007. No período correspondente as oficinas, o enfoque centrou-se na capacitação dos educandos e na elaboração das atividades a serem desenvolvidas. Em outubro quando as atividades foram iniciadas, conversamos com os educandos e colocamos a importância dos temas abordados juntamente com as atividades e materiais a serem utilizados em cada oficina. A cada nova semana, trocávamos idéias para reavaliar as atividades inicialmente propostas com base nas aprendências dos educandos. Várias 53 foram às técnicas e dinâmicas utilizadas uma vez que estas foram escolhidas de acordo com os objetivos a serem atingidos. A seguir, a Tabela 1 apresenta as atividades propostas e executadas, organizados conforme cronograma proposto e aprovado pela direção da escola (Tabela 2). Tabela 1 – Procedimentos utilizados Oficinas Métodos Oficina 1 Introduzir o tema DST aos educandos do ensino médio de forma clara e objetiva, utilizando material confeccionado. Mobilizando-os da importância e responsabilidade do conhecimento desses temas, na fase de iniciação sexual. Oficina 2 Dividir os educandos em 5 grupos (HIV/AIDS,HPV,Hepatite C, Herpes genital e clamídia), dando liberdade para que possam criar cartazes , agregando os temas principais de cada doença.(sintomas, transmissão, índices epidemiológicos, conseqüências, prevenção). Oficina 3 Propiciar um espaço para refletir, vivenciar, discutir os temas trabalhados. Após a discussão desses temas, expor os cartazes confeccionados pelos educandos no mural da escola. Juntamente com a caixa de perguntas/dúvidas. Oficina 4 Confeccionar a camiseta com o slogan: “Eu me amo, uso preservativo!”. Fonte: Autoria própria, 2007. Tabela 2 – Cronograma das Oficinas Técnica Utilizada Material Utilizado Custos Polígrafo Cartazes Preservativo feminino e masculino Xérox dos polígrafos: R$ 7,50 Cópia das DST: R$ 8,50 Confecção de cartazes Papel pardo, cartolinas cola, tesoura, canetas, pincéis atômicos, fita crepe, figuras de jornal ou revistas. Nenhum gasto. Os educandos compraram. “Caixinha de Perguntas” Cola, fita crepe, tesoura, papel e caneta. Nenhum gasto, caixa reutilizada. Camiseta branca, tintas de tecido, água, pincéis e jornal. 25 camisetas. R$ 84,00 5 tintas de tecidos nas cores preta,branca, verde, vermelho e laranja. Pincéis R$ 10,00 Dia/ Mês Oficinas 18 de Outubro Exposição Oficina 1 teórica do tema DST. 25 de Outubro Oficina 2 01 de Novembro Oficina 3 08 de Novembro Oficina 4 Confecção de camiseta Fonte: Autoria própria, 2007. 54 7.3 Aspectos metodológicos As oficinas, num total de quatro, tiveram a duração aproximada de 1h e 45 minutos cada, com freqüência semanal. As oficinas tiveram temáticas estruturas e o desenvolvimento específico como consta a seguir: 7.3.1 Oficina 1 : Exposição teórica do tema DST Apresentação da proposta e realização do trabalho, juntamente com as DST de maior incidência AIDS/HIV, Herpes genital, Hepatite C, HPV e Clamídia seus sintomas, transmissão, índices epidemiológicos, conseqüências, prevenção entre outras particularidades. Exposição de cartazes e fotos das doenças. Entrega do material individual. Foram utilizados os seguintes materiais: Preservativos feminino (figura 8) e masculino (figura 9), polígrafo (Anexo A), cartazes, fotos, quadro e giz. Ao iniciar o encontro foram entregues aos educandos polígrafos com a descrição, sintomas, transmissão, índices epidemiológicos, conseqüências e métodos de prevenção das doenças. A aula foi expositiva, explicando de forma clara e objetiva a importância dos educandos conhecerem as doenças de maior incidência juntamente com a prevenção, fazendo prevalecer o cuidado com o corpo, auto-estima e responsabilidade para com seus parceiros sexuais. A exposição foi teórico-prática, com auxílio de quadro verde, cartazes, fotos e preservativos feminino e masculino. Na dinâmica de despedida foi demonstrada a colocação de preservativo masculino na mão, comprovando a resistência do material através do manuseio. 