VARIABILIDADE CLIMÁTICA E PRODUÇÃO DO FEIJÃO PHASEOLUS VULGARIS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO UNA-BA Henrique Oliveira de Andrade1, Marcia Aparecida Procópio da Silva Sheer 2 1 Mestrando pela Universidade Federal da Bahia/IGEO Técnico em Ciências Ambientais EBDA/SEAGRI Fone: (75) 3320 2166 – Email: [email protected] 2 Universidade Federal da Bahia/IGEO Salvador – BA Email: [email protected] RESUMO: Este estudo contribuirá para a ciência geográfica no sentido de integrar de conhecimentos para compreensão, organização e dinâmica da bacia hidrográfica do Rio Una (BHRU), por meio do enfoque da climatologia geográfica, com a interação dos conhecimentos do espaço geográfico e suas interrelações com o clima. A abordagem da climatologia geográfica Monteiro (1991) explica e descreve os fenômenos atmosféricos, buscando compreender os processos e interações que ocorrem na dinâmica da atmosfera e na interface atmosfera-superfície da Terra (PINTO & NETTO, 2008). Diante disso, a agroclimatologia, sob um prisma eminentemente geográfico, remete à compreensão acerca dos entraves e processos atmosféricos e sociais na produção do espaço agrário. Nesse contexto, o objetivo deste estudo é analisar as relações entre a dinâmica climática e a produção de feijão Phaseolus Vulgaris, na bacia hidrográfica supracitada, por meio do recorte temporal 1990 a 2008. Pode-se observar que a BHRU, apresenta potencialidades para a produção do feijão, desde que, seja analisado o comportamento climático, desde a semeadura até a colheita. PALAVRAS-CHAVE: Agroclimatologia, feijão, zoneamento. ABASTRACT: This study will contribute to science in order to integrate geographic knowledge to understanding, organization and dynamics of basin Rio Una (BHRU), through the geographical focus of climatology, with the interaction of the knowledge of geographic space and their interrelationships with the climate. The geographical approach to climate Monteiro (1991) explains and describes the atmospheric phenomena, seeking to understand the processes and interactions that occur in the dynamics of the atmosphere and the interface surface of the earth-atmosphere (Pinto & NETTO, 2008). Therefore, the agroclimatology under an eminently geographical perspective, refers to the understanding of barriers and social and atmospheric processes in the production of an agrarian landscape. In this context, the objective of this study is to analyze the relationship between climate dynamics and production of beans Phaseolus vulgaris, in the watershed above, through the time frame from 1990 to 2008. It can be observed that the BHRU, has potential for the production of beans, provided that the climate behavior is analyzed, from sowing to harvest. KEYWORDS: Agroclimatology, beans, zoning. 1. INTRODUÇÃO A dinâmica do espaço geográfico está associada com a análise das características inerentes aos diversos agentes produtores do espaço. Nesse contexto, a relação entre a sociedade/natureza desempenha na contemporaneidade a característica principal de integrar os conhecimentos para possibilitar uma organização baseada na totalidade. No tocante aos processos socioambientais, emerge o estudo agroclimatológico por meio das relações existentes entre os processos climatológicos e a dinâmica da produção agrícola, levando em consideração as características climáticas, os riscos e as vulnerabilidades às adversidades do clima. Diante disso, emerge um aspecto de suma importância para a prática agrícola, caracterizada pela demanda hídrica atmosférica, ou precipitação pluviométrica. A variabilidade pluviométrica desencadeia inúmeros processos na relação clima-solo-planta, desde enchimento das vagens causado pelas chuvas regulares nas etapas específicas da planta (feijão), até apodrecimento dos grãos decorrentes de precipitações pluviométricas excessivas. Assim, o elemento climático chuva, representa um fator limitante para o cultivo do feijão, visto que o mesmo necessita de quantidades específicas de água de acordo com o período de desenvolvimento do ciclo vegetativo e reprodutivo. Figura 03: Comparativo entre a produção