IX QUESTIONAMENTOS AO MODELO ATUAL Parece-me bastante claro que ninguém de bom senso, iria se expôr ao ridículo de propor um novo modelo para qualquer coisa, se ele não tivesse um pequeno (mas consciente) conhecimento do assunto. E também só é válida uma nova proposta, se o modelo em vigor apresentar pontos que possam ser questionados publicamente, à luz da razão e da ciência. No caso do modelo do universo, a questão é muito mais delicada, pois além de leis científicas em jogo, há o envolvimento obrigatório (pró ou contra) do subjetivo não quantificável: a participação de Deus. Como estou propondo um novo modelo (por mais ridículo que seja), sou obrigado a expor os questionamentos que me parecem razoáveis, no que diz respeito ao modelo mais aceito atualmente, descrito no capítulo anterior. Inicialmente, sem pretender sequer duvidar de nenhum ponto da genialidade de todos os cientistas citados na elaboração do modelo atual, vou tentar avaliar se a objetividade das suas condições é tão objetiva assim, ou se leva uma dose de subjetividade embutida, razão pela qual essas condições ficam evidentes e objetivas para eles (gênios) e ficam fora do nosso alcance (seres comuns). O objetivo tem que ter sua filosofia ao alcance de todos, como bem definiu Hawking. a) O primeiro questionamento se refere à presença da irracionalidade dogmática no primeiro modelo, impedindo a evolução do homem. Este modelo foi proposto por Aristóteles, filósofo grego em 340 a.C. e prevaleceu por quase dois milênios. Ele tinha uma forte presença mística porque impunha que a Terra tinha que ser o centro de tudo, já que ela era o habitat do homem, um ser divino por ter sido criado à imagem e semelhança de Deus. Isto serve para mostrar como a imposição dogmática e irracional impede a evolução do homem, que consiste em desvendar os mistérios e, à medida que os desvenda, aparecerem novos mistérios mais complicados, que depois de desvendados nos levarão a novos mistérios mais complicados ainda; esta é a seqüência da evolução do homem. A confirmação disso se deu na primeira oposição a esse modelo, apresentada em 1514 por Copérnico, que propunha ser o sol o centro de nosso sistema, estático, e que tudo (inclusive a Terra) giraria em torno dele. Mas Copérnico, que era um sacerdote, sabia do poder que sua instituição representava, consciente de que seu modelo agredia a dogmática crença religiosa da época, divulgou-o anonimamente com medo de ser excomungado como herege. Seu modelo foi execrado pelo poder religioso e abandonado. Ao ser retomado mais de um século depois por Galileu, o modelo alternativo teve novamente que ser abandonado, devido à violenta pressão do poder religioso. Isto mostra a irracionalidade da pré-concepção dogmática das coisas, indicando que qualquer opinião deve ser analisada, ou, pelo menos, respeitada, sob pena de causar sensível atraso na caminhada evolutiva do homem. b) O segundo questionamento é em relação à observação de Olbers pela não incandescência da matéria interveniente, o que obrigava a aceitar que as estrelas não brilharam sempre. A explicação foi dada baseado na hipótese de que, em alguns locais do universo com densidade superior à média terem se contraído em função de sua altíssima força de gravidade, e serem levados a colapsos localizados, gerando a criação de nova geração de estrelas, das quais o nosso sol é um exemplo, pois é uma estrela de 2° ou 3° geração, com aproximadamente 5 bilhões de anos. Isto era necessário para justificar o fato da matéria interveniente ainda não ter incandescido e obriga a que as estrelas teriam se iluminado em algum ponto finito do tempo passado. A explicação pode até ter sido criativa e bastante interessante. Mas cabe uma pergunta: Se o universo começou com temperatura infinita do Big Bang, e está se resfriando gradativamente à medida que se expande, como ainda não aqueceu a matéria em determinado ponto do tempo e a aqueceu após? Ela não deveria, isto sim, estar se resfriando? Se ela deveria estar se resfriando ao longo do tempo, então como explicar que massas com alta gravidade se contraem a partir de determinado tempo, e o atrito entre as partículas as vai aquecendo a tal ponto que permita o início das reações de fusão nuclear? E também afirmam