1 UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC UNIDADE ACADÊMICA DE SAÚDE - UNASAU PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE - PPGCS LUCIANA BOCACCIO SPERB DE FREITAS ACURÁCIA DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NO DIAGNÓSTICO DE TUMORES DE OVÁRIO: REVISÃO SISTEMÁTICA E METANÁLISE CRICIÚMA, MAIO DE 2011 2 LUCIANA BOCACCIO SPERB DE FREITAS ACURÁCIA DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NO DIAGNÓSTICO DE TUMORES DE OVÁRIO: REVISÃO SISTEMÁTICA E METANÁLISE Tese de Doutorado Apresentada ao Programa de Pós Graduação em Ciências da Saúde para Obtenção do Título de Doutor em Ciências da Saúde. Orientadora: Drª Maria Inês da Rosa CRICIÚMA, MAIO DE 2011 3 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação F866a Freitas, Luciana Bocaccio Sperb de. Acurácia de ressonância magnética no diagnóstico de tumores de ovário : revisão sistemática e metanálise. / Luciana Bocaccio Sperb de Freitas ; orientadora : Maria Inês da Rosa. – Criciúma : Ed. do Autor, 2011. 63f. : il.; 30 cm. Tese (Doutorado) - Universidade do Extremo Sul Catarinense, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Criciúma (SC), 2011. 1. Ovários - Tumores. 2. Ovários – Tumores – Diagnóstico. 3. Ressonância magnética. I. Título. CDD. 21ª ed. 618.11 Bibliotecária Eliziane de Lucca – CRB 14/1101 Biblioteca Central Prof. Eurico Back - UNESC 4 5 AGRADECIMENTOS À minha orientadora, Professora Dra. Maria Inês da Rosa, meu sincero agradecimento por sua confiança e orientação, durante esta caminhada. Obrigada pelos ensinamentos e principalmente pela amizade que brotou neste processo. Ao meu marido e colega Tiago que me incentivou, me apoiando e auxiliando, sempre confiante e seguro de que eu conseguiria. Ao meu filho Gabriel obrigado pela paciência, com todo meu amor! À minha filha Fernanda bem vinda, com muito amor! Aos meus Pais que sempre estiveram ao meu lado me apoiando na realização de meus sonhos. À minha irmã que sempre me ajuda nas horas mais difíceis. Aos meus irmãos, que mesmo de longe, torcem por mim. 6 RESUMO Introdução: A neoplasia maligna de ovário é responsável por 4% de todos os cânceres, porém, está entre as primeiras em mortalidade entre as neoplasias ginecológicas devido à dificuldade diagnóstica, pois são cânceres geralmente descobertos em fases avançadas. A ressonância magnética como modalidade diagnóstica tem sua utilização cada vez mais expressiva pelo fato de apresentar maior resolução de contraste entre os tecidos normais e patológicos. As revisões sistemáticas com enfoque diagnóstico contribuem na avaliação do impacto de testes diagnósticos e são importantes na escolha de testes que proporcionem adequada interpretação dos resultados. Objetivo: A revisão sistemática teve como objetivo avaliar a precisão diagnóstica da ressonância magnética nos tumores de ovário. Metodologia: A pesquisa foi realizada de maneira sistemática no período de janeiro de 1990 a fevereiro de 2010, nos bancos de dados Medline, Cancerlit, Lilacs e Embase. Foram utilizadas na busca as palavras chaves: ovarian neoplasm, ovarian lesions, ovarian masses e magnetic resonance, combinados aos termos de diagnóstico, sensitivity, specificity, false positive, false negative, predictive value, reference value, reference value receiver operating characteristic curve, likelihood ratio e accuracy. A pesquisa limitou-se a estudos em humanos sem restrição de idioma. Os estudos selecionados incluem a comparação entre ressonância magnética e secções de parafina de tumores ovarianos para cada sujeito. Resultados: Foram incluidos dezoito estudos primários na metanálise, somando 1.442 tumores ovarianos. Para tumores ovarianos borderline ou invasivos contra lesões benignas do ovário, a probabilidade conjunta positiva de ocorrência de um resultado positivo da ressonância magnética foi de 6,7 (95% intervalo de confiança [IC], 4,3-10,5) e da probabilidade pós-teste para borderline ou maligno o diagnóstico foi de 78% (95% IC, 70-85). Especificidade e razões de verossimilhança positiva foram heterogêneos, portanto, um modelo de efeito aleatório foi utilizado