UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO (GEO-0345) Mapeamento Geológico da Região do Domo de Igreja Nova (Área Oeste), AL: Contribuição à Estratigrafia e à Tectônica da Bacia Sergipe-Alagoas. Autor: Ajosenildo Nunes da Silva Orientador: Prof. Dr. Emanuel Ferraz Jardim de Sá Natal – RN, Janeiro de 2007 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA RELATÓRIO DE GRADUAÇÃO (GEO-0345) Mapeamento Geológico da Região do Domo de Igreja Nova (Área Oeste), AL: Contribuição à Estratigrafia e à Tectônica da Bacia Sergipe-Alagoas. Autor: Ajosenildo Nunes da Silva Relatório apresentado Universidade Federal do à Rio Grande do Norte como requisito à obtenção do grau de Bacharel em Geologia. Banca Examinadora: Prof. Dr. Emanuel Ferraz Jardim de Sá (Orientador) Prof. Dr. Alex Francisco Antunes (UFRN) Geól. Doutoranda Camilla Bezerra de Almeida (PPGG/UFRN) Natal – RN, Janeiro de 2007 i Resumo O presente relatório aborda os estudos referentes ao mapeamento geológico da Bacia Sergipe-Alagoas em uma área com cerca de 275 km2, localizada no município de Igreja Nova (AL). O mapeamento foi realizado na escala 1:50.000. Neste mapeamento foram identificadas rochas do embasamento cristalino, compostas por micaxistos, gnaisses e granitóides da porção norte da Faixa Sergipana. As rochas sedimentares mapeadas compreendem exposições das seqüências Paleozóica (formações Batinga e Aracaré), Pré-Rifte (Formação Bananeiras) e Rifte (formações Serraria, Barra de Itiúba e Penedo), além da Formação Barreiras (porção superior da Seqüência Drifte Regressiva), que capeia em discordância as unidades precedentes. Juntamente com o mapeamento geológico foram realizadas análises de produtos de sensores remoto, com o objetivo de compreender as relações existentes entre os diversos elementos de paisagens contidos na região e sua correlação com os dados obtidos a partir do mapeamento. As rochas presentes na região central da área correspondem ao flanco ocidental do Domo de Igreja Nova, estrutura caracterizada pelos mergulhos centrífugos da cobertura sedimentar Paleozóica a Cretácea. Pela qualidade das exposições, o mapeamento desta área forneceu uma contribuição adicional em relação à caracterização das diversas unidades, em especial as paleozóicas, cujo conteúdo faciológico é variado. Foram realizados estudos micropetrográficos com a finalidade de caracterizar as rochas de cada formação, nos seus aspectos texturais e composicionais. Os parâmetros identificados e interpretados permitiram o reconhecimento dos eventos diagenéticos ocorridos nas rochas, e auxiliaram na definição dos sistemas deposicionais associados. O arcabouço estrutural da área é constituído por falhas normais e de rejeito direcional, bandas de deformação e juntas de distensão que afetam as rochas da bacia. As estruturas na área foram interpretadas e correlacionadas com a configuração geral e evolução tectônica da bacia, com ênfase no evento de rifteamento Eocretáceo. ii Abstract The present report describes geological studies in the Sergipe-Alagoas Basin, in an area located in the Igreja Nova County – Alagoas State. Mapping of an area with about 275 km2 was accomplished at the scale 1:50,000. Crystalline basement rock, consisting in mica shist, gneisses and granites belonging to the northern portion of the Sergipano Belt, were identified during this mapping. The sedimentary rocks comprise exposures of the Paleozoic (Batinga and Aracaré formations), Pre-rift (Bananeiras Formation) and Rift (Serraria, Barra de Itiúba and Penedo formations) sequences, besides the Barreiras Formation (upper portion of the Regressive Drift Sequence) which unconformably overlies the former units. Coupled with the geological mapping, analysis of remote sensing products were performed aiming to understand the relationships between the landscape elements in the area and the mapping data. The rocks in the central portion of the area correspond to the western flank of the Igreja Nova Dome. This structure is characterized by the centrifugal dips of the Paleozoic to Cretaceous sedimentary cover. Due to the quality of the outcrops, mapping in this area provided an additional contribution to the characterization of different units, especially the Paleozoic, the Batinga and Aracaré formations, which present varied faciological contents. Micropetrographic studies were used to characterize the rocks of each formation, regarding their textural and compositional aspects. The identified parameters allowed the recognition of the diagenetic events that affected the rocks, and provided additional support to interpret associated depositional systems. The structural framework of the area is constituted by normal and strike-slip faults, deformation bands and extensional joints that affect the sedimentary cover. The structures in the area were interpreted and correlated with the basin framework and tectonic evolution, with emphasis on the early Cretaceous rifting event. iii Agradecimentos O início da minha caminhada pelo mundo geológico começou a partir do momento que ingressei na ETFRN. Os conhecimentos adquiridos naquela instituição serviram de base para uma nova etapa e, conseqüentemente, a consolidação como profissional geólogo. Gostaria de expressar os mais sinceros agradecimentos inicialmente ao Prof. Dr. Emanuel Ferraz Jardim de Sá pelo apoio, confiança, ensinamentos e orientações concedidas durante o desenvolvimento dos trabalhos acadêmicos. À equipe de campo pelo apoio e ensinamentos prestados antes, durante e depois dos trabalhos de campo, muito obrigado Camilla Bezerra de Almeida e Axel Antonio Torres de Sousa. Ao professor Cordeiro pelo apoio nas descrições petrográficas; à Liliane Rabelo Cruz pelos ensinamentos e a todos os professores que direta ou indiretamente contribuíram durante a minha vida acadêmica. Aos colegas da ETFRN, Nilton, Ewerton, Raniery e Sheila, muito obrigado pelo apoio e incentivos. A todos os alunos que constituíram a turma 2001.1 e aos poucos que conseguiram ir até o final do curso; (Allany, Arnóbio, César, Jack, Izaac, Jamili, Jaqueline, Juliana, Petterson). Aos meus três grandes amigos, Francisco dos Santos Neto, Luciano dos Santos e Manoel Felipe da Silva Neto, muito obrigado! Aos meus familiares pelo apoio e incentivos, espero que compreendam que a vida acadêmica não é tão simples. Não poderia deixar de expressar os meus mais sinceros agradecimentos a Luana Karina Câmara de Medeiros pelas proveitosas discussões geológicas, muito obrigado! Sumário Resumo ..................................................................................................................................i Abstract ................................................................................................................................. ii Agradecimentos.................................................................................................................... iii Lista de Figuras .................................................................................................................... vi Lista de Tabelas ................................................................................................................. xiv Capítulo I - Introdução ........................................................................................................ 1 1.1. Apresentação ................................................................................................................ 1 1.2. Objetivos e Justificativas................................................................................................ 1 1.3. Localização e Vias de Acesso ....................................................................................... 2 1.4. Aspectos Metodológicos ................................................................................................ 4 1.5. Aspectos Fisiográficos ................................................................................................... 5 Capítulo II – Contexto Geológico Regional......................................................................... 8 2.1. Introdução...................................................................................................................... 8 2.2. Litoestratigrafia .............................................................................................................. 9 2.2.1. Embasamento............................................................................................................. 9 2.2.2. Grupo Igreja Nova .....................................................................................................10 2.2.3. Grupo Perucaba ........................................................................................................11 2.2.4. Grupo Coruripe ..........................................................................................................11 2.2.5. Grupo Sergipe ...........................................................................................................14 2.2.6. Grupo Piaçabuçu .......................................................................................................15 2.2.7. Grupo Barreiras .........................................................................................................16 2.2.8. Corpos Vulcânicos .....................................................................................................16 2.3. Geologia Estrutural da Bacia Sergipe-Alagoas .............................................................19 2.3.1. Compartimentação Estrutural ....................................................................................19 2.3.2. Altos e Baixos Estruturais ..........................................................................................20 2.3.3. Falhas........................................................................................................................22 Capítulo III – Sensoriamento Remoto Aplicado ao Mapeamento Geológico ....................27 3.1. Introdução.....................................................................................................................27 3.2. Tratamento de Imagens de Satélite (Landsat ETM+)....................................................27 3.2.1. Interpretação da Composição RGB-532 ....................................................................29 3.2.2. Interpretação da Composição RGB-523 ....................................................................29 3.3. Interpretação de Imagens Radarmétricas (SRTM) ........................................................32 Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas ...39 4.1. Introdução.....................................................................................................................39 4.2. O Embasamento Cristalino ...........................................................................................41 4.3. A Formação Batinga .....................................................................................................43 4.3.1. O Membro Mulungu ...................................................................................................43 4.3.2. O Membro Boacica ....................................................................................................50 4.4. A Formação Aracaré.....................................................................................................53 4.5. A Formação Bananeiras ...............................................................................................62 4.6. A Formação Serraria.....................................................................................................64 4.7. A Formação Barra de Itiúba ..........................................................................................68 4.8. A Formação Penedo .....................................................................................................72 4.9. A Formação Barreiras...................................................................................................73 4.10. As Coberturas Quaternárias .......................................................................................74 Capítulo V – Análise dos Elementos Estruturais da Área Mapeada...................................75 5.1. Introdução.....................................................................................................................75 5.2. O Domo de Igreja Nova e as Falhas Principais na Área Mapeada................................76 5.3. Caracterização das Estruturas Frágeis .........................................................................79 5.3.1. Falhas........................................................................................................................79 5.3.2. Bandas de Deformação .............................................................................................81 5.3.3. Juntas........................................................................................................................83 5.4. Integração dos dados estruturais e modelo cinemático.................................................85 Capítulo VI – Conclusões e Discussões..............................................................................89 Referências Bibliográficas ..................................................................................................93 Anexos ................................................................................................................................97 vi Lista de Figuras Capítulo I Figura 1.1: Mapa de localização da área com as principais vias de acesso e localidades, gerado a partir de imagens Landsat 7 – ETM+, composição RGB 543 .......................... 03 Figura 1.2: Organograma da metodologia seguida durante as etapas de trabalho. ........ 05 Figura 1.3: Aspectos fisiográficos da área, observam-se cristas que margeiam o domo, áreas inundadas pelo rio Boacica e, ao fundo, a cidade de Igreja Nova. Localidade do fotomozaico Ilha das Antas ............................................................................................ 07 Figura 1.4: Aspectos fisiográficos da área nas proximidades do Domo de Igreja Nova, a oeste observam-se exposições de rochas sedimentares, a leste localizam-se as rochas do Domo de Igreja Nova. Localidade Canoa de Baixo. .................................................. 07 Capítulo II Figura 2.1: Mapa tectônico regional simplificado, destacando a Bacia Sergipe-Alagoas em relação a Faixa Sergipana. Modificado de Lana (1985). ................................................. 08 Figura 2.2: Carta estratigráfica da Sub-bacia de Sergipe. Reproduzido de Souza-Lima et al. (2002). ....................................................................................................................... 17 Figura 2.3: Carta estratigráfica da Sub-bacia de Alagoas. Reproduzido de Souza-Lima et al. (2002). ....................................................................................................................... 18 Figura 2.4: Mapa de anomalias gravimétricas Bouguer da Bacia Sergipe-Alagoas e áreas adjacentes. Reproduzido de Medeiros et al. (2005). ....................................................... 20 Figura 2.5: Arcabouço e isópacas reconstituídas da megasseqüência Rifte (Rio da SerraJiquiá), ilustrando os depocentros em meio-grabens escalonados na direção N-S. Modificado de Milani (1990). ........................................................................................... 21 Figura 2.6: Linha sísmica terrestre no estado de Alagoas, mostrando a seção Rifte Neocomiana dobrada. Reproduzido de Cainelli (1987). .................................................. 21 Figura 2.7: Correlação entre estruturas teóricas previstas em uma zona de cisalhamento simples, criada por um binário N45ºE, e estruturas observadas na bacia. Reproduzido de Lana (1985). ................................................................................................................... 23 Figura 2.8: Reconstrução paleogeográfica no Berriasiano (aproximadamente 145 Ma). Esta reconstrução descreve a evolução do rifte depois que a primeira Seqüência Rifte foi depositada e realça a configuração da propagação do rifte, bem como o desenvolvimento de zonas de tranferência e acomodação unidas por meios-grabens assimétricos. A vii orientação do norte se refere à posição atual do continente Africano. Reproduzido de Bradley & Fernandez (1992). .......................................................................................... 24 Figura 2.9: Modelo proposto para a seqüência do rifteamento na Bacia Sergipe-Alagoas. Reproduzido de Lana (1985). ......................................................................................... 25 Figura 2.10: Modelo idealizado por Falkenhein et al. (apud Cainelli, 1987) mostrando as mudanças nos eixos de tensões de acordo com a evolução do rifteamento (1º - distensão W-E, originando falhas normais N-S; 2º - cisalhamento transpressional reativando as falhas com direção N-S como transcorrentes sinistrais, falhas dextrais de direção WNW e dobramentos W-E; por último, o terceiro estágio onde ocorreu distensão crustal com criação da linha de Charneira Alagoas. Reproduzido de Cainelli (1987). ........................ 26 Capítulo III Figura 3.1: Esquema mostrando o sistema de cores HSV. A letra “H” representa a matiz, seus valores para a definição das cores variam de 0º a 360º. O “S” é o parâmetro que controla a saturação da imagem, destacando ou omitindo os tons de cinza e, por último, a variável “V”, que controla a intensidade (brilho) da imagem............................................ 28 Figura 3.2: Imagem Landsat 7 ETM+, exibindo composição RGB-532, utilizada na delimitação do embasamento. O padrão de textura é o principal fator para a esta individualização. A bacia apresenta textura mais lisa, enquanto que no embasamento a textura é mais rugosa. .................................................................................................... 30 Figura 3.3: Imagem Landsat 7 ETM+, exibindo composição RGB-523, utilizada na identificação da Formação Barreiras, devido a sua característica geomorfológica e padrão de textura foi possível fazer sua individualização............................................................ 31 Figura 3.4: Imagem radarmétrica com direção de sombreamento 315ºAz, elevação do sol a 20º, destacando os lineamentos com direção NE-SW e representação por diagramas de rosetas dos lineamentos positivos (classificados por azimute e comprimento respectivamente). ........................................................................................................... 34 Figura 3.5: Imagem radarmétrica com direção de sombreamento 315ºAz, elevação do sol a 20º destacando os lineamentos com direção NE-SW e representação por diagramas de rosetas dos lineamentos negativos (classificados por azimute e comprimento respectivamente). ........................................................................................................... 35 Figura 3.6: Imagem radarmétrica com direção de sombreamento 20ºAz, elevação do sol a 35º destacando os lineamentos com direção NW-SE e representação por diagramas de rosetas dos lineamentos positivos (classificados por azimute e comprimento respectivamente). ........................................................................................................... 36 viii Figura 3.7: Imagem radarmétrica com direção de sombreamento 20ºAz, elevação do sol a 35º destacando os lineamentos com direção NW-SE e representação por diagramas de rosetas dos lineamentos negativos (classificados por azimute e comprimento respectivamente). ........................................................................................................... 37 Figura 3.8: Modelo digital do terreno gerado a partir de imagem radarmétrica (SRTM). Composição em falsa cor, objetivando destacar a altimetria, a qual varia de 0 até 450 metros de altitude e evidenciar as feições geomorfológicas da área............................... 38 Capítulo IV Figura 4.1: Mapa geológico da região do Domo de Igreja Nova...................................... 40 Figura 4.2: Granito porfirítico exibindo planos de fraturas. Esta rocha representa o magmatismo de idade Neoproterozóica (Brasiliano) no domínio da Faixa Sergipana. Afloramento IN047 localizado nas proximidades de Palmeira dos Negros...................... 42 Figura 4.3: Micaxisto exibindo planos de foliação bem marcados. Esta rocha corresponde ao Grupo Macururé da Faixa Sergipana. Afloramento IN015 localizado às margens do Rio Boacica, nas proximidades de Olho D´água, a cerca de 1 km da BR-101. ..................... 42 Figura 4.4: Augen gnaisse com foliação bem marcada pelos cristais de feldspato orientados, exibindo fraturas que deslocam um aplito. Afloramento IN046 localizado a norte de Igreja Nova, cerca de 1 km pela AL-225. .......................................................... 42 Figura 4.5: Contato entre os arenitos do Membro Mulungu (Cbmf) da Formação Batinga com o embasamento. Observa-se a presença de um nível basal composto por arenito grosso, que grada para arenito mais fino no topo. Afloramento IN003, na saída da cidade de Igreja Nova pela AL-225. ........................................................................................... 45 Figura 4.6: Arenito da Formação Batinga, Membro Mulungu (Cbmf), exibindo granodecrescência ascendente. Aflora-mento IN090 localizado a leste da área de estudo, nas margens do Rio Timbó.................................................................................................... 