que as explosões localizadas, que geraram as super novas, iluminaram todas as outras estrelas de sua galáxia. Ora, porque iluminaram a sua galáxia e não todo o universo? A emissão de luz numa explosão dessas seria enorme e a luz emitida iria caminhar pelo universo atingindo todos os seus pontos em tempos futuros. c) O terceiro questionamento é sobre o elemento espaço-tempo-arqueado da teoria da relatividade de Einstein. Essa teoria corrobora o fim do conceito de espaço absoluto (que já fora encerrado na teoria gravitacional de Newton), e acaba com o conceito de tempo absoluto. Stephen Hawking, considerado o sucessor de Einstein, confessa em seu livro “Uma Breve História do Tempo”, que não conseguiu curvar o espaço, embora tenha tentado muito. Não acho que o Dr. Hawking deva se preocupar muito com isso, pois parece que até hoje ninguém ainda conseguiu esta façanha, nem mesmo o próprio Einstein. Entretanto, o curioso é que Hawking e outros cientistas usaram esse conceito na elaboração dos seus modelos de universo e nas suas análises regressivas e através dele chegaram ao universo primordial numa singularidade prevista pela teoria da relatividade amparada em si mesma! Claro que sei que os cálculos matemáticos envolvidos nessas análises são tão complicados que admito até que nem teria como compreendê-los. Entretanto creio que tenho o direito de perguntar: cálculos tão complicados têm credibilidade só porque são muito complicados? Não seria mais lógico que houvesse diferença de credibilidade entre esses cálculos feitos através de números insensíveis e subjetivos e os cálculos feitos com números representativos de eventos cuja filosofia é completamente compreendida? Por que tanto cálculo baseado num abstrato conceito de espaço-tempo-arqueado que nem o próprio Hawking consegue imaginar? Isto não seria a introdução de uma variável subjetiva? Já que vivemos em três dimensões e Einstein impôs a quarta dimensão através da inclusão da variável tempo, variável essa que o próprio Hawking acha subjetiva, então a nova dimensão já não nasceu subjetiva? E sendo subjetiva, é quantificável ou dogmática? Como o dogmatismo fere o equilíbrio geral, essa variável não deveria ser subjetiva e sim quantificável (objetiva). Mas como quantificá-la se nem Hawking consegue visualizá-la e Einstein já morreu? A singularidade é uma imposição da teoria da relatividade. Ela se origina no fato de que a solução matemática para qualquer dos três modelos de Friedman (um dos quais descreve nosso universo e supõem que o elemento espaço-tempo é liso e quase achatado), leva a que num ponto do tempo passado (10 ou 20 bilhões de anos), a densidade e a curvatura do elemento “espaço-tempo arqueado” eram infinitos. E como a matemática não opera com infinito, a solução se esboroa, dando origem a singularidade. A singularidade impõe que cada evento forme um cone tridimensional na quádrupla dimensão espaço-tempo, sendo chamado de cone de luz futuro do evento; e da mesma forma haverá um cone de luz passado do evento, e que representam o futuro absoluto e o passado absoluto do evento. São dois cones ligados pelo bico, sendo o bico o evento presente, ou a singularidade, com a particularidade que os eventos externos aos cones de luz não podem ser atingidos por sinais emitidos a partir do evento presente P (singularidade) pois nada pode se deslocar mais rápido que a luz. E também impõe que os eventos do cone de luz passado não podem interferir nos eventos do cone de luz futuro. Assim sendo, mesmo que tenham ocorrido eventos antes do Big Bang, não podem ter interferido no que ocorreu depois, pois a previsibilidade acaba na singularidade. Por essa razão, o tempo começou no Big Bang. Acho isso tudo muito bonito e bem bolado, mas dificílimo de entender. E na minha busca de subjetividade desse conceito, pois parece que até hoje ninguém achou objetividade nele (pelo menos que eu saiba), cheguei a uma avaliação que, por mais idiota que possa parecer, devo citá-lo e deixar o julgamento ao leitor. Einstein foi um gênio, isso ninguém pode negar. Mas ele era um ser humano, e como tal devia ter a mesma ansiedade de todo ser humano no tocante ao desvendamento do mistério relativo à vida e a morte. Ele era judeu, e os judeus têm uma filosofia (que admiro muito) que é a igualação na morte; aliás, acho que deveríamos ir à frente e nos igualarmos em vida também! Por essa razão, os cemitérios judeus são todos obrigatoriamente iguais. E depois da separação matéria-espectro o contato é totalmente perdido. Isto só é claro porque sabemos, ou pelo menos admitimos, que o espectro tem outra dimensão. Não poderia ser esta a quarta dimensão proposta por Einstein? E se isto tiver sentido, não poderia ser a singularidade, que é uma ruptura entre o cone de eventos passados e o cone de eventos futuros sem um poder afetar o que acontece no outro, uma explicação dele para a própria morte? Não poderia estar Einstein tentando estabelecer, através de parâmetros mensuráveis, uma relação matemática entre a vida e a morte? Se não, porque razão o evento presente (a singularidade) que é uma conseqüência dos eventos do cone de luz passado (passado absoluto do evento) e também é quem dá origem aos eventos do cone de luz futuro (futuro absoluto do evento) tem que ser uma ruptura entre os dois cones e não um elo entre eles? O fato de ser uma descontinuidade matemática (singularidade) obriga a essa ruptura só porque a matemática ainda não sabe operar com essas situações? Não existe a possibilidade da equação não estar perfeitamente ajustada aos limites infinitos impostos pela matemática e sem nenhuma correlação com dados reais? Como exemplo, como imaginar toda a massa do universo concentrada num ponto? Não teria que haver limites físicos reais, que acabariam com a singularidade? É uma avaliação absurda e ridícula? Também creio sinceramente que pode até ser. Entretanto, não nos esqueçamos que Einstein, na sua teoria da relatividade conceituou a gravidade não como uma força igual às outras, mas sim uma conseqüência do elemento espaço-tempo não ser plano e sim arqueado, devido a distribuição de massa e energia. E também conceituou a anti-gravidade, uma força diferente de todas as outras e que se constrói dentro da estrutura do elemento “espaço-tempo arqueado”, justo para contrabalançar a gravidade e com isso permitir a geração de um modelo estático para o universo. Entretanto, hoje é fato comprovado que o universo não é estático, mas está em franca expansão! d) O quarto questionamento é relativo às provas apresentadas por alguns físicos de que a cada período de tempo (muito longos em relação a nossa vida, logo, talvez com alguma subjetividade), a temperatura do universo diminui de um certo valor. Não atino como possa ser possível a medida da temperatura de um universo tão grande e tão complexo, composto por várias galáxias. Ao invés disso, não teria ela sido somente imaginada, ou então determinada por complicadíssimos cálculos com a utilização de números abstratos? Então não estaríamos novamente no subjetivismo puro? De qualquer forma, meu questionamento não envolve sequer a questão do subjetivismo; baseia-se puramente no amparo conceitual de nossas leis universais, já entendidas e perfeitamente mensuráveis. Por isso me basta analisar termodinamicamente o fato: Como pode um sistema estar aumentando a entropia ao mesmo tempo em que está diminuindo a temperatura? A termodinâmica não nos diz que a entropia, uma medida do caos do sistema, é diretamente proporcional à temperatura? e) O quinto questionamento é em relação ao fato do modelo atual impor que o universo está sempre se resfriando, a partir do Big Bang. Isto porque a teoria mais aceita hoje, a do Big Bang tem como premissa ser o universo regido pelo modelo de Friedman, e este impõe que enquanto ele se expande, qualquer radiação ou matéria nele existente, se resfria. E o resfriamento é até quantificado, pois o modelo diz que enquanto o universo dobra de tamanho, sua temperatura cai à metade. A velocidade de expansão do universo também é quantificada: ele se expande a razão de 5 a 10 % a cada bilhão de anos. Se aceitarmos que as leis que regem o universo são imutáveis, e admitirmos que ele se iniciou com temperatura infinitamente alta e está se resfriando sempre, fica fácil e lógico compreender que ele vai continuar sempre diminuindo sua temperatura. E isto tem o amparo do próprio modelo descrito para a origem da Terra, o qual indica que, a partir da explosão de uma estrela de 1° ou 2° geração