e um resumo da curva ROC (receiver operating characteristic) foi gerado. A área sob a curva foi de 95% para tumores ovarianos borderline ou invasivos versus lesões benignas do ovário. Conclusão: A ressonância magnética é um teste pré-operatório eficaz para predizer o diagnóstico das massas pélvicas. Palavras chave: Tumores ovarianos; revisão sistemática; metanálise; ressonância magnética; acurácia; diagnóstico; 7 ABSTRACT Introduction: Malignant ovarian neoplasm is responsible for 4% of all cancers. However, it is the first in mortality among the gynecological cancers due to diagnostic difficulties because cancers are usually discovered at advanced stages. Magnetic resonance imaging is a diagnostic modality has its use increasingly significant because of the greater contrast resolution between normal and pathological tissues. Systematic reviews to diagnostic focus contribute assessing the impact of diagnostic tests and in the choice of tests that provide adequate interpretation of results. Objective: This systematic review aimed to assess the diagnostic accuracy of magnetic resonance in ovarian tumors. Methodology: The study was conducted systematically in the period from January 1990 to February 2010 in the Medline, Cancerlit, Lilacs and Embase. The following key words have been used: ovarian neoplasm, ovarian lesions, ovarian masses and magnetic resonance, combined with the terms of diagnostic sensitivity, specificity, false positive, false negative, predictive value, reference value, reference value receiver operating characteristic curves, likelihood ratio and accuracy. Research was limited to human studies without language restriction. Studies include comparisons between MR imaging and paraffin sections of ovarian tumors for each subject. Results: Eighteen primary studies were included in the meta-analysis adding 1442 ovarian tumors. The probability positive joint of occurrence of a positive magnetic resonance was 6.7 (95% confidence interval [CI], 4.3-10.5) for borderline or invasive ovarian tumors, from benign ovarian lesions and post-test probability for borderline or malignant diagnosis was 78% (95% CI, 70-85). Specificity and positive likelihood ratios were heterogeneous. Therefore, a random effect model was used and a summary of the ROC (receiver operating characteristic) was generated. The under area of curve was 95% for borderline or invasive ovarian tumors from benign ovarian. Conclusion: The magnetic resonance is a powerful test to predict pre-operative diagnosis of pelvic masses. Key words: Ovarian tumors; systematic review; meta-analysis; magnetic resonance imaging; accuracy; diagnosis; 8 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS BRCA 1 – Câncer de mama tipo 1 (do inglês Breast Cancer type 1) CA 125 – Antígeno Carbohidratado125 (do inglês Carbohydrate Antigen 125) DWI – Difusão da Imagem Latente (do inglês Difusion Weighted Imaging) FIGO – Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia RM – Ressonância Magnética RN – Revisão Narrativa ROC – Receiver Operating Characteristic RS – Revisão Sistemática STARD – Standards for Reporting of Diagnostic Accuracy T – Tesla TC – Tomografia Computadorizada 9 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO................................................................................................ 09 1.1. Neoplasias de Ovário .............................................................................. 09 1.1.1. Fatores de Risco....................................................................................... 12 1.1.2. Sinais e Sintomas...................................................................................... 12 1.1.3. Diagnóstico................................................................................................ 13 1.2. Ressonância Magnética.............................................................................. 15 1.2.1. Histórico..................................................................................................... 15 1.2.2.Ressonância Magnética no Diagnóstico..................................................... 