45 Figura 4.7: Arenito da litofácies Cbmf exibindo grãos do arcabouço compostos por quartzo (Qz), feldspato (Felds) e muscovita. As setas em vermelho indicam sobrecrescimento de quartzo. Notar a ocorrência de contatos predominantemente retos. Afloramento IN002, nicóis X............................................................................................ 45 Figura 4.8: Arenito da litofácies Cbmf. Nesta seção foi observada, em tons amarronzados, a matriz (seta azul) do tipo infiltração, composta por argilominerais. Afloramento IN002, nicóis //. .......................................................................................................................... 46 Figura 4.9: Nesta seção delgada pode ser observada a presença de dois tipos de porosidade, a primeira (seta azul) é do tipo intergranular de origem primária; a segunda ix (seta vermelha) é do tipo intragranular, originada pela alteração de feldspatos. Afloramento IN002, nicóis //. ........................................................................................... 46 Figura 4.10: Formação Batinga, Membro Mulungu (Cbmg). Rocha paraconglomerática exibindo blocos com tamanho aproximado de 80 cm, apresentando composição granítica. Afloramento IN180 localizado na AL-225 a cerca de 2 km de Igreja Nova, sentido noroeste.......................................................................................................................... 48 Figura 4.11: Paraconglomerado da Formação Batinga, Membro Mulungu (Cbmg). Bloco de rocha granítica com cerca de 35 cm de comprimento, imerso em uma matriz sílticaarenosa de coloração cinza escura. Afloramento IN079 próximo à BR-101, na Pedreira Cabo Teixeira. ................................................................................................................ 48 Figura 4.12: Contato entre o Membro Mulungu (Cbmg) com o Membro Boacica (estratificado), ambos da Formação Batinga. Observa-se que o contato ocorre de forma concordante. Afloramento IN180 localizado na AL-225 a cerca de 2 km de Igreja Nova, sentido noroeste. ............................................................................................................ 49 Figura 4.13: Sublitarenito do Membro Mulungu (Cbmg), composto por quartzo (QZ), feldspatos (Felds) e muscovita (Musc). A linha tracejada representa o limite entre o fragmento lítico e os grãos quartzosos do arcabouço. Observar a zona de intensa alteração (hidróxidos e argilominerais). Afloramento IN086, nicóis X.............................. 49 Figura 4.14: Grãos de quartzo com borda de sobrecrescimento (seta vermelha). Notar a presença de quartzo policristalino (Qz poli) representando os fragmentos líticos. Membro Mulungu (Cbmg), afloramento IN086, nicóis X................................................................ 49 Figura 4.15: Sublitarenito do Membro Mulungu (Cbmg) exibindo grãos do arcabouço compostos por quartzo (Qz), feldspatos (Felds) e muscovita (Musc). Notar a formação de sobrecrescimento de quartzo (seta azul) e o efeito da compactação mecânica dobrando as lamelas de muscovita. Afloramento IN086. ................................................................ 50 Figura 4.16: Arenito muito fino do Membro Boacica, exibindo localmente estrutura de fluidização. Aflora-mento IN045 localizado a 2 km de Igreja Nova, na estrada que dá acesso à localidade de Itapicuru. .................................................................................... 51 Figura 4.17: Alternância de arenito muito fino com folhelho, ambos do Membro Boacica, exibindo laminação plano-paralela com marcas onduladas e climbing ripples. Afloramento IN023 a leste da área, na Pedreira Porto Rico, próximo ao povoado Timbó. .................. 51 Figura 4.18: Rocha síltica-argilosa apresentando intenso fraturamento, exibindo coloração cinza-esverdeada. Afloramento IN179 localizado a 5 km de Igreja Nova, pela estrada AL225, sentido norte. .......................................................................................................... 52 Figura 4.19: Rocha pelítica do Membro Boacica exibindo grãos do arcabouço muito dispersos, onde predomina a matriz composta por quartzo e argilominerais. Afloramento IN051, nicóis X................................................................................................................ 52 x Figura 4.20: Nesta seção delgada podem ser observadas estratificações plano-paralelas, destacada pela alternância de faixas claras e escuras. As faixas mais claras são ricas em finos clastos de quartzo, as faixas escuras são ricas em argilominerais e matéria orgânica. Afloramento IN051, nicóis X. ........................................................................... 52 Figura 4.21: Rocha pelítica do Membro Boacica exibindo estratificação plano-paralela. Com os nicóis paralelos podem ser observadas, em maior destaque, as tonalidades escuras relacionadas à matéria orgânica; os pontos correspondem aos minerais opacos. Afloramento IN051, nicóis //. ........................................................................................... 53 Figura 4.22: Arenito de granulometria fina a média, bem selecionado, de coloração esbranquiçada. Esta rocha exibe estratificação cruzada acanalada de grande porte, sendo interpretada como uma litofácies eólica. Afloramento IN006 próximo ao povoado Canoa de Baixo. ............................................................................................................ 54 Figura 4.23: Arenito da Formação Aracaré, com granulometria fina a média, bem selecionado. Notar a presença de estratificação cruzada tabular tangencial de grande porte. Afloramento IN006 próximo ao povoado Canoa de Baixo..................................... 54 Figura 4.24: Arenito bem selecionado de coloração avermelhada, com granulometria fina a média. Exibe estratificação cruzada tabular de grande porte. Possivelmente trata-se da litofácies eólica da Formação Aracaré. Afloramento IN087 localizado a oeste de Igreja Nova. .............................................................................................................................. 55 Figura 4.25: Rocha de granulometria fina, coloração avermelhada, exibindo níveis intensamente silicificados. Corresponde à litofácies composta por tapetes algais, geralmente associados a estromatólitos. Afloramento IN030 localizado na margem da estrada AL-225 nas proximidades da Fazenda Curral do Meio, Igreja Nova................... 55 Figura 4.26: Rocha composta essencialmente de quartzo (Qz), exibindo contatos do tipo côncavo-convexo (seta azul) e, em menor proporção, contatos do tipo reto (seta vermelha). Afloramento IN019, nicóis X. ......................................................................... 56 Figura 4.27: Arenito exibindo cimentação silicosa. Observa-se a ocorrência de sobrecrescimento de quartzo, indicado pelas setas. Aflora-mento IN006, nicóis X......................... 57 Figura 4.28: Arenito com matriz de infiltração composta por argilominerais (setas), observa-se ainda a ocorrência de porosidade intergranular marcada pela coloração azulada. Afloramento IN006, nicóis //.............................................................................. 57 Figura 4.29: Arenito bem selecionado de granulometria fina, composto por quartzo. Pode ser observada a porosidade do tipo intergranular, marcada pela coloração azulada (setas). Esta porosidade apresenta-se sem orientação, distribuição aleatória e forma eqüidimensional. Afloramento IN014, nicóis //................................................................. 57 xi Figura 4.30: Arenito exibindo porosidade primária do tipo intergranular (seta vermelha) e porosidade secundária gerada pelo fraturamento dos grãos (seta azul). Apresenta forma alongada e orientada. Afloramento IN014, nicóis //. ........................................................ 58 Figura 4.31: Arenito exibindo grãos do arcabouço compostos essencialmente por quartzo (Qz), com feldspatos (Felds) dispersos. Esta rocha apresenta moderado selecionamento e os grãos são subarredondados. Afloramento IN043, nicóis X. ..................................... 58 Figura 4.32: Rocha composta essencialmente por quartzo (Qz), apresentando contatos predominantemente retos indicados pelas setas em vermelho e, subordinadamente, por contatos pontuais ilustrados pelas setas em azul. Observar a porosidade primária em azul do tipo intergranular. Afloramento IN043, nicóis //........................................................... 59 Figura 4.33: Este arenito apresenta-se pobremente selecionado, com grãos do arcabouço arredondados de granulometria fina. Observa-se porosidade primária do tipo intergranular (setas), com forma eqüidimensional e distribuição heterogênea. Afloramento IN043, nicóis //. .................................................................................................................................... 59 Figura 4.34: Rocha intensamente silicificada. Observam-se grãos preservados, provávelmente vestígios de oólitos ou oncólitos. Afloramento IN043, nicóis X. ............................ 60 Figura 4.35: Neste exemplo pode ser notada a presença de envelopes descontínuos com forma elíptica, tratando-se de um oncólito intensamente silicificado. Afloramento IN044, nicóis X. .......................................................................................................................... 60 Figura 4.36: Rocha intensamente silicificada, sem porosidade. Observa-se a ocorrência de duas fases de cimentação. A primeira (A) corresponde a cimentação de finos agregados de chert. A segunda (B) ocorre a cimentação de quartzo em mosaico. Afloramento IN134, nicóis X............................................................................................ 61 Figura 4.37: Rocha parcialmente silicificada; podem ser observados vestígios de cimentação pretérita de calcita. A cimentação ocorre pela formação de finos cristais de quartzo. Afloramento IN202, nicóis X.............................................................................. 61 Figura 4.38: Rocha parcialmente silicificada exibindo vestígios de cristais de calcita ou aragonita, relacionados a uma cimentação pretérita, sendo substituídos pela cimentação silicosa (pseudomórfica). Afloramento IN202, nicóis X.................................................... 61 Figura 4.39: Rocha composta por quartzo (Qz) e bioclastos, apresentando cimentação calcítica. Geralmente são observados ostracodes substituídos pelo cimento de calcita. Afloramento IN132, nicóis X............................................................................................ 62 Figura 4.40: Rocha composta por quartzo (Qz) e bioclastos, apresentando cimentação calcítica. Neste exemplo observa-se um gastrópode em seção transversal. A rocha foi classificada como bioespatito. Afloramento IN132, nicóis X............................................ 62 xii Figura 4.41: Rocha intensamente alterada, com granulometria muito fina e coloração avermelhada. A rocha ainda preserva o acamamento muito incipiente. Afloramento IN012, localizado nas proximidades do povoado Ribeirinha. .......................................... 63 Figura 4.42: Rocha de granulometria areia muito fina, apresentando grãos do arcabouço dispersos, compostos essencialmente por quartzo (Qz). Afloramento IN012, nicóis X. .. 64 Figura 4.43: Rocha muito fina, exibindo cimentação restrita de óxido/hidróxido de ferro (setas amarelas). As setas vermelhas indicam a presença de porosidade intergranular incipiente, de origem primária, marcada pelos tons azulados. Afloramento IN012, nicóis //. .......................................................................................................................... 64 Figura 4.44: Arenito da Formação Serraria, com granulometria areia média a grossa, coloração avermelhada. No detalhe observa-se estratificação cruzada tangencial e nível de oxidação. Afloramento IN042, nas proximidades do povoado Ipiranga. ..................... 66 Figura 4.45: Arenito da Formação Serraria. Apresenta granulometria areia média a grossa, coloração esbranquiçada a avermelhada. A seta indica estrutura de fluidização, estrutura muito comum nesta formação. Afloramento IN042, nas proximidades do povoado Ipiranga. ........................................................................................................... 66 Figura 4.46: Arenito da Formação Serraria. Apresenta granulometria areia média, coloração esbranquiçada a avermelhada. Exibe estratificação cruzada tangencial, indicando transporte por fluxo aquoso. Afloramento IN160 na Ilha das Antas, Igreja Nova. .............................................................................................................................. 67 Figura 4.47: Seção delgada do quartzo-arenito da Formação Serraria, exibindo grãos do arcabouço bem selecionados, compostos predominantemente por quartzo. Afloramento IN078, nicóis X................................................................................................................ 67 Figura 4.48: Quartzo-arenito exibindo contatos predominantemente retos (seta azul) e, subordinadamente, pontuais (seta vermelha). Afloramento IN078, nicóis //. ................... 67 Figura 4.49: Lâmina exibindo a presença de cimentação ferruginosa, indicada pela seta azul, preenchendo os espaços porosos. Afloramento IN204, nicóis //............................. 68 Figura 4.50: Quartzo-arenito da Formação Serraria exibindo porosidade (tons azulados) intergranular de origem primária. Os poros não apresentam orientação, a forma é eqüidimensional e a distribuição é heterogênea. Afloramento IN204, nicóis //. ............... 68 Figura 4.51: Arenito muito fino, de coloração avermelhada da Formação Barra de Itiúba, exibindo estratificações cruzada acanalada de pequeno porte. Afloramento IN036, localizado nas proximidades do povoado Lagoa Grande. .........................70 Figura 4.52: Arenito fino com aspecto maciço, de cor bege, da Formação Barra de Itiúba. Afloramento IN060, nas proximidades do povoado Umarizeiro....................................... 70 xiii Figura 4.53: Seção delgada do quartzo-arenito da Formação Barra de Itiúba, exibindo grãos do arcabouço bem selecionados, composto predominantemente por quartzo e subordinadamente feldspatos. Afloramento IN206, nicóis X. .......................................... 70 Figura 4.54: Seção delgada exibindo contatos predominantemente pontuais (seta vermelha) e subordinadamente flutuantes (seta azul). Afloramento IN209, nicóis //. ................ 71 Figura 4.55: Quartzo-arenito fino exibindo cimentação do tipo silicosa. Observa-se a ocorrência de sobrecrescimento de quartzo, indicado pelas setas. Afloramento IN209, nicóis //. .......................................................................................................................... 71 Figura 4.56: Arenito exibindo porosidade primária do tipo intergranular (seta azul) e porosidade secundária gerada pelo fraturamento dos grãos (seta vermelha); apresenta forma alongada e orientada. Afloramento IN207, nicóis //. .............................................. 71 Figura 4.57: Arenito bem selecionado, de granulometria até areia grossa, por vezes com níveis conglomeráticos com coloração amarelada, exibindo estratificação cruzada. Afloramento IN088, localizado no povoado Palmeira dos Negros. .................................. 73 Figura 4.58: Arenito grosso, com afinamento textural para o topo. Foram identificadas estratificações cruzadas tangenciais. A rocha exibe comumente estruturas de fluidização. Afloramento IN062, localizado no povoado Perucaba..................................................... 73 Figura 4.59: Aspecto geral dos platôs constituídos pelas rochas da Formação Barreiras. Localidade Ilha das Antas. .............................................................................................. 74 Figura 4.60: Sedimentos aluvionares das Coberturas Quaternárias. Margens do Rio Boacica........................................................................................................................... 74 Capítulo V Figura 5.1: Mapa geológico regional ilustrando os estereogramas de cinco setores (A, B, C, D e E) ao longo da área mapeada. Pode ser observado que o acamamento mergulha de forma centrífuga ao núcleo do domo, geralmente controlado por falhas, em especial a estrutura NE que condiciona o basculamento na borda da bacia. Os mergulhos do acamamento variam de baixos (setor D) a moderados. O setor C apresenta mergulhos para SW e NE; esta disposição está associada à existência de uma estrutura sinclinal afetando as camadas. Modificado de Almeida et al. (2005). ........................................... 77 Figura 5.2: Perfis esquemáticos da área de estudo, onde pode ser observada a disposição das camadas com mergulhos variados. ........................................................ 78 Figura 5.3: Plano de falha normal com direção NNE-SSW e mergulho para SE. Foram observadas estrias de rake alto e ressaltos indicando rejeito normal. Afloramento IN041, Formação Serraria.......................................................................................................... 80 xiv Figura 5.4: Plano de falha transcorrente de direção NE-SW exibindo estrias de abrasão de rake baixo. Foram identificados ressaltos que indicam cinemática sinistral. Afloramentos IN002, Formação Batinga. ........................................................................ 80 Figura 5.5: Plano de falha transcorrente de direção WNW-ESE, exibindo uma fina película composta por sílica. É observado um traço sutil (possivelmente estria) de rake baixo para noroeste. Aflora-mento IN005, Formação Aracaré. ......................................................... 80 Figura 5.6: Bandas de deformação; o set de mergulho forte apresenta rejeito inverso (1). Reconstituindo o afloramento para a posição inicial verifica-se que a falha apresentava originalmente rejeito normal (2). Formação Serraria no afloramento IN133, localizado a nordeste do povoado Entrada......................................................................................... 82 Figura 5.7: Arenitos da Formação Aracaré exibindo zona de danos com orientação geral NW-SE e cinemática com componente sinistral (seta azul). Afloramento IN005, localizado na entrada do povoado Canoa de Baixo. ........................................................................ 82 Figura 5.8: Banda de deformação cortando e deslocando o acamamento do arenito da Formação Aracaré. O plano da banda apresenta orientação geral E-W, com cinemática normal evidenciado pelo deslocamento do nível conglomerático. Afloramento IN018, próximo ao povoado Olho D´água. ................................................................................. 83 Figura 5.9: Aspecto geral da rocha exibindo três famílias de juntas secas entrecruzadas. O cabo do martelo aponta para o norte. Foram identificadas as seguintes orientações: NE-SW, NW-SE e E-W. Afloramento IN051, Membro Boacica. ...................................... 84 Figura 5.10: Afloramento IN076 exibindo juntas preenchidas por uma fina película de argila. Observa-se o plano da junta com atitude 140ºAz/85ºSW. Membro Boacica......... 84 Figura 5.11: Afloramento IN178 exibindo sistema de juntas secas em diversas direções, 22ºAz, 60ºAz e 220ºAz. Embasamento cristalino............................................................ 84 Figura 5.12: Estereograma mostrando as orientações das falhas em dois setores, A e B, respectivamente a norte e sul da área. ........................................................................... 85 Figura 5.13: Estereograma e diagrama de roseta para as bandas de deformação. Em A verifica-se predominantemente bandas com mergulhos fortes, orientação NE-SW e NWSE, em especial estas últimas. Em B observa-se o diagrama de roseta gerado pela freqüência dos azimutes; notar a predominância da direção NE-SW e, subordinadamente, WNW-ESE...................................................................................................................... 86 Figura 5.14: Estereogramas gerados com base na freqüência dos azimutes. Em A observa-se a disposição dos fotolineamentos com orientação preferencial NE-SW; esta disposição é consistente, nos traços maiores, das juntas em B. Foi plotada a direção de σ3 inferida nos dois casos. Os dados foram divididos em 32 classes e plotados em setores com 10º (A) e 8º (B) de intervalo angular. .......................................................... 87 xv Figura 5.15: (A) Representação do arcabouço de falhas de um sinclinal e mergulhos das camadas em mapa; (B) Bloco 3D mostrando a disposição das estruturas e a deformação das camadas. As falhas normais (N) apresentam rejeito diferencial, gerando dobras ou falhas transversais. Notar o arqueamento da camada, formando o sinclinal (S). O mecanismo de geração destas falhas está associado a um eixo de distensão principal NW-SE, correspondendo ao σ3. Baseado em Destro (1994). ......................................... 88 Lista de Tabelas Tabela 1.1: Tabela com os vértices e coordenadas ....................................................... 