Florestas e Bosques - Universidade NOVA de Lisboa

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 Paisagens de Desertificação Mediterrâneas: Florestas e Bosques Leopoldo Rojo Serrano Alejandro Valdecantos Ramon Vallejo Calzada Série do Folheto: C Número: 1 Conteúdos Vista geral das florestas, bosques e matagais Mediterrâneos Mudanças históricas nas paisagens Mediterrâneas O papel da florestação no combate à desertificação Estratégias modernas para restauro da floresta: harmonizando o combate à desertificação com a conservação da biodiversidade e sequestro de carbono Gestão florestal e abordagens de restauro no Mediterrâneo, oportunidades técnicas e defeitos Estudo de caso: Projecto de Demonstração de Albatera (Alicante, Este de Espanha) Estudo de caso: O restauro experimental da floresta de “El Picarcho” Conclusões Bibliografia seleccionada 1
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VISTA GERAL DAS FLORESTAS, BOSQUES E MATAGAIS MEDITERRÂNEOS A vegetação natural da bacia do Mediterrâneo é muito diversificada em consequência da grande variação da altitude. A sucessão característica de vegetação potencial segundo os níveis de altitude é a seguinte: floresta de coníferas sub‐alpina; floresta de montanha caduca e coníferas; florestas sub‐
Mediterrâneas caducas e coníferas; floresta Mediterrânea persistente e coníferas; e finalmente matas escassas e matagais no extremo mais baixo e seco da série. 9
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Figura 1. Florestas, bosques e matagais Mediterrâneos típicos. Da esquerda para a direita: bosque de azinheiras, floresta densa de pinheiro de Alepo, garrigue e matagal semi‐árido escasso. 1 MUDANÇAS HISTÓRICAS NAS PAISAGENS MEDITERRÂNEAS As paisagens tradicionais Mediterrâneas são caracterizadas por vertentes que apresentam um mosaico de usos do solo. A paisagem foi exaustivamente usada pela população rural através da história de uma forma multi‐funcional, com mudanças frequentes do uso do solo em função e na dependência das necessidades socioeconómicas. Assim, a distinção entre florestas e outros tipos de vegetação é por vezes pouco clara. As formações de transição entre florestas densas e puros matagais são frequentes. Por exemplo matagais de macchia estão estruturalmente próximos de florestas de azinheiras, onde as árvores e arbustos têm alturas semelhantes. Além disso, os ecossistemas culturais têm sido moldados através dos séculos, ex. as savanas arborizadas semi‐naturais características dehesa, montado, pascolo arbolato). Padrões de uso do solo multifuncionais têm sido os dominantes nos países da Europa Mediterrânea até meados do século XX. Desde então, o desenvolvimento de economias industriais levou a um processo generalizado de abandono rural, redução drástica do pastoreio e extracção de lenha, e à consequente recuperação espontânea da vegetação natural. Como resultado do aumento de vegetação e da carga de combustível, as paisagens Mediterrâneas estão a sofrer um aumento dramático 2 de fogos, desde o último quartel do século vinte. Degradação histórica dos ecossistemas naturais no Mediterrâneo Várias forças motrizes tais como o crescimento da população, aumento da necessidade de lenha e madeira e a expansão significativa dos campos cultivados e pastados, levou à sobrexploração e degradação da terra durante séculos. As queimadas foram usadas para manter pastagens herbáceas, e a lenha era obtida de arbustos e árvores. As florestas eram especialmente degradadas e a desnudação das bacias hidrográficas levou a cheias rápidas frequentes e a prejuízos catastróficos. Figura 2. Área desflorestada do centro da Espanha O PAPEL DA FLORESTAÇÃO NO COMBATE À DESERTIFICAÇÃO Lições do passado. A experiência Mediterrânea em restauro florestal e hidrológico Em meados do século 19, os engenheiros florestais compreenderam a extrema degradação das florestas Mediterrâneas e as consequências em termos de erosão do solo e ocorrência de inundações catastróficas. A solução óbvia avançada por eles, foi tentar recuperar as florestas, através da promoção da florestação, particularmente, nas cabeceiras das bacias hidrográficas de altitude mais elevadas, sujeitas a eventos torrenciais extremos. Foram desenvolvidos extensos planos de florestação, durante o século 20 na maioria dos países Mediterrâneos. Em Espanha, por exemplo, foram reflorestados mais de quatro milhões de hectares, isto é cerca de 9% do território total nacional e 18% da terra florestal potencial. Figura 3. Bacia Brusquet (Alpes da Alta Provença, França) antes do início do projecto Restauro do Terreno Montanhosos (1877) e mais de um século depois da florestação (1995) (fotografias de D. Vallauri). Projecto REACTION: www.ceam.es/reaction ESTUDO DE CASO: Florestação na serra Espuña, Múrcia (Sudeste de Espanha) A frequência de cheias rápidas graves estavam a causar numerosas vítimas e grandes prejuízos