trabalho de campo e petrografia ígnea das rochas da

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TRABALHO DE CAMPO E PETROGRAFIA ÍGNEA DAS ROCHAS DA
REGIÃO DE ENCRUZILHADA DO SUL, RS (1)
Sara Maria Pereira da Silva(2), Caroline Bueno(3), Vinicius Matté(4)
(1)
Trabalho executado na disciplina de Petrografia Ígnea no dia 04/07/2015
Acadêmica do curso de Geologia; Universidade Federal do Pampa; Caçapava do Sul, Rio Grande do Sul;
[email protected];
(3)
Acadêmica do curso de Geologia, Universidade Federal do Pampa, Rio Grande do Sul; [email protected];
(4)
Vinicius Matté; Universidade Federal do Pampa; [email protected];
(2)
RESUMO: O presente trabalho fundamenta-se na atividade de campo da disciplina de Petrologia Ígnea do curso de
Geologia da Universidade Federal do Pampa realizado na região de Encruzilhada do Sul, RS. Esta atividade teve por
objetivo principal aplicar o aprendizado teórico-prático adquirido em sala de aula e laboratório no que tange a
identificação e descrição petrográfica de rochas ígneas, consistindo na identificação da mineralogia, texturas e
estruturas, classificação magmática, associação petrotectônica e relação com as litologias regionais, e coleta de
amostras de mão. Os métodos empregados consistiram de ferramentais de campo e técnicas sistematizadas durante, e
pós-atividade de campo para uma melhor acurácia na descrição mineralógica das amostras. As amostras dos
afloramentos visitados foram classificadas, respectivamente, como rochas tipo feldspato alcalino-sienito, termo diabásio,
anortosito e sienogranito, sendo algumas de suas evoluções magmáticas correlacionadas.
Palavras-Chave: Trabalho de Campo, Petrografia Ígnea, Rochas Magmáticas, Encruzilhada do Sul.
INTRODUÇÃO
No início do século XVIII, um conjunto de produções científicas e descrições sistemáticas
contribuíram para a evolução do conhecimento da mineralogia, quando Abraham Gottlob Werner (GOOD,
2000), pioneiro no ramo, publicou o trabalho “On the External Characters of Fossils, or of Minerals” em
1774, abordando de forma simplificada, aliada a uma base teórica e sistemática, a classificação de minerais
realizada somente pela sua aparência externa, tornando-se um excelente guia prático para aqueles que
trabalhassem na indústria. No final desse mesmo século Werner fundou a petrografia, que no sentido
moderno é uma combinação da descrição sistemática dos minerais constituintes das rochas e da
interpretação dos eventos e processos formadores de rocha. A disciplina de Petrografia Ígnea no curso de
Geologia consiste em consolidar o entendimento das rochas e processos magmáticos, bem como
esclarecer algumas perguntas (GILL, 2014) sobre os eventos geológicos ocorridos ao longo da história da
Terra. O presente trabalho tem por objetivo apresentar a descrição petrográfica das rochas ígneas de quatro
afloramentos da região de Encruzilhada do Sul-RS, visitados na disciplina de Petrografia Ígnea do curso de
graduação em Geologia da Universidade Federal do Pampa.
METODOLOGIA
Os afloramentos rochosos foram visitados durante o trabalho de campo da disciplina de Petrografia
Ígnea, estando localizados na região de Encruzilhada do Sul, porção central do Escudo Sul-Riograndense.
Os acessos e a localização são dados, respectivamente, por: Ponto 1: acessado pela BR-290, através de
uma estrada vicinal até as pedreiras de rocha ornamental da Vila Piquirí, com latitude 30º 20' 56" S e
longitude 52º 44' 55" W; Ponto 2: situado à margem da BR-290, Km 241, próximo a cidade de Pantano
Grande – RS, com latitude 30º 13' 16" S e longitude 52º 38' 09" W; Ponto 3:acessado pela BR-471, através
de uma propriedade privada na região de Monte Castelo, com latitude 20º 19' 07" S e longitude 26º 40' 38"
W; e Ponto 4: situado à margem da BR-431, com latitude 30º 50' 24" S e longitude 52º 45' 26" W
Os métodos utilizados no trabalho de campo foram: (i) caderneta de campo; (ii) bússola tipo Brunton;
(iii) lupa de mão com aumento de 20 e 30 vezes; (iv) máquina fotográfica; (v) martelo; (vi) trena/régua; e (vii)
GPS (Global Positioning System). Foram utilizadas técnicas trigonométricas de campo para fins de cálculos
rápidos de dimensionamento vertical e horizontal dos afloramentos, e coletada uma amostra de mão, por
afloramento, para análise macroscópica em lupa de mão durante e após o trabalho de campo, objetivandose descrevê-las segundo sua mineralogia, texturas, estruturas ígneas e classificação magmática.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O primeiro afloramento é tipo pedreira, de 100 m x 12 m em corte frontal. Com pouca a nenhuma
alteração, a composição mineralógica da amostra de mão apresenta predomínio de feldspato alcalino, com
Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
menores proporções de plagioclásio, piroxênio, anfibólio, quartzo e biotita. Algumas áreas aflorantes da
pedreira há a presença de uma orientação de fluxo magmático, evidenciado pelo alinhamento dos cristais