02 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Capítulo I - Introdução 1.1. Apresentação O presente estudo aborda os trabalhos que foram desenvolvidos tanto em campo quanto em laboratório, resultando na elaboração desta monografia. O estudo envolveu o mapeamento geológico no município de Igreja Nova, ao norte do rio São Francisco e a noroeste de Penedo, Alagoas. Foram realizadas análises e interpretações com enfoque na caracterização estratigráfica e estrutural, incluindo o tratamento de produtos de sensores remotos. O referido mapeamento foi realizado na escala 1:50.000 de uma área com cerca de 275 km2. Esta monografia faz parte da disciplina Relatório de Graduação (GEO-345), da grade curricular do Curso de Graduação em Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O trabalho foi supervisionado pelo Prof. Dr. Emanuel Ferraz Jardim de Sá, tendo como colaboradores duas doutorandas do PPGG, Camilla Bezerra de Almeida e Liliane Rabelo Cruz, além do Professor Visitante do PRH 22, Paulo Roberto Cordeiro de Farias. O trabalho foi desenvolvido com apoio do Programa de Formação de Recursos Humanos 22, da ANP/UFRN, e em especial do Projeto ANP/FUNPEC-UFRN “Avaliação dos Sistemas Petrolíferos da Bacia SergipeAlagoas”, cujo coordenador é o supervisor do presente Relatório. Para as etapas em laboratório (laminação, microscopia, geoprocessamento e confecção do relatório) foram utilizadas as instalações do Laboratório de Geologia e Geofísica de Petróleo e do Laboratório de Geologia da UFRN. 1.2. Objetivos e Justificativas Com base neste estudo foram observados e discutidos os seguintes aspectos: (i) a caracterização litoestratigráfica das unidades aflorantes, pertencentes ao contexto da Bacia Sergipe-Alagoas. Além da exposição do embasamento cristalino no centro de uma estrutura dômica, a borda da mesma é composta por várias unidades litoestratigráficas apresentando idades que variam do Paleozóico ao Cretáceo inferior; (ii) no contexto estratigráfico, a área apresenta boas condições para uma contribuição à definição e mapeamento das várias unidades que ali ocorrem, incluindo aspectos inéditos do seu conteúdo Capítulo I - Introdução 1 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação faciológico; (iii) a estruturação dessas unidades foi caracterizada em termos de sua geometria, cinemática e cronologia, especialmente em relação ao evento de rifteamento da Margem Atlântica, no Cretáceo inferior, e reativações cenozóicas ainda pouco conhecidas. Finalmente, deve ser destacado o caráter ímpar da estrutura dômica (cujo núcleo é ocupado por rochas metassedimentares, gnaisses e granitóides da Faixa Sergipana), os questionamentos que a mesma levanta em termos de sua origem e a importância do estudo de estruturas dômicas na indústria do petróleo. 1.3. Localização e Vias de Acesso A região estudada está localizada no município de Igreja Nova, sul do Estado de Alagoas. Compreende uma área de aproximadamente 275 km2, limitase a sul pelo rio São Francisco, a norte com a divisa do município de São Sebastião, a leste com o rio Boacica e a oeste com o município de Porto Real do Colégio. Seguem na tabela abaixo os vértices com as respectivas coordenadas em UTM da área de estudo (Datum Córrego Alegre, zona 24 sul): Tabela 1.1: Tabela com os vértices e coordenadas. VÉRTICES COORDENADAS VÉRTICES COORDENADAS 01 762000 mE e 8894000 mN 08 746000 mE e 8888000 mN 02 762000 mE e 8890000 mN 09 750000 mE e 8888000 mN 03 760000 mE e 8890000 mN 10 750000 mE e 8890000 mN 04 760000 mE e 8872500 mN 11 754000 mE e 8890000 mN 05 742000 mE e 8872500 mN 12 754000 mE e 8892000 mN 06 742000 mE e 8878000 mN 13 758000 mE e 8892000 mN 07 746000 mE e 8878000 mN 14 758000 mE e 8894000 mN O acesso à área pode ser realizado pela rodovia federal BR-101, que corta do norte até o sul da área (partindo de Maceió), ou ainda pelas rodovias estaduais AL-225 (partindo de Penedo) até a AL-110, seguindo então para Igreja Nova. O acesso ao interior da área de trabalho é realizado por estradas carroçáveis e caminhos (figura 1.1). Capítulo I - Introdução 2 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 1.1: Mapa de localização da área com as principais vias de acesso e localidades, gerado a partir de imagens Landsat 7 – ETM+, composição RGB 543. Capítulo I - Introdução 3 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação 1.4. Aspectos Metodológicos Os procedimentos metodológicos aplicados na execução deste trabalho foram subdivididos em três fases sucessivas: a primeira se refere ao levantamento e revisão do material bibliográfico; a segunda trata das atividades de campo e, por último, foram realizados tratamentos dos dados obtidos (campo e laboratório), bem como interpretações e a redação do relatório (figura 1.2). i) Levantamento e revisão bibliográfica: a Bacia Sergipe-Alagoas dispõe de um grande acervo bibliográfico, que trata desde aspectos geológicos até estudos mais específicos, tais como a avaliação do seu potencial petrolífero. Nesta fase foi realizada a revisão bibliográfica sobre os aspectos estratigráficos, estruturais e o contexto regional da bacia. Este levantamento forneceu dados importantes para o desenvolvimento dos trabalhos posteriores e principalmente para a etapa de campo, que dependia de mapas pré-existentes e/ou da geração de novas bases cartográficas. ii) Atividades de campo: foram realizados trabalhos referentes ao mapeamento geológico, tais como o detalhamento dos aspectos litofaciológicos, estratigráficos e estruturais, das várias unidades identificadas, levando-se em consideração a relação ou correlação estratigráfica existente entre os diversos afloramentos. Levantamentos de seções colunares foram conduzidos identificando, desta forma, os diversos tipos de fácies presentes. Em cada afloramento foram coletados dados estruturais (orientações de falhas, fraturas, acamamento) para analisar a cinemática levando-se em consideração a cronologia dos eventos deformacionais atuantes na área e amostras para confecção de lâminas delgadas. iii) Atividades laboratoriais: nesta fase foram realizados tratamentos e interpretações de imagens de satélite Landsat 7 – ETM+ (mapeamento temático) e radarmétricas (extração de lineamentos), utilizando os programas ENVI 4.0® e o ER Mapper 6.4®, bem como a construção do modelo digital de terreno empregado na análise estrutural. Foi realizada a integração dos dados e a otimização dos mapas pré-existentes usando o software ArcGis 9.1®. Todos os dados estruturais foram processados com o auxílio do programa Georient 9.2®. As amostras mais representativas foram Capítulo I - Introdução selecionadas para confeccionar seções delgadas. 4 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Posteriormente foi realizada a análise petrográfica, caracterizando-se as unidades estratigráficas da área, finalizando com a elaboração do relatório. Figura 1.2: Organograma da metodologia seguida durante as etapas de trabalho. 1.5. Aspectos Fisiográficos O município de Igreja Nova está localizado na região sul do Estado de Alagoas, limitando-se a norte com o município de São Sebastião, a sul com o rio São Francisco, a leste com o município de Penedo e a oeste com o de Porto Real do Colégio. A área municipal ocupa 428,2 km2, inserida na mesorregião Leste Alagoana e na microrregião de Penedo, predominantemente na Folha Propriá (SC.24-Z-B-II) e, parcialmente, na Folha Piaçabuçu (SC.24-Z-B-III), ambas na escala 1:100.000. A sede do município tem uma altitude de aproximadamente 14 Capítulo I - Introdução 5 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação metros e coordenadas geográficas de 10° 07’ 30,0’’ de latitude sul e 36° 39’ 43,2’’ de longitude oeste (Mascarenhas et al., 2005). O relevo da região de Igreja Nova faz parte da unidade das superfícies retrabalhadas, bastante dissecado por vales profundos; por vezes, são observadas cristas alongadas, representadas por rochas sedimentares (figuras 1.3 e 1.4). A região litorânea de Pernambuco e Alagoas é caracterizada pelo “mar de morros” que antecedem a Chapada da Borborema, com solos pobres e vegetação de floresta hipoxerófila. O clima é do tipo tropical chuvoso com verão seco. O período chuvoso começa no outono/inverno, com início em dezembro/janeiro e término em setembro. A precipitação média anual é de 1.128,6 mm. Os solos dessa unidade geoambiental são representados pelos latossolos nas baixas vertentes, sendo pouco profundos e com déficit de sais; pelos planossolos e brunos não-cálcicos nos baixios ondulados, sendo rasos e de boa fertilidade; pelas areias nos topos planos de ondulação, sendo excessivamente drenados; pelos solos litólicos residuais e solos aluviais nos fundos de vales estreitos. O município de Igreja Nova está inserido na bacia hidrográfica do rio São Francisco, sendo banhado pelo rio Boacica, que o atravessa no sentido N-S e pelo rio Perucaba, que corta a porção leste do município. O extremo sul do município é banhado pelo rio São Francisco. No extremo NW e na porção central do município podem ser registrados dois açudes de médio porte alimentados pelas drenagens. O padrão de drenagem predominante é o dendrítico. Capítulo I - Introdução 6 Capítulo I - Introdução sedimentares, a leste localizam-se as rochas do Domo de Igreja Nova. Localidade Canoa de Baixo. Figura 1.4: Aspectos fisiográficos da área nas proximidades do Domo de Igreja Nova, a oeste observam-se exposições de rochas fundo, a cidade de Igreja Nova. Fotomosaico da vista observada a partir da Ilha das Antas. Figura 1.3: Aspectos fisiográficos da área, observam-se cristas que margeiam o domo, áreas inundadas pelo rio Boacica e, ao Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação 7 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Capítulo II – Contexto Geológico Regional 2.1. Introdução A Bacia Sergipe-Alagoas está localizada no litoral do Nordeste brasileiro, na faixa litorânea dos estados que dão nome à bacia. Apresenta forma alongada na direção nordeste, com extensão de 350 km e largura média de 35 km em terra, seu limite ao mar ainda não é bem definido, mas ultrapassa a isóbata de 2.000 m (Lana, 1985). A porção emersa da bacia compreende cerca de 12.000 Km2 e submersa de 21.000 km2 de área (figura 2.1). Figura 2.1: Mapa tectônico regional simplificado, destacando a Bacia Sergipe-Alagoas em relação à Faixa Sergipana. Modificado de Lana (1985). Capítulo II – Contexto Geológico Regional 8 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação A bacia limita-se a oeste pelos terrenos precambrianos da Faixa Sergipana e Maciço Pernambuco-Alagoas. O contato com estes terrenos é feito por falhas normais com direção geral nordeste. O limite norte é marcado pelo Alto de Maragogi, que a separa da Bacia Pernambuco-Paraíba e a sul com a Bacia de Jacuípe pelo Sistema de Falhas Vaza-Barris. É dividida nas sub-bacias de Sergipe e de Alagoas pelos altos estruturais de Penedo e Japoatã, tendo como limite “operacional” o Rio São Francisco. Estas sub-bacias apresentam diferentes histórias tectonossedimentares e preenchimentos distintos. São diferenciadas com base na profundidade, configuração da superfície do embasamento, natureza da cobertura sedimentar, intensidade do falhamento e padrão de anomalias gravimétricas (Lana, 1985). 2.2. Litoestratigrafia A nomenclatura litoestratigráfica adotada para a descrição da Bacia Sergipe-Alagoas segue as modificações propostas por Mendes (1994), Feijó (1994) e Carvalho (2001 apud Souza-Lima et al., 2002), contidas nas cartas estratigráficas da referida bacia, conforme figuras 2.2 e 2.3. 2.2.1. Embasamento O embasamento da Sub-bacia de Sergipe é formado pelas rochas metamórficas proterozóicas de baixo grau dos grupos Miaba (Humphrey e Allard, 1969 apud Feijó, 1994) e Vaza Barris (Moraes Rego, 1933 apud Feijó, 1994). Essas rochas compreendem o domínio estrutural externo da Faixa de Dobramentos Sergipana. Já a Sub-bacia de Alagoas desenvolveu-se sobre as rochas metamórficas e graníticas proterozóicas que correspondem ao domínio estrutural interno da Faixa Sergipana e ao Maciço Pernambuco-Alagoas. O Grupo Estância, definido inicialmente por Branner (1913 apud SouzaLima et al. 2002) como Série Estância, ocorre essencialmente a sul da Sub-bacia de Sergipe, na forma de metarenitos e metassiltitos de cor vermelho a púrpura e verde-acinzentado, com intercalações de ardósia, calcário e camadas pouco espessas de conglomerado polimítico. A base do grupo contém camadas de dolomito castanho-claro com sílex. Possui idade provavelmente cambriana, Capítulo II – Contexto Geológico Regional 9 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação apresenta contatos discordantes com o embasamento subjacente e com as rochas sedimentares sobrejacentes da Sub-bacia de Sergipe (Schaller, 1969). 2.2.2. Grupo Igreja Nova É composto por unidades clásticas neopaleozóicas; formações Batinga e Aracaré. A Formação Batinga é reconhecida nas sub-bacias de Sergipe e de Alagoas, englobando três membros que ocorrem interdigitados. O Membro Mulungu é constituído por paraconglomerado com seixos, calhaus e matacões de rochas ígneas e metamórficas, caoticamente imersos em matriz síltico-arenosa cinzenta. O Membro Atalaia é representado por arenito grosso, esbranquiçado, imaturo, caulinítico. O Membro Boacica caracteriza-se pela ocorrência de siltitos laminados (Feijó, 1994). Os contatos da Formação Batinga são discordantes, tanto o inferior com o embasamento, quanto o superior, com diversas unidades estratigráficas. A deposição em ambiente glácio-marinho é a interpretação genética mais aceita para esta formação. Apesar de seu pobre conteúdo fossilífero, admite-se idade neocarbonífera para a Formação Batinga (Schaller, 1969). A Formação Aracaré é encontrada nas sub-bacias de Sergipe e de Alagoas; apresenta intercalações de arenito médio avermelhado com presença de estratificação cruzada, além de camadas de folhelho e calcário, associados a sílex (cherts), cuja presença é diagnóstica para o reconhecimento da unidade (Feijó, 1994). Seus contatos inferior e superior apresentam-se discordantes e a ocorrência de esporomorfos permite atribuir a estas rochas uma idade eopermiana. As rochas da Formação Aracaré provavelmente representam um ambiente costeiro, sob a influência de tempestades e com retrabalhamento eólico (Schaller, 1969). Capítulo II – Contexto Geológico Regional 10 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 2.2: Carta estratigráfica da Sub-bacia de Sergipe. Reproduzido de Souza-Lima et al. (2002). Capítulo II – Contexto Geológico Regional 11 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 2.3: Carta estratigráfica da Sub-bacia de Alagoas. Reproduzido de Souza-Lima et al. (2002). Capítulo II – Contexto Geológico Regional 12 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação 2.2.3. Grupo Perucaba É composto por unidades clásticas flúvio-lacustres, de idade neojurássica a eocretácea; formações Candeeiro, Bananeiras e Serraria. A Formação Candeeiro, subaflorante, é constituída por arenito fino a médio, esbranquiçado e cinza-avermelhado. Sobrepõe-se em discordância às rochas paleozóicas ou ao embasamento; está sotoposta concordantemente à Formação Bananeiras. Aparentemente, é mais desenvolvida na Sub-bacia de Alagoas do que na de Sergipe. Sendo afossilífera, a idade neojurássica foi atribuída por correlações de subsuperfície (Schaller, 1969). As rochas da Formação Candeeiro representam um ambiente de sistema fluvial do tipo braided (Souza-Lima et al. 2002). A Formação Bananeiras é constituída por folhelho e argilito vermelho, acastanhado e arroxeado. Seu contato inferior é concordante com a Formação Candeeiro ou discordante com rochas paleozóicas ou do embasamento; o contato superior é reportado como concordante com a Formação Serraria. Os sedimentos desta formação foram depositados em ambiente lacustre e a idade neojurássica foi definida a partir da presença de ostracodes não-marinhos (Schaller, 1969). A Formação Serraria é composta por arenitos arcoseanos e quartzosos de granulação média a grossa, de cor branca, acinzentada e avermelhada, com estratificação cruzada tabular e acanalada. Sua disposição em relação à Formação Bananeiras é concordante, e está sotoposta concordantemente à Formação Barra de Itiúba (Schaller, 1969). A presença de ostracodes nãomarinhos permite datá-la como neojurássica a eocretácea. As rochas da Formação Serraria representam um sistema deposicional fluvial do tipo braided e, localmente, apresentam retrabalhamento eólico (Souza-Lima et al. 2002). 2.2.4. Grupo Coruripe As rochas deste grupo são principalmente clásticas e evaporíticas. Este grupo corresponde aproximadamente às fases Rifte e Transicional das sub-bacias de Sergipe e de Alagoas: formações Barra de Itiúba, Penedo, Rio Pitanga, Coqueiro Seco, Poção, Ponta Verde, Maceió e Muribeca. Capítulo II – Contexto Geológico Regional 13 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação A Formação Barra de Itiúba é constituída por uma sucessão de folhelhos cinza-esverdeados, com intercalações relativamente delgadas de arenito muito fino, cinza e branco, e calcilutito acastanhado. Seu contato inferior é concordante com a Formação Serraria, e está sotoposta e lateralmente interdigitada com a Formação Penedo (Schaller, 1969). As rochas da Formação Barra de Itiúba caracterizam um sistema lacustre. Sua idade eocretácea é interpretada a partir da presença de ostracodes não-marinhos (Souza-Lima et al. 2002). A Formação Penedo é constituída por espessos leitos de arenito arcoseano fino a grosso, mal-selecionado, branco, cinzento a amarelado, com estratificação cruzada acanalada, freqüentemente deformada por estruturas de fluidização. Sobrepõe-se concordantemente e grada lateralmente para a Formação Barra de Itiúba, e está sotoposta concordantemente à Formação Coqueiro Seco. Nas proximidades das falhas de borda da Sub-bacia de Sergipe, grada lateralmente para a Formação Rio Pitanga (Schaller, 1969). As rochas da Formação Penedo retratam deposição por um sistema flúvio-deltaico, com freqüente retrabalhamento eólico (Ferreira, 1990; Vieira, 1991); estudos realizados com ostracodes indicam uma idade eocretácea. A Formação Rio Pitanga é caracterizada pela ocorrência de conglomerados e brechas polimíticas, de coloração avermelhada e esverdeada. A Formação Rio Pitanga grada lateralmente para as formações Penedo e Coqueiro Seco, pode estar sotoposta em discordância à Formação Muribeca. As rochas da Formação Rio Pitanga retratam um sistema de leques aluviais associados aos falhamentos de borda da bacia, ativos durante as idades Aratu, Buracica e Jiquiá (Schaller, 1969). A Formação Coqueiro Seco é constituída por alternâncias monótonas de arenitos arcoseanos finos a grossos, acastanhados e micáceos, folhelho síltico castanho e argilitos. O Membro Morro do Chaves é constituído por calcirruditos com pelecípodes, presentes na base da unidade ou próximo a ele, em parte das sub-bacias de Sergipe e de Alagoas. A Formação Coqueiro Seco sobrepõe-se concordantemente à Formação Penedo e está sotoposta, também concordantemente, às formações Ponta Verde e Maceió (Schaller, 1969). Grada lateralmente para a Formação Rio Pitanga na Sub-bacia de Sergipe, e para a Formação Poção na Sub-bacia de Alagoas. Os sedimentos desta unidade foram depositados em um ambiente flúvio-deltaico-lacustre (Souza-Lima et al. 2002). Capítulo II – Contexto Geológico Regional 14 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Datações indicam idade eoaptiana, baseadas em ostracodes não-marinhos e palinomorfos (Falconi, 1990 apud Feijó, 1994). A Formação Poção é caracterizada por conglomerados com seixos e matacões de rochas graníticas, de até 3 metros de diâmetro, imersos em matriz arcoseana muito mal-selecionada (Figueiredo, 1978 apud Feijó, 1994). Estas rochas ocorrem somente na Sub-bacia de Alagoas, alcançam a maior espessura junto às falhas de borda da bacia, mas ocasionalmente estendem-se para sudeste, como nas proximidades de Maceió. A Formação Poção grada lateralmente para as formações Penedo, Coqueiro Seco e Maceió. As rochas da Formação Poção caracterizam ambiente deposicional de leques aluviais sintectônicos. Sua idade Jiquiá-Alagoas é inferida a partir da correlação por meio de dados sísmicos (correlação com poços), uma vez que estas rochas de alta energia são afossilíferas (Feijó, 1994). A Formação Ponta Verde é constituída por folhelhos cinza-esverdeados, formados durante uma ampla transgressão na área, ocorrendo apenas em subsuperfície. Datações realizadas por meio de polens indicam uma idade eoaptiana (Souza-Lima et al. 2002). Interpõe-se concordantemente às formações Coqueiro Seco e Maceió, em parte da Sub-bacia de Alagoas. Estas rochas caracterizam um ambiente do tipo lacustre (Schaller, 1969). A Formação Maceió é constituída por intercalações de arenito arcoseano fino a grosso, cinza-claro e castanho; também ocorrem folhelhos betuminosos castanhos, com interlaminações de anidrita/dolomita e camadas de halita, denominadas de “evaporitos Paripueira”, que antecedem aos “evaporitos Ibura”, em Sergipe. A Formação Maceió distribui-se por quase toda a Sub-bacia de Alagoas e pelo bloco baixo da Linha de Charneira Alagoas, na Sub-bacia de Sergipe. Os folhelhos betuminosos, com anidrita subordinada, que ocorrem na região de Maceió, foram reunidos no Membro Tabuleiro dos Martins (Feijó, 1994). A Formação Maceió recobre concordantemente as formações Coqueiro Seco e Ponta Verde e está recoberta concordantemente pela Formação Riachuelo. Grada lateralmente para a Formação Poção. Os clásticos e evaporitos Maceió caracterizam um ambiente deposicional de leques aluviais sintectônicos, inicialmente continentais, passando para um ambiente marinho em direção ao topo. Sua deposição se deu do Mesoaptiano ao Eoalbiano (Falkenhein, 1986 apud Feijó, 1994). Capítulo II – Contexto Geológico Regional 15 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação A Formação Muribeca é constituída por clásticos grossos, evaporitos e carbonatos de baixa energia, presentes no bloco alto da Linha de Charneira Alagoas, da Sub-bacia de Sergipe. Na Formação Muribeca podem ser distinguidos três membros. O Membro Carmópolis é formado por conglomerado polimítico cinzento, castanho e arenito médio a grosso com finas intercalações de siltitos e folhelhos. O Membro Ibura caracteriza-se por uma variada suíte evaporítica (halita, silvinita e carnalita), associada a calcarenito e calcirrudito de origem algálica. O Membro Oiterinhos contém calcilutito maciço e laminado, folhelho e siltito castanho (Feijó, 1994). A Formação Muribeca sobrepõe-se em discordância ao embasamento ou a formações mais velhas, e está sotoposto concordantemente à Formação Riachuelo. Os clásticos, carbonatos e evaporitos retratam a deposição em ambiente transicional para marinho restrito, caracterizando planícies de sabkha. A Formação Muribeca é datada, por meio de palinomorfos e microforaminíferos, como neoaptiana (Koutsoukos, 1989). 