7.3.2 Oficina 2: Confecção de cartazes Houve a confecção de cinco cartazes com os seguintes temas: HIV/AID, HPV, hepatite C, herpes genital e clamídia. Para a confecção dos cartazes foram utilizados os seguintes materiais: cartolinas, papel pardo, pincéis atômicos, fita crepe, cola, tesoura, régua, caneta hidrográfica, figuras de revistas e/ou jornais: família rica, família pobre, 55 sujeito drogado, homem saudável, homossexuais masculinos e femininos, pessoa da raça branca, pessoa da raça negra, mulher e seus filhos/as, prostituta, homem com carro importado, homem com carro popular. Conforme combinado na aula anterior a turma já havia sido dividida em cinco grupos (ANEXOS B a E), sendo que cada um ficou responsável de abordar umas das seguintes doenças: HIV/AIDS, HPV, hepatite C, herpes genital e clamídia, juntamente com os sintomas, transmissão, índices epidemiológicos, conseqüências e prevenção. Conforme solicitação de figuras e revistas de vários estereótipos, podemos observar que independentemente do grau de instrução, gênero, posição social, criança, mulher e homem, todos estão suscetíveis à exposição de uma das doenças estudadas. Podemos verificar também o preconceito ao qual as pessoas contaminadas estão sujeitas a enfrentarem, tanto por parte da sociedade quanto da família, namorados e amigos. 7.3.3 Oficina 3: “Caixinha de Perguntas” Propiciar aos educandos um espaço para refletir, vivenciar, discutir os temas trabalhados nas oficinas de forma a esclarecer, sem rodeios as dúvidas e perguntas contidas na “caixinha de perguntas”. A turma será organizada em circulo para que todos os educandos possam ter maior visibilidade com os outros colegas. Sem identificação, cada aluno poderá colocar no papel que foi entregue o seu questionamento. O educador tirará aleatoriamente da caixa um papel por vez lerá e responderá a questão proposta. Reafirmar aos educandos o cuidado com o corpo, auto-estima. Após a discussão desses temas, será realizada a exposição dos cartazes confeccionados pelos educandos no mural da escola. Foram utilizados os seguintes materiais: uma caixa, papel e caneta. 7.3.4 Oficina 4: Confecção da Camiseta Ao lidar com os adolescentes, devemos trabalhar a auto-estima, pois esses estão passando por uma fase de mudanças o que é de extrema importância fazê-los se valorizarem como pessoas abordando de forma criativa 56 a temática com o slogan da confecção da camiseta: “Eu me amo, uso preservativo!”. Serão utilizados os seguintes materiais 25 camisetas brancas, tintas de tecido, água, pincéis e jornal (ANEXO J). Para finalizar as atividades será realizado um coquetel com salgadinhos e refrigerantes e serão fotografados os educandos vestindo as suas próprias camiseta 8 RESULTADOS E DISCUSSÃO As oficinas ao serem apresentadas como assunto transversal como proposta para a minha monografia foi muito bem aceita pelos adolescentes do ensino médio. Na oficina 1 com a exposição teórica do tema DST, os alunos apreciaram e ficaram admirados com polígrafo que havia sido criado para essa proposta, verificou-se que a maioria das aulas normais são fixas ao livro didático. Alguns alunos até falavam: “esse polígrafo vai ser nosso”, isso que é foi apenas a fotocópia do material confeccionado. Já na confecção de cartazes, todos os alunos trouxeram material de casa, sendo livros, enciclopédias, cartinhas, pesquisas na internet.Todos os grupos se mobilizaram para a pesquisa, mas ao final apenas quatro dos cinco grupos realizaram a atividade. Como a “caixinha de perguntas”, já havia rolado nos debates na primeira aula, foram lançados os alunos que deveriam me entregar na próxima aula três perguntas: Porque devo usar preservativo?; Que cuidados devo ter com meu corpo?; Você se ama? (ANEXOS F a I) Seguem algumas considerações a respeito das respostas: Dos 25 (100%) alunos, apenas 11 entregaram (44%), sendo que 7 (28%) relatam que devem utilizar o preservativo não somente para prevenir as DST, mas também no cuidado da gravidez não planejada; Referente à segunda pergunta, 11(44%) adolescentes escreveram que possuem o cuidado com seu corpo; dentre esses cuidados esta a alimentação saudável, prática de exercícios físicos e higiene pessoal. 