UNIVERSIDADE DO AMAZONAS CENTRO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE NA AMAZÔNIA PLANTAS MEDICINAIS E LEGISLAÇÃO VIGENTE: ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE MANAUS - AM Mariana Oliveira dos Santos MANAUS – AMAZONAS DEZEMBRO - 2001 ii UNIVERSIDADE DO AMAZONAS CENTRO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE NA AMAZÔNIA PLANTAS MEDICINAIS E LEGISLAÇÃO VIGENTE: ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE MANAUS AM Mariana Oliveira dos Santos Orientadora: Dra. Joana D´Arc Ribeiro Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia do Centro de Ciências do Ambiente da Universidade do Amazonas, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia. MANAUS – AMAZONAS DEZEMBRO – 2001 iii Prólogo “ ... a primeira referência era a presença de plantas ou vasos na residência, as vezes indagando, eu tinha uma vaga referência da localização, ou até mesmo o nome da rua. Com base nestes dados, me desloquei para esses locais, em busca de pessoas, e mesmo não encontrando, acabava descobrindo outra referência que poderia ser útil para a pesquisa. Entretanto, algumas pessoas, mais desconfiadas e temerosas, recusaram-se a dar entrevista formalmente, mesmo com a apresentação pessoal. Outras adiaram para outro dia, inibidas para dizer não num primeiro momento. Foi um desafio organizar as informações fazendo uso da memória, especialmente quando processando as entrevistas que não obedeciam a seqüência do roteiro, e que me ofereciam imagens alternativas da conversa. Durante a escrita dos textos era preciso colocar as informações em uma seqüência padronizada, para poder identificar o padrão individual da linguagem dos entrevistados, fazendo o cruzamento de informações verbais e não verbais. Cada pessoa tinha uma trajetória sociolingüística diferente, e nessa trajetória, como pernambucana, eu encontrava as peças de um quebra cabeça para entender como se manifestava a intuição, a linguagem e a consciência mágica do meu povo. Ao despedir-me dos entrevistados, sentia-me diferente, estava levando comigo um patrimônio inestimável: as preciosidades dos aspectos subjetivos da cultura local, relacionados aos processos não-convencionais de saúde e de cura bem como seu conhecimento do mundo jurídico. A atenção precisou ser intensa porque não dispunha de recursos tecnológicos simples ou sofisticados para coletar os dados. Até um pequeno gravador que pretendia utilizar precisou ser eliminado logo nos primeiros contatos porque, a presença da máquina deixava as pessoas constrangidas. Tal decisão, no entanto, exigiu além da agilidade para fazer as observações e registrá-las por escrito, a necessidade de retornar algumas vezes aos locais para conferir os dados da entrevista”. iv Dedicatória Aos meus filhos Igor, Mariana e Leomax, Dedico E ao meu pai Jorge em memória, e a minha mãe Geny, Ofereço v Agradecimentos A Deus, meu criador e guia. Ao Centro de Ciências do Ambiente da Universidade do Amazonas, pela acolhida e oportunidade de realização do Curso. Ao Centro Universitário Luterano de Manaus – UBRA, pela gentileza de disponibilizar o acervo de sua biblioteca. Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, pelo apoio durante o processo de pesquisa bibliografia e do herbário. A Dra. Joana D’Arc Ribeiro, pelo apoio, orientação e por ter acreditado em minha competência, minha eterna amizade. A Dra. Suely Souza Costa pela orientação na estatística e pelo apoio, amizade e pela liberação do seu acervo bibliográfico particular. Ao Dr. Kaoru Yuyama pelo apoio e liberação do seu acervo bibliográfico particular. A Dra. Sandra Noda, pelas críticas e sugestões durante o processo da elaboração do plano de trabalho, e pela liberação do seu acervo bibliográfico particular. Ao Dr. Hiroshi Noda, pelas sugestões na aula de qualificação. Ao Dr. José Cardoso pela auxilio na análise dos dados pilotos da década de 90. Aos funcionários da CPCA, em nome de Elias e Tavares. As funcionárias do CCA, em especial a Maria das Graças Luzeiro, a Luciene e Raimunda, meus agradecimentos, Aos Professores e Colegas do Curso pela solidariedade e pela participação em minha vida acadêmica, meu eterno agradecimentos. vi A Dra. Nidia Fabré, pela gentileza e presteza com que sempre atendeu minas solicitações durante o Curso. A Gloria Paiva, pelo apoio durante os registros fotográficos do bairro Japiim. A minha mãe, pelo amor, amizade, incentivo, pelos seus ensinamentos e pelo legado do material de sua pesquisa de plantas medicinais meu eterno agradecimentos. Aos meus filhos, por terem suportado a minha ausência, com constante incentivo e amor. Aos meus irmãos, Joaquim, Anabela e Jorge, pela fundamental ajuda financeira e apoio moral. E finalmente a todos que me apoiaram direta ou indiretamente meu eterno agradecimento. vii Resumo Trata-se do estudo do uso de plantas medicinais pela população manauara e a legislação vigente. Os registros apontados neste trabalho são resultados das informações recolhidas através de entrevistas e do convívio da população amazonense. Longe de sugerir a automedicação, essas informações devem ser encaradas como ponto de partida para a implantação de uma política social de saúde, organizada com a participação da comunidade, acompanhada e supervisionada por órgãos competentes de saúde, e ambiente. Foi pesquisado e constatado que os hábitos culturais e padrão de consumo de plantas medicinais pela população manauara modificou-se na última década, devido à influência da crescente industrialização do setor e das migrações interregionais, que causaram interferência intercultural. Ficou explícito neste trabalho que o saber científico pressupõe a separação entre natureza e cultura, contudo no saber popular esta separação não existe. Verificou-se que a legislação sobre plantas medicinais tem evoluído conjuntamente e se adaptado às novas descobertas farmacêuticas e botânicas, sendo a patente dos conhecimentos tradicionais o ponto conflitante entre os interesses empresariais e populares. viii Abstract It’s a study about the medicinal plants use by the manauara population and the current legislation. The appointed registers of this work result from information obtained through interviews and the life with amazon population. Far from suggesting the self-medication these pieces of information must be viewed as a starting point to the implementation of a health social policy, organized with the participation of the community, followed up and supervised by skilled actors of health. It was researched and found that the cultural habits and consume patterns of medicinal plants by the manauara population have changed in the last decade, due to the growing industrialization influence of the branch and the interregional migrations, that caused intercultural interference. This work made clear that the scientific knowledge presupposes the split between nature and culture, although in the folks knowledge this split doesn’t exist. It was found that the legislation dealing with medicinal plants has evolved and brought forth changes to incorporate the botanical and pharmacy discoveries. The traditional knowledge copyright has been the breaking point between the enterprise interests and the popular one. ix SUMÁRIO páginas RESUMO .......................................................................................................VII ABSTRACT ......................................................................................................VIII LISTA DE FIGURAS .........................................................................................XI 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 2 2 OBJETIVOS.................................................................................................. 6 2.1 GERAL ..................................................................................................................... 6 2.2 ESPECÍFICOS ........................................................................................................ 6 3 MATERIAL E MÉTODO ..................................................................... 8 3.1 Descrição da área de estudo..................................................................................... 8 3.2 Procedimento ........................................................................................................... 8 CAPÍTULO I................................................................................................... 13 4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS SOBRE O USO DE PLANTAS MEDICINAIS ......................................................................................................................... 13 4.1 Quadro histórico..................................................................................................... 13 4.2 Medicina popular................................................................................................... 15 4.3 Cidade, crendice e saúde........................................................................................ 16 4.3.1 Cenário urbano e o plano diretor ............................................................. 19 4.3.1.1 Cultivo de Plantas Medicinais ............................................................ 23 4.3.1.2 Aspectos Médico – Sociais das Intoxicações por Plantas ............................. 25 4.3.2 O mercado e a industrialização das plantas ......................................... 28 CAPITULO II ................................................................................................. 36 x 5 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA - PROTEÇÃO DE CULTIVARES.................. 36 5.1 O Meio Ambiente e o Consumo............................................................................. 40 5.2 Proteção do Direito do Consumidor.................................................................... 41 5.3 Biopirataria ............................................................................................................ 43 5.4 Lei de Marcas e Patentes....................................................................................... 46 CAPÍTULO III ................................................................................................ 54 6 A URBANIZAÇÃO E O CRESCIMENTO DESORDENADO ....................... 54 6.1 Estudo piloto década de 90 sobre plantas medicinais ........................................ 56 6.2 Descrição sistemática das plantas mais usadas na década de 90........................ 92 CAPÍTULO IV ................................................................................................ 97 7 DICOTOMIA: NATUREZA E CULTURA .................................................... 97 7.1 As relações etnoecológicas...................................................................................... 98 7.2 Perfil sócio-cultural da comunidade entrevistada ............................................ 128 7.3 Princípio da dignidade humana ........................................................................ 136 7.4 Direito à Saúde...................................................................................................... 138 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................... 141 9 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 145 ANEXO I ...................................................................................................... 153 ANEXO II........................................................................................................ 159 ANEXO III....................................................................................................... 163 xi Lista de Figuras páginas Figura 01 - A - Brasil e o Estado do Amazonas (indicado pela seta); B Imagem por satélite da região de Manaus (indicada pela seta) e C - o município de Manaus e suas divisões regional e municipal. .... ........11 Figura 02- Figura 03 - Dados obtidos em entrevista realizada com a população do bairro Colônia Oliveira Machado. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90................................................ ........56 Dados obtidos em entrevista realizada acerca da faixa etária (A) e a proporção quanto ao sexo (B) da população do bairro Colônia Oliveira Machado. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90................................................ ........57 Figura 04 - Dados obtidos acerca do grau de instrução (A) e da profissão (B) da população do bairro Colônia Oliveira Machado. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90........ .......58 Figura 05 - Dados obtidos acerca do tipo de remédio caseiro (A) e da fonte de aquisição (B) pela população (n = 60) do bairro Colônia Oliveira Machado. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de ........60 Castro na década de 90............................................................. Figura 06A Dados obtidos sobre partes de plantas medicinais usadas pela população (n = 60) do bairro Colônia Oliveira Machado. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90................................................................................................ .........61 Figura 06B Dados obtidos sobre as plantas medicinais de uso mais freqüente pela população (n = 60) do bairro Colônia Oliveira Machado. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90.............................................................................. ........62 Figura 06C Dados obtidos sobre plantas medicinais de uso mais freqüente pela população (n = 60) do bairro Colônia Oliveira Machado. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90................................................................................................ ........63 xii Continua... Figura 07 - Dados obtidos em entrevista realizada sobre o uso de remédio caseiro (A) e a proporção quanto ao sexo (B) da população do bairro Alvorada. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90................................................................... .........64 Figura 08 - Dados obtidos acerca do grau de instrução (A) e da faixa etária (B) da população do bairro Alvorada. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90...................................... .........66 Figura 09 - Dados obtidos sobre a fonte de aquisição (A) e partes da planta medicinal (B) utilizada pela população (n = 60) do bairro Alvorada. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90............................................................................... .........68 Figura 10A Dados obtidos sobre planta medicinal de uso mais freqüente pela população (n = 60) do bairro Alvorada. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90......... .........69 Figura 10B Dados obtidos sobre planta medicinal de uso mais freqüente pela população (n = 60) do bairro Alvorada. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90.............................. .........70 Figura 11 - Dados obtidos sobre o comportamento segundo a idade (A) e o grau de instrução (B) quanto ao uso de plantas medicinais pela população (n = 60) do bairro Alvorada. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90.............................. .........71 Figura 12 - Dados obtidos em entrevista realizada sobre o uso de remédio caseiro (A) e a proporção quanto ao sexo (B) da população (n = 60) do bairro Ponta Negra. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90............................................... .........73 Figura 13 Dados obtidos acerca do grau de instrução (A) e da faixa etária (B) da população (n = 60) do bairro Ponta Negra. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90......... .........74 Figura 14A Dados obtidos sobre a fonte de aquisição de planta medicinal utilizada pela população (n = 60) do bairro Ponta Negra. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90................................................................................................ .........75 Figura 14 B Figura 14B - Dados obtidos sobre as plantas medicinais de uso mais freqüente pela população (n = 60) do bairro Ponta Negra. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90................................................................................................ .........76 xiii Continua.... Figura 15 - Dados obtidos sobre as partes da planta medicinal utilizada pela . população (n = 60) do bairro Ponta Negra. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90.............................. .........77 Figura 16 - Dados obtidos em entrevista realizada sobre o uso de remédio caseiro da população (n = 60) do bairro Cidade Nova. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90........ .........78 Figura 17 - Dados obtidos em entrevista realizada sobre e a proporção quanto ao sexo (A) e da faixa etária (B) da população (n = 60) do bairro Cidade Nova. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90............................................................... .........80 Figura 18 - Dados obtidos acerca do grau de instrução (A) e do comportamento segundo a idade (B) da população (n = 60) do bairro Cidade Nova. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90............................................................... .........81 Figura 19 Dados obtidos sobre o comportamento segundo a idade e o grau de instrução (A) e quanto aos tipos de remédios caseiros usados pela população (n = 60) do bairro Cidade Nova. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90......... .........82 Figura 20 - Dados obtidos sobre a fonte de aquisição (A) as partes da planta medicinal (B) utilizada pela população (n = 60) do bairro Cidade Nova. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90.................................................................................... .........84 Figura 21 - Dados obtidos sobre as partes da planta medicinal de uso mais freqüente (A e B) utilizada pela população (n = 60) do bairro Cidade Nova. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90................................................................... .........85 Figura 22- Figura 22 - Dados obtidos em entrevista realizada sobre o uso de remédio caseiro da população (n = 60) do bairro Japiinlândia. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90............................................................................................... .........86 Figura 23- Dados obtidos plantas medicinais de uso mais freqüente (A e B) pela população (n = 60) do bairro Japiinlândia. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90........ .........87 Figura 24 - Figura 24 - Dados obtidos acerca do grau de instrução da população (n = 60) do bairro Japiinlândia. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90.............................. .........88 xiv Continua.... Figura 25 - Dados obtidos sobre a faixa etária (A) e partes da planta medicinal mais utilizada (B) pela população (n = 60) do bairro Japiinlândia. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90................................................................... .........89 Figura 26 Dados obtidos sobre a fonte de aquisição de planta medicinal utilizada pela população (n = 60) do bairro Japiinlândia. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90................................................................................................ .........90 Figura 27 - Dados obtidos em entrevista realizada sobre o uso de remédio caseiro da população (n = 300) dos bairros (Colônia Oliveira Machado, Alvorada, Ponta Negra, Cidade Nova e Japiinlândia). Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90................................................................................................ .........91 Figura 28 - Fundo de um quintal com plantas medicinais em uma residência no bairro Japiim em Manaus. Foto: Gloria Paiva (2001).............. .......100 Figura 29 - Dados obtidos em entrevista sobre o uso de remédio caseiro (A) e o grau de instrução (B) da população (n = 30) do bairro Japiim.............................................................................................. .......101 Figura 30 - Moradias da população no Igarapé do Franco do bairro Japiim, setembro de 2001. Foto: Gloria Paiva (2001)................................ .......102 Figura 31 - Ocupação profissional (A) e a proporção por sexo(B) dos entrevistados no bairro Japiim, primeiro semestre de 2001............ .......105 Figura 32 - Local de nascimento (A) e a faixa etária dos entrevistados (B) no bairro Japiim, no primeiro semestre de 2001.................................. .......106 Figura 33- Vista de residências e área de encosta no bairro Japiim. Foto: Gloria Paiva ( 2001......................................................................... .......107 Figura 34 Fonte de aquisição mais freqüentes de plantas medicinais pela população entrevistada (n = 30) do bairro Japiim, no primeiro semestre de 2001............................................................................. .......109 Figura 35 Jardim com plantas medicinais em vasos em uma residência no bairro Japiim. Foto: Gloria Paiva (2001)........................................ .......130 xv Continua.... Figura 36 - Jardim de plantas medicinais em uma residência localizada no bairro Japiim. Foto: Gloria Paiva (2001)................................... .......131 Figura 37 - Jardim de plantas medicinais em uma residência no bairro Japiim. Foto: Gloria Paiva (2001)................................................... .......132 Figura 3 8- Jardim de plantas medicinais em uma residência no bairro Japiim. Foto: Gloria Paiva (2001)................................................... .......133 Figura 39 - Jardim de plantas medicinais em uma residência no bairro Japiim. Foto de Gloria Paiva (2001)............................................... .......134 Figura 40 - Aspecto das residências no bairro Japiim. Foto de Gloria Paiva (2001).............................................................................................. ......1.35 Figura 41 - Jardim de plantas medicinais em uma residência no bairro Japiim. Foto de Gloria Paiva (2001)............................................... .......136 Figura 42 - Vista área da floresta amazônica. Foto: Revista UNB – ano 1, n.2, 2001......................................................................................... .......140 INTRODUÇÂO 2 1 INTRODUÇÃO A floresta amazônica é considerada a maior reserva de plantas medicinais do mundo, com cerca de 150 mil espécies vegetais. Contudo, a velocidade com que a floresta vem sendo destruída é razão suficiente para que se conheçam as espécies vegetais e seus potenciais etnofarmacológicos (FERREIRA et al., 1998). Desde a sua colonização a Amazônia tem sido alvo de interesses variados, principalmente, no aspecto relacionado aos estudos da sua biodiversidade. Os processos de ocupação e de exploração da região são tratados por vários autores (MORAM, 1990; SCHUBART, 1983; AZEVEDO, 2000; MEDINA & SANTOS, 2000). O elevado número de espécies vegetais e a sua diversidade estimula o aproveitamento de fármacos de origem vegetal. Grande parte dos problemas ambientais da Amazônia necessita de uma abordagem integralizada entre o meio físico e as questões sociais. Em função de toda essa complexidade social, política, econômica, cultural e ambiental em relação à floresta amazônica, não é de se estranhar que ela seja “alvo de interesse”. Nesse sentido, alguns autores (AZEVEDO, 2000; DRUMMOND, 2000; HECK, 2000; MAIMON, 2000; OLIVEIRA, 2000) apontam algumas alternativas para o futuro da Amazônia, e todos são unânimes em afirmar que é necessário conhecer os ecossistemas amazônicos naturais e urbanos, para que seja possível utilizá-los com critério. No processo de transformação do natural para o urbano, a diversidade fica comprometida com o possível desaparecimento de muitas espécies vegetais. Neste sentido a transformação do espaço rural em urbano acarreta a desagregação não só da 3 flora e fauna, mas, também, da identidade cultural das comunidades interioranas ao migrarem para os grandes centros urbanos (LIMA et al., 1993; RIBEIRO FILHO, 1999). Do ponto de vista urbano, o morador, enquanto consumidor vê a cidade como o meio de consumo coletivo (bens e serviços), para a reprodução da vida (CARLOS, 1994). E esta produção é dinâmica e contínua, sendo resultado de um processo histórico, em que o homem é o responsável principal pela produção do espaço urbano e da melhoria da qualidade de vida. Com o agravo da demanda social por espaço, verifica-se o comprometimento ambiental envolvendo fatores bióticos e abióticos. Neste sentido, Martine (1999), afirma que “O ecossistema urbano compreende componentes bióticos, como os parques das cidades e abióticos, como as máquinas, veículos e culturas, e as leis e as idéias que atuam no sistema através dos indivíduos “. Por outro lado, o sistema urbano é modificado pela presença de indústrias agrícolas não urbanas (SANTOS, 1992), indústrias de medicamentos, fábricas (têxteis, cimentos, eletrônicos, entre outras). Estas são dotadas de capacidade adaptativa, e que por outro lado, têm uma força de transformação da estrutura, pela influência junto ao Estado mudando as regras do jogo da economia e da sociedade a sua imagem. Esta transformação demanda mão de obra crescente que nem sempre está adaptada ao meio urbano, o que conseqüentemente compromete além de sua substância também a qualidade de vida. Como alternativa, o indivíduo resgata o patrimônio intelectual através do uso da medicina natural, propiciada pelas plantas medicinais. Na medicina caseira, as práticas curativas são aplicada e ensinadas passando de geração para geração, formando um acervo dos recursos terapêuticos (ARAÚJO, 1956). Às vezes o uso das plantas medicinais propicia uma relação de consumo em que o comércio dessas ervas pelo “raizeiro” ainda não está devidamente regulamentada pelas leis ambientais. Desta forma verifica-se que o consumidor corre 4 sérios riscos pela ausência de controle de qualidade, considerando não apenas o armazenamento do produto (contrair fungos e bactérias) mas como também o próprio manuseio para evitar a contaminação. Silva (1997) adverte que “ uma cidade não é um ambiente de negócios, um simples mercado onde até a paisagem é objeto de interesses econômicos lucrativos, mas é sobretudo um ambiente de vida humana, no qual se projeta valores espirituais perenes, que revelam às gerações porvindouras a sua memória”. O artigo 3o inc.III, letra d, da Lei Federal no 6.938/81, é expresso ao associar qualidade ambiental com as condições estéticas do meio ambiente, que inclui a definição de paisagem e degradação ambiental. No aspecto jurídico sobre as plantas medicinais, observa-se que muitas questões ainda se encontram em aberto para discussão no Congresso Brasileiro, dentre elas a propriedade intelectual e o retorno dos benefícios da investigação em etnobotânica para as comunidades locais (ALBUQUERQUE, 2000). É possível afirmar que o alto investimento na capacitação de recursos humanos voltados para este campo de pesquisa poderá ser uma das alternativas no processo da sustentabilidade dos recursos naturais da região, principalmente na Amazônia. Avaliando-se estes aspectos, surge a necessidade de um levantamento etnobotânico com ênfase às plantas medicinais, seus usos e a legislação pertinente. Como hipótese desta investigação, é provável que: Os hábitos culturais e padrão de consumo de plantas medicinais pela população manauara haja se modificado na última década. A legislação sobre plantas medicinais tem evoluído conjuntamente e se adaptado às novas descobertas farmacêuticas e botânicas. 