de feldspato alcalino. Pontualmente os minerais máficos, apresentam-se como enclaves e estruturas
alongadas semelhantes a textura “schlieren”. O índice de cor da amostra é subjetivamente leucocrático,
variando com tons predominantemente marrom acinzentado. De forma geral, a amostra é holocristalina e
intermediária, exibindo textura fanerítica grossa e inequigranular uniforme. De acordo com o diagrama
QAPF para rochas plutônicas (LE MAITRE et al. 2002), e suas percentagens mineralógicas, essa amostra
foi classificada como feldspato alcalino-sienito. O segundo afloramento possuía dimensão de 50 m x 4 m em
perfil frontal. Com grau de alteração médio e presença dominante da vegetação nativa, é notável a
presença de oxidações de ferro e níquel de coloração laranja, vermelho e preto. A mineralogia da amostra é
constituída de microfenocristais de plagioclásio e minerais máficos, com matriz afanítica média e textura
porfirítica muito fina. Em amostra de mão é holocristalina, e apresenta supostamente índice de coloração
melanocrática, variando em tons de cinza escuro e com composição básica. No afloramento verificam-se ao
menos duas distintas fases de cristalização, tendo como destaque de estruturas ígneas primárias, as
disjunções colunares verticais, perpendiculares à superfície de maior perca de calor e fraturas tabulares
horizontais, o que por vez indica ser uma soleira ou derrame. De acordo com o diagrama QAPF para rochas
efusivas e com as percentagens mineralógicas identificadas, essa amostra foi classificada como um termo
diabásio. O terceiro afloramento é tipo lajeado com 30 m x 50 m de dimensão em área, apresentando baixo
grau de alteração e presença de vegetação rasteira, com boas exposições de rocha. A composição
mineralógica é composta predominantemente por plagioclásio, anfibólios, granada, e clorita como mineral
de alteração. Há ocorrências pontuais de orientações de cristais de anfibólio e algumas formas semelhantes
a textura “schlieren”, todavia podendo ser apenas manchas de alteração de clorita. No afloramento
destacam-se lentes centimétricas de granada com bordas mais escuras, e com o centro composto por
cristais de feldspato alcalino, ambos de coloração avermelhada. Há também diques gabróicos com contato
interdigitado indicado pelas apófises. A amostra de mão possui um índice de cor supostamente leucocrático
com tom branco predominante. Holocristalina, apresenta composição básica e textura fanerítica média à
grossa, e equigranular média. De acordo com o diagrama de classificação para rochas gabróides (Pl-Hbl-Ol)
e sua percentagem mineralógica, essa amostra foi classificada como anortosito. O quarto, e último
afloramento, é um corte de estrada com 30 m x 10 m de dimensão frontal. Seu grau de alteração é médio a
alto, com domínio da vegetação nativa e boas exposições de rocha. De forma muito evidente, temos a
presença de uma rocha ígnea ácida, intrudida por um corpo intrusivo básico com características muito
próximas às do segundo afloramento, sendo convencionado de termo diabásio, particularmente com detalhe
às disjunções colunares que possuem orientação preferencialmente horizontal, indicando que seja um
dique. Em amostra de mão, a mineralogia do corpo róseo intrudido é composta por feldspato potássico,
quartzo, anfibólio, biotita, plagioclásio e óxidos de ferro. Possui textura fanerítica grossa equigranular e
holocristalina, com índice de cor supostamente leucocrático, havendo predominância de tons de vermelho.
De acordo com o diagrama QAPF para rochas plutônicas e as percentagens mineralógicas observadas,
essa amostra foi classificada como sienogranito, os quais ocorrem como stocks formados nos estágios
finais da magmatogênese pós-colisional.
CONCLUSÕES
As descrições petrográfica das rochas coletadas nos quatro afloramentos visitados permitiram
classificá-las respectivamente como: (i) feldspato alcalino-sienito; (ii) termo-diabásio ; (iii) anortosito; e (iv)
sienogranito. Conclui-se também que a atividade de campo permitiu com êxito, a aplicação dos conceitos
teóricos abordados em sala de aula a partir de observações diretas de cada ambiente ígneo e suas
particularidades, bem como a correlação de eventos magmáticos através do tempo geológico, como a
soleira e o dique de termo diabásio, respectivamente do segundo e quarto afloramentos.
REFERÊNCIAS
GILL, R. Rochas e processos ígneos: um guia prático. 1.ed. Porto Alegre: Bookmann, 2014.
GOOD, G. A. Sciences of the Earth: An Encyclopedia of Events, People, end Phenomena. 3.ed. Garland: Gregory,
2000.
LE MAITRE, R. W. Igneous Rocks: A Classification and Glossary of Terms. Recommendations of the international
Union of Geological Sciences. Cambridge University. 2.ed. New York: Cambridge University Pass, 2002.
Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
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