Revista Brasileira de Geografia Física

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Revista Brasileira de Geografia Física 05 (2012) 1215-1226
Revista Brasileira de
Geografia Física
ISSN:1984-2295
Homepage: www.ufpe.br/rbgfe
Análise do Processo de Voçorocamento e Proposta de Ordenamento Territorial
no Litoral Sul da Paraíba (Brasil)
Bilal Sanmartin Paladini1, Rafael Cámara Artigas2, Eduardo Rodrigues Viana de Lima3
1
Geógrafo – Aluno da Pós-Graduação da Universidade de Sevilha – Espanha. E-mail: [email protected];
Geógrafo – Professor da Universidade de Sevilha - Espanha. E-mail: [email protected]; 3Geógrafo – Professor da
Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa/PB. E-mail: [email protected].
2
Artigo recebido em 17/07/2012 e aceito em 15/09/2012
RESUMO
Para se chegar a uma proposta de ordenamento territorial no sentido de minimizar os problemas decorrentes dos
processos erosivos intensos existentes no litoral paraibano, foi feito um estudo sobre a gênese de duas voçorocas,
buscando-se propor uma hipótese baseada nas mudanças do uso do solo, uma vez que a área sob estudo é muito sensível
a esse tipo de processo erosivo devido suas características geomorfológicas, climatológicas e de uso do solo. A partir
do conhecimento da gênese desses processos erosivos e através de uma cartografia de riscos naturais associados a
voçorocas, foi proposto o ordenamento territorial do litoral sul da Paraíba, levando em consideração a possibilidade de
criação de corredores ecológicos entre manchas de Mata Atlântica e outros tipos de vegetação nativa em áreas
susceptíveis a erosão linear.
Palavras-chave: Voçoroca, piping, laterita, erosão.
Review of the Voçorocamento and Proposed Land Use
on the South Coast of Paraiba (Brazil)
ABSTRACT
The main objective of this work is to make a proposal of natural resources management with the aim of generate
cartography of natural hazards linked to gullies. The final aim of the research is to create cartography of natural hazards
linked to gullies processes in order to create corridors between patches of Atlantic Forest. A description of two
voçorocas was executed to formulate a hypotesis aiming to explain the genesis of the erosion based on land uses
changes. Finally we explained the recover and stabilitation process on the erosion carried out by the LEPAN
(Laboratory of Spacial Analisis - Federal Universtity of Paraiba). Our area is very susceptible to gully processes due his
geomorphology, climatology and human occupation.
Keywords: Voçoroca, piping, laterite, erosion.
Ravinas e voçorocas são incisões no
1. Introdução
O
desenvolvimento
de
voçorocas
solo resultado da tendência dos sistemas
constitui um importante risco geomorfológico
naturais a atingir um estado de equilíbrio
na zona intertropical, que afeta o homem e
entre a energia disponível (das enxurradas
suas atividades, já que provocam uma perda
para erodir) e a eficiência do sistema em
de solos cultiváveis, assim como uma ameaça
dissipar energia (das vertentes) (Guerra et al.,
às infraestruturas.
1999).
*
E-mail
para
correspondência:
[email protected] (Paladini, B. S.).
Paladini, B. S.; Artigas, R. C.; Lima, E. R. V.
No que respeita aos solos, tanto a
mudança na quantidade de energia disponível
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(aumento dos fluxos superficiais concentrados
que pode haver entre as áreas-núcleo ou fonte
de água), como a eficiência do sistema em
desse
dissipar energia (proteção do solo pela
estabelecimento de corredores ecológicos.
tipo
de
vegetação,
mediante
o
vegetação), podem levar para uma situação de
Para isso, é gerado como resultado um
desequilíbrio entre a energia disponível e a
mapa de ordenamento dos recursos naturais
capacidade de dissipar energia.