económicos nas planícies costeiras do Este da Espanha, sob a influência de linhas de água torrenciais com origem em áreas montanhosas vizinhas. A maior parte destas áreas tinham sido despidas de árvores, como resultado da sobrexploração a longo prazo e abate generalizado de árvores pela marinha para construção de navios, especialmente durante o século 18. Na bacia do Segura (Múrcia), após as cheias devastadoras de 1879 (761 mortes), a administração florestal lançou em 1886 um projecto de reflorestação chamado: Trabalhos de Defesa Contra as Cheias na Bacia do Segura. O engenheiro florestal R. Codorniu, um dos directores deste projecto de reflorestação, escreveu que em 1889 ele não via uma única árvore, quando atravessava as vertentes da bacia. Este projecto começou em 1892 e incluiu a florestação de quase 5000 hectares, incluindo represas, corta‐fogos e viveiros no local. Depois de estudar as condições ecológicas da área, as espécies plantadas foram sobretudo as coníferas nativas, Pinus halepensis, P. nigra, P. pinaster, P. pinea, mas com menores proporções de madeira dura (Quercus faginea, Ulmus minor) e algumas espécies não nativas como Pinus canariensis, Acacia sp. e Abies pinsapo. Em 1902 cerca de 2 milhões de sementes tinham sido produzidas para o projecto. Nesses tempos, a maior parte do trabalho de plantação era feito manualmente e durava cerca de 30 anos! (Isto seria difícil de repetir actualmente). A cada ano os espaços eram preenchidos, para atingir a sobrevivência total do povoamento. Hoje em dia, o local está coberto com lindas florestas de pinheiros que atingiram a segunda geração (Figura 4), com um rico sub‐bosque e manchas dispersas de madeira dura, sobretudo azinheira (Quercus ilex). A incidência de cheias na bacia foi significativamente diminuída desde o estabelecimento da floresta. O local foi declarado Parque Nacional em 1992. O local continua a ser uma ilha de verde rodeada por terras agrícolas, e paisagens declivosas desertificadas com um clima semi‐árido, sendo a principal área de lazer verde em toda a região. O Parque gerou assim actividades económicas, sobretudo relacionadas com o ecoturismo para toda a população local. 3 ESTRATÉGIAS MODERNAS PARA RESTAURO DA FLORESTA: HARMONIZANDO O COMBATE À DESERTIFICAÇÃO COM A CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE E SEQUESTRO DE CARBONO Durante as últimas décadas, as áreas cobertas por florestas, matas e matagais, que se podem referir conjuntamente como “áreas naturais”, sofreram novas ameaças. A conservação da biodiversidade e o sequestro de dióxido de carbono estão a tornar‐se os objectivos principais da gestão destas áreas em zonas áridas, enquanto os fogos e a desertificação são as maiores ameaças. Tal é acompanhado por uma mudança paralela nos usos das terras “naturais”, desde aqueles que se concentram na exploração dos recursos directos como a madeira, aos que têm como prioridade os valores culturais e de recreio e lazer ao ar livre. Consequentemente, as estratégias actuais de restauro florestal, devem dar respostas às necessidades e ao mesmo tempo prevenir e mitigar as ameaças actuais. O restauro da terra tem como objectivo parar a degradação e promover a regeneração do ecossistema após perturbações súbitas ou contínuas, que levam à exaustão da terra, tentando atingir o estado pré‐perturbação do ecossistema. Todos os ecossistemas têm uma certa capacidade de 4 recuperar, assim que a pressão da perturbação cessa (resiliência), mas onde esta recuperação é muito lenta ou pouco provável de ocorrer, então o restauro deve ser considerado. Princípios de restauro de terra inculta para a região Mediterrânea ‐ Dar prioridade à regulamentação da conservação do solo e da água. A perda de solo por erosão é uma das consequências mais críticas da degradação da terra, pois o solo é praticamente um recurso não renovável. As acções de restauro, para a conservação do solo (ex. plantação de emergência, bacias de retenção) deviam ser levadas a cabo, logo após a perturbação e sempre antes da ocorrência de chuvas fortes, que podem erodir a superfície do solo e acelerar o transporte de sedimentos. ‐ Utilizar espécies nativas. As espécies não nativas têm normalmente falta de controlo natural, tal como pestes ou competidores e podem pois ameaçar a biodiversidade local. Uma vez estabelecidas, as plantas não nativas podem competir e deslocar as nativas quebrando processos ecológicos naturais e degradando as comunidades de plantas, e até tornarem‐se invasivas. ‐ Conservar e promover a biodiversidade. O restauro deve contribuir para melhorar a diversidade de espécies às várias escalas espaciais em terras degradadas e empobrecidas em diversidade. ‐ Promover a diversidade e heterogeneidade da paisagem. Diferentes manchas à escala da paisagem fornecem sensibilidade e risco diferencial a perturbações e também capacidade de recuperação. ‐ Conceber a reflorestação