58 Já na terceira pergunta a grande maioria falou sobre respeito com o corpo, responsabilidade, cuidar-se, parceiro e quem ama cuida. Todos relataram se amar , apenas um falou que não se ama. Por outro lado a confecção da camiseta foi um sucesso, dos 25 alunos apenas um não realizou a proposta, escrevendo apenas o seu nome. Um aspecto observado é que os alunos que não haviam realizado o cartaz foram os mais criativos, o que demonstra grande disposição para outras práticas mais focadas em artes, desenhos e pensamento criativo. Quanto os desenhos utilizados na confecção das camisetas, verificou-se que todas as meninas representavam o uso do preservativo de forma romântica, apaixonadas, com figuras de coração, estrelas e casais abraços. Já os meninos representavam o preservativo de forma mais desapegada de sentimentos, sem relação com o amor (ANEXOS L a R). O que se percebe e que desde pequena, a mulher sonha com o amor colorido, que na adolescência começa a florescer. Já os meninos, verificar-se aquela coisa mais de macho, racional , sem sentimentos envolvidos. O que no futuro acaba prejudicando as mulheres nos seus relacionamentos e tornandoas submissas em sem relacionamentos, não solicitando a utilização do preservativo. Acaba sendo atingida pelos sentimentos de perda e cedendo. Devido a esses fatores os adolescentes de ambos os sexos devem estar muito bem informadas para não se tornarem vítimas das doenças sexualmente transmissíveis, mas sim capazes de amar. 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS Foi muito importante poder colocar em prática as oficinas de DST para os adolescentes do ensino médio no colégio em que realizei meus três estágios anteriores, pois esse contato anterior serviu como base para conhecer a necessidade de orientá-los da melhor maneira possível e também serviu como inspiração na pesquisa. A importância desse trabalho veio do conhecimento de que a cada ano vem aumentado o número de adolescentes, principalmente do sexo feminino contaminados pelo vírus HIV, e assim, mais suscetíveis a outras doenças sexualmente transmissíveis. Além da suscetibilidade a DST, a falta de prevenção também aumenta a ocorrência de gravidez não planejada. O que pude analisar é que todos os educandos aceitaram muito bem as propostas oferecidas para a realização desta monografia, a grande maioria se esforçou para a realização das atividades, sendo na exposição teórica das doenças , na confecção dos cartazes, no bate papo e na confecção da camiseta, com o slogan “Eu me amo, uso preservativo!”. Havia um debate planejado para a segunda oficina mas, na primeira oficina, a maioria entrou no clima do bate papo, expondo suas idéias, revelando-se interessados e bem informados sobre os assuntos. A maioria dos adolescentes sabe da importância da utilização do preservativo, mas não a solicitam ao parceiro por insegurança ou medo do preconceito, iniciando um histórico de submissão, em seus relacionamentos. Relacionei também a incidência de adultos de ambos os sexos contaminados à de bebês, que devido à irresponsabilidade dos pais, nascem contaminados e são, muitas vezes, discriminados e abandonados. 60 Na realização dos cartazes, apenas o grupo composto por rapazes com problemas disciplinares não trabalhou, porém, em contrapartida, foi o grupo que elaborou as camisetas mais interessantes. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde: Adolesite. Disponível em <http://www.adolesite.aids.gov.br/adolesite.htm>. Acessado em 10/05/2007. BRASIL. Ministério da Educação: Parâmetros Curriculares Nacionais. 1999. BRASIL. Ministério da Saúde. DST/AIDS. www.aids.gov.br>. acessado em 26/11/2006. Disponível em <http:// BRASIL. Roche – Hepatite C. Disponível em <http://www.hepatitec.com.br/sc/ hepatite/Web/Hepatite/C/>. Acessado em 29/09/2007. CALLIGARIS, Contardo. A adolescência. São Paulo: Publifolha, 2000. CAMPBELL, Linda. Ensino e aprendizagem por meio das inteligências múltiplas. 2o ed. 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Porto Alegre: Artmed, 2006. 63 ANEXO A – Polígrafo 64 65 ANEXO B – Fotos: grupo HIV/AIDS. 66 ANEXO C – Fotos: grupo clamídia 67 ANEXO D – Fotos: grupo hepatite C 68 ANEXO E – Fotos: grupo HPV 69 ANEXO F – Porque devo utilizar o preservativo – por Carla 70 ANEXO G – Porque devo utilizar o preservativo – por Caroline 71 ANEXO H – Porque devo utilizar o preservativo – por Pâmela 72 ANEXO I – Porque devo utilizar o preservativo – por Deisiane 73 ANEXO J – Foto: confecção das camisetas 74 ANEXO L – Ilustração: prevenção é a solução 75 ANEXO M – Ilustração: árvore de preservativo 76 ANEXO N – Ilustração: preservativo do amor 77 ANEXO O – Ilustrações: formas de utilização do preservativo. 78 ANEXO P – Ilustrações: o preservativo. 79 ANEXO Q – Fotos: camisetas prontas 80 ANEXO R – Fotos: turma 215 com as camisetas prontas.