na escala 1:25.000, com aplicações para a
Ravinas e voçorocas são, portanto,
conservação do litoral sul da Paraíba, levando
canais incisivos resultado das mudanças
em consideração
naturais
geomorfológicos
produzidas
pelo
homem
na
capacidade que um sistema tem de dissipar
associados
A área de estudo
O processo de desenvolvimento de
e
ravinas
Assentamento Rural Dona Antônia, criado no
ano 1996, com o apoio da Comissão Pastoral
desenvolvimento de voçorocas) começa após
da Terra (CPT). O assentamento tem uma área
o impacto da gota de chuva sobre o solo nu.
de 150 km2, abriga 110 famílias e está
Esse impacto quebra os agregados do solo em
dividido em 110 parcelas, com 5 hectares
agregados
cada uma (Figura 1).
e
os
prévios
se situa no
ao
menores
(estágios
ao
desenvolvimento de voçorocas.
energia.
sulcos
a prevenção de riscos
desloca.
Os
agregados já quebrados recheiam os poros da
A área de estudo compreende uns 150
superfície do solo diminuindo a porosidade,
km2 da Formação Barreiras. A história deste
dificultando a infiltração e fomentando a
setor inclui episódios tectônicos, oscilações
concentração do fluxo superficial de água
climáticas e do nível do mar acontecidas
(Guerra et al., 1999).
durante o Cenozóico, principalmente durante
Na zona litorânea da Paraíba tem
o Quaternário. Os baixos planaltos costeiros
ocorrido diversos problemas relacionados aos
foram formados por diferentes fases de
processos erosivos lineares, uma vez que a
deposição ao longo do Terciário, desde o
mata Atlântica tem sido eliminada desde a
Oligoceno até o Plioceno médio, a partir da
colonização portuguesa, restando somente
erosão do material desagregado do Maciço da
0,6% da sua extensão original nesse trecho
Borborema, que repousa sobre o Pré-
(SUDEMA, 2004). A mata foi removida
cambriano ou sobre o Cretáceo (Carvalho,
principalmente para o cultivo de cana-de-
1982).
açúcar.
realizadas sobre o Grupo Barreiras, se
Em virtude desse fato, o principal
Em
análises
sedimentológicas
constatou que as fontes de sedimentos são
objetivo deste trabalho é fazer uma proposta
granitos,
de proteção e conservação dos remanescentes
predominantes no Planalto de Borborema
de mata atlântica, através da conectividade
(Furrier, 2007).
Paladini, B. S.; Artigas, R. C.; Lima, E. R. V.
gnaisses
e
xistos,
litologias
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Figura 1. Localização da área de estudo.
A formação Barreiras compreende
meteorização das rochas.
sedimentos limo-argilosos e arenosos mal
Pode-se constatar que a precipitação
selecionados, com linhas de gravas, sem
média na área é de 1700 mm, sendo junho o
estratificação. A área de estudo apresenta
mês mais chuvoso, com um total de 300 mm
vertentes
aproximadamente. O mês mais seco é
convexas
propensas
a
serem
seccionadas por sulcos e longas ravinas
novembro, com 30 mm (SUDEMA, 2004).
originadas pela concentração do escoamento
As precipitações no litoral da Paraíba
superficial. As concreções lateríticas de média
são motivadas por diferentes frentes, e isto se
encosta atuam como camada impermeável e
traduz numa desigual distribuição intra-anual
fazem
e inter-anual das chuvas, acontecendo chuvas
surgir
os
fluxos
subsuperficiais
(Carvalho, 1982).
importantes durante o verão seco. Portanto, o
O clima é o principal agente exógeno
desenvolvimento de ravinas e voçorocas pode
modelador do relevo. Está constituído por um
ser importante durante esta estação, se o ano
grupo de elementos que o caracterizam:
for chuvoso.
temperatura,
pressão,
nebulosidade,
A atividade econômica que provocou
precipitações, insolação e ventos. Dentre
mais desmatamento foi a cultura da cana-de-
todos eles os mais importantes no processo de
açúcar, especialmente após a criação do
intemperismo
Programa
são
a
temperatura
e
a
Nacional
do
Álcool
precipitação. Em lugares onde a precipitação
(PROALCOOL), em meados dos anos 70 do
e a temperatura são elevadas, predomina o
século passado. O aumento da área cultivada e
intemperismo
da quantidade produzida de cana entre 1970 e
químico
no
processo
Paladini, B. S.; Artigas, R. C.; Lima, E. R. V.
de
1217
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1985 foi de 388% e 370,9%, respectivamente
utilizando GPS.