de acordo com princípios de prevenção de fogos. O restauro deve reintroduzir componentes do ecossistema que se perderam e, recuperar funções que podem ter sido abrandadas. Os procedimentos de restauro devem reproduzir a sucessão, mas a par da prevenção de fogos. Os sucessivos tipos de vegetação intermédia podem ser evitados, por alguns dos seus componentes serem muito inflamáveis. ‐ Realçar os usos multifuncionais das florestas e a sua produtividade. As mudanças sociais criaram novas procuras e desafios para as florestas. O sequestro de carbono, produtos florestais que não a madeira e actividades de lazer, são valores crescentes que a sociedade aprecia. GESTÃO FLORESTAL E ABORDAGENS DE RESTAURO NO MEDITERRÂNEO, OPORTUNIDADES TÉCNICAS E DEFEITOS Figura 4. Florestação da serra Espuña. Topo: trabalhos de plantação das árvores e vista geral em 1895 (fotografia do Ministério Regional de Agricultura, Água e Ambiente, Região de Murcia); em baixo: situação actual (2004). Detalhes em www.ceam.es/reaction Gerir a regeneração natural após perturbações Nos climas Mediterrâneos, as perturbações da vegetação natural requerem frequentemente intervenção, para evitar degradação da terra de maneira irreversível, particularmente em vertentes declivosas. Actualmente, a perturbação mais importante e disseminada pelas florestas e matagais Mediterrâneos é o fogo. Dependendo da capacidade de recuperação (resiliência) dos ecossistemas, podem ser necessárias acções de restauro, para controlar a erosão e escorrência superficial pós‐fogo, para controlar pragas, e para favorecer a sucessão secundária, promovendo maior qualidade e menor combustibilidade do ecossistema. Em muitos casos, as florestas regeneram‐se naturalmente, depois dos fogos. Este é o caso comum dos pinheiros Mediterrâneos com cones serôdios que abrem e disseminam as sementes logo após o fogo. Esse é o caso do pinheiro de Alepo (Pinus halepensis), pinheiro bravo (P. pinaster) e Pinus brutia. Frequentemente, a germinação das sementes de pinheiro é excessiva, dando lugar a uma elevada competição intra‐específica, pouco crescimento das árvores, e como consequência grande acumulação de combustível inflamável. Da 5 mesma forma, as madeiras duras Mediterrâneas recuperam eficazmente, depois do fogo, mas neste caso sobretudo através de rebentos. É comum vários pés rebentarem do mesmo cepo gerando assim competição intra‐individual e, crescimento pobre, menor produção de bolotas e, de novo, aumento da carga de combustível. Em ambos os exemplos de elevada regeneração pós‐fogo, são considerados tratamentos de corte selectivo e desbaste, para ajudar a regeneração natural. Os tratamentos de desbaste têm que ser aplicados poucos anos após um fogo, de maneira a reduzir a competição intra‐
específica e intra‐individual, e para seleccionar os melhores indivíduos ou rebentos. Além disso, criar descontinuidades verticais e horizontais na biomassa da planta pode ajudar a reduzir o risco de fogo e propagação. A queima controlada do sub‐bosque, pode ser uma técnica adequada para controlar o risco de incêndio. No caso de uma regeneração fraca depois do fogo ou em terras degradadas após exploração prolongada, pode ser necessária a (re)introdução de espécies alvo (para mais informação ver Fascículo B2). Isto pode ser levado a cabo directamente, por sementeira ou plantação, ou indirectamente, através da facilitação de regeneração espontânea e colonização natural. Reabilitação de urgência após‐fogo Técnicas de cobertura com material vegetal, que reproduzem o papel da manta morta, são utilizados em restauro após‐fogo, para providenciar uma protecção rápida do solo contra o impacto directo das gotas da chuva, reduzir a escorrência superficial, a criação de crostas no solo e a compactação, e, logo, aumentar a infiltração. Bacias de retenção ou barreiras ao longo das curvas de nível são também práticas de gestão pós‐fogo, que têm por objectivo reduzir a degradação física do solo e a erosão. Uma das vantagens destas técnicas é que nenhum material exterior é necessário, porque as barreiras são construídas com troncos e ramos queimados. 6 sedimentos e compactação da superfície do solo, e aumentado a infiltração da água, melhorando a curto prazo as propriedades físicas do solo. A selecção de espécies nativas na mistura de sementes é crucial, para evitar comportamento invasivo, que pode interferir com a regeneração natural das plantas. A efectividade desta técnica é muito dependente das condições climáticas pré‐
