0 UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATRINENSE – UNESC CURSO DE NUTRIÇÃO NAZARETH DAMIN O CONSUMO ALIMENTAR DE IDOSOS EM UM MUNICÍPIO DO SUL DE SANTA CATARINA: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE A DÉCADA DE 70 E OS DIAS ATUAIS CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2009 1 NAZARETH DAMIN O CONSUMO ALIMENTAR DE IDOSOS EM UM MUNICÍPIO DO SUL DE SANTA CATARINA: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE A DECADA DE 70 E OS DIAS ATUAIS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do grau de Bacharel no Curso de Nutrição da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Orientador (a) Profª. MSc. Paula Rosane Vieira Guimarães CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2009 2 3 Dedico a meus dois amores Everaldo e Gabriele, pelo apoio e pela compreensão de minha ausência em especiais durante todo o curso. momentos 4 AGRADECIMETOS Durante minha vida, muitos foram os caminhos percorridos, em especial este caminho; agradeço a Deus. Á minha mãe, Maria, modelo de mulher corajosa e batalhadora. Obrigada por tudo. Aos meus irmãos pelo carinho, apoio, colaboração, paciência, pelo ombro amigo e presença sempre constante. À Secretaria Municipal de Saúde de Siderópolis por auxiliar na localização das informações, em especial as Agentes Comunitárias de Saúde Lucia, Maria Luiza, Rosita, Jadna e Edna. A essas pessoas maravilhosas que foram entrevistadas e que tive a oportunidade e permissão para conhecer um pouco de suas trajetórias de vida, que me receberam em seus lares, com carinho e atenção. A todos os professores, que contribuíram de alguma forma pela minha formação acadêmica e o incentivo para o amadurecimento profissional. Em especial minha amiga e orientadora Paula Rosane Vieira Guimarães, que acreditou em mim, sempre justa e sincera. Meu muito obrigada, serei sempre grata. A todos aqueles que contribuíram de forma direta ou indireta para a realização deste trabalho. 5 “Devia ter amado mais Ter chorado mais Ter visto o sol nascer Devia ter arriscado mais E até errado mais Ter feito o que eu queria fazer...” Titãs 6 RESUMO O ato de alimentar-se é para o ser humano, um ato que liga sua cultura, à sua família, os seus amigos e as festividades. Os indivíduos alimentando-se com pratos característicos de sua infância, de sua cultura, acabam se renovando em outros níveis, além do físico, fortalecendo sua saúde mental e, também sua dignidade humana. A alimentação tem papel fundamental na vida do homem, sua função consiste em suprir as necessidades nutricionais para manutenção, reparo e processos da vida. O trabalho pretendeu investigar quais mudanças ocorram no consumo alimentar de idosos, que na década de 70 eram adultos jovens e comparar com os dias atuais. O estudo empírico e de abordagem qualitativa foi conduzido junto a uma amostra de 8 idosos, residentes na área urbana, no Bairro Centro do Município de Siderópolis/SC. Neste Município, os hábitos alimentares que predominam são os da cultura italiana. Para a coleta dos dados foi utilizado um questionário semi-estruturado, com perguntas de resposta abertas e fechadas. Dos entrevistados a grande maioria 62,5% era composta por mulheres. Quanto ao anos de estudo houve um predomínio de 4 anos correspondendo a 50% do ensino fundamental incompleto. Na questão socioeconômica, observou-se que a renda familiar foi estimada em 4 a 5 salários mínimos, representando 50%. Com relação ao consumo alimentar analisado, percebeu-se que houve modificação, mas não no consumo e sim na forma de aquisição e preparo dos alimentos que compõe suas refeições entre os dois períodos estudados. Pode-se identificar que entre os indivíduos entrevistados houve uma tendência nos dias atuais em consumir alimentos industrializados, porém não na mesma proporção dos grandes centros urbanos do Brasil. Palavras-chave: Consumo de alimentos. Hábitos alimentares. Pessoa Idosa. Consumo alimentar na década de 70 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Forno de rua e fornos de microondas e elétrico.........................................54 Figura 2: Fogão a lenha e fogão de mesa a gás.......................................................54 Figura 3: Jogos de café, jantar em porcelana e uma panela de ferro, farinheira de madeira e um bule de alumínio..................................................................................55 Figura 4: Utensílios artesanais utilizados para bater e espremer e um multiprocessador e uma batedeira.............................................................................55 Figura 5: Bule de alumínio, cafeteira elétrica, espremedor e grill.............................56 Figura 6: Parreira e Pomar........................................................................................65 Figura 7: hortas caseiras...........................................................................................72 Figura 8: Refrigerante: Mudança no formato mas não nos insumos.........................75 Figura 9: Frango........................................................................................................75 8 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Distribuição da Escolaridade dos Entrevistados, Siderópolis, SC, 2009............................................................................................................................49 Tabela 2: Distribuição da Renda dos Sujeitos Entrevistados, Siderópolis, SC, 2009............................................................................................................................51 9 LISTA DE ABREVIATURAS AMREC – Associação dos Municípios da Região Carbonífera CNAE – Campanha Nacional de Alimentação Escolar CSN – Companhia Siderúrgica Nacional DCNT – Doenças Crônicas não Transmissíveis DRIs – Ingestão Dietética de Referência ENDEF – Estudo Nacional de Despesas Familiar ENDEF – Estudo Nacional de Despesas Familiares FAO – Organização de Comida e Agricultura GET – Gasto Energético Total IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INAN – Instituto Nacional de Nutrição IOM – Instituto de Medicina OMS – Organização Mundial da Saúde PAT – Programa de Alimentação do Trabalhador PCA – Programa de Complementação Alimentar PND – Plano Nacional do Desenvolvimento PNS – Programa de Nutrição em Saúde PROCAB – Projeto de Aquisição de Alimentos em Área de Baixa Renda PRONAN- Programa Nacional de Alimentação e Nutrição TCLE – Termo de Consentimento Livre e esclarecido TEF – Efeito Térmico do Alimento TMB – Taxa Metabólica Basal UNICEF – Fundo das Nações Unidas para Infância VET – Valor Energético Total 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12 2 OBJETIVO ............................................................................................................. 15 2.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 15 2.2 Objetivos específicos........................................................................................ 15 3 REFERÊNCIAL TEÓRICO..................................................................................... 16 3.1 Um Escorço Histórico da Alimentação............................................................ 16 3.1.1 O Município de Siderópolis ........................................................................... 18 3.2 História da Alimentação.................................................................................... 19 3.2.1 Alimentação .................................................................................................... 19 3.2.2 Alimentação na Pré-história .......................................................................... 21 3.2.3 Formação da cultura alimentar no Brasil ..................................................... 22 3.2.4 Influencia italiana na cultura alimentar do Município ................................. 24 3.3 Programas de Alimentação na Década de 70 ................................................. 25 3.4 Diretrizes Alimenetares do Guia Alimentar para a População Brasileira ..... 27 3.4.1 Guia alimentar na década de 70 .................................................................... 28 3.4.2 Guia alimentar para os dias atuais ............................................................... 28 4 VIDA ADULTA ....................................................................................................... 31 4.1 Necessidades Nutricionais na Idade Adulta ................................................... 32 4.1.1 Necessidades energéticas............................................................................. 32 4.1.2 Carboidrato ..................................................................................................... 33 4.1.3 Proteínas ......................................................................................................... 33 4.1.4 Gorduras ......................................................................................................... 33 4.1.5 Fibras............................................................................................................... 34 4.1.6 Líquidos .......................................................................................................... 34 4.1.7 Vitaminas e minerais ...................................................................................... 34 5 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO NA TERCEIRA IDADE ............................. 35 5.1 Envelhecimento Biológico................................................................................ 36 5.2 Envelhecimento Psicológico e Social ............................................................. 37 5.3 Necessidades Nutricionais no Idoso ............................................................... 38 5.3.1 Necessidades energéticas............................................................................. 38 5.3.2 Carboidrato ..................................................................................................... 39 11 5.3.3 Proteína ........................................................................................................... 39 5.3.4 Lipídio.............................................................................................................. 40 5.3.5 Fibras............................................................................................................... 40 5.3.6 Perda de líquidos corporais .......................................................................... 41 5.3.7 Vitaminas e minerais ...................................................................................... 41 6 MUDANÇAS DOS HÁBITOS ALIMENTARES ...................................................... 43 7 METODOLOGIA .................................................................................................... 46 7.1 Delineamento da pesquisa ............................................................................... 46 7.2 População e amostra ........................................................................................ 46 7.3 Critérios de inclusão e exclusão...................................................................... 47 7.4 Instrumento de obtenção de dados ................................................................. 47 7.5 Forma de obtenção de dados........................................................................... 47 7.6 Forma de análise dos dados ............................................................................ 48 7.7 Aspectos éticos ................................................................................................. 48 7.8 Limitações do estudo........................................................................................ 48 8 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 49 8.1 Caracterização da população estudada .......................................................... 49 8.2 Consumo Alimentar .......................................................................................... 53 8.2.1 Consumo alimentar na década de 70 ........................................................... 57 8.2.2 Consumo alimentar atual............................................................................... 66 8.3 Comparativo entre a década de 70 e os dias atuais ....................................... 74 9 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 77 REFERENCIAS ......................................................................................................... 80 12 1 INTRODUÇÃO A alimentação tem um papel fundamental na vida do homem, sua função consiste em suprir as necessidades nutricionais dos indivíduos para manutenção, reparo, processos da vida. Estes processos irão fornecer todos os nutrientes em qualidade e quantidade apropriada e proporcional, e serão utilizados como fonte de energia e nutrimento para o organismo, além de satisfazer os requerimentos nutricionais tradicionais para cada grupo etário (TIRAPEGUI, 2002). Desta forma, o alimento predomina com influências marcantes na sobrevivência, no desempenho da vida e na conservação da espécie humana (SANTOS, 2007). Com já referido, é através da alimentação que se retiram os nutrientes necessários ao funcionamento do organismo, influenciando diretamente na saúde do homem e sendo apontadas, como um dos fatores mais importantes para longevidade e a boa qualidade da vida (PROENÇA, et al, 2006). Uma vez estabelecida à importância dos nutrientes nas diversas funções do organismo, é necessário ressaltar, que os hábitos alimentares adquiridos na infância tendem a se solidificar na vida adulta (LOPES; BRASIL, 2003). Para se obter uma alimentação diversificada e balanceada, o etário para cada grupo, necessita-se determinar seus níveis de ingestão, haja vista que, os requerimentos energéticos diários de um indivíduo dependem de fatores como a idade, o estado nutricional, atividade física, hábitos e consumo alimentar. Cada alimento possui característica organoléptica próprias, em relação ao aspecto, aroma, sabor, cor, que apresentam funções energéticas (glicídios, proteínas e lipídios) construtoras (proteínas, água e minerais) e reguladoras das funções orgânicas (vitaminas e minerais) (ORNELLAS, 2001). A comida desempenha um papel fundamental na formação de qualquer cultura. As práticas alimentares da população são reflexos de fatores culturais, que interferem, tanto positivamente com negativamente na saúde (SANTOS, 2007; CERVATO, 2003). Conforme Amon e Menasche, (2008) “O homem se alimenta conforme o meio que está inserido de acordo com a sociedade que pertence, prevalecendo à cultura dos seus antepassados”. A cultura alimentar no Brasil é bem peculiar, sendo que se tem herança nos hábitos alimentares de três povos distintos, dos índios, dos africanos e 13 portugueses. O regime alimentar da região sul obteve forte influência de outras etnias como dos imigrantes alemães, poloneses e, principalmente, dos italianos, que contribuíram para o enriquecimento alimentar trazendo outras características sóciocultural, marcantes na dieta do nosso país (VASCONCELOS, 2008). No século XX o processo de urbanização se tornou um fenômeno, houve a migração do homem do campo para as grandes cidades, em busca de emprego para melhores condições de vida, diante disso, a era da industrialização contribuiu para as mudanças dos hábitos alimentares da nossa população, a distância de casa para o trabalho, fez com que as refeições fora do lar tornassem-se uma necessidade crescente (BLEIL,1998). Outro fator importante, no contesto da alimentação fora do lar, foi a inserção da mulher no mercado de trabalho, levando a família a consumir menos alimentos caseiros, menor freqüência de alimentos naturais, aumento do consumo de alimentos industrializados (MEZOMO, 2002). A modernização favoreceu o aumento do comércio de alimentos industrializados e esses produtos, além de serem de fácil acesso têm seu consumo incentivado pela mídia. Este fato se deve também a sua praticidade, por serem alimentos que já vem pronto ou semiprontos e por obter um prazo de validade maior do que os produtos “in natura”, tornando fácil o armazenamento. Estes produtos ocupam um espaço grande no cotidiano da população, que possuem uma vida corrida, representando uma solução (CARLOS; et al, 2008). Quanto ao crescimento da população idosa no mundo, este é um fenômeno a ser observado de forma mais acentuado nos países em desenvolvimento. O aumento da expectativa de vida, segundo o Relatório de Estatística Sanitária Mundial da OMS (2007), no Brasil para os homens é de 68 anos e para mulheres 75 anos. Em nosso país: [...] o processo está associado tanto com a evolução médica-sanitária, quanto com a melhoria das condições de educação, saneamento básico, infra-estrutura, socioeconômicas e aplicação a uma terapêutica farmacológica eficaz e principalmente ao acesso a alimentação.(OLIVEIRA; et all, 2007; RIBEIRO; et al 2008). O presente trabalho pretendeu investigar o consumo alimentar de pessoas idosas no município de Siderópolis, SC, na tentativa de conhecer sua alimentação no passado e sua alimentação nos dias atuais. Portanto, trabalhou com a 14 alimentação na fase adulta (20 a 59 anos) e idosa (mais de 60 anos), ou seja, na década de 70 onde a referida população tinha por volta de 30 anos, em plena atividade. O local escolhido para este estudo foi o Bairro Centro de Siderópolis, local onde foi criado o primeiro núcleo de colonização dos imigrantes italianos e se desenvolveu o comércio, por ser a base e a origem de toda história dessa população e provavelmente de fácil localização da população esperada. A problemática deste estudo pretendeu identificar: Quais as mudanças que ocorreram nos hábitos alimentares destas pessoas da década de 70 até os dias atuais? Visou-se, com este trabalho, conhecer a alimentação de um grupo de pessoas idosas, que na década de 70 eram adultos jovens e realizar um comparativo com os dias atuais. O que se comia antes e não se come hoje e vice versa. Quais hábitos foram adquiridos, ou seja, qual era o consumo alimentar nesta década e qual o consumo nos dias atuais. No terceiro capítulo realizou-se uma abordagem antropológica, sobre alimentação, discorrendo as disciplinas que contribuíram para este fenômeno, seguiu-se apresentando, de forma suscita a história do município de Siderópolis, prosseguindo com uma abordagem sobre alimentação num contexto geral, enfatizando sobre alimentação na pré-história, formação da cultura alimentar no Brasil, a influência italiana na cultura alimentar no município. Aborda, ainda, a questão dos Programas de alimentação na década de 70 e finaliza este capítulo discorrendo sobre as diretrizes alimentares do Guia Alimentar para a População Brasileira. No quarto capítulo, discorreu-se sobre a vida adulta e as necessidades nutricionais nesse período. No quinto capítulo, abordou-se o processo de envelhecimento, pontuando a questão do envelhecimento biológico, psicológico e social e as necessidades nutricionais nesta faixa etária. No sexto capítulo procurou-se demonstrar as mudanças dos hábitos alimentares. 