5 O estudo aqui apresentado está estruturado em: uma apresentação introdutória incluindo os objetivos da pesquisa e os métodos empregados para coleta de dados. Em seqüência, apresentamos quatro capítulos distintos desenvolvendo os temas relevantes para a compreensão das questões ambientais no Amazonas e especificamente em Manaus. No primeiro Capítulo, é feita uma revisão e uma discussão acerca dos fundamentos teóricos sobre o uso de plantas medicinais, ressaltando o poder terápico e o modo como este tem sido transferido de geração para geração pela população. No segundo Capítulo são apontados os aspectos legais e jurídicos sobre o uso de plantas medicinais, marcas e patentes e a proteção de cultivares. Também se verifica o código do consumidor enfatizando o controle de qualidade. O terceiro Capítulo trata-se de um estudo piloto tendo como base um trabalho na década de 1990, realizado com a população manauara referente ao uso de plantas medicinais e suas respectivas terapias. Questiona-se o perfil cultural descrevendo cada unidade pesquisada. Busca-se entender os fatores ligados ao uso das plantas medicinais que, sendo objetos da qualidade de vida da população ao longo dos anos, foram responsáveis pela atual quadro etnofarmacológico. O quarto capítulo trata do processo de pesquisa, baseado na coleta de dados através de fichas e questionários, apresentando as etapas detalhadas da investigação. São apresentados os resultados obtidos, sua análise e buscando-se sempre que possível relacioná-los aos dados do capítulo anterior. Por fim, são apresentadas as considerações finais, onde é feita uma avaliação da situação diagnosticada em face à questão da qualidade de vida da população manauara. 6 2 OBJETIVOS 2.1 GERAL Investigar o uso de plantas medicinais pela população manauara e a legislação vigente. 2.2 ESPECÍFICOS Levantar dados sobre as plantas medicinais utilizadas pela população manauara; identificar e avaliar o uso terápico destas plantas; verificar na legislação vigente, a regulamentação sobre as plantas medicinais; e investigar o perfil sócio cultural da população. 7 METODOLOGIA OPERACIONAL 8 3 MATERIAL E MÉTODO 3.1 Descrição da área de estudo Este estudo foi realizado na cidade de Manaus (Figura 1B) localizada na região Norte, no Estado do Amazonas (Figura 1A). A população do estado segundo o IBGE (2000) é de 2.813.085 habitantes. Através do Decreto no 2924 de 07 de agosto de 1995, A Prefeitura Municipal de Manaus, instituiu a divisão geográfica da cidade, compreendendo seis zonas: Zona Sul, Zona Norte, Zona Leste, Zona Oeste, Centro-Sul e Centro-Oeste (Figura 1C). Nestas Zonas foram utilizados dados pilotos obtidos dos moradores dos bairros: Alvorada II (Centro Oeste); Cidade Nova (Zona Norte); Colônia Oliveira Machado (Zona Sul); Japiim (Japiinlândia) (Zona Sul); Ponta Negra (Zona Oeste). Em conformidade com o procedimento metodológico adotado foi efetivada uma verticalização no bairro Japiim por ser uma área representativa de carências. 3.2 Procedimento Considerando as complexas relações entre o homem e o meio, e que determinam a necessidade da procura pelas plantas medicinais, optou-se pelo método do Estudo de Caso (GREENWOOD, 1973 1; GIL, 1991 2). ______________________________________________________________ 1 - Para este autor, o método consiste em um exame intensivo tanto em amplitude como em profundidade de uma unidade de estudo por meio de todas as técnicas disponíveis para tal. A unidade de observação pode ser qualquer nível real da sociedade. Este método se caracteriza por três aspectos principais: a intensidade, oportunismo e o emprego de procedimentos heterodoxos de análises. 2 - O autor afirma que o estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o conhecimento amplo e detalhado do mesmo, tarefa esta, segundo o autor, praticamente impossível mediante outros delineamentos. 9 Para atingir os objetivos da pesquisa foram adotados os seguintes procedimentos, levando-se em conta os preceitos éticos dos seres vivos: Levantamento bibliográfico, na busca de elementos teóricos para elucidação dos problemas a ser investigados. Foram obtidas informações sobre a legislação vigente analisada dentro do contexto jurídico, político e social, observando-se a aplicabilidade da biodiversidade, referente às plantas medicinais, por meio de uma pesquisa bibliográfica, com base na evolução do direito ambiental iniciada na década de 70 até o final do século XX. Foram utilizados dados pilotos pertinentes ao uso das plantas medicinais pela população manauara, nos bairros alvos deste trabalho no período da década de 90. Estes dados serviram de instrumentos para avaliar o processo sistêmico e contínuo. Pesquisa de campo - foi conduzida no bairro Japiim conforme os condicionantes do método ESTUDO DE CASO a horizontalização e verticalização através de procedimento heterodoxos adotado por Noda (2000) de análise efetivada no caso deste bairro. Ressalta-se que os dados piloto de campo obtidos através de pesquisas piloto subsidiaram a análise do caso em termos comparativos. Nesta etapa, foram utilizados como instrumentos: 1- Questionários constituídos de perguntas abertas, fechadas e de reforço sobre: dados pessoais; dados sobre os recursos vegetais utilizados como terapia; dados sobre o conhecimento da legislação vigente a respeito das plantas medicinais (ANEXO I). 2- Registro das áreas através de fotografias dos locais visitados. 10 3- O levantamento do material vegetal foi feito a partir da nomenclatura popular das espécies (identificação etnobotânica) sendo sua identificação botânica efetivada através de materiais bibliográficos (MOREIRA, 1972; PRANCE & SILVA, 1975; SILVA et al, 1977; TOKARNIA et al, 1979; COSTA, 1989; STASI, 1989) e de herbário do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/INPA. Os dados acima foram colocados em tabela modelo (ANEXO I) servindo como um referencial teórico para avaliar a importância cultural, social e política da população manauara quanto ao uso destas plantas. Assim, a partir das informações acima, foi estimado a importância cultural pela estimativa percentual do “uso” das diferentes espécies e famílias botânicas (plantas medicinais) segundo as categorias de uso manifestadas pelos entrevistados. Necessário na análise comparativa de valores legais que compõem a legislação ambiental. Os resultados foram dispostos em gráficos, tabela e figuras, de maneira a proporcionar uma avaliação comparativa das informações referentes às plantas medicinais. As informações foram armazenadas em um banco de dados (ACCESS) e em planilha (EXCEL) (ANEXO III). 11 B A c Figura 1 – A - Brasil e o Estado do Amazonas (indicado pela seta); B - Imagem por satélite da região de Manaus (indicada pela seta) e C - o município de Manaus e suas divisões regional e municipal. 12 CAPÍTULO I “Neste capítulo são abordados os fundamentos teóricos do uso das plantas medicinais, suas funções terápicas, crendice, saúde, e seus cultivos e comercialização”. 13 CAPÍTULO I 4 FUNDAMENTOS TEÓRICOS SOBRE O USO DE PLANTAS MEDICINAIS 4.1 Quadro histórico O conhecimento científico acadêmico sobre plantas medicinais no Brasil, vem, desde a década de 1960 apresentando um crescimento significativo associado à consolidação de sua comunidade. Apesar das pesquisas nesta área e, principalmente da aplicação destas plantas como curativas e preventivas de doenças, datarem de períodos longínquos, a partir daí percebe-se sua influência tanto na política científica como nos núcleos e grupos de pesquisas. Na área fitoterápica de plantas medicinais, como impulsionadores de programas mais amplos, destacam-se a partir de 1976, os financiamentos da antiga Central de Medicamentos (CEME), para projetos de pesquisas na Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Escola Paulista de Medicina Universidade de São Paulo e o do CNPq, que criou o “Programa Flora” que tinha como atribuição produzir um inventário sobre amostras de vegetais brasileiros existentes nos herbários nacionais e no exterior. Este programa teve duração de 1975 a 1982, e dividia-se em cinco projetos regionais. Ainda na década de 80, o interesse de Instituições Inglesas e Americanas e o despreparo dos técnicos brasileiros bem como a falta de uma gestão política nacional fez com que o Brasil se transformasse, meramente, em um coletor de informações revertendo seus resultados, na realidade, para os países estrangeiros. 14 Fazendo-se um retrocesso histórico, percebe-se que ao longo de mais de 30 anos (1960 – 1998) ocorreram mudanças na área da pesquisa cientifica, com fortalecimento dos cursos de pós-graduação, em detrimento da graduação. Além disto o distanciamento entre a pesquisa e o seu resultado dentro de um sistema produtivo empresarial nacional. A implantação de indústrias multinacionais farmacêuticas e a desvalorização da indústria nacional favoreceram este distanciamento, já que as multinacionais não participam da geração de conhecimento no país, que já vem “com a patente” da matéria-prima. Neste setor, o Brasil é atualmente mero envasador de medicamentos, e esta situação certamente se manterá, já que o Brasil acaba de aprovar a industrialização de medicamentos genéricos fabricados por quatro países (BRAGANÇA, 1996; FERNANDES, 2000). À medida que aumentam as pesquisas utilizando-se de plantas medicinais, proporcionalmente cresce a necessidade de usar esses conhecimentos “préclínicos” em estudos clínicos no sentido de validar o seu uso, principalmente no serviço público. A CEME implantou em 1983 o Programa de Pesquisas em Plantas Medicinais e em 1988 a CIPLAN – Comissão Interministerial de Planejamento elaborou a Resolução 8/88 que regulamentou a Fitoterapia no Brasil. Desde 1989 existe no Brasil uma organização de profissionais, incentivados pela Organização Mundial de Saúde (DALLARI, 1997). Para Fernandes (2000), o crescimento qualitativo e quantitativo assinalado a partir das duas últimas décadas na área de pesquisa fitoterápica, vem enfrentando uma grave crise. Esta é resultado do esvaziamento político-orçamentário dos órgãos de fomento, e a redução orçamentária das instituições de ensino e de pesquisa. Isto tem gerado uma discussão sobre a possível privatização destas instituições, com conseqüências graves para a geração do conhecimento científico no país. 15 4.2 Medicina popular Incorporada a rotina diária da população, a medicina popular é praticada em todo o Brasil, no âmbito familiar, nas igrejas, nos centros espíritas, nas feiras urbanas, no meio rural e nas aldeias indígenas (SPONSEL, 1995). Seus agentes são muitos e variados: parentes mais velhos, benzedores, raizeiros, médiuns, parteiras, curandeiras e pajés. Acessível e com custo reduzido, a medicina popular dá respostas concretas aos problemas do cotidiano e fortalece as relações entre as pessoas, pois pressupõe ajuda e solidariedade. Apreendida no cotidiano, muitas vezes fora de uma universidade, é transmitida de geração em geração, através de um conjunto de técnicas de cura, tornando-se uma arte que assimila e incorpora os costumes de cada região (CAMARGO, 1985; BRICKS, 1995; BONTEMPO, 1994). Acredita-se que a medicina popular através das plantas é praticada por populações pobres e ignorantes, principalmente em regiões onde não existe outro tipo de assistência médica. Essa visão preconceituosa, no entanto, não é capaz de explicar a resistência e a permanência dos recursos curativos da população nas grandes cidades (BOTELHO, 1991). Também não leva em conta a contribuição das curas às doenças, nem valoriza seu rico manancial de conhecimentos práticos capaz de melhorar a qualidade de vida do povo tanto nas pequenas comunidades como nos grandes centros urbanos. Entretanto, alguns registros indicam que a população relaciona as plantas medicinais como sinônimo de “medicina popular” e que conhecendo os seus segredos estarão aptos a praticar esta arte. Este modo de pensar erroneamente obscurece os preceitos éticos da medicina tradicional. O conhecimento dos limites da botânica popular é apenas um dos recursos para se utilizar às plantas medicinais e que saber usar convenientemente os vegetais é muito mais do que apenas atender aos sintomas do doente (BONTEMPO, 1994). 16 Apesar de existirem controvérsias quanto ao processo do conhecimento e do uso das plantas medicinais, a ciência a cada dia está comprovando a eficácia de receitas populares. Os pesquisadores têm intensificado e ampliado os conhecimentos sobre os benefícios das plantas tornando-as um “tesouro precioso” para a população brasileira apesar das crises socioeconômicas. Por trás dessa afirmação estão os estudos científicos de faculdades renomadas como a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Além disso, tornou-se comum encontrar artigos sobre fitoterápicos (remédios elaborados com o princípio ativo dos vegetais) em publicações cientificas de prestígio como a revista Lancet e o British Medical Journal. E a medicina dá respaldo a fitoterapia (tratamento à base de plantas medicinais) (ZACHÉ, 2001). Não é só a medicina tradicional que acordou para a importância das plantas. As indústrias, os laboratórios farmacêuticos e as empresas de cosméticos descobriram que estão diante de um filão muito rentável. E, obviamente, não querem perder tempo. A consultoria Booz. Allen & Hamilton estima que o mercado mundial de fitoterapia movimenta cerca de US$22 bilhões por ano. Em 2000 o setor faturou nos Estados Unidos US$ 6,3 bilhões. Na Europa, foram US$ 8,5 bilhões. No Brasil, não há estatística oficial, mas calcula-se que o faturamento esteja na casa dos US$ 500 milhões. A previsão dos consultores é de que em 2010 esse montante passe a ser US$ um bilhão no país. José Eduardo de Mello, vice-presidente de relações institucionais do Laboratório Aché afirma que “o Brasil tem potencial para ser grande produtor de novas drogas fitoterápicas” (ZACHÉ, 2001; ARNT, 2001). 4.3 Cidade, crendice e saúde O povo não costuma questionar nem temer tratamentos de eficácias comprovadas, cuja prática vem sendo transmitida de geração em geração. O mesmo não acontece em relação à medicina convencional: uma vez as voltas com médicos que 17 falam termos técnicos sem que o paciente compreenda a terminologia, remédios caros que provocam os mais inesperados efeitos colaterais, internações hospitalares, filas, despesas enormes - não raro, resultados bem pouco satisfatórios. A sensação é de dúvida e desamparo, como se tudo isso pertencesse a um outro mundo, muito distante das simples certezas dos tratamentos caseiros (BONTEMPO, 1994). Assim, com o comprometimento de qualidade no atendimento médico e nos serviços de saúde pública nos países mais pobres, ganha força um modelo de assistência medica comunitária preventiva (NUNES, 1989; PAULA, 1993; SANTOS, 2000). Neste modelo são incorporadas técnicas alternativas como a medicina popular, as ervas medicinais, a homeopatia, a acupuntura e outros conceitos e práticas naturais de cura. A adoção dessas medidas já trouxe mudanças significativas para a situação da saúde na Índia, China, Cuba e de vários países africanos, e começa a esboçar-se no Brasil. Entretanto deve-se considerar que este modelo no Brasil, ainda está muito aquém das suas reais necessidades (DREIFFUSS, 1991; BRAGANÇA, 1996). Em um retrocesso histórico, verifica-se que os movimentos de contestação dos anos 60 e 70 preparam o terreno para a formação de grupos naturalistas e ambientalistas, orientados para uma visão do ser humano reintegrado na natureza, e que nos dias atuais vem sendo resgatado através das áreas verdes urbanas (CORRÊA et al., 1998). Nas cidades, os parque e jardins públicos desempenham, além do papel já conhecido de zonas verdes, também uma significação social, como obra de arte, destinados a incentivar a cultura da coletividade (CHAUÍ, 1990; SOARES, 1998). Por séculos, os homens têm procurado aformosear o espetáculo que lhe oferece a natureza, e em contrapartida lhe impõe um certo cunho da idealidade, inerente a noção de estética de cada cultura. 18 Do ponto de vista ecológico, o ecossistema urbano compreende componentes bióticos, como os parques e abióticos, como as máquinas e veículos. Neste cenário, as culturas, leis e as idéias atuam no sistema através dos indivíduos (ARAÚJO, 1999). Nos ecossistemas urbanos, em virtude muitas vezes da carência médica hospitalar, o homem vem sendo levado a utilizar a medicina alternativa através das plantas medicinais, como um grande acervo de recursos terapêuticos com infinitas práticas curativas. No Amazonas há uma medicina caseira, que é aplicada e ensinada sob ritos mágicos, utilizando-se além de ervas, “passes” e “invocações espíritas”, para o receitar ou diagnosticar. Todo este saber popular constitui um corpo de doutrinas que são transmitidas oralmente ou por imitação (ARAÚJO, 1956; MING et al., 1997; SILVA, 1999). Já a pajelança é uso mais amplo do herbário Amazônico, em função da cura das moléstias que atacam o homem. Xaropes, banhos, fricções, cataplasmas, emplastros, defumações sobre o cachimbo, benzimento, formam suas práticas. O pajé é sempre um líder, de forte influência até sobre os brancos da localidade. O espírito de crendice humana, quando abandona o pajé, cai no macumbeiro, que é o pajé pardo, de origem africana (ARAÚJO, 1956; BOTELHO, 1991). Uma grande flora medicinal contribui para esse receituário, sendo utilizada através das raízes, folhas, sementes, cascas de vegetais e outros. Das mais utilizadas pelos pajés se destacam segundo o nome popular: o abacate, agrião, alho, angico, arruda, batatão, cabacinha, cidreira, cumaru, jalapa, jucá, jurubeba, marcela, mastruz, pinhão branco e roxo, quebra–pedra, sabugueiro, cedro, salsa, vassourinha, pataqueira, mucuracaá (CASTRO, 1970; BONTEMPO, 1994; BATISTA, 1998). 19 4.3.1 Cenário urbano e o plano diretor Fazendo uma retrospectiva para um cenário urbano, não se pode considerar a cidade como um amontoado de loteamentos e edificações. Deve-se considerar um conjunto de sistemas ordenados, planejados de forma a conciliar o homem e a natureza. Para isto, o processo de urbanização deve ser planejado e aprovado por órgãos competentes, evitando o desaparecimento das áreas verdes (PINTO, 2000). O plano urbanístico é fundamental para a qualidade de vida dos habitantes da cidade. Planos urbanísticos são elaborados no Brasil desde a década de 50, com denominações diferentes em cada Estado. Em São Paulo, “lei de zoneamento”, em Minas Gerais, “lei de uso do solo”, no Ceará, “lei de parcelamento, uso e ocupação do solo”, no Rio Grande do Sul, “plano diretor”. A Constituição adotou a expressão gaúcha (MACHADO, 1998; PINTO, 2000; MILARÉ, 2000). Art. 182, parágrafos 1º e 2º da Constituição. “O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para as cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana”. “A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor”. O que se verifica, no entanto, é o desvirtuamento do planejamento territorial, onde muitos municípios simplesmente não têm um plano urbanístico. Outros dão o nome de “plano a leis quaisquer”, que nada mais são que declarações de intenções (PINTO, 2000). Como exemplo de um sistema de gestão urbanística, pode ser encontrado no Plano Diretor em vigor no município de São Paulo “é expresso ao indicar como um dos objetivos gerais da estrutura urbana a melhoria dos padrões de qualidade através do aperfeiçoamento do controle sobre os níveis de poluição visual (art.11, inc.III, letra b, 20 Lei Municipal no 10.676/88). O mesmo diploma proclama que a política urbana do município terá por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade, propiciar a realização da função social da propriedade e garantir o bem estar dos seus habitantes procurando assegurar a segurança e a proteção do patrimônio paisagístico, arquitetônico e a qualidade estética e referencial da paisagem natural e agregada pela ação humana (art. 148, inc. III e V)” (GUIMARÃES JUNIOR, 2000). O exemplo de um planejamento agregado pela ação humana, pode ser visto em Goiás, na cidade de Goiânia. Esta foi fundada seguindo um plano preestabelecido. O plano diretor original determinou um índice de área verde de 32,5 m2 de parque para cada habitante (Dec. Lei n. 90-A/1938). Este índice foi reduzido para menos de 1m2 por habitantes, graças a especulação imobiliária em 1992. Hoje, este índice retornou ao seu patamar original, devido uma parceria entre o Executivo, Legislativo e a comunidade, onde o cidadão teve a oportunidade de decidir sobre os rumos da cidade (MARTINS JUNIOR, 1996). O crescimento planejado através de um plano diretor para a região Norte, pautou-se pela exclusão. Isto reflete no fluxo migratório da população para os grandes centros. Os cálculos apontam que 70% da população de Rondônia, Acre e Roraima estão na zona urbana. A realidade do Amazonas e Amapá tem característica particular, onde grande parte da população se concentra nas capitais. O processo de “inchamento”, em Manaus segundo Costa Pe. (2000), se acelerou após a implantação do Parque Industrial, tornando até então seu Plano Diretor ultrapassado pela evolução de ocupação de terrenos na década de 70. No mercado imobiliário, os empresários da área têm interesse em reduzir ao mínimo as obras de urbanização a seu encargo. Por sua vez, os políticos preferem deixar os problemas acontecerem, para resolvê-los com novas obras. Neste sentido, é fundamental que o Ministério Público desperte para a importância do urbanismo, como legítimo defensor dos interesses difusos da população contra os interesses específicos de 21 segmentos econômicos e políticos. A ação civil pública está aí para a defesa dos interesses difusos e ninguém melhor que o Ministério Público saberá utilizá-la em defesa da sociedade (PINTO, 2000). Na atualidade Manaus tem um plano diretor1 em elaboração (tramitando na Assembléia Legislativa). Este se orienta pelos princípios de que o desenvolvimento urbano ambiental de Manaus deverá ter como premissa o cumprimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, nos termos da Lei Orgânica Municipal LOMAM, de forma a garantir: 1. A articulação das ações de desenvolvimento no contexto regional; 2. A promoção da qualidade de vida e do ambiente; 3. A valorização cultural da cidade e de seus costumes e tradições; 4. A aprimoramento da atuação do poder público sobre os espaços da cidade, mediante a utilização de instrumentos de controle do uso e ocupação do solo; 5. A inclusão social através da ampliação do acesso à terra e da utilização de mecanismos de redistribuição da renda urbana; 6. O fortalecimento da administração municipal na condução de planos, programas e projetos de interesse para o desenvolvimento de Manaus, mediante a articulação com os demais entes de governo e a parceria com os agentes econômicos e comunitários; 7. A gestão democrática, participativa e descentralizada da cidade; 8. A integração entre os órgãos e conselhos municipais, visando a atuação coordenada no cumprimento das estratégias do Plano Diretor e na execução dos Planos, Programas e Projetos. ________________________________ Disponível: www.manaus.am.gov.br 1 22 AS ESTRATÉGIAS As estratégias propostas para o Desenvolvimento Urbano Ambiental de Manaus e seus objetivos gerais são: 1. MANAUS CAPITAL DA AMAZÔNIA – Valorização da Cidade como Metrópole Regional Objetivo geral: direcionar as ações de governo e dos diferentes agentes da sociedade para a promoção do desenvolvimento sustentável e integrado na região. 2. MANAUS CULTURAL E ECOLÓGICA - Qualificação Ambiental do Território Objetivo geral: qualificar o território municipal, mediante a proteção e valorização de seu patrimônio urbano ambiental, além da resolução dos conflitos e mitigação dos processos de degradação do meio ambiente, decorrentes da poluição, usos incompatíveis e saneamento deficiente. Esta estratégia tratará da qualificação ambiental de Manaus, especialmente dos patrimônios cultural e natural. 3. MANAUS REDESENHADA – Uso e Ocupação do Solo Urbano Objetivo geral: ordenar e regulamentar o uso e a ocupação do solo, visando a qualidade de vida de toda a população e reconfiguração da paisagem urbana e à valorização das paisagens não-urbanas. 4. MOBILIDADE EM MANAUS – Circulação e Acessibilidade Objetivo geral: qualificar a circulação dentro do território municipal, de modo a atender às necessidades de deslocamento da população e de mercadorias, dentro da cidade, em todo o município e entre Manaus e os municípios vizinhos. 5. MANAUS PLURAL E DISTRIBUTIVA – Construção da Cidade Objetivo geral: promover o desenvolvimento urbano na perspectiva de compartilhar os benefícios sociais gerados na cidade, viabilizando as potencialidades econômicas urbanas e a implementação de uma política habitacional que democratize o acesso à terra e à moradia. 6. MANAUS ARTICULADA E COOPERATIVA – Promoção da Economia Objetivo geral: potencializar Manaus como o principal centro urbano articulador da dinâmica econômica da Amazônia e produtor de conhecimento sobre a região para criar alternativas de desenvolvimento que promovam a implantação e a consolidação de pólos econômicos adequados aos recursos regionais, favoreça a ampliação das oportunidades de trabalho para todos os cidadãos e beneficie a atualização do Parque Industrial instalado com a Zona Franca. 23 7. MANAUS ESPELHO DEMOCRÁTICO - Planejamento e Gestão Objetivo geral: implantar o Sistema Municipal de Planejamento e Gestão Urbano Ambiental, que se constitua em um processo contínuo, democrático e dinâmico de qualificação das funções inerentes ao próprio sistema, da cidadania e do controle da ocupação urbana. 4.3.1.1 Cultivo de Plantas Medicinais Sendo a obtenção e a manutenção de plantas medicinais com padrão de boa qualidade, uma tarefa raramente freqüente nos centros urbanos, o local de moradia, muitas vezes pode contornar esta inconveniência. Se o indivíduo mora em local apropriado, pode cultivar e manter suas plantas medicinais. Contudo, este processo exige uma série de cuidados para que as plantas produzam as substâncias ativas responsáveis pelas ações terapêuticas (BOTSARIS, 1997). Segundo o autor acima citado “as condições básicas para os cultivos de plantas medicinais são as seguintes”: a) morar em local longe de centros urbanos, estradas de rodagem ou de regiões com poluição industrial; b) possuir fonte de água limpa; c) possuir condições de solo compatíveis com o cultivo; e d) dispor de um canteiro para o cultivo especifico de plantas medicinais”. Algumas questões sobre o cultivo de plantas medicinais surgem freqüentemente, como por exemplo: “Como coletar as plantas medicinais?”