sementeira e grau de predação por insectos, pequenos mamíferos e pássaros. Técnicas de plantação No passado, a florestação de áreas degradadas Mediterrâneas com outras espécies que não pinheiro resultava geralmente numa sobrevivência baixa dos rebentos e taxas relativas de crescimento baixas. Os pinheiros (ex. P. halepensis) têm sido frequentemente utilizados na florestação porque são tolerantes à pressão e espécies pioneiras, e lidam melhor com a pressão de transplante, falta de água no verão e limitação de nutrientes. As espécies caducifólias (e.g. Quercus ilex) têm não só características fisiológicas mais exigentes mas também um pobre desenvolvimento de técnicas de viveiro e plantação. Locais abertos e degradados são, em princípio, habitats inadequados para estas espécies de caducifólias, tardias na sucessão. Recentemente, um maior conhecimento da ecofisiologia dos rebentos em espécies de madeira dura, desenvolvidos com várias técnicas de campo e de viveiro apropriadas, melhorou o seu desempenho em condições de campos degradados. Produção de rebentos em viveiros Figura 5. Barreiras ao longo das curvas de nível feitas com ramos carbonizados para mitigar a erosão pós‐
fogo. Valência, Este de Espanha A sementeira de emergência é recomendada para controlar a erosão em vertentes com pouco potencial de regeneração, tanto no solo como aérea. Um efeito de sinergia da sementeira e cobertura com material vegetal é geralmente observável. Em áreas recentemente ardidas na região de Valência (Espanha), esta técnica tem reduzido a produção de A produção de plantas jovens de elevada qualidade é o primeiro passo em plantações. No viveiro, o crescimento dos rebentos dá‐se em condições óptimas, mas quando plantados têm que lidar com elevada pressão antes de se estabelecerem, pelo menos durante um período pequeno (choque de transplante). Embora as espécies Mediterrâneas tenham mecanismos para tolerar um certo grau de seca, um tratamento apropriado no viveiro pode induzir novos mecanismos para a resistência à seca (pré‐condicionamento à seca). Mudanças comuns nos rebentos pré‐condicionadas são a redução da biomassa aérea e taxa de transpiração, maior rácio raiz‐rebento, e maior alocação de assimilados às raízes finas. A eficiência dos tratamentos de pré‐
condicionamento à seca é específica de cada espécie e pode responder às estratégias desenvolvidas para cada espécie. Por exemplo, a aroeira (Pistacia lentiscus) pode ser considerada uma espécie que responde a técnicas de pré‐condicionamento à seca, quando comparada com espécies que respondem menos, como o carrasco (Quercus coccifera) e o cedro de Espanha (Juniperus oxycedrus). O substrato e o tipo de contentor são também factores relevantes na produção de rebentos. Substratos baseados em turfa são usados frequentemente, em viveiros florestais. Estes substratos podem ser corrigidos com materiais de elevada afinidade à água tais como gels hidrófilos. O crescimento dos rebentos nestes substratos corrigidos apresentam geralmente melhor estado fisiológico e o meio de crescimento permite maior retenção de água durante períodos de seca. Além disso, estas correcções podem providenciar um fornecimento extra de água disponível no estádio de transplantação. Figura 6. Contentores de papel longos (30 cm) versus tradicionais (curtos, 14 cm) para cultivo de espécies com raiz central (sobreiro, Quercus suber). O volume e tamanho dos contentores dependem da espécie a ser cultivada. No entanto, como regra geral, os contentores devem ser fundos (30 cm) para as espécies com uma raiz central tal como Quercus spp. (Figura 6), e largos para espécies que produzem um grande número de raízes secundárias. Canais ou estrias na parte interior do contentor promovem o crescimento, para baixo das raízes, e mantendo‐as suspensas no ar facilita a poda das raízes e o desenvolvimento de raízes secundárias. O segundo passo na sequência de plantação é a preparação e correcção do solo. Preparação do solo A preparação do solo para introdução das plantas jovens provoca sempre um certo grau de perturbação, que pode aumentar temporariamente o risco de erosão. A maior parte das técnicas de preparação do local servem para aumentar o volume de solo efectivo para o crescimento das raízes, para capturar maiores volumes de escorrência e direccioná‐lo para o rebento plantado, e melhorar a capacidade de retenção de água do solo. Nas paisagens Mediterrâneas, a água é o factor mais limitante para o sucesso da florestação e as técnicas de preparação do local devem maximizar a disponibilidade de água para a nova planta. A colheita de água utilizando microbacias é muito eficaz nas partes áridas e semi‐áridas do Mediterrâneo; consiste na construção de pequenas estruturas lineares de colheita de água (regos) que colhem e desviam a água de escorrência para o buraco de plantação. Correcções do solo As correcções do solo tentam melhorar as características físicas e químicas dos solos e propriedades microbiológicas, bem como providenciar um melhor meio de crescimento, para as raízes. Pode distinguir‐se entre correcções de solo físicas (gels hidrófilos, cobertura vegetal), químicos (fertilizantes orgânicos e inorgânicos) ou microbiológicos (inoculação de bactérias ou fungos). Os hidrogels são produtos sintéticos (polímeros de 7 