15 2 OBJETIVO 2.1 Objetivo Geral Investigar quais as mudanças que ocorreram no consumo alimentar de idosos, que na década de 70 eram adultos jovens e comparar com os dias atuais 2.2 Objetivos específicos • - Investigar hábitos alimentares na década de 70; • - Conhecer os hábitos alimentares atuais; • - Comparar os hábitos alimentares da década de 70 e os atuais; • - Descrever o perfil socioeconômico dos idosos; 16 3 REFERÊNCIAL TEÓRICO 3.1 Um Escorço Histórico da Alimentação Nos últimos dois séculos a alimentação foi considerada um fenômeno, cujos estudos antropológicos trouxeram grandes quantidades de informações sobre a história da alimentação, segundo Carneiro, (2003, p. 3) “[...] A história da alimentação, dessa maneira, abrange ao menos quatro grandes aspectos: os aspectos fisiológico-nutricionais, a história econômica, os conflitos na divisão social e a história cultural [...]” Para contribuir com este enriquecimento, no âmbito alimentar é preciso mencionar que as mais diferenciadas disciplinas cooperaram, para que a alimentação se tornasse um marco universal, segundo o mesmo autor: O estudo da alimentação é um vasto domínio multidisciplinar para o qual a História vem oferecer uma síntese ao reunir os recursos das diversas disciplinas para buscar desvendar em cada período do passado as informações alimentares e para poder efetuar a análise da dinâmica temporal das transformações da alimentação humana. (CARNEIRO, 2003, p. 7 e 8) As principais disciplinas que em voga no contexto sobre a história da alimentação são: A medicina, por sua vez, desde a Antiguidade vem buscando desvendar os mistérios do metabolismo humano e, particular, o fenômeno da digestão, possuindo um vasto conhecimento sobre alimentação (CARNEIRO, 2003). A Botânica e a Zoologia, observando, descrevendo e classificando as plantas e os animais, especialmente os de importância econômica (CARNEIRO, 2003). A economia e a agronomia realizaram seus estudos a partir da história da agricultura e do comércio, ligando-se com a geografia fazendo uma analogia da humanidade com seu meio físico e social na produção dos alimentos (CARNEIRO, 2003). A história social comparada com a alimentação é variada, a questão da alimentação atravessou muitos estudos e buscou explicações nas mudanças 17 populacionais. O que contribuiu para estes acontecimentos foi às crises econômicas, que causou um fluxo intenso emigratório. O crescimento populacional está diretamente ligado com as melhorias nutricionais e, também, no processo saúde e doença (CARNEIRO, 2003). A mudança dos hábitos alimentares da época atual são motivos de investigação para a sociologia, devido às novas tecnologias, a propagação de novos hábitos alimentares tornado-se comum e a rotinização da vida cotidiana, colocando um fim das refeições em família, numa sociedade em que nas casas fortalece o domínio do microondas e nas ruas as práticas da alimentação rápida (CARNEIRO, 2003). A nutrição se desenvolveu a partir do século XIX, juntamente com as ciências modernas em caráter interdisciplinar, fazendo uma junção dos conhecimentos obtidos da medicina e mantendo o enfoque privativo biológico (VASCONCELOS, 2007). Conforme Carneiro: A investigação nutricional examinou o processo da digestão no corpo humano e obteve informações para a otimização das dietas que podem ser modificadas de acordo com a idade, o gênero e o tipo de trabalho realizado. De especial importância é a busca de um tratamento dietético adequado das doenças dos processos metabólicos digestivos e excretivos a partir de uma investigação clínica. As ciências humanas foram consideradas, entretanto, como meios periféricos e auxiliares para os cientistas da alimentação [...] (CARNEIRO, 2003, p. 10) Pedro Escudeiro foi um médico argentino, que contribuição para o desenvolvimento dos princípios da nutrição. Criador do Instituto Nacional de Nutrição em 1926, da Escola Nacional de Dietista 1933 e do curso de médicos Dietólogos da Universidade de Buenos Aires. Divulgou as leis da Alimentação por ele estabelecidas, aos profissionais que organizavam as equipes de saúde e acabar com o empirismo que então cercava o tema da alimentação (VASCONCELOS, 2002). No Brasil o curso de nutrição se concretizou em 1939, no governo de Getulio Vargas, no qual, a profissão foi destinada apenas para aliviar as tensões sociais, visando apresentar um caráter assistencialista (SILVA, 1999). Na década de 70 houve um crescimento na oferta de cursos de nutrição, sendo que a justificativa para tal foi a criação do Instituto Nacional de Nutrição 18 (INAN), em 1972 e após alguns anos o lançamento do Programa Nacional de Alimentação e Nutrição (PRONAN), em 1976 (SILVA, 1999). Hoje, a visão que se tem da profissão nutricionista é considerada mais ampla, com a chegada da globalização, abriu diferentes segmentos de atuação, mudando o seu perfil. No início seu o objetivo era apenas assistencialista e nos dias atuais tem uma visão holística, em observar o indivíduo como um todo, com enfoque na melhoria da qualidade da alimentação oferecida e a procura do alimento, como elemento de prevenção de doenças. Sendo um profissional cada vez mais empenhado em elencar formas, para aumentar a sobrevivência e longevidade do ser humano (SILVA, 1999). Haja vista, a alimentação se torna um campo aberto e promissor para se resgatar a história, pois a partir do seu contexto é possível aprender diversos aspectos de uma sociedade (CARNEIRO, 2003). 3.1.1 O Município de Siderópolis Os imigrantes italianos chegaram à região por volta de 1891, para desbravar a tão sonha terra, marcada por uma mata virgem, com vários tipos de árvores e pássaros, ou seja, fauna e flora muito rica e diversificada, como era considerada uma terra sem nome, Marta Savaris, uma das imigrantes sugeriu que fosse chamada de Nova Beluno, devido à semelhança com o relevo de Beluno na Itália ( MAGAGNIN; SCAINI; DUARTE). Ali fundaram o primeiro núcleo de colonização, construíram pequenas casinhas e foram se abrigando. A principal atividade laboral local foi agricultura familiar, predominando a cultura da subsistência, iniciando o plantio de milho, feijão, batata e arroz, sementes estas doadas pela Companhia Colonizadora Metropolitana (MAGAGNIN; SCAINI; DUARTE) No ano de 1941 chegou à cidade, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), uma empresa do governo Federal iniciando a exploração do carvão, neste período foi fundada a primeira mina de carvão e, também, a montagem da primeira escavadeira, para auxiliar na exploração desse mineral (MAGAGNIN; SCAINI; DUARTE). Em homenagem à CSN, o distrito passou a chamar-se Siderópolis e a praça da matriz ficou com o nome de Nova Beluno. Neste período houve um 19 movimento de luta pela emancipação do Município, que era Distrito de Urussanga, esta luta teve seu término em 19 de dezembro de 1958, quando o governador do Estado, Heriberto Hulse assinou a lei nº 380 de 19/12/1958 emancipando Siderópolis, ficando assim, Siderópolis politicamente emancipado e jurisdicionado à Comarca de Urussanga (MAGAGNIN; SCAINI; DUARTE). 3.2 História da Alimentação 3.2.1 Alimentação A alimentação para o ser humano é considerada uma das necessidades primordiais, que ocorre tanto por razões biológicas óbvias, quanto pelas questões sócias e culturais que envolvem o comer (PROENÇA; et al, 2006). Maslow, (1986, p 67) confirma “[...] quando não há alimento, o homem vive apenas pelo alimento, [...] imediatamente ele satisfaz as outras necessidades.” A alimentação e nutrição adequada são direitos humanos fundamentais garantidos e registrados na Declaração Universais dos Direitos Humanos e no Pacto Internacional de Direitos econômicos, sociais e culturais. Para tanto este direito é uma obrigação do Estado com a co-responsabilidade de toda a sociedade brasileira (VALENTE,2009). Elas, alimentação e nutrição, apesar de se relacionarem diretamente, possuem conceitos diferentes, ou seja, a nutrição é um processo biológico em que o organismo utilizando-se de alimentos, assimila nutrientes para as realizações de suas funções vitais. Já a alimentação envolve a etapa da escolha dos alimentos, passa pelo armazenamento e preparo até o momento em que são consumidos (PINHEIRO). Conforme Valente, (2009) O ato de alimentar-se é, para o ser humano, um ato que liga sua cultura, à sua família, os seus amigos e a festividades coletivas. Alimentando-se com pratos característicos de sua infância, de sua cultura, o indivíduo se renova em outros níveis além do físico, fortalecendo sua saúde mental e, também sua dignidade humana. Na antiguidade a alimentação já era relacionada com o bem-estar físico e o pleno desenvolvimento mental, no entanto este conhecimento somente foi 20 difundido através de Hipócrates, que em seus estudos torno-se público assuntos sobre higiene, repouso e boa alimentação (TIRAPEQUI, 2002). O equilíbrio no consumo alimentar determina melhor funcionamento de todos os órgãos, assim a alimentação é considerada fundamental para o controle das funções vitais (MARCHIORI, 2003). E, ainda Tornando-se crucial e decisivo no desenvolvimento, na condição física, na eficiência dos indivíduos e, conseqüentemente, na sociedade em que vivem. Uma população com alimentação inadequada, seja por escassez ou por excesso de alimentos, acaba tornando-se improdutiva ou não havendo um crescimento harmônico (GALISA; ESPERANÇA; SÁ, 2008). Os alimentos são encontrados na natureza de formas diferenciadas, podendo ser de origem animal, vegetais ou sintéticos, no qual proporcionam energia. Os nutrientes são elementos fornecidos pelos alimentos, que são responsáveis pela manutenção de todas as reações bioquímicas, necessárias para o perfeito funcionamento do organismo (ORNELAS, 2007). Uma alimentação balanceada deve conter uma variedade de alimentos; propriedades nutritivas; apresentação atraente; temperatura adequada; ser possível economicamente; quantidades suficientes (RAMOS, ARAÚJO; NOGUEIRA, 2008). Já uma alimentação equilibrada deve conter: a) Os carboidratos: são indispensáveis, para o bom funcionamento muscular e cerebral, sendo a fonte de energia mais rápida para o organismo. Encontram-se de várias formas: as mais simples (monossacarídeos, dissacarídeos e oligossacarídios) e mais complexas que são os amidos e as fibras dietéticas (FARRELL; NICOTERI, 2005). b) As proteínas: exercem funções de promover o crescimento e a manutenção, a síntese de substâncias essenciais, a resposta do sistema imune, a regulação de líquidos, o equilíbrio ácido-básico e o transporte de nutrientes e outras substâncias no organismo (FARRELL; NICOTERI, 2005). c) Os lipídios: desempenham função energética, estrutural e hormonal no corpo (FARRELL; NICOTERI, 2005). d) As fibras: têm grandes benefícios no organismo, por manter a saúde, prevenir doenças e fornecer bem estar, já que sua principal função se reflete no bom funcionamento do intestino (GRAVEIRO; GRAVEIRO, 2003). 21 e) As vitaminas: são necessárias ao organismo em pequenas quantidades para reações metabólicas. Os minerais ajudam a manter o equilíbrio ácido-básico adequados dos líquidos corporais, necessários para a coagulação do sangue, reparo tecidual e o crescimento do indivíduo (FARRELL; NICOTERI, 2005). A digestibilidade dos alimentos no organismo vai depender das condições do aparelho digestório, podendo ser imaturo na criança, ter lesões no indivíduo doente ou desgastado como o do idoso. Devem-se levar em considerações os aspectos sensoriais, pois suas modificações obtidas através dos processos culinários ajudam na digestão. (ORNELAS, 2007). 3.2.2 Alimentação na Pré-história Conforme Flandrin e Montanari, (1998) “Durante milhões de anos, frutas, folhas ou grãos parecem ter fornecido ao homem pré-histórico o essencial das calorias que necessitavam [...]”. No período paleolítico inferior o consumo de carne provenientes da caça foi significativo, a caça diversificada, porém ocasional, mas sempre com animais de grande porte como ursos, rinocerontes, elefantes, este período ocorreu (200.000 a 40.000 a.C), no período superior (40.000 a 10.000 a.C) a caça tornou-se mais especializada, pois havia fatores como região e recursos locais que eram levados em consideração e os animais que caçavam neste período eram renas, cavalos, bisões e mamute. O homem, ainda não conhecia agricultura e a domesticação de animais (FLANDRIN; MONTANARI, 1998). O homem no período mesolítico o porte desses animais já eram menores, com características peculiares da fauna atual como cervos, javalis, lebres, pássaros entre outros, dedicando-se cada vez mais a pesca, ao consumo de frutas e cereais (FLANDRIN; MONTANARI, 1998). As primeiras civilizações foram descritas no período neolítico, os povos eram nômades e construíam suas aldeias próximas a rios e lagos, isto favorecia a pesca e ao plantio de alimentos. A ocorrência de carnes provenientes da caça diminuiu e iniciou a criação dos animais de corte que conhecemos bovinos, caprinos, suínos e ouvinos. (MEZOMO, 2002; FLANDRIN; MONTANARI, 1998). Nesse período como os povos já criavam seus animais, eles tinha acesso a alimentos como carne e leite sendo que deste produziam manteiga, coalhada e 22 queijo. Com o plantio e a criação de animais, o homem enfim não necessita mais casar para sobreviver, possui uma reserva de alimentos para suprir suas necessidades em tempos de escassez (MEZOMO, 2002). Na era do homo faber, com o desenvolvimento da inteligência, outras atividades são desenvolvidas, como o artesanato e a descoberta de como conservar os alimentos por um período maior. Nesse período a mulher inicia o processo de descoberta do cozimento, passou a colocar as leguminosas e cereais para amolecer facilitando o cozimento. Moeu o grão, fez a farinha, fermentou a cevada e produziu a cerveja. Encontrou a uva e ao amassá-la, surgiu o vinho (MEZOMO, 2002). 3.2.3 Formação da cultura alimentar no Brasil A formação da cultura alimentar dos brasileiros tem com base a cozinha indígena, africana, portuguesa e européia (CASCUDO, 2004). Para melhor entendermos os hábitos alimentares dos brasileiros, o tema será abordado por regiões, mostrando as diferenças na alimentação e sue regime alimentar (MEZOMO, 2002). O povo da área Amazônica cultiva a tradição herdada pelos indígenas e tem como base alimentar a farinha de mandioca, também chamada de farinha d’água. Foram desenvolvidas várias formas de preparação como beijus, mingaus adoçado com rapadura, farofas e bebidas fermentadas. A farinha de mandioca é, ainda, adicionada com outros alimentos natural da flora como frutas, sementes (castanha-do-pará), milho, arroz, feijão, ervas, e fauna local como peixe (crustáceos, tartarugas, tracajás, jabutis), antas, macacos e patos (VASCONCELOS, 2008). Como nessa região não ocorre à criação de gado, por motivos peculiares locais, o consumo de carne é precário. A falta de alimentos como leite, queijos e ovos que são de origem animal é quase que total (MEZOMO, 2002). A cultura alimentar do Nordeste açucareiro foi influenciado pelos indígenas, dos colonizadores portugueses e dos negros africanos, o povo dessa região tinha uma dieta básica em farinha de mandioca, porém associada ao feijão, aipim e charque. Descreve-se ainda, o consumo de peixes, moluscos e crustáceos e a participação de dois produtos de origem vegetal como coco e o caju, sendo que o coco participando de uma infinidade de preparações como feijão de coco, peixe de coco, arroz de coco, vatapá, canjica, pamonha, mungunzá, doce de coco, cocada , 23 entre outras diversidades da cultura alimentar desse povo (MEZOMO, 2002; VASCONCELOS, 2008). Vale ressaltar a influencia dos tabus com relação alguns alimentos, principalmente no consumo de frutas como manga, jaca, abacaxi, melancia, abacate, laranja, entre outros (VASCONCELOS, 2008). Os hábitos alimentares dos nordestinos foram incutidos através dos índios, negros e influencia marcante das colônias européias, principalmente dos portugueses. O alimento predominante como base era o milho, mas associada ao feijão, farinha de mandioca, batata doce, inhame, café, carne (gado, carneiro e cabra), rapadura e mel (MEZOMO, 2002). Fazia parte dos hábitos alimentares dessa população o leite e seus derivados, como coalhada fresca, queijo e a manteiga e, ainda, importante mencionar outro alimento como cuscuz, de origem árabe e que é um alimento típico dessa região (MEZOMO, 2002). No Centro-Oeste a dieta básica era o consumo de milho, mas também associado ao feijão, carne e toucinho. Contudo o prato típico foi reconhecido como o “tutu de feijão mineiro”, prato preparado à base de farinha de milho, feijão, gordura, toucinho e lombo. Entretanto nessa região houve o consumo de vegetais verdes como a couve mineira que serve de acompanhamento do prato típico, entre outras hortaliças e frutas como laranja, mamão, banana, e abacate (VASCONCELOS, 2008). A cultura alimentar da região sul teve forte influencia dos emigrantes alemães, italianos, poloneses, entre outros, consumiam basicamente o arroz, pão, batata e carne, foi considerada a região de maior variedade no consumo de verduras e frutas (CASCUDO, 2004). A alimentação do Estado do Rio Grande do Sul é rica em carne, porque possui terras fartas para a produção de rebanhos e, também, produz uma imensa variedade de gêneros alimentícios, que enriquecem a alimentação da população (MEZOMO, 2002). Em Santa Catarina, uma grande parte foi povoada por imigrantes alemães e que se consome grandes quantidades de aveia, centeio, lentilha, carne, batata e queijo (MEZOMO, 2002). Os alemães reforçaram o consumo de determinados alimentos que já eram utilizados pelos portugueses como a cerveja, as carnes salgadas ou 24 defumadas, batatinha. As comidas mais típicas dos alemães não se espalharam, como salada de batatas, salada de beterrabas, a lingüiça de fígado, o arenque defumado, o arenque enrolada em escabeche, o toucinho de vitela ou carneiro assado ou frito, o mocotó de porco, a lingüiça de sangue, o queijo de porco, chucrute, o pão preto, etc ( CASCUDO, 2004). Os imigrantes italianos enraizaram sua cultura, este povo estava mais próximo dos costumes e o contado histórico do brasileiro (CASCUDO, 2004). Deixando nesta região sua marca nos hábitos alimentares, que repercuti nas condições da saúde até nos dias atuais (ORNELLAS, 2003). 