(SUDEMA, 2004), restando somente 0,6% da
De outro lado, para auxiliar na
extensão original de mata atlântica no estado
identificação da dinâmica erosiva e conhecer
da Paraíba no ano 2001. A aplicação principal
melhor o avanço das mesmas, foi aplicada a
desta cultura era a produção de biodiesel.
metodologia de Guerra (1999), de colocar
A expansão dos agrocombustiveis é
estacas ao redor das bordas das voçorocas.
uma atividade insustentável e consumidora de
muita água (350 litros por kg de cana
produzida).
ilimitado
O
é
um
crescimento
fator
de
b) Técnicas cartográficas
econômico
redução
O mapa de uso do solo, de localização
da
das voçorocas e de riscos naturais foram
biodiversidade, sendo uma atividade poluente,
elaborados utilizando-se o software ArcGIS
exportadora e concentradora de riqueza, e que
9.2.
provoca a exploração da classe trabalhadora
(Paladini, 2008).
Primeiramente,
foi
realizada
uma
classificação dos usos do solo através da
Na área de estudo existe uma luta pela
fotointerpretação de fotos aéreas de 1970, de
terra e pela água entre os camponeses sem
1985 e da imagem satélite de 2002, para
terra (muitos deles descendentes de escravos)
conhecer a inter-relação entre a mudança de
e os latifundiários. Existe, portanto, um
uso de solo e a gênese das voçorocas.
conflito de interesses na hora de considerar o
Posteriormente, foi desenvolvida uma
que significa improdutivo em termos tanto
cartografia de riscos por erosão associada a
qualitativos como quantitativos.
fluxos
concentrados
(processos
de
voçorocamento). Os lugares sensíveis ou
2. Material e Métodos
vulneráveis a desenvolver voçorocas são os
A hipótese de partida neste trabalho é
campos de cultivo ou outros usos do solo que
a de que a eliminação da coberta vegetal
deixam a superfície exposta e desprotegida
natural concentra o escoamento, acelerando os
ante a ação da enxurrada. Para ter esta
processos erosivos associados a voçorocas. O
informação
método desenvolvido contempla as seguintes
reclassificação com a imagem satélite (do ano
etapas:
2002) da área de estudo.
foi
preciso
realizar
uma
Segundo a metodologia de Guerra
a) Técnicas de campo
(1999), as áreas que apresentam pendentes de
Trabalhos de campo foram realizados
até 6,85° se consideram de risco baixo ante
para medir as morfologias de erosão, para
processos de voçorocamento, entre 6,85° e
obtenção de amostras estratigráficas e para
11,3°, o risco é médio, e com mais de 11,3° o
realização de observações das voçorocas
risco é alto. O mapa de declividade foi gerado
Paladini, B. S.; Artigas, R. C.; Lima, E. R. V.
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com o módulo SLOPE do ArcGis 9.2, a partir
menor capacidade de infiltração, gerando um
de um Modelo Digital de Elevação.
fluxo de água subsuperficial no contacto de
Os lugares que apresentam risco ante
ambas. Os lugares onde ocorrem os fluxos de
esses processos são as áreas de cabeceira de
água subsuperficiais se denominam dutos
drenagem sobre formações de textura arenosa
(português) ou piping (inglês).
e áreas com grande precipitação, que é o caso
da área de estudo.