2.2.5. Grupo Sergipe Reúne as formações Riachuelo e Cotinguiba, compostas principalmente por carbonatos marinhos, de idade albiana-cenomaniana. A Formação Riachuelo engloba um complexo clástico-carbonático, onde podem ser reconhecidos três membros. O Membro Angico é composto por arenito branco fino a conglomerático. O Membro Taquari é caracterizado por intercalações sucessivas de calcilutito e folhelho cinzentos. O Membro Maruim é constituído por calcarenito e calcirrudito oncolítico e oolítico creme, além de recifes algálicos isolados. Este membro ainda inclui os carbonatos de alta energia, dolomitizados, antes individualizados como Membro Aguilhada (Schaller, 1969). A Formação Riachuelo está interposta concordantemente às formações Muribeca e Cotinguiba. As rochas da Formação Riachuelo estão bem mais desenvolvidas na Sub-bacia de Sergipe, onde essencialmente marinha. Sua representam idade albiana a primeira provém de sedimentação determinações bioestratigráficas baseadas em foraminíferos planctônicos, nanofósseis calcários e palinomorfos (Feijó, 1994). O ambiente deposicional é interpretado como leques subaquosos; todavia, ambientes costeiros rasos também podem ser inferidos (Souza-Lima et al. 2002). Capítulo II – Contexto Geológico Regional 16 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação A Formação Cotinguiba é constituída por carbonatos com interestratificações clásticas. O Membro Aracaju está representado por argilito cinza a verde, folhelho castanho e marga amarelada. O Membro Sapucari é essencialmente constituído por calcilutito cinzento maciço ou estratificado (Schaller, 1969). O contato inferior da Formação Cotinguiba é concordante com a Formação Riachuelo, o contato superior com a Formação Calumbi está marcado por uma discordância erosiva. Este conjunto de rochas caracteriza um ambiente deposicional de talude e bacia oceânicos. 2.2.6. Grupo Piaçabuçu Este grupo reúne as rochas clásticas e carbonáticas marinhas, de idade neocretácea a neógena, das formações Calumbi, Mosqueiro e Marituba. A Formação Calumbi é constituída por argilito e folhelho cinzento a esverdeado, com intercalações de arenito fino a grosso. A Formação Calumbi sobrepõe-se em discordância erosiva à Formação Cotinguiba, gradando vertical e lateralmente para as formações Mosqueiro e Marituba. Os pelitos da Formação Calumbi caracterizam ambiente deposicional de talude e bacia oceânicos, com arenitos depositados pela ação de correntes de turbidez. As determinações bioestratigráficas, com base em foraminíferos planctônicos, nanofósseis calcários e palinomorfos, conferem-lhe idade do Neoconiaciano ao Holoceno (Feijó, 1994). A Formação Mosqueiro é caracterizada pela predominância de calcarenito bioclástico cinzento, composto basicamente por foraminíferos e moluscos; ocorre ao longo de uma faixa alongada na direção nordeste, junto à atual linha de costa. A Formação Mosqueiro grada lateralmente para as formações Marituba e Calumbi, representando a plataforma carbonática ativa do Campaniano ao Mioceno, na Sub-bacia de Alagoas, do Paleoceno ao Holoceno na Sub-bacia de Sergipe. A Formação Marituba é composta por arenito médio a grosso de coloração acinzentada, gradando lateralmente para as formações Mosqueiro e Calumbi. Estas rochas caracterizam um ambiente deposicional de leques costeiros (Feijó, 1994). Capítulo II – Contexto Geológico Regional 17 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação 2.2.7. Grupo Barreiras A Formação Barreiras capeia amplas áreas da bacia, normalmente as cotas mais elevadas, apresentando idade neógena. Os sedimentos que a representam provêm de fontes continentais com granulometria variando de finos a grossos (geralmente conglomeráticos). Os litotipos presentes são arenitos e argilitos de coloração variada e grau de compactação insignificante (Schaller, 1969). 2.2.8. Corpos Vulcânicos Rochas ígneas ocorrem nas porções mais distais das sub-bacias de Sergipe e de Alagoas, sob águas de mais de 2.000 metros de profundidade; algumas manifestações magmáticas podem ser reconhecidas em registros sísmicos (Santos & Castro, 1992; Cainelli, 1992 apud Feijó, 1994), constituindo corpos rochosos compactos e coniformes, com poucos quilômetros quadrados de área, interpostos às rochas sedimentares. A verdadeira natureza e idade destas rochas são desconhecidas, mas os truncamentos e deformações provocados nos refletores sísmicos permitem atribuir-lhes uma idade turoniana. Outro evento de idade mais nova, talvez eocênica, ocorre na forma de intrusões localizadas (Feijó, 1994). 2.3. Geologia Estrutural da Bacia Sergipe-Alagoas 2.3.1. Compartimentação Estrutural A Bacia Sergipe-Alagoas subdivide-se em blocos ou compartimentos tectônicos, em geral limitados por grandes falhas. Pode ser dividida em duas sub-bacias, Sergipe e Alagoas, respectivamente adjacentes à Bacia de Jacuípe (a sul) e à Sub-bacia do Cabo (a norte), todas com diferentes histórias tectonossedimentares e preenchimentos distintos. São diferenciadas com base na profundidade, configuração da superfície do embasamento, natureza da cobertura sedimentar, intensidade do falhamento e padrão de anomalias gravimétricas (Lana, 1985). Capítulo II – Contexto Geológico Regional 18 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Esta compartimentação evidencia-se no mapa Bouguer, que reflete muito bem a estruturação da bacia ao nível do embasamento. A figura 2.4 mostra o contato entre as crostas continental e oceânica. Neste caso, a textura do padrão anômalo contribui para enfatizar a diferença entre os diferentes tipos crustais. A transição de crosta continental para crosta oceânica aparece nos mapas de anomalias gravimétricas residuais, na forma de uma anomalia dipolar que delimita, a leste, uma região com textura bastante diferenciada, a qual foi associada à crosta oceânica (Medeiros et al. 2005). É importante destacar que o mapa de anomalias gravimétricas Bouguer residual possibilita também a identificação dos principais depocentros e altos tectônicos da bacia evidenciando seus limites, confirmados por meio do arcabouço de falhas. Figura 2.4: Mapa de anomalias gravimétricas Bouguer da Bacia Sergipe-Alagoas e áreas adjacentes. Reproduzido de Medeiros et al. (2005). Capítulo II – Contexto Geológico Regional 19 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação 2.3.2. Altos e Baixos Estruturais Durante o Neocomiano, os principais depocentros sedimentares correspondiam a meio-grabens de direção N-S (Milani, 1990) (figura 2.5). A partir do andar Jiquiá-Alagoas, os grandes depocentros passam a ter orientação nordeste, condicionados pelas falhas da Charneira Alagoas (baixos de Mosqueiro, São Francisco, Coruripe). Os altos estruturais apresentam-se como horsts alongados, limitados por falhas normais (altos de Penedo e Japoatã), ou como estruturas arqueadas (domos), com limites menos definidos e marcados por pequenas falhas ou pelo mergulho da superfície do embasamento. É comum observar arqueamentos, não apenas do embasamento como de sedimentos na seção Rifte (figura 2.6). Figura 2.5: Arcabouço e isópacas reconstituídas da megasseqüência Rifte (Rio da SerraJiquiá), ilustrando os depocentros em meio-grabens escalonados na direção N-S. Modificado de Milani (1990). Capítulo II – Contexto Geológico Regional 20 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 2.6: Linha sísmica terrestre no Estado de Alagoas, mostrando a seção Rifte Neocomiana dobrada. Reproduzido de Cainelli (1987). 2.3.3. Falhas Na literatura, diversos modelos são propostos para a evolução estrutural da Bacia Sergipe-Alagoas. Neste capítulo serão abordados dois modelos principais, sendo que ambos destacam a importância dos falhamentos norte-sul, interceptados por falhas NW-SE e NE-SW, tendo a bacia uma configuração geral NE-SW (figura 2.5). As falhas N-S apresentam uma disposição en échelon e foram interpretadas como falhas normais, paralelas ao esforço principal máximo associado a um binário cisalhante sinistral de direção N45ºE (figura 2.7). Este binário seria originado por deslocamento lateral entre as placas Africana e SulAmericana (Microplaca Sergipana) no início do rifteamento (figura 2.8). O padrão escalonado observado é muito freqüente na bacia, não só para as falhas N-S como para outros elementos estruturais, como blocos de embasamento mais raso, depocentros de idade neocomiana e segmentos de falhas N-S e E-W na Linha de Charneira Alagoas. Apesar do amplo predomínio de rejeitos normais, algumas seções sísmicas sugerem a existência de falhas transcorrentes; deste modo, o padrão de falhas no início do rifteamento pode ser explicado pela atuação de um regime transtracional sinistral (Lana, 1985). As falhas do final do rifteamento, com grandes rejeitos normais e orientação preferencial N30º-45ºE, são típicas de um rifte gerado por distensão NW-SE. Em relação ao modelo sugerido por Lana (1985), a primeira fase tectônica corresponde a um regime de cisalhamento simples, causado por deslocamento horizontal entre a microplaca Sergipana e o continente Africano. O sentido Capítulo II – Contexto Geológico Regional 21 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação sinistral e a direção N45ºE do deslocamento determinam a orientação dos esforços principais máximo (σ1), intermediário (σ2) e mínimo (σ3). Estas orientações, confirmadas pela análise da deformação na bacia, são aproximadamente σ1 com orientação N-S; σ2 na vertical e σ3 com orientação E-W. A segunda fase tectônica é marcada pelo estiramento crustal. As grandes falhas com rejeitos normais de até 5 quilômetros, e o desenvolvimento de uma linha de charneira N45ºE, permitem inferir que ocorreu a atuação de um campo de tensões puramente distensional, com σ1 na vertical, σ2 com direção NE-SW e σ3 com direção NW-SE. Figura 2.7: Correlação entre estruturas teóricas previstas em uma zona de cisalhamento simples, criada por um binário N45ºE, e estruturas observadas na bacia. Reproduzido de Lana (1985). Capítulo II – Contexto Geológico Regional 22 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 2.8: Reconstrução paleogeográfica no Berriasiano (aproximadamente 145 Ma). Esta reconstrução descreve a evolução do rifte depois que a primeira Seqüência Rifte foi depositada e realça a configuração da propagação do rifte, bem como o desenvolvimento de zonas de tranferência e acomodação unidas por meios-grabens assimétricos. A orientação do norte se refere à posição atual do continente Africano. Reproduzido de Bradley & Fernandez (1992). Capítulo II – Contexto Geológico Regional 23 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação A mudança na orientação das tensões nas duas fases pode ser explicada pela reorientação do campo de tensões devido ao avanço do rifteamento para NE. A componente distensional (σ3) aumenta cada vez mais em intensidade, ao mesmo tempo em que muda de direção de E-W para NW-SE. Simultaneamente, σ1 desloca-se de N-S para NE-SW e sua intensidade diminui até ser ultrapassada pela tensão vertical (originalmente) σ2, que passa a ser a máxima (figura 2.9). Figura 2.9: Modelo proposto para a seqüência do rifteamento na Bacia Sergipe-Alagoas. Reproduzido de Lana (1985). Capítulo II – Contexto Geológico Regional 24 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação O modelo proposto por Falkenhein et al. 1985 (apud Cainelli, 1987) evidencia três estágios para o rifteamento: o primeiro é caracterizado por distensão E-W (idade Rio da Serra/Jiquiá Inferior) gerando falhas normais N-S; o segundo estágio é representado por cisalhamento transpressional (idade Jiquiá) gerando falhas N-S como transcorrentes sinistrais, falhas dextrais de direção WNW e dobramentos E-W. Por último ocorreu uma distensão crustal NW-SE, de idade Jiquiá superior, com a geração da Linha de Charneira Alagoas (figura 2.10). Figura 2.10: Modelo idealizado por Falkenhein et al. 1985 (apud Cainelli, 1987) mostrando as mudanças nos eixos de tensões de acordo com a evolução do rifteamento (1º - distensão W-E, originando falhas normais N-S; 2º - cisalhamento transpressional reativando as falhas com direção N-S como transcorrentes sinistrais, falhas dextrais de direção WNW e dobramentos W-E; por último, o terceiro estágio onde ocorreu distensão crustal com criação da linha de Charneira Alagoas. Reproduzido de Cainelli (1987). Capítulo II – Contexto Geológico Regional 25 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Capítulo III – Sensoriamento Remoto Aplicado ao Mapeamento Geológico 3.1. Introdução A aplicação do sensoriamento remoto no mapeamento geológico é indispensável para a geração de mapas preliminares e final, bem como para a compreensão da relação existente entre os diversos elementos de paisagem contidos na região e sua correlação com os dados obtidos a partir de afloramentos. Neste estudo, foram utilizadas imagens de satélite Landsat 7 ETM+ (cena WRS 215/067, adquirida em 07/05/2001) com as bandas 1, 2, 3, 4, 5, 7 e 8; as seis primeiras bandas abrangem o espectro do visível ao infravermelho, apresentando resolução espacial de 30 metros. A banda 8 corresponde a uma imagem pancromática com resolução espacial de 15 metros. As imagens Landsat 7 ETM+ auxiliaram no mapeamento temático da área na escala de semidetalhe, por meio de composições em RGB, HSV, filtros de suavização e direcionais. Outro produto de sensoriamento remoto utilizado foram as imagens radarmétricas SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) da cena WRS 215/067, banda c adquirida em 11/02/2000, com resolução horizontal de 90 metros e vertical de 16 metros aproximadamente. O objetivo da utilização dessas imagens é a obtenção do padrão de lineamentos frágeis da área, com o auxílio do software ArcGis 9.1®, que evidencia as principais estruturas presentes na região, para correlacioná-los com dados estruturais de afloramentos e geração do modelo digital do terreno, finalizando com a correlação desses produtos com o mapa geológico. Todos os produtos de sensoriamento remoto, aqui utilizados, foram adquiridos a partir do site da Global Land Cover Facility, sendo permitido a sua utilização para fins acadêmicos. 3.2. Tratamento de Imagens de Satélite (Landsat ETM+) Para o tratamento das imagens de satélite foram utilizados os programas ENVI 4.0® e o ER Mapper 6.4®, com a finalidade de aplicar técnicas de Capítulo III – Sensoriamento Remoto Aplicado ao Mapeamento Geológico 27 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação processamento digital de imagens para fornecer diversas composições e, conseqüentemente, um melhor contraste entre os elementos de paisagem, contribuindo para o procedimento de mapeamento temático. O método de composição por combinação RGB (red, green, blue) favorece a individualização de diversos elementos presentes na área. Para a interpretação visual das imagens, no entanto, visando-se a obter imagens com uma resolução mais alta é necessário fazer a conversão deste sistema de cores para o HSV. Esta técnica de transformação de RGB para HSV (hue - matiz, saturation saturação, value - valor ou brilho) possibilita a fusão de qualquer composição com uma imagem de alta resolução, obedecendo aos seguintes parâmetros: Matiz – define o tipo de cor, podendo ser vermelho, amarelo ou azul. Atinge valores de 0º a 360º, mas para algumas aplicações esse valor é normalizado de 0 a 100%. Saturação - também chamado de "pureza", atinge valores de 0 a 100%. Quanto menor esse valor, mais o tom de cinza predominará na imagem; quanto maior o valor, mais "pura" é a imagem. Valor, ou brilho - define o brilho da cor, que atinge valores de 0 a 100%. Esta técnica permite ainda a fusão de uma dada composição com uma imagem de alta resolução; neste caso, foi utilizada a banda pancromática, objetivando um maior ganho na resolução espacial final da composição, que antes era de 30 metros, passando para 15 metros. Este método ainda permite obter um melhor realce e possibilita visualizar com mais detalhe os elementos contidos na imagem (figura 3.1). Figura 3.1: Esquema mostrando o sistema de cores HSV. A letra “H” representa a matiz, seus valores para a definição das cores variam de 0º a 360º. O “S” é o parâmetro que controla a saturação da imagem, destacando ou omitindo os tons de cinza e, por último, a variável “V”, que controla a intensidade (brilho) da imagem (Manual ArcGis 9.1®). Capítulo III – Sensoriamento Remoto Aplicado ao Mapeamento Geológico 28 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Foram usados diversos filtros, tais como Sharpen 18 e Median 3x3. O primeiro tem a função de executar uma convolução do tipo passa-alta, aguçando a imagem (utilizado aqui para destacar lineamentos e drenagens); o segundo tem a função de executar uma convolução do tipo passa-baixa, que suaviza a imagem, obtendo-se um produto final com mais qualidade. 3.2.1. Interpretação da Composição RGB-532 Na figura 3.2 observa-se a composição RGB-532 transformada para o sistema HSV com a fusão da banda 8. Esta composição foi a que obteve melhor resposta em relação à identificação do contato entre as rochas sedimentares da bacia com o embasamento cristalino. Este contato ocorre margeando a estrutura dômica e em alguns trechos apresenta falhas, que marcam o limite da bacia com o embasamento. A separação entre estes dois elementos é marcada basicamente pelas tonalidades de cores e padrões de texturas. O embasamento apresenta tonalidades em marrom escuro ao vermelho claro e textura rugosa marcada pela superfície intensamente cortada por drenagens. Já em relação à bacia, observamse tonalidades em marrom claro ao vermelho, e verifica-se textura lisa com a superfície pouco drenada. 