. Para isto, alguns registros apontam que: É imprescindível que toda pessoa que vá coletar ou cultivar plantas medicinais tenha pequenas noções sobre: localização, habitat (por 24 exemplo: terra firme, várzea, etc.), estações climáticas, solos, intensidade da luz, irrigação, adubos orgânicos e pesticidas naturais, para compreender melhor a importância de uma boa coleta. Esta deve ser realizada em cestos e/ou sacos de fibras vegetais como algodão, linho, piaçaba, banana, arumã e outros, nunca em recipientes de fibras sintéticas (ARAÚJO, 1999; REVILLA, 2001). Estes autores enfatizam que se deve evitar cultivo e coleta de material próximo a áreas de esgoto, lixeiras, fábricas, estradas ou qualquer foco de contaminação, assim como reutilizar os recipientes de defensivos químicos e agrotóxicos. Ainda com relação aos cuidados com o cultivo e manutenção das plantas medicinais, tem sido expressamente recomendado evitar o uso de defensivos químicos agrícolas para o combate de pragas e doenças. O uso destes ou quaisquer outros tóxicos em plantas medicinais é condenado por unanimidade em todo o mundo, e o controle de eventuais pragas deve ser feito conforme as recomendações da agricultura orgânica. Contudo, segundo Botsaris (1997), nem sempre verifica-se o ataque nestes “canteiros” pelas pragas e doenças, por duas razões: a) Como o canteiro é misto, possui muitas espécies de plantas, os parasitas têm maior dificuldade em se disseminar, pois encontram várias plantas resistentes à sua ação, e até algumas que os repelem; e b) algumas plantas medicinais são muito ricas em óleos essenciais, enquanto outras são consideradas daninhas e invasoras. Estes dois grupos de plantas costumam ser muito resistente ao ataque de pragas e doenças dificultando sua propagação. Em todas as culturas do mundo onde as plantas medicinais são utilizadas, elas são associadas em fórmulas para melhorar sua atividade. Contudo, mesmo assim, médicos e pesquisadores recomendam cuidado com o uso de combinações de plantas, 25 baseados na convicção que uma pode prejudicar o efeito ou aumentar a toxicidade da outra (BOTSARIS, 1997; CARRICONDE et al., 1996). Na China, onde existe a maior experiência do mundo com o uso de plantas medicinais, elas são sempre combinadas, as chamadas “fórmulas magistrais”. Das 5000 espécies utilizadas, foram identificadas, apenas cerca de uma dezena de incompatibilidades. Mesmo assim estudos científicos falharam em demonstrar toxidade grave nos casos de incompatibilidade, demonstrando que esta interação tóxica é uma raridade (FRÓES & ROCHA, 1997). Na Amazônia o usuário de plantas medicinais combina as “fórmulas magistrais” com eficiência utilizando-se de diversas plantas para elaboração de garrafadas ou lambedor (xarope). Este uso é baseado no conhecimento tradicional (CASTRO, 1970; REVILLA, 2001) 4.3.1.2 Aspectos Médico – Sociais das Intoxicações por Plantas Outro aspecto de suma relevância está relacionado com o uso indevido de plantas medicinais. Muitas vezes por falta de informação o indivíduo ao procurar alívio terápico com as plantas pode comprometer sua saúde. A toxicologia das plantas, relacionada à espécie humana é encarada de um modo bastante genérico, assume aspectos variados e importantes, relacionados com os diferentes campos da medicina e da biologia (ALCÂNTARA, 1985), entre os quais, segundo Schvartsman (1992): 1 – Intoxicação aguda, quase sempre por ingestão acidental de uma planta ou de alguma de suas partes que é tóxica, e que é de incidência preponderante no grupo pediátrico; 2 – Intoxicação crônica, conseqüente à ingestão continuada, acidental ou proposital de certas espécies vegetais, responsável por distúrbios clínicos muitas vezes complexos e graves; 26 3 – Exposição crônica, evidenciada particularmente por manifestação cutânea em virtude do contato sistemático com vegetais, verificado com maior freqüência em atividades industriais ou agrícolas; e 4 – Utilização continuada de certas espécies vegetais, sob a forma de pó para inalação, fumos ou infusão, visando a efeito alucinógenos ou entorpecentes. Convém assinalar que na maioria dos países as estatísticas mais precisas sobre intoxicações, inclusive por plantas, são oriundas de zonas urbana, sendo de se supor que nas zonas rurais, apesar da falta de dados concretos, a incidência provavelmente seja maior. Ainda segundo Schvartsman (1992), “entre os adultos, a intoxicação por plantas é muito pouco freqüente e quando ocorre é quase sempre devida a ingestão de uma espécie tóxica que é confundida com alimento, ou então conseqüente à exposição em atividades industriais ou agrícolas, sendo, nesse caso, mais um problema alérgico ou físico do que toxicológico propriamente dito. Já entre as crianças, em que sua ocorrência é bem mais freqüente, a distribuição etária se diferencia um pouco da observada com os demais tipos de tóxico. Enquanto nas intoxicações por medicamentos o grupo etário mais atingido é o de 2 para 3 anos de idade, nas por pesticidas e produtos de uso domiciliar é o de 1 para 2 anos de idades, a intoxicação por plantas é mais comum em crianças de maior idade, usualmente acima de 4 anos”. Jouglard (1977) relaciona as seguintes regras básicas de segurança ou prevenção no manuseio de plantas, que deveriam ser conhecidas e cumpridas pela população em geral: Conhecer as plantas perigosas da região, da casa e do quintal. Conhecê-las pelo aspecto e pelo nome; 27 Não comer plantas selvagens, inclusive cogumelos, a não ser que sejam bem identificadas; Conservar plantas, sementes, frutas e bulbos longe do alcance de crianças pequenas; Ensinar as crianças, o mais cedo possível, a não por na boca planta ou suas partes alertando-as sobre os perigos em potencial das plantas tóxicas; Não permitir nas crianças o hábito de chupar ou mascar folhas, sementes ou qualquer outra parte da planta; Identificar a planta antes de comer seus frutos; Não confiar em pequenos animais ou pássaros para saber se uma planta é tóxica. Lembrar que nem sempre o aquecimento ou cozimento destrói a substância tóxica; Armazenar bulbos e sementes com segurança e longe do alcance de crianças; Não fazer nem tomar remédios caseiros com plantas, sem orientação médica; Lembrar que não existem testes ou regras práticas seguras para distinguir plantas comestíveis das venenosas; e Evitar a fumaça de plantas que estão sendo queimadas, a não ser que sejam bem identificadas. 28 4.3.2 O mercado e a industrialização das plantas Segmentos de Negócios com base nos Produtos Naturais Amazônicos - Dos 170 países existentes, mais de 50% das espécies de seres vivos ocorrem em apenas uma dezena deles. Esses países com “megabiodiversidade” representam verdadeiros celeiros biológicos e se caracterizam por uma grande diversidade de habitats. Estão situados entre os trópicos de câncer e capricórnio e, à exceção da Austrália, são todos chamados de “países em desenvolvimento”: Brasil, Colômbia, Equador, Peru, México, Indonésia, Zaire e Madagascar. Entre esses Brasil, Colômbia, México, Indonésia, são os mais ricos em biodiversidade (BRAGANÇA, 1996; ARNT, 2001). A extensão das florestas tropicais brasileiras tem em torno de 3,6 milhões 2 de Km , representando 30% das florestas tropicais existentes no planeta. A floresta tropical úmida do Brasil é maior do que aquela encontrada na África, Ásia e restante da região neotropical. Dessa maneira o eixo das ações que definirão o destino dessas formações e da biodiversidade do planeta, passará necessariamente pelo Brasil (ROMARIZ, 1986). Com relação às formações vegetais, o Brasil é dividido em cerca de seis sub-regiões. A porção brasileira da floresta Amazônica é a maior extensão de floresta ininterrupta contida nos limites territoriais de qualquer nação. Estima-se que 80% desses ambientes estejam ainda preservados, embora a taxa de destruição e conversão (desmatamento e queimadas) de floresta durante a década passada tenha sido bastante significativa. A esse respeito cita-se um registro de 1987, quando oito mil hectares de matas primárias foram destruídas, área essa que corresponde ao dobro do tamanho da Suíça e maior do que Albânia e Dinamarca juntos. Embora o ritmo de desmatamento tenha caído nos últimos anos, a conversão de áreas naturais ainda é muito preocupante na Amazônia (NOBRE, 2001). 29 A Amazônia é constituída por vários tipos de vegetação, como as matas de terra firme, de várzea, de igapó, cerrados, campinarana, tabocais, savanas, chavascais, entre outras formações, cada uma delas responsáveis pela origem e manutenção da riquíssima biodiversidade da região. Alguns dos tipos mais afetados são a mata primária de terra firme e o cerrado, vem sendo sistematicamente alterados pelo corte seletivo de madeiras de lei e de madeiras leves para a indústria, no primeiro caso, é de expansão de fronteiras agrícolas com a geração de culturas de capital (soja, por exemplo), no segundo caso (HOMMA, 1989; BECKER, 1990; COSTA, 1992). A biodiversidade brasileira não será protegida por decreto. A participação de recursos humanos nas tomadas de decisão política poderá minimizar possíveis efeitos negativos ao ambiente. Para a sua adequada conservação deve-se considerar os anseios das populações humanas diretamente envolvidas na utilização dos recursos naturais, com o desenvolvimento de estratégias que propiciem a sua exploração sustentável. Inserido em um cenário de uso de plantas medicinais, tem sido expandido a exploração dos recursos naturais da floresta tropical, provocando em alguns casos o desflorestamento. Para isto, a melhor alternativa, no ponto de vista de vários cientistas, é a exploração de produtos não-madeireiros de alto valor agregado, tendo por base o elevado número de espécies nativas com potencial econômico que poderia vir a competir com o comércio de madeira e a criação de gado (ZANETTI, 2001). Pode-se citar como produtos especiais ricos em vitaminas, perfumes e materiais para aromaterapia, corantes, resíduos vegetais para a fabricação de ração animal, cosméticos, inseticidas naturais, exudatos e bálsamos para uso medicinal, produtos farmacêuticos, entre outros. Commodities de baixo preço como, por exemplo, a borracha natural, não satisfazem os critérios acima, muito menos atividades extrativistas como do óleo-resina de copaíba e castanha-do-Brasil, citadas como exemplo quando conduzidos da maneira tradicional. O rendimento do coletor do produto é de somente alguns centavos por quilo 30 vendido, enquanto o comprador internacional lucra milhares de vezes com a venda do “produto natural” ao público do primeiro mundo (AYRES, 2001; ARNT, 2001). Produtos naturais quando elaborados e empacotados na sua forma final fornecem uma margem significativa de lucro, quando todo o processo é localmente conduzido, contrariamente ao critério acima exposto. De acordo com as varias classes de produtos naturais existentes, diversos projetos de uso sustentável da biodiversidade poderiam ser conduzidos localmente, com reais possibilidades econômicas. Segundo Maia (2001) algumas classes de produtos naturais com potencialidades comerciais podem ser agrupadas em: CLASSES DE PRODUTOS NATURAIS Classificação I. Quanto a natureza da operação primária. Produtos extrativos cuja exploração não requer desmatamento ou plantio. Produtos manejados da floresta cuja produção requer operação agroflorestal. Produtos derivados de cultivo em áreas devastadas e previamente impactadas. Classificação II. Quanto à natureza dos produtos. Óleos vegetais e gorduras obtidas por prensagem ou extração de frutos e sementes. Óleos essenciais obtidos por destilação a vapor de plantas aromáticas. Gorduras, resinas e látices. Extratos vegetais obtidos por extração com solventes, transformados em pó ou pasta. Produtos puros ou semi-puros obtidos de extratos orgânicos por procedimentos químicos. Material pulverizado obtido mecanicamente de material de plantas. Nos produtos naturais incluem-se os corantes, aromas, fitomedicamentos e pesticidas. 31 Classificação III. Quanto ao uso e mercado. Óleos Vegetais e Gorduras; Óleos essenciais e Aromas; Corantes; Condimentos para a culinária; Antioxidantes e agentes conservativos; Espessantes e gels; Emulsificantes e humectamtes; Adoçantes ou princípios amargos; Vitaminas, provitaminas, nutrientes; Fragrâncias; Pigmentos e Fitomedicamentos. Quanto ao investimento no setor, algumas questões surgem como: Que país é este que disputa o mercado de aviões com o primeiro mundo e não consegue tirar proveito de sua “horta”? É certo que não se trata de uma horta qualquer, e sim de maior biodiversidade do planeta. O Brasil com sua Amazônia tem 20% das cerca de 250 mil espécies de plantas que brotam sobre a terra (BRAGANÇA, 1996). O país tem tudo para ser um manancial de remédios para a humanidade. Mas, por enquanto, é apenas uma promessa. Pelo menos dez plantas estão sendo estudadas em parcerias entre laboratórios e universidades. Uma pomada antiinflamatória e uma droga capaz de aumentar a disposição e o apetite sexual estão entre os primeiros produtos (BIANCARELLI, 2001). Estes medicamentos “verde-amarelos”, com comprovação cientifica, devem chegar as farmácias em dois anos. Fazendo um retrospecto histórico, quanto ao papel sócio político, o que chama a atenção é o fato do poder público no Brasil ter passado tanto tempo sem prestar 32 atenção ao seu próprio quintal, quando o mundo todo estava de olho nele (ZACHÉ, 2001). Para a autora acima citada, o Japão patenteou a espinheira Santa (Maytenus ilicifolia Mart) citando-a como medicamento popular brasileiro, indicada para úlcera de estômago. Apesar disto, no Brasil a Unifesp e no Laboratório Aché estão iniciando estudos clínicos com esta planta. A legislação brasileira sobre o assunto ficou na gaveta de 1994 a 2000. Tempo suficiente para que o mercado americano de fitoterápicos saltasse de US$ 500 milhões para US$ 5 bilhões por ano (FOLLE, 1998). Das dez mil formulações de medicamentos registrados na Agência Nacional Vigilância Sanitária (ANVISA) 700 são de fitoterápicos, que passaram por testes no exterior. Só no ano de 1999, foram registrados 450, de um total de 2000 pedidos analisados (BIANCARELLI, 2001). Tabela 1 - Dados sobre plantas fitoterápicos segundo Biancarelli (2001). 250 mil espécies diferentes de plantas existem no planeta. 50 mil estão no Brasil, concentradas na Amazônia. 2% apenas de todas as plantas tiveram algum estudo fitoquímico e farmacológico. US$ 8 Bilhões é o mercado de medicamentos no Brasil, 7 à 10% vêm dos fitoterápicos. 10 à 18% ao ano é o crescimento do mercado de fitoterápico nos últimos cinco anos, no mundo. A descoberta de um remédio sintético consome 10 à 15 anos e US$300 a US$ 500 milhões, um fitoterápico “consome” um décimo desse tempo e valor. Para Mauricio Viana, gerente de medicamentos da ANVISA “O Brasil está acordando para os fitomedicamentos. As plantas estão deixando de ser um recurso alternativo para se transformar numa atividade industrial. O governo diz que fez sua parte, regulando os registros”. Mas poderia estar fazendo mais, afirma o professor João Batista (fármaco da UFSC) que “investir em fitomedicamentos é uma questão de vontade política”. 33 A vontade política também passa pelo Congresso, a quem cabe definir as regras da bioprospecção, ou seja, as pesquisas, colheitas e usos da flora e fauna. Conseqüentemente, a falta de regulamentação paralisa muitos investimentos e não afasta os riscos de biopirataria (SARABIA, 1999). Em uma situação real, no cenário brasileiro, verifica-se que misturas de “porções indígenas”, chás caseiros, e remédios ainda sem o aval científico, vêm sendo alteradas por laboratórios nacionais e multinacionais em parcerias com universidades públicas (BRAGANÇA, 1996; BIANCARELLI, 2001). Quebra–pedra (Phylanthus niruri) é um exemplo disto. O aspecto terapêutico como diurético, prevenção e formação de cálculo renal, foi estudada pela CEME; Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Unifesp (em parceria com Aché). Na Índia, vem sendo estudada no combate à hepatite tipo B. Os fitoterápicos nacionais que já estavam no mercado como produtos à base de planta, mas sem comprovação científica, receberam, em 1995, prazo de cinco anos para provar sua segurança e posteriormente serem exportados. Ao final do prazo ocorreu uma prorrogação de mais um ano, expirando-se no final de 2001. Segundo Mauricio Viana, “a ANVISA recebeu no ano 2000, em torno de 2500 solicitações de registros de plantas medicinais. Pela amostragem, cerca de 30% estão tomando as providências necessárias”. Os fitoterápicos ao passarem por essa fase terão mais cinco anos para provar a sua eficácia. 34 Dados sobre as fases da produção – planta x medicamento 1. Seleção do material vegetal; 2. Limpeza e avaliação física do material vegetal colhido; 3. Controle qualitativo e quantitativo da parte da parte da planta a ser utilizada: - Teste microbiológico para detecção de bactérias, fungos, resíduos de pesticidas e fungicidas; 4. Identificação da substância ativa e retalhação do vegetal para extração do princípio ativo; 5. Extração do material com princípio ativo, esterilização e concentração do extrato; 6. Preparação do extrato seco; 7. Controle físico, químico e microbiológico do extrato seco; 8. Determinação quantitativa das substâncias ativas; 9. Aferição do extrato por ajustes quantitativos de substância ativa; 10. Adição de possíveis agentes suplementares à substância ativa; 11. Transformação do produto em comprimido, cápsula ou gotas; determinação; e 12. Qualitativa e quantitativa; e controle físico, químico e microbiológico no produto final. Fonte: Biancarelli, 2001 35 CAPITULO II “Neste capítulo são abordados aspectos jurídicos sobre o uso de plantas medicinais, marcas e patentes, proteção de cultivares e o código do consumidor enfatizando o controle de qualidade” 36 CAPITULO II 5 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA - PROTEÇÃO DE CULTIVARES A Lei n.º 9456 de 25 de Abril de 1997, regulamentada pelo Decreto n.º 2366, de 5 de Novembro de 1997, institui o direito de proteção de cultivares e estabeleceu que esse direito se efetiva mediante a concessão de Certificado de Proteção de Cultivar, considerando bem móvel para todos os efeitos legais. Também regulamenta que os cultivos e coletas legais de materiais medicinais não devem estar próximos de cultivos comerciais, pastagens e hortas, etc., tratados com pesticidas. O cultivo e uso das plantas medicinais devem ser feitos de acordo com os costumes de cada cultura étnica. Conceitos agrícolas, métodos de plantios, canteiros, uso de esterco animal ou adubos é tradicional para cada grupo. Os mais indicados como praguicidas naturais são os girassóis, tabaco, louro e mastruz (REVILLA, 2001). Obedecendo a Resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, recomenda-se cuidados com as coletas de plantas medicinais, a saber: Deve-se escolher somente plantas sadias, limpas e que não estejam deterioradas. Não lavar as folhas, à exceção das raízes e tubérculos. Não se deve coletar plantas durante a chuva ou quando o meio ambiente estiver muito úmido. O melhor momento para a coleta é no início das primeiras horas da manhã, de 7:00 as 9:00 horas ou à tarde, das 16:00 as 18:00 horas, tendo especial cuidado para que as amostras escolhidas, estejam secas do orvalho matutino. 37 As coletas das: a) Folhas devem acontecer ao inicio da floração; b) flores, ao momento de sua máxima maduração; c) sementes, quando estiverem bem secas, e começarem a cair espontaneamente; e d) raízes, colher antes da floração. Estas recomendações acima relatadas evitam que as ofensas ao meio ambiente lesem os direitos dos que nele convivem; aos consumidores sobreleva a qualidade dos produtos, o controle de preços ou a disponibilidade de oferta; o livre acesso à informação isenta ou a proteção de valores históricos e artísticos. Sensíveis a tais demandas sociais, as Constituições mais recentes (como, por exemplo, a Portuguesa e Espanhola) incorporam a proteção de valores peculiares aos grupos sociais, onde cada qual de seus membros, caracterizam os chamados direitos difusos, com uma definida situação subjetiva (MACHADO, 1998; MILARÉ, 2000). Segundo a Constituição Federal brasileira, a ninguém pertence individualizadamente o direito a natureza, ao equilíbrio ecológico, ao planejamento urbanístico ou à produtividade do solo, mas sim a coletividade. Todavia, é inegável que a ofensa a tais valores da sociedade é nociva a cada um de seus membros sobre os quais recaem os efeitos danosos da violação desses direitos difusos ou coletivos (TÁCITO, 1985). Portanto, ao Poder Público, foi constitucionalmente atribuída a missão de fomentar a construção de uma sociedade socialmente mais justa e digna para todos. Ressalte-se que a lei de proteção de cultivares dota o Brasil de instrumentos importantíssimos para a inserção da agricultura no contexto da globalização. Desta forma aumenta o intercâmbio tecnológico com os países desenvolvidos e com os diversos blocos econômicos, particularmente com os parceiros do Mercosul e da Associação Latina Americana de Comércio/ALCA. 38 A lei 9.456/97 formaliza a proteção de cultivares e de direitos que poderá obstar a livre utilização de plantas ou de suas partes de reprodução ou de multiplicação vegetativa no País; e define que é passível de proteção, a nova cultivar e a cultivar essencialmente derivada, desde que atendam às condições de novidade, distinguibilidade, homogeneidade e estabilidade. Esta lei ainda estabelece que: Do Direito de Proteção: Art. 8º a proteção da cultivar recairá sobre o material de reprodução ou de multiplicação vegetativa da planta inteira. Da Duração da Proteção: Art. 11º “A proteção da cultivar vigorará, a partir da data da concessão do Certificado Provisório de Proteção, pelo prazo de quinze anos excetuadas as videiras, as arvores frutíferas, as árvores florestais e as árvores ornamentais, inclusive, em cada caso o seu porta enxerto, para as quais a duração será de dezoito anos. Art. 12º Decorrido o prazo de vigência do direito de proteção, a cultivar cairá em domínio público e nenhum outro direito poderá obstar sua livre utilização. Podemos considerar que a Lei 9.456 e o Decreto 2.366 foram um progresso para agricultura nacional nos últimos dez anos, já que o Brasil continuava isolado do contexto internacional. Os avanços no campo da genética e do melhoramento vegetal não vinham sendo devidamente oferecidos à agricultura brasileira, pelo fato de que os retornos econômico-financeiros não atendiam aos investimentos feitos pelas grandes empresas do setor (FOLLE, 1998). Com relação ao cenário externo, esse decreto aponta para o fortalecimento de parceiros e acordos na geração e na utilização de tecnologia, promovendo maior intercâmbio de materiais protegidos. Esta lei foi elaborada seguindo os preceitos da Lei da União Internacional para Proteção das Obtenções Vegetais/ UPOV, versão de 1978. A UPOV 39 é uma entidade internacional com sede em Genebra, na Suíça, que conta com mais de 38 países-membros. No Brasil, o Serviço Nacional de Proteção de Cultivares – SNPC – foi criado oportunamente em 1997, numa época de transformações profundas provocadas pela globalização das atividades econômicas, abertura interna aos capitais estrangeiros e velocidade de geração e implantação de avanços tecnológicos. A missão do SNPC é garantir o livre exercício dos direitos de propriedade intelectual dos obtentores de novas combinações fitogenéticas, na forma de cultivares vegetais distintas, homogêneas e estáveis, zelando pelos interesses nacionais no campo da proteção de cultivares (FOLLE, 1998; FIORILLO & DIAFÉRIA, 2001). Quanto aos prazos legais de proteção de cultivares são pré-estabelecidos conforme a natureza do cultivar. A extinção do direito de proteção dá-se pela expiração do prazo de proteção, pela renúncia do respectivo titular e seus sucessores e pelo cancelamento do certificado de proteção. A nulidade da proteção declara-se quando não tenham sido observadas as condições de novidade e distinguibilidade da cultivar ou quando tiver sido concedida contrária aos direitos de terceiros, ou ainda quando o titular não corresponder ao seu verdadeiro objeto. E também pela omissão de qualquer providência determinada pela lei. Considera-se nova a cultivar que tenha sido oferecida à venda ou comercializada no Brasil pelo prazo não superior a doze meses em relação ao pedido de proteção dessa cultivar. No caso de cultivares estrangeiros, o prazo é de quatro anos. Para árvores e videiras e seus porta-enxertos, esse prazo é de seis anos. Esta lei também garantiu certos privilégios, como o direito do agricultor plantar e multiplicar a semente para uso próprio, o direito de “o melhorista” poder utilizar o material protegido no melhoramento vegetal para obtenção de um novo cultivar vegetal e o direito do pequeno produtor rural multiplicar as sementes, doar ou vender o material dessa multiplicação, exclusivamente para pequenos produtores rurais. 40 Com relação à comercialização das cultivares, mesmo estando protegidas, precisam estar registradas no Ministério da Agricultura, para comercialização. No que se refere às cultivares transgênicas, elas devem ser aprovadas pela comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). A partir daí, são consideradas como cultivar normal, essencialmente derivada e protegidas pelo Ministério da Agricultura, podendo ser comercializada, passando por todos os testes de avaliação (FOLLE, 1998). 5.1 O Meio Ambiente e o Consumo Um claro exemplo de ligação entre consumo e meio ambiente é o selo ambiental. Inicialmente criado com o intuito de estimular a valorização dos bens que fossem criados a partir das “tecnologias verdes”. Estes por sua vez, serviram de instrumentos de marketing, até que surgissem as “ecolabeling”, que é uma norma relacionada com o consumo e com o meio ambiente, na Comunidade Econômica Européia. Esta norma estava sendo utilizada como eficiente instrumento de persuasão do consumidor, à medida em que, enganosamente, faziam-no crer que estariam contribuindo com a proteção do meio ambiente na compra deste produto (BOBBIO, 1992). A associação de equação consumo/meio ambiente está umbilicalmente atada pelo fato de que o fenômeno de massificação social ocorrido nas quatro últimas décadas foi suporte para que os elementos daquele binômio sofressem profundas transformações. A própria ascensão do Estado Social em detrimento do Estado Liberal, se deu a partir de uma necessidade de se “frear” o aloprado desenvolvimento econômico, que poderia ser melhor chamado de subdesenvolvimento econômico. Nestas décadas, em virtude de uma “economia liberal”, o meio ambiente passou a ser objeto de preocupação em decorrência da sua já evidente escassez, mas também as questões ligadas à qualidade de vida (habitação, lazer, segurança, saúde etc.) se viram enormemente prejudicadas pelos nefastos efeitos do capitalismo (CAPELLETTI, 1997; RODRIGUES, 1997; MACHADO, 1998). selvagem 41 A reação mundial para o problema da qualidade de vida, na verdade, é com o intuito de não só salvar o meio ambiente degradado, mas também, para salvar o próprio capitalismo. Estas preocupações se fundamentam, pois, se não houver um mínimo de qualidade de vida, ocorrerá uma debilitação da mão-de-obra trabalhadora (base do capitalismo), acarretando uma diminuição do poder de consumo. Portanto, em última instância, estes fatores ambientais seriam peças determinantes para a falência do sistema econômico (RODRIGUES, 1997; MILARÉ, 2000). Martinez (1981) fazendo uma análise entre consumo e o meio ambiente afirma que “La legislación ambiental es un conjunto de normas de diversas procedencias, de diversas epocas y com diversos enfoques y contenidos, pero que tienen como factor común regular el uso y consumo, público y privado, de los bienes y servicios que en conjunto forman el etorno fisico natural de la vida del hombre”. Vale ressaltar que o próprio direito à saúde, bem intrinsecamente ligado ao meio ambiente, previstos nos artigos 6º, 225 e 196 da Constituição Federal, deve ser a todos garantido, mediante uma política econômica e social que assegura a sua efetivação. 5.2 Proteção do Direito do Consumidor O principal objetivo de proteção ao consumidor no seu respectivo Código é a tutela da sua incolumidade físico-psíquica, qual seja, a proteção da vida, saúde, dignidade melhoria de sua qualidade de vida, segurança (artigos 4º, 6º, 8º, 9º, 10º, 12º etc. do Código do Consumidor) que está indissociável do meio ambiente (RODRIGUES, 1997). Considerando os preceitos do Código do Consumidor e das Resoluções da Vigilância Sanitária na hora de comprar o fitoterápico o consumidor deve prestar atenção, verificando se o remédio contém: Nome científico e popular da planta e sua concentração; 42 A expressão “medicamento fitoterápico” ou “medicamento fitoterápico tradicional”; Número de registro no Ministério da Saúde e do lote; Nome do farmacêutico responsável; Nome do fabricante e endereço; Parte da planta utilizada (folhas, por exemplo); Data de fabricação e validade; Indicação terapêutica; Formas de uso; e Se for adquirir a planta em farmácias de manipulação, evite comprá-la moída, pois há chances de ser falsificada. O Código de Defesa do Consumidor traz no seu art. 81, parágrafo único à definição dos chamados direitos coletivos lato sensu, qual seja, os difusos, coletivos e individuais homogêneos e, some-se a isso a norma prevista no seu artigo 83 que prevê a possibilidade de utilização de qualquer ação para a adequada e efetiva defesa dos direitos e interesses protegidos, que por sua vez se alia ao artigo 111 e 117 (RODRIGUES, 1997; MILARÉ, 2000). Art.81 § único. “A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: Iinteresses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeito deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstancias de fato; II- interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeito deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; III- interesses ou direitos homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum”. Art. 11: “o inciso II, do art. 5º, da Lei n.º 7.347, de 24/07/85, passa a ter a seguinte redação: II- inclua, entre as suas finalidades institucionais, a proteção do meio ambiente, ao consumidor, ao patrimônio artístico, 43 estético, turístico e paisagístico ou a qualquer outro interesse difuso ou coletivo”. Briganti (1987) da Universidade de Nápoles identifica como ponto de interseção entre a tutela do consumidor e do meio ambiente a proteção da saúde, dizendo “Il problema della tutela dell’ambiente, nella sal valenza di protezione della qualitá della vita riassumibile nella formula ‘diritto all’ ambiente salubre” há notevoli punti de intersezione com quello della tutela del consumatore, dato lo stretto rapporto che vi è va tra degradazione e consistenti aggressioni alla salubritá dell’ambiente connosce a procedimenti tecnologici di produzione”. 