AIDS : tratamento com naltrexone em baixas doses

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AIDS : tratamento com naltrexone em baixas doses
09/10/2006
José de Felippe Junior
Vamos apresentar trabalho pioneiro do descobridor do emprego do naltrexone em baixas doses na AIDS, o Dr. Bernardo Bihari.
O naltrexone neste estudo foi usado na dose de 1,75 mg ao deitar. Posteriormente mostrou-se que na AIDS a dose ideal é de 3,0 a
4,5mg ao deitar.
Trinta e oito pacientes com AIDS receberam 1,75 mg de naltrexone, um antagonista de opiáceo, de uma maneira duplo cega e
controlada com placebo. O grupo com naltrexone mostrou uma queda significante dos níveis patologicamente elevados de interferon
alfa (alfa IFN) em período de 3 meses de tratamento comparado com o grupo placebo ( p< 0,01). Após este período o grupo placebo
foi transferido para o grupo naltrexone. Assim dos 38 pacientes que receberam naltrexone 23 mostraram marcante declínio dos níveis
de alfa IFN ( queda de 144,9ui para 11,0 ui em período de 12 meses) e 15 pacientes não mostraram alteração . Durante o estudo 19
dos 23 pacientes com declínio dos níveis de alfa IFN sobreviveram enquanto somente 2 dos 15 pacientes sem declínio do alfa IFN
,sobreviveram no mesmo período ( p<0,01). Houve grande diminuição das infecções oportunistas no grupo dos 23 pacientes. Não se
observou efeitos colaterais .
Os resultados indicam que 61% (23/38) dos pacientes com AIDS tratados com baixas doses de naltrexone responderam com
marcante queda dos níveis de alfa interferon. Esta queda provoca mudanças da função imune a qual protege este grupo das infecções
oportunistas e a progressão para o desenlace fatal. Esta proteção clínica não foi acompanhada pelo aumento absoluto do CD4 ou da
relação CD4/CD8.
Muitos pesquisadores têm demonstrado que a elevação contínua do alfa IFN contribui na patofisiologia da AIDS e tem significado
prognóstico negativo. O alfa IFN é um agonista endorphinergico, 800 vezes mais potente que a morfina. Os receptores opiáceos ,
como outros receptores, diminuem em número e sensibilidade na presença de alta concentração do agonista do receptor específico.
Desta forma altos níveis de alfa IFN na AIDS reduz os linfócitos e células precursoras dos linfócitos, via receptor opiáceo.
Há evidência considerável na literatrura que altos níveis de alfa IFN possui potente efeito imunosupressor, particularmente sobre o
número e função das células T helper.
O mecanismo de ação do naltrexone é complexo. Baixas doses da substancia aumenta a função do sistema imune, em parte por
bloquear os receptores Mu que seriam ativados pelo alfa IFN. O bloqueio da ativação do receptor Mu, libera os receptores Delta das
células do sistema imune a responderem às encefalinas endógenas e às beta-endorfinas. Em adição o naltrexone provoca o aumento
da produção de CRF (fator liberador de corticotrofina) e de beta endorfina .
Em 10 pacientes com AIDS os níveis séricos de beta endorfina estavam 1/3 inferior aos níveis normais. O naltrexone possui a
habilidade de induzir o aumento de duas endorfinas: beta-endorfina e meta-encefalina.
Após o término do estudo alterou-se a dose para 3 a 4,5 mg de naltrexone ao deitar. Depois de alguns anos 158 pacientes haviam
sido tratados sob este regime. Não se observou queda dos níveis de CD4 neste grupo de pacientes em 18 meses de evolução ( início
com 358 de CD4 e no final de 18 meses : 368). Nos 55 pacientes que não receberam a droga ou a ingeriram de modo irregular houve
queda do CD4 de 297 para 176 nos 18 mesess de estudo. Desta forma a baixa dose de naltrexone fez parar a queda progressiva do
CD4 observada nos pacientes com AIDS. A estabilização do CD4 foi acompanhada pela parada de progressão da doença. Nos 103
pacientes com naltrexone houve somente 8 infecções oportunistas, enquanto que nos 55 pacientes sem a droga houve 25 episódios
de infecção oportunista. Houve 13 mortes no grupo sem a droga e apenas uma no grupo com o naltrexone. Alguns pacientes estão no
estudo há 8 anos , sem progressão da doença , sem queda do CD4 e sem evidência de resistência aos efeitos benéficos da droga. Não
houve relatos de efeitos colaterais.
O uso do naltrexone combinado com anti virais de última geração tem mostrado resultados melhores que o anti viral sozinho :
observa-se significativo aumento do CD4.
Muito importante saber que nenhum dos 175 pacientes com inibidores de proteases desenvolveu qualquer sinal de lipodistrofia , exceto
4 pacientes que pararam o naltrexone. Tais pacientes apresentaram reversão do quadro de lipodistrofia em 9 a 10 meses após
voltarem a ingerir novamente o naltrexone. Possivelmente o aumento das endorfinas provocada pelo naltrexone contrabalance os
efeitos lipodistroficos provocados pelo níveis elevados de cortisol no sangue.
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