3.2.4 Influencia italiana na cultura alimentar do Município A participação dos italianos na culinária da região foi de extrema importância, adotaram com base de alimento a minestra, segundo Baldessar, (2005 p. 78) ”uma mistura de feijão com arroz e carne cozida numa só panela. Na falta da carne era temperada com ”lardo” (toucinho de porco), cebolinha, salsa e outros temperos.” O toucinho era considerado uma iguaria, muito utilizado para temperar verduras. Para manter o produto de boa qualidade era guardado salgado em pedaços quadrados, num local bem ventilado e fresco, com este procedimento de conservação duravam meses sem estragar (BALDESSAR, 2005). A polenta que era consumida basicamente com queijo in natura ou a fortaia, que era uma mistura de queijo com ovos e, ainda o salame in natura ou frito com ovos. A farinha de milho era considerada um alimento barato e fácil, por ser cultivado pelos colonos e responder bem ao clima da região se tornando um alimento primordial, o que não ocorreu com o trigo tornando uma farinha cara e difícil de encontrar (BALDESSAR, 2005). Devido à farinha de trigo não ser de fácil acesso, o pão era produzido por intermédio de uma mistura de farinha de milho, batata e cará ralado, uma adaptação dos imigrantes alemães, mas que também foi utilizada pelos italianos (BALDESSAR, 2005). O macarrão somente consumido nos domingos e dias festivos, o frango ensopado e o vinho eram os ingredientes preferidos para acompanhamento. As verduras e legumes eram produzidos e consumidos em boa quantidade, isto porque 25 a famílias costumavam ter uma horta que era cultivada principalmente o “radici”, alface, repolho, couve, “pomodoro” (tomate), rúcula, pimentão e outros (BALDESSAR, 2005). Outros alimentos como aipim, batata inglesa, batata doce, o cará, inhame, abóbora, pepino, cebola, alho, milho verde e todas as famílias desde cedo tinham um pomar com um parreiral, contendo frutas diversificadas como laranjas, bergamotas, limas, pêssegos, peras, ameixas, uvas, nêsperas, amoras, moranguinhos, bananas, mamão, etc (BALDESSAR, 2005). Os costumes alimentares perpassam de uma geração para outra. Mantendo o conservadorismo por muitas gerações, o estilo alimentar e culinário da pátria de origem (FIGUEROA). Diante do exposto, alimentação sempre esteve e, ainda, estará bastante relacionada à história dos diferentes povos, sendo para o homem um processo voluntário e consciente, influenciado por fatores culturais, econômicos e psicológicos (SANTOS, 2007). 3.3 Programas de Alimentação na Década de 70 Após um período de recessão econômica, o país vivencia uma fase de retomada do crescimento, conhecida por “milagre brasileiro”. No mesmo período, no cenário internacional meio a um colapso do capitalismo, ressurgi a questão da fome mundial e, nessa conjuntura organismos internacionais como OMS, o FAO e o UNICEF passam a defender a necessidade de incorporar no planejamento econômico dos países de terceiro mundo, em especial os latinos-americanos, o planejamento nutricional (VASCONCELOS, 2005). Nesse contexto, no Brasil, a intervenção do poder público no setor de alimentação teve início a partir de 1918, com a criação do Comissariado de Alimentação Pública, mas em 1940, a criação do Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS) que marcou a inauguração do primeiro órgão de política de alimentação no Brasil. Ainda na década de 40, foram criadas outras três agências da política nacional de alimentação: o Serviço Técnico de Alimentação Nacional (STAN) (1942), o Instituto de Tecnologia Alimentar (ITA) (1944) e a Comissão Nacional de Alimentação (CNA) (1945) (UCHIMURA; BOSI, 2003). Em 1972, as ações e programas em alimentação e nutrição passaram a ser centralizados no Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (INAN), uma 26 autarquia vinculada ao Ministério da Saúde, e, após o fracasso de sua primeira empreitada, o I Programa Nacional de Alimentação Nutrição (PRONAN I), foi lançado em 1976 o II Programa Nacional de Alimentação e Nutrição (PRONAN II) que se estendeu até 1985, onde, por meio do PRONAN, a questão nutricional voltou a assumir local de destaque e iniciou-se a institucionalização das ações de Nutrição na rede de serviços públicos, em todo o território nacional (VASCONCELOS, 2005). Baseada no relatório da Conferência Mundial de Alimentação realizada em Roma, em 1974, a configuração do PRONAN II viria ao encontro das recomendações da FAO/OMS no sentido de conceber a política alimentar e nutricional em uma perspectiva mais abrangente e, vale destacar que sua proposta encerrava componentes inovadores comparados aos modelos de intervenção utilizados à época. Atuação se concentrou nas linhas de suplementação alimentar, onde se incluíam programas como o Programa de Nutrição em Saúde (PNS), o Programa de Complementação Alimentar (PCA), a Campanha Nacional de Alimentação Escolar (CNAE) e o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT); na linha de racionalização da produção de alimentos, merecem destaque dois programas: o Projeto de Aquisição de Alimentos em Áreas de Baixa Renda (PROCAB) e o Programa de Abastecimento de Alimentos Básicos em Áreas de Baixa Renda (PROAB) e; no combate às carências nutricionais apoiado em medidas de natureza técnica e tecnológica (UCHIMURA; BOSI, 2003). O padrão de intervenção colocado em prática a partir dos anos 70 não apresentou modificações, a não ser os severos cortes orçamentários, tornando-se perceptível o fato de que as ações no campo da alimentação e nutrição desenvolvidas não apresentaram originalidade ou inovação, em analogia àquelas intervenções que as antecederam. Observa-se, que os programas criados e implantados, há uma repetição nas modalidades de intervenção dentro do contexto político no qual se inserem, haja vista os modelos de intervenção tradicionalmente utilizados e consolidados pelo Estado, resultarem no confinamento da política social em alimentação e nutrição a um papel paliativo e assistencial (UCHIMURA; BOSI, 2003; VASCONCELOS, 2005). È importante apontar neste período a realização do Estudo Nacional de Despesas Familiares (ENDEF) realizado em 1974/75 demonstrou que 67% da população apresentavam um consumo energético inferior as necessidades 27 nutricionais mínimas, recomendadas pela OMS, é preciso enfatizar as contribuições desses programas na redistribuição indireta de renda, estímulo ao mercado no campo da alimentação e na melhoria do estado nutricional da população brasileira (GUIMARÃES, 2007). 3.4 Diretrizes Alimentares do Guia Alimentar para a População Brasileira O guia alimentar é considerado um instrumento prático utilizado na orientação individual ou da coletividade, que visa avaliar o padrão alimentar de modo global, medindo o consumo de nutrientes, bem como de alimentos, incidindo em uma exclusiva variável a situação de diferentes componentes da dieta (MOTA, 2008), objetivando orientar a importância do consumo de alimentação balanceada, na promoção de saúde e hábitos alimentares saudáveis (GALISA; ESPERANÇA; SÁ, 2008). Entretanto, deve-se enfatizar que promoção de modos de vida saudáveis, no tocante a alimentação e atividade física devem ser construídas ao longo da vida, da infância a velhice, permitindo uma vida longa, produtiva e saudável (BRASIL, 2006). Nas últimas duas ou três décadas, o Brasil mudou em muitos aspectos, a desnutrição foi considerada umas das preocupações de saúde pública. No entanto, com as mudanças nutricionais associou-se a outro problema, a obesidade, que gerou suas conseqüentes comorbidades. A preocupação em elaborar diretrizes alimentares, está associada em construir ações voltadas a suprir o déficit nutricional, principalmente nas necessidades de micronutrientes, pois a fome oculta esta presente em todas as fixas etárias e também, na prevenção das doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) (MOTA, 2008). A organização Mundial da Saúde (OMS) devido dados epidemiológicos alarmantes com relação à DCNT, na qual estudos demonstraram que em 2001 foram responsáveis por quase 60% das causas de mortes, estimularam a desenvolver um guia com ações individuais e comunitárias para diminuir o índice a mortalidade por essas doenças (CARUSO, CARUSO, 2008). Estes guias alimentares são diretrizes formuladas em políticas de alimentação e nutrição, visando promover a saúde e um melhor estado nutricional das populações de cada país, Philippi, (2008) apud Atwater, (1893) “já mencionava 28 sobre a necessidade de desenvolver guias alimentares, para diferentes grupos populacionais, a fim de eles mesmos selecionarem os alimentos para seu consumo”. É importante salientar, que o guia alimentar necessita revisões periódicas, para que se adéque as mudanças epidemiológicas e da situação alimentar e nutricional do país (BRASIL, 2005). 3.4.1 Guia alimentar na década de 70 Em 1974 foi apresentado no Brasil o primeiro guia alimentar, por intermédio do Instituto de Saúde, da Secretaria de Saúde de São Paulo, com uma adaptação da roda de alimentos, dividida em seis grupos: dos leites, queijos, coalhada, iogurtes; das carnes, ovos; leguminosas; das hortaliças; dos cereais; das frutas; e dos açúcares e gorduras. Enfatizando para a dinâmica dietética individual e em grupo. Havendo uma propensão em dividir os alimentos em grupos alimentares (PHILIPPI, 2008). Durante muitos anos em nosso país, o guia da roda dos alimentos foi utilizada como base para programas de educação e, também no atendimento nutricional. Esse guia dos alimentos trazia a classificação dos alimentos, levando em consideração a função no organismo, em construtores caracterizados em alimentos ricos em proteínas, os energéticos alimentos fonte de carboidratos e gorduras e os reguladores alimentos fonte de vitaminas e minerais (PHILIPPI, 2008). 3.4.2 Guia alimentar para os dias atuais A finalidade neste guia é abordar questões importantes, com relação à base conceitual, sobre uma alimentação saudável e como alcançar no cotidiano as necessidades nutricionais (BRASIL, 2005). É necessário destacar, que alimentação saudável, não deve ser vista apenas como uma receita pré-concebida e universal, pois devem respeitar as peculiaridades individuais ou da coletividade e que alimentação saudável, deve estar baseada em práticas alimentares que tenham significado social e cultural (BRASIL, 2005). Este guia para a quantificação, para um brasileiro saudável, adotou como parâmetro uma ingestão média de 2.000 quilocalorias (Kcal). Porém para garantir o 29 aporte de nutrientes necessário e manutenção da saúde, deve ser levado em considerações sexo, nível de atividade física, idade, estado fisiológico, a presença ou ausência de doenças, bem como, o estado nutricional atual da pessoa (BRASIL, 2006). O enfoque alimentar que envolve este guia prioriza a população ingerir alimentos na forma mais naturais e valorizando os alimentos regionais, além disso, os alimentos tenham gosto, sabor, textura, cor e forma e que todos esses componentes sejam considerados na abordagem nutricional (BRASIL, 2005). Este guia contém as primeiras diretrizes alimentares, com base na alimentação brasileira e fundamentada em sua cultura alimentar, ou seja, preconiza atender toda população, com suas diversas e variadas características demográficas, sociais, econômicas e culturais (BRASIL, 2006). Diretriz 1: refere-se os alimentos saudáveis e as refeições; - Faça três refeições diárias café da manhã, almoço e jantar e intercalados por pequenos lanches; (Ministério da Saúde, 2006) - Consuma diariamente alimentos como cereais integrais, feijões, verduras, legumes e frutas, leite e derivados, carnes magras, aves ou peixe; (Ministério da Saúde, 2006) - Diminua o consumo de frituras e alimentos que contenham elevada quantidade de açúcares, gorduras e sal: (Ministério da Saúde, 2006). ▪ Diretriz 2, 3, 4: nestes itens se especificam dos grupos alimentares dos grãos ( como arroz, milho e trigo) e outros alimentos ricos em carboidrato complexos ( pães, massas, mandiocas e outros tubérculos e raízes); grupo das frutas legumes e verduras; grupo das leguminosas (feijões) e outros alimentos ricos em proteínas. Estes são os três grupos que compõem uma alimentação saudável (BRASIL, 2006). ▪ Diretriz 5: fazem parte desta diretriz os alimentos de origem animal (carnes, leites e derivados e ovos), o consumo desses alimentos são importantes, por serem considerados nutritivos e constituídos à uma alimentação saudável, no entanto devem ser consumidos com moderação (Ministério da Saúde, 2006). ▪ Diretriz 6: trata-se nesse grupo de alimentos e bebidas com autor teor de gordura, açúcares e sal, alimentos que devem ser consumidos moderadamente, por serem prejudiciais a saúde (Ministério da Saúde, 2006). ▪ Diretriz 7: tem como tema água, pois o consumo é de extrema importância para o ser humano (BRASIL, 2006). Este Guia Alimentar trás duas diretrizes importantes para compor uma alimentação saudável, sendo que a primeira diretriz é a pratica de atividade física para evitar o sedentarismo. A mudança de estilo de vida torna-se eixo central para a vida saudável, resultando num impacto positivo e protetor a saúde (BRASIL, 2006; CARUSO, 2008). 30 A segunda diretriz diz respeitos aos aspectos sanitários dos alimentos da compra a conservação, preparação e consumos dos alimentos (BRASIL, 2006). 31 4 VIDA ADULTA Durante a fase adulta, ocorrem mudanças importantes, na qual, a conseqüência pode perdurar para o resta da vida. Os fatores que caracterizam a nova situação social da juventude estão relacionados a fatores estruturais, as dificuldades de transição para a vida ativa com crises econômica, desemprego e o subemprego; o prolongamento da escolarização e fatores sociais, individuais e familiares, com incertezas em relação ao futuro. É um período incomensurável de estresse. É caracterizado, ainda, pelo momento em que concretizam a vida conjugal, constituindo seu núcleo familiar (FARRELL; NICOTERI, 2005). Muitas vezes é entendida como a fase da estabilidade, apresentada uma característica de maturidade. Conforme Moura, (1999, apud LEVISON, 1974-1978) neste período de transição na vida da pessoa, os papéis (casamento, nascimento dos filhos, divórcio, viuvez, entre outros) que o indivíduo assume têm crucial importância. A relevância dos papéis ou tarefas específicas prende-se não só como a forma que o indivíduo encara esses mesmos papéis, mas também pelas expectativas sociais a cerca dessas mesmas tarefas. É considerado adulto jovem, ou seja, entrada no mundo adulto com idade de 22 a 28 anos, a transição dos 28 a 33 anos e estabilização dos 33 a 40 anos de idade. Na meia idade ocorre à transição para meia idade entre os 40 a 45 anos, entrada da meia idade dos 45 a 50 anos, a transição dos 50 anos, entre 50 a 55 anos e a culminar da meia idade que prevalece a faixa etária dos 55 a 59 anos (MOURA, 1999). Logo após os 20 anos, o organismo inicia o processo de alterações metabólicas, como a redução da massa corporal magra e o teor total de líquidos por volta de 17% e um aumento da gordura corporal em 35%. Então há uma preocupação como a manutenção de peso, haja vista que a prática de atividade física nesta fase é reduzida (FARRELL; NICOTERI, 2005). Como já referido, o ganho de peso torna-se mais acentuado, resultando em alterações corporais, segundo Farrell e Nicoteri, (2005. p. 65) “[...] as mulheres apresenta ganho de peso após a gravidez e os homens desenvolvem a” barriga de cerveja” e o ganho de peso “solidário” após a gravidez das mulheres”. 32 Outro fator que influência no ganho de peso, quando há criança em casa, porque o adulto pode acabar ingerindo os alimentos que sobram, para não haver desperdício (FARRELL; NICOTERI, 2005). Na maioria das vezes a alimentação não tem enfoque principal, deixando de lado alimentos considerados nutricionalmente adequados, prevalecendo o comportamento semelhante ao do adolescente, o que se pode estar correlacionando a esta atitude, à correia do dia-a-dia, principalmente os indivíduos que trabalham em expediente integral e, também, independência financeira. Estes adultos acabam optando por refeições rápidas e congeladas (FARRELL; NICOTERI, 2005). 4.1 Necessidades Nutricionais na Idade Adulta 4.1.1 Necessidades energéticas Nesta faixa etária levando em consideração que se completa o crescimento físico, a preocupação a ser observada, é oferta de alimentos para a manutenção de peso ideal, prevenindo possíveis doenças futuras e propiciando melhor qualidade de vida, até porque, este indivíduo encontra-se no auge da vida produtiva (GALISA; ESPERANÇA, 2008). Aos aspectos energéticos nesta fase que devem ser priorizados, o valor energético jamais deve ser ofertado menor que o gasto do metabolismo basal, que se refere ao gasto energético do corpo mantido em repouso, atividade física ou voluntária, Efeito Térmico dos Alimentos (TEF) ou termogênese, massa corporal, clima, Idade (GALISA; ESPERANÇA, 2008). Em relação à idade, o gasto energético pode mudar e as variáveis são: a modificação do peso corporal ou da composição do corpo, diminuição do gasto energético basal, diminuição da atividade física, aumento da prevalência de enfermidades e invalidez (GALISA; ESPERANÇA, 2008). Conforme Farrell e Nicoteri, (2005, p.64) devido o homem apresentar mais massa muscular, seu aporte nutricional requer mais calorias recomenda entre 2.500Kcal e a mulher uma redução para 2.000Kcal. Segundo Galisa; Esperança, (2008) as recomendações do aporte energético de homens e mulheres seja estável dos 20 aos 39 anos de idade e ter uma diminuição de 5% para cada década entre as idades de 40 e 59 anos. 33 4.1.2 Carboidrato Segundo Guia Alimentar Brasileiro (2006) preconiza que o grupo dos carboidratos totais deve fornecer 55% a 75% do valor energético total (VET). Deste total 45% a 65% devem ser provenientes do carboidrato complexo e 10% devem provir de carboidrato simples (refrigerantes, sucos artificiais, doces, guloseimas, açúcar de mesa) (Ministério da Saúde, 2006). Porém com relação aos carboidratos simples (açúcares simples) deve-se ter cautela na ingestão, por que fornecem apenas energia, o consumo excessivo desses alimentos, estão relacionados aumento do risco de obesidade e conseqüentemente na alta incidência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e cáries dentais (Ministério da Saúde, 2006). 4.1.3 Proteínas O Guia Alimentar recomenda para a população brasileira 10% a 15% VET. Porém não quantifica a quantidade de proteínas de origem animal e vegetal. Entretanto pelas porções discriminadas conclui-se que 50% são de origem animal (carnes, lácteos e ovos) e o restante de origem vegetal (feijões) (BRASIL, 2006). 4.1.4 Gorduras O guia recomenda 15% a 30% dos VET. As gorduras são encontradas em diferentes tipos, sendo assim a qualidade a quantidade dessas gorduras quando consumidas devem ser observadas. O guia preconiza o consumo de gorduras saturadas presentes em alimentos de origem animal, não devem ultrapassar de 10% do VET; a gordura poliinsaturada presentes em alimentos de origem vegetal devem corresponder 6% a 10% do total de energia e as gorduras monoinsaturadas completa o percentual recomendado para a quantidade total de gorduras, por serem consideradas gordura de boa qualidade, ou seja, benéfica ao organismo; O consumo de ácidos graxos trans, não devem ultrapassar de 1%. Sendo que a quantidade de colesterol recomendada não pode ultrapassar de 300mg (BRASIL, 2006). 34 4.1.5 Fibras A recomendação nesta faixa etária é de 25 g por dia (BRASIL, 2006). 4.1.6 Líquidos O método utilizado para quantificar o consumo ideal de líquidos para a população brasileira nesta faixa etária, conforme o guia alimentar (2006) é um litro de água por quilocaloria de energia gasta para adultos em condições moderadas, ou seja, sem produção de suor excessivo e em temperaturas ambientais não muito elevadas. Assim, para o valor do GET para 2.000kcal seriam necessário 2 litros de água (BRASIL, 2006). 4.1.7 Vitaminas e minerais Sugere-se que a quantidade de vitaminas e minerais para adultos, nas diversas atividades, deve-se consultar as tabelas DRIs (GALISA; ESPERANÇA; SÁ, 2008). 