113 Potencialidade Regional e Tecnologias Sociais: o sertão Piauiense em evidência Uma abordagem sobre duas aplicações do fenômeno de Tunelamento Quântico: Decaimento alfa e o Microscópio de Varredura por Tunelamento Rubens Raimundo de Sousa Oliveira Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – [email protected]. Francisco Diasis Vieira de Araújo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – [email protected]. Francisvaldo de Lima Coelho Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – [email protected]. José Antonio de Sousa Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – [email protected]. Resumo: Na Mecânica Quântica (MQ), partículas atômicas e subatômicas como elétrons, prótons, nêutrons, dentre outras, possuem uma natureza ondulatória ao se moverem pelo espaço e são descritas por funções de onda na forma Ψ(x,y,z,t). Segundo a MQ, se uma partícula com energia E incide em uma barreira de energia potencial V com um valor menor que a energia da barreira E˂V, existe uma probabilidade não nula de a partícula ser encontrada no outro lado da barreira, ou seja, a partícula sofreu o fenômeno de tunelamento quântico ou penetração de barreiras. A presente pesquisa teve como objetivo, abordar duas aplicações do tunelamento quântico, que foram o decaimento alfa e o microscópio de varredura por tunelamento, e uma metodologia baseada numa pesquisa bibliográfica. Para o decaimento alfa existir, a partícula alfa tem que sofrer o tunelamento através de uma barreira de energia potencial coulombiana, ou seja, penetrar numa região classicamente proibida, e para obter imagens de alta resolução em 3-D de superfícies, o microscópio de varredura por tunelamento deve funcionar através do tunelamento de elétrons em uma barreira de energia potencial existente entre a ponta metálica da sonda e da amostra. Palavras chave: Mecânica Quântica, tunelamento quântico, decaimento alfa, microscópio de varredura por tunelamento. 1. Introdução Na Mecânica Quântica (MQ), partículas atômicas e subatômicas como elétrons, prótons, nêutrons, dentre outras, possuem uma natureza ondulatória ao se moverem pelo espaço e são descritas por funções de onda na forma Ψ(x,y,z,t), que é uma solução da equação de Schrödinger tridimensional e dependente do tempo. Segundo a MQ, se uma partícula com energia E incide em uma barreira de energia potencial V com um valor menor que a energia da barreira E˂V, existe uma probabilidade não nula de a partícula (que é representada pela função de onda) ser encontrada no outro lado da barreira, mesmo que classicamente seja impossível da partícula atravessá-la. “Este fenômeno, a penetração numa região classicamente proibida, é chamado de tunelamento quântico” (TIPLER; MOSCA, 2011, p. 41), ou penetração de barreiras por partículas, e é uma consequência da natureza ondulatória das partículas. A presente pesquisa foi realizada com o apoio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí, e teve como objetivo, abordar duas aplicações do fenômeno de tunelamento quântico, que foram o decaimento alfa e o microscópio de varredura por tunelamento. 2. Procedimentos Metodológicos O presente trabalho constitui-se de uma pesquisa bibliográfica de natureza qualitativa, pois foram feitos estudos de livros texto de ensino superior baseado na autoria de Serway (2012), ISSN:2316-8854 - Edição atual - Anais do EITEC. Volume 3, Número 2. Picos: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí, 2014 114 Potencialidade Regional e Tecnologias Sociais: o sertão Piauiense em evidência Tipler (2011), dentre outros. A primeira aplicação do tunelamento quântico no referido trabalho, foi feito a um dos processos de decaimento radioativo estudados na Física Nuclear, o decaimento alfa, e o segundo, ao microscópio de varredura por tunelamento. O decaimento alfa é um fenômeno que consiste na emissão espontânea de uma partícula alfa por um núcleo atômico instável (radioativo) e são constituídos por dois prótons dois nêutrons ligados pela força nuclear forte. Para tal ocorrência existir, a partícula alfa tem que possuir uma função de onda associada, pois a probabilidade de localizar a partícula é proporcional a │Ψ│², e violar a lei da conservação da energia por um curto intervalo de tempo enquanto estiver dentro da barreira, através do princípio da incerteza de Heisenberg. O microscópio de varredura por tunelamento, ou STM (Scanning Tunneling Microscope), foi desenvolvido por Gerd Binning e Heirinch Rohrer em 1981, e foram agraciados em 1986 com o prêmio Nobel de Física por este desenvolvimento. O STM é um aparelho notável que usa o tunelamento quântico para obter imagens tridimensionais de superfícies com resolução da ordem de um único átomo, e é composto por uma pequena sonda com uma ponta metálica muito fina (parecido com a ponta de uma agulha) que varre toda a superfície da amostra a ser analisada, e essa varredura é gerada por um cristal piezoelétrico, que é um tipo de cristal que transforma pressão mecânica em sinais elétricos e vice-versa. 