5.3 Biopirataria A biopirataria consiste na coleta de materiais para fabricação de medicamentos no exterior sem o pagamento de royalties ao Brasil, materiais estes oriundos principalmente da região da Amazônia, onde a diversidade dos recursos genéticos é imenso (FIORILLO & DIAFÉRIA, 2001). Um estudo realizado pela fundação Canadense Rural Advancement Foundation, por encomenda da ONU, revelou que os países ricos estariam lesando os pobres em 5,4 bilhões de dólares por ano. Trinta anos atrás, pesquisadores americanos souberam que em Madagascar, um arquipélago no sudoeste da África, o povo usava a infusão de uma planta para reduzir o açúcar do organismo. Curiosos eles resolveram testar a planta contra tumores e foi assim que acabaram descobrindo as propriedades da vinca rósea (Lochnera rosea) produtora de remédios contra o câncer (FONSECA & FIORAVANTE, 1995). Para controlar essas atividades, a convenção Internacional de Diversidade Biológica assinada durante a ECO-92 pelo Governo Brasileiro e ratificada em território nacional pelo Decreto Legislativo n.º 2, de 1994, reconheceu que os recursos genéticos não devem ser vistos como patrimônio comum da humanidade, em 44 face da soberania dos países sobre seus próprios recursos genéticos, que possuem valor econômico, além do dever de conservá-los. Assim, criou-se a necessidade de pagamento de “royalties” ao país fornecedor do recurso genético para o caso de uma empresa descobrir um novo remédio ou produto usando a matéria-prima de outro país ou conhecimentos de comunidades tradicionais que vivam nas regiões de grande diversidade biológica. E isso está diretamente ligado às patentes (Lei 9.279/96, art.18) e à propriedade intelectual (nova Lei de Direitos Autorais). Nesse sentido, é importante ressaltar os aspectos dos art. 15 e 16 da Convenção, que tem três mecanismos para o país se beneficiar do uso sustentável de seus recursos genéticos, quais sejam: a) participando da pesquisa sobre os recursos; b) dividindo os benefícios financeiros obtidos da exploração comercial desses recursos; e c) repartindo os benefícios tecnológicos obtidos do uso desses recursos. O art. 15 trata do reconhecimento dos direitos soberanos dos Estados sobre seus recursos naturais, a autoridade para determinar o acesso a recursos genéticos, como sendo pertencente aos governos nacionais, sujeitos à legislação nacional. Diz ainda que cada parte contratante deve procurar criar condições para permitir o acesso a recursos genéticos providos por outras Partes Contratantes e não impor restrições contrárias aos objetivos da Convenção. Ressalta ainda que o acesso aos recursos genéticos deve estar sujeito ao consentimento prévio fundamentado da Parte Contratante Provedora desses recursos, a menos que de outra forma determinado por essa parte. Cada Parte Contratante deve procurar conceber e realizar pesquisas científicas baseadas em recursos genéticos providos por outras Partes Contratantes com sua plena participação. O art.16 da Convenção trata do acesso à tecnologia e suas transferências aos países em desenvolvimento, devendo ser permitidas e/ou facilitadas em condições justas e as mais favoráveis, inclusive em condições concessionais e preferenciais quando de comum acordo. No caso de tecnologia sujeita a patentes e outros direitos de propriedade intelectual, o acesso à tecnologia e sua transferência devem ser permitidos em condições que reconheçam e sejam compatíveis com a adequada e efetiva proteção 45 dos direitos de propriedade intelectual. Cada Parte Contratante deve adotar medidas legislativas, administrativas ou políticas, conforme o caso, para que as Partes Contratantes, em particulares que são países em desenvolvimento, que provêm recursos genéticos, tenham garantido o acesso à tecnologia que utilize esses recursos e sua transferência, de comum acordo, incluindo tecnologia protegida por patentes e outros direitos de propriedade intelectual, quando necessário, mediante as disposições dos art. 20 e 21. Atualmente, o patenteamento de OGMs (Organismos Geneticamente Modificados), no Brasil, é cuidado pela Lei de Patentes (Lei n.º 9.279/96) que em seu art. 18 não permite o patenteamento do: I. Que for contrario à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde publicas; II. Todo ou parte dos seres vivos, exceto os microorganismos transgênicos que atendam aos três requisitos de patenteabilidade – novidade, atividade inventiva e aplicação industrial – previstos no art. 8º e que não sejam mera descoberta. Parágrafo único – “para os fins desta Lei, microorganismos transgênicos são organismos, exceto o todo ou parte de plantas ou de animais, que expressem mediante intervenção humana direta em sua composição genética uma característica normalmente não alcançável pela espécie em condições naturais”. Ainda sobre os organismos geneticamente modificados, só se patenteiam invenções que não tenham vida, pois seres vivos não são “inventados” pelo homem (FIORILLO & DIAFÉRIA, 2001). 46 5.4 Lei de Marcas e Patentes A lei referente a marcas e patentes surgiu para proteger a propriedade intelectual e as invenções, assegurando os direitos do individuo e da pessoa jurídica. Isto já era discutido desde a Convenção de Paris em fins do século XIX. Esta foi o primeiro ato internacional de caráter multilateral que se aplica em suas bases até hoje, com o nome completo de Convenção da União de Paris para a proteção da propriedade industrial. Nessa época, o modelo brasileiro sofre, o impacto no alvará de 1809, de Dom Pedro VI, que criou o primeiro Programa de Desenvolvimento Industrial – baseava-se em diferença entre o nacional e o estrangeiro: davam-se patentes para o nacional e não se davam para o estrangeiro. É bem verdade que por especial deferência do Congresso Nacional da época davam-se de 15% a 20% do total das patentes para estrangeiros. Com a assimilação da Convenção de Paris ao sistema jurídico nacional, em 1884, essa proporção se inverte. Passa-se a ter cerca de 80% de pedidos estrangeiros de patentes contra 20% de pedidos nacionais, em prazo muito curto. Hoje a Constituição reza que se dá propriedade industrial para um fim específico, para o desenvolvimento tecnológico, social e econômico do país. Ao contrario não se da para fins de interesse para os países em geral. Concede-se a propriedade das marcas, das patentes, dos cultivares, do software e assim por diante, com a finalidade de propiciar o desenvolvimento do país. A atual lei 9.279/96 de marcas e patentes garante o recebimento de royalties pelo uso das fórmulas que possam surgir das pesquisas feitas com a flora nacional, tentando diminuir a desigualdade existente no mercado farmacêutico mundial. 47 Fonte: Globo Ciência, n. 52, p. 22-23,1995. Alguns termos referentes a patente embora ainda polêmicos, são esclarecidos sucintamente quando questionados pelo leigo, por exemplo: O que é Patente? É um privilégio legal concedido pelo estado (Governo Federal) aos autores de invenções de produtos, processos de fabricação, ou de aperfeiçoamento de produtos e processos existentes na própria natureza. 48 Por que uma invenção precisa ser patenteada? Por três motivos básicos: 1. É um direito legal; 2. É importante, pois determina a autoria e define a propriedade tecnológica do invento; 3. Tem vantagens: fica garantida ao titular da patente a exclusividade de exploração do produto ou processo em todo o território nacional, por 15 (quinze) ou 20 (vinte) anos e o direito de negociar os direitos adquiridos. Quem pode patentear um produto ou processo produtivo? Qualquer pessoa física, autora de invenção (produto/processo) ou jurídica, detentora de direitos de invenção. Requisitos básicos para o produto ou processo ser patenteável: Novidade: algo novo em relação ao estado da técnica. Não divulgada por qualquer forma e que não seja de conhecimento público em qualquer parte do mundo; Aplicação industrial: quando é suscetível de ser fabricado (produto) ou utilizado industrialmente (processo). Quais os produtos e processos que não podem ter patente? Os que não possuam os dois requisitos básicos (novidade e aplicação industrial) ou os que estejam enquadrados nas proibições legais. 49 Tipos de Patentes (natureza): A) Patente de invenção Produto ou processo novo em relação ao conhecimento técnico existente. B) Modelo de utilidade Nova forma ou disposição obtida ou introduzida em objetos, melhorando/aperfeiçoando a utilidade ou função dos mesmos. C) Desenho Industrial Nova disposição ou conjunto novo de linhas ou cores que, com fim industrial ou comercial, possa ser aplicado à ornamentação de um produto. Nova forma plástica que possa servir de fabricação de um novo produto industrial com nova configuração ornamental. Qual a duração e abrangência de uma patente? Duração: 20 anos para patente de invenção, 15 anos para modelo de utilidade e 25 anos para desenho industrial. Abrangência: uma patente concedida no Brasil é válida somente no território nacional. As perspectivas para o futuro entusiasmam os empresários. “Este é o ano da biotecnologia no Brasil”, afirmam Guilherme Enrich, gestor do fundo FIR Capital Partners e fundador da BIOBRÁS, o único fabricante de insulina da América Latina. “Estamos diante de riquezas brasileiras que apresentam tremendas oportunidades de negócios“ diz Phillipe Pommez, vice-presidente de negócios da Natura. “Basta olhar para a Amazônia para perceber a vantagem natural do Brasil. Está claro que os negócios com biotecnologia e biodiversidade vão se multiplicar”, afirma Paulo Henrique de Oliveira Santos, presidente do Fundo Votorantim Ventures. 50 Mas a novidade mais perturbadora é a veloz transformação do gene em commodities. Em 1992, a Eco-92, no Rio de Janeiro consagrou a Convenção sobre Diversidade Biológica, que estabeleceu o princípio da soberania dos países sobre seus recursos genéticos. Hoje, efetivamente, há genes que valem mais do que ouro. Compare os preços de recursos genéticos selecionados com os de algumas commodities (ver tabela abaixo): Tabela 2- Preços de recursos genéticos, e outros commodity, segundo a ARNT (2001). COMMODITY Dólares e KG ou 1 litro Hormônio de crescimento humano (antinanismo, retardador 20.000,00 da velhice) Taxol (anticancerígeno) 12.000,00 Vincristina (anticancerígeno) 11.900,00 Cocaína 150.000,00 Campotecina (anti cancerígeno) 85.000,00 Ouro 10.000,00 Inibidores da proteína do HIV 5.000,00 Café 10 Petróleo 1 Só que as mudanças de paradigma criam turbulências que demoram a se estabilizar. Em todo o mundo, a questão da titularidade da propriedade genética gera vastos problemas éticos, políticos e religiosos que se refletem nas leis sobre patentes. Poucos países dos 170 que já ratificaram a Convenção promulgaram legislação regulamentando a matéria. Para os que têm poucos recursos naturais, a questão pode ser menor, mas para o Brasil não é (ARNT, 2001). O que é Marca? É todo nome, figura ou sinal distintivo, visualmente perceptível usado para identificar e distinguir produtos e serviços de outros análogos e de procedência diversa. 51 Por que a marca precisa ser registrada? Porque toda marca registrada passa a ter um único dono ou proprietário, com direitos comerciais exclusivos sobre a mesma. Quem pode registrar marca? Pessoas Jurídicas – Empresa, órgãos instituições, etc. Pessoas Físicas – Autônomo, artesão, e agropecuarista. Obs: O Profissional Autônomo só tem direito de registrar marca para serviços. Qual a duração e a abrangência do registro? O registro é válido por 10 (dez) anos, no Território Brasileiro, com direito à prorrogação de 10 em 10 anos, quando solicitada. Quais as marcas que podem ser registradas? As que estejam livres de registro, pedido e das proibições legais. 5.5 Medidas provisórias e o novo código florestal O Presidente da República do Brasil lança pacote ambiental que regulamenta o acesso ao patrimônio genético, em comemoração à semana da árvore, no dia 27/09/2001. Nesta data foi assinado o decreto regulamentando a Medida Provisória 2.186-16, que dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético e a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado. O presidente aproveitou a oportunidade para reforçar a posição do governo sobre as alterações do Código Florestal, em discussão no Congresso. “Façam o que fizerem, vai ficar como nós queremos. Os interesses são importantes, mas temos de discipliná-los à luz do interesse maior, que é a continuidade da humanidade, preservando-se o meio ambiente”, visou 52 o presidente sinalizando que vetará artigos que oponham em risco a preservação da Amazônia. Aprovado no início do mês pela Comissão Especial do Congresso o relatório do deputado Moacir Micheletto (PMDB-PR) sobre o Código Florestal. Entretanto, este código está enfrentando resistência de ONGs ambientalistas e do próprio governo para ser votado no plenário. O texto abre a possibilidade de reduzir a reserva legal na Amazônia de 80% para até no mínimo de 20%, desde que indicado pelo zoneamento ecológico-econômico. Nos cerrados, poderá haver a redução de 35% para 20% (Gazeta Mercantil de 28.09.2001). 53 CAPITULO III “Neste capítulo são tratados através de um estudo piloto o perfil cultural e social quanto ao uso e terapia de plantas medicinais pela população manauara na década de 90”. 54 CAPÍTULO III 6 A URBANIZAÇÃO E O CRESCIMENTO DESORDENADO A urbanização, como fenômeno decorrente da sociedade industrializada, vem ao longo d e décadas atraindo um grande contigente de pessoas que tentam a sorte nas cidades. Esse aumento populacional gerou e esta gerando um crescimento desordenado dos municípios com grandes aglutinações em áreas desprovidas de infra estrutura mínima, sem espaços verdes institucionais, enfim, dando ensejo à deterioração do meio ambiente urbano e provocando a desorganização social (SANTOS, 2000). Segundo Pinho (1998) as informações publicadas no “Jornal Correio Brasiliense”, no início de 1993, estimava-se em 60 milhões de brasileiros vivendo nas ruas, cortiços e favelas, sendo que nestas últimas está concentrada a maior parte da população de baixa renda nas cidades. Nas três últimas décadas, as favelas, os cortiços e os loteamentos irregulares localizados sobre terrenos de propriedades públicas ou privadas, proliferaram nas cidades brasileiras. Estas, independentemente de ser de grande e/ou de médio porte, pôde-se verificar o reflexo da celeridade do processo de urbanização e das crises econômicas no país. Na falta de políticas públicas voltadas para resolução dos problemas de moradias, os assentamentos informais foram a solução de acesso a terra encontrada pela população de baixo poder aquisitivo que, ainda hoje não consegue arcar com os custos da unidade habitacional regularizada. Em Manaus, as questões políticas e sociais existentes na década de 90, influenciaram tanto o comportamento da população como também ocorreram impactação do meio ambiente e conseqüentemente o agravo a saúde. Como alternativa, a população recorre aos conhecimentos tradicionais e a fitoterapia. 55 A fitoterapia consiste no conjunto das técnicas de utilização dos vegetais no tratamento das doenças e na recuperação da saúde. Comporta numerosas escolas que estudam e empregam as plantas medicinais, das mais simples e empíricas, às cientificas e experimentais (REVILLA, 2001). Como método terapêutico, a fitoterapia faz parte dos recursos da medicina natural e está presente também na tradição da medicina popular e dos rituais de cura indígenas. Em sua forma mais rigorosa, abrange os princípios e as técnicas da botânica e da farmacologia. Embora muitas pessoas ignorem a importância das plantas medicinais, sabe-se que toda farmacologia tem como base exatamente os princípios ativos das plantas. Na verdade, a farmacologia moderna não existiria sem a botânica, a toxicologia e a herança de conhecimentos adquiridos através de séculos de prática médica ligada ao emprego dos vegetais. Esquecidos durante muito tempo pelos ocidentais, as ervas medicinais hoje reassumem seu papel como o mais valioso recurso terapêutico oferecido pela natureza (BONTEMPO, 1994). Foi realizada uma pesquisa sobre o uso de plantas medicinais e suas respectivas terapias em Manaus, na década de 90. A investigação ocorreu nos bairros: Colônia Oliveira Machado, Alvorada, Ponta Negra, Cidade Nova, Japiinlândia, com a colaboração dos acadêmicos do curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas, e Coordenado pela Professora Geny Brelaz de Castro. Explicita-se a seguir, cada unidade pesquisada, bem como uma análise, do perfil sócio cultural da população entrevistada (n = 300). São enfatizadas as questões abordadas de acordo com as áreas investigadas. 56 6.1 Estudo piloto década de 90 sobre plantas medicinais Os resultados apresentados foram integralmente respeitados quanto às informações quantitativas e qualitativas do trabalho coordenado pela Profa. Geny B. de Castro juntamente com acadêmicos do curso de medicina da Universidade Federal do Amazonas na década de 90. 1 BAIRRO COLÔNIA OLIVEIRA MACHADO Quem você procura primeiro o médico ou as plantas? Dos indivíduos inquiridos, 8% procuram primeiramente o médico em situações de enfermidades, porque pensam que o remédio caseiro custa a fazer efeito; 77% procuram remédio caseiro, alegando ser este natural, de baixo custo e que o fazem em virtude da dificuldade de acesso ao atendimento médico-hospitalar; 15% recorrem tanto ao remédio caseiro quanto ao médico em busca de uma melhora mais rápida e segura (Figura 02). Quem você procura primeiro o Médico ou as Plantas? Procura os Dois 15% Procura o Médico 8% Procura as Plantas 77% Figura 02 – Dados obtidos em entrevista realizada com a população do bairro Colônia Oliveira Machado. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. 57 A faixa etária dos entrevistados foi compreendida entre 20 a 80 anos, sendo os intervalos de 41 a 50 anos e de 51 a 60 os mais representativos. O primeiro com 30% e o segundo com 28,3% e os intervalos menos representativos foram de 20 a 30 anos e de 61 a 70, os dois com 8,3% (Figura 03A). A grande maioria dos entrevistados foi do sexo feminino com 88% (Figura 03B). Faixa etária dos entrevistados A De 20 a 30 anos 8,3 De 31 a 40 anos 15 De 41 a 50 anos 30 De 51 a 60 anos 28,3 De 61 a 70 anos 8,3 De 71 a 80 anos 10 0 5 10 15 20 25 30 35 Proporção de entrevistados Sexo dos entrevistados B Masculino 12% Feminino 88% Figura 3 – Dados obtidos em entrevista realizada acerca da faixa etária (A) e a proporção quanto ao sexo (B) da população do bairro Colônia Oliveira Machado. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. 58 Grau de instrução dos entrevistados Sem Instrução A 5% 1º Grau Incompleto 55% 1º Grau Completo 25% 2º Grau Incompleto 3,3% 2º Grau Completo 8,3% 3º Grau Incompleto 1,7% 3º Grau Completo 1,7% 0 10 20 30 40 50 60 Proporção de entrevistados Profissão dos entrevistados Costureira 3,3% Feirante 3,3% Servente 5% Decoradora 1,7% Professora 1,7% Secretária 1,7% Industriária 3,3% Motorista 5% B Aposentado 20% Doméstica 55% 0 10 20 30 40 50 60 Proporção de entrevistados Figura 04 - Dados obtidos acerca do grau de instrução (A) e da profissão (B) da população do bairro Colônia Oliveira Machado. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. 59 Na Figura 04A, verifica-se que a maioria dos entrevistados (50%) possui o primeiro grau incompleto, e a minoria (1,7%) com o terceiro grau completo, sem instrução 5% da população entrevistada (n = 60). Durante as entrevistas foram citadas as seguintes profissões: doméstica, aposentado, motorista, industriário, secretária, professora, decoradora, servente, feirante e costureiro. Sendo doméstica a predominante com 55% e os outros 45 distribuídos entre os demais (Figura 04B). Após análise dos dados observa-se que a forma de utilização mais freqüente do remédio caseiro foi o chá com 107 citações, seguido de banho, compressa, lambedor. Ainda foram citadas, o gargarejo, a acoolatura, o xarope e inalação (Figura 05A). A fonte de aquisição mais freqüente de plantas medicinais entre os entrevistados encontra-se na horta caseira com 30 citações, sendo a feira a segunda fonte mais freqüente com 21 afirmativas entre os informantes. Os dados foram confirmados pelo fato da maioria dos pesquisados acreditar na cura pelas plantas, tendo necessidade de tê-las em casa, é explicado também pela relativa facilidade de aquisição e cultivos das mudas. A presença de uma feira bem próxima ao bairro (Feira da Panair) possivelmente explica o segundo lugar desta fonte (Figura 05B). Em se tratando das partes das plantas mais utilizadas, destacam-se as folhas, citadas 32 vezes, confirmando ser esta à parte das plantas com maior principio ativo. O caule foi mencionado onze vezes, seguido da raiz com sete citações (Figura 06A). As plantas medicinais de uso mais freqüente no bairro são mostradas na Figura 06B. A planta mais usada foi erva cidreira, citada por 19 vezes pelos entrevistados. Em seguida, manjericão, citada 16 vezes, entre as menos usadas ficaram capim santo, corama e alho, sendo o primeiro citado quatro vezes e os dois últimos, três vezes (Figura 6C). 60 Tipos de remédios caseiros Lambedor A 9 Inalaçao 2 Xarope 2 Compressa 11 Alcoolatrura 2 Banho 20 Gargarejo 3 Chá 107 0 20 40 60 80 100 120 Escala de uso (número de vezes) Fonte de aquisição mais frequente das plantas medicinais 9 Mercado B 21 Feira 30 Horta caseira 13 Comunidade 0 5 10 15 20 25 30 35 Escala de uso (número de vezes) Figura 05 - Dados obtidos acerca do tipo de remédio caseiro (A) e da fonte de aquisição (B) pela população (n = 60) do bairro Colônia Oliveira Machado. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. 61 Partes da planta medicinal mais utilizada 5 Toda Flor 2 32 Folha 11 Caule 1 Fruto 7 Raiz 0 5 10 15 20 25 30 35 Esacala de uso (número de vezes) Figura 06A - Dados obtidos sobre partes de plantas medicinais usadas pela população (n = 60) do bairro Colônia Oliveira Machado. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. 62 Plantas medicinais de uso mais frequente Erva Cidreira 19 Manjericão 16 Malvarisco 15 Pobre Velho 14 Mastruz 13 Quebra Pedra 12 Hortelãnzinho 12 Jucá 12 Pião Roxo 11 Arruda 11 Crajiru 11 Boldo 10 Gengibre 10 Abacateiro 9 Amor Crescido 9 0 5 10 15 20 25 Escala de uso (número de vezes) Figura 06B - Dados obtidos sobre as plantas medicinais de uso mais freqüente pela população (n = 60) do bairro Colônia Oliveira Machado. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. 63 Plantas medicinais de uso mais frequente Mucuracaá 8 Mangarataia Safro 7 Laranja 7 Carapanaúba 5 Goiabeira 5 Alfavaca 4 Jambu 4 Capim Santo 4 Coirama 3 Alho 3 0 2 4 6 8 10 Escala de uso (número de vezes) Figura 06C - Dados obtidos sobre plantas medicinais de uso mais freqüente pela população (n = 60) do bairro Colônia Oliveira Machado. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. 64 2 BAIRRO ALVORADA Pode-se notar que das 60 pessoas entrevistadas, 87% preferem o uso de remédios caseiros e apenas13% procuram assistência médica. Constatou-se a existência de vários fatores que influenciaram a preferência por remédios caseiros: fatores sócioeconômicos e culturais (Figura 07A). Você procura primeiro Médico ou Remédio Caseiro? homem Médico 13% 13% 87% A Sexo dos Entrevistados remédio caseiro 87% mulher B Figura 07 - Dados obtidos em entrevista realizada sobre o uso de remédio caseiro (A) e a proporção quanto ao sexo (B) da população do bairro Alvorada. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. Os fatores sócio-econômicos abrangem a comunidade de baixa renda do bairro Alvorada, alguns pontos deficientes na infra-estrutura como: falta de posto policial, o posto médico está fechado há alguns meses (muitos moradores informaram que, mesmo quando este estava aberto era muito difícil encontrar o médico), alto custo do transporte coletivo que impede a locomoção para outros bairros na busca dos postos ou mesmo para procurar um hospital, alto custo dos medicamentos, má qualidade no atendimento dos serviços de saúde. 65 Os fatores culturais abrangem não somente a escolaridade mais também a experiência obtida através da utilização de remédios caseiros, por longos anos, sendo mantido como uma tradição familiar. É importante notar que a maioria da população indagada é oriunda de regiões do interior do Amazonas, onde as plantas medicinais são muito utilizadas. A Figura 7B está indicando que a maioria dos entrevistados foram mulheres (85%), sendo estas, as mais interessadas no preparo dos remédios caseiros. Além disso, de acordo com o horário da pesquisa (comercial) era mais constante a presença das donas de casa nas residências visitadas.. Nestas, os homens entrevistados eram aposentados e tinham comércio na própria casa ou muitas vezes eram estudantes. Analisando as Figuras 8A e B, constata-se que há uma freqüência mais acentuada entre as pessoas que possuem o 1º grau incompleto (48%), seguidos das pessoas sem instrução(20%). Já as pessoas que possuem o 1º grau completo e o 2º incompleto incidiram em numero de 8 (13%). As pessoas com 2º grau completo tiveram uma freqüência de três pessoas dentre um total de 60 entrevistados. Das pessoas que tinham 1º grau incompleto, muitos afirmaram terem abandonado a escola para começar a trabalhar e ajudar na renda familiar. Outras pessoas também afirmaram que deixaram de estudar ou nem começaram, porque moravam no interior onde as dificuldades para estudarem eram muito maiores. Em relação à faixa etária dos entrevistados buscou-se entrevistar preferencialmente pessoas com idade de 30 anos ou mais, pois se supõe a maior experiência destes no conhecimento e uso de plantas medicinais. Houve dificuldade para se obter informações sobre remédios caseiros nessa faixa etária (menor 30 anos) e o conhecimento delas havia sido claramente adquirido através das pessoas mais idosas (Figura 09). 66 Grau de instrução dos entrevistados A 20% Sem Instrução 48% 1º Grau Inclompleto 1º Grau Completo 13% 2º Grau Incompleto 13% 5% 2º Grau Completo 0% 10% 20% 30% 40% 50% Número (%) de Pessoas Faixa etária dos entrevistados B 10% 8% DE 21 A 25 ANOS 11% 15% DE 36 A 40 ANOS 5% 8% DE 46 A 50 ANOS 18% 8% DE 56 A 60 ANOS 1% DE 66 A 70 ANOS 5% 3% DE 76 A 80 ANOS 1% 0% 5% 10% 15% 20% Número (%) de Pessoas Figura 08 - Dados obtidos acerca do grau de instrução (A) e da faixa etária (B) da população do bairro Alvorada. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. 67 De acordo com a Figura 09A, a fonte mais freqüente de aquisição das plantas foi respectivamente horta caseira e comunidade (vizinhança). Segundo a comunidade local, essa incidência ocorre pela permutação de plantas entre os moradores. Para surpresa geral foi citada a farmácia entre os meios de compra, devido à existência de produtos industrializados ou semi-industrializados utilizando plantas medicinais. Aparece também como fonte de obtenção de plantas medicinais, a família (tio, primo e outros), representando em torno de 5% dos entrevistados. Os familiares, geralmente residentes em outros bairros da cidade, respondem ao apelo daqueles que estão em dificuldades. As partes da planta medicinal mais utilizadas encontram-se na Figura 09B. Houve uma preferência pela folha, seguida do uso de casca de algumas plantas, principalmente as de grande porte que normalmente são usadas em alcoolaturas, óleos e chás (andiroba, copaíba, carapanaúba e jucá). É importante citar que vários entrevistados fazem uso de mais de uma parte da planta ou de espécies diferentes na preparação de compostos para fins curativos. As plantas medicinais de uso mais freqüente encontram-se nas Figuras 10A e B. Observa-se o uso mais freqüente da laranja (26 vezes) seguido do hortelãzinho e limão. Entre as plantas medicinais menos usadas, o abacateiro, amor crescido e comigo ninguém pode (Figura 10B). Observa-se na Figura 11A, que a maioria dos 60 entrevistados utiliza remédios caseiros, e que apenas 4,9% de indivíduos entre 46 e 55 anos procura o médico, demonstrando maior preferência ao uso de plantas medicinais. A partir dessa figura, pode-se constatar o alto índice de credibilidade que a população entrevistada deposita nos remédios caseiros. Na Figura 11B, observa-se um cruzamento das informações, notando que as pessoas entrevistadas com o 1º grau apresenta uma preferência da ordem de 75%, na utilização de remédios caseiros contra 6,5% daquelas que a qualquer sinal de doença procuram o médico. Foram citadas na pesquisa 110 plantas medicinais. 