polietileno ou poliacrilamida) que absorvem e retêm grandes quantidades de água facilmente disponíveis para as raízes. Além de aumentarem a capacidade de retenção de água do solo, os hidrogels podem fornecer nutrientes extra e modificar as propriedades físicas do solo (porosidade e dimensão dos agregados). Estes efeitos envolvem a redução do choque de transplantação em plantações de floresta, e espera‐se que tenham pouca duração. Contudo, nos solos de textura fina, a água do hidrogel pode ser absorvida pelas argilas em vez das raízes, diminuindo assim a eficácia dos hidrogels. O objectivo da aplicação de uma cobertura vegetal orgânica em camadas na superfície do solo nos orifícios de plantação é um pouco diferente da sua extensa aplicação em áreas queimadas. O principal objectivo é providenciar melhores condições para o estabelecimento da planta e seu crescimento, e não o de reduzir a erosão e a produção de sedimentos. Estas melhores condições estão relacionadas com o aumento da disponibilidade de água e humidade do solo, para os rebentos, através da redução de temperaturas extremas, que atinjam a superfície do solo e, logo, as taxas de evaporação são reduzidas. Assim, espera‐se que a cobertura seja mais útil para a nova planta, durante os meses de maior stress que são os de Verão, do que durante as estações húmidas. Camadas espessas de cobertura vegetal (≈ 3 cm) podem evitar a germinação com sucesso e o estabelecimento de espécies indesejáveis, tais como as altamente inflamáveis. Uma importante correcção química (e também física) do solo, diz respeito ao grupo formado por resíduos orgânicos, tais como lixo orgânico urbano (composto), estrume animal ou lamas de esgoto (biosólidos). As directivas, que dizem respeito à depuração de águas residuais estão a tornar‐se mais exigentes e, o volume global de água tratada, e também o de lamas geradas, têm aumentado. Este subproduto das lamas é rico em matéria orgânica e nutrientes, que podem ser lentamente libertados (mineralizados) visto que, estão sobretudo em forma orgânica, o que representa uma vantagem sobre fertilizantes inorgânicos, que só têm efeitos a curto prazo. Os solos florestais Mediterrâneos apresentam geralmente um baixo teor em azoto disponível, em particular, baixo fósforo disponível, que pode
eventualmente limitar o crescimento dos rebentos. 8 Está largamente documentado, que os resíduos orgânicos estimulam a actividade microbiana e melhoram as propriedades físicas do solo tais como, a estabilidade dos agregados e a capacidade de retenção de água. Por outro lado, os efeitos negativos da aplicação de biosólidos em trabalhos de restauro estão relacionados ao seu conteúdo potencial de metais pesados, que pode eventualmente, reduzir a sua taxa de aplicação, ou o seu uso ser rejeitado, devido à sua toxicidade. Podem também causar um súbito aumento da salinidade. Em áreas Mediterrâneas secas ou sub‐
húmidas, a taxa óptima de aplicação foi estabelecida num intervalo de 15 a 30 mg (peso seco) de biosólido por hectare incorporado, em pelo menos 30 cm de solo. Figura 7. Abrigos de árvore com espécies de Quercus. Abrigos de árvores Os abrigos de árvores (plástico, papel duro ou fibras naturais, Figura 7) podem melhorar as condições micro ambientais, para as novas plantas, reduzindo a radiação e evaporação potencial. A sobrevivência dos rebentos pode melhorar e a altura dos rebentos aumenta sempre com o uso de abrigos, ex. a altura dos rebentos Quercus ilex protegidos pode atingir até duas vezes a dos não protegidos em poucos anos. Em climas quentes é recomendado o uso de abrigos ventilados, onde o aumento de temperatura no interior do abrigo é tolerável. Uma vantagem adicional de utilizar abrigos para as árvores é a redução dos danos de animais a pastar. Facilitação Sobe condições ambientais de pressão, plantas existentes podem favorecer as introduzidas através do chamado efeito de facilitação com base no melhoramento das condições microambientais. Promoção de restauro passivo O conhecimento das limitações e factores que governam a disseminação e estabelecimento de espécies alvo, tem que ser analisados, como base a promover ou a facilitar a regeneração natural de áreas degradadas. Por exemplo, troncos queimados podem facilitar a actividade dos pássaros na disseminação de sementes de árvores, num povoamento destruído pelo fogo. Abordagens e considerações sobre a paisagem no planeamento do restauro As acções de reflorestação devem ser realizadas tendo em conta os requisitos das espécies de plantas, que possam contribuir para a qualidade do local, impactos na paisagem, princípios de ecologia da paisagem (regulação de fluxos, conectividade, tamanho e forma das manchas, diversidade da paisagem) e prevenção de fogo (corta‐fogos verdes e limpos, combustibilidade das manchas). Figura 8. Preparação do solo com microbacia para recolher a escorrência superficial. ESTUDO