35 5 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO NA TERCEIRA IDADE O envelhecimento populacional iniciou no final do século XIX, em alguns países da Europa ocidental, contudo houve uma expansão no século XX para os diversos países do terceiro mundo, incluindo o Brasil. A população idosa que representava apenas 3% da população. Há 150 anos, esta faixa etária começou a crescer significativamente (BRUNI; GRANADO; PRADO, 2008). A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica cronologicamente como idosa, os indivíduos que apresentam 65 anos em países desenvolvidos e com mais de 60 anos em países em desenvolvimento, haja vista artigo 1º da Lei 10741/2003, o Estatuto do idoso prevê que são as pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. Segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a população de idosos representa um contingente de quase 15 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade, o crescimento desta população, em números relativos e absolutos. Em 1950 eram cerca de 204 milhões no mundo, estima-se que futuramente, por meados de 2050 a relação será de um idoso para cinco crianças nascidas em todo o mundo. Diante disto o idoso ocupa, cada vês mais, um papel de destaque na sociedade brasileira (IBGE, 2002). O envelhecimento vem evoluindo, por intermédio dos tempos e, também devido às pesquisas realizadas. O envelhecimento representa as perdas na função normal que ocorrem após a maturação sexual e perdura até a longevidade máxima para uma espécie (BUSNELLO, 2007). Conforme Busnello, (2007, apud AUGUST WEISMANN, 1882) “uma das primeiras teorias sobre envelhecimento articulada pelo biólogo, é denominada como a teoria do desgaste. Segundo ele “a morte ocorre porque um tecido desgastado não pode se renovar eternamente.” Fatores que contribuíram, para o crescimento desta população foi à queda nas taxas de natalidade, na qual declinou de 5,8 filhos por mulher em 1960, para 2,4 em 2001 e também da mortalidade infantil, mas pode-se incluir para o aumento da expectativa de vida, melhorias nas condições de saúde, os avanços da medicina, o controle das doenças infecto-contagiosas, são determinantes no processo de 36 envelhecimento da população brasileira, cujo apresentam mais evidentes nos últimos 20 anos (BRUNI; GRANADO; PRADO, 2008). O envelhecimento antes visto com um aspecto meramente biológico e individual passará a ter uma abordagem mais social e política, no qual necessitará de políticas públicas de saúde específicas, conforto, segurança e bem estar. 5.1 Envelhecimento Biológico Todo ser humano passa por um processo de envelhecimento natural. O envelhecimento biológico refere-se alterações nas estruturas e na função do corpo, também altera a aparência pessoal, além das alterações físicas, bem como, as que ocorrem nas estruturas relacionadas à locomoção (BUSNELLO, 2007). Para Lunn, (2007) as mudanças biológicas associadas com o envelhecimento são o resultado do acúmulo de danos celulares e moleculares nas células e órgão que formam o organismo humano durante toda a vida. Porém, a nutrição, estilo de vida e meio-ambiente, também são fatores que contribuem para esses danos as células. Uma das alterações relacionadas ao envelhecimento é a mudança na composição corporal; com redução da massa magra, causada principalmente pela redução do músculo esquelético, a diminuição da massa corporal magra no envelhecimento tem como conseqüência o aumento da gordura corporal (LUNN, 2007). Estas alterações são relacionadas porque alguns hormônios que regulam o apetite e, ainda o metabolismo estão com sua ativação diminuída com a idade, enquanto que outros se manifestam mais ativos (WHITNEY; ROLFES, 2008). Com as reduções de funções de acordo com a idade, o sistema imunológico também sobre alterações, ficando comprometidos devido às deficiências de nutrientes, tornando esses indivíduos mais vulneráveis a doenças infecciosas, do qual, essas doenças são uma das causas mais importantes de morte em idosos (WHITNEY; ROLFES, 2008). Outro fator importante, é a função do trato gastrointestinal, neste período ocorre uma atenuação da produção de ácido clorídrico, conforme Lunn: [...] a secreção de ácido gástrico, do fator intrínseco e da pepsina estão diminuídos, o que pode reduzir a biodisponibilidade vitamina B12, folato, cálcio e ferro. A secreção da enzima pancreática também parece diminuir 37 com o envelhecimento, comprometendo a digestão de gorduras e proteínas [...] (LUNN, 2007) A constipação intestinal é presente nos idosos, isto ocorre porque a parede intestinal perde força e elasticidade e, ainda, a secreção de hormônios do trato gastrintestinal é alterada, assim todas essas ações reduzem a motilidade GI, mas a constipação esta relacionada também com a baixa ingestão de alimentos ricos em fibras, de líquidos e o sedentarismo (PFRIMER; FERRIOLLI, 2008; WHITNEY; ROLFES, 2008). A saúde bucal é considerada outro fator relevante, para alterar o estado nutricional, isto ocorre devido ao alto índice de prevalência de cáries dentárias, infecções periodontais, pelo mau ajustamento de próteses são fatores que causam dor, dificuldade para mastigar e deglutir (ACUÑA; CRUZ, 2004). Com relação à prótese dentária, as pessoas possuem a mastigação menos eficiente e diante disto, acabam optando por alimentos mais fáceis de mastigação, como doces, resultando em uma perda da qualidade da alimentação, porque os alimentos nutritivos como, carne, frutas, vegetais crus exigem uma maior auxilio dos dentes (VITOLO, 2007). As mudanças no paladar, com a idade mais avançada tem-se um declínio, esta sensibilidade a sabores e odores, também alterem a ingestão alimentar, isto devido à redução do número e das papilas gustativas na língua. A ingestão alimentar diminuída leva a perda considerável de peso, bem com deficiências de nutrientes (PFRIMER; FERRIOLLI, 2008; WHITNEY; ROLFES, 2008). A visão quando prejudicada auxiliam na falta de apetite, pela falta de reconhecimento do alimento deixando de ser atrativo (PFRIMER; FERRIOLLI, 2008) e audição contribui de forma para o isolamento social e comer sozinho estimula a ingestão de poucos alimentos (WHITNEY; ROLFES, 2008). O uso de medicamentos ao longo da vida prejudica e interfere na digestão do alimento, na absorção e no metabolismo de nutrientes, levando a desnutrição e até mesmo anorexia, comprometendo o estado de saúde e as necessidades nutricionais do indivíduo idoso (CAMPOS; MONTEIRO; ORNELAS, 2000). 5.2 Envelhecimento Psicológico e Social A depressão, relacionado à perda de entes queridos, amigos são fatores que podem influenciar no estado nutricional do idoso e, ainda, por não estar mais 38 inserido de forma ativa na sociedade. Estes indivíduos tornam mais susceptíveis a contrair doenças, devido à falta de nutrientes que têm papel tanto para proteger o organismo, bem como, para acelerar o processo da doença (PFRIMER; FERRIOLLI, 2008). Diante do exposto, o nutricionista pode contribuir investigando estes fatores e aconselhando, que uma boa dieta e juntamente com mudanças de estilo de vida são essenciais para garantir que as pessoas possam viver uma vida longa, saudável e ativa, para que possa viver em sociedade de forma independente, o máximo que puderem (LUNN, 2007). 5.3 Necessidades Nutricionais no Idoso 5.3.1 Necessidades energéticas O envelhecimento saudável está associado há uma alimentação equilibrada, nesta fase da vida ocorre uma diminuição das necessidades energética do idoso. Conforme Magnoni; Cukier; Oliveira, (2005) O estudo realizado em Baltimore, a ingestão energética de uma amostra de homens diminuiu de 2.700kcal/dias aos 30 anos para 2.100kcal/dia para aqueles com aproximadamente 80 anos. A taxa metabólica basal (TMB) em indivíduos idosos é reduzida em relação aos adultos jovens e de meia- idade, com uma redução de 10% por década, sendo considerado um fator na determinação do gasto energético (GALISA; ESPERANÇA; SÁ, 2008). O decrescimento das necessidades calóricas diárias de um idosos estão diretamente relacionadas com a diminuição do metabolismo, pelo decréscimo do consumo de oxigênio, decorrente da perda da atividade metabólica dos tecidos e, ainda, menor atividade física, são fatores que contribuem para a perda de massa magra (BUSNELLO, 2007). As recomendações do conteúdo da dieta conforme Busnello, (2007,p. 69) para pessoas a partir dos 51 anos, com atividade leve ou moderada, um consumo de 30 kcal de peso corporal como recomendação energética diária, para a população de ambos os sexo. 39 Segundo Whitny e Rolfes, (2008, p. 283) dizem que as DRIs (Ingestão Dietética da referências) agrupam as pessoas acima de 50 anos em duas categorias etárias, um grupo de 51 anos a 70 anos e um grupo de 71 anos ou mais. Autores alertam, no entanto, para possibilidades de erros, principalmente a respeito desta população quanto à sua atividade física, sua composição corporal e prevalência elevada de doenças crônicas. (FERREIRA, 2001). 5.3.2 Carboidrato Para o idoso que fica mais propenso a tolerância a glicose, levando a hipoglicemia temporária, hiperglicemia e diabetes tipo 2. Recomenda-se a ingestão diminuída de carboidrato simples e o aumento da quantidade de carboidratos complexos e fibras (BUSNELLO, 2007; FERREIRA, 2001; WHITNEY; ROLFES, 2008). As recomendações atuais conforme as diretrizes do consumo de carboidratos para população idosa conforme autores são para Busnello, (2007) é de 45 a 65%, já para Galisa, Esperança e Sá, (2008) é de 55 a 75%, conforme Magnoni, Cukier e Oliveira (2005) é de 55 a 60% do VET (valor energético total) ingerido pelo idoso. Os carboidratos simples como glicose e sacarose deverão representar somente 10% do total. A DRIs (2002) e IOM (Instituto de Medicina) propõem consumo de 130g/dia de carboidrato a partir dos 50 anos para homens e mulheres (MAGNONI; CUKIER; OLIVEIRA, 2005). 5.3.3 Proteína Conforme Magnoni, Cukier e Oliveira (2005), o idoso possui um declínio significativo no fluxo sanguineo renal, da liberação de creatinina e da taxa de filtração glomerular. Mesmo diante destas modificações do organismo, não se fazer necessário restrição protéica, a restrição somente é recomendada, em casos de deficiência da função renal. A proteína possui funções importantes na estrutura do organismo, serve para manutenção da massa muscular, que como referido no trabalho, com o aumento da idade está diminuída (FERREIRA, 2001). A RDA indica a ingestão de proteínas de 0,8 por kg de peso para idosos saudáveis. Este valor eXpresso em 40 percentual calórico do nutriente na alimentação deve alcançar cerca de 12 % a 15% do VET(BUSNELLO, 2007). Galisa, Esperança e Sá (2008) sustentam uma recomendação de 1,0 g/kg ao dia, esta quantidade é considerada adequada para manter o equilíbrio de nitrogênio positivo para idosos. A recomendação de proteína também pode ser baseada nas recomendações do IOM para homens é de 56 g/dia e mulheres 46 g/dia. 5.3.4 Lipídio A manutenção e promoção de saúde dos idosos exigem uma atenção maior na ingestão de lipídios. Com objetivo de prevenir o surgimento de doenças cardiovasculares através da dieta (FERREIRA, 2001). O consumo de Lipídios totais de calorias ingeridas segundo Associação Americana do Coração é preconizado de 15 a 30% de gorduras totais, dando enfoque na gordura monoinsaturada de > 20 % por ter um efeito cardioprotetor e manter o HDL, as poliinsaturadas 10% e as saturadas não ultrapassar 7% (IV DIRETRIZ SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLODIA). 5.3.5 Fibras A população idosa possui hábitos alimentares com baixa ingestão de alimentos fonte de fibras e reduzida ingestão de água, isto ocorre também devido a mudanças no trato gastrointestinal. O estilo de vida influencia de forma negativa, contribuindo para o maior consumo de produtos refinados, menos freqüência de alimentos naturais na dieta e de refeições gordurosa e desbalanceada (GRAVEIRO; 2003). Atualmente recomenda-se uma ingestão diária de pelo menos 25 a 30 g de fibra, sendo assim, uma alimentação pobre em fibras ao longo da vida pode contribuir para o aparecimento de doenças crônicas como: constipação (prisão de ventre), doenças cardiovasculares, colesterolemia, hipertensão, Diabetes Mellitus, obesidade, diverticulite, câncer de intestino entre outras (SAMPAIO; SABRY, 2007). 41 5.3.6 Perda de líquidos corporais Outro fator que influencia é a perda de líquidos corporais que nesta idade também se encontra diminuídos e isso pode comprometer a regulação da temperatura por apresentar intolerância ao calor causada pela diminuição do fluxo sanguíneo para a pele e aumentar a suscetibilidade à desidratação (LUNN, 2007; MAGNONI; CUKIER; OLIVEIRA, 2005). Isto ocorre, porque a redução da sensação de sede é referida á disfunção cerebral que com a idade, o mecanismo da sede diminui e os idosos podem passar longos períodos sem beber água (PFRIMER; FERRIOLLI, 2008). Galisa, Esperança e Sá (2008) a desidratação é um dos maiores riscos para o idoso que podem não observar ou dar atenção à sua sede. Os rins perdem gradualmente a capacidade de recapturar a água antes que ela seja eliminada na forma de urina. A recomendação para ingestão destes autores é de 6 a 8 copos de água por dia. Sampaio e Sabry, (2007) comentam que a ingestão deficiente de água, mesmo que em níveis não suficientes para causar desidratação, pode contribuir para ocorrência de problemas clínicos, com constipação, ressecamento da pele e piora da função renal. No entanto outros agravamentos que levam à desidratação é o uso de diuréticos e laxantes (PFRIMER; FERRIOLLI, 2008; FERREIRA, 2001). Segundo Ferreira, (2001) a ingestão de água é de 1,5 a 5,0 litros por dia para manutenção do balanço hídrico, em caso de febre, diarréia, vômito e atividade física as recomendações devem ser aumentadas. A recomendação de água segundo IOM é de 3,7 L/dias para homens e mulheres 2,7 L/dia. 5.3.7 Vitaminas e minerais Os indivíduos na terceira idade são considerados um grupo de risco, para deficiência vitamínica. As deficiências mais comuns são vitaminas do complexo B e, ainda, vitaminas C, D, E. Estas vitaminas são de extrema importância para os idosos devido as suas potenciais propriedades protetoras (LUNN, 2007). Na orientação dietética do idoso devem estar presentes frutas, verduras e legumes para garantir o aporte de micronutrientes. A capacidade de absorção 42 durante o processo e envelhecimento de vitaminas e minerais é diagnosticado que sobre um declínio, devido às alterações fisiológicas do intestino (MAGNONI; CUKIER; OLIVEIRA, 2005). Dos minerais as deficiências que estão mais presentes são ferro a falta desse mineral leva a anemia, o cálcio a falta da ingestão de alimento ricos desse mineral ocasiona osteoporose, o cobre e o zinco tem papel importante no sistema imune (LUNN, 2007). 43 6 MUDANÇAS DOS HÁBITOS ALIMENTARES As mudanças dos hábitos alimentares vêm sendo diagnosticado na sociedade, no final do século XIX. Os fatores que determinam as mudanças se intensificam e se tornam cada vez mais complexos. A integração dos países contribuiu para estas mudanças, devido às trocas comerciais, culturais e tecnológicas (OLIVEIRA; MONY, 1997). Ainda, outros fatores, podem ser observados no processo de mudança do consumo alimentar na sociedade, de acordo com Valente, (2009) está relacionado com a intensa migração urbana, associada à industrialização acelerada, o processo de modernização conservadora da agricultura, de ajuste estrutural e de inserção desordenada de um mercado globalizado. Lima Filho complementa (2009) estas mudanças, também estão relacionadas ao aumento da alimentação fora do lar, pela participação da mulher no mercado de trabalho, pela busca da melhoria da qualidade de vida e pelo aumento da população idosa. No século XX, houve inúmeras descobertas científicas, entre as quais, o surgimento de novos produtos alimentícios a partir da agroindústria, a modernização de técnicas agrícolas e industriais, descobertas sobre a fermentação, a fabricação do vinho, da cerveja, do queijo e do beneficiamento do leite, avanços na genética e na biotecnologia e o aperfeiçoamento dos processos para conservação dos alimentos, determinaram relevantes modificações nos hábitos e costumes alimentares dos indivíduos (GARCIA, 2003). Com já exposto, o período que mais impulsionou a industrialização foi em 1945, onde se caracterizou como os anos dourados do capitalismo, este período é marcado pela criação de novos mercados, com produtos padronizados e produzidos em grandes quantidades, garantindo um bom rendimento aos empresários, fator que determinou a diminuição dos custos dos produtos. Período também que se verificou a fabricação de bens de consumo durável, entre eles geladeiras, eletrodomésticos, entre outros, fabricados principalmente na Europa Ocidental e América do Norte (MENDONÇA; ANJOS, 2004). No entanto estas tendências na economia brasileira foram observadas com mais notoriedade em meados da década de 70, período marcado pelo 44 expressivo crescimento da indústria de bens duráveis e não duráveis, principalmente no setor agropecuário, num valor bem abaixo dos níveis da década de 50 (VALENTE, 2009). Nos países do sul, as mudanças foram perceptíveis nas últimas décadas, havendo transformações no desenvolvimento do sistema de produção e de distribuição e o fenômeno da urbanização, segundo Oliveira e Mony (1997) a evolução no consumo alimentar desses países pode levar aos conceitos de "mimetismo", "globalização", "ocidentalização", "dualismo" e outros, que em geral simplificam o fenômeno. Estudos comparativos entre países têm contribuído para uma melhor compreensão das mudanças observadas em diferentes contextos socioeconômicos, mostrando, por um lado, a tendência à homogeneização e, por outro, a diversificação dos hábitos alimentares. Diante disso, houve um maior refinamento no processamento de produtos alimentícios, tecnologia de conservação e transporte ampliou o consumo de alimentos duráveis e facilitaram o desenvolvimento de um sistema globalizado da alimentação. Assim, os alimentos industrializados estão facilmente disponíveis em supermercados, lanchonetes e fast-food, dando sustentação a esse cotidiano e contribuindo nas mudanças dos hábitos alimentares (PINHEIRO). Outra característica da evolução ocorrida na indústria de alimentos foi impulsionada por uma tendência social mundial, a qual Fonseca (2008, apud FISCHER, 1995) “chama de feminização da sociedade”. A mulher conquista seu espaço no mercado de trabalho e, isto repercutiu gerando mudanças na estrutura e relações familiares, ficando ao seu encargo a responsabilidade do preparo das refeições, bem como, a definição do cardápio (FONSECA et al, 2008). Neste período é que surgem os restaurantes, com objetivo de alimentar uma clientela cada vez mais numerosa de homens e mulheres, que por motivos peculiares optavam por comer fora de casa. Segundo Flandrin e Montanari (1998 p.701) [...] porque já não existe alguém para prepará-las ou porque trabalham muito longe de casa. Em ambos os casos, esse exílio dos consumidores remete às transformações da economia, ao” trabalho feminino “e à expansão das aglomerações urbanas. 45 A população cada vez mais atarefada e na busca de praticidade, pela falta de tempo e, também, influenciados pela mídia, diante desse contexto houve uma transformação profunda na forma de preparem e se relacionarem com os alimentos (MONTEIRO; COUTINHO;RECINE, 2005). No século passado, a formação e unificação cultural trouxeram a tona o cosmopolitismo, com desejo de que alimentação favoreça a evasão, tornado oportuno refeições diferentes, numa tentativa de rompimento da monotonia alimentar (PROENÇA et al 2006). Momento este em que a indústria, a hotelaria e a mídia segundo Flandrin e Montanari, (1998 p. 705) “[...] favorecem uma espécie de mundialização dos paladares – confirmada pela difusão do hambúrguer, hot-dogs, ketchup ou pizza [...]”