68 Fonte de aquisição mais frequente das plantas medicinais Comunidade 42% Horta Caseira 34% Feira A 9% Mercado 5% Família 5% Supermercado 2% Farmácia 1% 4% Outras 0 10 20 30 40 50 Número (%) de pessoas Partes da planta medicinal mais utilizada 9% Raiz 12% Fruto B 4% Caule 3% Semente Folha 54% Flôr 5% Toda 3% Casca 8% 0 10 20 30 40 50 60 Escala (%) de uso Figura 09 - Dados obtidos sobre a fonte de aquisição (A) e partes da planta medicinal (B) utilizada pela população (n = 60) do bairro Alvorada. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. 69 Plantas medicinais de uso mais frequente 26 Laranja A 23 Hortelãnzinho 21 Limão Arruda 20 Malvarisco 20 Pião-roxo 20 Alho 17 Mucuracaá 17 Mastruz 17 Crajirú 16 Cidreira 16 15 Alfavaca 14 Amor Crescido 0 5 10 15 20 25 30 Escala de uso (número de vezes) Plantas medicinais de uso mais frequente 10 Vindicaá Jambú 9 Jucá 9 Catinga de mulata 8 Boldo 8 Cravo de defunto 8 Gengibre 7 Carapanaúba 7 Abacateiro 7 Andiroba 6 Amor Crescido 6 Pobre velho 6 Comigo Ninguém Pode 6 0 2 4 6 8 10 B 12 Escala de uso (número de vezes) Figura 10 A e B - Dados obtidos sobre planta medicinal de uso mais freqüente pela população (n = 60) do bairro Alvorada. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. 70 Comportamento segundo a idade A 25,0% 20,0% Número (%) de respostas 21,3% 19,7% 18% 13,1% 15,0% 11,5% 10,0% 4,9% 6,6% 4,9% 5,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 15-25 26-30 26-45 46-55 56-65 66-80 Vai ao médico Usa Remédio Caseiro Comportamento segundo o grau de instrução 75% B 80,0% 70,0% Número (%) de respostas 60,0% 50,0% 40,0% 12,0% 30,0% 20,0% 10,0% 0,0% 6,5% 6,5% 0,0% 0,0% 1º Grau Vai ao médico 2º Grau 3º Grau Usa Remédio Caseiro Figura 11 - Dados obtidos sobre o comportamento segundo a idade (A) e o grau de instrução (B) quanto ao uso de plantas medicinais pela população (n = 60) do bairro Alvorada. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. 71 3 BAIRRO PONTA NEGRA Observa-se com relação à forma de tratamento que a maioria (70%) usa remédios caseiros (Figura 12A). Isto é justificado em função das dificuldades que envolvem o atendimento na área de saúde e o alto custo dos medicamentos alopaticos, constituindo o uso de remédios caseiros a alternativa viável, e o que vem a ser mais importante, aprovados pela cultura popular. Nota-se que a maioria das pessoas entrevistadas era do sexo feminino (70%) (Figura 12B) e se encontrava na faixa etária de 21 a 40 anos (Figura 13A). Este último resultado indica que os conhecimentos e os usos de plantas medicinais deixam de ser restritos as pessoas de idade mais avançada, passando a ocupar um espaço cada vez maior entre os mais jovens, tendo como referencia o percentual 38,3% com idade inferior a 30 anos. De acordo com a Figura 13B constata-se que a maioria possui 1º e 2º grau completo ou em curso somando um total de 88,3% dos resultados. Evidenciando o descrédito da população diante dos serviços de saúde, quebrando o tabu que existia diante do uso dos remédios caseiros, uma vez que esta população tem condições de avaliar o uso destas drogas já que faz parte de uma parcela privilegiada da comunidade, tendo acesso a educação. Ao avaliar este item é muito importante dar especial atenção a condições sócio-econômicas do bairro que possui uma relativa infra-estrutura, em comparação aos outros de periferia, e também considerar o nível educacional dos moradores que fazem opção pelos remédios caseiros em função do menor custo, fácil acesso e reduzidos efeitos colaterais. 72 Quem você procura primeiro o Médico ou as Plantas? Remédio Caseiro 70% Não usou Plantas 2% A Outros 30% Usou Plantas 28% Sexo dos Entrevistados B Masculino 30% Feminino 70% Figura 12 - Dados obtidos em entrevista realizada sobre o uso de remédio caseiro (A) e a proporção quanto ao sexo (B) da população (n = 60) do bairro Ponta Negra. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. 73 A Faixa etária dos entrevistados 3,3% Até 20 Anos 35% De 21 a 30 anos 41,7% De 31 a 40 anos 10% De 41 a 50 anos De 51 a 60 anos 5% Acima de 60 Anos 5% 0% 10% 20% 30% 40% 50% Número (%) de pessoas B Grau de instrução dos entrevistados 10% Analfabeto 40% 1º Grau Incompleto 20% 1º Grau Completo 3,3% 2º Grau Incompleto 25% 2º Grau Completo 3º Grau Completo 1,7% 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% Número (%) de pessoas Figura 13 - Dados obtidos acerca do grau de instrução (A) e da faixa etária (B) da população (n = 60) do bairro Ponta Negra. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. A maioria dos entrevistados (41,3%) informou que as principais fontes de aquisição de plantas medicinais foram às hortas caseiras, em virtude da disponibilidade do medicamento a qualquer hora, além do baixo custo, enquanto 21,74% adquirem o produto em mercados, 19,57% na comunidade e de 17,39% nas feiras (Figura 14A). 74 Considerando um universo de 77 indicações de plantas medicinais, observa-se que a planta de maior uso entre os entrevistados foi à laranjeira, através do preparo de sua casca e folha. Esta planta é usada em um largo espectro de enfermidades digestivas e emocionais, perfazendo 12,99%, seguida pelo crajirú, que aparece bem cotado na preferência popular com um total de 11,69% (14B). Fonte de aquisição mais frequente de plantas medicinais Comunidade 9 19 Horta Caseira 8 Feira 10 Mercado 0 5 10 15 20 Escala de uso (número de vezes) Figura 14A - Dados obtidos sobre a fonte de aquisição de planta medicinal utilizada pela população (n = 60) do bairro Ponta Negra. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. Outras plantas citadas com significativa freqüência foram malvarisco, boldo e carapanaúba, que ocuparam a mesma posição entre os entrevistados com 9,09% cada. Com menor citação, mastruz e arruda, cada um com 7,79%. Somando um percentual de 32,47%, foram citadas erva cidreira, sacaca, capim santo, copaíba, hortelãzinho, goiabeira, abacateiro e quebra pedra (Figura 14B), todos com inegável poder de cura. 75 Plantas medicinais de uso mais frequente 10 Laranja Crajiru 9 Malvarisco 7 Boldo 7 Carapanaúba 7 Mastruz 6 Arruda 6 Cidreira 5 Sacaca 4 Capim Santo 3 Copaíba 3 Hortelãnzinho 3 Goiabeira 3 Abacateiro 3 Quebra Pedra 1 0 2 4 6 8 10 Escala de uso (número de vezes) Figura 14B - Dados obtidos sobre as plantas medicinais de uso mais freqüente pela população (n = 60) do bairro Ponta Negra. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. Através do levantamento de 60 opiniões é possível avaliar que a maioria 57,15% utiliza as plantas no preparo dos diversos tipos de medicamentos caseiros com predominância de uso de folhas. A utilização da casca foi citada 8 vezes, e 8,92% dos entrevistados aproveitam o caule para suas medicações (Figura 15). 12 76 Partes da planta medicinal mais utilizada 5 Caule 32 Folha Casca 8 11 Outras 0 5 10 15 20 25 30 35 Escala de uso (número de vezes Figura 15 - Dados obtidos sobre as partes da planta medicinal utilizada pela população (n = 60) do bairro Ponta Negra. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. 77 4 CIDADE NOVA Observa-se graficamente (Figura 16) uma referência percentual alta (63%) em relação a remédio caseiro, representando numericamente 38 pessoas a optarem por esse método, entre os 60 entrevistados. Nesta mesma amostragem temos nível percentual baixo de entrevistados que usam ambas as opções com apenas 5%. Quanto à percentagem de entrevistados que recorrem a médicos, atinge cerca de 19 entrevistados (32%) em comparação ao número de entrevistados que utilizam remédios caseiros. Esses dados, de acordo com pesquisa, podem estar intimamente ligados a problemas sócio-econômicos do tipo baixo poder aquisitivo, impossibilitando freqüentar consultórios médicos particulares, sistema de saúde publica em precárias condições, fornecendo péssimo atendimento. Quem você procura primeiro o Médico ou as Plantas? Ambos 5% Médico 32% Remédio Caseiro 63% Figura 16 - Dados obtidos em entrevista realizada sobre o uso de remédio caseiro da população (n = 60) do bairro Cidade Nova. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. 78 Segundo a Figura 17A há predominância dos entrevistados é sexo feminino, chegando a 85% de um total de 100% e os números do sexo masculino se expressam em pequena percentagem de 15%. A situação gráfica (Figura 17B) mostra uma grande incidência de pessoas na faixa etária de 41 a 50 anos, percentualmente de 30% dos entrevistados. A seguir temos a faixa etária de 21 a 40 anos, representando cerca de 25% do total. Analisando uma proporção de 30% do total de entrevistados, verifica-se uma igualdade (25%) de pessoas que não chegaram a completar o 1º grau e (25%) de pessoas que concluíram o 1º grau de escolaridade aparecendo à mesma porcentagem para os graduados no 2º grau (Figura 18 A) Os dados percentuais na Figura 18B mostram que entre as pessoas que fazem uso do remédio caseiro, as porcentagens variam de acordo com a faixa etária do indivíduo, ficando um total de 15,8% na idade que varia de 20-30 anos e na idade que vai de 30 a 40 anos situa-se 14%. Nota-se um aumento no número de pessoas que fazem uso de remédios caseiro de acordo com aumento de faixa etária, não apresentando diferenças na utilização desses remédios em pessoas com idade acima de 51 anos. Isso é explicado pelo fato de ocorrer uso de medicamentos alopáticos controlados. Segundo o grau de instrução dos entrevistados, denota-se que destes, 20% têm 1º grau completo e incompleto (Figura 19). No comportamento desses, 11,7% opta por ir ao médico, com um nível de escolaridade de 2º grau completo ou incompleto. Os dados mostram a preferência generalizada entre os 60 entrevistados por uso de remédios caseiros. A Figura 19B esclarece a forma utilizada das plantas medicinais nos tratamentos feitos pelos entrevistados, predominando o chá citado como eficaz para tratamento terapêutico. 79 Sexo dos entrevistados Masculino 15% Feminino 85% Faixa etária dos entrevistados De 20 a 30 anos De 31 a 40 anos 21,7% 25% 30% De 41 a 50 anos Mais de 50 anos 23,3% 0,0% 5,0% 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 % % % % % Proporção dos entrevistados 35,0 % Figura 17- Dados obtidos em entrevista realizada sobre e a proporção quanto ao sexo (A) e da faixa etária (B) da população (n = 60) do bairro Cidade Nova. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. 80 Grau de instrução dos entrevistados 1º Grau Incompleto 25% 1º Grau Completo 25% 2º Grau Incompleto 23,3% 2º Grau Completo 25% Nível Superior 1,7% 0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% Proporção dos entrevistados Comportamento segundo a idade 20,0% 19,3% 14% 15,0% 10,0% 17,5% 15,8% 8,8% 8,8% 8,8% 7% 5,0% 0,0% 20 - 30 31 - 40 41 - 50 51 -->> Vai ao médico Usa Remédio Caseiro Figura 18 - Dados obtidos acerca do grau de instrução (A) e do comportamento segundo a idade (B) da população (n = 60) do bairro Cidade Nova. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. 81 Comportamento segundo o grau de instrução A 40% 40% 26,7% 30% 20% 20% 11,7% 10% 1,6% 0% 0% 1º Grau 2º Grau Vai ao médico 3º Grau Usa Remédio Caseiro Tipos de remédios caseiros 43 Chá Xarope 15 B 7 Inalação Cozimento 6 Compressa 5 Cataplasma 2 Maceração 2 Pomada 2 Lavagem 1 0 10 20 30 40 50 Escala de uso (número de vezes) Figura 19 - Dados obtidos sobre o comportamento segundo a idade e o grau de instrução (A) e quanto aos tipos de remédios caseiros usados pela população (n = 60) do bairro Cidade Nova. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. 82 A Figura 20A exibe as fontes de aquisição mais citadas na pesquisa (horta caseira, feira, mercado, comunidade, supermercado, outros), destacando-se a horta caseira. No que se refere à fonte de aquisição mais freqüente de plantas medicinais no mercado e na própria comunidade, verifica-se que a população entrevistada está no mesmo patamar de opções. Os números da Figura 20B ressaltam as folhas como a parte mais utilizada das plantas pela população, apesar de muitos entrevistados também utilizarem outras partes como flores, caule, etc.. Também aparece em seguida o fruto e a raiz com índices numéricos de 8 a 6 em escala de uso (número de vezes) respectivamente, de pessoas que fizeram opção por esta parte da planta. Nas Figuras 21A e B observa-se que as plantas medicinais de uso mais freqüente, liderando a lista dos mais citados destacam-se o capim santo e em segundo lugar a cidreira. Já os menos citados são algodão, abacateiro, quebra pedra, goiabeira e carqueja. Nota-se nesta preferência interferência intercultural dos imigrantes principalmente da região nordestina. 83 Fonte de aquisição mais frequente de plantas medicinais Horta Caseira 35 Feira 11 Mercado 10 Comunidade 10 6 Supermercado 2 Outros 0 10 20 30 40 Escala de uso (número de vezes) Partes da planta medicinal mais utilizada 6 Raiz 8 Fruto 3 Caule 42 Folha 3 Casca Toda 2 Outras 2 0 10 20 30 40 50 Escala de uso (número de vezes) Figura 20 - Dados obtidos sobre a fonte de aquisição (A) as partes da planta medicinal (B) utilizada pela população (n = 60) do bairro Cidade Nova. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. 84 Plantas medicinais de uso mais frequente 17 Capim Santo 16 Cidreira Malvarisco 11 Boldo 11 Arruda 7 Laranjeira 7 Crajirú 7 A 6 Limão Andiroba 5 Copaíba 5 Cipó Tuíra 5 Alho 5 Jucá 5 Hortelãnzinho 4 Mastruz 4 0 5 10 15 Escala de uso (número de vezes) 20 Plantas medicinais de uso mais frequente B 4 Eucalipto Mangarataia 3 Manjericão 3 Carapanaúba 3 Canela 3 Algodão 2 Abacateiro 2 Quebra Pedra 2 Goiabeira 2 Carqueja 2 0 1 2 3 4 5 Escala de uso (número de vezes) Figura 21 - Dados obtidos sobre as partes da planta medicinal de uso mais freqüente (A e B) utilizada pela população (n = 60) do bairro Cidade Nova. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. 85 5 JAPIINLÂNDIA Os entrevistados em sua maioria (82%) recorreram aos remédios caseiros (Figura 22). Isto pressupõem que as pessoas procuram o médico no caso de doenças crônicas degenerativas. O fato justifica-se pelo difícil acesso a bons serviços de saúde e ao elevado preço dos medicamentos, pois se trata de pessoas de baixo poder aquisitivo. Quem você procura primeiro o Médico ou as Plantas? Procura o Médico 18% Procura as Plantas 82% Figura 22 - Dados obtidos em entrevista realizada sobre o uso de remédio caseiro da população (n = 60) do bairro Japiinlândia. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. As Figuras 23A e B, mostram que as plantas mais usadas pela comunidade entrevistadas foram em ordem de preferência: erva cidreira e laranja, carapanaúba, hortelãzinho, crajirú, capim santo, mastruz, alho, abacateiro, arruda, canela, goiabeira, limão, quebra-pedra e sacaca. Verificou-se uma crença no poder curativo destas plantas. Sendo as menos utilizadas o algodão, abacateiro, goiabeira e carqueja. 86 Plantas medicinais de uso mais frequente Cidreira 18 Laranja 18 15 Carapanaúba 13 Hortelanzinho 12 Crajirú A 10 Capim Santo Mastruz 6 Alho 6 Abacateiro 6 Arruda 6 Canela 5 Goiabeira 5 Limão 5 Quebra Pedra 5 Sacaca 5 0 5 10 15 20 Escala de uso (número de vezes) Plantas medicinais de uso mais frequente Eucalipto 4 Mangarataia 3 Manjericão 3 Carapanaúba 3 Canela 3 Algodão 2 Abacateiro 2 Quebra Pedra 2 Goiabeira 2 Carqueja 2 0 1 2 3 B 4 5 Escala de uso (número de vezes) Figura 23 - Dados obtidos plantas medicinais de uso mais freqüente (A e B) pela população (n = 60) do bairro Japiinlândia. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. 87 Na Figura 24 verifica-se que a maioria dos entrevistados (65%) tinha cursado apenas o 1º grau (completo ou incompleto) e 1,7% eram analfabetos e apenas 15% possuíam nível superior. Grau de instrução dos entrevistados Analfabeto 1,7% 1º Grau 65% 2º Grau 18,3% Nivel Superior 15% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% Proporção dos entrevistados Figura 24 - Dados obtidos acerca do grau de instrução da população (n = 60) do bairro Japiinlândia. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. Na Figura 25A constata-se que 53,4% dos entrevistados se enquadram na faixa etária entre 20-40 anos, que corresponde à idade produtiva e eminentemente jovem. Dos entrevistados apenas 3% tinham idade inferior a 21 anos. E os demais ficaram situados na faixa etária entre 41-70 anos, representando 39,9% dos entrevistados. Ressalta-se que a pesquisa foi realizada sempre em horário comercial. De acordo com a pesquisa (Figura 25B) a maior parte das pessoas utilizavam as plantas medicinais na forma de chá de folhas (45). Também outras formas de uso registradas foram através do fruto, caule, raiz ou planta toda. Outras formas de uso, não especificadas foram mencionadas. 88 Faixa etária dos entrevistados Menos de 21 anos A 3,3% De 21 a 30 anos 26,7% De 31 a 40 anos 26,7% De 41 a 50 anos 18,3% De 51 a 60 anos 13,3% De 61 a 70 anos 8,3% 3,3% Mais de 70 Anos 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% Proporção dos entrevistados Partes da planta medicinal mais utilizada Raiz B 8 Fruto 2 Caule 2 Semente 45 Folha Flor Toda 2 Outras 22 0 10 20 30 40 50 Escala de uso (número de vezes) Figura 25- Dados obtidos sobre a faixa etária (A) e partes da planta medicinal mais utilizada (B) pela população (n = 60) do bairro Japiinlândia. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. 89 Na Figura 26 percebe-se que a maioria das pessoas, que usavam plantas medicinais, cultivava as mesmas na sua horta caseira. Quando não a possuíam recorriam a outros membros da própria comunidade. O Mercado Municipal também foi uma fonte de aquisição de plantas, seguido das feiras livres. Foi citado pelos entrevistados que até mesmo do interior do estado recorriam na procura das plantas medicinais. Fonte de aquisição mais frequente de plantas medicinais Comunidade 18 27 Horta Caseira Feira 7 Mercado 9 Outras 2 0 5 10 15 20 25 30 Escala de uso (número de vezes) Figura 26 - Dados obtidos sobre a fonte de aquisição de planta medicinal utilizada pela população (n = 60) do bairro Japiinlândia. Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. Confrontando-se os resultados obtidos através das 300 pessoas nos cinco bairros de Manaus, constatou-se que 65% acreditavam realmente no poder de cura das plantas medicinais. Por este motivo em caso de doença, creditam que as plantas podem curar e que o poder da cura depende do tipo e da gravidade da doença. Por outro lado, 3% dos entrevistados não acreditaram de forma alguma no poder de cura das plantas medicinais, por esta razão recorrem ao médico (Figura 27). 90 Quem você procura primeiro o Médico ou as Plantas? As vezes 2% Não 3% Sim 95% Figura 27 - Dados obtidos em entrevista realizada sobre o uso de remédio caseiro da população (n = 300) dos bairros (Colônia Oliveira Machado, Alvorada, Ponta Negra, Cidade Nova e Japiinlândia). Trabalho Coordenado pela Profa. Geny B. de Castro na década de 90. A pesquisa realizada nos cinco bairros proporcionou aos acadêmicos do curso de medicina uma visão prática acerca dos conhecimentos tradicionais da população manauara. Sendo estes uma base para investigações acerca da melhoria da qualidade de vida e bem estar voltada para a saúde pública. Confrontando os resultados das entrevistas com o referencial teórico bibliográfico, os acadêmicos constataram a eficácia e principalmente a seriedade do uso de plantas medicinais. Notaram também a riqueza da flora amazonense e como o caboclo tem consciência do valor terapêutico das ervas e plantas nativas, numa sabedoria passada pela cultura falada de pai para filho por várias gerações. Com relação às pessoas entrevistadas nota-se que a maioria era do sexo feminino (70%) e se encontrava na faixa etária de 21 a 40 anos. Este último resultado indica que o conhecimento e uso das plantas medicinais deixam de ser restrito as 91 pessoas de idade mais avançada, passando a ocupar um espaço cada vez maior entre os mais jovens, tendo como referência o percentual 38,3% com idade inferior a 30 anos. Verifica-se que a maioria dos entrevistados (n = 300) possuía 1º e 2º grau completo ou em andamento, somando um total de 88,3%. Evidenciou-se o descrédito da população diante dos serviços de saúde, quebrando o tabu que existia diante do uso dos remédios caseiros, uma vez que esta população tem condições de avaliar o uso destas drogas já que faz parte de uma parcela privilegiada da comunidade, tendo acesso a educação. Ao avaliar este item é muito importante dar especial atenção as condições sócio-econômicas do bairro que possui uma relativa infra-estrutura, em comparação aos outros de periferia. Também se deve considerar o nível educacional dos moradores que fazem opção pelos remédios caseiros em função do menor custo, fácil acesso e reduzidos efeitos colaterais. Considerando um universo de 77 indicações de plantas medicinais, observa-se que a planta de maior uso entre os entrevistados foi a laranja, através do preparo de sua casca e folha, usada em um largo espectro de enfermidades digestivas e emocionais, perfazendo 12,99%, seguida pelo crajiru, que aparece bem cotado na preferência popular com um total de 11,69%. Outras plantas citadas com significativa freqüência foram malvarísco, boldo e carapanaúba, que ocupam a mesma posição entre os entrevistados com 9,09% cada. Com menor citação, mastruz e arruda, cada um com 7,79%. Somando um percentual de 32,47%, foram citadas erva cidreira, sacaca, capim santo, copaíba, hortelãzinho, goiabeira, abacateiro e quebra pedra. 92 6.2 Descrição sistemática das plantas mais usadas na década de 90 A seguir são apresentadas as descrições e o modo de uso das plantas de maior preferência pela população manauara (n = 300) da década de 90. 1 ) Erva cidreira Nome científico: Melissa officinalis L. Família: Lamiaceae Uso Medicinal: usada nas cólicas hepáticas, afecções cardíacas, icterícia, afecções gástricas e intestinais, inflamação dos olhos, dor de cabeça, resfriado, tosse, histerismo, fores reumáticas. Parte usada: Folhas frescas Modo de usar: Fazer das folhas frescas e tomar quando esfriar. O chá quente serve para bochechar. O suco das folhas com sal aplica-se contra caxumba. O cataplasma é aplicado quente no ventre contra dores. Dose: 20 grama para 1 litro de água; 4 a 5 xícaras por dia. Contra-indicação: Turvação da vista 2) Laranja Nome científico: Citrus sinenses Lineu Família: Rubiaceae Uso Medicinal: Estomacal, sedativo, anti-espamódico, hemostático, sudorífero. Parte usada: Casca da fruta Modo de usar: Chá em dose normal, 3 vezes ao dia Contra-indicação: Desconhecida 3) Alho Nome científico: Allium sativum Lineu Família: Aliaceae 93 Uso Medicinal: Para infecções gastrointestinais, tumores cancerosos, doenças das vias respiratórias, circulatórias e de debilidade geral, contra picada de inseto. Parte usada: Dente do alho Modo de usar: Cozinhar 100 gramas em 1 litro de água e tomar depois de frio Contra-indicação: Desconhecida 4) Abacateiro Nome científico: Persea americana Mill. Família: Lauraceae Uso Medicinal: Para dores de cabeça, diurético, catarro, bronquite, diarréia, afecções da garganta, cansaço, rouquidão, tosse e anemia Parte usada: Folha Modo de usar: Ferve-se 5 folhas em 1 litro de água e toma-se 3 vezes ao dia. Contra-indicação: Desconhecida 5) Arruda Nome científico: Ruta graveolens L. Família: Rutaceae Uso Medicinal: É usado nas regras suprimidas bruscamente. Calmante dos nervos, parasitoses, piolhos e combate à sarna. Parte usada: Flor e folha Modo de usar: 2 a 3 gramas para 1 litro de água, 2 vezes ao dia. Para parasitoses ferve-se a arruda em 1 litro de óleo comestível e tomar de 2 a 3 colheres de chá por dia, mau olhado (benjzedura) Contra-indicação: Durante a gravidez, pois ocasiona hemorragias uterinas. 6) Canela Nome científico: Aniba canelilla Ducke Família: Lauraceae Uso Medicinal: Na debilidade nervosa do estomago, flatulência e gastroenterites, antireumático 94 Parte usada: Folha e casca do arbusto Modo de usar: Toma-se 1 xícara de chá da folhas ou da casca. Contra-indicação: Hipertensão arterial 7) Goiabeira Nome científico: Psidium guayava Lineu Família: Myrtaceae Uso Medicinal: Para casos de diarréia, tosse e bronquite. Rica em vitamina C. Parte usada: Brotos da goiabeira Modo de usar: Ferver 3 brotos da goiabeira em 200 ml de água e tomar frio. Contra-indicação: Desconhecida 8) Limão Nome científico: Citrus limon Lineu Família: Rutaceae Uso Medicinal: Para prevenir e tratar doenças reumáticas, músculos, articulações e nervos, vias respiratórias, digestivas e urinárias e escorbuto Parte usada: Suco Modo de usar: Tomar o suco de limão várias vezes ao dia. Contra-indicação: Desconhecida 9) Quebra-pedra Nome científico: Phyllanthus miruri Lineu Família: Euphorbiaceae Uso Medicinal: Para dissolver cálculos renais, fortificante do estômago. É usado para cólicas renais, cistites e problemas na próstata. Parte usada: Toda a planta. Modo de usar: 10g em 1 litro de água, 3 vezes ao dia. Contra-indicação: Desconhecida 95 10) Sacaca Nome científico: Cróton cajucara Benth Família: Euphorbiaceae Uso Medicinal: Antidiarréico, para tratamento de diabetes, inflamação no fígado, vesícula, rins e reduz o colesterol e a obesidade. Parte usada: Casca do tronco e folhas Modo de usar: Fazer o chá com a casca ou com as folhas 96 CAPITULO IV “Neste capítulo são apresentados através de um estudo de campo o perfil cultural e social quanto ao uso e terapia de plantas medicinais pela população manauara do bairro Japiim”. 97 CAPÍTULO IV 7 DICOTOMIA: NATUREZA E CULTURA A busca de uma melhor compreensão da natureza exige uma reflexão sobre o modo de produção do conhecimento científico (FACHIN, 1993). No que diz respeito à pesquisa científica sobre plantas medicinais no ocidente observa-se uma forte prevalência da visão reducionista. Busca-se, desta forma, o conhecimento das propriedades curativas das plantas a partir de seus constituintes isolados, ou seja, de seus princípios ativos (LOYOLA, 1978). Há uma dicotomia entre o saber científico e o saber popular das comunidades de Manaus, no que se refere ao conhecimento sobre as plantas medicinais. Ficou explícito que o saber científico pressupõe a separação entre a natureza e a cultura enquanto que, no saber popular esta separação não existe. Outrossim, a comunidade científica estaria sofrendo uma forte influência externa de formas de pensamento e conhecimento que não desvinculam a natureza e a cultura provocando, assim, uma modificação na forma de construção do conhecimento científico. Em última instância o contemporâneo e os conhecimentos do cotidiano que aliam natureza e cultura paulatinamente influenciam um modelo de pensamento cientifico onde esta dicotomia é observada (SILVA, 1999). Fica a questão se a abordagem complexa em detrimento da reducionista prevalecente, no que se refere sobre o potencial terapêutico das plantas medicinais, ocasionará possivelmente a perda de uma grande quantidade de informações geradas empiricamente a partir da relação ao longo dos tempos entre o homem e a natureza. A persistência da medicina popular em grandes centros urbanos demonstra que ela não é fruto exclusivamente do isolamento geográfico e da falta de atenção médica. Além de uma alternativa possível, às longas filas dos serviços públicos 98 de saúde e as receitas inacessíveis oficiais, ela representa uma reação a prática autoritária da medicina científica. Esta medicina tradicionalmente popular, muitas vezes resultante de uma aprendizagem não formal e de um processo de decisão individual. Esta por sua vez, se sedimenta facilitando uma ligação entre o homem e a natureza. Como resultado evidencia a possibilidade da interação harmoniosa homem x planta x natureza. A cultura popular concilia as necessidades humanas e a natureza. 