3. Resultados e discussões Para o decaimento alfa existir (além das condições já citadas anteriormente), isto é, escapar do núcleo radioativo, primeiramente ela é formada dentro do núcleo, e depois sofre tunelamento (penetra) através de uma barreira de energia potencial coulombiana que representa o poço de potencial nuclear com profundidade finita, cuja altura da barreira é muitas vezes maior que a energia cinética da partícula alfa emitida, e essa barreira, é formada pela combinação da força nuclear atrativa e da força de repulsão coulombiana entre a partícula e o restante do núcleo. A figura 1.1 mostra graficamente a ocorrência do decaimento alfa, onde E é a energia da partícula alfa, V(r) a energia potencial nuclear e R é o raio nuclear, e a figura 1.2 mostra a função de onda associada á partícula, onde ela deve estar localizada em algum ponto onde a amplitude da onda for maior. Na figura 1.1, a função de onda existe tanto dentro quanto fora do núcleo, mostrando que a probabilidade é pequena, mas não nula, de a partícula tunelar através da barreira e aparecer numa região além de r1. V(r) Figura 1.1. Decaimento alfa por tunelamento associada a Figura 1.2. Uma função de onda ISSN:2316-8854 - Edição atual - Anais do EITEC. Volume 3, Número 2. Picos: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí, 2014 115 Potencialidade Regional e Tecnologias Sociais: o sertão Piauiense em evidência Quântico. (Tipler; Mosca, 2011) uma partícula. (Eisberg; Resnick, 1979) No STM, a ponta fina da sonda faz a varredura muito próxima da superfície de uma amostra, e o espaço vazio (vácuo) muito pequeno entre eles, que é da ordem de nanômetros (10ˉ⁹m), funciona como uma barreira de energia potencial aos elétrons ligados da amostra. Quando uma pequena tensão elétrica é aplicada entre a ponta metálica da sonda e a amostra, elétrons da amostra atravessam pelo espaço vazio (barreira) entre a amostra e a ponta através do tunelamento quântico. Para obter uma imagem da superfície em 3-D, é preciso manter uma corrente de tunelamento constante, no qual é feito através de um mecanismo eletrônico que move a sonda para longe ou perto da superfície, seguindo o contorno da superfície. A figura 1.3 mostra o esquema de funcionamento do microscópio de varredura por tunelamento. Figura 1.3. Gentequeeduca.org.br) Microscópio de varredura por tunelamento. (Fonte: 4. Considerações finais O tunelamento quântico é uma das mais belas e importantes consequências da natureza ondulatórias de partículas atômicas e subatômicas. Com o trabalho elaborado, foi possível entender duas de muitas das aplicações do tunelamento quântico, aplicações que só podem ser compreendidas baseadas no fenômeno de tunelamento quântico. As duas aplicações presentes foram escolhidas, porque a primeira aplicação da teoria do tunelamento quântico foi ao decaimento alfa, e o primeiro aparelho capaz de obter imagens reais de superfícies com resolução em escala atômica foi o microscópio de varredura por tunelamento. 5. Referências [1] EISBERG, Robert; RESNICK, Robert. Física Quântica: Átomos, Moléculas, Sólidos, Núcleos e Partículas. Rio de Janeiro: Elsevier, 1979.928p. [2] PERUZZO, Jucimar; POTTKER, Walmir Eno; PRADO, Thiago Gilberto do. Física Moderna e Contemporânea – das teorias quânticas e relativísticas às fronteiras da física. São Paulo: Livraria da Física, 2012. v. 4. 460p. [3] SERWAY, Raimundo A.; JEWETT, Jr. John W. Princípios de Física – Óptica e Física Moderna. São Paulo: Cengage Learning, 2012. v. 4. 1256p. [4] TIPLER, Paul A.; MOSCA, Gene. Física para Cientistas e Engenheiros. 6ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011. v. 3. 277p. ISSN:2316-8854 - Edição atual - Anais do EITEC. Volume 3, Número 2. Picos: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí, 2014