O fluxo que emana deles também
transporta sedimentos das camadas superiores
As áreas de cabeceira de drenagem em
que se agregaram à água infiltrada. À medida
zonas desmatadas (susceptibilidade) e com
que aquele material é removido, o canal
maior
a
aumenta e produz o colapso do material
cartografia de riscos por processos de
situado acima, dando origem à voçoroca
voçorocamento ou erosão linear.
(Suertegaray, 2008). Esse colapso é o
declividade
(perigo)
produz
resultado da configuração de um fluxo de
água formado sob pressão, em sentido
c) Técnicas de laboratório
Foram
feitos
granulométricos
para
dois
perfis
conhecer
as
contrário àquele procedente da infiltração que
se desloca a montante.
características texturais e a condutividade
De outra parte, a voçoroca localizada
hídrica, e então poder inferir sobre os
na estrada de terra foi originada por processos
processos
superficiais com ravinas, e por pipings que
de
evolução
hexogenética
e
pedogenética nas voçorocas.
originaram sulcos, favorecendo a circulação
subsuperficial. Embora esta feição erosiva se
situe numa vertente distribuidora, a estrada
3. Resultados e Discussão
No assentamento Dona Antônia pode-
deixa o solo desprovido de obstáculos, e as
se observar a existência de duas voçorocas.
enxurradas se concentram sobre ela (Figura
Uma localizada na zona de fluxo natural das
2).
águas, ou seja, em uma vertente coletora, e
A análise granulométrica do perfil das
outra localizada em uma estrada de terra,
duas voçorocas mostra um predomínio da
originada por processos superficiais.
fração areia em todo o perfil (86-92-77-57 e
A
primeira
voçoroca
originou-se
55%), aumentando na base a fração silte-
quando o fluxo superficial atingiu o nível
argila (aproximadamente 40%). Nos perfis
freático através dos pipes. Este fluxo,
sedimentológicos de ambas observa-se que a
desenvolvido sobre uma formação arenosa e
voçoroca
desprovida da vegetação, após a retirada da
apresenta um perfil mais homogêneo de
mata e o plantio de coco, fica sobre uma
arenito e laterita originado pela lixiviação do
camada de silte e de concreções de ferro com
ferro (Figura 3 e Foto 1).
Paladini, B. S.; Artigas, R. C.; Lima, E. R. V.
desenvolvida
sobre
a
estrada
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Trilhas
Parcelas
Curvas de nível
Área de reserva
Cultivos tradicionais
Mata
Coco
Voçoroca na trilha
Voçoroca de vertente coletora
Figura 2. Localização e uso do solo nas áreas de ocorrência de duas voçorocas no litoral sul da
Paraíba (Elaboração: Paladini, 2009).
Seixos: 0,08%; Areia: 86,36%; Silte e argila: 12,83%
Seixos: 2,17%; Areia: 92,54%; Silte e argila: 5,28%
Camada de silte e seixos.
Seixos: 2,15%; Areia: 77,65%; Silte e argila : 20,19%
Presencia de alguns ferricretes.
Seixos: 0,5 %; Areia: 57,3%; Silte e argila: 42,2%
Maior presença de concreções ferralíticas.
Seixos: 2,54 %; Areia: 55,66 %; Silte a argila:
41,79%
Nível que sustenta o aqüífero e os pipings por onde
escoa a água.
Figura 3. Estratigrafia de voçoroca da vertente coletora, com pipings
(Modificado de Porto Lima, 2005).
Paladini, B. S.; Artigas, R. C.; Lima, E. R. V.
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Foto 1. Perfil simplificado da voçoroca formada na estrada (Bilal Paladini, 2009).
A aplicação da metodologia de Guerra
dia 13 de maio de 2009. Quatro meses
(1999) de medir o avanço de voçorocas
mais tarde, coincidindo com o período
mediante estacas
mais chuvoso, as estacas continuavam
forneceu
os
seguintes
resultados:

a uma mesma distância e não se
Voçoroca da vertente coletora: Foram
observaram
blocos
desprendidos
colocadas sete estacas em diferentes
dentro da erosão da voçoroca (Figura
pontos a distâncias de 10 metros, no
4).