. A industrialização e a urbanização contribuíram drasticamente para a modificação dos hábitos alimentares, gerando transformações no estilo de vida, praticamente de toda população mundial. Com relação à saúde proporcionaram duas facetas, a primeira é a diminuição das necessidades calóricas da população, decorrentes ao perfil ocupacional e o lazer dos indivíduos; a segunda a redução da qualidade dos alimentos, cooperando para a grande disponibilidade de produtos industrializados (PINHEIRO). Assim confirma Fernandes, (2008) uma grande parcela da população possui um estilo de vida mais urbanizado, há uma facilidade de transporte e um mercado de trabalho mecanizado e sedentário, limitando o gasto energético dos indivíduos. O aumento da prevalência da obesidade em várias classes sociais e em diversas faixas etárias é um reflexo desta tendência. 46 7 METODOLOGIA 7.1 Delineamento da pesquisa Este estudo foi realizado, inicialmente, por meio de levantamento bibliográfico visando à obtenção de material científico sobre o tema proposto. Para tanto foram utilizadas pesquisas disponíveis em meios eletrônicos dos sites de caráter científico, do acervo do Ministério da Saúde, da Biblioteca da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), da Biblioteca Pública Municipal de Siderópolis e documentos disponibilizados pela Secretaria Municipal de Saúde de Siderópolis. Visando validar os objetivos propostos foi realizado pesquisa de campo, com coleta de dados primários. Os dados e as evidencias empíricas discutidos foram obtidos por meio de metodologia qualitativa, por se preocupar com um nível de realidade que não pode ser quantificado (MINAYO, 1996). Busca-se a objetividade e neutralidade do “dado” atingido, tendo-se a flexibilidade para formular e reformular as hipóteses à medida que a pesquisa se realiza (FARIA; OLIVEIRA, 2006). Isso se associa à pesquisa social, como confirma Lefevre & Lefevre (2006) que permiti com segurança que se conheça dos procedimentos científicos, sendo um instrumento que poderá fornecer respostas ricas, detalhadas e altamente confiáveis. As pesquisas desta natureza permitem conhecer de uma população pensamentos, representações, crenças e valores de todo tipo e da coletividade. Expressam a opinião coletiva, apenas da boca de um único sujeito de discurso, por meio de questões abertas, elencando e articulando uma série de operações e diferentes depoimentos individuais, que ao final do processo resulta em uma opinião coletiva. 7.2 População e amostra A cidade escolhida para a realização do estudo foi o Município de Siderópolis, localizado na região sul de Santa Catarina. Conforme dados do 47 município no site da Associação dos Municípios da Região Carbonífera (AMREC) sua população corresponde a 12.895 habitantes (IBGE, 2008). Por ter um delineamento qualitativo o estudo contou com 8 entrevistados com idade de 70 anos. 7.3 Critérios de inclusão e exclusão Foram incluídos os idosos residentes da região mais antiga do município desde a década de 70, com aproximadamente 70 anos. Serão excluídos aqueles, cujo, não residiam no município e apresentarem demência e/ou estiverem impossibilitados de responder ao questionário. . 7.4 Instrumento de obtenção de dados Foi utilizado um roteiro semi-estruturado para a realização das entrevistas (APÊNDICE 1), com questões abertas e fechadas, que permitiram identificar o consumo alimentar da população estudada. 7.5 Forma de obtenção de dados Inicialmente, contactou-se a Unidade de Saúde localizada na região central da cidade, para identificar as Agentes Comunitárias de Saúde que pertencem as micro-áreas da região central. Estas auxiliaram na localização da amostra do estudo. Foi realizado contato inicial junto aos possíveis integrantes da pesquisa para convidá-los a participar voluntariamente do estudo. Após o aceite e assinatura do TCLE foram realizadas e gravadas as entrevistas. A entrevista foi registrada em 2 aparelhos de MP3, de modo a garantir que não se perdesse a riqueza das histórias contadas. 48 7.6 Forma de análise dos dados Após o termino das entrevistas, estas foram transcritas (digitadas) para posterior analise das falas e organização das categorias na tentativa de responder aos objetivos da pesquisa. 7.7 Aspectos éticos Por se tratar de uma pesquisa que envolve seres humanos, essa pesquisa foi apreciada e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC sob protocolo 178/09. A pesquisa foi realizada somente pela autora, para que não houvesse interferência de diferenças interpessoais na coleta dos dados. A pesquisa somente prosseguiu, após o entrevistado ter sido informado e assinado o Termo De Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO 1) de participação. 7.8 Limitações do estudo As limitações do estudo se apresentam na dependência da memória do entrevistado, omissão e/ou superestimação do consumo de determinado alimento e pelo fato do método não permitir a generalização. 49 8 RESULTADOS E DISCUSSÕES Para melhor compreensão os dados serão apresentados da seguinte forma: caracterização da população estudada (sexo, estado civil, profissão, grau de instrução, perfil socioeconômico e moradia); consumo alimentar na década de 70 e dias atuais. Com o objetivo de isentar e garantir o sigilo da identidade dos sujeitos entrevistados adotou-se pela representação por letras. A seguir dar-se-á início aos dados da pesquisa. 8.1 Caracterização da população estudada Participaram do estudo oito sujeitos idosos, de ambos os sexos e residentes na área central do Município de Siderópolis, SC. Os sujeitos hoje estão com idade de 70 anos e na década de 70 estavam com seus 30 anos de idade. A distribuição da população, segundo o sexo dos entrevistados, mostrou que 62,5% (5) dos entrevistados compõem-se de mulheres e 37,5% (3) de homens. Predomínios semelhantes foram encontrados em estudos realizados por Oliveira et al (2007) e Menezes, Yamaguchi e Couceiro (2006), os quais verificaram em suas pesquisas, respectivamente, 63% e 63,63% da amostra pertencente ao gênero feminino e 37% e 36,63% da amostra pertencente ao gênero masculino. Fato que demonstra, uma tendência de uma feminilidade na população idosa e vários estudos já apontaram essa característica como uma das mais marcantes especificidade do grupo (OLIVEIRA, 2007). Os dados referentes ao estado civil atual dos entrevistados demonstram que, 62,5% (5) dos idosos são casados e 37,5% (3) são viúvos. Desses, 25% (2) moram sozinhos, 37,5 % (3) moram somente com o cônjuge e 25% (2) moram com cônjuge e filhos e 12,5% (1) não possui cônjuge, porém vivem com filhos e netos. Na década de 70, o estado civil dos entrevistados era de 100% (8) casados e viviam com cônjuge e filhos. Durante as entrevistas, os mesmo relataram que 87,5% (7) são de origem italiana e 12,5% (1) é de origem inglesa. Todavia, todos com nacionalidade brasileira. 50 Na década de 70, dos sujeitos entrevistados 75% (6) moravam na zona urbana e 25% (2) moravam na zona rural e na atualidade 100% (8) moram na zona urbana. Que conforme Mendonça e Anjos (2004), “em 1970 os moradores das áreas urbanas representavam 58,0% da população, já em 2000 segundo dados do censo 81,0% já residiam nos aglomerados urbanos”. Este é um fator importante para as mudanças dos hábitos alimentares, por estarem propensos as influencias de uma sociedade moderna, devido às facilidades. A sociedade moderna impulsiona à busca e ao consumo, cada vez maior, por alimentos industrializados, conforme Mezomo (2002), esses são padrões tipicamente de uma sociedade urbana. Com relação à questão da residência, na década de 70, 75% (6) das famílias tinham casa própria e 25% (2) eram cedidas e, em média, moravam sete (07) pessoas. Hoje, 100% (8) das famílias têm suas residências próprias e em média moram duas (02) pessoas. A pesquisa, ainda permite identificar o perfil dos idosos, quanto a sua formação escolar, como se pode observar na tabela 1. Tabela 1: Distribuição da Escolaridade dos Entrevistados, Siderópolis, SC (2009). Escolaridade % n Ensino Fundamental Incompleto 50 4 Ensino Médio Incompleto 25 2 Ensino Médio Completo 12,5 1 Ensino Superior Completo 12,5 1 Total 100 8 Fonte: Dados da Pesquisa (2009) Conforme apresentado na tabela 1, a maioria dos sujeitos entrevistados 50% (n=4) possui o ensino fundamental incompleto, seguido por 25% (2) do ensino médio incompleto. Esses percentuais mostram que dos idosos entrevistados a maioria tem pouco grau de escolaridade. Segundo Davim et al (2004), mesmo um país como o Brasil, em desenvolvimento, isso representa uma realidade, quando se trata de idosos, porque viveram sua infância em época onde o ensino não era prioridade, principalmente com relação à mulher. Conforme relatos sobre o grau de escolaridade dos sujeitos entrevistados: 51 Sujeito entrevistado A “Até o 4º ano; por que naquela época, pra estudar tinha que andar 4 a 5 quilômetros pra ir numa escola, né, era tudo a pé”. Sujeito entrevistado C “Três anos” Sujeito entrevistado G “Só 3 anos, 1º, 2º e 3º ano do primário né...” Com relação à situação profissional pode-se observar que, no grupo entrevistado composto de três pessoas do sexo masculino e cinco do sexo feminino, na década de 70 se apresentou com 50% (4) dos entrevistados eram do lar, 25% (2) eram comerciantes, 12,5% (1) era professor e 12,5% (1) era operador de máquina. Nos dias atuais, esse grupo já pertencendo a faixa etária denominada de idosos, se apresenta com 37,5% (3) são aposentados, 25% (2) são aposentados/pensionistas, 25% (2) são do lar e 12,5% (1) é pensionista. Esses dados nos revelam que 75% (6) do grupo entrevistado vivem com base na renda da aposentadoria e/ou pensão, como nos confirma Chaimowicz (1997) que a principal fonte de rendimentos dos idosos é constituída através de aposentadorias ou pensões. Uma questão, também, abordada na pesquisa, refere-se à renda desses entrevistados. As declarações de renda dos entrevistados são apresentadas na Tabela 2. Tabela 2: Distribuição da Renda dos Sujeitos Entrevistados, Siderópolis, SC, 2009. Distribuição de Renda Década de 70 % n Atual 2 a 3 salários mínimos 50 4 2 a 3 salários mínimos 37,5 3 5 a 6 salários mínimos 25 2 4 a 5 salários mínimos 50 Acima de 6 salários mínimos 25 2 Total 100 Fonte: Dados da Pesquisa, 2009 Acima de 5 salários mínimos 8 % n 4 12,5 1 100 8 Pode-se observar, conforme a tabela 2, que a classe econômica, que o indivíduo pertence, é um dos grandes determinantes de consumo, observa-se que na década de 70, a renda familiar predominou entre 2 e 3 salários mínimos, representando 50% (4), seguindo de 5 a 6 e acima de 6 salários mínimo, num total de 25%(4) cada. Na grande maioria a renda provinha somente do marido. Conforme relatos sobre a renda dos entrevistados: 52 Sujeito entrevistado A “A gente comprava era a farinha de trigo, era açúcar, café se não o resto tudo cultivado em casa, plantava tudo era milho, aipim, feijão, arroz, batata [...]” Sujeito entrevistado C “Naquela época eu tinha 6 filhos, ele ganhava menos, mais eu gastava muito mais; o quanto aquilo que ele ganhava era só pra viver. Os filhos que estudavam e ninguém ganhava, era só ele. Plantava um pouquinho de milho, arroz, mandioca, batata doce, aipim, que era diferente, plantava um pouquinho de tudo. Plantava milho, feijão, estas coisas a gente não comprava [...]”. Sujeito entrevistado F “Ai, tadinho do meu marido ele ganhava o que, ele trabalhava na Treviso, ele ganhava um saláriozinho, na época um pouquinho mais, era rebolado né, pra dar conta de tudo, nunca sobrava né; mas a gente sempre dava o jeitinho né, a comida era simples, arroz, feijão e carne, bem daquela de segunda né... assim né, não sei alguém ajudava “Deus ajudava naquela época”. Tudo que era consumido em casa eu comprava, a única coisa que não comprava era as verdurinhas na horta e os pés de laranja no quintal, o pé de mamão no quintal né, eu me lembro. Sujeito entrevistado G “[...] Os ovos eu pegava na casa do meu pai, que era da roça, da colônia e depois eu tinha minhas galinhas, criava só galinha, que era pra consumo e ter meus ovinhos né, abóbora era colhida da roça do meu pai. A farinha de trigo era comprada igual a hoje e a farinha de milho, as vezes eu comprava na tafona né, onde moía o milho ou pegava na casa do meu pai.Naquela época eu fazia compra pro mês, comprava na caderneta, todos os dias as vezes ia comprar e marcava na caderneta e no final do mês pagava Sujeito entrevistado H “O açúcar mascavo era pra uso geral. O açúcar branco era pra quando vinha uma visita...existia lá, aí é uma visita vamos trata - lá com mais...oferecia uma coisa melhor, então fazia um café com açúcar branco era um... não era pra qualquer um não. Aquela vez se fazia até algum pão, bolo com açúcar branco”. Hoje, observa-se que a grande maioria possui um poder econômico maior, sendo representado por 4 a 5 salários mínimos, que é constituído por 50% (4), seguindo de 3 salários mínimos, representando 37,5% (3) e a minoria (12,5%, 1) ganha proventos acima de 5 salários mínimos. Quando questionados sobre o quanto gastavam com a alimentação ou o quanto destinavam para alimentação obteve-se uma média de 12,5%. O valor da renda destinada para alimentação pode acabar influenciando no seu consumo alimentar, pois a renda não é atribuída apenas para sua alimentação, mas também, para outras necessidades. Oliveira (2007) relata que indivíduos com idade avançada, tendem a desviar maiores recursos financeiros com assistência médica e em medicamentos, isto ocorre devido aos agravos de saúde durante o processo de envelhecimento, que influencia na qualidade de vida. Outro fator que chama a atenção é que na década de 70 conforme relatos acima, a alimentação provinha sempre do próprio plantio, ou seja, na produção de alimentos 53 para o alto consumo. O estado nutricional dos idosos tem modificado nos últimos anos, podendo ser explicado pelo elevado consumo de calorias e outros nutrientes. Esta mudanças no perfil alimentar vem se constituindo como risco para a saúde dos idoso. Chaimowicz (1997), completa que os maiores problema econômicos, sociais e de saúde são enfrentados pelas mulheres, por terem uma expectativa de vida maior que dos homens e, ainda, por apresentarem menores níveis de instrução e renda. 8.2 Consumo Alimentar O estudo envolve conhecer o consumo alimentar da população, para melhor compreender as práticas alimentares dos mesmos e as mudanças ocorridas. Foram coletadas informações, do qual, optou-se por segmentá-las de acordo com o roteiro de perguntas desta pesquisa. Antes de adentrarmos na questão alimentação, a título de conhecimento, descreveremos de forma comparativa os utensílios e equipamentos da década de 70 e na atualidade. Na década de 70 para fazer o cozimento e a preparação dos alimentos, a grande maioria dos entrevistados utilizava fogão à lenha. Segundo o sujeito entrevistado B “[...] geralmente utilizava no fogão a lenha pra economizar gás”, no entanto esse equipamento foi citado apenas por dois dos entrevistados. Ainda, foi citado, um tipo de forno que era na rua, utilizado neste período para assar pães, que conforme os sujeitos entrevistados citam: Sujeito entrevistado A “[...] fornos de barro na rua, ficava em 4 palanques ali fazia aquele forno [...]”. Sujeito entrevistado F “[...] nós fazia em forno de rua, era feito de tijolo, era como uma oca. Outros eletrodomésticos citados foram geladeira (80%, 6), o liquidificador e máquina de moer carne. As funções da batedeira eram realizadas manualmente, através de uma espátula. A respeito dos eletrodomésticos: 54 Sujeito entrevistado A “[...] fogão a lenha, fogão a gás nem existia naquela época, agora tem até lá na roça, lá na minha irmã também tem, nem geladeira não tinha nada. Nois tinha dispensa e guardava tudo na dispensa, lugar mais frio a carne, ai secava, aquela carne e fazia o charque [...]”. Sujeito entrevistado C “[...] porque na época não tinha energia, assim no interior. Não tinha nada, vamos supor em conforto como é hoje, a gente tem tudo, geladeira, liquidificador, televisão, não tinha nada disso, era tudo. Teve uma época que era lamparina na querosene, mais então nóis, não sei como é que surgiu, nóis tinha lâmpada que a gente comprou e ligava a gás, era tipo uma luzinha bem fina e cumpridinha, tinha que pegar o fósforo pra acender, mas fazia uma lâmpada forte. Quanto aos utensílios, às panelas utilizadas para o cozimento dos alimentos eram de alumínio e ferro para cozinhar carne e a polenta era preparada num “caldeirão” e panela de pressão. Os utensílios como pratos, travessas, xícaras, sopeiras utilizados neste período eram de porcelana, as eram bacias de alumínio e de esmalte. Hoje conforme entrevistados houve uma modernização nestes equipamentos e utensílios, relatando microondas, cafeteira, grill, geladeira, fogão a gás, forno elétrico, multiprocessador, batedeira, espremedor de frutas, liquidificador, freezer e churrasqueira elétrica. Os utensílios agora usados pelos entrevistados são: panelas de teflon, alumínio, ferro e inox, bem como as travessas, pratos e xícaras de vidro ou cerâmicas, bacias de plástico. 55 Figura 1: Fogão a lenha e fogão de mesa a gás Fonte: da Pesquisadora Figura 2 Fogão a lenha e fogão de mesa a gás Fonte: Da Pesquisadora 56 Figura 3 Jogos de café, jantar em porcelana e uma panela de ferro, farinheira de madeira e um bule de alumínio: Fonte: Da Pesquisadora Figura 4: Utensílios artesanais de bater e espremer , multiprocessador e batedeira Fonte: Da Pesquisadora 57 Figura 5: Bule de alumínio, cafeteira elétrica, espremedor e grill Fonte: Da Pesquisadora 8.2.1 Consumo alimentar na década de 70 Inicialmente buscou-se indagar como era a alimentação dos entrevistados na década de 70, mas diante da forma genérica com que relataram e, com o objetivo de obter mais informações sobre o consumo alimentar, indagamos sobre quais e como eram as refeições. Observou-se, então, que as refeições citadas pelos entrevistados foram o café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar. Na busca, de elucidar um pouco dos hábitos alimentares da população estudada e diante dos relatos foi observado que a cultura alimentar, não foi incutido apenas pelos italianos, mas também obteve influencia de outros imigrantes, que vieram para o sul do país. De acordo com os sujeitos entrevistados, os alimentos que apresentaram com maior frequência no café da manhã foram distribuídos da seguinte forma: café, sendo que, de acordo com sujeito entrevistado A “o café era feito no bule, uma vez era no coador de pano”, leite integral, pão, rosca de polvilho, bolacha, bolo de laranja, bolo de milho e pão de milho, cavaquinho, rosquinha, cuca, batata, aipim, adicionava doce de abóbora, de banana, mel e, ainda, faziam uso de salame, queijo, 58 margarina, manteiga. Vale ressaltar, que eles utilizavam o termo “mistura”, quando se referiam aos alimentos como pães e aos doces era “chimia”. É necessário lembrar que muitos desses alimentos eram confeccionados de forma artesanal. Conforme relataram os entrevistados(grifo nosso) Sujeito entrevistado A “[...] Nós comia, a falecida mãe assava rosca, era pão feito em casa, né e assava ali, a gente comia bolacha, coisa assim e a mãe fazia ai a gente tomava café com isto ai, era batata doce, era aipim [...]” Sujeito entrevistado B “[...] Café da manhã geralmente café com pão, bolo sempre feito em casa, nunca comprávamos, era feito bolo de laranja, eu me lembro que muito bolo de laranja e...sempre mistura, nunca faltou.