que deu origem ao Sol e aos planetas, que a Terra era originalmente muito quente e sem atmosfera. Ora, isto implica em que a Terra teria que estar sempre se resfriando a partir de sua formação. Entretanto, a ciência comprova que tivemos “idades do gelo” antes, e que a última delas terminou a cerca de dez mil anos atrás. Então teríamos que admitir que saímos de temperatura infinitamente alta e ido até a idade de gelo, voltamos a nos aquecer (como?) e agora continuamos novamente a nos resfriar, já que, segundo o modelo, o sol tem vida útil e acabará com seus elementos de fusão nuclear no futuro. Esta incoerência contrariaria Einstein pois caracterizaria que “Deus jogava dados” ou, pelo menos, que não criou leis racionais para reger o universo. f) O sexto questionamento é relativo a uma conclusão tirada dos modelos de Friedman, que gerou uma polêmica que divide a opinião dos teóricos do assunto. Trata-se de definir objetivamente se o espaço total do universo no limite de sua expansão é infinito ou se é finito mas sem nenhum limite. Juro por Deus que já cansei muito meus neurônios e ainda não consegui ver nenhuma diferença entre ambos. É claro que respeito a cabeça dos gênios, mas mesmo considerando que cheguem a uma conclusão, como ela poderia fazer parte de uma teoria unificadora, que segundo o próprio Hawking, tem que estar ao alcance da compreensão de todos? g) O sétimo questionamento é em relação ao fato das análises regressivas (regressão dos eventos até chegar ao tempo zero) nos levarem a que nesse ponto, o início da dimensão tempo, logo, o início do universo em expansão, que o universo tinha densidade infinita (logo, não havia espaço vazio entre as partículas) e temperatura elevada (infinita); esta, calculada como sendo de 10 bilhões de graus, após 1 segundo do Big Bang, mas com Entropia nula. Não tenho dados disponíveis para avaliar os complicadíssimos cálculos que levaram a esses valores; e provavelmente eu nem os entenderia. Entretanto, por mais complicados que esses cálculos tenham sido, creio que os resultados podem ser questionados do ponto de vista termodinâmico. Por que o universo teria conseguido se unir numa temperatura tão alta, sem nenhuma contenção externa? Uma vez que ele explodiu e deu origem ao nosso universo em expansão permanente, significa que não havia restrição à sua expansão. E, não tendo nenhuma restrição, porque todas as partículas conseguiram se unir tão intimamente e com tanta força, em condições tão desfavoráveis a coesão? Se as leis do universo são válidas em qualquer ponto do espaço e do tempo a partir da Criação, fica claro que podemos aplicar ao fenômeno as leis universais que nos regem hoje (já que elas são imutáveis). A ciência nos mostra que só existem grandes aglomerações à baixas temperaturas, onde o ambiente é amplamente favorável à coesão. Já em altas temperaturas, a diminuição da energia livre total de qualquer sistema, inclusive o universo, é conseguido através da entropia, pelo movimento caótico das partículas, em permanente mudança aleatória de posições. Logo, à medida que a temperatura aumenta num sistema sem contenção externa, as partículas necessitam cada vez mais de espaço para poder ampliar seu movimento caótico para diminuir a energia livre total e com isso, manter o equilíbrio do sistema, anulando o aumento da energia livre ocasionada pela diminuição da coesão. Isto é comprovado até pela sabedoria popular de qualquer leigo, que diz textualmente: calor demais derrete (e não explode)! Havendo contenção externa, é claro que tudo vai ocorrer de modo distinto: o aumento da temperatura aumenta a agitação térmica, e como não há espaço disponível para permitir a dissipação da energia pelo movimento caótico, haverá um violento aumento da pressão, que fatalmente chegará à explosão. Mas, tendo só a força da gravidade como contenção externa, por que ela foi suficiente para permitir uma pressão tão grande que ocasionasse uma explosão tão violenta? Por que ela não foi sendo vencida gradativamente, permitindo o equilíbrio em nível energético mais baixo? Isto não viola a termodinâmica? Claro que não disponho de dados e nem tenho competência para questionar os resultados obtidos por esses cientistas. Entretanto, posso concluir que se eles