Salivação de cochonilhas (Pseudococcidae) em dieta

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Salivação de cochonilhas (Pseudococcidae) em dieta artificial 1
Ana Luiza Viana de Sousa(2), Lenira Viana Costa Santa-Cecília(3), Ernesto Prado(4)
(2)
(3)
Bolsista PIBIC FAPEMIG/EPAMIG, [email protected];
Pesquisadora IMA/EPAMIG – Lavras, [email protected];
(4)
Pesquisador Visitante EPAMIG – Lavras
Introdução
As cochonilhas-farinhentas (Hemiptera, Pseudococcidae) são insetos
sugadores de seiva e constituem-se pragas de diversas plantas cultivadas,
entre estas, o cafeeiro Coffea spp. (SANTA-CECÍLIA et al., 2007). Esses
insetos possuem o aparelho bucal sugador labial tetraqueta e a alimentação
ocorre com a inserção dos estiletes nos tecidos da planta, para posteriormente
atingirem o floema, onde se alimentam (SANTA-CECÍLIA, 2003). Assim, a
interação entre a cochonilha e a planta hospedeira ocorre principalmente em
nível de tecidos da planta. Para encontrar os tubos crivados, os estiletes devem
percorrer parte dos tecidos da planta, onde ocorrem importantes interações
entre ambos os organismos.
Por meio do estudo do comportamento alimentar de alguns insetos
sugadores foi constatada a ocorrência de dois tipos de saliva: geleificada e
aquosa. A primeira, formada durante a penetração dos estiletes em nível de
mesófilo e, a segunda, quando atingem o floema. Com o monitoramento
eletrônico da alimentação de insetos sugadores ao utilizar a técnica de
electrical penetration graphs (EPG), são visualizadas as ondas denominadas
‘B’, que correspondem à excreção de saliva para a formação da bainha, a qual
tem a função de manter os estiletes unidos durante a prova, além de evitar
seus contatos com as substâncias tóxicas produzidas durante a inserção nos
tecidos da planta (TJALLINGII, 1988).
Considerando-se a escassez de informações sobre o comportamento
alimentar das cochonilhas-farinhentas, este trabalho teve como objetivo estudar
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Pesquisa financiada pelo Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café
(CBP&D-Café).
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a salivação desses insetos e associar a formação da bainha salivar com
determinadas ondas obtidas durante a fase de ‘caminhamento’ dos estiletes.
Material e Métodos
O presente trabalho foi conduzido no Laboratório do Centro de Pesquisa
em Manejo Ecológico de Pragas e Doenças (EcoCentro) do Centro
Tecnológico do Sul de Minas (CTSM) da EPAMIG, Lavras, MG.
Como não é possível a visualização direta da penetração dos estiletes da
cochonilha no interior dos tecidos da planta, o estudo foi realizado em meio
artificial. Dois sistemas foram estudados. O primeiro consistiu em colocar água
com açúcar (10%) sobre uma lâmina com cavidade e coberta por Parafilm®. As
cochonilhas, Planococcus citri (Risso), foram colocadas sobre a membrana e o
interior do líquido foi inspecionado com lupa e microscópio acoplados a um
vídeo para a filmagem.
O segundo método utilizou placas de Petri com ágar-água, deixando as
cochonilhas diretamente sobre o substrato, observando-as com uma lupa
acoplada a um vídeo para a filmagem. As observações sobre a inserção dos
estiletes foram realizadas por um período de 24 horas.
Resultados e Discussão
Os estiletes foram visualizados nas cochonilhas colocadas sobre ágar,
porém nenhuma salivação foi detectada com esta metodologia.
Na dieta contendo água e açúcar, os estiletes foram observados com
detalhes da salivação. O aparato bucal das cochonilhas foi capaz de atravessar
a membrana de Parafilm® imitando a penetração dos estiletes nos tecidos
vegetais. Com uma frequência regular existem secreções de saliva que
correspondem às ondas denominadas ‘B’ obtidas no EPG, as quais vão
diminuindo de intensidade. Isto é observado tanto no EPG como na dieta
artificial. Entre as salivações principais e à medida que o estilete avança, são
produzidas salivações menores que vão construindo a bainha salivar, típica
desses insetos sugadores. No EPG, são observadas oscilações de menor
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intensidade entre as ondas ‘B, que obedecem estas pequenas secreções de
saliva (Fig.1).
O comprimento do estilete dentro da dieta atingiu 5 mm, aproximadamente o
triplo do comprimento da cochonilha.
Conclusão
A inserção dos estiletes de P. citri em dieta artificial apresentou salivações
principais intercaladas por outras menores. Todas formam a bainha salivar e
correspondem às ondas ‘B’, nos estudos de EPG.
Agradecimento
Os autores agradecem ao Consórcio Brasileiro de Pesquisa e
Desenvolvimento do Café (CBP&D-Café) pelo financiamento da pesquisa e à
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) pela
concessão de bolsa de iniciação científica.
Referências
SANTA-CECÍLIA, L.V.C. Interação Cochonilha (Pseudococcidae)- planta
avaliada mediante estudos biológicos e da técnica de “Electrical
Penetration Graphs” (EPG). 2003. 84 p. Tese (Doutorado em Entomologia)Universidade Federal de Lavras, Lavras.
_______; SOUZA, B.; SOUZA, J.C. de
FORNAZIER,
M.J.;
CARVALHO,
PRADO, E.; MOINO JUNIOR, A.;
G.A.
Cochonilhas-farinhentas
em
cafeeiros: bioecologia, danos e métodos de controle. Belo Horizonte: EPAMIG,
2007. 48p. (EPAMIG. Boletim Técnico, 79).
TJALLINGII, W.F. Electrical recording of stylet penetration activities. In: MINKS,
A.K.; HARREWIJN, P. Aphids, their biology, natural enemies and control.
Amsterdam: Elsevier, 1988. v. 2, p.95-107.
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Figura 1 - Monitoramento eletrônico de uma inserção dos estiletes da cochonilha Planococcus
citri (Risso) em plantas de cafeeiro, com oscilações que mostram a salivação.
NOTA: EPG – Electrical penetration graph.
Ondas B no início de uma prova, registros com EPG
Ondas B posteriores
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