[...] A gente comia muito pão de milho ia farinha de milho, batata, cará, era feito na casa da sogra a gente trazia e mantinha na geladeira, rosca de polvilho e broa, nunca faltou leite, nunca faltou a margarina ou manteiga, né...então... também fazia qualhada em casa [...]”. Sujeito entrevistado C “[...] Café da manhã, pão, leite; pão eu fazia![...] além do pão, bolacha, cavaquinho, fazia rosquinha, bolo, cuca, dependendo do que eu fazia eu usava banha ou margarina; se fosse pão caseiro e bolacha usa com banha, agora um bolo melhor era com margarina, porque eu tinha vaca de leite mas eu não fazia manteiga, então a gente comprava né. O cavaquinho era frito na banha.[...]” Sujeito entrevistado D “[...] No café da manhã era pão, salame, queijo e café. Pão fazia em casa [...]. Fazia em casa cavaquinho, rosquinha, rosca de polvilho, mais era o cavaquinho [...]” Sujeito entrevistado E “[...]O cafezinho da manhã sempre foi aquele né...cafézinho com pãozinho, com manteiga […]” Sujeito entrevistado F “[...] Café da manhã era pão, um queijinho, uma margarina ou manteiga, café com leite. O pão eu fazia pão caseiro, eu que fazia, ia manteiga, chimia (doce) de abóbora, de moranga, assim, na época tudo era produzido caseiro, no pão ia farinha de trigo, as vezes fazia o pão de milho também, que ia farinha de milho, sempre fiz tudo em casa, assim [...] mas naquela era tudo feito em casa, bolachas as vezes fazia uma vez ou outra, quando era perto do natal, a gente fazia aquelas bolachas enfeitada, na bolacha ia farinha, ovos, banha, as vezes, que manteiga não era assim tão fácil, mais era banha; e fazia bolacha, nós fazia em forno de rua, era feito de tijolo, era como uma oca, assim né, a gente fazia.[...]” Sujeito entrevistado G “[...] De manhã usava café com leite, era comprado no sítio e pão né, bolacha, margarina era meio ruim...não era igual a hoje não, mel, fazia chimia né, doce de abóbora, queijo, salame, mas não era todos os dias, a gente revezava né. O pão que era feito em casa, era pão de milho, nesse pão ia farinha de milho, farinha de trigo, açúcar, leite e o fermento né. Usa uma colher de banha ou azeite. O azeite tinha, vinha em latinha, tinha aquele de oliva, só que não usava, porque tinha gosto ruim. O doce de abóbora era feito em casa né e a abóbora era colhida da roça do meu pai. Fazia aipim, batata doce. Fazia bolacha, ai ia farinha de trigo ou farinha de milho, porque eu fazia bolacha de milho também né e outras fazia só com farinha de trigo; colocava margarina, açúcar e ovos, também comia rosca, eu não fazia eu comprava né [...]” 59 Sujeito entrevistado H ”[...] No café da manhã era usado um queijinho, salaminho que naturalmente fazíamos. As farinhas que era produzidos os pães era comprada; se usava muito em fazer era o pão de farinha de milho, era o popular pão de milho também, que ao invés de ir farinha de trigo ia farinha de milho e que era muito gostoso..., eu não produzia queijo, eu comprava, esse era comprado normalmente tinha muitos colonos que faziam e a gente comprava do vizinho , eu tinha comércio... era difícil eu não ter queijo serrano. No pão usa manteiga, na época minha esposa fazia muito doce de abóbora e banana era muito bom. A abóbora pra produzir esse doce era comprada, porque eu trabalhava no comércio e pegava dali né. comiamos também uma farofa, farofa de ovos, também é o mesmo processo né, cozinha o ovo ali e fica muito bom. A farinha de mandioca eu comprava na década de 70 e era comprada a granel, não em pacotinho plástico né; olha só como as coisas mudam, porque não inventaram o saquinho aquela vez, tinha lá um de papel bem fino, colocava no prato da balança, jogava o produto ali dentro e se enrolava. Para agregar mais conhecimento em relação aos alimentos consumidos neste período, nesta refeição, os entrevistados relataram que já compravam pão, que eram conhecidos com pão d’água e pão doce. Sujeito entrevistado C “[...] Quando tinha um café com leite e um pão de padaria, que era uma novidade naquela época era o suficiente [...]e quase não consumia esse tipo de alimento, não, era muito caro[...]. Eu comprava bolacha que vinha sortida né, tinha bolo de caixinha era novidade, então eu comprava, eu sempre comprava assim coisa diferente, mas assim vamos dizer que quando tinha pão de padaria era tipo uma festa [...]’. Sujeito entrevistado D ”[...] tinha pão de padaria, o pão de padaria tinha diversas variedades, tinha pão Frances, pão doce, pão d’água [...]’. Sujeito entrevistado G ”[...] O pão da padaria era igual o de hoje; era pão d’água e pão doce, não era na padaria que nós comprava era no mercadinho, porque padaria aqui nem sei se tinha, traziam de algum lugar e entregavam no mercado, mercado não, aquela vez se dizia venda. Né [...]”. Sujeito entrevistado H ”[...] Comprava pão, mas raras vezes, mas comprava, era mais o tal pão d’água [...]”. Outra refeição interessante, mencionada entre os entrevistados foi o almoço, tanto durante a semana, como aos domingos, os alimentos que se sobressaíram nesta refeição foram polenta, macarrão, arroz, feijão, carreteiro, aipim, ensopadinho de abobrinha, carne de galinha, de porco, de boi, peixe, rã, fortáia, charque, salame, ovos. No consumo de carne observou-se predomínio da carne de porco, seguida da carne de galinha e de boi e, ainda, vale lembrar que como eles criavam os animais em casa, eles consumiam todas as partes, como as vísceras. Pode-se observar abaixo a descrição do consumo alimentar do almoço dos entrevistados: (grifo nosso) 60 Sujeito entrevistado A “[...] mais era polenta ao meio dia, era galinha a falecida mãe criava bastante galinha, salame, ovo, queijo [...]” Sujeito entrevistado B “No almoço sempre feijão, arroz ou polenta, galinha. Comia bastante carne de porco, carne bem selecionada era o lombo do porco e era feito aquele “xixo”, era carne de porco, carne de gado no próprio espeto cebola, que era mais lá toucinho, porque não sabíamos que era tão prejudicial, de porco, e... então era feito um “xixo”. [...] a carne de rã. [...]Outra coisa que se usava muita era ovo. Meu marido pescava, era tudo peixe fresquinho [...]”. Sujeito entrevistado C” [...] No almoço, era assim, frango ensopado com polenta, com arroz ou com massa, quando era carne de boi mais ensopadinha com batatinha, que a gente plantava, porque nóis, usava mais do que hoje; naquela época de vez em quando era ovo frito, ou fortáia, salame frito, essas coisa, porque a gente fazia né, ensopadinho, abobrinha né [...] Sujeito entrevistado D “[...] No almoço era macarrão, arroz, feijão, carne, polenta, minestra; naquele tempo mais carne de porco, porque a carne de boi era mais cara de que a de porco. O macarrão era com molho né, fazia um molho de cebola, tomate, coloral [...] Fazia galinha ensopadinha, as vezes fazia a couve de folha ensopadinha, a carne de boi era ensopadinha e picadinha, mais era feito ensopadinha . Naquela época nós usava a pele de galinha, era tão boa, ainda mais que era galinha da colônia, ensopadinha era tão boa.o charque, era a costelinha de porco, era vísceras de porco, bucho [...]”. Sujeito entrevistado E “[...] Lá era a mesma comida caseira, ou seja, feijão, arroz, bife, massa, batatinha frita, as vezes vinha um ovo frito, mas o tradicional feijão, arroz e bife era normal. A carne cozida da panela também [...]”. Sujeito entrevistado F “[...] Olha no almoço, um dia tinha carreteiro, outro dia um feijão com arroz, né, com carne moída, batatinha, era esse tipo de almoço que nós fazia... Uma polenta, as vezes ensopava um pedacinho de galinha né, com fortaia (queijo) né, ovos e era isso no almoço [...]”. Sujeito entrevistado G “[...] No almoço, um dia comia polenta, fazia a minestra, um dia arroz e feijão, macarrão. O macarrão que eu fazia em casa era água, ovos e farinha de trigo e sal, essa massa abria com a garrafa ou um rolo. O tempero para colocar nesse macarrão era coloral, o coloral se fazia em casa, era com a farinha de milho, a sementinha do coloral né, batia no pilão e fazia o coloral. Sujeito entrevistado H “[...] Ao meio-dia vamos a comida tradicionalmente que era feijão, arroz, normalmente se fazia uma polenta com queijo, com salame, era uma época que se comia muito bem; claro a idade, a gente tinha filhos pequenos, se comia muito bem [...] se comia muita carne, ainda entrava o salame, o queijo, o macarrão se comprava né; mas uma três vezes por semana era...a polenta era mais ao meio-dia. Ai se comia carne ensopada com arroz ou até com polenta também, sempre carne de primeira. A carne bovina, suína e frango também, mas lá predominava muito a carne bovina e a suína, pelo motivo de eu trabalhar nisso, mas se comia frango também,charques, comia muito pinhão. Comia-se peixe [...]”. No caso do almoço aos domingos predominava o churrasco, macarrão, arroz, maionese (batata com maionese), galinha ensopada ou frita, bife a milanesa, 61 guimis (batata com repolho), refrigerante e sempre havia uma sobremesa, como o sagu, pudim de laranja ou pudim de banho maria, este relatado por todos os entrevistados, com uma ressalva, que nem todos faziam uso do leite condensado, então usavam açúcar refinado. Todos os sujeitos entrevistados “maionese, mais assim ó, cozinha as batatinhas, botava umas cenouras quando tinha porque não era sempre época, depois colocava uns ovos cozido que eu esmagava e caso um cru a gente mistura com um pouquinho de azeite mexia bastante, bastante e ia sempre colocando um pouquinho de azeite até fazer a quantia de creme pra colocar na batatinha”. Sujeito entrevistada C “ [...] Aos domingos a gente assava carne ai tinha o refrigerante e a maionese [...]”. Sujeito entrevistado B “[...] a carne era mais aos domingos, churrasco, carne de porco, né assim, também aos domingos tinha os “oguimis” que é batatinha com repolho né, aquele fazia parte do cardápio todo o domingo, a gente tomava guaraná, era novidade não durante a semana, aos domingos. Era feito pudim, aqueles pudim de banho Maria, então ta leite condensado, leite de vaca integral, comprado que era trazido em casa , o leiteiro trazia, então leite integral , batido no liquidificador e depois colocado numa forma assim, açúcar e depois ia pro banho Maria, ai isso ai era a sobremesa de todo o domingo[...]”. Sujeito entrevistado D “[...] No domingo era churrasco, mas na época mais era carne ensopada, nós fazia carne em posta, carne ... enchia ela com tempero, colocava cebola, assim pedaço inteiro, nós dizia carne em posta e colocava numa panela; maionese. O refrigerante era só aos domingos, uma vez..., hoje é direto [...]”. Sujeito entrevistado F “[...] Nos domingos a gente procurava sempre fazer uma comidinha melhor, já tinha a massa pra comprar, só que não era assim sofisticada, igual agora cheio de marca, essas coisas, tinha uma marca e olhe lá... Daí a gente fazia uma massa, um bife a milanesa né; uma galinha frita, fazia uma maionese. A gente fazia um sagu, a gente procurava dar um jeitinho no fim de semana fazer uma sobremesa, pudinzinho né. Ah no pudim ia leite, ovos, açúcar branco, aquele açúcar refinado, na época já tinha, fazia um cremizinho pra comer esse sagu, ah o creme fazia com leite, açúcar ou farinha ou maizena (amido de milho), a gente dava um jeito de comprar porque já tinha né... Não tinha outra coisa, então era gostoso [...]”. Sujeito entrevistado G “[...] Nos domingos era mais macarrão com carne de galinha ensopadinha, nós tinha a galinha em casa e mais era galo né. Nos domingos era assim, mais macarrão, arroz, a gente fazia batatinha, ovo,; aí cozinhava as batatinhas, os ovos, picava tudo junto, as vezes cenoura, cebola de cabeça. Ah, tinha tempo que nós comprava bebida, gasosa, era numa garrafinha pequena. A sobremesa que fazia era com leite moça e suco de laranja. Era pudim, era feito com uma xícara de suco de laranja, quatro ovos e uma lata de leite moça, fazia em banho Maria [..]”. Sujeito entrevistado H “[...] Aos domingos e dias festivos se varia muito pouco, às vezes tinha lá...o básico...se fazia um churrasquinho, botava lá uma lingüiça, com churrasquinho de carne né, pra dar uma mudada no cardápio né; aí era mais saladas, se fazia muita maionese. As crianças tomavam refrigerantes que existiam na época, mas eu no caso, sempre 62 predominou vinho em casa, eu tomava meu copinho de vinho e, ainda tomo hoje. Os refrigerantes eram em garrafinhas, era do refrigerante médio, hoje, era uma gasosa, bem colorida mais gostosa, muito boa [...]”. Como já exposto no trabalho, a carne que frequentemente era usada, no referido momento era a suína. Desse animal eram produzidos outros insumos como o torresmo, a banha, toucinho e o salame (também chamada de linguiça), que faziam uso nas refeições. Segundo os sujeitos entrevistados C e H: Sujeito entrevistado H “[...] a lingüiça se abatia o porco, tirava-se a banha em primeiro lugar e depois a carne se moía, o processo de antigamente da lingüiça ainda passa a ser o mesmo de hoje, muda muito pouco ou nada. Moia a carne, deixa essa carne em cima da mesa, isso era abatido do porco né, aí temperava essa carne, deixava ali 2 a 3 horas e depois se ensacava na própria tripa do porco e aí ia pro comércio[...]”. Sujeito entrevistado C “[...] O toicinho deixa dois pedaços e depois cortava meia fatia até chegar no coro e colocava muito sal pra conservar, porque na época não tinha energia, assim no interior [...]”. A respeito do lanche da tarde, pode-se identificar os produtos mais frequentes consumidos por eles, que no geral eram os mesmos alimentos consumidos no café da manhã, porém predominando mais o bolo e pães com doces. Com exceção do consumo de vitamina de banana ou abacate, evidenciado por alguns dos entrevistados, todos diziam: (grifo nosso) Sujeito entrevistado A “[...] Daí então às 4 horas a mãe levava o café lá na roça, ela fazia farinha de mandioca misturada com açúcar e levava pra nóis prá come, as vez tinha mais tempo ela torrava. Tinha que trabalhar para ajudar nóis, ai ele não torrava, levar junto com o café era isso que nois comia. Sujeito entrevistado B “[...] a tarde no lanche a glória era fazer vitamina de banana. Eles usavam o “toddy” é...Era o feito a tarde e não tomava café, as crianças não tomavam, faziam a batida e tomavam com “Toddy”, era banana, leite e “Toddy”. Sujeito entrevistado C “[...] Fazia o café da tarde e fazia pão de milho, no pão de milho ia assim, açúcar, banha, ovos, água, farinha de milho e farinha de trigo; era de massa mole ai. O açúcar era como de hoje, açúcar branco refinado, o pão era comido com café com leite, margarina, queijo, salaminho, não era tanta história como hoje [...]”. Sujeito entrevistado D “[...]. A tarde comia banana, pão, café com pão, cavaquinho, pão feito em casa com essas coisas assim né [...]”. Sujeito entrevistado E “[...] tinha liquidificador, daí começar aquela coisa, vou chegar em casa e vou tomar uma batida de abacate de tarde [...]”. Sujeito entrevistado F [...] Era um bolinho chamado “relachado” porque era só farinha, água e açúcar, bem molinho, aí colocava na banha bem quente e ficava todo retorcido, uma delícia, ele adorava comer com café 63 Sujeito entrevistado G “[...] E no lanche da tarde tomava café com pão, era igual o da manhã, porque fazia bolo né. Nesse bolo ia ovos, farinha, fermento “Royal”, manteiga, depois botava chocolate, não era bem chocolate, era tipo “Nescau”, vinha em latinhas né. No lanche da tarde, naquela época não era fruta igual a hoje, era pão com mel, chimia, fazia de abóbora, mas de banana também. Sujeito entrevistado H “[...] A tarde tomava-se um café, era a mesma coisa da manhã, normalmente tinha lá o que a esposa inventava um cavaquinho, um queijinho, um café com leite; não era lá tanta coisa mais, o queijinho e a lingüiça estavam sempre na mesa. O leite era produzido em casa, porque pegava no meu pai que morava do lado, era o leite que sai direto da vaca Outra refeição mencionada foi o jantar, no qual predominava a minestra, sopa ou as sobras do almoço, entretanto uma das entrevistadas relatou consumir alimentos pertencentes aos cafés, já neste período. Referente ao jantar, os entrevistados relataram:(grifo nosso) Sujeito entrevistado A “A noite às vezes era polenta que sobrava, mas, mais minestra”. Sujeito entrevistado B “[...] No jantar geralmente era alguma coisa que sobrava do almoço ou uma sopa, por que ele gostava muito de sopa, então era sopa de verdura, verdura, sopa de galinha com macarrão feito em casa, ou sopa de galinha com arroz, mais acrescentando sempre com verdura [...]”. Sujeito entrevistado C “[...] No jantar era assim minestra, queijo, salada [...]”. Sujeito entrevistado D “[...] Muita vezes era minestra, a maior parte era feita com cebola, era arroz. Sopa, na sopa usava assim galinha, aí uma sopa grossa, colocava ou galinha ou carne e depois colocava verdura e arroz ou massa, tinha aletria, o... aletria, faz anos, hoje eles chamam de cabelinho de anjo, naquele época, tinha de letrinha [...]” Sujeito entrevistado E “[...] Nós jantávamos, no inverno era aquela minestrinha quente com queijo, pra dormir cedo né, uma vez por semana arroz e feijão, e uma vez por semana. E no restante era arroz e feijão, bife, um ovo estrelado frito; os ovos a gente tinha em casa [...]”. Sujeito entrevistado F “[...] A noite a gente fazia um café, café a noite com pãozinho, um salgadinho que sobra do meio-dia né, principalmente ele né, homem sempre gosta de um salgado, a gente não dava muito importância, café, quando tinha leite, quando não tinha era preto[...]”. Sujeito entrevistado G “[...] A noite se fazia a minestra, as vezes ou arroz com leite ou sopa né; nós botava pedaços de galinha, deixa a galinha com pele, porque meu marido gosta, hoje em dia já não deixo pele nenhuma [...]”. Sujeito entrevistado H “[...] A gente jantava, normalmente quase a mesma coisa do almoço, era quase que a mesma coisa, feijãozinho, arroz, queijinho, tinha uma salada [...]. A minestra era quase, não digo todo o dia, mas uma três vezes por semana [...]”. 64 Ainda, outro alimento presente nas refeições dos entrevistados eram as verduras. As famílias tinham horta em casa; o plantio e os cuidados necessários da horta eram realizados na grande maioria pelas mulheres juntamente com os filhos. Não ia nenhum tipo de produto inorgânico ou agrotóxico, os alimentos eram produzidos na forma mais natural, com “esterco”. Pode-se observar que as verduras mais citadas foram alface, radiche, rúcula, cenoura, beterraba, tomate, couve, vagem, ervilha, espinafre, repolho, chuchu, cebola, alho e temperos verdes. Vale ressaltar que, a oferta desses alimentos no almoço ou jantar era consumido, apenas uma qualidade do produto, ou seja, não era variado, predominando sempre mais os folhosos. Segundo relatos: Sujeito entrevistado A “[...] a gente fazia um quintal grande, era tudo repolho, alface, era cebola, alho, plantava de tudo; a beterraba também [...]”