estiverem certos, os conceitos de equilíbrio termodinâmico estarão fatalmente errados. E isto é facilmente comprovado, pois se sabe que todo sistema com entropia pequena ou nula, é absolutamente estável. Um sistema aumenta a sua estabilidade à medida que as partículas vão se unindo devido ao aumento de coesão entre elas, oriundo da diminuição de entropia delas. Assim, quanto maior a coesão, logo, menor a entropia, mais estável é o sistema. Logo, se o universo tinha entropia nula no seu início, porque razão explodiu? O próprio modelo do Big Bang, que me parece bastante paradoxal, nos diz isso. Ele diz que, à medida que o universo se expandia, a temperatura da radiação caía. E diz que, com temperaturas muito altas as partículas se moviam muito rapidamente a ponto de escaparem de qualquer atração mútua (devido às forças nucleares e eletromagnéticas); mas à medida que se resfriavam podia-se esperar que as partículas começassem a se fundir. E diz ainda que, cem (100) segundos após, a temperatura caiu a 1 bilhão de graus, que é a temperatura encontrada hoje no interior das estrelas mais quentes (E porque essas estrelas não continuaram a se resfriar como o resto?), e nessa temperatura os prótons e nêutrons já não tinham mais energia suficiente para escapar da força nuclear forte e então se combinaram para produzir os núcleos de deutério, e esses com mais prótons e nêutrons formaram os núcleos do hélio. Que tipo de energia tinham as partículas que não permitiam a fusão (coesão)? Não seria a entrópica? Quando ela diminuiu, foi possível a coesão! Então a entropia não está aumentando e sim diminuindo! E como ela pode ter saído de zero, se está diminuindo e não existe entropia negativa? h) O oitavo questionamento é em relação ao fato dos cientistas provarem que o universo, descrito pelo modelo de Friedman, está em expansão e numa razão próximo à crítica, justo para impedir sua anulação pela força gravitacional. Isto permite que o universo se expanda mantendo rigorosamente a condição de equilíbrio quantificada pela equação termodinâmica de Gibbs que diz que: “a variação total de energia do sistema tem que ser nula no equilíbrio”. Assim sendo, o universo se expande em condições de reversibilidade termodinâmica, a custa de compensar a energia que diminui (gravitacional) por outro tipo de energia, que no caso é a entrópica. E isso é comprovado pela ciência, que enuncia no segundo princípio da termodinâmica: “A entropia do universo aumenta”. Este fato também é amparado por outra lei universal, compreendida por todos os homens, cientistas e leigos, enunciada há tanto tempo por Lavoisier: “Na natureza nada se perde e nada se cria, tudo se transforma”. Logo, a transformação de energia coesiva em energia entrópica é fato corriqueiro, amparada em Lavoisieur e na termodinâmica. Mas isso implica numa coisa muito séria: se é fato aceito universalmente que a entropia do universo aumenta (logo, a coesão diminui), como podem provar que na sua origem o universo tinha entropia infinita? (A entropia é infinita quando a temperatura é infinita!). Se saiu de valor infinito de entropia e ela vai crescendo pela eternidade, onde chegará? i) O nono questionamento é em relação à forma do universo. Após uma explosão tão violenta de uma esfera, tudo iniciaria seu movimento quase ao mesmo tempo. Logo, o que se deveria esperar após algum tempo, é que do ponto da grande explosão até determinado raio tudo deveria ser vazio, e deste raio até o raio externo se concentraria toda a massa do universo. Seria, graficamente, o equivalente a duas esferas concêntricas, e em seu intervalo se situaria o universo. E a esfera vazia iria aumentar gradativamente, à medida que o universo se expandisse. Entretanto, em qualquer direção do espaço que se olhe o universo é simétrico! Pelo menos, essa é a base do modelo de Friedman, que foi elaborado com base em dois postulados: - primeiro: o universo é idêntico em qualquer direção que se olhe; - segundo: o primeiro postulado também é verdade se olharmos de qualquer outro ponto do universo. j) O décimo questionamento é em relação à velocidade de expansão do universo, e sua relação com as radiações. Os cientistas envolvidos com o modelo do Big Bang provam que ele se expande à razão de 5 a 10 % a cada bilhão de anos. Não vi referência ao que isso representa em termos de velocidade dos corpos individuais, como por exemplo, o sol ou a Terra. Mas seja qual for o valor dessa velocidade, uma coisa é obrigatoriamente verdade absoluta: ela só pode ser maior, igual ou menor que a velocidade da luz (que é bem conhecida e determinada). As três opções são para garantir a condição de verdade absoluta, inquestionável, pois se levar em conta a Relatividade só restará uma opção. Mas quero considerar as três possibilidades para me levar a um resultado absolutamente coerente e confiável. Se a nossa velocidade de expansão fosse igual à velocidade da luz, nós estaríamos eternamente no clarão da explosão do Big Bang e no mesmo nível de radiação infinitamente alto, pois tudo estaria caminhando junto. Mas isto não se verifica! Se a velocidade de nossa expansão fosse maior que a velocidade da luz, nós estaríamos nos deslocando mais rápido que ela, e então nenhuma radiação emitida pelo Big Bang poderia nos alcançar. Se a velocidade de nossa expansão fosse menor que a velocidade da luz, nós estaríamos nos deslocando mais lentamente do que ela, e então nenhuma emissão de luz no Big Bang poderia ser vista por nós no futuro, pois nós nunca a atingiríamos. Entretanto, a teoria de início quente do universo (Big Bang), sugerido pela primeira vez por Gamov em 1948, prevê que a radiação dos primórdios do universo quente, em forma de fótons, deve estar presente ainda hoje, só que com temperatura bem reduzida, próximo ao zero absoluto. E há quem garanta que foi essa radiação que Penzias e Wilson detectaram em 1965, pelo que ganharam prêmio Nobel. Mas, e o problema da temperatura? Repetindo, na teoria do universo primordial quente, Gamov diz que “a radiação emitida, muito quente, em forma de fótons, ainda estaria presentes hoje, só que com temperaturas muito baixas, próximo ao zero absoluto (0°K)”. Ora, se a radiação luminosa (fótons) perde temperatura dessa forma, isto é, se saiu de um valor infinitamente alto, e hoje está praticamente no zero absoluto, podemos fazer um pequeno questionamento sobre isso: Se ela vem perdendo temperatura do Big Bang até hoje, fica claro que ela vai continuar perdendo temperatura daqui para o futuro; e se ela for detectada daqui a alguns bilhões de anos, com que temperatura ela estará? Existe temperatura negativa? k) O décimo primeiro questionamento é em relação à mecânica quântica, cujo grande pilar é o Princípio da Incerteza, quantificado por Heizenberg na década de 1920. Heizenberg demonstrou, através de uma experiência teórica, com um hipotético microscópio de raios γ, a impossibilidade de se determinar a posição e o momento de uma partícula, com precisão além de determinado limite. Quando nos aproximamos em relação à posição da partícula, estamos aumentando a incerteza na determinação de seu momento, e vice-verso. E o produto dessas incertezas é quantificado, tendo como valor, o de uma constante universal: a constante de Plank. Entretanto, a ciência usa para comprovar a teoria da relatividade o fato desta prever órbitas para os planetas mais precisas que a de Newton. Como exemplo, a diferença na órbita elíptica do planeta mercúrio em torno do Sol é de tal ordem que o eixo maior (imaginário) da elipse sofre um desvio de 1 grau a cada 10 mil anos! Não posso duvidar da precisão dos cálculos feitos pelos cientistas, mas 1 grau em 10 mil anos de desvio num eixo imaginário da órbita de um planeta pode dizer que uma teoria é mais correta que a outra? Se for levada em conta a Incerteza, que é aleatória e não sistemática, a comprovação não pode ser tanto de uma quanto de outra? l) O décimo segundo questionamento é em relação a forma como se mede a velocidade de afastamento das galáxias em relação as outras. É feito pela impressão dos espectros da luz emitida pela fonte (origem). Uma condição básica imposta é que a galáxia de origem não tem campo gravitacional com força suficiente para apresentar defeitos significativos na luz emitida. Dessa forma, uma estrela emitindo ondas de luz com freqüência constante, a freqüência que recebemos é a mesma da emissão. Ondas de luz caminhando entre dois pontos fixos, terão sempre a mesma freqüência (e o mesmo comprimento de onda). Quando