3.2.2. Interpretação da Composição RGB-523 Na figura 3.3 observa-se a composição RGB-523 aplicada à transformação para o sistema HSV com a fusão da banda 8. Esta composição apresenta uma boa resposta para a identificação da Formação Barreiras. Nesta composição a Formação Barreiras apresenta textura lisa em relação às outras unidades, devido à sua litologia e característica geomorfológica (extensos tabuleiros que capeiam as demais formações da bacia), com poucas drenagens. A eficiência desta composição não permite discriminar outras formações sedimentares. Pode ser verificada ainda a diferença marcante entre o padrão de textura do embasamento, mais rugosa, em comparação à bacia, que exibe um aspecto mais liso, com pouca influência de drenagens. Capítulo III – Sensoriamento Remoto Aplicado ao Mapeamento Geológico 29 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 3.2: Imagem Landsat 7 ETM+, exibindo composição RGB-532, utilizada na delimitação do embasamento. O padrão de textura é o principal fator para a esta individualização. A bacia apresenta textura mais lisa, enquanto que no embasamento a textura é mais rugosa. Capítulo III – Sensoriamento Remoto Aplicado ao Mapeamento Geológico 30 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 3.3: Imagem Landsat 7 ETM+, exibindo composição RGB-523, utilizada na identificação da Formação Barreiras, devido a sua característica geomorfológica e padrão de textura foi possível fazer sua individualização. Capítulo III – Sensoriamento Remoto Aplicado ao Mapeamento Geológico 31 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação 3.3. Interpretação de Imagens Radarmétricas (SRTM) A análise de imagens radarmétricas foi orientada para a geração de um modelo digital do terreno (morfologia do terreno) e extração de feições estruturais impressas no relevo (lineamentos positivos e negativos), auxiliando na correlação da compartimentação estrutural da área com dados contidos na literatura. Segundo O’Leary et al. (1976), lineamento é uma feição linear mapeável na superfície terrestre, simples ou composta, contínua ou descontínua, cujas partes estão alinhadas em arranjo retilíneo ou suavemente curvo e que difere dos padrões de feições adjacentes, refletindo um fenômeno de subsuperfície. De acordo com Amaro & Strieder (1994), o termo lineamento foi definido como estruturas regionalmente penetrativas, de tipo 1, e estruturas rúpteis, de tipo 2. Aos lineamentos do tipo 1 podem estar associadas feições geomorfológicas positivas (quebras positivas) ou negativas (quebras negativas), com um arranjo linear ou curvolinear, considerando principalmente a homogeneidade da ocorrência, densidade e distribuição geométrica, que podem ser associados a foliações ou lineações. Ao tipo 2 estão associadas feições geomorfológicas predominantemente negativas, representando falhas ou fraturas. As imagens radarmétricas foram tratadas de forma que os aspectos de relevo fossem destacados, a imagem é então carregada no programa ENVI 4.0® e são aplicados diversos procedimentos que serão descritos abaixo. Inicialmente utiliza-se a função Hill Shade para criar virtualmente o sombreamento do relevo, onde duas variáveis (ângulos), azimute e elevação do sol são manipulados de forma que os elementos de relevo sejam destacados. Para encontrar a elevação ideal do sol deve ser levada em consideração a altitude média da área. Neste caso foram realizados inúmeros experimentos em relação ao posicionamento do sol (azimute e elevação). Foi possível então obter os melhores resultados com os parâmetros de elevação do sol a 20º com azimute de 315º; este arranjo destacou os lineamentos com direção geral NE-SW (figuras 3.4 e 3.5). Outro arranjo foi realizado com posicionamento do sol a 35º/20º (elevação/azimute), destacando os lineamentos com orientação geral NW-SE (figuras 3.6 e 3.7). Os parâmetros utilizados nestes experimentos levaram em consideração o arcabouço de falhas (em relação ao azimute) previamente conhecido, de acordo com trabalhos na literatura. Capítulo III – Sensoriamento Remoto Aplicado ao Mapeamento Geológico 32 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Depois de gerado o padrão de sombreamento, foi utilizada a função Build 3D Cube, que gera o modelo digital do terreno com uma dada composição (falsa cor em RGB) e manipula o seu exagero vertical; neste caso foi utilizado um fator 3, ressaltando as feições geomorfológicas. Ao término destas operações, as imagens foram carregadas no programa ArcGis 9.1®, com a finalidade de vetorizar os lineamentos. Esta etapa é fundamental para a interpretação dos eixos principais de tensões. Os lineamentos são vetorizados de acordo com o tipo, sendo positivo ou negativo. O próximo passo foi a utilização de dois algoritmos gerados ® especificamente para o software ArcGis 9.1 (find polyline angle e area length) que varrem a camada com os lineamentos gerando uma tabela com localização, comprimento e azimute dos lineamentos. Essa tabela é então inserida no programa Georient 9.2®, para construção de diagramas de rosetas simples (somente a utilização dos dados de azimute) e normalizados, ou seja, levando-se em consideração o comprimento de cada lineamento. Ainda em relação ao tratamento de imagens de radar, foi gerado um modelo digital do terreno ou elevação (MDT), que representa a distribuição espacial das variações de altitude na área. A geração deste MDT tem a finalidade de se verificar a configuração geral do Domo de Igreja nova, bem como o aspecto geomorfológico controlador da área. Observa-se que a estrutura dômica apresenta um trend geral NE-SW, com altitude variando de 0 até 450 metros e na parte sobre o núcleo do domo a altitude varia de 15 até 150 metros; trata-se de um domo cujo núcleo é topograficamente baixo (figura 3.8). Outra aplicação importante foi a construção de perfis geológicos a partir da extração do aspecto topográfico da região a ser analisada (Anexo 1). Neste capítulo foram apenas apresentados os diversos procedimentos para o tratamento de produtos de sensores remotos, bem como a extração de informações que servirão para correlação com os dados estruturais de campo; as interpretações serão apresentadas no capítulo pertinente a este tipo de estudo. Capítulo III – Sensoriamento Remoto Aplicado ao Mapeamento Geológico 33 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 3.4: Imagem radarmétrica com direção de sombreamento 315ºAz, elevação do sol a 20º, destacando os lineamentos com direção NE-SW e representação por diagramas de rosetas dos lineamentos positivos (classificados por azimute e comprimento respectivamente). Capítulo III – Sensoriamento Remoto Aplicado ao Mapeamento Geológico 34 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 3.5: Imagem radarmétrica com direção de sombreamento 315ºAz, elevação do sol a 20º destacando os lineamentos com direção NE-SW e representação por diagramas de rosetas dos lineamentos negativos (classificados por azimute e comprimento respectivamente). Capítulo III – Sensoriamento Remoto Aplicado ao Mapeamento Geológico 35 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 3.6: Imagem radarmétrica com direção de sombreamento 20ºAz, elevação do sol a 35º destacando os lineamentos com direção NW-SE e representação por diagramas de rosetas dos lineamentos positivos (classificados por azimute e comprimento respectivamente). Capítulo III – Sensoriamento Remoto Aplicado ao Mapeamento Geológico 36 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 3.7: Imagem radarmétrica com direção de sombreamento 20ºAz, elevação do sol a 35º destacando os lineamentos com direção NW-SE e representação por diagramas de rosetas dos lineamentos negativos (classificados por azimute e comprimento respectivamente). Capítulo III – Sensoriamento Remoto Aplicado ao Mapeamento Geológico 37 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 3.8: Modelo digital do terreno gerado a partir de imagem radarmétrica (SRTM). Composição em falsa-cor, objetivando destacar a altimetria, a qual varia de 0 até 450 metros de altitude e evidenciar as feições geomorfológicas da área. Capítulo III – Sensoriamento Remoto Aplicado ao Mapeamento Geológico 38 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 4.1. Introdução De acordo com interpretações realizadas em campo, combinadas com informações da literatura, o embasamento na área de estudo é constituído por rochas pré-cambrianas da Faixa Sergipana. Sobre estas rochas cristalinas repousam diretamente, em contato por não-conformidade, as rochas sedimentares da Bacia Sergipe-Alagoas, cujo arcabouço estratigráfico foi detalhado por Feijó (1994) e Souza-Lima et al. (2002), entre outros autores (ver figuras 2.2 e 2.3). A Seqüência Paleozóica, na base da coluna, é representada pelo Grupo Igreja Nova (formações Batinga e Aracaré). Sobreposta a esse grupo ocorre a Seqüência Pré-Rifte Neojurássica, que compreende o Grupo Perucaba, representado em afloramento pela Formação Bananeiras. A porção inferior do Grupo Coruripe corresponde à Seqüência Rifte Eocretácea; na área ocorrem apenas exposições das formações mais inferiores, Serraria, Barra de Itiúba e Penedo (Anexo 1 e figura 4.1). O registro sedimentar destas unidades foi caracterizado por meio de descrições de afloramentos, amostras de mão e seções delgadas, levando em consideração as relações laterais e cronológicas entre as formações e os sistemas deposicionais que controlaram a sua deposição. Todas as formações foram analisadas petrograficamente, excetuando as rochas do embasamento, bem como a Formação Barreiras, por apresentar-se muito friável, e os sedimentos quaternários. Na análise petrográfica foram identificados diversos parâmetros tais como, composição do arcabouço, matriz e cimento, textura (granulometria, arredondamento, contatos, seleção e empacotamento dos grãos), a permoporosidade (tipo de poros e geometria) e os eventos diagenéticos que afetaram as rochas. As interpretações obtidas permitiram relacionar o significado geológico destes parâmetros ao contexto faciológico, à modalidade de transporte dos sedimentos, à distância do sítio deposicional em relação às áreas-fonte, aos processos de compactação, à maturidade textural que reflete os processos Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 39 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação deposicionais, e aos eventos diagenéticos que incluem todos os processos físicos, químicos, bioquímicos e biológicos que atuaram na formação das rochas. Todos estes parâmetros afetaram os sedimentos no período da sua Figura 4.1: Mapa geológico da região do Domo de Igreja Nova. deposição, durante e após a sua litificação. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 40 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação 4.2. O Embasamento Cristalino O embasamento cristalino da área é formado pelas rochas da porção norte da Faixa Sergipana, apresentando idade proterozóica. Sua distribuição é ilustrada pelo mapa geológico (Anexo 1 e figura 4.1). As exposições na região central do mapa correspondem ao flanco ocidental do Domo de Igreja Nova, feição caracterizada pelos mergulhos centrífugos da cobertura sedimentar paleozóica a cretácea. As demais exposições do embasamento (porção oeste do mapa) situam-se a oeste das falhas de borda da bacia. O embasamento na área inclui rochas granitóides de composição que varia de granodiorítica a granítica, como por exemplo no afloramento IN047 (Anexo 2), onde um granito porfirítico apresenta cristais de quartzo, plagioclásio e fenocristais de feldspato potássico (figura 4.2). Foi observado que a rocha apresenta foliação incipiente, marcada pelas orientações dos fenocristais de feldspato potássico. Estes granitóides integram o Plutonismo Brasiliano da Faixa Sergipana. Também foram estudados afloramentos que exibem micaxistos (afloramento IN015) e augen gnaisses (afloramentos IN046, IN048, IN080, IN082, entre outros). O afloramento IN015 é composto por uma rocha rica em biotita, quartzo e granadas dispersas; trata-se de um micaxisto pertencente ao Grupo Macururé. A rocha apresenta planos de foliação bem marcados, com orientação 150ºAz/60ºSW (figura 4.3). O afloramento IN046 exibe uma rocha composta mineralogicamente por biotita, quartzo e feldspato potássico orientados, corresponde a um augen gnaisse. Freqüentemente são identificados planos de foliação com orientação 165ºAz/60ºSW, similar às orientações obtidas nos micaxistos. Ainda são observados aplitos, afetados pela mesma foliação (figura 4.4). Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 41 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 4.2: Granito porfirítico exibindo planos de fraturas. Esta rocha representa o magmatismo de idade Neoproterozóica (Brasiliano) no domínio da Faixa Sergipana. A seta aponta para o norte. Afloramento IN047 localizado nas proximidades de Palmeira dos Negros. Figura 4.3: Micaxisto exibindo planos de foliação bem marcados (150ºAz/60ºSW). Esta rocha corresponde ao Grupo Macururé da Faixa Sergipana. O cabo do martelo aponta para norte. Afloramento IN015 localizado às margens do Rio Boacica, nas proximidades de Olho D´água, a cerca de 1 km da BR-101. Figura 4.4: Augen gnaisse com foliação bem marcada pelos cristais de feldspato orientados, exibindo fraturas que deslocam um aplito. O cabo do martelo aponta para norte. Afloramento IN046 localizado a norte de Igreja Nova, cerca de 1 km pela AL-225. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 42 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação 4.3. A Formação Batinga A Formação Batinga faz parte do Grupo Igreja Nova e corresponde à porção inferior da Seqüência Paleozóica, repousando diretamente sobre o embasamento cristalino. Corresponde ao início da sedimentação numa bacia tipo sinéclise, que incluía a região agora ocupada pela Bacia Sergipe-Alagoas. Encontra-se capeada pela Formação Aracaré, mais jovem, provavelmente em contato discordante (erosional). Esta formação é dividida em dois membros: Mulungu e Boacica, respectivamente na base e no topo. As melhores exposições ocorrem ao longo da borda do Domo de Igreja Nova (figura 4.1). 4.3.1. O Membro Mulungu Conforme já assinalado na literatura, o Membro Mulungu é constituído predominantemente por diamictitos (litofácies composta essencialmente por paraconglomerados). No entanto, afloramentos próximos à cidade de Igreja Nova (afloramentos IN002, IN003 e IN046) e mais a leste (Torres de Sousa, 2006), evidenciam que o Membro Mulungu apresenta outra litofácies, fluvial, composta por arenito grosso e conglomerado. Estas litofácies ocorrem de forma interdigitada, sendo que a litofácies fluvial pode ocorrer na base do Membro Mulungu (figura 4.5). Para efeito de nomenclatura, a litofácies composta por paraconglomerado foi abreviada por Cbmg, a litofácies representada por arenitos grossos foi abreviada por Cbmf (Anexo 1). A litofácies Cbmf é representada por arenitos de granulometria grossa, por vezes conglomeráticos, esbranquiçados e imaturos. Texturalmente apresentam granodecrescência ascendente, com estratificação cruzada acanalada de pequeno porte; observam-se níveis conglomeráticos compostos por seixos de quartzo subangulosos, com tamanho máximo de 10 cm (figura 4.6). Microscopicamente, a litofácies Cbmf é caracterizada por apresentar grãos do arcabouço predominantemente compostos por quartzo (95%), feldspatos (cerca de 3%) e muscovita (2%) (figura 4.7). De acordo com a classificação de McBride (1963) para as rochas siliciclásticas, trata-se de um quartzo-arenito. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 43 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Os grãos do arcabouço são pobremente selecionados, com granulometria variando de areia média a grossa. Os contatos entre os grãos são predominantemente retos; contatos do tipo côncavo-convexo também são comuns e, raramente, são observados contatos suturados. A organização dos grãos entre si indica que a rocha apresenta um empacotamento normal, ou seja, o adensamento entre os grãos não é muito expressivo. Entre os grãos do arcabouço foi identificado um material argiloso disperso, que preenche os espaços entre os grãos. Este material é identificado como matriz do tipo de infiltração (figura 4.8). Analisando a quantidade de matriz, o grau de selecionamento e o arredondamento dos grãos, pode-se classificar esta rocha como texturalmente submatura. A cimentação observada nas lâminas é do tipo silicosa, cuja origem está relacionada à percolação de fluidos enriquecidos em sílica dentro dos poros da rocha. Esta característica é evidenciada pela formação de sobrecrescimento de quartzo nas bordas dos grãos (figura 4.7), diminuindo conseqüentemente a porosidade da rocha. Outro parâmetro estudado nas lâminas foi a porosidade, tendo sido observados dois tipos; o primeiro é intergranular de origem primária, e o segundo é intragranular de origem secundária, gerado a partir da alteração de feldspatos (figura 4.9). Estes poros apresentam forma eqüidimensional sem orientação, com selecionamento regular e distribuição heterogênea. A precipitação de sílica como sobrecrescimento de quartzo caracteriza o estágio de mesodiagênese; este estágio corresponde ao intervalo de tempo em que os sedimentos estão sob influência de um sistema fechado, sem intercâmbio com as águas superficiais. A pressão e a temperatura são relativamente mais altas, propiciando a geração de fluidos que atuam na litificação dos sedimentos, juntamente com a compactação. De acordo com as estruturas de afloramento e as características microscópicas descritas, pode ser inferida a influência de um sistema deposicional fluvial para a deposição destes sedimentos. O baixo grau de arredondamento e esfericidade indicam que a fonte dos sedimentos é proximal. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 44 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 4.5: Contato entre os Arenito médio arenitos do Membro Mulungu (Cbmf) da Formação Batinga com o embasamento. Observa-se a Arenito mais grosso presença de um nível basal composto por arenito grosso, que grada para arenito mais fino no Embasamento topo. Afloramento IN003, na saída da cidade de Igreja Nova pela AL-225. Figura 4.6: Arenito da Formação Batinga, Membro Mulungu (Cbmf), exibindo granode- crescência ascendente. Afloramento IN090 localizado a leste da área de estudo, nas margens do Rio Timbó. Figura 4.7: Arenito da litofácies Cbmf exibindo arcabouço grãos compostos do por quartzo (Qz), feldspato (Felds) e muscovita. As setas em vermelho indicam sobrecrescimento de quartzo. Notar a ocorrência de predominantemente contatos retos. Afloramento IN002, nicóis X. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 45 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 4.8: Arenito da litofácies Cbmf. Nesta seção foi observada, em tons amarronzados, a matriz (seta azul) do tipo infiltração, composta por argilominerais. Afloramento IN002, nicóis //. Figura 4.9: Nesta seção delgada pode ser observada a presença de dois tipos de porosidade, a primeira (seta azul) é do tipo intergranular de origem primária; a segunda (seta vermelha) é do tipo intragranular, originada alteração de pela feldspatos. Afloramento IN002, nicóis //. A litofácies Cbmg é constituída por paraconglomerados com seixos, calhaus e matacões de rochas ígneas e metamórficas, definindo um arcabouço caracteristicamente polimítico e polimodal. Devido à estrutura maciça e a presença de grandes blocos imersos em uma matriz com granulometria areia muito fina, pode ser inferido transporte deste material por ação glacial. A melhor exposição desta litofácies ocorre na Pedreira Cabo Teixeira, afloramento IN079 (Anexo 2), onde pode ser observado que a rocha contém clastos de tamanho extremamente variável, chegando a atingir dimensões de matacões. A composição do seu arcabouço também é muito variável. Foram identificadas rochas graníticas, micaxistos e gnaisses, inseridos em uma matriz síltico-arenosa de coloração acinzentada, sendo denominada geneticamente de Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 46 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação tilito (figuras 4.10 e 4.11). No afloramento IN180 foi identificado o contato brusco deste membro com o Membro Boacica (figura 4.12). Estudos petrográficos realizados em amostras (afloramento IN086) com granulometria adequada, indicam que a litofácies Cbmg é composta predominantemente por quartzo (90%), feldspatos (5%), fragmentos de rocha (3%) e muscovita (2%); seguindo a classificação de McBride (1963) para as rochas siliciclásticas, a amostra é denominada de sublitarenito. Os grãos do arcabouço são pobremente selecionados, subangulosos, com granulometria variando de areia média a areia muito grossa; os contatos entre os grãos são predominantemente retos e raramente são observados contatos côncavo-convexos. Foram identificados fragmentos de rochas compostos basicamente por quartzo, plagioclásio e muscovita, intensamente alterados, mas preservando a sua forma. Quartzo policristalino também foi identificado na lâmina; entretanto, a sua ocorrência é pouco expressiva (figura 4.13). A cimentação identificada é muito incipiente e sua composição é silicosa, originada a partir da percolação de fluidos enriquecidos em sílica dentro dos poros; para confirmar esta análise foi identificada a formação de sobrecrescimentos de quartzo nas bordas dos grãos (figura 4.14). A matriz é de origem primária e apresenta composição variável, a fração mais fina é composta por silte ou argila e a mais grossa por grãos de quartzo. A compactação do tipo mecânica ocorrida na rocha foi pouco expressiva, esta característica pode ser confirmada pela presença predominante de contatos retos entre os grãos e localmente observa-se a ocorrência de muscovitas dobradas (figura 4.15). Com relação à compactação química, sua ocorrência é muito restrita e está relacionada aos sobrecrescimentos de quartzo. A porosidade observada nas lâminas foi predominantemente gerada pela alteração de minerais, sendo classificada como secundária (intragranular), apresentam forma irregular e não mostram padrão na orientação. A porosidade primária (intergranular) ocorre de forma restrita, não-orientada e distribuição heterogênea. A maturidade textural está intrinsecamente relacionada à quantidade de matriz, o grau de seleção e o arredondamento dos grãos, neste caso a rocha é considerada texturalmente imatura. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 47 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Analisando todos os parâmetros supracitados podemos inferir que a precipitação de sílica como sobrecrescimentos de quartzo caracteriza o estágio de mesodiagênese, este estágio atua no momento em que os sedimentos estão sob influência de um sistema mais fechado, onde as águas superficiais deixam de agir. O estágio de telodiagênese foi identificado por meio da ocorrência de hidróxido/óxidos de ferro, preenchendo poros e fraturas que possivelmente tenham sido gerados pela exposição dos sedimentos a um ambiente mais próximo da superfície. Em função das características descritas para os grãos do arcabouço, apresentando granulometria muito variável e composição extremamente diversificada imersos em matriz síltico-arenosa, a ausência de estruturas sedimentares, pequenos canais de degelo e estrias de arrasto de blocos; permite inferir que o sistema mais provável para a geração destas rochas seja o glacial. Figura 4.10: Formação Batinga, Membro Mulungu (Cbmg). Rocha paraconglomerática exibindo blocos com tamanho aproximado de 80 cm, apresentando composição granítica. Afloramento IN180 localizado na AL-225 a cerca de 2 km de Igreja Nova, sentido noroeste. Figura 4.11: Paraconglomerado da Formação Batinga, Membro Mulungu (Cbmg). Bloco de rocha granítica com cerca de 35 cm de comprimento, imerso em uma matriz síltica-arenosa de coloração cinza escura. Afloramento IN079 próximo à BR-101, na Pedreira Cabo Teixeira. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 48 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 4.12: Contato entre o Membro Boacica Membro Mulungu (Cbmg) com o Membro Boacica (estratificado), ambos da Formação Batinga. contato Observa-se que o contato ocorre de forma concordante. Afloramento IN180 localizado na AL-225 a cerca de 2 km de Igreja Nova, sentido noroeste. Membro Mulungu Figura 4.13: Sublitarenito do Membro Mulungu (Cbmg), composto por quartzo (QZ), feldspatos (Felds) e muscovita (Musc). A linha tracejada representa o limite entre o fragmento lítico e os grãos quartzosos do arcabouço. Observar a zona de intensa alteração (hidróxidos e argilominerais). Afloramento IN086, nicóis X. Figura 4.14: Grãos de quartzo com borda de sobrecrescimento (seta vermelha). Notar a presença de quartzo policristalino (Qz poli) representando fragmentos Mulungu líticos. (Cbmg), os Membro afloramento IN086, nicóis X. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 49 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 4.15: Sublitarenito do Membro Mulungu (Cbmg) exibindo grãos do arcabouço compostos por quartzo (Qz), feldspatos (Felds) e muscovita (Musc). Notar a formação de sobrecrescimento de quartzo (seta azul) e o compactação dobrando efeito da mecânica as lamelas de muscovita. Afloramento IN086, 4.3.2. O Membro Boacica O Membro Boacica caracteriza-se pela ocorrência de camadas de siltitos e folhelhos de coloração esbranquiçada (quando intemperizados) a cinzaesverdeada, intercalados com camadas de arenito muito fino. Descrições macroscópicas de afloramentos (IN045, IN051, IN052, entre outros) definem a ocorrência de estruturas sedimentares de pequeno porte, tais como fluidização (figura 4.16), laminação plano-paralela, marcas onduladas e climbing ripples (figuras 4.17), por vezes são observadas exposições que mostram siltitos compactos e intensamente fraturados (figura 4.18), possivelmente geradas por uma corrente de fluxo aquoso. O contato basal deste membro envolve uma passagem brusca, mas estruturalmente concordante, com o Membro Mulungu. No topo do Membro Boacica o contato ocorre de forma discordante, com a Formação Aracaré. Petrograficamente este membro é caracterizado por apresentar granulometria muito fina e poucos grãos no arcabouço, apresentando composição essencialmente quartzosa (figura 4.19). As análises de seções delgadas mostram a predominância de uma matriz muito fina, com provável composição síltica ou argilosa formando níveis claros e escuros alternados, bem marcados. Os níveis mais escuros são ricos em matéria orgânica, e os mais claros em quartzo muito fino (figuras 4.20 e 4.21). Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 50 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Com relação aos estágios diagenéticos, foi possível identificar apenas o estágio telodiagenético, em função da granulometria da rocha ser muito fina, dificultando a identificação dos outros estágios. A telodiagênese foi identificada pela presença de óxidos e hidróxidos de ferro, os quais são caracterizados em lâmina por apresentarem coloração escura aos nicóis paralelos. Os sedimentos que deram origem às rochas do Membro Boacica representam um sistema subglacial com influência de processos costeiros e plataformais. Figura 4.16: Arenito muito fino do Membro Boacica, exibindo localmente estrutura de fluidização. Afloramento IN045 localizado a 2 km de Igreja Nova, na estrada que dá acesso à localidade de Itapicuru. Figura 4.17: Alternância de arenito muito fino com folhelho, ambos exibindo do Membro Boacica, laminação plano- paralela com marcas onduladas e climbing ripples. Afloramento IN023 a leste da área, na Pedreira Porto Rico, próximo ao povoado Timbó. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 51 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 4.18: Rocha síltica- argilosa apresentando intenso fraturamento, exibindo coloração cinza-esverdeada. Afloramento IN179 localizado a 5 km de Igreja Nova, pela estrada AL225, sentido norte. Figura 4.19: Rocha pelítica do Membro Boacica exibindo grãos do arcabouço muito dispersos, onde predomina composta por argilominerais. a matriz quartzo e Afloramento IN051, nicóis X. Figura 4.20: Nesta seção delgada podem ser observadas estratificações plano-paralelas, destacada pela alternância de faixas claras e escuras. As faixas mais claras são ricas em finos clastos de quartzo, as faixas escuras são ricas em argilominerais orgânica. e Afloramento matéria IN051, nicóis X. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 52 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 4.21: Rocha pelítica do Membro Boacica estratificação exibindo plano-paralela. Com os nicóis paralelos podem ser observadas, destaque, as em maior tonalidades escuras relacionadas à matéria orgânica; escuros os pontos correspondem mais aos minerais opacos. Afloramento IN051, nicóis //. 4.4. A Formação Aracaré A Formação Aracaré representa a porção superior da Seqüência Paleozóica e do Grupo Igreja Nova. O contato inferior com a Formação Batinga e o superior com a Formação Bananeiras ocorrem de forma discordante. As exposições desta formação abrangem áreas próximas ao Domo de Igreja Nova, bem como na porção sul da área de estudo. Interpretações de afloramentos evidenciam a grande variação no padrão faciológico desta formação; esta característica pode ser explicada devido aos vários sistemas deposicionais que atuaram na deposição dos sedimentos. As principais rochas identificadas nesta formação foram os arenitos eólicos de granulometria média a grossa, arenitos fluviais mal-selecionados de granulometria areia fina a média, e folhelhos avermelhados de ocorrência restrita, geralmente associados a tapetes microbianos e estromatólitos silicificados. Freqüentemente são identificadas, dentro dos folhelhos, a presença de nódulos de sílex. Afloramentos próximos à localidade Canoa de Baixo (IN006, Anexo 2) exibem arenitos de granulometria fina a média, coloração esbranquiçada, bem selecionados, com estratificação cruzada tabular (figuras 4.22 e 4.23). Na base deste arenito foi identificada uma litofácies com granulometria areia fina, apresentando coloração avermelhada e marcas onduladas, possivelmente geradas por um sistema fluvial. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 53 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação O afloramento IN087, localizado a oeste de Igreja Nova, a cerca de 4 km pela estrada carroçável que dá acesso à BR-101, exibe um arenito bem selecionado de coloração avermelhada, apresentando estratificação cruzada tabular de grande porte. Foi inferido que este arenito corresponde à litofácies eólica desta formação (figura 4.24). Foi identificada uma litofácies com granulometria areia fina, composta por laminitos microbianos silicificados (figura 4.25), em afloramento localizado na AL225 próximo a Fazendo Curral do Meio. Figura 4.22: Arenito de granulometria areia fina a média, bem selecionado, de coloração esbranquiçada. Esta rocha exibe estratificação cruzada acanalada de grande porte, sendo interpretada como uma litofácies eólica. Afloramento IN006 próximo ao povoado Canoa de Baixo. Figura 4.23: Formação Arenito Aracaré, da com granulometria areia fina a média, bem selecionado. presença de Notar a estratificação cruzada tabular tangencial de grande porte. Afloramento IN006 próximo ao povoado Canoa de Baixo. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 54 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 4.24: selecionado Arenito de bem coloração avermelhada, com granulometria areia fina a média. Exibe estratificação cruzada grande porte. tabular de Possivelmente trata-se da litofácies eólica da Formação Aracaré. Afloramento IN087 localizado a oeste de Igreja Nova. Figura 4.25: Rocha de granulometria areia fina, avermelhada, coloração exibindo níveis intensamente silicificados. Corresponde à litofácies composta por tapetes microbianos, geralmente associados a estromatólitos. Afloramento IN030 localizado na margem da estrada AL-225 nas proximidades da Fazenda Curral do Meio, Igreja Nova. Foram realizadas descrições petrográficas com a finalidade de melhor caracterizar os diversos litotipos presentes na formação, bem como interpretar a qual sistema deposicional cada fácies pertence e suas interrelações ambientais, combinando com os dados de afloramentos. De acordo com interpretações macro e microscópicas, esta formação pode ser dividida basicamente em três tipos de rochas: arenito eólico, arenito fluvial e tipos variados de rochas silicificadas. Os arenitos da litofácies eólica são caracterizados basicamente por apresentarem grãos do arcabouço compostos por quartzo (97%), feldspatos (2%) e raramente muscovita (1%). Seguindo a classificação de McBride (1963) para as rochas siliciclásticas, a rocha é denominada de quartzo-arenito. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 55 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Os grãos do arcabouço são muito bem selecionados, subarredondados, com granulometria areia fina; os contatos entre os grãos são predominantemente retos; comumente são identificados contatos côncavo-convexos (figura 4.26). A cimentação identificada apresenta composição silicosa; geralmente a sua ocorrência é detectada pelos sobrecrescimentos de quartzo. Restritamente foi encontrada cimentação ferruginosa, composta provavelmente por óxidos ou hidróxidos (figura 4.27). A matriz é de origem primária do tipo de infiltração, composta por argilominerais; ocorre como material de preenchimento dentro dos poros da rocha (figura 4.28). A porosidade observada nas lâminas é predominantemente do tipo intergranular e sua geração é primária. Esta porosidade apresenta-se sem orientação, com distribuição aleatória e forma eqüidimensional (figura 4.29). Outro tipo de porosidade encontrada foi a de origem secundária, gerada pelo fraturamento dos grãos; sua ocorrência é restrita, apresentando forma alongada e orientada (figura 4.30). A maturidade textural da rocha está diretamente relacionada à quantidade de matriz, ao grau de seleção e ao arredondamento dos grãos; neste caso, a rocha é considerada texturalmente supermatura. Todos estes parâmetros analisados indicam que os componentes detríticos da rocha sofreram intenso transporte, evidenciado pelo grau de selecionamento e arredondamento dos grãos. Estas características são compatíveis com o sistema deposicional eólico inferido para esta litofácies. Figura 4.26: Rocha composta essencialmente de quartzo (Qz), exibindo contatos do tipo côncavo-convexo (seta azul) e, em menor proporção, contatos do tipo reto (seta vermelha). Afloramento IN019, nicóis X. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 56 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 4.27: Arenito exibindo cimentação silicosa. Observa-se a ocorrência de sobrecres- cimento de quartzo, indicado pelas setas. Afloramento IN006, nicóis X. Figura 4.28: Arenito com matriz de infiltração composta por argilominerais (setas), observase ainda a ocorrência de porosidade intergranular marcada pela coloração azulada. Afloramento IN006, nicóis //. Figura 4.29: selecionado Arenito de fina, composto Pode ser bem granulometria por quartzo. observada a porosidade do tipo intergranular, marcada pela coloração azulada (setas). Esta porosidade apresenta-se sem orientação, distribuição aleatória e forma eqüidimensional. Afloramento IN014, nicóis //. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 57 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 4.30: Arenito exibindo porosidade primária do tipo intergranular (seta vermelha) e porosidade secundária gerada pelo fraturamento dos grãos (seta azul). Apresenta forma alongada e orientada. Afloramento IN014, nicóis //. Os arenitos que representam a litofácies fluvial são caracterizados basicamente por apresentarem grãos do arcabouço compostos por quartzo (96%), feldspatos (3%) e raramente muscovita (1%), sendo classificado como quartzo-arenitos (figura 4.31). Os grãos do arcabouço são moderadamente selecionados, subarredondados, com granulometria areia fina; os contatos entre os grãos são predominantemente retos e comumente são identificados contatos pontuais (figura 4.32). A cimentação identificada apresenta composição silicosa e ocorre de forma restrita. A porosidade observada nas lâminas é predominantemente do tipo intergranular de origem primária, apresenta seleção regular e distribuição heterogênea (figura 4.33). Figura 4.31: Arenito exibindo grãos do arcabouço compostos essencialmente por quartzo (Qz), com feldspatos (Felds) dispersos. Esta rocha apresenta moderado selecionamento e os grãos são subarredondados. Afloramento IN043, nicóis X. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 58 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 4.32: Rocha composta essencialmente (Qz), por quartzo apresentando contatos predominantemente indicados pelas retos setas em vermelho e, subordinadamente, por contatos pontuais ilustrados pelas setas em azul. Observar a porosidade primária em azul do tipo intergranular. Afloramento IN043, nicóis //. Figura 4.33: Este arenito apresenta-se pobremente selecionado, com arcabouço grãos arredondados do de granulometria fina. Observa-se porosidade primária do tipo intergranular (setas), com forma eqüidimensional e distribuição heterogênea. Afloramento IN043, nicóis //. Outra litofácies de ocorrência muito comum está representada por rochas silicificadas, geralmente tapetes algálicos, estromatólitos e, em menor proporção, grainstones oolíticos/oncolíticos. Microscopicamente a rocha apresenta um arcabouço intensamente recristalizado, sendo que são preservados apenas estruturas oolíticas ou oncolíticas silicificadas (figuras 4.34 e 4.35). Este tipo de rocha não apresenta matriz devido à sua total recristalização. A análise das seções delgadas permitiu identificar que a cimentação ocorre como preenchimento de poros; neste caso, a cimentação eliminou a porosidade da rocha. Foram observadas duas formas de ocorrência deste tipo de cimentação silicosa (ou fases), em mosaico e como finos agregados de chert. A primeira fase iniciou pela cristalização de finos agregados de chert; a segunda fase, já sob influência de água salgada, ocorreu a cimentação de Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 59 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação agregados de chert mais desenvolvidos (em função de fluidos mais saturados). Na terceira fase ocorreu a cristalização de finos cristais de quartzo e posteriormente a geração de quartzo em forma de mosaico, neste caso sob influência de zona de água saturada (figura 4.36). Algumas rochas apresentam-se parcialmente silicificadas, porém preservando as suas características iniciais. Foi observada substituição pseudomórfica. Tanto o cimento quanto os cristais de calcita ou aragonita foram substituídos por sílica (figuras 4.37 e 4.38). Também foi possível identificar microfósseis, ostracodes e gastrópodes em seção transversal. Neste caso, a cimentação silicosa não atuou intensamente, possibilitando a preservação das texturas iniciais da rocha. A rocha pode ser classificada como um bioespatito, possivelmente relacionado a um ambiente de plataforma rasa ou de praia (figuras 4.39 e 4.40). Figura 4.34: Rocha intensa- mente silicificada. Observam-se grãos preservados, provável- mente vestígios de oólitos ou oncólitos. Afloramento IN043, nicóis X. Figura 4.35: Neste exemplo pode ser notada a presença de envelopes descontínuos com forma elíptica, tratando-se de um oncólito intensamente silicificado. Afloramento IN044, nicóis X. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 60 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 4.36: mente Rocha intensa- silicificada, sem porosidade. Observa-se a ocorrência de quatro fases de cimentação. A e B correspondem a cimentação de finos agregados de chert. Em C e D ocorre a cimentação de quartzo em mosaico. Afloramento IN134, nicóis X. Figura 4.37: Rocha parcialmente silicificada; podem ser observados vestígios de cimentação pretérita de cimentação calcita. ocorre A pela formação de finos cristais de quartzo. Afloramento IN202, nicóis X. Figura 4.38: Rocha parcialmente silicificada exibindo vestígios de cristais de calcita ou aragonita, relacionados a uma cimentação pretérita, pela sendo cimentação (pseudomórfica). substituídos silicosa Afloramento IN202, nicóis X. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 61 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 4.39: Rocha composta por quartzo (Qz) e bioclastos, apresentando cimentação calcítica. Geralmente são observados ostracodes substituídos pelo cimento de calcita. Afloramento IN132, nicóis X. Figura 4.40: Rocha composta por quartzo (Qz) e bioclastos, apresentando cimentação calcítica. Neste exemplo observa-se um gastrópode em seção transversal. A rocha foi classificada como bioespatito. Afloramento IN132, nicóis X. 4.5. A Formação Bananeiras Esta formação está incluída na Seqüência Pré-Rifte Neojurássica, fazendo parte do Grupo Perucaba. Nesta fase houve a predominância de sedimentos de origem flúvio-lacustre, ocupando uma bacia tipo sinéclise, precursora do rifteamento eocretáceo. As exposições da Formação Bananeiras ocorrem predominantemente nas proximidades do Domo de Igreja Nova. Interpretações de campo mostram que esta formação é constituída por folhelhos e argilitos muito friáveis (figura 4.41), de coloração vermelha a acastanhada, por vezes apresentando finos cristais de Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 62 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação micas. O seu contato inferior, com a Formação Aracaré, é discordante. No topo, o contato com a Formação Serraria é abrupto. Petrograficamente a rocha apresenta grãos do arcabouço muito dispersos, compostos predominantemente por clastos de quartzo e, subordinadamente, micas e opacos (figura 4.42). Os grãos são muito bem selecionados e os contatos são flutuantes a pontuais. A cimentação ocorre de forma restrita e apresenta composição ferruginosa (óxidos ou hidróxidos de ferro). Em relação a porosidade identificada; sua origem é primária do tipo intergranular, sem orientação, com seleção regular e distribuição heterogênea (figura 4.43). As características petrográficas supracitadas permitem inferir que a rocha foi depositada por um sistema de baixa energia, propiciando o transporte apenas das frações mais finas. Provavelmente a cimentação ferruginosa está associada à telodiagênese, quando ocorreu a percolação de fluidos ricos em óxidos ou hidróxidos de ferro. As feições descritas são compatíveis com a geração destas rochas a partir de um sistema lacustre. Figura 4.41: Rocha intensamente alterada, com granulometria muito fina e coloração avermelhada. A rocha ainda preserva o acamamento de forma incipiente. Afloramento IN012, localizado nas proximidades do povoado Ribeirinha. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 63 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 4.42: Rocha de granulometria areia muito fina, apresentando grãos do arcabouço dispersos, essencialmente compostos por quartzo (Qz). Afloramento IN012, nicóis X. Figura 4.43: Rocha muito fina, exibindo cimentação restrita de óxido/hidróxido de ferro (setas amarelas). As setas vermelhas indicam a porosidade piente, de presença de intergranular inci- origem primária, marcada pelos tons azulados. Afloramento IN012, nicóis //. 4.6. A Formação Serraria Em modelos estratigráficos prévios (Feijó 1994; Souza-Lima et al. 2002), a Formação Serraria integra o Grupo Perucaba, como a unidade mais jovem da Seqüência Pré-Rifte. Recentemente, argumentos estruturais e estratigráficos conduziram Jardim de Sá et al. (2006) a reposicionarem a Formação Serraria na base da Seqüência Rifte Eocretácea, e do Grupo Coruripe. Os argumentos estruturais enfatizam o caráter pré a sinlitificação da deformação sinrifte na Formação Serraria. Em campo e em sondagens, o contato basal da Formação Serraria, com a Formação Bananeiras sotoposta, é brusco e pode envolver uma discordância erosional (Jardim de Sá et al., 2006). Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 64 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Os sedimentos da Formação Serraria foram depositados sob influência de um sistema fluvial. A formação encontra-se bem distribuída pela área mapeada; comumente observam-se cristas alinhadas ao longo da margem do Domo de Igreja Nova, constituídas por esta formação (Anexo 1). Litologicamente a Formação Serraria é composta por arenitos arcoseanos de cor branca, acinzentada ou avermelhada, de granulometria média a grossa; por vezes, são identificados níveis conglomeráticos. Os afloramentos IN035, IN041, IN042, IN160 e IN204 (Anexo 2) apresentam freqüentemente estratificações cruzadas tabular e acanalada, bem como estruturas de fluidização. O seu contato basal com a Formação Bananeiras ocorre de forma abrupta e, com relação ao topo, é concordante com a Formação Barra de Itiúba. O afloramento IN042 é formado por arenito médio a grosso, de coloração branca a amarelada, exibindo estratificação cruzada tangencial e níveis de oxidação bem marcados (figura 4.44). Neste mesmo afloramento pode ser observada a presença de estruturas de fluidização, as quais são geradas em condições hidroplásticas, em arenitos com boa porosidade e permeabilidade, provocando a obliteração de estruturas primárias tais como as estratificações (figura 4.45). O afloramento IN160 é constituído por arenito bem selecionado com granulometria variando de areia média a grossa e coloração avermelhada. Foram identificadas localmente estruturas de fluidização e nível de oxidação, gerado pela exposição das camadas na superfície. Foram observadas estratificações cruzadas tangenciais, na base do afloramento (figura 4.46). Microscopicamente a Formação Serraria é caracterizada por apresentar granulometria variando de areia média a grossa. Os grãos do arcabouço são constituídos essencialmente por quartzo (97%); raramente são encontrados feldspatos ou micas, que não ultrapassam mais que 3%. A rocha é classificada como quartzo-arenito (figura 4.47). Os grãos do arcabouço são bem selecionados, predominantemente subarredondados; os contatos entre os grãos são principalmente retos e, em menor proporção, do tipo pontuais (figura 4.48). A cimentação ocorre de forma restrita, sua composição é principalmente do tipo silicosa e, secundariamente, do tipo ferruginosa (figura 4.49). Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 65 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação A matriz apresenta-se como material detrítico entre grãos do arcabouço, sendo composta por argilominerais. A porosidade identificada nas rochas da Formação Serraria é predominantemente do tipo intergranular e sua geração é primária. Os poros não apresentam orientação; estes poros ocorrem aleatoriamente pela lâmina e apresentam forma eqüidimensional (figura 4.50). Figura 4.44: Arenito da Formação Serraria, com granulometria areia média a grossa, coloração avermelhada. No detalhe observa-se estratificação cruzada tangencial e nível de oxidação. Afloramento IN042, nas proximidades do povoado Ipiranga. Figura 4.45: Arenito da Formação Serraria. Apresenta granulometria areia média a grossa, coloração esbran- quiçada a avermelhada. A seta indica estrutura de fluidização, estrutura muito comum nesta Fluidização formação. Afloramento IN042, nas proximidades do povoado Ipiranga. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 66 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura Estratificação cruzada tangencial 4.46: Arenito da Formação Serraria. Apresenta granulometria coloração média, esbranquiçada avermelhada. ficação areia Exibe cruzada a estrati- tangencial, indicando transporte por fluxo aquoso. Afloramento IN160 na Ilha das Antas, Igreja Nova. Figura 4.47: Seção delgada do quartzo-arenito Serraria, da exibindo Formação grãos do arcabouço bem selecionados, compostos predominantemente por quartzo. Afloramento IN078, nicóis X. Figura 4.48: Quartzo-arenito exibindo contatos predominantemente retos (seta azul) e, subordinadamente, (seta vermelha). pontuais Afloramento IN078, nicóis //. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 67 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 4.49: Lâmina exibindo a presença de cimentação ferruginosa, indicada pela seta azul, preenchendo os espaços porosos. Afloramento IN204, nicóis //. Figura 4.50: Quartzo-arenito da Formação Serraria porosidade (tons exibindo azulados) intergranular de origem primária. Os poros não orientação, a apresentam forma é eqüidimensional e a distribuição é heterogênea. Afloramento IN204, nicóis //. 4.7. A Formação Barra de Itiúba Para boa parte dos autores (Feijó 1994; Souza-Lima et al. 2002), a Formação Barra de Itiúba corresponde à parte superior do estágio Pré-Rifte, avançando até a parte inferior do estágio Rifte. Jardim de Sá et al. (2006) consideram esta unidade inteiramente no contexto da Seqüência Rifte, fazendo parte do Grupo Coruripe. Esta formação foi mapeada nas partes norte e sul da área. Seus litotipos são constituídos basicamente por folhelhos cinza-esverdeados com alternância de níveis de arenitos com granulometria areia fina, exibindo coloração brancaamarelada. O seu contato basal é concordante com a Formação Serraria, e está sotoposta à Formação Penedo em contato interdigitado. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 68 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação O afloramento IN205, localizado nas proximidades do povoado Flexeiras, apresenta arenito muito fino, com presença de mica e coloração bege. No afloramento IN036, fora dos limites da área, na porção sul próximo ao povoado Lagoa Grande, foram identificados arenitos muito finos, exibindo laminações e estratificações cruzadas acanalada de pequeno porte, intercalado com níveis argilosos avermelhados (figura 4.51). Outro afloramento localizado fora dos limites da área, na porção sul, próximo ao povoado Umarizeiro, exibe um arenito fino de aspecto maciço, de cor bege (figura 4.52). Microscopicamente a rocha, do afloramento IN206, é composta por grãos de quartzo (95%), feldspato (3%) e micas (2%); de acordo com esta composição modal a rocha é denominada de quartzo-arenito (figura 4.53). Os grãos do arcabouço são muito bem selecionados, subangulosos, com granulometria areia muito fina; os contatos entre os grãos são predominantemente pontuais e comumente são identificados contatos flutuantes (figura 4.54). A cimentação identificada apresenta composição silicosa; geralmente a sua ocorrência é constatada pelo crescimento secundário de quartzo (figura 4.55). A porosidade observada nas lâminas é predominantemente do tipo intergranular e sua geração é primária. Esta porosidade apresenta-se sem orientação, com distribuição aleatória e forma eqüidimensional. Outro tipo de porosidade encontrada foi a de origem secundária, gerada pelo fraturamento dos grãos; sua ocorrência é restrita, com formas alongadas e orientadas (figura 4.56). As análises das seções delgadas forneceram informações que auxiliaram na identificação dos possíveis estágios diagenéticos ocorridos nas rochas. O estágio mesodiagenético foi caracterizado nestas lâminas em função da presença de cimentação silicosa, propiciando a formação de sobrecrescimentos de quartzo. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 69 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 4.51: Arenito muito fino, de coloração avermelhada da Formação Barra de Itiúba, exibindo estratificações cruzada acanalada de pequeno porte. Afloramento IN036, localizado nas proximidades do povoado Lagoa Grande. Estratificações cruzada acanalada Figura 4.52: Arenito fino com aspecto maciço, de cor bege, da Formação Barra de Itiúba. Afloramento IN060, proximidades do nas povoado Umarizeiro. Figura 4.53: Seção delgada do quartzo-arenito da Formação Barra de Itiúba, exibindo grãos do arcabouço bem selecio- nados, composto predominantemente por subordinadamente quartzo e feldspatos. Afloramento IN206, nicóis X. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 70 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 4.54: Seção delgada exibindo contatos predominantemente pontuais (seta vermelha) e subordinadamente flutuantes (seta azul). Afloramento IN209, nicóis //. Figura 4.55: Quartzo-arenito fino exibindo cimentação do tipo silicosa. Observa-se a ocorrência de sobrecrescimento de quartzo, indicado pelas setas. Afloramento IN209, nicóis //. Figura 4.56: Arenito exibindo porosidade intergranular primária do (seta azul) tipo e porosidade secundária gerada pelo fraturamento dos grãos (seta vermelha); apresenta forma alongada e orientada. Afloramento IN207, nicóis //. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 71 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação 4.8. A Formação Penedo Esta formação também integra o Estágio Rifte, onde os sedimentos foram depositados sob influência de um sistema fluvio-deltáico, localmente ocorrendo retrabalhamento eólico (Vieira, 1991). De acordo com o mapeamento geológico (Anexo 1), esta formação ocorre apenas na porção sul da área, nas proximidades do Rio São Francisco. Interpretações de campo (afloramentos IN088, IN097 e IN211) mostram que seu contato basal ocorre de forma interdigitado, com a Formação Barra de Itiúba, e está sotoposta discordantemente à Formação Barreiras (discordância do tipo angular), diferentemente do modo de ocorrência em outras partes da bacia onde observa-se capeada pela Formação Coqueiro Seco. Tal fato implica em que a região constituía um alto estrutural nesta época (andares Jiquiá/Buracia), ou após, neste caso envolvendo a erosão da seção superior da Seqüência Rifte. As rochas desta formação são compostas por arenitos arcoseanos de granulometria média a grossa (localmente conglomeráticos), geralmente apresentando coloração branca, cinzenta a amarelada. Freqüentemente são identificadas a presença de estruturas sedimentares de médio a grande porte, do tipo estratificações cruzadas tabular e acanalada; estruturas de fluidização são muito comuns. No afloramento IN088 (Anexo 2), localizado nas proximidades de Palmeira dos Negros, na estrada que dá acesso ao povoado Flexeiras, pode ser observado um arenito bem selecionado, de granulometria variando desde areia fina até areia grossa, por vezes com níveis conglomeráticos com coloração amarelada. Pode ser observada estratificação cruzada (figura 4.57). O afloramento IN062, localizado nas proximidades do povoado Perucaba (fora dos limites da área, porção leste), exibe arenito grosso com afinamento textural para o topo. Foram identificadas estratificações cruzadas tangenciais. Estruturas de fluidização têm ocorrência comum no afloramento, possivelmente estão relacionadas ao sistema fluvio-deltáico (figura 4.58). Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 72 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 4.57: Arenito bem selecionado, de granulometria até areia grossa, por vezes com níveis conglomeráticos com coloração amarelada, exibindo estratificação cruzada tabular. Afloramento IN088, localizado no povoado Palmeira dos Negros. Estratificação Figura 4.58: Arenito com Fluidização granulometria areia grossa, exibindo afinamento textural para o topo. Foram identificadas estratificações cruzadas tangenciais. A rocha exibe estruturas de fluidização. Afloramento IN062, localizado no povoado Perucaba. 4.9. A Formação Barreiras A Formação Barreiras encontra-se capeando as formações anteriormente citadas, formando extensas áreas planas denominadas geomorfologicamente por tabuleiros ou platôs (figura 4.59). Estas regiões topograficamente mais elevadas ocorrem nas partes sul e centro-norte da área. Estudo de afloramentos, como por exemplo, o IN009 (Anexo 2); mostram que esta formação é composta por sedimentos terrígenos pouco ou não-consolidados e imaturos, arenitos por vezes conglomeráticos, com níveis de argila alternados, siltitos e horizontes com intensa laterização. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 73 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Platôs Figura 4.59: Aspecto geral dos platôs constituídos pelas rochas da Formação Barreiras. Vista da área a partir da localidade Ilha das Antas. 4.10. As Coberturas Quaternárias As Coberturas Quaternárias são constituídas por sedimentos terrígenos geralmente compostos por areias, argilas e conglomerados, correspondendo a seqüências de origem aluvionar (figura 4.60). Outros depósitos estão relacionados a sedimentos de origem elúvio/coluvionar, resultantes da alteração de rochas (elúvio) e movimentação lenta por gravidade (colúvio), de curto percurso. As exposições identificadas na área estão localizadas na porção sul, mais especificamente nas proximidades dos rios Boacica e São Francisco (Anexo 1). Geomorfologicamente estes sedimentos ocupam as áreas mais baixas formando extensas planícies de inundação. Figura 4.60: Sedimentos aluvionares das Coberturas Quaternárias. Margens do Rio Boacica. Capítulo IV – Caracterização Litoestratigráfica e Petrográfica das Unidades Mapeadas 74 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Capítulo V – Análise dos Elementos Estruturais da Área Mapeada 5.1. Introdução Segundo a literatura (Lana 1985; Cainelli 1987; Jardim de Sá et al. 2005), a Bacia Sergipe-Alagoas é afetada por falhamentos que apresentam configuração geral norte-sul, interceptados por falhas leste-oeste e nordeste-sudoeste, que dão à bacia uma configuração geral NE-SW (figura 2.7). Ainda segundo aqueles autores, esta disposição complexa dos falhamentos sugere que a bacia não foi afetada apenas por um único evento deformacional e sim por uma sucessão de eventos que produziram falhas de diversos tipos, normais, transcorrentes e as suas derivadas (figuras 2.9 e 2.10). O estudo de elementos estruturais possibilita a identificação da cinemática atuante e, conseqüentemente, inferências sobre a orientação dos eixos principais de tensões. Observando os tipos de estruturas e os critérios cinemáticos impressos nas rochas, é possível visualizar a evolução que a região sofreu e correlacioná-la com áreas vizinhas. Os estudos desenvolvidos neste capítulo enfocam exclusivamente a análise das estruturas frágeis (falhas, bandas de deformação e juntas) que afetaram as rochas sedimentares, especialmente das seqüências Paleozóica, Pré-Rifte e parte inferior do Rifte. Foram realizadas interpretações dos lineamentos obtidos a partir das imagens radarmétricas (capítulo III), comparando com as informações de campo; desta forma, foi possível obter outros subsídios sobre o comportamento das estruturas. Por intermédio do uso de imagens de satélite e radarmétricas, foi possível observar uma feição bem marcada na área, o Domo de Igreja Nova. Com base nas interpretações dessas imagens e informações de campo, foram realizadas algumas considerações geológicas a respeito dessa estrutura, em relação à sua gênese e influência na disposição das camadas sedimentares que encontram-se em suas margens. As interpretações estruturais realizadas na área possibilitaram a aplicação de um modelo cinemático preliminar para a deformação ocorrida na mesma. A escolha do modelo cinemático levou em consideração o padrão da orientação das Capítulo V – Análise dos Elementos Estruturais da Área Mapeada 75 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação estruturas na área mapeada, e os tipos de estruturas que podem ser geradas em função de um determinado esforço. 5.2. O Domo de Igreja Nova e as Falhas Principais na Área Mapeada Na literatura, são freqüentes os estudos que abordam o Domo de Igreja Nova. Na maioria deles, são apenas citadas as características gerais desta estrutura dômica, sem informações mais aprofundadas. Somente nos últimos anos, alguns trabalhos publicados vêm abordando com mais detalhes esta estrutura, gerando modelos que tentam explicar a sua gênese. Segundo Lana (1985), os altos estruturais na Bacia Sergipe-Alagoas (vide figura 2.9) são de dois tipos, com limites bem definidos e com limites mais difusos. Para ele, o Domo de Igreja Nova está inserido no grupo dos altos estruturais com limites difusos, sendo comum observar a superfície do embasamento arqueada, assim como as camadas das rochas que constituem as seqüências Paleozóica, Pré-Rifte e Rifte. Para Cainelli (1987), o Domo de Igreja Nova representa uma feição de porte regional, situada na porção mediana da bacia, com núcleo do embasamento aflorante e os estratos sedimentares radialmente dispersos, exibindo mergulhos centrífugos variáveis de 5 a 15º. Ainda neste trabalho, o autor classifica esta estrutura como um domo maturo. De acordo com Jardim de sá et al. (2005), o Domo de Igreja Nova é definido pela estrutura das seqüências Pré-Rifte (Paleozóica e Neojurássica) e Rifte ao seu redor (figura 5.1). Além do nítido arqueamento, que afeta o embasamento cristalino, essa estrutura é realçada por acentuada rotação das camadas, associada a falhas distensionais, como ocorre na sua borda oeste, definida por um semi-graben basculado para NW. Os setores NE e SW do domo são caracterizados por falhas normais transversais ou oblíquas, com trend EW/WNW, geralmente definindo semi-grabens. Trabalhos realizados por Almeida et al. (2005) descrevem a disposição das falhas que margeiam o domo, identificando setores com características semelhantes e sua influência para as camadas sedimentares. Ainda nesse trabalho são feitas considerações a respeito dos modelos de evolução desta estrutura dômica. Capítulo V – Análise dos Elementos Estruturais da Área Mapeada 76 Figura 5.1: Mapa geológico regional ilustrando os estereogramas do acamamento de cinco setores (A, B, C, D e E) ao longo da área mapeada. Pode ser observado que o acamamento mergulha de forma centrífuga ao núcleo do domo, geralmente controlado por falhas, em especial a estrutura NE que condiciona o basculamento na borda da bacia. Os mergulhos do acamamento variam de baixos (setor D) a moderados. O setor C apresenta mergulhos para SW e NE; esta disposição está associada à existência de uma estrutura sinclinal afetando as camadas. Nesta figura está representado apenas o perfil E-E’, os demais encontram-se no Anexo 1 e na figura 5.2. Modificado de Almeida et al. (2005). Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Capítulo V – Análise dos Elementos Estruturais da Área Mapeada 77 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação No estudo realizado por Torres de Sousa (2006), foi feita uma abordagem da estrutura dômica mais descritiva, enfatizando as suas características geológicas e mostrando a influência desta estrutura na disposição das camadas ao seu redor. Margeando a estrutura dômica, ocorrem as seqüências Paleozóica, PréRifte e a parte inferior da Seqüência Rifte. As camadas destas seqüências moldam a estrutura dômica, com mergulhos centrífugos (figura 5.1). Em alguns setores, o mergulho das camadas está controlado por falhamentos, com direção NE (falha de borda) no extremo oeste, e com direção NW na parte sul da área. Também deve ser citado o sinclinal que ocorre a NW da cidade de Igreja Nova. No mapa geológico anexo e na figura 5.2, podem ser observados quatro perfis que ilustram os mergulhos das camadas e a disposição das falhas. Nos perfis A-A’ e B-B’ as camadas mergulham para NW, condicionados pela falha de borda. O perfil C-C’ evidencia a disposição das camadas que formam o sinclinal a NW de Igreja Nova; o flanco oeste apresenta mergulho suave, e o flanco leste, mergulho moderado. No perfil D-D’, localizado na porção sul da área, o mergulho das camadas é relativamente mais suave, em geral para sudoeste e sul (figura 5.2). Na figura 5.1 pode ser visto com detalhe os cinco setores com mergulhos relativamente diferentes, ilustrados pelos estereogramas das medidas de acamamento. Figura 5.2: Perfis esquemáticos da área de estudo, onde pode ser observada a disposição das camadas com mergulhos variados (ver Anexo 1). Capítulo V – Análise dos Elementos Estruturais da Área Mapeada 78 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação 5.3. Caracterização das Estruturas Frágeis 5.3.1. Falhas Na área foram reconhecidas falhas normais e de rejeito direcional; em muitos casos, o forte intemperismo dos afloramentos dificulta a identificação dos critérios cinemáticos. O afloramento IN041 está localizado no povoado Ipiranga e exibe arenitos da Formação Serraria. Neste afloramento foi identificado um plano de falha com atitude 010ºAz/50ºSE e estrias com rake alto, cerca de 90º (figura 5.3). No plano de falha foram identificados ressaltos indicando rejeito normal. A orientação desta falha corrobora a configuração geral das falhas observadas na área, ou seja, a predominância de falhas normais exibindo direção NNE-SSW com mergulho para SE (figura 5.3), caracterizando um evento com distensão NW. O basculamento das camadas contra as falhas é muito nítido nos setores A e B (ver também a figura 5.2), para NW, e no setor E, para sul/sudeste. No afloramento IN002, localizado em Igreja Nova, foi identificado um arenito de granulação areia média; esta rocha faz parte da Formação Batinga. Neste afloramento foi encontrado um plano de falha com atitude 070ºAz/86ºSE e estrias de abrasão de rake baixo, com cerca de 5º para sudoeste. Esta falha de rejeito direcional apresenta ressaltos que mostram a atuação de uma cinemática sinistral (figura 5.4). Outro exemplo de falha de rejeito direcional está representado pelo afloramento IN005, localizado no povoado Canoa de Baixo, onde foi identificado um arenito bem selecionado e com granulometria que varia de areia fina a grossa, pertencente à Formação Aracaré. O falhamento identificado apresenta atitude 108ºAz/88ºNE; no plano de falha foi observada uma fina película originada a partir da percolação de fluidos enriquecidos em sílica. Este material no plano de falha apresenta uma estria incipiente, de rake baixo, cerca de 12º para noroeste (figura 5.5). Neste afloramento não foi possível determinar a cinemática da falha. Capítulo V – Análise dos Elementos Estruturais da Área Mapeada 79 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 5.3: Plano de falha normal com direção NNE-SSW Plano de Falha e mergulho para SE. Foram observadas estrias de rake alto e ressaltos indicando rejeito normal (cabo do martelo aponta para norte). Afloramento IN041, Formação Serraria. Figura 5.4: Plano de falha Plano de Falha transcorrente de direção NESW exibindo estrias de abrasão de rake baixo. Foram identificados indicam ressaltos cinemática que sinistral. Afloramentos IN002, Formação Batinga. Figura 5.5: Plano de falha Plano de Falha transcorrente de direção WNW-ESE, exibindo uma fina película composta por sílica. É observado um traço sutil (possivelmente estria) de rake baixo para noroeste (ponta da caneta mento para norte). IN005, Aflora- Formação