. Sujeito entrevistado B “[...] a gente fazia um quintal grande, era tudo repolho, alface, era cebola, alho, plantava de tudo[...]sempre uma cozida refogada e muita salada alface, almeirão, rúcula e também salada de repolho com cenoura, tudo produzido no próprio quintal sem agrotóxico, era uma preocupação do marido com relação aos agrotóxicos, nesta horta tinha os temperos, salsinha, cebolinha, né pra temperar, o alho até o próprio alho ele plantava. Sujeito entrevistado C “[...] salada de radiche, alface, mais radiche e alface Tinha, naquela época a gente plantava quase a mesma coisa, porque a gente plantava cenoura, beterraba, alface, salsinha e repolho, mais feijão de vagem. Tinha uma horta bem grande. Pra temperar a salada verde era usado a banha se era muito tempero a gente tirava e colocava vinagre dentro e depois colocava na verdura ficava boa. O toicinho deixa dois pedaços e depois cortava meia fatia até chegar no coro e colocava muito sal pra conservar, porque na época não tinha energia, assim no interior [...]”. Sujeito entrevistado D “[...] Sempre comemos verdura, hoje nós comemos menos verdura do que na década de 70. Alface, radiche, tomate, couve, beterraba, cenoura, vagem. Temperava com vinagre e o azeite né. Hoje só usa o azeite pra fazer comida né. Naquela época o azeite era chuliado, uma lata tinha que dar para o mês todo, era mais caro. Aí tinha que usar a banha, o azeite era mais usado na salada porque pro resto da comida era usado banha né. Sujeito entrevistado E “[...] salada que vinha era de alface e repolho, era muito raro comer uma salada de cenoura, as vezes beterraba, mas era muito raro né, uma vez por semana [...] Sujeito entrevistado F “[...] Eu tinha quintal lá né, meu filho gostava de cuidar, lá era cebola, radicho, alface né, tomate, mais era muito pouco, mais era comprado, o que colhia na horta era muito pouco, espinafre, tudo que a gente deveria ter né. É porque era um lugarzinho pequeno, lá não tinha espaço. Cenoura e beterraba comprava lá em um amigo, que as vezes chegava pra vender [...] 65 Sujeito entrevistado G ” [...] No almoço se comia saladas né, radiche, alface, repolho de tudo, nós tinha nosso quintalzinho. Tinha beterraba, cenoura, cebola de folha, salsa, quem cuidava da horta era eu e meu marido. A verdura nós temperava com sal, pimenta, vinagre, meu marido comprava toucinho, cortava tudo em pedacinho e dava aquela fritadinha, depois colocava por cima...” [...]”. Sujeito entrevistado H “[...] Comiamos salada, então essa era produzida, salada era alface, radiche, repolho, cenoura, isso tudo era produzido, minha esposa tinha um quintal muito bom, nós morávamos no sítio...quem cuidava era minha esposa [...]”. As frutas consumidas naquela época eram laranja, bergamota, banana, maçã, pera, ameixa, melão, melancia, abacaxi, uva, mamão, manga entre outros. Com exceção da banana que sua produção ocorre o ano todo, as demais frutas citadas eram consumidas somente em períodos de sazonalidade e na sua maioria eram produzidas em casa. Sujeito entrevistada A “[...] naquela época tinha laranja, grande, bergamota, era só, era laranja e bergamota. A noite ia chupar melancia na casa dos vizinhos Sujeito entrevistado B “[...] naquela época tinha laranja, grande, bergamota, era só, era laranja e bergamota, banana a gente comprava porque era a fruta mais barata [...]” Sujeito entrevistado C “[...] Naquela época era só laranja que a gente tinha, era vergamota e laranja enxerto, que a tinha e a laranja comum só e banana, as bananas [..]”. Sujeito entrevistado D “[...] sempre comemos laranja, bergamota, maçã, pêra, o meu pai tinha comércio e essas frutas comprava no comércio. Tinha bastante variedade, hoje a fruta vem de outros países. Naquela época tinha ameixa, a pocam não existia, a pocam veio depois. Antigamente ia jogar futebol e sempre tinha 2 a 3 carroças de laranja e bergamota ali pra vender e todo mundo comprava né... pé de maracujá, tinha pé de laranja [..]”. Sujeito entrevistado F “[...] era a laranja do pé, alguma banana, banana nós ia lá pra cima no colono e comprava, depois é que começou a vir as maçãs e outras coisa, mas na época era só isso laranja e banana. o pé de mamão no quintal né, eu me lembro[...]”. Sujeito entrevistado H “[...] Tinha um terreno baldio e tinha uma parreira de uva, laranja, tinha ameixa, banana eu sempre produzi e produzo até hoje, mamão, porque no meu bananal sempre dá mamão, manga, goiaba, quando em períodos de safra tinha em por tudo [...]” 66 Figura 6:`Parreira e Pomar Fonte:Da pesquisadora 8.2.2 Consumo alimentar atual Dando continuidade na análise dos dados coletados, para dar mais ênfase no conhecimento do consumo alimentar dos sujeitos entrevistados e propiciar mais saberes sobre a alimentação, objetivou-se conhecer como é a alimentação na atualidade, visou-se não influenciar nas informações, seguindo a mesma metodologia da coleta das informações da alimentação na década de 70. Observouse que as refeições mais citadas foram café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar. Para melhor identificação do consumo alimentar, observaram-se os alimentos que os sujeitos entrevistados consomem no café da manhã e seguiram distribuídos da seguinte forma: café segundo sujeito entrevistado A “café é no bule, na mellita”, leite de caixinha (integral, semi-desnatado ou desnatado), wafer, bolo de laranja, bolo de banana, cuca, pão integral, bolachas (salgada integral, doce da vaquinha ou recheada), broa, cavaquinho, rosca, empadão, granola, mamão, qualhada, requeijão, mel, doce de leite e de abóbora, goiabada, presunto, queijo, salame, mortadela, margarina e adoçante. Um dos entrevistados declarou apresentar, uma doença chamada talassemia e, por isso frisou o consumo de suco, o qual era preparado com couve, hortelã, laranja, açúcar mascavo. (grifo nosso) 67 Em estudo semelhante, Lima Filho et al (2009), verificaram que no café da manhã, declarados pelos idosos, é o tradicional composto de lácteos, pão, frutas e café e, ainda outros alimentos como mel, bolachas, biscoitos, aveia e vitaminas. A grande maioria dos alimentos foi relatada, pelos sujeitos entrevistados e estão descritos abaixo: Sujeito entrevistado B “Nosso café da manhã, então é assim ó, sempre mamão com granola, diariamente o mamão com granola depois o pão integral, nós usamos pão integral aí é uma qualhada, requeijão, dificilmente se usa margarina, geralmente é o requeijão ou qualhada, uso mel lá uma vez ou outra, quando eu acho um mel bom. Café com leite desnatado, bem quentinho, de vez em quando se faz um bolo de laranja, wafer e para ficar mais nutritivo né... Eu ainda continuo com a preocupação da alimentação”. Sujeito entrevistado C “[...] No café da manhã também é diferente tem de tudo, o pão às vezes eu faço, mais quase a maioria é comprado, quando eu faço coloco fermento, dois ovos, coloco a metade de banha e metade margarina, umas quatro a cinco colheres de açúcar branco; quando não faço eu compro mais pão d’água e pão integral, de semente de girassol ou de soja [...]”. Sujeito entrevistado D “Hoje nós somos ricos, é pão, queijo, margarina, usa fazer pão, salame, mortadela ou presunto, torresmo. Ela faz em casa, é mais no final de semana, bolo doce e faz também um bolo que é salgado, a massa salgada bota salsicha, frango tipo um empadão, mas é bolo. No bolo doce é colocado ovos, margarina, leite, fermento né, é com açúcar caramelado e banana. As vezes uns cavaquinhos frito com banha, ela usava azeite pra fritar tudo, agora voltou a usar banha. O leite que é usado em casa hoje e de caixinha e as vezes desnatado, as vezes integral e o café eu tomo com adoçante. Sujeito entrevistado E “[...] O café da manhã é o pãozinho d’água ou cuca que esposa faz em casa, mais é pão d’água e pão doce com goiabada. Hoje tomamos leite com café é leite integral, desnatado e semi-desnatado, naquela época isso não existia, era tirado direto da vaca. Depois foi acabando esse leite e veio o leite de caixinha e a gente se se adaptou a ele [...]”. Sujeito entrevistado F “Hoje como de tudo um pouco né, tudo dentro dos conforme né. Café da manhã eu faço aquele suco verde, eu faço no liquidificador, a couve por causa da minha anemia, então couve, hortelã, laranja e açúcar mascavo, coou e tomo no lugar do café da manhã, porque é difícil eu tomar café, e quando eu faço isso aí, aí como junto um pãozinho, mais é difícil eu comer, aí fora assim eu como iogurte, banana, mamão com mel [...]”. Sujeito entrevistado G “Pão, café, margarina, queijo; café com leite, esse leite é de caixinha e desnatado, mais fizemos uso de leite integral. O pão é mais comprado no comércio, às vezes integral, pra mim compro na padaria pão d’água, pão doce, bolo, rosca, bolacha salgadinha, doce, essa bolacha é integral, bolacha recheada [...]”. Sujeito entrevistado H “[...] Normalmente o café, porque aí as coisas vão mudando, então hoje tu vai ao mercado, tem uma bolachinha, tem uma coisa ai chega na hora de tomar o café, ainda que se usa muito fazer pão 68 caseiro. É difícil na semana que não é feito pão caseiro, então quase que na mesa tem sempre, mas aí eu tenho uma bolacha do mercado, que a gente escolhe lá, uma broa, sempre com café com leite; hoje o leite é comprado no mercado, esse leite vem em caixinha né, faço uso do leite integral, sempre tem na mesa uma chimia, doce de leite, o queijo não falta, eu não vivo sem queijo, ainda tem as vezes um salaminho é um café bem recheado; o pão caseiro é o mesmo pão que ela fazia naquela época, o pão caseiro é manteiga, água, fermento, farinha de trigo, enfim esses produtos que é usado pra fazer pão. As vezes até hoje a mulher inventa em fazer doce de abóbora, mas a margarina, mel eu sempre tenho mel caseiro né. , broa de mercado e usa também hoje pão d’água, se compra as vezes pão integral né, que já vem fatiado, aqui se usa muito fazer farofinha de banana, frita a banana e faz uma farofinha, com farofinha de mandioca [...]”. Com base, nos depoimentos dos sujeitos entrevistados, evidencia-se inserção de outra refeição, o lanche da manhã, que geralmente é composto por uma fruta (banana, laranja, pêra, maçã, abacate, mamão), mas também, pães, como se percebe na fala dos sujeitos entrevistados: Sujeito entrevistado B “[...] comemos uma banana, nunca deixa de faltar banana em casa, nunca falta fruta laranja, banana, maçã e só isso, às vezes se compra uma pêra uma vez-lá ou outra. Sujeito entrevistado D “[...] No lanche da manhã fico beliscando no mercado, banana, torresmo, às vezes um pedaço de pão salgado outra vez doce, as vezes pão d’água [...]”. Sujeito entrevistado F “[...] Quando é 10: 00 h como um pedacinho de abacate [...]”. Sujeito entrevistado H “[...] a fruta é mais usada lá pelas 10:00 h, ou chupo uma laranja ou como um mamão [...]”. Quanto ao consumo alimentar do almoço, pode-se verificar o consumo dos seguintes alimentos: feijão, lentilha, arroz (branco, parboilizado e integral), aipim, batatinha, polenta, macarrão (também chamado de massa), que de acordo com o sujeito entrevistado D “O macarrão era com molho né, fazia um molho cebola, tomate, colorau, agora eu é colocado “sason” ou caldo “maggi”, né”, torta de frango, maionese, nhoque, galinha ensopada, carne de boi, peixe. Conforme Menasche, Marques e Zanetti (2008), na alimentação dos idosos “estão presentes inúmeros produtos industrializados ou adquiridos no mercado”. No período estudado, observou-se um consumo maior de carne de boi e de frango, todavia houve um declínio no consumo de carne suína. De acordo com Lima Filho et al (2009), os tipos de carne mais consumidos são bovina e de frango. O baixo consumo da carne suína 69 fresca foi justificado pela alta taxa de gordura. De acordo com trechos de depoimentos dos sujeitos entrevistados, pode-se constatar: (grifo nosso) Sujeito entrevistado A “No almoço é feijão, arroz, bife, massa, tudo assim, hoje tem no mercado. Sujeito entrevistado B “[...] Almoço ou é feijão ou lentilha, ai então o arroz, às vezes integral, as vezes arroz branco, ou... 1 file com pouquinha gordura bem mal passado, uma carne moída ensopada com batatinha, as vezes a gente faz um pirê de aipim, ai quando tem pirê aipim não tem arroz, pra não ter dois amido juntos. Pire gostamos mas com galinha ensopada. A gordura que utilizo na alimentação é óleo de girassol e milho, não uso o óleo de soja mais, agora li alguma coisa que ele é prejudicial então não to usando mais. Mais uma lata de azeite da pro mês, tão pouquinho que eu uso. Sujeito entrevistado C “[...] Hoje é bem diferente, durante a semana, de vez em quando eu faço uma polentinha, la cada 15 dias eu faço massa, gosto de fazer torta de frango, não tem. Assar durante a semana a carne, no domingo também. Faço maionese durante a semana [...]”. Sujeito entrevistado D “[...] No almoço uma vez macarrão, o molho branco é colocado margarina, trigo, leite e um pouquinho de creme de leite; o molho branco é colocado na massa , só arroz normal e feijão, inhoque, minestra, salame, galinha, carne, assim...um pirão de feijão. Hoje a galinha se compra já pronta né, além de picadinha tem um que é só a coxinha, agora eu só uso galinha em pedaços, coxa e sobrecoxa né. Agora a gente faz mais uso de carne de boi, do que a de porco, a carne de boi compramos em pedaço, em pacote a vácuo. Sujeito entrevistado E “[...] No almoço aquela comida tradicional né. Feijãozinho, arroz, bife, carne, galinha ou uma vez ou outra um ovo frito [...]”. Sujeito entrevistado F “[...] No almoço costumo fazer uma abobrinha, moranga, arroz branco, eu gosto, se bem que não é muito aconselhado e faço uma carne moída, umas almôndegas; aí eu gosto mais almôndegas do que bife e sou eu que preparo em casa essas almôndegas; feijão, não como feijão todos os dias, as vezes faço uma massa bem temperadinha, faço com queijo, bato no liquidificador e faço um molho bem gostoso [...]”. Sujeito entrevistado G “[...] Hoje no almoço o que mais comemos agora é arroz, feijão, saladas e carne né; as carnes, mais é ensopadinha ou se não bife e carne de galinha, alguma vez é frita, né, usa azeite pra fritar. Antes fazia com banha que comprava na colônia e hoje os colonos não produzem mais banha. Então se obriga comer azeite (que é o óleo de soja); Sujeito entrevistado H “[...] O almoço é variado, se faz muita polenta, é mais ou menos uma coisa por dia; um dia é polenta com fortaia, ovos com queijo frito. A gente come também polenta com leite, tem um salaminho frito com ovos também. Um dia arroz com feijão e bife, o bife é frito, ai tem um dia que faz com ovos, bife acebolado, frango. Ai também frango assado no forno, uma coxinha ou sobrecoxa. Hoje a gordura usada pra fazer a alimentação é o azeite(óleo de soja) 100%; normalmente quando assa é deixado a pele, mas na hora de comer se retira. Tem um dia que é feito uma massa né. Essa massa é comprada no mercado, sempre é feito um molho de tomate aparte e cada um adiciona; claro ai é feito um bife acebolado e se coloca na massa e fica muito bom. 70 Com relação aos domingos, os alimentos que predominam são o churrasco, maionese, saladas e o refrigerante, para a preparação dessa refeição, os insumos são comprados, inclusive o churrasco pronto. De acordo com Menasche, Marques e Zanetti (2008), “aos domingos e nas comemorações festivas, o churrasco (prato marcador da identidade gaúcha) substituiu em boa medida, os pratos tradicionais das culinárias italiana e alemã”. Diante dos depoimentos dos sujeitos entrevistados evidenciam: Sujeito entrevistado A ”No final de semana o churrasquinho “do Telha” eu faço uma maionese, outra saladinha.Essa maionese agora esta diferente, vai batatinha, essa batatinha eu compro no mercado, eu ponho a “Hellmanns”, hoje é proibido ovo. [...]Consumo de refrigerante dos meus filhos é grande, ai eu falo pra fazer uma limonada, assim consegui não tomar tanto refrigerante que faz mal. Sujeito entrevistado C”[...] Aos domingos Assar uma carne. Faço maionese também, faço comida bem diferente [...] hoje eu uso colocar azeitona, ervilha, milho verde, agora o creme é diferente, então eu faço agora eu coloco três ovos cozidos, né, e via mexendo bem na vazilha até mexer o creme, depois vou colocando um pouquinho de azeite dependendo da quantidade de batatinha, leite NE, e vou mexendo bem, depois vou colocando a quantia de azeite pra quantia de creme, vou mexendo bem e no final coloco uma colher de Hellmanns que a gente compra[...]” Sujeito entrevistado D “[...] No domingo, hoje é churrasco, quando só estamos nós dois sozinhos, eu compro o churrasco já pronto, depois uma maionese vai batatinha, um ovo cozido com Hellmanns e boto a gema, um pouquinho de azeite e coloco Hellmanns e bate junto e faz um creme, coloco salsinha, cebolinha, cenoura, às vezes azeitona; nem sempre boto; enlatados que faz uso é o milho verde, ervilha [...]”. Sujeito entrevistado G “[...] Eu faço carne assada, carne de panela de ferro né, churrasco, faço bife acebolado e maionese[...]”. Durante as entrevistas, os participantes relataram realizar o lanche da tarde, que era composto dos seguintes alimentos: café com leite, pão d’água, pão de ló, pão de queijo, bolo de cenoura, broa, cavaquinho salgado, rosca, pastel, acompanhado com queijo, salame, doce de banana e margarina, frutas, aveia e vitaminas. Dos alimentos descritos, apenas o pão de ló, cavaquinho e o bolo de cenoura são produzidos em casa, os demais são comprados no mercado ou padaria, como se percebe nas falas dos sujeitos entrevistados: (grifo nosso) Sujeito entrevistado A “[...] A tarde eu como uma fruta, essa fruta é comprada. Quando não como fruta tomo café, com pão e margarina, doce de banana. Sujeito entrevistado B “[...] A tarde se a gente ta no encontro com as amiguinhas, né sempre se come uma bolacha, bolo de cenoura, mais como é 71 mais gorduroso, nós gostamos muito de fazer o pão de ló, porque só vai ovo e não vai gordura, a laranja é do quintal, fizemos um pão de ló de laranja é o que nós mais usamos. Sujeito entrevistado D”[...] No lanche da tarde tem dia que se toma café com pão, com bolacha, mais salgada, as vezes lá um a broinha, mais é o pão d’água, tudo comprado. Aí cavaquinho a mulher faz salgado, aí faz uma baciada. Neste cavaquinho vai queijo ralado, ovo, farinha [...]”. Sujeito entrevistado E “[...] o lanche da tarde é uma maçã”. Sujeito entrevistado F “[...] A tarde aí sim eu faço café, aí tem rosca de polvilho, pãozinho, queijo mais amarelinho; eu tomo café preto [...] Sujeito entrevistado G “[...] A tarde como frutas faço uma pratada de fruta, tudo misturada é maçã, pêra, goiaba boto uma aveia, assim, as frutas que como hoje é tudo comprada [...] ou café, sendo mais leite que café, comum pedaço de bolo comprado, hoje em dia não se faz mais nada em casa se compra pronto né. As vezes rosca né, pão da padaria, o que eu costumo mais comer é o pão da padaria; pão d’água não tem nada né...ai pastéis, pão de queijo [...]”. Sujeito entrevistado H “[...] No lanche da tarde é um café com leite, pão, um pãozinho d’água mais leve, mas sempre tem um queijinho junto, pão café com leite, quando tem um salaminho, mas nunca é comido bastante. Muita vez não é feito nem café é feito uma vitamina de banana ou mamão, um abacate tal, aí se toma aquela que é muito bom, uso açúcar , infelizmente sou muito açucareiro, uso esse comercial, aquele refinado [...]”