15 1.2.3.Ressonância Magnética nos Tumores de Ovário....................................... 17 1.3. Revisão Sistemática e Metanálise............................................................ 18 1.3.1. Histórico..................................................................................................... 18 1.3.2. Revisão Sistemática................................................................................... 20 1.3.3. Procedimentos........................................................................................... 23 1.3.4. Metanálise.................................................................................................. 25 2. OBJETIVOS..................................................................................................... 28 2.1. Objetivo Geral............................................................................................... 28 2.2. Objetivos Específicos.................................................................................... 28 3. RESULTADOS................................................................................................. 29 3.1. Artigo............................................................................................................. 30 4. DISCUSSÃO.................................................................................................... 40 5. CONCLUSÕES................................................................................................ 45 10 6. REFERÊNCIAS................................................................................................ 47 ANEXO A – Estratégias de Busca..................................................................... 61 11 1. INTRODUÇÃO 1.1 NEOPLASIAS DE OVÁRIO Os achados ginecológicos de neoplasias ovarianas benignas e cistos funcionais em mulheres com idade reprodutiva são frequentes. A fim de excluir a possibilidade de malignidade da tumoração ovariana, estes achados estão entre as principais causas de internação hospitalar nos países desenvolvidos (Velebil et al., 1995). A neoplasia de ovário maligna é rara, responsável por 4% de todos os diagnósticos de cânceres, porém está entre as primeiras na causa de morte entre as neoplasias ginecológicas, e a quinta causa de morte por câncer em países desenvolvidos (Kim et al., 2007). A história do câncer de ovário é caracterizada por uma resposta insatisfatória ao tratamento devido ao diagnóstico tardio resultante do não aparecimento de sintomas. O índice de sobrevida, porém não se alterou nos últimos quarenta anos, o que leva a crer que o decréscimo da mortalidade somente será possível com a identificação do câncer em estágios iniciais. (Kolwijk, 2010). A prevalência mundial de câncer de ovário é de aproximadamente meio milhão de mulheres em um período de cinco anos, outros aproximados duzentos mil novos casos ocorrem a cada ano (Sankaranarayanan & Ferlay, 2006) As taxas mais altas de câncer de ovário são reportadas na Europa parte norte, depois sul e América do Norte. Taxas menores são encontradas na África e Ásia.” (Colombo, 12 2006). A incidência do câncer de ovário é mais elevada nos países industrializados, embora o maior número de casos concentre-se nos países em desenvolvimento, sendo o risco de uma mulher que more num país ocidental industrializado de ter câncer de ovário é de aproximadamente 1,4% (Drum et al, 2005;Sankaranarayanan & Ferlay, 2006). Na America Latina a incidência é próxima de países desenvolvidos, 8/100.000 e de 10/100.000 mulheres respectivamente. Em países em desenvolvimento a incidência é menor de 5/100.000 mulheres. Já o Brasil ultrapassa os valores de países industrializados em duas regiões: Porto Alegre com incidência de 13/100.000 e São Paulo com 11/100.000 (Sankaranarayanan & Ferlay, 2006). Embora fosse esperada uma redução da incidência, pois em 1960 o uso de anovulatórios hormonais, que tem efeito protetor comprovado foi amplamente utilizado, o risco de se ter o câncer de ovário aumentou de 1 caso para cada 70 mulheres em 1970 para 1 caso a cada 55 mulheres em 2006 (Chu & Rubin, 2006). Salienta-se entre medidas