XVIII Simpósio de Mirmecologia VARIAÇÃO DE ESPÉCIES DE FORMIGAS (HYMENOPTERA: FORMICIDAE) E DE RECURSOS EM ROUPALA MONTANA (PROTEACEAE).* MARAVALHAS, J. & MORAIS, H.C. Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Biológicas, Departamento de Ecologia, Campus Universitário "Darcy Ribeiro", Asa Norte, CEP 70910-900, Brasília, DF, Brasil. E-mail: [email protected] Variation of ant species (Hymenoptera: Formicidae) and resources on Roupala montana (Proteaceae). 509 069 B O objetivo do trabalho foi relacionar as freqüências das espécies de formigas visitantes de Roupala montana (Proteaceae) com a variação de recursos disponíveis na planta, incluindo grupos de Rotundicerus sp. (Hemiptera: Cicadellidae). O trabalho de campo foi feito em área de cerrado sensu stricto do Distrito Federal (15°57%/%S, 47°54%/%W) e foi dividido em quatro períodos: coletas pela manhã, sem os cicadelídeos, na estação seca de 2006 (maio e junho, 98 plantas) e 2007 (abril a julho, 226 plantas); coletas, pela manhã, de formigas associadas aos cicadelídeos, no início das chuvas (setembro e outubro, 69 plantas); e coletas a cada duas horas, durante 24h (novembro, 7 grupos de Rotundicerus sp.). As formigas foram coletadas com aspirador entomológico ou pinça e preservadas em álcool 70%. Na seca 66,5% das plantas examinadas possuíam formigas. Das 25 espécies encontradas as mais freqüentes foram: Cephalotes pusillus (136 ocorrências),Camponotus crassus (38), Camponotus (Myrmaphaenus) sp.2 (33) e Crematogaster stollii (14). Na estação chuvosa Roupala montana apresenta folhas novas, habitat para ninfas do cicadelídeo.Em outubro 28,6% das plantas(n=56) abrigavam Rotundicerus sp., em média 25,4 ninfas compunham cada grupo e 72,2% deles interagiam com formigas. Foram encontradas 15 espécies de formigas associadas aos grupos (36 plantas), sendo as mais freqüentes Camponotus crassus (23), Azteca instabilis (20), Camponotus (Tanaemyrmex) sp. (7), Cephalotes pusillus (6),Cephalotes depressus (5), Crematogaster evallans (5) e Brachymyrmex sp. (4). O levantamento de 24 horas resultou em 10 espécies de formigas e apenas Brachymyrmex sp., Azteca xanthochroa e Azteca instabilis ocorreram nos períodos diurno e noturno e esta última esteve presente continuamente nos doze períodos em um dos grupos. Crematogaster evallans e Camponotus (Tanaemyrmex) sp. só ocorreram a noite e Cephalotes depressus e Camponotus crassus só de dia. Apenas um grupo teve visitas desta espécie continuamente por seis horários consecutivos. Seis grupos tiveram de quatro a sete horários sem formigas. Roupala montana também possui recursos como cochonilhas (todo o ano) e nectários florais e pulgões em brotos de inflorescência (abril a junho), todos explorados por formigas. A variação desses recursos pode afetar a composição das espécies de formigas, por exemplo: em 2006, Camponotus crassus e Azteca instabilis aumentaram, respectivamente, de 5% para 32,4% e de 0% para 11,3% suas freqüências na presença de Rotundicerus sp., enquanto Cephalotes pusillus diminuiu de 20,2% para 8,4%. Em 2007, 10% das ocorrências de Crematogaster evallans (9), 25% de Brachymyrmex sp. (12), 81% de Cephalotes pusilus e 100% de Crematogaster stollii (7) não estavam associadas aos recursos mencionados. No total 35 espécies de formigas foram encontradas forrageando em Roupala montana. *PIC-UnB-CNPq. AUTO-POLINIZAÇÃO DIRETA DO COQUEIRO COCOS NUCIFERA L. VAR. “ANÃO VERDE DA MALÁSIA” POR FORMIGAS. CONCEIÇÃO, E.S. da1,2; COSTA NETO, A. de O.3; MOURA, J.I.L.4; DELABIE, J.H.C.5 1Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Biologia Animal, Entomologia, Insetário, Av. Peter Henry Rolfs, s/no, CEP 36570-000, Viçosa, MG, Brasil. E-mail:[email protected] 2Universidade do Estado da Bahia, Teixeira de Freitas, BA, Brasil. 3Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, BA, Brasil. 3CEPLAC, ESMAI, Una, BA, Brasil. 4 Universidade Estadual Santa Cruz/CEPLAC, Laboratório de Mirmecologia, Ilhéus, BA, Brasil. Direct self-pollination of coconut palm Cocos nucifera L. var. “Green Dwarf of Malaysia” by ants. O coqueiro é uma planta monóica de polinização anemófila, acessoriamente entomófila, que apresenta sobreposição de fases de floração. Esta sobreposição pode ser entre flores da mesma inflorescência (podendo sofrer auto-polinização direta), de inflorescências distintas numa mesma planta (auto-polinização indireta) e em algumas variedades, sobreposição mais ou menos completa da fase feminina, parcialmente com fase masculina da mesma inflorescência, e parcialmente com a fase masculina da inflorescência posterior (auto-polinização semi-direta). No caso dos coqueiros da var. “Anão Verde da Malásia”, plantados na Estação Experimental Lemos Maia, em Una, Bahia, onde foi desenvolvido este experimento, pode acontecer auto-polinização direta e indireta. O presente estudo teve como objetivo avaliar a capacidade de abelhas e formigas para auto-polinização direta. De novembro de 1996 a janeiro de 1997, foram demarcadas inflorescências que oferecessem, simultaneamente, flores masculinas abertas e femininas receptivas, ou seja, que correspondessem ao período de sobreposição da fase feminina e masculina. Observou-se a seqüência de visitas das espécies de formigas e abelhas mais comuns em relação ao sexo das flores. Foram realizadas 50 observações para cada espécie. As análises foram feitas com auxílio de uma tabela comparativa das seqüências masculina-feminina (n1), feminina-masculina (n2), masculina-masculina (n3) e feminina-feminina (n4), a fim de determinar a percentagem de seqüência de visitas dos insetos favorável à polinização. A formiga que apresentou o maior escore de seqüência favorável foi Pseudomyrmex gracilis (14% das observações), sendo que a abelha Apis mellifera apresentou a mesma percentagem. Estas espécies foram seguidas respectivamente por Camponotus crassus (8%) e Pseudomyrmex termitarius (6%). Outras espécies de formigas e abelhas mostraram-se menos influentes sobre o processo, com percentagens abaixo de 4%. Muitos entomologistas argumentam contra a possibilidade das formigas serem polinizadores eficientes. No entanto, quando se trata de auto-polinização direta em coqueiro, é provável que estes insetos sejam mais eficientes do que abelhas, reputadas como polinizadores potenciais dessa planta, em razão do comportamento ativo das formigas nas inflorescências, mais favorável ao carreamento do pólen de uma flor à outra. Biológico, São Paulo, v.69, suplemento 2, p.475-544, 2007 070 B