7.1 As relações etnoecológicas A população do bairro Japiim caracteriza-se de modo geral, pelo compartilhamento de um mesmo espaço sócio-geográfico, vivem os mesmos problemas infra-estruturais. São moradores que vivenciam e dividem esperanças e sonhos da moradia própria, que se organizam em torno de uma Associação de Moradores onde discutem seus problemas e reivindicam seus direitos. Neste bairro, a amostragem referente aos recursos vegetais contou com um total de 129 espécies, em 159 famílias (ANEXO II), citadas com aplicabilidade terapêutica e posteriormente foi arquivada em um banco de dados (ANEXO III). A maioria das plantas é herbácea, nativa, e grande parte é cultivada. Quanto às relações etnoecológicas como um mecanismo biológico e cultural para a manutenção desse complexo ecossistema, deve-se ressaltar que envolvem homem-planta-ambiente, refletindo anos de experiência e experimentação, revelando intimidade, conhecimento a respeito do homem com o recurso vegetal (Figura 28). 99 Figura 28 – Fundo de um quintal com plantas medicinais em uma residência no bairro Japiim em Manaus. Foto: Gloria Paiva (2001). A população entrevistada, conforme a Figura 29A, mostrou possuir o hábito de recorrer às plantas medicinais quando são acometidos por enfermidades. Apenas 6% destes recorrem imediatamente à medicina tradicional através de consulta médica. Fazendo uma comparação com os dados da década de 90, observa-se que a procura por plantas medicinais ainda prevalece como opção para cura das enfermidades. Quanto ao grau de instrução, é preocupante pois 60% tem o Ensino Fundamental incompleto e a minoria (3,3%) com Ensino Médio incompleto (Figura 29B). No estudo piloto da década de 90, as evidências indicaram uma maior preocupação com a educação, ressalta-se inclusive a presença de universitários como entrevistados. 100 Quem você procura primeiro o médico ou as plantas? médico 6% A 94% plantas Grau de instrução dos entrevistados Alfabetização adulto 26,60% B 10% Analfabeto Em. médio incompleto 3,30% En. funda. Incompleto 60% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% Proporção dos entrevistados Figura 29 – Dados obtidos em entrevista sobre o uso de remédio caseiro (A) e o grau de instrução (B) da população (n = 30) do bairro Japiim. Com este quadro educacional evidencia-se que no Brasil, mais em que outros países do Sul, a escola constitui um produto social desigualmente distribuído. Seu acesso é modulado não apenas por múltiplos padrões distintivos (categoria 101 socioeconômica, sexo, etnicidade, local de residência) como também pelo tipo de rede escolar freqüentado (pública, particular). O discurso político republicano, que insiste sobre a função homogeneizadora e igualitária da escola que socializa em comum, foi se esvaziando progressivamente de sua substância. A heterogeneidade provocada pela atual fragmentação (educacional) do sistema escolar brasileiro em várias redes reproduz, acentuando-as, as desigualdades sociais e compromete de modo durável o desenvolvimento econômico e social desse país. Estas desigualdades sociais (Figura 30) refletem na ocupação profissional, tanto nos resultados obtidos da década de 90 como na atualidade, a economia informal ocupa um espaço significativo. Figura 30 – Moradias da população no Igarapé do Franco do bairro Japiim, setembro de 2001. Foto: Gloria Paiva (2001). Neste sentido, a ocupação profissional de maior freqüência foi a de doméstica com 36,6%, e a com menor freqüência foi a de doceira (6,6%). Também houve um número expressivo de aposentados (20%) (Figura 31A). 102 Os empregos diretos e indiretos na indústria são menos expressivos devido à crise econômica iniciada na década de 90. Esta redução é atribuída em função dos seguintes fatores: O impacto das intensas iniciativas modernizadoras as de industrialização, realizadas num curto espaço de tempo no Distrito Industrial de Manaus, dentro de uma estratégia de empresa global é acompanhado por grande rotatividade de mão de obra e demissões. A tecnologia na modernização e fabricação das máquinas deveria propiciar a base para a diminuição da intensidade e da extensão da jornada de trabalho, com efeitos benéficos para a saúde dos que permanecem ligados à produção. Entretanto a tecnologia na maioria das vezes está favorecendo o empregado de duas maneiras: a primeira, a tecnologia mantém o mesmo nível de produção com menos operários; a segunda maneira, é representada pela transformação da tecnologia. A tecnologia faz com que se exclua e se esgote no trabalho o operário. Há exclusões das pessoas com idade avançada e se absorve pessoas no campo de trabalho, ainda, menor de idade (COSTA, 2000). Entre os entrevistados estavam antigos operários do Distrito Industrial, que é um bairro fronteiriço com o Japiim, atualmente empregados na economia informal (Figura 31A). Em um retrospecto histórico da economia no Brasil, constata-se que a partir do inicio da década de 90 acentuou-se a crise da econômica que vinha se arrastando desde 1983 em decorrência do arrocho salarial e por uma abertura “desastrosa” ao mercado externo. Tais fatores explicitaram que um modelo de desenvolvimento como o proposto pela Zona Franca de Manaus só seria viável em condições altamente privilegiadas, ou seja, investimentos públicos, isenção fiscal e economia aquecida (OLIVEIRA, 2000). Nota-se ainda com relação às pessoas entrevistadas, que a maioria era do sexo feminino 97% (Figura 31B). Quando se compara com os dados obtidos no mesmo bairro na década de 90, verifica-se um número menor (70%), fato este explicado em 103 virtude dos homens abordados durante a pesquisa alegarem que o conhecimento sobre plantas medicinais e seu uso era assunto de mulher, delegando as suas companheiras o direito de resposta, mostrando que o estudo de gênero pode ser abordado em investigações etnoecológicas de plantas medicinais. Em relação ao tempo de moradia, 90% residem em Manaus e apenas 10% estavam morando temporariamente na capital. O tempo de residência no bairro do Japiim varia, com 5% residindo há mais de 10 anos. A população do bairro é sua maioria estabilizada. Esta população tem origem miscigenada (Figura 32A), em decorrência das imigrações intra e inter-regional. A faixa etária dos entrevistados é diversificada (Figura 32B), não constituindo parte da pesquisa indivíduos com menor idade, devido ao escasso conhecimento sobre o assunto. Situa-se a maioria na faixa etária de 50 a 80 anos. Já dados obtidos na década de 90, a maioria estava entre 20 a 40 anos neste bairro, Vale ressaltar que este bairro antigamente denominado de Japiilândia, sofreu transformações, sócio culturais, políticas, urbanísticas (Figura 33), como em todo o país. 104 Ocupação profisisonal Auxiliar de cozinha 3,30% Merendeira 3,30% Pedreiro 3,30% Porteira 3,30% Parteira 6,60% Doceira 6,60% Industriária 6,60% Diarista A 10% Aponsetado 20% Doméstica 0,0% 36,60% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0% Proporção dos entrevistados Sexo dos entrevistados B homem 3% 97% mulheres Figura 31 – Ocupação profissional (A) e a proporção por sexo(B) dos entrevistados no bairro Japiim, primeiro semestre de 2001. 105 A Local de nascimento dos entrevistados Interior 63,30% Manaus 10% 26,60% Outros Estados 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% Proporção dos entrevistados Faixa etária dos entrevistados 26,60% De 20-30 anos De 30-40 anos 3,30% B 13,30% De 40-50 anos 16,60% De 50-60 anos 23,30% De 60-70 anos 26,60% De 70-80 anos 0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% Proporção dos entrevistados Figura 32 – Local de nascimento (A) e a faixa etária dos entrevistados (B) no bairro Japiim, no primeiro semestre de 2001. 106 Figura 33 – Vista de residências e área de encosta no bairro Japiim. Foto: Gloria Paiva (2001. A fonte de aquisição das plantas medicinais mais mencionadas foi a horta caseira (73.3%). Em último lugar como referência, a procura das ervas na comunidade (clube de mães, vizinhos, associação dos moradores) pela população entrevistada (Figura 34). A fonte de aquisição preferida pela população na década de 90 também foi a horta caseira. A procura em farmácia foi citada por 30% dos entrevistados, 107 e nem sequer foi mencionada pela população deste bairro na década de 90. Estas evidências indicam o sinal de mudança de hábito de consumo e cultural da população. Os fitoterápicos produzidos aqui mesmo na região amazônica, como os remédios da Pronatus e Amazon Ervas são os mencionados, adquiridos na farmácia por preços considerados acessíveis. O uso terapêutico das plantas medicinais, cientificamente comprovado, é um meio alternativo de tratamento dos mais variados tipos de doenças. Por serem de fácil acesso e baixo custo é praticado por grande parte das populações de baixa renda. Comercializada livremente nas feiras, geralmente são cultivadas por pessoas com baixo poder aquisitivo e apresentam processos curativos com compostos bioativos, retirados das diferentes espécies. Com as atuais dificuldades encontradas no sistema de saúde, o seu uso mais amplo facilitaria e reduziria o custo do serviço de saúde pública. Em Manaus, o Mercado Adolpho Lisboa é o ponto de referência na compra de plantas medicinais, as quais são usadas no preparo de chás, banhos, garrafadas e outras formas de preparados. Diversas partes das plantas são utilizadas, como folhas, sementes, óleos, raízes e cascas. 108 Fonte de aquisição mais frequente de plantas medicinais Mercado Adolpho Lisboa 16 9 Farmácia 20 Outros 17 Feira 16 Comunidade 22 Horta caseira 0 5 10 15 20 25 Escala de uso (número de vezes) Figura 34 – Fonte de aquisição mais freqüentes de plantas medicinais pela população entrevistada (n = 30) do bairro Japiim, no primeiro semestre de 2001. As famílias botânicas mais indicadas foram: Meliaceae, Palmae, Astaraceae, Apocynaceae, Poaceae, Caesalpinaceae, Crassulaceae, Bignoniaceae, Lamiaceae, Zingiberaceae, Chenopodiaceae (ANEXO IV). Os usos mais comuns destas plantas segundo relato dos entrevistados são, em geral, em forma de chás (75%) para a cura das mais diversas enfermidades (febre, infecções respiratórias, intestinais e da pele, entre outras). Destacam-se entre estas a copaíba e a andiroba com a maior versatilidade de usos terapêuticos (Tabela 1). As partes mais utilizadas destas plantas foram às folhas e as raízes, seguidos das sementes, cascas, flor e toda a planta respectivamente. Verifica-se ainda na Tabela 1, que os usos praticados pela sociedade civil em Manaus harmonizam em grande parte com o saber científico. Para esta população, em vez de se excluírem, parecem complementares: a prática médica oficial (recurso ao médico, observação de seus conselhos e prescrições) e a da medicina popular. 109 Foi possível encontrar expressões representativas durante as entrevistas, que justificam o porquê do emprego de plantas medicinais: “Por tradição familiar e porque confio mesmo” (94%). “Prefiro tentar os remédios naturais antes dos outros” (1%) “São passados de geração para geração com bons resultados” (1%) “Sempre ouvi dizerem que é muito bom” (1%) “Resolvem as dificuldades financeiras para a compra de remédios” (3%) A presença marcante da cura através de plantas medicinais na comunidade do bairro Japiim revela-se quando 100% dos entrevistados responderam afirmativamente em relação à questão se as plantas medicinais trouxeram melhoria para a sua vida. Foram casos de curas relatados em que as plantas medicinais desempenharam o papel de único recurso terapêutico empregado. Configura-se, portanto, que os recursos vegetais têm um grande valor de uso, principalmente em casos de emergência. Esta atitude adotada pela população manauara representa um rico patrimônio terapêutico de informação, inexistente em outros biomas do território nacional. 110 Tabela 1 – Relação de plantas mais utilizadas e suas funções terapêuticas (as mais citadas) e a freqüência quanto ao uso. Dados través de entrevistas da população (n = 30) do bairro Japiim no primeiro semestre de 2001. Planta (Nome popular) Quantidade - uso Andiroba 17 Açaí 7 Boldo 10 Capim santo 7 Carapanaúba 13 Copaíba 19 Coirama 12 Crajirú 13 Hortelãzinho 13 Malvarisco 16 Mangarataia 12 Mastruz 16 Mucura caá 9 Pobre velho 8 Função terapêutica Freqüência de uso Amigdalite Contusão Cicatrizant Gripe Hepatite Diabetes Fígado Diurético Calmante Intestino Emagrecer Diabetes Antiinflamatório Cicatrizante Corrimento Doenças respiratórias Doenças respiratórias Ferida Anemia Antiinflamatório Ginecológico Vermes Estômago Gripe Diurético Doenças respiratórias Gripe Amigdalite Doenças respiratórias Doenças respiratórias Verme Estômago Reumatismo diabetes Rins Diurético Hipertensão 33.3% 29.6% 22.2% 22.2% 55.5% 22.2% 66.6% 33.3% 100% 40% 53.3% 40% 33.3% 47.6% 23.8% 80.9% 100% 23.5% 66.6% 26.6% 26.6% 66.6% 33.3% 35.2% 29.4% 50% 57.1% 71.4% 85.7% 92.3% 23% 23% 33.3% 22.2% 83.3% 44.4% 16.6% 111 Constatou-se na pesquisa efetuada no bairro Japiim que as plantas conhecidas popularmente e mais utilizadas como sendo: andiroba, copaíba, pobre velho, malvarisco, carapanaúba, mangarataia, mastruz, capim santo, boldo, açaí, mucura-caá, pinhão roxo. Estas plantas são descritas por ordem de preferência, e detalhado o modo de uso e contra indicações de acordo com a bibliografia consultada. (CARRICONDE et al., 1996; MING et al., 1997; REVILLA, 2001; CHOPRA & SIMON, 2001). Também são apresentadas fotos de plantas medicinais extraídas de diversas fontes a seguir detalhadas: 1 Andiroba - Carapa guianensis Parte usada: Tronco, folhas e sementes Planta adulta Fonte: Reader’s Digest, 1999 Uso medicinal: Antihelmíntico, febres, cicatrizante, antiinflamatório externo para reumatismo, amigdalite, faringite, papeira, contusões e erisipela. Modo de usar: três xícaras de chá da casca e das folhas por dia como anti-helmíntico e para febre. Externamente, o óleo em fricções duas vezes por dia. Embrocações nos problemas de amígdalas e faringe pela manhã e a noite. Usa-se com sal nas partes afetadas por baques, mesmo que o lugar do baque esteja roxo. Deve-se fazer massagem. Contra indicação: Não há doses recomendadas. 112 2 Copaíba - Copaifera reticulata Parte usada: Lenho Planta adulta Fonte: Revista Biosapiens, n.1, 2001. Uso medicinal: Antiinflamatório e cicatrizante de feridas. Potente para infecções nas vias urinárias e respiratórias, amigdalite, faringite, reumatismo, psoriáse e hemorróidas. Modo de usar: Óleo extraído do lenho aplicado em quantidades moderadas no local desejado uma ou duas vezes ao dia. É estimulante do sistema imunitário, para levantar a defesa do organismo, favorecendo assim a luta contra as infecções. Indicado especialmente nas infecções fortes, repetitivas e crônicas, como tratamento coadjuvante em enfermidades degenerativas (câncer, aides, esclerose múltipla). Estimula também a cicatrização das úlceras, tanto internas como externas. 113 3 Pobre Velho - Costus spicatus Partes usadas: Colmo e folhas Planta adulta Fonte: Reader’s Digest, 1999 Uso medicinal: Diurético, febrífugo, contra afecções urinárias, anti-reumático e contra diabetes e edema. O chá das folhas é diurético, diaforético, febrífugo, contra o catarro e afecções da bexiga e para inflamação dos rins, antireumático e anti-lítico. O sumo do colmo é para picada de inseto e também para diabetes. Modo de usar: Chá das folhas em dose normal (três vezes ao dia). . 114 4 Malvarisco - Marrubium vulgare Partes usadas: Folhas ou toda a planta. Planta adulta Fonte: Reader’s Digest, 1999 Uso medicinal: Diurético, febrífugo, expectorante, vermífugo, anti-inflamatório, antialérgico, estimulante cardíaco. Modo de usar: Chá e lambedor no máximo três folhas, dose normal (três vezes ao dia). 115 5 Coirama ou Corama - Bryophyllum calycinum Parte usada: Folha e tronco Planta adulta Fonte: Reader’s Digest, 1999 Uso medicinal: São calmantes para erisipela, queimadura, inflamações e contusões. São também bactericidas. Modo de uso: Chá das folhas, sumo obtido no liquidificador; as folhas são usadas como emplastros. 116 6 Carapanaúba - Aspidosperma nitidum Parte usada: Casca da árvore Planta adulta Fonte: Cid Ferreira, Herbário - INPA. Uso medicinal: Antiinflamatório e cicatrizante, bronquite, febrífuga, usado contra diabetes e gastrite. Modo de usar: Chá da casca, tomar no máximo duas vezes por dia. 117 7 Crajiru - Arabidaea chica Parte usada: Folhas Planta adulta Foto: Kaoru Yuyama - INPA Uso medicinal:Afrodisíaco, adstringente, contra cólica intestinal, diarréia com sangue, enterocolite, empinge, males do fígado, anemia, possui propriedades anti-inflamatórias, principalmente nas infecções de origem uterina. Modo de usar: Chá por infusão de folhas, cataplasma sob a forma de pasta e chá por decocção. 118 8 Mangarataia - Zingiber officinalis Parte usada: Raiz Planta adulta Fonte: Reader’s Digest, 1999 Uso medicinal: Contra catarros crônicos, dispepsias, cólicas flatulentas, a tintura é usada externamente em fricções nas dores reumáticas e polinevrite (béri-béri), estimulante digestivo, afrodisíaco, topicamente usada como odontológico (dores de dentes). Modo de usar: Tintura e chá. Curiosidade: Também conhecida como gengibre. 119 9 Mastruz - Chenopodium ambrosioides Partes usada: Folhas e sumidades florais Planta adulta Fonte: Reader’s Digest, 1999 Uso medicinal: Vermífuga, estimulante, emenagoga, carminativa, tônica, sudorípara. Modo de usar: Chá, infusão, compressa, extrato fluído, xarope, tintura e emplastro, decocto. 120 10 Boldo - Vernonia condensata Parte usada: Folhas. Planta adulta Fonte: Reader’s Digest, 1999 Uso medicinal: Diurético combate a obesidade, auxilia no tratamento da malária, baixa taxa de colesterol, distúrbios hepáticos e estomacais. Modo de usar: Chá das folhas (uma colher de folha para cada xícara de água três vezes ao dia). 121 11 Capim Santo - Cymbopogon citratus Parte usada: Folhas e rizoma Planta adulta (indicada pela seta) Fonte: Reader’s Digest, 1999 Uso medicinal: Calmante, diurético, sudorífico, para gases intestinais, anti- espasmódico. Modo de usar: Chá das folhas. 122 12 Hortelãzinho - Mentha piperita Partes usadas: Folhas ou plantas inteira Planta adulta Fonte: Reader’s Digest, 1999 Uso medicinal: Diurético, antiinflamatório, anti-térmico, anti-hemorrágico e doenças do fígado, giardíase e amebíase, bronquite. Modo de usar: Chá das folhas (três vezes ao dia). 123 13 Mucura-Caá - Petiveria alliacea Partes usadas: Folhas, raiz. Planta adulta Fonte: Reader’s Digest, 1999 Uso medicinal: analgésica, anti-microbiana, anti-inflamatória, queratoplásiaca. Queratoplásiaca: como o mucura-caá contém a substância alantoína tem efeito tópico em feridas supurantes, úlceras resistentes e para estimular o crescimento saudável dos tecidos. As raízes são usadas como repelente de insetos, mas as substâncias responsáveis não foram ainda descritas. Hábito: Sub-arbusto de até 1,5m de altura, perene, sub-lenhoso, ereto e ramificado, folhas elípticas, membranosas e dispostas alternadamente nos ramos. Flores pequenas, reunidas em espigas delgadas. Fruto é um aquênio cilíndrico e achatado com cerdas retorcidas que auxiliam na dispersão. Ocorrência Geográfica: Citada por diversos autores como sendo uma planta de origem Africana ou então da América tropical. Foi incorporada às tradições dos escravos e espalhou-se por todo o continente americano, não só por seu uso ritualístico (rituais afroamericanos), mas também por suas 124 propriedades medicinais. No Brasil é cultivada em hortas e jardins residenciais com o intuito de afastar o “ mau olhado”. Modo de uso: USO Dor reumática Nevralgias Dor de dente Dor de cabeça COMO PREPARAR (para 1 litro de álcool 70%) Tintura: preparar uma tintura de 200g da raiz ou folha. Tintura: preparar uma tintura de 200g da raiz ou folha. Tintura: preparar uma tintura de 200g da raiz ou folha. Tintura: preparar uma tintura de 200g da raiz ou folha. DOSE Fricção e Massagens Fricção e Massagens Aplicar a tintura com um algodão no local afetado Compressas aplicar quando necessário 125 14 Açaí - Euterpe bracea Parte usada: Raiz Planta adulta Fonte: Coleção do Dr. Kaoru Yuyama - INPA Uso medicinal: 1- Olhos. Esta fruta age no combate a problemas visuais; 2- Anemia, malária, fígado, rins; 3 – Hepatite. Variedade de palmeiras encontrada no norte e nordeste do Brasil, de palmito comestível, cujos frutos de cor violácea, quase negra, são muito abundantes durante todo o ano, particularmente no mês de maio. Com esses frutos prepara-se bebidas muito conhecidas e apreciada na região, bem como doces e sorvetes. 126 Modo de uso: Preparo/dosagem: 1) Em um litro de água, colocar 10 raízes. Ferver e tomar como água. 2) Faz-se o chá com: raiz de açaí, palha da cana, folha de crajiru, cipó do urucum. Cozinhar todos os ingredientes com 2 litros de água. Tomar com água. 15 Pinhão Roxo - Jatropha gossypiifolia Partes usadas: Folhas, planta Desenho de uma planta adulta Fonte: Ming et al., 1997 Uso medicinal: enxaqueca, dor de coluna e infecção. Modo de uso: Chá, e emplastros. * Atrair sorte, afastar mau olhado. 127 Segundo dados do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Amazonas - SEBRAE – AM (2000), em pesquisa direta no mercado consumidor de Manaus, junto às farmácias e revendedores locais, identificou-se que o comércio de ervas medicinais consumidas popularmente está dividido entre as regionais com, 81% do mercado amazonense, e ervas não regionais com 19%. Entretanto a produção e a produtividade de remédios à base de ervas naturais na região da Amazônia, não atendem às necessidades do mercado regional, deixando, portanto, uma demanda insatisfeita. Abordada uma das questões do conhecimento da legislação vigente sobre a conservação bdos recursos naturais, 97% dos entrevistados responderam sim e apenas 3% não. Entretanto, conhecer a legislação ambiental para os moradores do Japiim significa a atuação e fiscalização do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) e da SEDEMA (Secretária Municipal do Meio Ambiente), através dos noticiários da Rede Globo, do programa Globo Repórter e Globo Rural e uma minoria através dos programas da Rede Cultura. É perceptível o consumo de imagens e informações que, através da mídia estão no domínio de todos, produzindo uma nítida sensação de “pertencimento social”, pois fazem parte de sistemas codificados em comum. Este linguajar da mídia está representado pelas ideologias dominantes das instituições no poder, reproduzida diariamente nos meios de comunicação e em outros ambientes de encontros coletivos, onde são repassados informações. Foi mencionada a biopirataria “os gringos querem roubar as riquezas da nossa floresta”, e o desmatamento crescente causado pelas madeireiras, afetando as plantas medicinais. É um conhecimento superficial do mundo jurídico, neste sentido Rolnik (1989) afirma “quando a vida nos chama a protagonizar nossos pequenos dramas, consumidores em potencial das narrativas e discursos vendidos pela mídia que somos encontramo-nos despreparados, afinal, as coisas nunca são como se passa nos filmes e na televisão”. 128 7.2 Perfil sócio-cultural da comunidade entrevistada Das entrevistas (n = 30), apenas em torno de 45% foram transcritos seus relatos acerca do uso de plantas medicinais. Para preservar suas identidades, apenas são transcritas suas iniciais. Procurou-se preservar a entrevista em sua integridade sociolingüística a seguir relatadas: S.B.R. (55) tem crença profunda e cultiva jardim de plantas medicinais e árvores como o pé de açaí para contenção do deslizamento de encosta. Plantou goiabeira e diversos arbustos ao redor da casa, tendo um jardim que classificou de belo e útil. Sua esposa L.A. S. (57) com problema de câncer, retirou o seio esquerdo, no Centro de Controle Oncológico - CECON, mas completou o tratamento com chá de corama, urtiga e carambola, cozinhando a raiz e também toda a planta. Está curada do câncer há 6 anos. A.C.G. (64) primeiro usa planta medicinal, só depois procura o médico. Aprendeu com a mãe e a sogra a usar plantas medicinais (chá, xarope, fricção etc.). Morando há 19 anos no Japiim, queixa-se de furto de plantas medicinais na horta, principalmente arruda, malvarisco, corama e pião roxo. Às vezes encomenda as sementes e as mudas das plantas de Juriti – PA, onde tinha uma grande horta. B.S.F. (50) morando há 24 anos no Japiim curou mioma no útero e reumatismo com plantas medicinais oriunda de Manacapuru – AM. Tem fé na cura pelas plantas, explicou que pode faltar tudo na sua geladeira, menos as garrafadas de plantas medicinais. Abordando a legislação vigente sobre a conservação dos recursos naturais, afirmou conhecer, através de programa de televisão da Rede Globo, a ecessidade de preservar e reflorestar. Gosta do programa Globo Rural, ouviu falar no IBAMA e que os “gringos” querem roubar a floresta amazônica. 129 A.B.S. (66) reside há 35 anos no Japiim tem crença no poder de cura das plantas e reclama do alto custo bem como a inexistência dos medicamentos no posto de saúde. Aprendeu com a mãe a fazer remédio caseiro. Percebeu que ao comprar óleo de andiroba no Mercado Central, os ervateiros às vezes enganam o consumidor, classificando as plantas e entrecascas erradas, para lucrar. Controla diabetes e colesterol com remédios feitos com plantas, faz permuta com as amigas. Furtam do seu jardim arruda, japana, capim santo, boldo, hortelãzinho. Utiliza também babosa, jasmim, trevinho, oriza para perfumar e dar brilhos aos cabelos é o seu segredo de beleza. Aprendeu no Globo Rural e Globo Repórter a importância de preservar e reflorestar. Figura 35 – Jardim com plantas medicinais em vasos em uma residência no bairro Japiim. Foto: Gloria Paiva (2001). M.R.O. (61) reside no Japiim há 23 anos, oriunda de Itacoatiara, afirma que para doenças simples não procura o médico, tem crença que as plantas curam. Ela relata que nos posto só tem 40 fichas para atendimento médico, e conseqüentemente há uma longa fila de madrugada. Ela relata que dissolveu pedra nos rins com planta 130 medicinal (quebra-pedra). Trata a doença da próstata do marido com plantas de sua horta e problema de fígado com alfazema, casca de laranja e folha de boldo. Faz permuta de plantas com os amigos da igreja e encomenda de parentes do interior. Destacou a urgência na preservação da natureza, não desflorestar, pois “estrangeiro explora aqui, mandando remédio caro”. Figura 36 – Jardim de plantas medicinais em uma residência localizada Japiim. Foto:Gloria Paiva (2001). no bairro M.L.S.(33) tem crença que a planta medicinal cura melhor, sem efeito colateral. Oriunda de Alenquer–PA preocupa-se com a saúde e estética. Alegou dificuldade de encontrar emprego (diarista) se não tiver boa apresentação. Já curou pneumonia com plantas medicinais de sua horta caseira. Controla gastrite com remédio caseiro. 131 M.F.S.(23) reside há 4 anos no Japiim, em Carauari – AM aprendeu com a mãe e com a avó a usar remédio caseiro. Amamenta o filho e reclama a dificuldade de conseguir consulta no médico, prefere evitar filas de madrugada. Com três filhos ressalta a utilidade de um “lambedor” sempre em casa. Sendo esta de alvenaria, com horta de plantas medicinais estrategicamente à direita, onde solta os cachorros à noite para não furtarem do seu jardim. Gostaria de ter mais terreno para plantar. Seu irmão tinha epilepsia e curou-se com plantas medicinais. Encomenda de Careiro da Várzea plantas que não adquire em Manaus. Assiste Globo Repórter e Globo Rural às vezes Rede Cultura, onde aprendeu sobre a importância de preservação e conservação do verde, inclusive na área urbana, já ouviu falar na fiscalização do IBAMA. Figura 37 – Jardim de plantas medicinais em uma residência no bairro Japiim. Foto: Gloria Paiva (2001). M.D.S. (80) nascida em Óbidos - PA esclareceu que a horta plantada de plantas medicinais em Manaus, é sujeita a furtos ocasionais, e isto não ocorre na sua 132 cidade de origem. Ela relata que crajiru, coirama, hortelãzinho e malvarisco são as mais furtadas. Ressaltou sua fé nas plantas medicinais, utiliza mel de abelha e chá, dizendo ter aprendido com a mãe e o avô, sente que “o povo está perdendo a cultura de usar plantas medicinais”, afirmou que gostaria de conhecer plantas para a cura do câncer. Encara as plantas como amigos e aliados do dia-a-dia. Prestando informações adicionais relatou emocionada a cura do filho mordido por cobra surucucu. Soube do acontecido cinco dias depois, quando o tratou com amor crescido, utilizando a planta toda, incluindo a raiz. Colocou o chá de malvarisco e amor crescido socado sobre a mordida, curando-o. Figura 38 – Jardim de plantas medicinais em uma residência no bairro Japiim. Foto: Gloria Paiva (2001). M.S.S.