a fonte estiver se aproximando, a freqüência aumenta (o comprimento de onda diminui - logo há um desvio para o azul); quando a fonte está se afastando a freqüência diminui (o comprimento de onda aumenta - logo há um desvio para o vermelho). E com isto consegue-se grande precisão na velocidade de afastamento das galáxias, bem como na determinação da distância através do brilho relativo das estrelas. Todo esse estudo se baseia no conceito da teoria da relatividade de que a velocidade da luz é o ponto onde todos os observadores (mesmo em movimento) terão que concordar. Poderão discordar da distância percorrida ou do tempo gasto no percurso (ambos são relativos), mas não podem discordar da rapidez da trajetória. Entretanto, a própria relatividade propõe que corpos como o Sol (estrela de 5°grandeza) consegue arquear o espaço-tempo quadridimensional, fazendo com que os raios de luz também sigam geodésicas. E diz que a atração gravitacional do Sol desvia os raios de luz que passam em sua proximidade. E outra previsão da relatividade é que o tempo parece correr mais lentamente perto de um corpo volumoso como a Terra. Isto porque a energia do fóton é função da sua freqüência, logo, do seu comprimento de onda; assim sendo, ao percorrer verticalmente o campo gravitacional da Terra, o fóton perde energia, logo sua freqüência cai, e em conseqüência o seu comprimento de onda aumenta. Se ao percorrer verticalmente o campo gravitacional da Terra, simples planeta pequeno e insignificante em relação ao todo, o fóton perde energia, porque não admitir que esse mesmo fóton, ao ser emitido por uma estrela, ao percorrer verticalmente o seu forte campo gravitacional, também não perde energia? Se o campo gravitacional da estrela emissora, for o suficientemente alta, não podemos admitir que ela esteja emitindo ondas de comprimento tão curto como os raios g ou até menores, e que na saída do forte campo gravitacional perca tanta energia, que se transforme num fóton? m) O décimo terceiro questionamento é o fato de só vermos tudo azul. A primeira frase pronunciada pelo primeiro astronauta (Gagarin) e repetida por todos os outros ao sair da nossa atmosfera foi: “a Terra é azul!” Aí cabe a indagação: a Terra não emite luz, então como os astronautas nos vêm azul, como qualquer estrela? Claro que sei que isso é facilmente explicável pela ciência de colóides. A nossa atmosfera é cheia de partículas de tamanho coloidal e a ciência de colóides nos diz que , quando um feixe de luz incide num sistema coloidal, parte da luz é transmitida diretamente, parte é absorvida pelas partículas (que transformam essa energia em energia cinética, dissipando-a em forma de movimento browniano, uma forma de entropia) e uma parte é espalhada em todas as direções. Esse efeito é chamado Tyndall, e a quantificação da luz espalhada (e também da luz transmitida) é feita por uma complicada equação elaborada por Rayleygh, que sem entrar nos seus detalhes, nos diz que a intensidade da luz espalhada é inversamente proporcional à quarta potência do comprimento de onda da luz incidente (e a luz transmitida diretamente é diretamente proporcional a quarta potência do comprimento de onda da luz incidente). Por isso, vemos os raios solares diretos, amarelados ou avermelhados, especialmente o por do sol, e à noite, quando não somos atingidos por raios diretos, só vemos a luz espalhada, que é intensificada para o azul, isto é, pequenos comprimentos de onda. A luz direta do Sol, a vemos avermelhada pois é intensificada no maior comprimento de onda. Só coloquei isso para informação, e para mostrar o quão ilusório pode ser tudo aquilo que estamos vendo. Sabemos que Vênus é um planeta, mais próximo do Sol do que a Terra, e portanto, provavelmente mais quente, logo deve ser mais avermelhado. Entretanto, quando Vênus está em posição orbital que se torna visível por nós, o vemos azul, como qualquer outra estrela, embora Vênus não seja estrela, logo, não emite luz! O que vemos é a luz espalhada por sua atmosfera, como os astronautas também nos vêm azuis. Aí cabe a pergunta: todos os bilhões de pontos azuis que se vê no universo, são estrelas emissoras de luz? Não poderíamos estar vendo luz espalhada na atmosfera de grandes planetas distantes de nós?