Aracaré. Capítulo V – Análise dos Elementos Estruturais da Área Mapeada 80 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação 5.3.2. Bandas de Deformação Este item tem por objetivo abordar sucintamente os aspectos descritivos das zonas de bandas de deformação, que ocorrem em diversos afloramentos da área. Para a análise destas bandas de deformação é necessário um estudo aprofundado, levando em consideração a sua gênese, desenvolvimento e caracterização em meso/microescala. Portanto excluem-se deste trabalho estudos aprofundados sobre este assunto, visto que não é o enfoque desta monografia. Resumidamente, muitos autores (Aydin, 1978; Antonellini et al., 1994; Caine et al., 1996) consideram as bandas de deformação como um estágio inicial de nucleação de pequenas falhas, que vão se interceptando até formar a chamada zona de danos; geralmente pode ser observado a presença de bandas com diversas orientações, tamanhos e tipos. Destaca-se o comportamento hidroplástico de muitas destas estruturas indicando um estágio incipiente de litificação das rochas hospedeiras, quando do seu desenvolvimento. O afloramento IN133 é composto por arenito de granulometria areia média, coloração esbranquiçada, fazendo parte da Formação Serraria. Foi observada uma larga zona de danos cortando o acamamento basculado. Nesta zona de danos podem ser identificados dois sets de bandas formando um par conjugado. Localmente, o set de mergulho forte para SE intercepta o set de mergulho subhorizontal, indicando um deslocamento inverso das primeiras. No entanto, se o afloramento for rotacionado, colocando o acamamento na posição original, verifica-se que as bandas apresentavam rejeito normal original (figura 5.6). A interpretação proposta neste afloramento é de que as bandas de deformação representam um estágio precoce da deformação com distensão NW, afetando a Formação Serraria ainda em estágio incipiente de litificação (estágio A na figura 5.6). Em seqüência, toda a pilha sedimentar (incluindo as unidades sobrejacentes) foram gradativamente basculadas pela falha de borda (estágio B na figura 5.6). No afloramento IN005 a rocha é composta por arenitos de granulometria areia fina a média, bem selecionados e de coloração esbranquiçada; este afloramento corresponde à Formação Aracaré. As bandas de deformação são Capítulo V – Análise dos Elementos Estruturais da Área Mapeada 81 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação bem marcadas; podem ser observadas bandas de deformação mais espessas interligadas com bandas mais finas. A zona de danos apresenta orientação geral NW-SE, esta configuração é marcada pelas bandas mais espessas; neste caso, a cinemática inferida mostra um componente sinistral (figura 5.7). O afloramento IN018 é composto por arenitos da Formação Aracaré apresentando granulometria areia média e, localmente, níveis conglomeráticos. Observa-se que o acamamento da rocha está cortado e deslocado por bandas de deformação que exibem cinemática normal e orientação geral E-W, com mergulho para norte (figura 5.8). Figura 5.6: Bandas de deformação; o set de mergulho forte apresenta rejeito inverso (1). Reconstituindo o afloramento para a posição inicial verifica-se que a falha apresentava originalmente rejeito normal (2). Formação Serraria no afloramento IN133, localizado a nordeste do povoado Entrada (cabo do martelo aponta para norte). Figura 5.7: Formação Arenitos Aracaré da exibindo zona de danos com orientação geral NW-SE e cinemática com componente azul). sinistral Afloramento localizado na (seta IN005, entrada do povoado Canoa de Baixo. Capítulo V – Análise dos Elementos Estruturais da Área Mapeada 82 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Figura 5.8: deformação Banda de cortando e deslocando o acamamento do arenito da Formação Aracaré. O plano da banda apresenta orientação geral E-W, com cinemática normal evidenciado pelo deslocamento do nível conglomerático. Afloramento IN018, próximo ao povoado Olho D´água. 5.3.3. Juntas As juntas são fissuras ao longo das quais não houve deslocamento dos blocos de rocha adjacentes. Podem ocorrer formando famílias (conjunto de juntas paralelas formando um padrão regular) ou sistemas (conjunto de famílias), podendo ser secas ou preenchidas por fluidos e precipitados. Na área este tipo de estrutura é muito comum; ocorrem geralmente sem preenchimento e em menor proporção, preenchidas por material argiloso. As juntas ocorrem tanto nas rochas da bacia como no embasamento cristalino; desta forma, é possível estabelecer correlações entre elas para inferir a cinemática e o tipo de tensão atuante. O afloramento IN051, localizado no povoado São José é composto por folhelho de coloração acinzentada da Formação Batinga, Membro Boacica. Neste afloramento foram identificadas três famílias de juntas entrecruzadas, apresentando direções 150ºAz, 210ºAz e 270ºAz. Estas juntas não são preenchidas e aparentemente foram geradas simultaneamente (figura 5.9). No afloramento IN076 localizado próximo ao povoado Marabinha é composto por siltitos da Formação Batinga, foram identificadas juntas preenchidas por uma fina película de argila. O plano das juntas tem atitude 140ºAz/85ºSW (figura 5.10). O afloramento IN178 é composto por rochas do embasamento intensamente fraturadas, exibindo um complexo sistema de juntas secas. A orientação principal do fraturamento é de cerca de 22ºAz; subordinadamente ocorrem juntas com direção 60ºAz e outras, em menor proporção, apresentando Capítulo V – Análise dos Elementos Estruturais da Área Mapeada 83 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação direção 220ºAz. Neste afloramento não foi possível determinar as relações de contemporaneidade entre as famílias de juntas (figura 5.11). Figura 5.9: Aspecto geral da rocha exibindo três famílias de juntas secas entrecruzadas. O cabo do martelo aponta para o norte. Foram identificadas as seguintes orientações: NE-SW, NW-SE e E-W (cabo do martelo aponta para norte). Afloramento IN051, Membro Boacica. Figura 5.10: Afloramento IN076 exibindo juntas preenchidas por uma fina película de argila. Observa-se o plano da junta com atitude 140ºAz/85ºSW. Membro Boacica. Película de argila Figura 5.11: Afloramento IN178 exibindo sistema de juntas secas em diversas direções, 22ºAz, 60ºAz e 220ºAz. Embasamento cristalino (cabo do martelo aponta para norte). Capítulo V – Análise dos Elementos Estruturais da Área Mapeada 84 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação 5.4. Integração dos Dados Estruturais e Modelo Cinemático Neste item foram realizadas interpretações reunindo as informações das falhas, bandas de deformação, juntas e fotolineamentos, verificando as possíveis relações existentes entre elas com intuito de identificar as possíveis orientações dos eixos de strain e de tensões que atuaram na área. Ao término desta análise é discutido um modelo preliminar que explica o padrão da orientação das estruturas observadas na área. Na área, as falhas foram agrupadas em dois setores, o primeiro a norte de Igreja Nova e, o segundo, a sul desta mesma cidade. Na figura 5.12, pode ser visto que, no setor norte, as falhas estão orientadas NE. As principais (sintéticas) mergulham para SE e controlam os mergulhos do acamamento, basculados contra estas falhas; o diagrama também ilustra falhas antitéticas. Secundariamente, ocorrem falhas com direção aproximada NNE a NE, formando blocos limitados por falhas. No setor sul as falhas apresentam uma variação maior. Ocorrem falhas com direção NNE e, subordinadamente, falhas com direção WNW (figura 5.12B). A partir de dados como nas figuras 5.2 e 5.3, pode ser levantado que a família de falhas NW pode incluir estruturas de transferência, caracterizadas por mergulhos fortes e estrias de rake baixo a intermediário. Figura 5.12: Estereograma (Schmidt, hemisfério inferior) mostrando as orientações das falhas em dois setores, A e B, respectivamente a norte e sul da área. Capítulo V – Análise dos Elementos Estruturais da Área Mapeada 85 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação A análise estrutural das bandas de deformação indica que ocorrem predominantemente direções NE-SW e, secundariamente, orientações NW-SE. Tal fato corrobora as medidas obtidas para as falhas. Desta forma, pode ser inferido que os grandes falhamentos possivelmente estão associados ao mesmo sistema de esforços responsáveis pelas bandas de deformação. Na figura 5.13 pode ser observada a orientação das bandas de deformação, em A representadas em projeção estereográfica (orientações e mergulhos) e, em B, por meio de diagrama de roseta. Pode ser visto claramente o trend principal NE, corroborando a estruturação geral da região. Notam-se ainda os mergulhos fortes das bandas NW, compatíveis com cinemática direcional (prováveis zonas de transferência). Figura 5.13: Estereograma (Schmidt, hemisfério inferior) e diagrama de roseta para as bandas de deformação. Em A verifica-se predominantemente bandas com mergulhos fortes, orientação NE-SW e NW-SE, em especial estas últimas. Em B observa-se o diagrama de roseta gerado pela freqüência dos azimutes; notar a predominância da direção NE-SW e, subordinadamente, WNW-ESE. No capítulo III foram tratadas imagens radarmétrica e extraídos lineamentos positivos e negativos da área. Neste item foram utilizados especificamente os lineamentos negativos, por se tratarem de feições penetrativas no terreno e mais relacionados às fraturas. Os lineamentos positivos não serão utilizados devido a que estes elementos freqüentemente correspondem a veios no embasamento cristalino ou a linhas de cuestas das unidades de arenitos. Capítulo V – Análise dos Elementos Estruturais da Área Mapeada 86 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação A partir da geração de diagramas de roseta para os lineamentos e juntas, é possível discutir se existe relação entre estas estruturas. Na figura 5.14 (A) pode ser verificado que o padrão de orientação dos lineamentos é preferencialmente para NE-SW e E-W. Em B o padrão da orientação predominante das juntas é também NE-SW, porém dominando a direção NNE; secundariamente verificam-se orientações ENE e NW-SE. Estes dois diagramas mostram que tanto os lineamentos (dado orbital) quanto as juntas (dado de campo) apresentam similaridades no que diz respeito ao padrão de orientação. Figura 5.14: Estereogramas gerados com base na freqüência dos azimutes. Em A observa-se a disposição dos fotolineamentos com orientação preferencial NE-SW; esta disposição é consistente, nos traços maiores, das juntas em B. Em C, foram reunidos em um único diagrama de roseta os fotolineamentos e as juntas para verificar a direção principal de σ3, neste caso, foi verificada a direção principal NW-SE. Os dados foram divididos em 32 classes e plotados em setores com 10º (A e C) e 8º (B) de intervalo angular. De acordo com as análises realizadas, o arcabouço de falhas da região apresenta orientação principal NE-SW, subordinadamente NW-SE. A orientação principal é marcada por falhas normais com mergulho para SE. Outras falhas com Capítulo V – Análise dos Elementos Estruturais da Área Mapeada 87 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação orientação NW-SE podem estar funcionando como zonas de transferência, ou seja, interligando as falhas normais principais. O mecanismo de geração destas falhas pode estar associado a um eixo de distensão sigma 3 NW-SE. Esta disposição é confirmada pela orientação das falhas normais, bandas de deformação e juntas de cinemática similar. Outra feição estrutural que deve ser analisada neste arranjo é o sinclinal que ocorre a noroeste de Igreja Nova. Esta estrutura é aqui interpretada como uma dobra de acomodação associada a rejeitos diferenciais nas falhas NE, na linha de interpretação das falhas normais ortogonais (release faults), discutida por Destro (1994). Na figura 5.15 é mostrado um modelo esquemático da configuração das falhas da área. Figura 5.15: (A) Representação do arcabouço de falhas de um sinclinal e mergulhos das camadas em mapa; (B) Bloco 3D mostrando a disposição das estruturas e a deformação das camadas. As falhas normais (N) apresentam rejeito diferencial, gerando dobras ou falhas transversais. Notar o arqueamento da camada, formando o sinclinal (S). O mecanismo de geração destas falhas está associado a um eixo de distensão principal NW-SE, correspondendo ao σ3. Baseado em Destro (1994). Capítulo V – Análise dos Elementos Estruturais da Área Mapeada 88 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Capítulo VI – Conclusões e Discussões O mapeamento realizado em uma área a norte do Rio São Francisco, no município de Igreja Nova (AL), evidenciou a ocorrência de uma sucessão bastante completa das seqüências Paleozóica, Pré-Rifte e Rifte da Bacia Sergipe-Alagoas. Este mapeamento teve como base a utilização de produtos de sensores remotos, que auxiliaram na identificação e individualização de elementos de paisagem. Em campo foi possível obter dados sobre a estratigrafia e estrutura das seqüências. Posteriormente, tais dados foram correlacionados com o arcabouço regional da Bacia Sergipe-alagoas. Sensoriamento Remoto A aplicação do sensoriamento remoto neste mapeamento geológico permitiu a identificação de elementos de paisagem contidos na área. Por meio da geração de composições em RGB, foram obtidas informações que auxiliaram no mapeamento geológico. A composição RGB-532 permitiu identificar, com mais detalhe, o contato entre as rochas sedimentares da bacia com o embasamento cristalino. A composição RGB-523 possibilitou a identificação da Formação Barreiras. Não foi possível discriminar as demais formações por intermédio de dados orbitais (Landsat ETM+); este fato pode estar relacionado à presença da cobertura vegetal e às camadas de solo. A interpretação das imagens radarmétricas permitiu a extração de feições estruturais impressas no relevo (lineamentos positivos e negativos), que auxiliaram na correlação da compartimentação estrutural regional com as informações de campo. Por meio destas imagens, foi gerado um modelo digital do terreno, onde pode ser observada a configuração geral do Domo de Igreja Nova. Capítulo VI – Conclusões e Discussões 89 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Arcabouço Estratigráfico De acordo com interpretações realizadas em campo, o embasamento na área é constituído por rochas da Faixa Sergipana, mais precisamente por gnaisses e migmatitos, micaxistos do Grupo Macururé e rochas granitóides do plutonismo brasiliano. Os três primeiros grupos de rochas compõem o núcleo do Domo de Igreja Nova. As rochas do embasamento também ocorrem a oeste das falhas de borda. Os granitóides são intrusivos nas demais unidades. Sobre as rochas do embasamento assentam as coberturas sedimentares da Bacia Sergipe-Alagoas, em contato por não-conformidade. Na base ocorre a Seqüência Paleozóica, constituída pelas formações Batinga e Aracaré; o contato entre estas duas formações é discordante. A Formação Batinga é composta, na área, por dois membros. O Membro Mulungu é constituído por paraconglomerados e arenitos grossos; o primeiro representa a litofácies de origem glacial e o segundo, a de origem fluvial. Em contato direto com estas rochas ocorre o Membro Boacica, composto por siltito e folhelho originados por um sistema subglacial com influência de processos costeiros e plataformais. A Formação Aracaré é composta por arenitos eólicos de granulometria média a grossa, arenitos fluviais mal-selecionados de granulometria areia fina a média, e folhelhos avermelhados de ocorrência restrita, geralmente associados a tapetes microbianos e estromatólitos silicificados. Freqüentemente são identificadas, dentro dos folhelhos, a presença de nódulos de sílex. Na área, a Seqüência Pré-Rifte é representada pela Formação Bananeiras. Estudos de campo mostram que esta formação é constituída por folhelhos e argilitos, que ocorrem nos vales dos rios que cortam a região; geralmente, os afloramentos são muito alterados, impossibilitando a identificação de estruturas sedimentares. As rochas desta formação foram geradas por um sistema deposicional lacustre. A Seqüência Rifte é representada pelas rochas siliciclásticas das formações Serraria, Barra de Itiúba e Penedo. Trabalhos anteriores posicionavam a Formação Serraria na Seqüência PréRifte (figuras 2.2 e 2.3). Estudos mais recentes de Jardim de Sá et al. (2006) reposicionaram esta formação na base da Seqüência Rifte, em função do caráter Capítulo VI – Conclusões e Discussões 90 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação pré a sinlitificação da deformação sinrifte nesta formação. O contato basal da Formação Serraria, com a Formação Bananeiras sotoposta, é brusco e pode envolver uma discordância erosional. Os sedimentos da Formação Serraria foram depositados sob influência de um sistema fluvial. Segundo vários autores (Feijó 1994; Souza-Lima et al. 2002), a Formação Barra de Itiúba corresponde à parte superior do estágio Pré-Rifte, avançando até a parte inferior do estágio Rifte. Estudos realizados por Jardim de Sá et al. (2006) consideram esta unidade inteiramente no contexto da Seqüência Rifte, fazendo parte do Grupo Coruripe. A Formação Barra de Itiúba é constituída por intercalações de folhelhos e arenitos com granulometria fina. As rochas desta formação indicam que a deposição ocorreu em um sistema deposicional lacustre. A Formação Penedo é composta por arenitos de granulometria média a grossa. Os sedimentos que deram origem a estas rochas foram depositados sob influência de um sistema fluvial, localmente ocorrendo retrabalhamento eólico. Interpretações de campo mostram que seu contato basal ocorre de forma interdigitado, com a Formação Barra de Itiúba. A Formação Barreiras encontra-se capeando as demais formações, formando extensas áreas planas denominadas geomorfologicamente por tabuleiros ou platôs. Esta formação é composta por sedimentos terrígenos pouco ou não-consolidados e imaturos, arenitos por vezes conglomeráticos, com níveis de argilas e siltitos intercalados, e horizontes com intensa laterização no topo. Estrutural A Bacia Sergipe-Alagoas é afetada por falhamentos que apresentam configuração geral NE-SW, associados com outras estruturas de direção ENE e NW. O Domo de Igreja Nova é constituído no seu núcleo por rochas gnáissicas e micaxistos da Faixa Sergipana. Nas margens desta estrutura ocorrem as seqüências Paleozóica, Pré-Rifte e a parte inferior da Seqüência Rifte. As camadas destas seqüências moldam a estrutura dômica, com mergulhos centrífugos. Em alguns setores, o mergulho das camadas está nitidamente controlado por falhamentos normais, com direção NE (falha de borda) no extremo Capítulo VI – Conclusões e Discussões 91 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação oeste, e com direção WNW a ENE na parte sul da área. Também deve ser citado o sinclinal que ocorre a NW da cidade de Igreja Nova; esta feição pode estar associada ao rejeito diferencial das falhas normais, gerando estruturas transversais. As falhas mapeadas na área foram estudadas em dois setores (norte e sul). No setor norte as falhas estão orientadas a NE e controlam os mergulhos do acamamento, basculado contra estas falhas. No setor sul as falhas apresentam uma orientação mais variada. Ocorrem falhas com direção NNE e, subordinadamente, falhas com direção WNW. Este comportamento mais variável das direções, em especial estas últimas, pode estar associado a falhas que ocorrem mais a sul da área, nas proximidades do Rio São Francisco. Os indicadores cinemáticos mostram que as falhas NE são essencialmente falhas normais, o que confronta com a interpretação de falhas transcorrentes (Lana, 1985; figura 2.9). A análise estrutural das bandas de deformação indica que ocorrem predominantemente direções NE-SW e, secundariamente, NW-SE. Tal fato corrobora as medidas obtidas para as falhas. Desta forma, pode ser inferido que os grandes falhamentos possivelmente estão associados ao mesmo sistema de esforços responsável pelas bandas de deformação. As interpretações estruturais realizadas na área possibilitaram a aplicação de um modelo cinemático preliminar para a deformação ocorrida na área, onde verifica-se σ1 na vertical e σ3 aproximadamente NW-SE. O modelo cinemático interpretado é julgado representativo do evento de rifteamento Eocretáceo da Bacia Sergipe-Alagoas. O domo de Igreja Nova parece estar controlado por estruturas sinrifte. Cabe ainda ressaltar que não foram reconhecidas estruturas que pudessem estar associadas a eventos de idade Paleozóica ou Jurássica. Capítulo VI – Conclusões e Discussões 92 Silva, A. N. (2007) – Relatório de Graduação Referências Bibliográficas Almeida, C. B.; Jardim de Sá, E. F.; Alves da Silva, F. C.; Torres de Sousa, A. A.; Silva, A. N. 2005. Estruturas Dômicas Sin-rifte: Exemplo do Domo de Igreja Nova, Bacia Sergipe-Alagoas, NE do Brasil, Simpósio de Geologia do Nordeste, Recife/PE. Amaro, V. E., Strieder, A. J. Análise de Fotolineamentos e de Padrões Estruturais em Imagens de Satélite. In: CONGR. BRAS. GEOL., 38, 1994. Balneário Camboriú, Santa Catarina, Brasil, Bol. Res. Exp., v. 1, p. 443-444, 1994. Antonellini, M. A.; Aydin, A.; Pollard, D. D.1994. Microstructure of Deformation Bands in Porous Sandstones at Arches National Park, Utah. J. Struct. Geol., 16(7): 941-959. Aydin, A. 1978. Small Faults Formed as Deformation Bands in Sandstone. 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