(61) disse que dificilmente vai ao medico, só quando tem labirintite. Plantava sua horta, quando tinha terreno em Manacapuru, aqui em Manaus planta em latinhas. Ela reside às margens do Córrego do Franco, canalizado, sua casa é 133 ocasionalmente inundada. Ressaltou sua crença nas plantas, aprendeu com o pai fazer remédios caseiros. Curou câncer no seio com aplicação de “radioterapia” no CECON, mas acredita que o sumo da coirama, murchada ligeiramente no fogo que a curou. Citou que o povo de Manaus gosta de furtar suas plantas medicinais, a preferida é a coirama, fica brava com o fato. Figura 39 – Jardim de plantas medicinais em uma residência no bairro Japiim. Foto de Gloria Paiva (2001). M.J.C. (48) afirmou que a aposentadoria não cobre o custo dos medicamentos que precisa, o que não tem em sua horta caseira ou não adquire em Manaus, encomenda, por amigos e parentes de Manaquiri. Conhece desde criança que é preciso cultivar horta caseira, falou dos ventos que as plantas trazem e da necessidade do verde para tranqüilizar o espírito. Era gari, ao se aposentar utilizou bastante plantas medicinais para desintoxicar o organismo, o médico não ajudou muito, era raro conseguir consulta. 134 L.S.R.(45) citou a falta de recursos financeiros como fundamento pela preferência do uso de plantas medicinais, disse ainda acreditar na proteção mágica das plantas medicinais. Sem os remédios caseiros estaria desprovida de meios para resolver as doenças da família. Relata que os filhos foram criados com saúde. Já cultivou acerola, mas de tanto ser furtada e assustada com gente invadindo seu terreno preferiu cortar e plantar ervas medicinais. Usa também essas plantas para fins ornamentais e tem crença firme no poder de cura. Ela sonha morar em uma rua arborizada. Durante a gestação não usa planta medicinal e nem recomenda o seu uso; cultiva tomateiro paulista e, utiliza babosa e pepino para fins estéticos. Gostaria de descobrir planta que ajudasse a melhorar a cólica menstrual das filhas. Figura 40 – Aspecto das residências no bairro Japiim. Foto de Gloria Paiva (2001). A.M.A.(75) reside temporariamente em Manaus, mora em Parintins, veio para cá auxiliar a filha que será operada. Cultiva horta caseira em Parintins e ensinou a filha, a usar as plantas medicinais e afirmou preferir plantas medicinais a remédios. 135 Está indo ao médico em Manaus, pois tem anemia e ameba, mas completa o tratamento com plantas, sente o orgulho de nunca ter sido operada. Enfatizou a ausência de solidariedade em Manaus, que impossibilita troca de plantas medicinais na comunidade do bairro. Estas são comercializadas em feiras e mercado central. R.R.S.(40) reside há trinta anos no Japiim, e na sua família há a tradição de usar remédios caseiros feitos com plantas medicinais. Cultiva horta caseira, onde planta pata de vaca, mucuracaá, limão e etc. Figura 41 – Jardim de plantas medicinais em uma residência no bairro Japiim. Foto de Gloria Paiva (2001). 136 7.3 Princípio da dignidade humana Os estudos efetuados nesta pesquisa indicam a grande intensidade do uso de plantas medicinais pelas comunidades carentes de Manaus, até mesmo nos tratamentos de doenças crônicas degenerativas, que necessitam de acompanhamento médico rigoroso. Verifica-se também um certo grau de desconhecimento do valor terapêutico das espécies e falta de critérios sobre como manipular as plantas, como cultivá-las e quais dosagens devem ser usadas. Reforça, portanto, o direito à saúde a necessidade de programas de orientação á população, para permitir o uso racional das espécies e diminuir os riscos decorrentes da utilização inadequada. O princípio da dignidade da pessoa humana, que abarca o direito á saúde, na Constituição Brasileira está inserido no “ Título I – Dos princípios fundamentais”, consistindo um dos fundamentos do nosso Estado Democrático de Direito. O princípio da dignidade da pessoa humana, cuja concretização somente é possível com a realização dos objetivos máximos da organização social, dentre eles a erradicação da pobreza e da marginalização. Trata-se de princípio ao qual todos os órgãos encarregados da aplicação do direito devem ter em conta, seja em atividades interpretativa seja em atos inequivocamente conformadores (leis, atos normativos, entre outros) (GOMES, 1996). Com efeito, o princípio da dignidade humana caracteriza-se por ser “princípio moral que enuncia que a pessoa humana não deve nunca ser tratada apenas como um meio, mas como um fim em si mesmo; ou seja, que o homem não deve jamais ser utilizado como meio sem se levar em conta que ele é, ao mesmo tempo, um fim em si (ASSIS, 2000). 137 O direito de cada indivíduo de viver em condições favoráveis à dignidade humana está expresso no texto constitucional, prevalecendo sobre outros princípios inseridos no ordenamento, inclusive o do direito de propriedade. É a matriz, juntamente com o direito à isonomia, de todos os direitos fundamentais do ser humano. Não se pode cancelar o direito à vida, à liberdade, à intimidade, à família, à justiça, à paz, senão com o efetivo respeito ao direito à dignidade. A dignidade humana não se reclama, nem tampouco se negocia. Ela se impõe, de maneira absoluta, para que a vida seja digna de ser vivida (DELPERÉE, 1999). Em Fortaleza a informação sobre o uso correto das plantas medicinais tornou-se um bom exemplo. O Núcleo de Assistência Farmacêutica da Prefeitura Municipal de Fortaleza desenvolve o Projeto Farmácias Vivas há dez anos. Atualmente têm-se instaladas quatro oficinas farmacêuticas de manipulação de fitoterápicos, os quais são dispensados nos postos de saúde com prescrição médica. Observou-se que apesar da grande aceitação, a maioria dos pacientes necessita de esclarecimentos de que as plantas medicinais são medicamentos quando usados corretamente (MOURA et al., 2000). Como conseqüência dessa necessidade de desenvolver um trabalho educativo elaborou-se um álbum seriado intitulado, “Informações sobre o uso correto das plantas medicinais”, o qual apresenta os seguintes tópicos: vantagens e riscos na utilização das plantas medicinais, automedicação, uso descuidado de plantas tóxicas, cuidados importantes ao utilizar as plantas medicinais, dosagens e preparações caseiras. 138 7.4 Direito à Saúde A determinação (saúde como direito de todos) premissa do nosso sistema de saúde atual, já existe deste a década de 70 como cláusula pétrea da Constituição Federal, prevê políticas sociais, objetivando o acesso universal e a participação da comunidade na política e execução nos programas de saúde. Necessita, entretanto, aperfeiçoamento constante, conforme informações de carências percebidas pelos usuários do setor de saúde. Na realidade, apenas alguns municípios brasileiros adotam as plantas medicinais nos seus programas de saúde, capacitando agentes de saúde a respeito e incorporando conhecimentos regionais locais. Aí fica a questão, todo brasileiro tem direito à saúde? Dallari (1997) respondendo a esta indagação, afirma que sim. Hoje o Brasil poderia iniciar um processo que garantirá dentro de curto prazo o direito à saúde de todos brasileiros. A verificação de que os níveis de vida e de saúde, em todas as regiões, são baixos está a instigar o Estado Brasileiro a mudanças. Constatou-se que muitos brasileiros vivem mal porque moram em cidades que não se preparam para recebê-las, não lhes dando sequer local adequado para residir, meio de transporte suficiente para conduzí-los ao trabalho e, às vezes, nem o emprego necessário para a sobrevivência de sua família; porque não recebem o suficiente para se manterem vivos e com dignidade, e eles vivem mal hoje e deverão viver ainda amanhã porque seus filhos não têm acesso às escolas e a família possui baixo nível de saúde. Todo brasileiro pode ter saúde porque as grandes diferenças na situação de vida e de saúde da população entre as regiões e dentro de uma mesma região mostram que é preciso trabalhar a nível local. O Brasil possui a esfera de poder local autônoma. Isso quer dizer que todas as ações que interessem diretamente ao poder local podem ser decididas com eficácia pelo município. 139 A Amazônia brasileira é detentora da maior biodiversidade do planeta, fato avaliado e comprovado nas ciências da saúde, biológica e na saúde popular. Todavia, necessita agregar valores a este patrimônio natural (Figura 42) associando ao conhecido pelas comunidades, que o identifica e usa em sua conceituação integral, localizada em solo brasileiro, promovendo assim por medidas compensatórias pelos conhecimentos tradicionais destas comunidades, uma melhoria na qualidade de vida dessas pessoas. Figura 42– Vista aérea da floresta amazônica. Foto: Revista UNB – ano 1, n.2, 2001. 140 CONSIDERAÇÕES FINAIS 141 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS A legislação normatizadora do uso de plantas medicinais é tratada de modo não sistemático, estando incorporada como uma matéria do Direito Constitucional e na legislação ordinária. São questões jurídicas em evolução paralela ao desenvolvimento científico da matéria, com suas conseqüentes inovações, estando até mesmo tratada em medidas provisórias, como parte do Código Florestal e os direitos relativos aos conhecimentos tradicionais e propriedade intelectual dos mesmos. Para uso e gozo dos bens e riquezas particulares, no campo de plantas medicinais, o Poder Público impõe normas e limites, tendentes a coibir atos atentórios ao interesse público. Tais restrições não se originam da vontade do administrador, mas, sim da Constituição, cuja a regulamentação está afeita à leis federais que disciplinam a forma e o modo de intervenção, ancoradas, sempre, no princípio da supremacia de interesse público. O uso de plantas medicinais pela população manauara manteve-se significativo, desde a década de 90 a te 2001, e é uma prática arraigada no modus vivendi cultural, que tem novas nuances com a industrialização e urbanização crescente, abarcando também o uso atualmente de fitoterápicos. Esta nova tendência já foi detectada pelos empresários e produtores de insumos, derivados e órgãos públicos do setor, sendo objeto de ampla discussão nos encontro da plataforma tecnológica de fitoterápicos e cosmetologia, realizados em outubro e novembro de 2001 na SUFRAMA. Onde foram selecionadas para estudos cinco plantas medicinais prioritárias consagradas pelo uso popular e nativas da região, ou seja, unha-de-gato, crajirú, pedraume-caá, chichua e marapuama. 142 A utilização de plantas medicinais é uma prática milenar e sua eficácia terapêutica, redução de custos e otimização ao atendimento à saúde já vem sendo comprovado no Brasil, a partir de experiências municipais de saúde onde já foi introduzida a fitoterapia. No Amazonas, o estágio tecnológico industrial de uso de plantas medicinais encontra-se na etapa de fabricação de fitoterápicos e, existe apenas uma empresa de produtos naturais, apoiada científicamente por instituições como a UA e o INPA. A atuação de equipe multidisciplinar passa a ser estratégia dominante para a viabilização de projetos multidisciplinares envolvendo plantas medicinais. Visto que, resgata a importância terapêutica, social, econômica e ambiental das plantas medicinais por meio de uso e cultivo, integrando conhecimentos e buscando assim, uma melhoria de qualidade na vida urbana. Para tal, como agente atuante indica-se agrônomos, técnicos agrícolas, farmacêuticos, acadêmicos das universidades, agentes de saúde, membros voluntários de pastorais, enfermeiras, assistentes sociais e médicos do Programa Saúde da Família. Como sistemática operacional poderia ser realizada em fases distintas. 1ª fase: Capacitação e formação profissional através de palestras, vídeos e cursos com lideranças nas comunidades urbanas e em transição. 2ª fase: Cultivo supervisionado de plantas medicinais em comunidades e escolas, os quais servirão de matéria prima para a produção de medicamentos. 3ª fase: Manipulação de fitoterápicos em laboratório cefrofriado em forma de xaropes, cremes e soluções. 4ª fase: Atendimento clínico as comunidades em unidades de saúde, sob prescrição médica de profissionais do Programa de Saúde da Família. 5ª fase: Divulgação dos resultados do projeto multidisciplinar: uso de folhetos explicativos, vídeos e reuniões nas comunidades a fim de esclarecer a utilização de plantas medicinais, desde o cultivo ao uso terapêutico, cuidado com a automedicação, efeitos colaterais, reações adversas, uso de espécies incorretas, forma de administração e outros. 143 A legislação vigente sobre a conservação dos recursos naturais para os moradores do bairro Japiim, não é uma necessidade de tutela do meio ambiente e sim, uma ação fiscalizadora do IBAMA, percebida de modo globalizada e ideologicamente dominante pela televisão. O Poder Público é visto como entidade distante, mas que deveria apoiar processos participantes, assegurando um espaço suficiente para a comunicação e segurança pessoal daqueles que erguem as suas vozes, mesmo em temas conflitantes, como saúde pública e utilização de plantas medicinais. Os resultados obtidos neste trabalho reforçam a teoria que a população local é capaz de articular seus interesses e ter espaço para participação em matéria de saúde pública, suprindo a carência de infraestrutura com suas hortas de plantas medicinais plantadas em fundo de quintal. Solidarizando-se e permutando plantas medicinais com amigos e familiares, através das associações de mães, igrejas e associação de moradores. É uma visão de justiça distributiva, justiça como princípio que garante a relação equânime, justa e universal dos benefícios dos serviços de saúde. Posto que a justiça sempre foi vista como parte da consciência da cidadania e luta pela direito à saúde. 144 BIBLIOGRAFIA 145 9 BIBLIOGRAFIA ALBUQUERQUE, U. P. (2000) A Etnobotânica no Nordeste Brasileiro. In: Congresso Nacional de Botânica, 51o, Brasília, Tópicos atuais em botânica. Brasília: EMBRAPA/Sociedade Botânica do Brasil, 2000. p.240-249. ALCÂNTARA, H. R. (1985) Toxicologia clínica e forense. São Paulo: ANDREI. ARAÚJO, A. V. (1956) Introdução a sociologia da Amazônia. Manaus: [s.e.], 485p. ARAÚJO, I. N. (1999) A medicina popular. Natal: UFRN, 117p. ARNT, R. (2001) O poder verde. Revista Exame, n.9, maio. ASSIS, W. L. L. (2000) Função social da propriedade urbana e exclusão social. In: CAOHURB (Og.) Temas de Direito Urbanístico 2. São Paulo: IMPRENSA OFICIAL, 171p. AYRES, J. M. (2001) Pobreza é ameaça a preservação de espécies. Revista de UNB, n.2, junho. AZEVEDO, G. C.(2000) Representações Sociais de Meio Ambiente: Um estudo de caso com pesquisadores do INPA e moradores sobre a “Reserva Ducke” em Manaus/Amazonas. Manaus:INPA.169f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) Universidade Federal de Santa Catarina. Santa Catarina, Florianópolis. BATISTA, A. O. (1998) As plantas que curam. Manaus: SEDUC. BECKER, B. (1990) Amazônia. São Paulo: ÁTICA. BIANCARELLI, A. (2001) Brasil começa a investir em sua horta. Folha de São Paulo, p.c1. 29.04.01 BOBBIO, N. (1992) Estado, Governo e Sociedade. São Paulo: Paz e Terra. BONTEMPO, M. (1994) Medicina Natural. São Paulo: NOVA CULTURAL, 584p. BOTELHO, J. B. (1991) Medicina e Religião: Conflito de Competência. São Paulo: Valério Thomaz LTDA. BOTELHO, J. B. (1991) Medicina e Religião: Conflito de Competência. São Paulo: Valério Thomaz LTDA. 146 BOTSARIS, A. S. (1997) As formulas mágica das plantas. Rio de Janeiro: NOVA ERA, 619p. BRAGANÇA, L. A. R. (1996) Plantas medicinais antidiabéticas. Rio de Janeiro; EDUFF, 300p. BRICKS, L. F. (1995) Medicamentos Utilizados em Crianças para Tratamento do Resfriado Comum: Riscos vs x Benefícios. Pediatria, v.2., n.17, p.73-78, BRIGANTI, E. (1987) Danno ambientale e responsabilitá oggetiva. In: ______ Dano Ambientale e Tutela Giuridica. Padova: CEDAM. CAMARGO, M.T.L.A. (1985) Medicina Popular: Aspectos metodológicos pra pesquisa, garrafada. São Paulo: ALMED. CAPELLETTI, M. (1997) Acesso a Justiça. Porto Alegre: SAH. CARLOS, A. F. (1994) A cidade. São Paulo: Contexto. CARRICONDE, C.; MORES, D.; FRITSCHEN, M. V.; CARDOSO Jr. E. L. (1996) Plantas medicinais & Plantas alimentícias. Olinda, Pernambuco: Centro Nordestino de Medicina Popular, v1., 151p. CASTRO, B. G. (1970) Farmacopéia Indígena I. Anais da Faculdade Federal de Recife, Pernambuco. p. 12-13. CHAUÍ, M. D. (1990) Cultura e Democracia: O discurso competente e outras falas. São Paulo: CORTEZ. CHOPRA, D.; SIMON, D. (2001) O Guia de Ervas. Rio de Janeiro: Editora Campus, 270p. CORRÊA, A. D.; BATISTA, R. S.; QUINTAS, L. E. (1998) Plantas Medicinais – do Cultivo a Terapêutica. Petrópolis: VOZES. COSTA, J. M. M. (1987) Os grandes projetos da Amazônia: Impactos e perspectivas. Belém: NAEA/UFPA. COSTA, P.R. (1989) Plantas Medicinais Nativas Aclimatadas da Região Amazônica. Manaus: Universidade do Amazonas/LBA. 135p. COSTA, F. A. (1992) Ecologismo e Questão Agrária na Amazônia. Belém: NAEA/UFPA. COSTA, G. Pe. (2000) Migração na Amazônia. In: Oliveira, J. A. & Guidotti, H. Pe. (Org.) A igreja arma sua tenda na Amazônia. Manaus: EDUA, p. 55-68. 147 COSTA, S. S (2000) Atividade carbonífera no sul de Santa Catarina e suas conseqüências sociais e ambientais, abordados através da análise estatística multivariada. 170f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. DALLARI, S. G. (1997) A saúde do brasileiro. 2. ed. São Paulo: Moderna. DELPERÉE, F. (1999) O direito da dignidade humana, direito constitucional. Estudos em homenagem a Manoel Gonçalves Ferreira Filho. São Paulo: DIALËTICA, p154. DREIFFUSS, R. (1991) A nova ordem transacional. Carta: Falas Reflexos e Memórias, Brasília, n.1, p.-119-126. DRUMMOND, J. A. (2000) Recursos Naturais, Meio Ambiente e Desenvolvimento na Amazônia Brasileira: Um Debate Multidisciplinar. In: História, Ciências e Saúde – Visões da Amazônia.v.9, suplemento de setembro 2000. Rio de Janeiro, Fundação Oswaldo Cruz p. 1135-1177. FACHIN, O. (1993) Fundamentos de Metodología. São Paulo: ATLAS, 140p. FERNANDES, T. M. (2000) Plantas Medicinais: A comunidade científica e as políticas governamentais (1960-1998). In: SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, XVI, 2000. Recife. Resumos... Recife, p.160. FERREIRA, A.A; PEREIRA JUNIOR, O.R.; SILVA, J.D. da, (1998) Estudo Fitoquímico da Espécie Calophyllum angulare. In: Jornada de Iniciação Científica, 7. Manaus, INPA. Anais ... p.121-122. FIORILLO, C. A.P.; DIAFÉRIA, A. (2001) Biodiversidade e patrimônio genético no direito ambiental brasileiro. São Paulo: MAX LIMONAD, 254p. FOLLE, A. D. (1998) Proteção de cultivares. In: Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro (Orgs.) Políticas de Propriedade Intelectual, Negociação, Cooperação e Comercialização de Tecnologia em Universidades e Instituições de Pesquisa: Analise e Proposições. Rio de Janeiro: REPICT, 146p. FONSECA, D.; FIORAVANTE, C. (1995) As plantas milagrosas. Globo Ciência, n.53, p. 16. FRÓES, V.; ROCHA, A. (1997) Alquimia Vegetal. Rio de Janeiro: NOVA ERA. GIL, A. C. (1991) Métodos e Técnicas de Pesquisas Sociais. São Paulo: Atlas. 207p. GOMES, M.T.S (1996) A responsabilidade civil na tutela do ambiente – panorâmica do direito Português. Revista de Direito Ambiental, n.4. 148 GREENWOOD, E. (1973) Metodologia de la Investigacion Social. Buenos Aires: Paidos. 128p. GUIMARÃES JUNIOR, J.L. (2000) Tutela Legal do Paisagismo. In: CAOHURB. Tema de Direito Urbanístico 2. São Paulo: IMPRENSA OFICAL, p.171. HECK, E. D. (2000) SIPAM e a autodeterminação na Amazônia. In: Oliveira, J. A. & Guidotti, Pe. H. (Org.) A igreja arma sua tenda na Amazônia. Manaus: EDUA, p. 95-105. HOMMA, A. H.O. (1989) A extração de recursos naturais renováveis: O caso do extrativismo vegetal da Amazônia. Tese (Tese de Doutorado) Campinas, Universidade Estadual de Campinas. JOUGLARD, J. (1977) Étude Epidemiologique et Toxicologique des Intoxications par les Vegetaux Superieurs Recueillies par lê Groupement Français dês centres Anti-poisons. França: [s.e.]. LIMA, R. M.; CAMPOS, M. A. A.; COSTA, S. S. (1993) Ocorrência de plantas medicinais nos quintais em três regiões do médio Solimões. In: Congresso de Botânica, XLIV. São Luiz, Maranhão. Anais... São Luiz. p.10. LOYOLA, R. (1978) Medicina popular em saúde e medicina no Brasil: contribuição para debate. Rio de Janeiro: GRAAL, p.225-237. MACHADO, P.A.L. (1998) Direito ambiental brasileiro. São Paulo: MALHEIROS, 894p. MAIA, J. G. (2001) Nichos de negócios com base nos produtos naturais amazônicos. Disponível em:<<htt//www.sbpcnet.org.Br>>. Acesso em: 24 de abr.2001, MAIMON, D. (2000) A globalização da ecologia e expansão de mercado dos produtos da Amazônia. In: CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA, 51o, Brasília, Tópicos Atuais em botânica. Brasília: EMBRAPA/Sociedade Botânica do Brasil, 2000. p.319325. MARTINE, G. (199) População meio ambiente e desenvolvimento. Campinas: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 207p. MARTINEZ , M. (1981) Legislación sectorial, legislación generale. In: _______ Derecho y Medio ambiente. Madri: MOPU. MARTINS JUNIOR, O.P. (1996) Uma cidade ecologicamente correta. Goiânia: Cultura e Qualidade, 200p. MEDINA, N. M. & SANTOS, E. C (2000) Educação ambiental – uma metodologia participativa de formação. Petrópolis: Vozes. 229p. 149 MILARÉ, É. (2000) Direito do Ambiente – doutrina – prática – jurisprudência – glossário. São Paulo: Revista dos Tribunais. 687p. MING, L.C.; GAUDENCIO, P.; SANTOS, V.P. (1997) Plantas medicinais – uso popular na reserva extrativista Chico Mendes – Acre. São Paulo: CEPLAN, 165p. MORAM. E. (1990) A ecologia das Populações da Amazônia. Petrópolis: Vozes. MOREIRA, H. F. (1972) Plantas medicinais – I. Paraná, Curitiba: Universidade Federal do Paraná. 103p. MOURA, L.C.; SANTOS, M.G.; BANDEIRA, M.A.; LOPES, A.E.C. (2000) Informação sobre uso correto das plantas medicinais. In: SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, XVI, Recife, 2000. Resumos...p.145. NOBRE, C.A. (2001) Terra sofre com alteração climática. Revista da UNB, n.2. NODA, S. N. (2000) Na terra como na água: Organização e Conservação de Recursos Naturais terrestres e Aquáticos em uma comunidade na Amazônia Brasileira. Mato Grosso: UFMG. 182p.Tese (Doutorado em Ecologia e Conservação da Biodiversidade) – Universidade Federal de Mato Grosso, Mato Grosso, Cuiabá. NUNES, E. (1989) Carências Urbanas, Reivindicações Sociais e Valores Democráticos. Lua Nova, v.17, p.77-79. OLIVEIRA, J. A. (2000) Urbanização da Amazônia: Novas integrações e velhas exclusões. In: OLIVEIRA, J. A. & GUIDOTTI, Pe. H. (Orgs.) A igreja arma sua tenda na Amazônia. Manaus: EDUA, p. 155-177. PAULA, A. M. (1993) Representações sociais: Uma aproximação do conceito. Rio de Janeiro: [s.e.]. PINHO, J.A. (1998) Planejamento Estratégico da Propriedade intelectual: 1998-2000. In: Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro (Orgs). PINTO, E. R. F. (2000) Quem é o povo brasileiro deste pedaço de Brasil?. In: OLIVEIRA, J. A. & GUIDOTTI, Pe. H. (Orgs.) A igreja arma sua tenda na Amazônia. Manaus: EDUA, p. 247-255. PRANCE, G. T. & SILVA, M. F. (1975) Árvores de Manaus. Manaus: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/ INPA. 105p. REVILLA, J. (2000) Plantas da Amazônia – oportunidade econômicas e sustentáveis. Manaus: SEBRAE, 403p. REVILLA, J. (2001) Cultivando a saúde em hortas caseiras e medicinais. Manaus: SEBRAE, 102p. 150 RIBEIRO FILHO, V. (1999) Mobilidade Residencial em Manaus: uma análise introdutória. Manaus: EDUA. 197p. RODRIGUES, C. A.P. (1997) Manual de direito ambiental e legislação aplicável. São Paulo: MAX LIMONAD. ROLNIK, S. (1989) Cartografia sentimental: Transformações do desejo. São Paulo: Estação Liberdade. ROMARIZ, D. A. (1986) Aspectos da vegetação do Brasil. São Paulo: Biociência, 60p. SANTOS, M. (1992) A Urbanização Brasileira. 3.ed. São Paulo:HUCITEC, 157p. SANTOS, M.V.N (2000) Loteamentos irregulares e clandestinos – a improbidade administrativa decorrente da omissão dos agentes públicos no seu dever de fiscalização. In: CAOHURB. Tema de Direito Urbanístico 2. São Paulo: IMPRENSA OFICAL, p.171. SARABIA, R.H.O. (1999) Educação Ambiental na Região Amazônica e Desenvolvimento Sustentável. Manaus: EDUA, 124p. SCHUBART, H. O. R. (1983) Ecologia e Utilização das Florestas. In: Salati E. (Orgs.) Amazônia: desenvolvimento, integração e ecologia. São Paulo: CNPq. P. 102-143. SCHVARTSMAN, S. (1992) Plantas venenosas e animais peçonhentos. São Paulo: Sarvier, 288p. SILVA, J.A. (1997) Direito ambiental constitucional. São Paulo: MALHEIROS, p.152. SILVA, M.C. (1999) Metamorfose da Amazônia. Manaus: EDUA, 309p. SILVA, M.F.; LISBÔA, P.L.B.; LISBÔA, R.C.L. (1977) Nomes vulgares de plantas amazônicas. Belém:INPA. SOARES, M.P. (1998) Verdes urbanos e rurais. Porto Alegre: Editora Cinco Continentes, 242p. SPONSEL, L.E. (1995) Indígenous peoples and the future of Amazonia: An ecological anthropology of an endangered world. [s.l.]: University of Arizona Press. STASI, L. C. (1989) Plantas medicinais na Amazônia. São Paulo: UNESP. p. 12–18. TÁCITO, C. (1985) O poder de polícia. Revista de Direito Administrativo, n.162. 151 TOKARNIA, C.H.; DOBEREINER, J. & SILVA, M. F. (1979) Plantas tóxicas da Amazônia. Manaus: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/INPA ZACHÉ, J. (2001) Plantas medicinais fitoterápicos. Revista Isto É, 6 junho. ZANETTI, E.A. (2001) Marca Brasil-Selo Commodities Ambientais. Revista Eco 21, n.54, maio. 152 ANEXOS 153 Anexo I Modelo de questionários constituídos de perguntas abertas, fechadas e de reforço sobre: dados pessoais; dados sobre os recursos vegetais utilizados como terapia; dados sobre o conhecimento da legislação vigente a respeito das plantas medicinais. 154 PLANTAS MEDICINAIS E LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE MANAUS - AM QUESTIONÁRIO No = Dados pessoais do entrevistado Local: Data: Sexo: Idade: Profissão: Escolaridade: Local de nascimento: Residente em Manaus? Quanto tempo? Dados referentes o uso de plantas medicinais Quando você se sente doente, Recorre aos remédios caseiros ? Caso a resposta seja remédios caseiros. Por que? procura o médico? Sim Não Sim Não Acredita que as plantas podem curar? Sim Não 155 Você já utilizou alguma planta para trazer melhoria a sua vida? Sim ( ) Não ( ) Quais as plantas utilizadas ? Código Nome Partes usadas Preparação Uso (finalidade) Observações: 156 Quantas vezes são usadas ao ( ) Vezes ao dia dia e por quanto tempo? ( ) Dias ou ( ) Meses Outras informações! Que outras informações você poderá nos oferecer a respeito dessas plantas? Onde você consegue essas plantas (origem)? Na feira ( ) No mercado ( ) Na farmácia ( ) No supermercado ( ) Na horta caseira ( ) Na comunidade ( ) Em outros ( ) Conhece a legislação vigente sobre a conservação dos recursos naturais? 158 TABELA MODELO Tabela 1 – Descrição das plantas medicinais com suas respectivas classificações taxonômicas, e o processo terapêutico, segundo a população manauara. Código Nome Popular Científico Família Partes Preparação Terapia usadas Anexo II O levantamento do material vegetal foi feito a partir da nomenclatura popular das espécies (identificação etnobotânica) sendo sua identificação botânica efetivada através de materiais bibliográficos 160 Lista das plantas medicinais registradas no Japiim (2001) e os respectivos nomes científicos (conforme a bibliografia disponível), em 2001. Cód. NOME VULGAR NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA 1. Abacate Persea americana Lauraceae 2. Abacaxi Ananas comosus Bromeliaceae 3 Açafrão Curcuma longa Zingiberaceae 4 Açaí Euterpe oleracea Palmae 5 Alfavaca Ocimum basilicum Lamiaceae 7 Algodão Gossypium barbadense Malvaceae 8 Algodão roxo Gossypium herbaceum Malvaceae 9 Alho Allium sativum Liliaceae 10 Amor crescido Portulaca pilosa Portulacaceae 11 Anador em planta Alternanthera bettzickiana Amaranthaceae 12 Andiroba Carapa guianensis Meliaceae 13 Alecrim Rosmarinus officinalis Lamiaceae 14 Araçá Psidium cattleyanum Myrtaceae 15 Araçá-boi Psidium littorale Myrtaceae 16 Arruda Ruta graveolens. Rutaceae 17 Babosa Aloe barbadenses humilis Liliaceae 18 Banana-pacovã Musa paradisiaca Musaceae 19 Beterraba Beta vulgaris Chenopodiaceae 20 Boldo Vernonia condensata Asteraceae 21 Cabacinha Luffa operculata Cucurbitaceae 22 Cabelo de milho Zea mays Poaceae 23 Cagaiteira Eugenia dysenterica Myrtaceae 24 Cajá Spondias lutea Anacardiaceae 25 Caju Anacardium occidentale Anacardiaceae 26 Camomila Matricaria chamomilla Asteraceae 27 Cana roxa Pithecellobium multiflorum Fabaceae 28 Canela Ocotea opifera Lauraceae 29 Caapeba Cissampelos glaberrima Menispermaceae 30 Capim santo Cymbopogon citratus Poaceae 31 Capitu Siparuna foetida Monimiaceae 32 Carambola Averrhoa carambola Oxalidaceae 33 Carapanauba Aspidosperma carapanauba Apocynaceae 34 Castanha do Pará Bertholletia excelsa Lecythidaceae 35 Castanhola Terminalia catappa Combretaceae 36 Catinga-de-mulata Leucas martinicensis Lamiaceae 37 Cebola Allium fistulosum Liliaceae 38 Cebola-branca Allium cepa Liliaceae 39 Cedro-branco Cedrela fissilis Meliaceae 40 Cedro-vermelho Cedrela odorata Meliaceae 41 Alfazema Lavandula spp Lamiaceae 42 Chicória Cichorium endivia Asteraceae 43 Cibalena Artemisia sp. Asteraceae 161 Continua... 