DE CASO: Projecto de Demonstração de Albatera (Alicante, Este de Espanha) O projecto de demonstração em Albatera é um exemplo da colaboração e transferência de tecnologia entre a comunidade científica, os agentes e decisores. Foi lançado pela Direcção Geral para a Conservação da Natureza (Ministério do Ambiente), com a colaboração do Governo Regional de Valência. A gestão do projecto foi levada a cabo, pelo Serviço Florestal de Alicante, e o apoio científico pelo CEAM, Universidade de Alicante e CIDE (CSIC). No passado tinham sido conduzidos programas de reflorestação na área, com o objectivo de controlar a erosão e cheias, através da plantação mono específica de pinheiros, envolvendo uma preparação intensa do local. Estas acções deram resultados pobres em termos de sobrevivência e crescimento dos pinheiros. A área piloto de Albatera é uma bacia de 25ha localizada na província de Alicante, no Sueste de Espanha, uma das áreas mais afectadas pela desertificação na Europa. A degradação da terra tem sido aqui conduzida pelo efeito sinergético da exploração e gestão passada – pastoreio, agricultura marginal, recolha de lenha – e das difíceis condições ambientais, tais como chuva escassa (cerca de 280 mm/ano) e muitíssimo variável, e solos susceptíveis à erosão. Perturbações antropogénicas adicionais, tais como socalcos, estradas, e canalização de água para irrigação, têm alterado profundamente os solos e a paisagem. Surgem na área três problemas principais: ‐ Falta de funcionalidade do ecossistema: a infiltração da água e circulação de nutrientes não estão totalmente funcionais na área degradada: a produtividade é portanto grandemente reduzida. O sistema produz perdas líquidas de recursos. ‐ Padrões de paisagem profundamente alterados devido aos usos do solo presentes e passados: socalcos, irrigação e canais, barrancos e ravinas. ‐ Danos fora do local devido a cheias. De acordo com o Plano de Acção da Terra para Prevenir Cheias na região de Valência, a cordilheira Albatera‐
Crevillente, que inclui a área piloto, é um dos 9 pontos que mais contribuí para o elevado risco de cheias na província de Alicante. Portanto, os principais objectivos do programa de restauro são: •
Reparar o funcionamento do ecossistema criando manchas de vegetação totalmente funcionais, que contribuam para um processo de captura de água, materiais e nutrientes, e para a produtividade geral do território. • Aumentar a diversidade, estabilidade e resiliência do ecossistema. • Prevenir mais degradação do ecossistema e da paisagem, erosão do solo e danos exteriores ao local. As estratégias de restauro específicas, para esta área foram elaboradas, para atingir os seguintes objectivos: ‐ Endereçar a heterogeneidade no local através da identificação de unidades funcionais de paisagem e conceber acções específicas, para cada unidade. ‐ Introduzir vegetação de acordo com a heterogeneidade em pequena escala e padrões espaciais naturais. ‐ Evitar a limpeza de vegetação existente; para proteger o crescimento espontâneo das plantas através da aplicação de correcções orgânicas ao solo. ‐ Introdução, de acordo com a vegetação potencial da área, de árvores nativas perenes e arbustos com alto potencial de cobertura, alta capacidade para desenvolver uma copa densa e acumular manta morta em manchas, e rápida recuperação após perturbação de maneira a conferir uma resiliência aumentada a todo o ecossistema. Figura 9. Vista geral da bacia piloto de Albatera, e a retroescavadora “aranha” a fazer buracos para plantação. ‐ Uma larga escolha de espécies para condizer com a diversidade potencial de habitats, graus de degradação e objectivos de gestão. ‐ Melhoramento da qualidade das plantas jovens. ‐ Melhoramento do sucesso da plantação através da exploração de resultados recentes da investigação com a aplicação da melhor tecnologia disponível. Especificamente, no quadro actual económico e técnico, em que a sobrevivência dos rebentos e o crescimento, pode ser aumentado através do uso de 10 tratamentos de colheita de água, abrigos de árvores, facilitação e correcções orgânicas. ‐ Prevenção dos danos devido ao colapso de socalcos através da criação de barreiras de vegetação para reter solo, com enraizamentos profundos e arbustos e árvores de elevada cobertura. ‐ Estabelecimento de um programa de controlo. Figura 10. Vista de uma das unidades fisiográficas do projecto‐piloto Albatera (ravinas nos canais de escoamento) antes (acima) e quatro anos após o restauro ESTUDO DE CASO: O restauro experimental da floresta de “El Picarcho” Figura 11. Zambujeiro com dois anos depois de transplante no projecto Albatera. Esta espécie teve mais de 80% de sobrevivência e uma elevada taxa de crescimento em todas as unidades de restauro Lições aprendidas 1. Colaboração ao nível local entre cientistas, agentes e decisores e o envolvimento da sociedade, são objectivos chave no sentido de uma aplicação com sucesso dos programas de restauro, e portanto deviam ser sempre apoiados. 