de feijão (ton) e a precipitação pluviométrica entre os anos de 1990-2008, no município de Valença-BA. Nesse contexto, a precipitação pluviométrica, caracteriza as épocas de plantio/semeadura, visto a necessita premente do suprimento de água no solo para a planta realizar seu desenvolvimento. Assim, por meio da análise temporal, pode-se perceber a relação direta entre a quantidade de chuva e a produção agrícola do feijão, através da figura 03, a qual demonstra no recorte de 1990 a 2008, a influencia da precipitação no aumento e na redução da quantidade de feijão colhida. Pode-se observar a partir do ano de 1992, uma redução gradual na quantidade de chuva e uma mudança brusca na produção de feijão, o que podemos inferir, foi parte dos reflexos da seca histórica de 1993, a qual destruiu grandes áreas de lavouras de várias regiões do país. Outro aspecto importante, pode ser observado no ano de 1999, o qual houve um ápice na produção de feijão, com aproximadamente 1000 ton e um pico de chuva anual em torno de 2.800mm. No recorte temporal utilizado, é fato a flutuação da produção agrícola e a oscilação das precipitações pluviométricas influencia diretamente na quantidade de feijão produzida (Figura 03). No contexto da análise dos documentos cartográficos elaborados, optou-se pela classificação de dados quantitativos, associados às isoietas com eqüidistância de 100mm, com recorte de dados de 1970 a 2005, a fim de representar o recorte espaço-temporal em estudo. Assim, pode-se observar a predominância de valores com transição suave, com pequenas alterações no setor central da bacia, em virtude do relevo mais acidentado, visto que, no sentido leste-oeste, ocorre um distanciamento da linha de costa, ocasionando uma diminuição gradativa no quantitativo pluviométrico e, por conseguinte, maior distanciamento entre as isolinhas de precipitação pluviométrica (isoietas) (Figura 04). Figura 04: Espacialização das isoietas na Bacia Hidrográfica do Rio Una-BA. Assim, a partir da análise dos dados pluviométricos, observa-se uma variação entre 2600mm a 1300mm, o que representa uma variação elevada visto a área da bacia hidrográfica. Os maiores valores são encontrados no setor extremo leste, nas imediações da foz do rio una, e as menores, próximas às nascentes no setor oeste. Nesse ínterim, pode-se afirmar que há atuação direta das frentes litorâneas, no domínio meteoro-climático na área de estudo, visto os elevados índices pluviométricos localizados no setor leste da bacia hidrográfica (Figura 04). 4. CONCLUSÕES Em vias de conclusão, pode-se inferir que, diversos fatores estão ligados com a redução da quantidade produzida de feijão na Bacia Hidrográfica do Rio Uma (BHRU), desde a interação de fenômenos extremos como o El Nino, La Nina, veranicos, secas, até aspectos sociais como falta de interesse dos agricultores com o plantio do feijão, falta de investimentos na agricultura familiar, insuficiência na assistência técnica, dentre outros aspectos que propiciam o desenvolvimento da agricultura familiar, tendo o feijão como elemento caracterizador desta atividade. Pode-se afirmar que a BHRU, apresenta potencialidades para a produção do feijão, desde que, seja analisado o comportamento climático, desde a semeadura até a colheita. REFERÊNCIAS MONTEIRO, J.E.B.A.(org) Agrometeorologia dos cultivos: o fator meteorológico na produção agrícola. Brasília, DF: INMET, 2009. p. 530. MONTEIRO, C.A.F. Clima e excepcionalismo: conjecturas sobre o desempenho da atmosfera como fenômeno geográfico. Florianópolis: EDUSC, 1991. p. 241. MOTA, F. S. da. Meteorologia agrícola. 7.ed. São Paulo: Nobel, 1989. p. 376. OMETTO, J. C. Bioclimatologia vegetal. São Paulo: Agronômica Ceres, 1981. p. 425. PINTO, J.E.S de S. & NETTO, A. A. O. Clima, Geografia e Agrometeorologia: uma abordagem interdisciplinar. São Cristovão: UFS, 2008. p. 222. RIBEIRO, C.M. Para a discussão sobre uma climatologia geográfica. IN: Caderno de Geografia, Belo Horizonte, v 14, n 23, p. 95-102, 2004 SANT’ANNA NETO, J. L. História da climatologia no Brasil. In: Cadernos Geográficos. 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