Figura 4. Estacas colocadas nas bordas da voçoroca da vertente coletora (Modificado de Porto
Lima, 2005).
Paladini, B. S.; Artigas, R. C.; Lima, E. R. V.
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
Apresenta
métrica em um ponto onde se observa
avanço de alguns centímetros em
a caída de um bloco do talude vertical
alguns pontos e um avanço de ordem
(Fotos 2 a 4).
Voçoroca
da
estrada:
Fotos 2. Estacas colocadas ao redor da voçoroca desenvolvida sobre a estrada e blocos
desprendidos dentro da mesma (Bilal Paladini, 2009).
Foram identificados e espacializados
5).
três tipos de riscos: por formação de ravinas,
Diante da identificação de como se dá
por avanço de voçorocas e por formação de
o processo de voçorocamento nesse trecho do
voçorocas. O primeiro tipo corresponde
litoral paraibano, foi possível gerar um mapa
àquelas
de ordenamento do território para toda área de
áreas
sem
vegetação,
que
se
encontram ao lado ou nas cabeceiras das
estudo,
voçorocas.
características físicas. A geração do mapa
tributárias
O
ou
segundo
são
secundárias,
as
ravinas
que
que
apresenta
as
mesmas
se
seguiu os princípios do método ecodinâmico
desenvolvem nas cabeceiras das vertentes de
(Díaz del Olmo, F. Cámara Artigas, R, 2004),
menor ordem, com maior altitude. Por último,
que baseia-se na gestão sustentável dos
as áreas de risco por formação de voçorocas
recursos naturais e nas áreas que apresentam
correspondem às ravinas onde se concentra o
riscos ante a esses processos.
escoamento das vertentes principais (Figura
Paladini, B. S.; Artigas, R. C.; Lima, E. R. V.
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Legenda
Risco de formação de ravinas:
Risco por avanço de voçorocas: Risco por formação de voçorocas:
Alto
Médio
Baixo
Ravina 2ª.
Ravina
Voçoroca
Gully
Alto
Médio
Baixo
Alto
Médio
Baixo
Figura 5. Riscos de erosão linear (Elaboração: Bilal Paladini, 2010).
As áreas núcleo ou de proteção
as zonas de mata atlântica, de mangue e de
integral existentes no mapa, são áreas de
cerrado. As áreas de restauração são aquelas
excepcionalidade e singularidade ambiental,
que sofrem transformações pela atividade
de
sustentabilidade
humana, que, se recuperadas, podem servir
ambiental do território (processos geológicos,
para conexão entre ecossistemas litorâneos
integridade dos ecossistemas, biodiversidade
importantes. As áreas de cabeceira de
e geodiversidade). No caso, corresponde com
drenagem,
importância
para
a
Paladini, B. S.; Artigas, R. C.; Lima, E. R. V.
que
tem
sido
desmatadas,
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apresentam alto risco ante aos processos de
nessa área, no caso as zonas cultivadas que
erosão linear. Por último, as zonas de
não apresentam risco ante aos processos de
aproveitamento sustentáveis são aquelas que
erosão linear (Figura 6).
apresentam uma maior intensidade produtiva
Rio Gurugí
Rio Graú
Rio Mucatu
Legenda
Figura 6. Mapa com proposta de ordenamento do território do litoral sul da Paraíba.
4. Conclusões
evolução de crostas férricas por acumulação
A voçoroca é uma morfologia de
relativa e absoluta do ferro e antigos níveis de
erosão por sufusão, articulada por pipes em
canais aluviais, vinculada a meios tropicais,
substratos arenoso-siltosos com níveis de
afetados por chuvas intensas. A sua gênese
Paladini, B. S.; Artigas, R. C.; Lima, E. R. V.