44 Cidreira Lippia alba Verbenaceae 45 Cipó-tuíra Prevostea ferruginea Convolvulaceae 46 Cipó-alho Adenocalymna alliaceum Bignoniaceae 47 Coco Cocos nucifera Arecaceae 48 Comigo-ninguém-pode Dieffenbachia amoena Araceae 49 Confrei Symphytum officinale Boraginaceae 50 Copaiba Copaifera multijuga Fabaceae 51Coquinho (Sinonimia marupazinho Eleutherine plicata Iridacea 52 Corama Bryophyllum calycinum Crassulaceae 53 Couve Brassica oleracea Cruciferae 54 Crajirú Arrabidaea chica Bignoniaceae 55 Cravinho Caryophyllus aromaticus Myrtus Caryophyllata Tagetes minuta Crescentia cujete Piper callosum Melissa officinalis Peperomia pellucida Pimpinella anisum Eucalyptus globulus Psychotria colorata Zingiber officinale Sesamum indicum Psidium guajava Annona muricata Osinomimia malvarisea Mentha piperita Spilanthes oleraceae Eupatorium triplinerve Eupatorium triplinerve Jaracatia digitata Hymenaea courbaril Scindapsus aureus Caesalpinia ferrea Solanum paniculatum Citrus sinensis Citrus limonum Citrus aurantifolia Achyrocline satureioides Malva parviflora Marrubium vulgare Carica papaya Mangifera indica Myrtaceae Myrtaceae Asteraceae Bignoniaceae Piperaceae Lamiaceae Piperaceae Umbelliferae Myrtaceae Rubiacea Zingiberaceae Pedaliaceae Myrraceae Annonaceae Lamiaceae Lamiaceae Asteraceae Asteraceae Asteraceae Caricaceae Fabaceae Araceae Fabaceae Solonaceae Rutaceae Rutaceae Rutaceae Asteraceae Malvaceae Lamiaceae Caricaceae Anacardiaceae 56 Cravo de Anjo 57 Cravo de defunto 58 Cuia mansa 59 Elixir-paregorico em planta 60 Erva cidreira 61 Erva de jabuti 62 Erva doce 63 Eucalipto 64 Flor de Perpétua 65 Gengibre (Mangarataia) 66 Gergilim 67 Goiabeira 68 Graviola 69 Hortelã de folha grauda 70 Hortelãzinho 71 Jambú 72 Japana-branca 73 Japana-roxa 74 Catiá 75 Jatobá 76 Jibóia 77 Jucá 78 Jurubeba 79 Laranja 80 Limão 81 Limeira 82 Macela 83 Malva-do-Reino 84 Malvarisco 85 Mamão 86 Mangueira 162 Continua... 87 Manjericão 88 Urubu caá 89 Manjerona 90 Maracujá 91 Maria-mole 92 Marupá 93 Marupari 94 Mastruz 95 Melhoral em planta 96 Milho 97 Murupé 98 Mostarda 99 Mucura-caá 100 Mutuquinha 101 Óleo elétrico 102 Orelha de burro 103 Oriza 104 Espada de São Jorge 105 Pata de Vaca 106 Pinhão branco 107 Pinhão roxo 108 Pimenta Malagueta 109 Pirarucu-carqueja 110 Planta da Guiné 111 Pluma 112 Pobre-velho 113 Quebra-pedra 114 Sabugueiro 115 Sacaca 116 Salva de marajó 117 Sucuba 118 Tabaco 119 Taperebá 120 Trevo roxo 121 Uirapuru 122 Vassourinha 123 Vick em planta 124 Vindicaá 125 Unha de gato 126 Pau d'arco 127 Cana-de-açúcar 128 Pedra ume caá 129 Camu camu Ocimum micranthum Aristolochia trilobata Majorana hortensis Passiflora edulis Commelina nudiflora Sumarauba versicolor Eleutherine bulbosa Chenopodium ambrosioides Coleus barbatus Zea mays Brosimopsis acutifolia Brassica alba Petiveria alliacea Satureja sp Piper callosum Sansevieiria sp Pogostemon heyneanus Sansevieria trifasciata Bauhinia candicans Jatropha curcas Jatropha gossypiifolia Capsicum frutescens Portulaca oleracea Petiveria alliacea Tanacetum vulgare Costus spicatus Phyllanthus niruri Sambucus nigra Croton cajucara Hyptis crenata Himatanthus sucuuba Nicotiana tabacum Spondias lutea Hyptis atrorubens Peperomia sandersii Scoparia dulcis Faramea corymbosa Alpinia nutans Uncaria tomentosa Tabebuia avellanedae Saccharum officinarum Myrcia sphaerocarpa Myrciaria dubia Lamiaceae Aristolochiaceae Lamiaceae Passifloraceae Commelinaceae Simaraubaceae Iridaceae Chenopodiaceae Lamiaceae Poacece Moraceae Brassicaceae Phytolaccaceae Lamiaceae Piperaceae Liliaceae Lamiaceae Liliaceae Fabaceae Euphorbiaceae Euphorbiaceae Solanaceae Portulacaceae Phytolaccaceae Asteraceae Zingiberaceae Euphobiaceae Caprifoliaceae Euphorbiaceae Lamiaceae Apocynaceae Solanaceae Anacardiaceae Lamiaceae Piperaceae Scrophulariaceae Rubiaceae Zingiberaceae Rubiaceae Bignoniaceae Poaceae Myrtaceae Myrtaceae 163 Anexo III Banco de dados 164 Banco de dados Plantas medicinais (qu = no do questionário; idpl = identidade da planta). ques nome idpl parte prepara finalidade 15 11 27 5 16 7 8 3 27 13 22 14 16 12 20 21 20 10 27 8 21 23 17 24 16 20 21 28 22 6 20 7 26 22 17 25 12 24 11 3 18 27 23 1 4 Abacateiro Abacateiro Abacateiro Abacateiro Açafrão Açaí Aça Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Açaí Agrião Alecrim Alfavaca Alfazema Alfazema Algodão-roxo Algodão-roxo Alho Alho Alho Alho Alho Alho Amor crescido Amor crescido Amor crescido Amor crescido Anador Andiroba Andiroba Andiroba Andiroba Andiroba Andiroba Andiroba Andiroba Andiroba Andiroba Andiroba Andiroba Andiroba 1 1 1 1 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 5 121 6 41 41 8 8 9 9 9 9 9 9 10 10 10 10 11 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 113 12 folha e semente folha folha folha tubérculo raiz raiz raiz raiz, folha raiz raiz raiz raiz raiz inteira folha ramo, folha flor folha e flores folha semente bulbo bulbo bulbo bulbo bulbo bulbo galho toda planta folha, galho folha e galho folha óleo, semente óleo óleo óleo óleo óleo óleo óleo óleo óleo óleo óleo essencial óleo Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Limpa deixa em decocção Sumo e chá Chá Chá Chá Chá Chá Lambedor Chá Alcoolatura e infusão Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Emplastro e infusão Chá Chá Chá e emplasto Chá Chá e infusão Lambedor e emplasto Óleo + sal Chá (2gotas) e infusão Oléo + mel de abelha Chá e infusão Fricção Extração Embrocação e gotas Chá e infusão Embrocação e emplastro Manda buscar - Pará Extração (Compra em Fígado, rins e anemia. Fígado. Anemia, diurético, dor de cabeça. Combate a anemia e ameba recorrente. Fígado e hepatite. Hepatite Hepatite Diabetes Anemia e picada de cobra. Canseira nas pernas. Hepatite. Inflamação e hepatite. Diabetes e Dengues. Hepatite. Gripe e tosse. Estômago. Ferida, empingem e corte. Bronquite, Asma e Fígado. Insônia, bronquite e asma. Reumatismo, útero mioma Infecção e febre. Hipertensão e gripe. Hipertensão. Câncer, via respiratória e gastroenterite. Hipertensão. Hipertensão. Gripe e analgésico. Ferida e fígado. Estômago e rins. Queda de cabelo Queda de cabelo, corte, contusão e febre. Dor de estômago Febre, cicatrizante e papeira. Gripe e contusão. Contusão. Cicatrizante e papeira. Gripe e Otite. Febre, amidalite e reumatismo. Reumatismo. Amidalite e otite. Amidalite e otite. Febre, cicatrizante e papeira. Amidalite e contusão. Contusões embrocação para laringite Repelente e Embrocação (Amídalas) 165 qu nome 21 19 5 20 10 16 30 Andiroba Andiroba Andiroba Andiroba Andiroba Andiroba Andiroba 9 7 13 28 14 29 1 4 13 3 2 27 9 4 25 18 30 5 6 11 1 8 16 24 19 20 11 12 4 22 1 9 1 8 30 12 1 Andiroba Andiroba Andiroba Andiroba Andiroba Andiroba Anunzinho Araçá Araçá Araça-boi Arruda Arruda Arruda Babosa Babosa Babosa Babosa Babosa Babosa Beterraba Boldo boldo Boldo Boldo Boldo Boldo Boldo Boldo Boldo Boldo Caatinga de Mulata Cabacinha Cabacinha ou Buchinha Cabelot de milho Cagaiteira Caju Caju idpl 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 110 14 14 15 16 16 16 17 17 17 17 17 17 19 17 20 20 20 20 20 20 20 20 20 36 21 18 22 23 25 20 parte prepara finalidade óleo óleo óleo óleo óleo óleo óleo Óleo+mel de abelha Lambedor Embrocação e enplastro Chá 2 gotas e lambedor Pinga óleo Embrocação e pingos + águas Embrocação e emplastro Catarro. Cicatrizante. Antiinflamatório e cicatrizante. Gripe e pneumonia. Nariz, Ouvido. Gargarejo e amidalite Contusão e amidalite. óleo óleo óleo óleo óleo óleo folha folha folha folha folha ramos e folhas folha Sumo folha folha folha folha folha fruto folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha casca e folha palha folha e casca casca casca Óleo + enxofre Extração do óleo Aquece, faz fricção Chá e emplastro Embrocação Embrocação e emplastro Chá Importa da mãe zona leste. Chá chá Chá Sumo e chá Chá Parte, tira a baba e aplica em Sumo uso interno e externo Sumo Sumo Sumo Cozer, macerar, coar o sumo Emplasto Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Esfarela a folha Chá e garrafada p/ inalação Chá Chá Chá Água serenada + decocção Curuba e empinge Amidalite e contusão Piolho. Contusão e cicatrizante. Amidalite. Contusão e amidalite. Anemia. Controle da pressão sanguínea e Antiinflamatório. Controle da pressão sangúinea. Gripes, tosses Otite e coceira. Dor de cabeça Controle de queda de cabelo. Calvície, erisipela e eczema. Queda de cabelo. Erisipela e eczema. Queda de cabelo Câncer Antisséptico. Infecções do fígado. Dengue Fígado, flatulência e reumatismo. Diurético, fígado e diarréia. Hepatite, fígado e diurético. Fígado e estômago. Desinteria. Fígado. Hepático/ Digestivo Diurético e malária. anti-inflamatório, unha Colesterol e diabetes sinusite Rins Diarréia, diabetes e icterícia. Asseio. Contusões. 166 ques nome 8 Cajueiro 15 3 29 16 16 8 10 1 17 6 1 21 4 5 25 28 9 3 17 6 9 12 26 23 10 14 19 5 12 14 4 11 23 3 28 7 1 13 25 25 17 14 6 18 17 Camomila Cajueiro Camu-camu Cana-de-açúcar Canela Capeba Capeba Capeba Capim santo Capim santo Capim santo Capim santo Capim santo Capim santo Capim santo Capim santo Capim santo Capim santo Capitu Carambola Carambola Carambola Carambola Carambola Carambola Carambola Carapanaúba Carapanaúba Carapanaúba Carapanaúba Carapanaúba Carapanaúba Carapanaúba Carapanaúba Carapanaúba Carapanaúba Carapanaúba Carapanaúba Carapanaúba Carqueja Castanha do Pará Castanholeira Cebola Cebola Cebola idpl parte prepara finalidade 25 Casca Chá Hemorragia e Reumatismo 26 25 72 27 28 29 29 29 30 30 30 30 30 30 30 30 30 30 31 32 32 32 32 32 32 32 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 0 34 35 37 38 37 Chá Água serenada e toma Bebida e geléia Chá e emplasto Chá e infusão Chá Chá Diversas Chá Chá Chá ou infusão. Chá Chá e Infusão Chá Chá Chá Chá Decocção Chá Chá Suco da folha Chá Chá Chá Chá Chá Chá Aplicação no local Chá Chá Chá Garrafada Chá Decocção Chá Decocção e repouso Infusão toma como Chá Chá Chá Chá Chá Chá Lambedor Chá e lambedor Cólica, desinteria e antiespasmódico. Lesões na pele. Gripe e fortificante. Hipertensão, picada de cobra e Gripe e dores abdominais. Malária Inchaço, retenção de líquido, varíola. Prevenir inflamações variadas Calmante. Brilho no cabelo Digestivo e calmante. Calmante, gases intestinais e Calmante e vermífugo. Calmante Calmante e antiespamódico. Calmante e flatulência. Calmante. Calmante Vermífugo e antiinflamatório. Câncer Colesterol redução. Baixa pressão, emagrecedor. Emagrecer. Emagrecer e diabetes. Diabetes e emagrecedor. Diabetes. Cicatrizante e emagrece. Dor de dente, ferida e tosse. Emagrecer e Fígado. Ovário e úlltero. Controle do peso e Inflamação Útero em geral, inflamações. Diabetes e febre. Emagrecer, antiinflamatório. Emagrecer e diabetes. Asseio Controle da glicemia (hipo-glicêmico), Emagrecedor. Antiinflamatório, bronquite e diabetes. Fígado, gripe e diabetes. Anemia. Inflamação e hepatite. Hemorróida. Tosse e asma. Diabetes e expectorante. folha Casca, entrecasca fruto broto e garapa folha e casca raiz raiz, folha folhas e raízes folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha casca óleo casca entrecasca Casca entrecasca casca, madeira casca e madeira casca casca e casca casca casca entrecasca casca e casca folha fruto casca bulbo bulbo bulbo 167 ques 18 18 6 8 22 25 28 7 16 25 9 14 3 24 3 25 11 17 24 12 27 9 26 4 7 10 15 21 28 29 10 1 30 20 26 29 27 12 7 13 28 22 21 24 25 19 nome Cedro Cibalena Cipó-alho Cipó-tuíra Cipó-tuíra Cipó-tuíra Cipó-tuíra Cipó-tuíra Cipó-tuíra Cipó-alho Cipó-alho Cipó-tuíra Cipó-tuíra Coco Coirama Coirama Coirama Coirama Coirama Coirama Coirama Coirama Coirama Coirama Coirama Coirama Coirama Coirama Coirama Confrei Confrei Copaíba Copaíba Copaíba Copaíba Copaíba Copaíba Copaíba Copaíba Copaíba Copaíba Copaíba Copaíba Copaíba Copaíba Copaíba idpl parte 39 43 46 45 45 45 45 45 45 46 46 45 45 47 52 52 52 52 52 52 52 52 52 52 52 52 52 52 52 49 49 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 casca folha folha cipó folha cipó cipó folha folha folha folha cipó cipó fruto folha tronco folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha óleo óleo óleo óleo óleo óleo óleo óleo óleo óleo óleo óleo óleo óleo óleo prepara finalidade Chá Chá e emplasto Triturar, cozer, fazer banho Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá, Xarope Maceração, banho Chá Trituração/ Decção Polpa Extrai o sumo, e aplica como Chá e lambedor Cataplasma Sumo + leite condensado Lambedor e sumo Sumo Chá, lambedor Sumo da folha + leite Lambedor e emplastro Sumo batido no liquidificador Chamuscar, macerar Chá, infusão e sumo Sumo e Lambedor Chá Chá e lambedor Chá e uso externo Sumo Chá Aplicação no local Emplasto e lambedor Aplicação no local afetado Aplicar Embrocação, gotas+leite. Chá com 2 gotas Pinga no ouvido Fricção Aplicar no local Lambedor e emplasto Embrocação Aplicar no local Gotas em leite, embrocação óleo, lambedor Fígado, malária e dores nas pernas. Dor de cabeça e febre. Gripe Hepatite Antiinflamatório e hepatite. Fígado e vesícula. Fígado e vesícula. Pós-parto Fígado e Hepatite. Gripe, dor de cabeça e tosse. Dor de cabeça Anemia, alergia de pele e hepatite. Diabetes, reumatismo. Fortificante. Dermatite e furúnculos (friera, etc.) Asma, catarro e tosse. Contusão. Gastrite. Asma, tosse e ferimentos. “Vista cansada”. Asma, tosse e catarro. Dor no estômago, gastrite. Catarro, tosse e ferimento. Pedra na vesícula. Vista cansada Asma e bronquite. Asma, catarro e tosse. Tumor e ferida. Asma e tosse. Cicatrizante e reduz oleosidade da Hemorragia, queimaduras e feridas. Fricção no pulmão, pneumonia e asma Cicatrizante e corrimento. Corte, cicatrizante e tosse. Cicatrizante, corrimento e faringite. Cicatrizante e corrimento. Catarro, bronquite e urticária. Gripe. Otite Cicatrização de feridas e golpes. Corrimento e amidalite. Amidalite e cicatrizante. Catarro e amidalite. Corrimento, inflamação e cicatrizante. Catarro, bronquite e umbigo recém-Nascido. Gripe, bronquite. 168 que 11 23 5 10 3 18 4 30 3 2 1 20 4 6 19 21 30 7 14 1 28 18 16 9 23 26 24 9 29 29 29 29 29 28 17 25 14 1 18 15 21 21 10 20 21 12 nome Copaíba Copaíba Copaíba Copaíba Copaíba Copaíba Copaíba Coquinho Coirama Coirama Coira Couve Crajiru Crajiru Crajiru Crajiru Crajiru Crajiru Crajiru Crajiru Crajiru Crajiru Crajiru Crajiru Crajiru Crajiru Crajiru Cravinho Cravinho Cravo de anjo Cravo de defunto Cuia mansa Elixir paregórico Erva-cidreira Erva-cidreira Erva-cidreira Erva de jabuti Erva-cidreira Erva-cidreira Erva-cidreira Erva-cidreira Espada de S Jorge Eucalipto Flor de Perpétua Gergelim Goiaba idpl 50 50 50 50 50 50 50 51 52 52 52 53 54 54 54 54 54 54 54 54 54 54 54 54 54 54 54 55 55 56 57 58 59 60 60 60 61 112 44 60 60 104 63 64 66 77 parte óleo óleo óleo óleo óleo óleo óleo folha folha folha várias folha toda folha folha folha folha folha folha toda folha folha folha folha folha toda folha flor folha folha e flor folha e flor folha planta toda folha folha folha folha, raiz folha folha folha folha folha folha flor semente casca prepara Emplastro gotas+chá, emplastro Aplicação local+mel de abelha Emplastro Extração Embrocação Extração (Mercado) Chá Tira o sumo toma batido no Tira o sumo, toma batido no Extraindo o sumo Chá Garrafada e chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá garrafada, lambedor, chá, emplasto Chá Chá Chá Chá e Sumo da folha Chá Chá Chá Maceração, emplasto Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá em infusão Chá Chá Chá Cultivo na sala e fachada. Chá Maceração, chá Lambedor Chá finalidade Reumatismo. Otite e cicatrizante. Dor de cabeça, ferida e tosse. Curar cortes Pneumonia e asma. Amidalite e cicatrizante. Repelente. Fortificante. Lesões na pele e eflúvios variados. Câncer. anti-cancerígemo Pneumonia, expectorante e gastrite. Anti-inflamatório, ginocológico. Útero Antiinflamatório pós parto. Antiinflamatório e Anemia. Anemia e Antiinflamatório. Anemia Anemia, alergia de pele e hepatite. diversas Anemia, diarréia e leucemia. Leucemia, anemia e diarréia. Anemia. Mal estar. Anemia e Antiinflamatório. Anemia, fígado e estômago. Fígado e estômago, útero e anemia. Dor de cabeça Bronquite e flatulência. Digestivo. Digestivo. Calmante, digestivo. Gases e cólica menstrual. Calmante e digestivo. Calmante. Gastrite, insônia e dor de cabeça. Alergia na pele. Digestivo e calmante. Insônia e estresse. Calmante. Resfriado, dores reumática. Mau olhado e quebranto. Bronquite. Ferida e Regulador de pressão. Pneumonia. Asseio. 169 ques 5 14 20 4 14 28 5 8 15 19 6 17 21 9 12 11 13 4 27 29 24 30 22 6 22 28 9 13 22 9 16 17 3 30 3 7 6 10 10 25 10 23 5 24 24 15 nome Goiaba branca Goiabeira Goiabeira Goiabeira Graviola Graviola Hortelã Hortelã Hortelã Hortelã Hortelã Hortelãnzinho Hortelãnzinho Hortelãnzinho Hortelãnzinho Hortelãnzinho Hortelãnzinho Hortelãnzinho Hortelãnzinho Hortelãnzinho Hortelãnzinho Jambeiro Jambu Japana Japana-branca Japana-roxa Japana-roxa Jaracatiá Jatobá Jatobá Jucaá Jucaá Jucaá Jucaá Jucaá Jucaá Jucaá Jucaá Jurubeba Laranja Laranja Laranja Laranja Limão Limeira Majerona idpl 67 67 67 67 68 58 69 69 69 69 69 70 70 70 70 70 70 70 70 70 70 121 71 73 72 72 73 74 75 75 77 77 77 77 77 77 77 77 78 79 79 79 79 80 80 89 parte prepara folha, semente broto broto fruto, folha, folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha toda folha folha folha folha leite casca casca toda semente e folha folha vagem e casca toda fruta folha folha raiz casca folha Casca casca fruto fruto fruto folha Folha macera tritura+fruto Chá Chá suco do fruto/ folha Chá Chá Chá Chá Chá Lambedor e Cataplasma Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Lambedor Chá Chá Sumo Maceração, emplasto Tira espuma + água Lambedor Chá Macera e lambedor Lambedor Água serenada Chá Chá Chá Maceração Chá Chá Chá Chá Chá Chá Sumo Sumo Chá finalidade Anti-diarréico. Diarréia. Diarréia. Vermífugo. Emagrecer. Rins. Dor de barriga Coqueluche Estômago, vômito e diarréia. Gripe dor dente e amebíase. Gripe Prisão de ventre e ameba e giárdia. Ameba e colite. Estomâgo e verme Desinteria, verme. Ameba. Verme. Calmante Diurético, Antiinflamatório e amebíase. Gastrite e insônia. Cólica, prisão de ventre e vesícula. Tosse, cefaléia e prisão de ventre. Gripe e tosse. Banho de assento Dor de cabeça. Cicatrizante e picada de cobra. Sinusite Mata verme. Tosse e catarro. Colesterol e diabetes. Gripe e bronquite. Contusão. Profilática de poluentes. Garganta, asma e diabetes. Afecções pulmonares. Barriga, curar pontos pós-cirurgia Banho, asseio Diabetes e Dengue. Fígado, tumor. Gastrite e calmante. Calmante Estômago. Estomago, gastrite. Reumatismo, via respiratória e digestivo. Digestivo, e para escorbuto. Estômago. 170 que nome idpl 30 25 21 19 22 4 5 28 18 27 29 9 16 7 26 15 17 1 26 26 7 19 17 20 15 11 29 30 23 16 5 2 1 26 19 14 23 4 1 15 9 15 16 16 28 14 Malva do rei Malvarisco Malvarisco Malvarisco Malvarisco Malvarisco Malvarisco Malvarisco Malvarisco Malvarisco Malvarisco Malvarisco Malvarisco Malvarisco Malvarisco Malvarisco Malvarisco Malvarisco Mamão Mangarataia Mangarataia Mangarataia Mangarataia Mangarataia Mangarataia Mangarataia Mangarataia Mangarataia Mangarataia Mangarataia Mangarataia Mangarataia Mangarataia Mangueira Mangueira Manjericão Manjericão Manjericão Manjerona Maracujá Marcela Maria-mole Marupá Marupari Mastruz Mastruz 83 84 84 84 84 84 84 84 84 84 84 84 84 84 84 84 84 74 85 65 65 65 65 65 65 65 65 65 65 65 65 65 56 86 86 87 87 87 78 90 82 91 92 93 94 94 parte folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha e raízes folha semente e flor rizoma raiz rizoma raiz raiz tubérculo raiz rizoma rizoma rizoma raiz rizoma raiz raiz folha, flor e folha, flores e folha folha folha folha folha folha folha casca bulbo folha folha prepara finalidade Chá Chá e lambedor Chá Lambedor Chá e lambedor Chá e lambedor Infusão e lambedor Chá e lambedor Chá Chá e lambedor Chá Chá + Andiroba Lambedor Chá Infusão e lambedor Chá Chá Chá Mastiga a semente e Chá Chá Chá Lambedor Chá e lambedor. Chá e lambedor Moído e emplasto Chá Chá Chá Chá Chá e lambedor Chá lava, corta, chá Lava, corta, em chá Chá e Infusão Chá Chá e lambedor Sumo e Chá Sumo e Chá. Chá Chá frio Chá Chá Chá frio Rala + água e coa Chá Maceração e chá Tosse e bronquite. Diurético, febre e expectorante. Gripe. Gripe, diurético e febre. Vermífugo, febre e expectorante. Vermífugo. Gripe, tosse e corte. Diurético, febre e expectorante. Bronquite e catarro. Diurético, febre e expectorante. Compressa, estômago e contusão. Amigdalite Gripe e bronquite. Gripe Corte, otite e gripe. Garganta, roquidão e bronquite. Antiinflamatório, diurético e vermífugo. Vermífugo. Verme, ameba e estômago. Tosse, gripe e amigdalite. Amidalite, garganta Rouquidão, tosse e gripe. Gripe e tosse. Gripe e bronquite. Reumatismo e dores na costa. Estomago e Colite. Garganta, tosse e gripe. Tosse e garganta. Gripe e roquidão. Gripe e amidalite. Amidalite e tosse. Garganta, gripes. Garganta/amidalite/sinusite/afonia/tosse Dor de barriga, tosse e corrimento. Dor de barriga, tosse, coceira, corrimento. Asma e inflamação. Otite, digestivo e calmante. Vermífugo e condimento. Medicamento/ alimentícia. Calmante. Febre e estômago Calmante. Diarréia e Hemorróida. Diarréia e cólica. Verminose e expectorante. Gripe e dor de cabeça. 171 ques 3 12 25 17 22 15 11 18 1 16 4 16 11 26 15 3 13 1 5 4 21 9 12 11 7 14 30 6 20 13 9 10 12 17 25 29 1 4 27 25 9 26 29 30 14 7 nome Mastruz Mastruz Mastruz Mastruz Mastruz Mastruz Mastruz Mastruz Mastruz Mastruz Mastruz Melhoral Milho Mostarda Mucura-caá Mucura-caá Mucura-caá Mucura-caá Mucura-caá Mucura-caá Mucura-caá Mucura-caá Mucura-caá Mucura-caá Mururé Mutuquinha Óleo-elétrico Óleo-elétrico Óleo-elétrico Óleo-elétrico Óleo-elétrico Óleo-elétrico Óleo-elétrico Orelha de burro Oriza Oriza Oriza Oriza Pata de vaca Pata de vaca Pata de vaca Pata de vaca Pata de vaca Pata de vaca Pata de vaca Pata de vaca idpl 94 94 94 94 94 94 94 94 94 94 94 95 22 98 99 99 99 89 99 99 99 99 99 99 97 100 101 101 101 101 101 101 108 102 103 103 93 103 105 105 105 105 105 105 105 105 parte folha folha folha flor e folha folha folha folha folha planta toda folha folha folhas cabelo de milho semente folha folha folha toda folha e raiz folha folha folha folha folha leite folha e raiz folha folha toda folha óleo folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha prepara Chá, misturado com mel Sumo com leite Chá Chá e Implasto Chá Chá Chá folha com leite Chá com as folhas de Chá gema de ovo+leite+mel Chá e emplasto Infusão ou maceração Chá Infusão, garrafada Chá Chá Chá Emplastro e alcoolatura Maceração Chá Maceração Chá Chá Aplica no local. Chá Chá Chá Chá Alcoolatura chá Alcoolatura Chá Chá Chá Chá Macera, usa o sumo, Maceração Chá Chá Batida no liquidificador Chá Chá Alcoolatura e emplastro Chá Chá finalidade Tosse e bronquite Lambedor p/ bronquite e pneumonia. Digestão, verme e expectorante. Estômago, diurético, angina e contusão. Estômago e varizes. Gripe e catarro. Tosse. Vermífugo. todo tipo de afecções respiratórias. Antiinflamatório e contusão. Tosse, bronquite. Dor de cabeça. Diurético. Estômago. Dores Reumáticas e articulares. Diabetes. Dor de cabeça. Diabetes. Dor de cabeça e reumatismo. Curuba Sinusite. Tirar panema (azar). Dor no estômago. Banho de assento. Antiinflamatório. Hemorragia. Reumatismo. Dor de estômago Inflamação e contusão. Emplastro para reumatismo. Estômago Dores na junta. Dor no estômago. Antiinflamatório. Lavagem vaginal e hipertensão. Hipertensão e asseio vaginal. Controla os batimentos cardíacos. Coração. Diabetes. Prisão de ventre, verme e diurético. Colesterol e diabetes Diabetes. Diabetes. Reumatismo. Diabetes, diurético (para urinar). Diabetes 172 que nome idpl parte prepara finalidade 23 Pata de vaca 3 Pata de vaca 8 Pau d'arco 105 folha 105 folha 126 casca e entrecasca Chá Chá Chá Diabetes. Diabetes. Reumatismo, útero mioma 23 3 1 9 21 3 28 27 24 12 9 27 14 21 17 26 3 5 12 6 27 30 28 13 8 14 15 29 4 23 16 10 22 9 3 28 10 25 1 15 12 22 6 129 106 95 108 108 108 106 107 107 107 106 106 106 106 111 111 112 112 112 112 112 112 112 112 112 112 112 112 112 112 112 112 112 112 113 113 113 113 113 113 113 113 114 Chá Chá Água serenada + folha Macera bulbo+sebo Macera Chá Emplastro Chá Sumo + andiroba Chá Chá Maceração Chá Chá Sumo e Chá Chá Chá e banho de asseio Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá Chá (folha, raiz, óleo) Chá Chá Chá Chá (folha, raiz, óleo) Chá Chá Chá Chá Diabetes, diarréia e hipertensão. Afecções pulmonares (tuberculose) Limpa o organismo, o corpo. Paralisia de derrame. Tumor. Contusão. Infecção e dor de cabeça. Dermatite e tétano. Antialérgico. Problemas da pele, espinha. Enxaquequa Infecção e dor de coluna. Banho e quebranto (choro de criança). Epilepsia e pneumonia. Antiinflamatório e anemia. Estômago e otite. Rins Diurético e Antiinflamatório. Rins. Rins Diabetes e rins. Rins e diurético. Hipertensão e calmante. Hipertensão. Rins Diabetes Rins e colesterol. Diurético e rins. Limpar o organismo Rins e diurético. Rins e Diurético. Rins, Pressão alta. Rins e Urina. Rins, diurético. Rins Cálculos renais. Rins, Bexiga. Infecção urinária e cólica renal. rins Diurético e rins. Rins. Rins e Urina. Sarampo Pedra-umicaá Pinhão-roxo Pinhão-roxo Pimenta Pimenta Pimenta Pinhão-roxo Pinhão-branco Pinhão-branco Pinhão-branco Pinhão-roxo Pinhão-roxo Pinhão-roxo Pinhão-roxo Pluma Pluma Pobre-velha Pobre-velho Pobre-velho Pobre-velho Pobre-velha Pobre-velho Pobre-velho Pobre-velho Pobre-velho Pobre-velho Pobre-velho Pobre-velho Pobre-velho Pobre-velho Pobre-velho Pobre-velho Pobre-velho Pobre-velho Quebra-pedra Quebra-pedra Quebra-pedra Quebra-pedra Quebra-pedra Quebra-pedra Quebra-pedra Quebra-pedra Sabugueiro folha folha folha fruto bulbo fruto casca folha e semente folha sumo (leite) folha casca folha semente folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha folha, brotos velhos folha folha folha folha folha folha toda planta folha folha folha, raiz, óleo folha folha toda folha 173 que 29 10 22 26 1 8 13 7 27 1 12 8 3 9 8 6 6 8 15 3 3 29 14 30 nome Sabugueiro Sabugueiro Sacaca Salva de Marajó Sucuba Sucuba Sucuba Sucuba Tabaco Taperebá Taperebá Taperebá Taperebá Trevo-roxo Unha de gato Urtiga Urubu-caá Urubu-caá Urubu-caá Vassorinha Vinde-caá Vinde-caá Vinde-caá Vinde-caá idpl 114 114 115 116 111 117 117 117 118 106 119 119 119 120 125 0 88 88 88 122 124 124 124 124 parte folha folha toda folha casca e leite casca e Folha casca casca folha casca casca casca casca folha casca raiz folha folha folha folha flor flor folha e flor flor prepara Chá Chá Chá Chá Chá e emplastro Chá Chá Soca a casca e faz chá Emplastro Água serenada Chá Chá Emplastro / Decocção Macera Chá Chá Chá Chá Chá Asseio e Chá Decocção Chá Chá Chá finalidade Laringite e dor de cabeça. Sarampo, varíola Antidiarréico e diabetes Gastrite e febre. Gripe, catarro Reumatismo, útero mioma Ferida. Inflamação no estômago. Inchação e picada de inseto. Controle da pressão e cicatrização Asseio. Asseio e Corrimento Lesões na pele Banho desinfeta, previne doenças Reumatismo,útero mioma, Hemorróidas Câncer Dor de estômago Dengue Antiinflamatório. Asseio / Rins. Controla arritmia cardíaca. Controla arritmia cardíaca. Coração e hipotensão Coração.