. No tocante a refeição da noite, o jantar, pode-se observar nos relatos dos sujeitos entrevistados, que predominou o consumo das sobras do almoço e/ou café “reforçado”. De acordo com Lima Filho et al (2009), no estudo evidenciou que 15,7% não possuem o hábito de jantar, substituindo esta refeição por um lanche, composto principalmente pelos seguintes alimentos: frutas, bolachas e biscoitos, leite ou sucos. Esse comportamento é justificado pelos entrevistados, por ser uma alimentação mais leve, ou seja, de fácil digestão. (grifo nosso) Sujeito entrevistado A “No jantar as vezes o que sobra do almoço ou tomo café a noite. Eu não me importo de tomo café a noite também. Eu coloco no pão nata, banana as vezes, esquento uma banana no micro. Assim. Sujeito entrevistado B “[...] A noite as vezes é sopa, as vezes é o resto do almoço, as vezes é um mingau de aveia, é um café com pão, com bolacha, queijo, queijo também sempre esta presente na mesa, queijo mais branco, um queijo serrano [...]”. Sujeito entrevistado C “[...] A noite ele gosta de uma sopinha de frango com arroz, porque ele não gosta de comer comida pesada e tem sempre café com mistura. Café com leite integral doce, ai queijo, pão, queijo bem amarelo, bem gordo [...]”. Sujeito entrevistado D “[...] No jantar é café, as vezes se come o que sobra do meio-dia, um arroz ou faz um bolinho de arroz, as vezes faz arroz com 72 leite; aipim frito, polenta frita quando tem também, ou esquenta no microondas. Sujeito entrevistado E “Nós não jantamos mais, já fazem bem uns 15 anos” [...] A noite é aquele lanche mais reforçado, mortadela de peru e queijo, queijo colonial que a gente compra. Eu compro do parmesão, mas eu congelo pra quando fazer uma pizza. Quando faz pizza de calabresa ai eu como, aí faz a massinha, molho de tomate. Observa-se, que a maioria das verduras citadas pelos entrevistados no período anterior são novamente mencionadas na década atual, com exceção apenas da couve chinesa. O consumo de vegetais nesta faixa etária, está diretamente relacionado aos hábitos alimentares pré-formados, que são trazidos ao longo dos anos, entretanto, outra explicação para o consumo de vegetais seria a menor influencia sofrida pela cultura “fast food” desses indivíduos, que converge atualmente e que atua diretamente sobre a alimentação dos adolescentes (DIAS et al, 2005). Apesar de eles residirem nos aglomerados urbanos, apenas 37,5% (n=3) dos sujeitos entrevistados relataram comprar todos os vegetais no mercado e os demais produzem algum tipo de vegetais e hortaliças para seu consumo. Contudo, um dos relatos interessantes sobre o consumo de verduras é do sujeito entrevistado D “hoje nós comemos menos verduras do que na década de 70”. Sujeito entrevistado A ”alface, beterraba, pepino, couve, repolho Sujeito entrevistado B “[...] salada verde sempre tem, salada verde do quintal sem agrotóxico. Então tem alface, almeirão e rúcula , dificilmente falta a couve, e também usamos couve refogada bem pouquinha gordura só um fiozinho, né tempero alho, cebola, salsinha, cebolinha, sempre procuro fazer comida bem temperadinha. Sempre tem é difícil ficar sem uma verdura refogada, ou um repolho, ou moranguinha [...] Sujeito entrevistado C “[...] todos os dias verduras é radiche, alface, couveflor, é brócolis, é rúcula, beterraba, pimentão assim né, a gente compra tomate direto, nunca falta. Sujeito entrevistado D “[...] alface, radiche, cebolinha, salsinha. Sujeito entrevista E “[...] agora cenoura, beterraba, sempre tem na mesa, repolho, alface, couve-chinesa. A nossa horta só tem uma cebolinha verde. Sujeito entrevistado F “[...] uma saladinha de pepino ou tomate. chicória, tomate seco, cenourinha pequenininha, salada temperada com vinagre, repolho com tomatinho cereja. Sujeito entrevistado G “[...] salada é radicho, alface, beterraba, não é tudo junto, cada dia é uma, tomate, pepino, brócolis. Sujeito entrevistado H “[...] Saladas é uma rúcula é um, um radiche, alface, cenoura, beterraba, tomate, couve-flor, brócolis. 73 Figura 7: hortas caseiras Fonte: Da pesquisaora No consumo de fruta, relatados pelos sujeitos entrevistados, observou-se uma diversificação e também um consumo mais frequente, segundo relato do sujeito entrevistado B “na década de 70, a gente não tinha aquela preocupação do valor nutritivo da alimentação, nesse período o que tinha na mesa ou em casa a gente comia e hoje em dia a gente tem mais preocupação”. Esta preocupação foi mencionada num estudo realizado na cidade de São Paulo, concretizado por Pinheiros (2006), idosos com um grau de escolaridade maior e com acesso a informações vem estabelecendo relações em práticas de alimentação saudáveis a prevenção de doenças. Com relação à variedade desses alimentos, disponibilizados no mercado, conforme relata o sujeito entrevistado H “hoje é impressionante as frutas se encontram na entressafra também, você vai no mercado tem; eles põe na câmara fria e conservam, não fica um produto bom, mas tem” e, ainda, relata o sujeito entrevistado G “compro só as frutas da época quando tem”. A quantidade de frutas ingeridas pelos entrevistados aumentou ficando em média 2 a 3 frutas diárias, contudo o Guia Alimentar (2006) preconiza para atender o aporte de vitaminas é 74 necessário consumir de 3 a 4 frutas diárias. De acordo com Viebig et al, (2009), “o consumo de frutas aumenta significativamente conforme o nível de escolaridade e a renda per capta dos indivíduos”. As frutas mais consumidas pelos entrevistados são: kiwi, laranja, banana, mamão, melão, maçã, goiaba, uva, melancia, caqui, pera, manga, ameixa, entre outros. Sujeito entrevistado C”[...] Assim, maçã e mamão, laranja lima, laranja umbigo, pêra, tudo comprado no mercado, compro toda semana [...]”. Sujeito entrevistado F “[...] Frutas é o kiwi, laranja, uva, melancia, banana, mamão, melão, maçã [...]”. Sujeito entrevistado G “[...] Frutas como maçã, goiaba, caqui, kiwi, pêra, laranja [...]”. Sujeito entrevistado H “[...] Costumo comer manga, laranja, mamão, ameixa na época de ameixa, mais frutas da época. Gosto muito de ameixa, mas não dessas fora da época, importada não vale nada. Mas a laranja é direto, banana é difícil faltar [...]”. 8.3 Comparativo entre a década de 70 e os dias atuais Nesta parte do trabalho, buscou-se com os dados coletados, realizar um comparativo do consumo alimentar dos dois períodos pesquisados. No quesito quantidade de refeições e lanches, no período anterior estudado havia a presença de apenas de três refeições e um lanche, sendo que no período atual houve a presença de três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches no período atual. As atuais diretrizes do Guia Alimentar para a População Brasileira (BRASIL, 2006), preconiza a realização de três refeições diárias como café da manhã, almoço e jantar intercalados por pequenos lanches, resultando em 5 a 6 refeições diárias. Na refeição café da manhã, pode-se observar que a mudança que ocorreu se deu em relação à aquisição e preparo dos alimentos, que na década de 70 eram produzidos em casa, sendo uma novidade a compra do pão na padaria e, hoje, ocorre o inverso, sendo novidade quando a “mistura” é feita em casa. No almoço, também observamos que houve uma mudança na forma de preparo e aquisição, principalmente pela introdução de alimentos industrializados, haja vista, que na década de 70, os insumos além de serem em sua maioria 75 produzidos pelos próprios sujeitos, eram confeccionados em casa e hoje tudo é adquirido em ambientes de compra (supermercados) e, até o domingo, que mesmo ainda sendo considerado um “dia especial”, sofreu as consequência, onde até o churrasco ou frango é adquirido pronto. Segundo Pinheiro (2006), o comportamento alimentar dos brasileiros tem sofrido modificações, especialmente nas zonas urbanas, com o aumento da alimentação fora do lar e a preferência de gêneros alimentícios em supermercados. Diante desse contexto as atuais diretrizes do Guia Alimentar para a População Brasileira (BRASIL, 2006), completa que a transição nutricional influenciou de forma negativa nas mudanças do padrão alimentar da população, porque implica a mudança do padrão alimentar tradicional, com base no consumo de grãos e cereais, que aos poucos estão sendo substituído, por um padrão alimentar com grandes quantidades de alimentos de origem animal, gorduras, açúcares, alimentos industrializados e relativamente pouca quantidade de carboidratos complexos e fibras. Monteiro, Coutinho e Recine (2005), revelam que há uma tendência a substituir os carboidratos complexos por lipídios e carboidratos simples, confirmando os estudos que avaliam as modificações no padrão de consumo dos brasileiros ao longo dos anos. Além disso, ocorreu um aumento no consumo de refrigerantes e de proteínas, havendo troca de proteínas vegetais por proteínas animais, principalmente industrializados (como salsicha e presunto). No lanche da tarde e jantar houve uma continuidade de consumir os insumos de outras refeições, tais como a mesma alimentação do café da manhã no lanche da tarde e, as sobras do almoço ou realizar uma refeição, nas palavras deles “reforçada” no jantar. Ainda, podemos observar no lanche da manhã, o consumo de frutas, as quais continuam presente e, com mais frequência e diversificação, face às melhorias na renda e produção, não se restringindo a apenas as frutas da época, como ocorria na década de 70; situação idêntica com as hortaliças, que continuam presente na alimentação e no cultivo próprio de alguns tipos. Portanto, os dados nos permitem ainda, observar, que ocorreu uma modificação na forma de aquisição e preparo dos alimentos, devido às mudanças que ocorreram na sociedade como um todo, porém costumes e hábitos adquiridos 76 com o passar dos tempos estão presentes, mesmo que com o passar dos anos se busque a praticidade e comodidade. Figura 8: Refrigerante: Mudança no formato mas não nos insumos Fonte: Da Pesquisadora Figura 9: Frango Fonte: Da Pesquisadora 77 9 CONCLUSÃO Este estudo pretende contribuir e, não esgotar o aprofundamento do tema, oferecendo uma abordagem e reflexão nos hábitos alimentares de indivíduos em dois períodos diferenciados. Neste sentido, a pesquisa qualitativa, proporciona ao profissional em saúde, em especial ao Nutricionista conhecer os hábitos alimentares, planejando ações e implantando programas de acordo com a realidade alimentar, respeitando os costumes passados de geração para geração e as influências culturais da população, em que o individuo se encontra inserido, visando uma melhora na qualidade de vida neste período denominado “velhice” e, também, a promoção da melhoria na qualidade de vida nas fases que a antecedem. A pessoa idosa tende a seguir os hábitos alimentares adquiridos da infância e adolescência, período que provavelmente se formam as preferências alimentares. Quaisquer ações ou programas dirigidos a uma determinada população devem considerar a diversidade de gostos, respeitando os valores alimentares desse segmento e não tentar impor hábitos culturais que confrontam aos dessa população, os deixando se sentirem frustrados e infelizes, podendo comprometer sua autoestima, possibilitando o surgimento de doenças que comprometam o estado nutricional. Analisando os entrevistos, percebeu-se que houve modificação, mas não no consumo alimentar e sim na forma de aquisição e preparo dos alimentos que compõe o consumo alimentar entre primeiro período estudado, década de 70, e o segundo, os dias atuais. Na década de 70, os alimentos eram produzidos e confeccionados de forma artesanal, isto é, em casa; apesar de ser pouco diversificada e consumir insumos somente no período de sazonalidade, consumiam produtos sem agrotóxicos ou produtos químicos. Porém, já faziam uso de alguns produtos industrializados como o “toddy”, leite condensado, creme de leite, mortadela, gelatina, chocolate, margarina, extrato de tomate, que eram novidade e tinham um alto custo. 78 Hoje, os indivíduos entrevistados, bem como a população de forma geral, adquirem todos os produtos que compõem sua alimentação, situação inversa ao período anterior estudado. Mesmo com as facilidades que a modernidade trouxe, baixo custo e diversidade nos produtos, há por parte dos entrevistados e dos demais a preocupação no consumo desses produtos no tocante ao uso excessivo de substâncias nocivas a saúde, na criação, cultivo e preparo. Contudo, o consumo de produtos industrializados que indica a tendência encontrada na sociedade moderna e transformadora, que buscam produtos cada vez mais facilitadores na vida da sociedade, não está associado, apenas a consumidores jovens, fato que também, confirma a tendência de consumo entre os sujeitos entrevistados por este tipo de produtos. O envelhecimento, hoje é um fenômeno crescente nos países em desenvolvimento e, o maior medo do ser humano não é envelhecer, mas envelhecer mal, ou seja, quando chegar nesta fase da vida apresentar problemas e necessidades além das que ocorrem com o processo normal de envelhecimento. Observou-se que os entrevistados têm uma preocupação com a saúde, mas uma das características marcantes do grupo entrevistado, no tocante, a refeição do jantar houve a troca pelo café, os alimentos que compõe, não suprem o aporte nutricional adequado para a faixa etária, que como já exposto, pode comprometer o estado nutricional. Desta forma, o consumo alimentar de idosos, que se caracteriza como um grupo de pessoas, que devem ser consideradas e observadas especialmente, uma vez que possuem padrão e hábitos alimentares específicos. Fato que pode possibilitar realizar programas voltados para essa população, incutindo práticas de hábitos alimentares saudáveis e, ainda, de atividade física. O nutricionista deve interagir na comunidade, mas com reflexão sobre a realidade econômica, política, social e cultural, visando sua atuação em todas as áreas do conhecimento em que a alimentação e nutrição se apresentem como fundamental à promoção, manutenção, prevenção e/ou recuperação da saúde de indivíduos ou grupos. Hoje, mesmo com a globalização e as facilidades de intercâmbio entre nações, a comunidade guarda suas peculiaridades culinárias, segundo a disponibilidade dos ingredientes encontrados na região e de acordo com seu modo de vida. 79 Desta forma, o nutricionista deve contribuir para a melhoria da qualidade de vida, promovendo ações nas escolas, clube de mães, grupo da terceira idade, associações de moradores de bairro, entre outros, voltadas as práticas dietéticas e no resgate das receitas do passado, modificando-as na busca do equilíbrio nutricional e demonstrando com saber técnico a importância da boa e correta alimentação para a saúde, bem como seus reflexos no transcorrer dos processos da vida. O desenvolvimento do bom paladar faz bem a alma e se harmoniza com a função orgânica e uma atenção muito especial as tradições e ao cerimonial que cercam o cultivo e o preparo da comida vai influenciar para que os alimentos como fast foods, não represente um cotidiano na alimentação das gerações futuras. O presente trabalho, também, tem o intuito de indicar as limitações do trabalho e fazer sugestões, para estudos futuros. A principal limitação desse trabalho refere-se à insuficiência de material teórico nessa área de estudo, principalmente em pesquisa dessa natureza qualitativa, sobre o consumo alimentar, principalmente na década de 70. Quanto à questão de sugestões de pesquisas futuras, sugere-se analisar indivíduos também da área rural, para se observar com mais autenticidade e os resultados serem mais relevantes nas mudanças do consumo alimentar. 80 REFERENCIAS AMON, Denise; MENASCHE, Renata. Comida como narrativa da memória social: Sociedade e Cultura. Vol 11. No 1. 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Quantas pessoas moravam na casa na época em que tinha uns 30 anos de idade? 8. A Casa é: Casa própria ( ) Alugada ( ) Financiada ( ) Cedida ( ) ) Financiada ( ) Cedida ( ) 9. Naquela época a Casa era: Casa própria ( ) Alugada ( 10. Eu gostaria que o (a) Sr. (a) me falasse como era a sua alimentação na época em que tinha uns 30 anos de idade? (ver se aborda todas as refeições, se não lembrar) 11. Como era preparada a refeição? (forma como era feita, equipamentos...) 12. Quem preparava? 13. Quais eram os ingredientes? 14. Criavam algum tipo de animal para se alimentar? Qual? Quem cuidava? 15. Havia alguma horta? Quais alimentos? Quem cuidava? 90 16. Tinha alguma doença naquela época? 17. Quais os alimentos que comia antes que não come hoje? 18. Eu gostaria que o (a) Sr. (a) me falasse como é sua alimentação hoje? (ver se aborda todas as refeições, se não lembrar) 19. Como é preparada a refeição hoje? 20. Quem prepara hoje? 21. Quais são os ingredientes hoje? 22. Criam algum tipo de animal para se alimentar? Qual? Quem cuida? 23. Tem alguma horta? Quais alimentos? Quem cuida? 24. Hoje tem alguma doença? Qual? 25. Quais alimentos que come hoje que não comia antes? 26. O Sr (a) gostaria de dizer mais alguma coisa sobre o assunto? 91 ANEXOS 92 ANEXO 1 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Você está sendo convidado a participar da pesquisa sobre o consumo alimentar de idosos em um município do sul de Santa Catarina: uma comparação entre a década de 70 e os dias atuais. O objetivo deste estudo é investigar as mudanças no consumo alimentar da década de 70 os dias atuais. Sua participação não é obrigatória. A qualquer momento você pode desistir de participar e retirar seu consentimento não necessitando apresentar nenhuma justificativa, bastando, para isso, informar sua decisão a pesquisadora. Sua recusa não lhe trará nenhum prejuízo em relação o pesquisador ou a instituição. Caso você participe, será necessário responder um roteiro com o intuito de obter tais informações. Não será feito nenhum procedimento que lhe traga qualquer desconforto ou risco à sua vida. Você poderá ter todas as informações que quiser ou retirar seu consentimento a qualquer momento, sem prejuízo no seu atendimento, não receberá dinheiro por participar do estudo e terá a garantia de que todas as despesas necessárias para a realização da pesquisa não serão de sua responsabilidade. Seu nome não aparecerá em qualquer momento do estudo. Pesquisador Responsável: NAZARETH DAMIN Telefones para contato: (48) 3435 1005 / 84139128 Professor Orientador: Paula Rosane Vieira Guimarães Sendo assim, eu _____________________________________, li e/ou ouvi o esclarecimento acima e compreendi para que serve o estudo e qual o procedimento a que serei submetido. Concordo em participar desta pesquisa, de forma livre e espontânea, durante a coleta de dados podendo desistir a qualquer momento, sem justificar minha decisão. Também estou informada (o) que tenho garantido a confiabilidade de que meu nome não será divulgado, que não terei despesas e não receberei dinheiro por participar do estudo, sendo para fins de estudo e aprimoramento do conhecimento profissional. Siderópolis, _____de ___________ 2009. Nome e assinatura do pesquisador Nome e assinatura do sujeito pesquisado 93