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pode ser muito rápida (colapso instantâneo),
Os camponeses tiveram uma maior
podendo ter caráter catastrófico quando afeta
consciência dos problemas erosivos gerados
lugares povoados.
ao cultivar em zonas de cabeceira de
O ordenamento dos lugares afetados
drenagem, e demonstraram o interesse em
pelo risco de voçorocas deve atender à
participar de ações de estabilização das
conectividade
voçorocas.
dos
sistemas
naturais,
à
restauração das voçorocas e o fomento das
atividades
humanas
não
intensivas.
A escassez de mapas de grande escala
As
e de imagens de alta resolução espacial da
voçorocas podem servir como elementos de
área de estudo, impediu a geração de mapas
conectividade entre o cerrado de tabuleiro, a
temáticos detalhados, que pudessem dar uma
mata atlântica e o mangue no litoral, e
ideia mais aproximada do grau de proteção
constitui um aporte de água potável para as
que diferentes usos ou tipos de vegetação
comunidades locais dos assentamentos de
podem apresentar ante os processos de erosão
camponeses que se situam nas proximidades.
linear.
A recuperação ou estabilização de uma
A diferenciação de cada processo
voçoroca pode se realizar mediante práticas
segundo a porção da vertente, permite geri-la
de
Na
de forma integral, já que para evitar os efeitos
voçoroca estabilizada do Assentamento Dona
da erosão linear tem-se que intervir sobre o
Antônia, árvores frutíferas foram plantadas ao
conjunto da vertente, respeitando as áreas de
redor dela para manter o solo protegido. No
cerrado e mata atlântica que ainda existem nas
fundo e na cabeceira da voçoroca foram
zonas
plantados bambu e outras espécies, para
estabelecendo áreas de restauração naquelas
forçar a infiltração da enxurrada. É por isso
que estejam desmatadas.
caráter
vegetativo
e
mecânico.
de
cabeceira
de
drenagem
e
que se torna importante intervir em toda a
vertente coletora, e não só a jusante, onde se
desenvolve a voçoroca.
A
Ao apoio fornecido pela Universidade
transformação
improdutivas
em
5. Agradecimentos
de
propriedades
assentamentos
de
camponeses pode gerar mudanças no uso da
Federal da Paraíba, através do Laboratório de
Extensão e Pesquisa em Análise Espacial
(LEPAN), para a realização desta pesquisa.
terra. Os camponeses praticam culturas de
subsistência
como
mandioca,
abacaxi,
6. Referências
maracujá entre outras frutas, assim como
Cámara Artigas, R., Díaz del Olmo, F. (2004).
batata e feijão, em lugar, por exemplo, de
Directrices de gestión para la conservación y
cana-de-açúcar,
desarrollo
na
luta
pela
alimentar.
Paladini, B. S.; Artigas, R. C.; Lima, E. R. V.
soberania
integral
de
un
humedal
centroamericano: Golfo de Montijo (litoral
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del
Pacífico,
Panamá).
ANAM-AECI.
(1999). Erosão e conservação dos solos. Rio
Panamá.
de Janeiro: Bertrand Brasil.
Carvalho, María Gelza R.F (1982). Estado da
Paladini, B. (2008). Algunos datos básicos
Paraíba: classificação geomorfológica. João
sobre
Pessoa, Editora Universitária/UFPB.
http://www.pnuma.org/informacion/noticias/2
los
biocombustibles.
008-01/17/#07-biocombustibles. Última visita
Furrier,
M.
(2007).
Caracterização
01/12/2010.
geomorfológica e do meio físico da folha João
Pessoa - 1: 100.000. Tese doutoral 2005-
SUDEMA (2004). Atualização do diagnóstico
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
florestal do Estado da Paraíba - João Pessoa.
Humanas (FFLCH). Universidade de São
Paulo.
Suertegaray, Dirce María A. (2008). Feições
ilustradas – 3.ed. – Porto Alegre: Editora da
Guerra, A.J.T., Silva, A.S., Botelho, R.G.M.
Paladini, B. S.; Artigas, R. C.; Lima, E. R. V.
UFRGS.
1226
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