preventivas, o uso contínuo de anticoncepcional oral por um período igual ou superior a cinco anos (Rulin,1993; Manolitsas, 2001). No Brasil, o câncer de ovário é o oitavo em frequencia entre os cânceres que acometem mulheres, representando 1,8% do total, lembrando que a subnotificação é grande, não havendo assim uma exata situação epidemiológica (Ekerhovd et al., 2001; INCA, 2007). Dados publicados pelo Instituto Nacional de Câncer em 2007 classificam o câncer de ovário entre os de baixa incidência, estando além do 11º lugar entre aqueles que acometem as mulheres (INCA, 2007). Nos Estados Unidos, os dados de prevalência acumulada desde o nascimento até 85 anos de idade, mostram que a probabilidade de ocorrência do 13 câncer de ovário é de 1,5% (Velebil et al., 1995). A sobrevida global é apenas 30– 40% em cinco anos, podendo cair para 10% (Velebil et al., 1995). Isto ocorre em parte porque a maioria das pacientes, cerca de 60 a 70%, tem a doença diagnosticada em estadios avançados quando o tratamento é mais difícil. Em contrapartida, a doença é freqüentemente curável na fase inicial (Reis, 2005; Kim et al., 2007; Costa & Lupinacci, 2008; Huang et al.,2008). As neoplasias ovarianas podem acometer mulheres em todas as idades, embora sua incidência aumente após os 40 anos com uma média dessa doença de 61 anos (Kim et al., 2007). O câncer de ovário é caracterizado por sintomas tardios, resposta insatisfatória ao tratamento e um prognóstico ruim, sendo considerado a neoplasia ginecológica mais letal e sétima causa mais comum de óbito em mulheres (Benedet et al., 2000; Huang et al.,2008). Os sintomas iniciais são difusos e inespecíficos, o que dificulta o diagnóstico precoce, sendo dois terços dos casos diagnosticados nos estágios III e IV segundo a classificação da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO). Mais de 70% das pacientes tem a doença metastática ao diagnóstico, com uma sobrevida em torno de 25% em cinco anos. Este índice de sobrevida não tem se alterado nos últimos 40 anos apesar das pesquisas de fármacos antineoplásicos e do aperfeiçoamento das técnicas cirúrgicas. Indiscutivelmente somente com a identificação da doença em estágios iniciais será possível o decréscimo da mortalidade (Yancik, 1993; Benedet et al 2000; Kim et al., 2007). Já nos casos de neoplasias com baixo potencial de malignidade, os índices de sobrevida são de 88,2% em cinco anos e 76,5% em dez anos, possivelmente pelo fato do diagnóstico ser feito em 59,4% dos casos no estágio I da doença (Eltabbakh et al., 1999). 14 1.1.1 Fatores de Risco Não se tem uma população definida de mulheres de alto risco, existem dados que indicam uma situação de risco aumentado: mulheres acima de 50 anos, sem história gestacional, não utilização de anticoncepcionais orais; história familiar de carcinoma de ovário; ingesta alimentar de carne e gordura animal e a exposição a elementos químicos como asbestos e silicatos (Permuth-Wey & Sellers, 2009). O perfil epidemiológico típico para risco de câncer de ovário é o da mulher após a menopausa, nulípara, de nível socioeconômico mais elevado (Permuth-Wey & Sellers, 2009). Para Berchuck et al. (1999) o fator de risco maior para os tumores malignos de ovário se desenvolverem é a predisposição genética, visto que 10% dos tumores epiteliais de ovário são devidos à mutação do gene BRCA1 localizado no cromossomo 17q21 e responsável por cerca de 90% dos cânceres de ovário hereditário (Berchuck et al., 1999). 1.1.2 Sinais e Sintomas Em seus estágios iniciais, a neoplasia de ovário é assintomática, mas pode ocasionar dor. Os sintomas mais comuns estão relacionados à extensão do tumor além da pelve, entre eles: aumento do volume abdominal, dor e distensão, dispepsia (dificuldade na digestão), constipação e sintomas irritativos urinários (Manolitsas, 2001). Lima et al. (2010) acrescenta os sintomas de dor pélvica, abdominal ou nas costas; e persistência dos sintomas; complementa ainda que os 15 achados ao exame físico sugestivos de malignidade são: grande massa anexal, massa fixa, massa com irregularidades e ascite (Lima et al., 2010). Os