DEZEMBRO 2015 - Relatório Studio Argolo

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PRECIOSIDADES DO SÉC. XIX VOLTAM À LUZ
José Dirson Argolo – Restaurador
(Publicado no Jornal de Dezembro/15)
Dentro do programa de restauração da Igreja de Sant’Ana, patrocinado pelo BNDES (90%) e GLOBAL (10%), e após
vários meses de intensos trabalhos, o Studio Argolo concluiu a restauração de quatro das seis pinturas e suas
respectivos molduras, que ornamentam as paredes laterais da Igreja de Santana. As obras representando os
apóstolos Pedro e Paulo e os santos Agostinho e Gregório, são da autoria do grande pintor baiano Antônio Joaquim
Franco Velasco (Salvador, Ba, 1870 – Idem 1883). O eminente pintor e professor é apontado por alguns
historiadores, como aluno do lendário Mestre José Joaquim da Rocha, apesar do seu estilo ser totalmente diferente
do Mestre. As obras foram realizadas entre 1814 e 1818. É do mesmo autor o painel do batistério e o forro da nave,
cujo trabalho de restauro se encontra bastante avançado.
Estilisticamente sua obra é de transição entre o estilo rococó e o neoclássico, introduzido no Brasil após a chegada
da Missão Artística Francesa. Com o apoio de D. João VI, a quem o pintor presenteou com dois quadros quando de
sua passagem pela Bahia, conseguiu a efetivação como professor da Aula Pública de Desenho em 1825, apesar de já
lecionar a disciplina desde 1821.
As obras encontravam-se em péssimo estado de conservação. O verniz oxidado e as repinturas impediam a leitura
das obras, dificultando a identificação dos personagens retratados. As molduras em cedro e douradas a pão de ouro
estavam sensivelmente atacadas por cupins e os douramentos em boa parte encobertos por repinturas e purpurina
já oxidadas.
Durante o restauro tivemos a surpresa de descobrir, após o processo de limpeza, uma pintura de excelente
qualidade técnica. Não temos dúvida em apontar Franco Velasco como um antecessor da técnica impressionista.
Suas figuras são extremamente humanizadas, os homens possuem compleição atlética, traços vigorosos, lembrando
operários e personagens comuns do cotidiano. As pinturas têm traços fortes, com golpes de pincel aparente,
criando relevos e empastes. Será uma grande surpresa quando todo o conjunto for visto pelos historiadores de arte
da Bahia. No momento as quatro já concluídas estão ornamentando o salão de eventos (ex-consistório), ao lado
dos quatro evangelistas do seu discípulo, José Rodrigues Nunes, que serão mostrados no próximo número deste
jornal.
(Studio Argolo)
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