2. As condições limitantes que prevalecem em terras muito degradadas aumentam o custo das acções de restauro. As técnicas de restauro da terra de baixo custo falham frequentemente, nestas condições difíceis. Logo, espera‐se que a análise custo – benefício, para acções com a aplicação de melhor tecnologia possam dar resultados positivos. 3. Controlo e elaboração de bases de dados, devem ser elementos intrínsecos em todos os projectos de restauro. Estabelecer um sistema de controlo, tem um feedback positivo, na qualidade da concepção do projecto de restauro. A crista El Picarcho, Múrcia, recebeu um projecto experimental de florestação para combate à desertificação, num ambiente semi‐árido Mediterrâneo. Foi desenvolvido pelo Ministério do Ambiente e pelo Governo Regional de Múrcia, no quadro do European Reserach and Technological Development, projecto Medalus III, Janeiro de 1996 – Dezembro de 1998. Os objectivos da investigação eram conceber, testar e disseminar métodos específicos, para o restauro de zonas semi‐áridas Mediterrâneas, severamente afectadas pela desertificação. Os métodos de restauro devem ser criados para serem eficientes, e economicamente possíveis, enquanto o impacto inicial do trabalho de florestação, deve ser mínimo e integrado. A área de El Picarcho foi seleccionada considerando que se dispunha de um ambiente semi‐árido Mediterrâneo (precipitação anual 312 mm, ETP 812 mm) degradado. Era necessário recuperar a área dos processos de desertificação, desencadeados pelos fogos intensos e extensos, que nos anos anteriores, particularmente em Julho de 1994, destruíram quase completamente a vegetação natural da área, que era dominada por floresta de Pinus halepensis (Figura 11 12). Figura 12. El Picarcho, Outubro de 1996. Esta área no Sueste de Espanha experimentou fogos intensos e extensos nos anos anteriores, que destruíram a floresta pré‐existente de Pinus halepensis. Ao longe no meio da vertente pode ver‐se uma grande árvore à distância. É evidente, o processo de degradação do solo e do ecossistema, o que conduziu à desertificação. Pinus halepensis e Quercus ilex foram as espécies seleccionadas para reflorestar a área. A estratégia de restauro baseou‐se em dois elementos. Primeiro, plantação do Pinus halepensis, que tem capacidade para crescer sem qualquer copa protectora, sendo o seu sistema de raízes forte e de rápido crescimento, o que proporciona a colonização do solo a nu em ambientes secos (Figura 13). Segundo preparação do local, com o objectivo de colher e acumular chuva suficiente no solo, para garantir a sobrevivência da planta na estação seca crítica, durante a fase de estabelecimento. A preparação do local consistiu num mosaico de pequenas bacias que cobrem toda a vertente. Cada uma destas bacias (bacias descontinuas de nível ‐ BDN) foi dividida em duas partes: área de recolha ou impluvium, e área de infiltração e armazenamento. A área de impluvium permanece imutável, e a sua única missão é recolher água da escorrência superficial para a área de armazenamento localizada da parte baixa. 12 Figura 13. O longo sistema de raízes de crescimento rápido do Pinus halepensis coloniza o solo em busca de água e nutrientes em ambientes semi‐áridos Mediterrâneos. El Picarcho, Agosto de 1997, indivíduo extraído após oito meses de plantação A área de armazenamento e infiltração está na parte baixa da bacia e consiste numa vala (vazia e prismática na forma com uma base triangular e margens horizontais), e uma crista formada pelo solo que antes ocupava o espaço (Figura 14). Logo abaixo deste pequeno reservatório, trabalho no subsolo profundo foi levado a cabo para melhorar a infiltração e capacidade de armazenamento de água e facilitar o desenvolvimento das raízes. Dois rebentos estão plantados equidistantes em cada crista. Figura 14. Área de armazenamento (vala) e crista de plantação (combro) O número de bacias descontínuas ao longo das curvas de nível, por cada unidade de área é o resultado dos cálculos do total de escorrência superficial controlável e infiltrada pelas estruturas. Os parâmetros para o cálculo são: valor da precipitação, funções de infiltração no impluvium e área de armazenamento, e separação entre estruturas. O cálculo foi efectuado de acordo com o “Número de Curva do Método de Infiltração” do Serviço de Conservação do Solo do U.S.D.A. Logo, a validade dos resultados depende largamente de uma estimativa adequada do número de curva de infiltração, na área de estudo. Apesar de um cepticismo inicial acerca da grande dimensão de preparação do local, as hipóteses e cálculos revelaram‐se correctos. Em Setembro de 1997 episódios chuvosos significativos provaram a capacidade de recolha de água e armazenamento nestas estruturas (Figura 15). sobrevivência nas vertentes suaves mais baixas, e 40% de sobrevivência nas partes declivosas mais altas. O crescimento médio na altura dos pinheiros é de 96 cm (Figura 17). As diferenças de crescimento e sobrevivência entre áreas baixas/suaves e altas/declivosas são atribuídas às diferenças em profundidade e capacidade de armazenamento de água dos solos pobres, leptosolos líticos, sob as condições severas de deficit de água impostas pelas condições semi‐áridas. Figura 15. Após episódios chuvosos significativos na última semana de Setembro de 1997, confirmaram‐
