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São Luís, 28 de fevereiro de 2016, Domingo O Estado do Maranhão
CIDADES
Infectologista tira dúvidas sobre
doenças causadas pelo Aedes
Ana Cristina Saldanha explicou como ocorre a transmissão das doenças, as diferenças entre elas, por que há uma grande
prevalência no Brasil e o que as pessoas devem fazer caso percebam os sintomas; médica também deu dicas de prevenção
clarecer o assunto, O Estado foi
às ruas para saber das pessoas
quais são suas dúvidas sobre o
mosquito e as doenças por ele
transmitidas e conversou com a
infectologista do Hospital Getúlio Vargas, Ana Cristina Saldanha,
que respondeu aos questionaJOCK DEAN
Da equipe de O Estado
D
engue, zika vírus e febre chikungunya são
as três principais
doenças transmitidas
pelo mosquito Aedes aegypti.
Apesar do grande número de informações sobre as enfermidades e o crescimento no número
de casos, a população ainda têm
dúvidas sobre o tema. Para es-
O Estado foi às
ruas para saber as
dúvidas
mentos e deu dicas à população.
Por terem sintomas muito parecidos, dengue, zika vírus e febre
chikungunya podem ser facilmente confundidas. Esta é apenas uma das dúvidas que a popu lação tem. Há até mesmo
pessoas que não acreditam que
as endemias não sejam tão graves quanto está sendo noticiado.
Em tempos de redes socais, muitos boatos se espalharam rapidamente sobre as possíveis causas das endemias, mas Ana
Cristina Saldanha alerta que
esses informes muito mais atrapalham do que ajudam na prevenção e tratamento. Por isso, é
preciso estar atento à fonte que
está divulgando quaisquer informações sobre as doenças.
VÍDEO NA
VERSÃO DIGITAL
VACINA
Ouvi boatos de que a microcefalia é causada por
vacinas aplicadas em gestantes. É verdade?
SUELI OLIVEIRA, aposentada
Ana Cristina Saldanha - Isso é um mito mesmo. O
primeiro boato em relação a isso foi que a vacina
para rubéola aplicada em gestantes estaria
causando a microcefalia nos bebês, mas isso não
tem fundamento porque nem se vacina gestantes
com rubéola porque essa é uma vacina com vírus
vivos. Essa vacina não faz parte do calendário vacinal
para gestantes no Brasil e esse calendário também não
sofreu qualquer modificação recentemente no Brasil. Não há
nada cientificamente comprovando essa relação. É preciso ter
muito cuidado com esse tipo de boato que se espalham muito facilmente pelas redes sociais.
oestadoma.com
PREVALÊNCIA
A minha principal dúvida é com relação a origem dessas três
doenças.
MICROCEFALIA
A microcefalia tem realmente relação com o zika vírus?
SANDRO LIMA, assistente de planejamento
ALDAÍSA COELHO SOARES, fonoaudióloga
Ana Cristina Saldanha - Estas são doenças de países
tropicais e normalmente são silvestres. Os mosquitos
primeiramente se infectam em animais e depois
começam a transmitir para seres humanos. No Brasil
há uma prevalência alta dessas doenças por que as
nossas condições climáticas, ambientais e sociais
favorecem a proliferação do vetor. Então, o Aedes
aegypti ele se multiplica de forma fácil no nosso clima.
Ana Cristina Saldanha - Até mesmo no meio científico
existem dúvidas em relação a associação do zika vírus
com a microcefalia porque existe essa doença em
outros países sem a ocorrência da microcefalia. Hoje, o
que sabemos é que já há estudos que comprovaram a
presença do vírus zika no cérebro de crianças que
nasceram mortas e que tinham microcefalia. Essa
correlação existe. Agora a intensidade dessa correlação e
a análise de que outros fatores possam causar essa maior
prevalência de microcefalia ainda estão em análise.
OUTRAS CAUSAS
Antes do zika vírus, quais eram as causas da
microcefalia?
TRANSMISSÃO
Como as doenças são praticamente iguais, a
forma de transmissão é a mesma?
ROSÁRIO PINHEIRO, autônoma
Ana Cristina Saldanha - Microcefalia é um defeito de
formação no feto e pode ter causas genéticas, de
má-formação, ou causas infecciosas por outras
doenças, como a rubéola e outras doenças
infecciosas contraídas durante a gestação. Doenças
infecciosas associadas à má-formação fetal é algo
que sempre existiu. Só que são doenças infecciosas
que não têm a prevalência que nós temos hoje em dia
do zika, que é transmitido por um mosquito que tem
muita facilidade de proliferação. Além disso, essa doença
atingiu uma população totalmente vulnerável.
BENEDITA PONTES, vendedora
Ana Cristina Saldanha - A transmissão é basicamente
vetorial. Então, é o mosquito que passa o vírus que
causa a dengue, o vírus que causa a chikungunya e o
vírus que causa a zika, que são as principais doenças
transmitidas pelo Aedes. Após isso, a pessoa pode
adoecer ou não, ter sintomas graves ou não. Existe, em
relação à zika, alguns relatos de transmissão sexual,
mas isso ainda não está muito claro para a gente essa
forma de transmissão. Hoje, o que a gente sabe como forma
certa de transmissão é por meio do mosquito.
GRAVIDEZ
SINTOMAS
Qual a diferença dos sintomas entre as três doenças?
EDILSON VITÓRIO PIRES, autônomo
Ana Cristina Saldanha - As três doenças são viroses
muito parecidas. Então, as três viroses passam como
se fossem uma gripe por que dão febre, dor no corpo,
mal estar e isso dura em torno de uma semana, no
máximo, e os sintomas desaparecem sozinhos. Agora
existem algumas características que de acordo com a
doença são mais peculiares. A chikungunya tem de
mais característico a dor nas juntas, nas articulações. Na
zika, o que é mais característico da doença é o exantema,
que são as manchas vermelhas pelo corpo com muita coceira.
Na dengue, tem a dor atrás dos olhos e o prurido (coceira), mas é
mais leve que na zika. Mas não temos como diagnosticar apenas clinicamente, olhando o
paciente. Só um exame para confirmar.
Eu estou grávida de três meses. Por isso, tenho muitas
preocupações em relação a estas doenças. As principais
delas são em relação ao uso do repelente e até que
período da gravidez há riscos para o bebê. Quais
cuidados devo ter?
ANTÔNIA ANDRADE, técnica agropecuária
Ana Cristina Saldanha - Os cuidados que as
gestantes precisam ter é, principalmente, para evitar
a infecção, evitando criadouros dentro de casa, como
água parada em vasos de plantas, pneus, jardins. O
mosquito se reproduz em qualquer pequena quantidade
de água. Com relação ao uso de repelentes é preciso observar
a indicação do tempo de reposição e evitar se expor nos horários
de maior pico do mosquito, ao amanhecer e entardecer. Se puder, usar roupas compridas para
ter menos áreas expostas ao mosquito. Em qualquer momento da gestação o bebê pode ser
afetado, mas o principal período em que pode haver consequências como a microcefalia é o
primeiro trimestre. Após o risco de o vírus causar danos ao bebê vai caindo gradativamente.
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