se as hipóteses de recolha e armazenamento de água As bacias descontínuas de nível (BDN) sustentaram taxas de sobrevivência significativa e dramaticamente melhores, que os talhões na mesma área sem preparação do local. Quando se considera a localização dos rebentos nas cristas das BDN, ex. no topo, meio do talude, e parte baixa no sector mais baixo da crista, os rebentos localizados no topo apresentaram melhor crescimento, incluindo cobertura de copa e proporcionava a protecção ao solo. Além disso, os rebentos localizados no topo da crista desenvolveram raízes que exploraram toda a profundidade do solo do topo à base da crista durante os primeiros sete meses no campo, penetrando já a camada mais dura no subsolo. Em contraste, o sistema de raízes dos rebentos localizados no meio ou base mostraram um comportamento diferente: menos desenvolvimento das raízes, menor comprimento das raízes, e menor volume de solo explorado. Actualmente, 10 anos após a plantação (Figura 16) sem qualquer tipo de cuidado com as plantas, as taxas de sobrevivência são significativamente mais altas e mais satisfatórias, com 78% de taxa de Figura 16. Vista geral da florestação experimental em “El Picarcho” em Junho de 2007. O limite superior da área florestada pode ser vagamente discernido no terço inferior da vertente mais distante 13 Figura 17. Após 10 anos a taxa de sobrevivência da plantação é satisfatória nas partes baixas e a altura média das árvores é de 96 cm CONCLUSÕES A florestação de terras degradadas tenta inverter os processos de degradação, nos locais onde a recuperação natural do ecossistema não acontece espontaneamente ou onde a recuperação espontânea é demasiado lenta, e vulnerável a perturbações adicionais. As projecções de mudanças climáticas para o Sul da Europa adicionam perspectivas de pressão, para os ecossistemas com o aumento de falta de água. Os cenários de mudanças de uso do solo prevêem um aumento do abandono da terra. O restauro de terras incultas “naturais” vai ter uma procura provavelmente maior no futuro, porque vão estar disponíveis, mais superfícies de campo antigo, assim, a ocorrência de fogo pode ser maior por causa do aumento do abandono da terra e das mudanças do clima. Várias técnicas de restauro provaram ser eficazes para reverter as tendências de degradação em condições extremas, através da qualidade de produção das plantas em viveiros, até às técnicas de colheita de água no terreno. Vários estudos de caso sobre experiências de restauro de terras incultas actuais e passados, mostram como estas técnicas param eficientemente os processos de desertificação. Contudo, mantêm‐se ainda grandes incertezas, quanto à extensão das projecções de mudança do clima e uso do solo, e como os ecossistemas e a sociedade podem reagir. As estratégias e técnicas de restauro, devem tentar dar 14 respostas a estas incertezas usando abordagens de gestão adaptativas, conjugando a gestão da terra “natural” com as actividades de controlo, investigação e desenvolvimento. BIBLIOGRAFIA SELECCIONADA Mansourian, S., Vallauri, D. & Dudley, N., eds 2005. Forest Restoration in Landscapes: Beyond Planting Trees, Springer, New york. Reynolds, J.F. et al. 2007. Global desertification: building a science for dryland development. Science 316: 847‐851 Robichaud, P.R. et al. 2000. Evaluating the effectiveness of post‐fire rehabilitation treatments. USDA Forest Service. General Technical Report RMRS‐GTR‐63. 85 p. Rojo Serrano, L., et al .2002. Management plan to combat desertification in the Guadalentin river basin. In Mediterranean Desertification: A Mosaic of Processes and Responses. Edited by N.A. Geeson, C.J..Brandt & J.B. Thornes. John Wiley & Sons, Ltd .ISBN 0‐470‐84448‐5. London. England, pp: 303‐319. Rojo Serrano, L., et al 1999 Planning tools for the Segura and Guadalentin basins. MEDALUS III final report, volume III, Target Areas. 287‐320. Vallejo et al. 2005. Proceedings of Workshop on Restoration actions to combat desertification in the Northern Mediterranean (D4). www.gva.es/ceam/reaction/ Vallejo, R. et al. 2006. Common methodologies and tools for restoring burned areas. In EUFIRELAB: Euro‐
Mediterranean wildland fire laboratory, a “wall‐less” laboratory for wildland fire sciences and technologies in the Euro‐Mediterranean region. Deliverable D‐04‐08. 65 p. www.eufirelab.org 
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