distúrbios paraneoplásicos como a hipercalcemia, tromboflebite arterial ou venosa e degeneração cerebelar podem ser a primeira manifestação da doença e deverão ser investigados (Manolitsas, 2001). Pacientes com massas anexiais sintomáticas apresentam maior incidência de neoplasia maligna (Lima et al., 2010). Embora o exame físico tenha baixa sensibilidade para detecção de massas anexiais, pode fornecer critérios para distinção entre lesões benignas e malignas (Lima et al., 2010). Na presença de massa pélvica sólida, no exame físico, de qualquer tamanho, fixa, bilateral e de consistência heterogênea é sugestiva de neoplasia maligna. Quando os ovários são palpáveis em mulheres pós-menopausicas são suspeitos e requerem uma investigação (Manolitsas, 2001). 1.1.3 Diagnóstico As lesões pélvicas geralmente assintomáticas quando detectadas durante o exame ginecológico de rotina sempre deverão ter investigados sua origem e características. Eventualmente, o diagnóstico inicial é sugerido pelo exame citológico do líquido de ascite obtido por paracentese (Jacobs & Menon, 2004). Em seu estudo Rossing e colaboradores (2010) relatam que o câncer de ovário apresenta sintomas na maioria das pacientes, mesmo nas fases precoces, porém outras patologias são diagnosticadas antes de serem corretamente diagnosticadas 16 (Rossing et al, 2010). Outra maneira de diagnóstico são os testes de rastreamento que detectam a doença em fases assintomáticas, facilitando e permitindo a cura (Jacobs & Menon, 2004). Muito importante que os esforços visando ao rastreamento do câncer de ovário resultem em redução da mortalidade (Jacobs & Menon, 2004). A ultrassonografia (pélvica e transvaginal) é o método diagnóstico nãoinvasivo mais utilizado no diagnóstico de massas anexiais, pois fornece informações sobre o tamanho e conteúdo dos tumores ovarianos (Manolitsas, 2001; Appel et al. 2009). Lesões com superfícies irregulares, projeções papilares internas ou externas, septações, componente sólido e paredes espessas são sugestivas de malignidade e tem um risco de malignidade de 1 a 45% (Rulin,1993; Manolitsas, 2001; Lima et al. 2010). As lesões císticas simples ou com septo fino mesmo sendo consideradas de baixo risco podem ser malignas em 0,3 a 6% dos casos (Manolitsas, 2001). Conforme as características morfológicas (sugerindo malignidade) deve-se associar o ultra-som com Doppler colorido e a determinação sérica do marcador tumoral CA 125 (Duffy et al., 2005). O CA-125 encontra-se elevado em 50% dos casos de tumores epiteliais no estádio 1 e em 90% nos casos avançados (Appel et al., 2009). A realização de outros exames de imagem para investigação da tumoração pélvica é importante quando os exames anteriores sugerirem malignidade, como a tomografia computadorizada (TC), urografia excretória, cistoscopia, colonoscopia e ressonância magnética (RM) (Curtin, 1994). 17 1.2 RESSONÂNCIA MAGNÉTICA 1.2.1 Histórico A história da RM inicia em 1946 quando em pesquisas independentes, Felix Bloch e Edward Purcell descobriram o fenômeno da ressonância magnética nuclear, tendo conquistado o Prêmio Nobel em 1952. Somente em 1971, as aplicações médicas da RM foram desenvolvidas, quando Raymond Damadian demonstrou que os tempos de relaxamento de tecidos normais e patológicos eram diferentes. Damadian, em 1977, produziu as primeiras imagens de RM do corpo humano, iniciando a disseminação da RM na prática médica (Hendee, 1989). 1.2.2 Ressonância Magnética no Diagnóstico A RM como modalidade diagnóstica tem sua utilização cada vez mais expressiva pelo fato de ser um método que não envolve radiação ionizante nem contraste iodado e por apresentar maior resolução de contraste entre os tecidos normais e patológicos, principalmente nos sistemas nervoso e musculoesquelético (Sohaib et al., 2005; Kim et al., 2007). Recentes avanços têm contribuído para a expansão das aplicações e maior eficácia diagnóstica da RM: novos recursos tecnológicos, como por exemplo, aparelhos com maior campo magnético (3 Tesla), e novas bobinas de recepção de sinal, aperfeiçoamento das seqüências realizadas, as quais tem se tornado mais rápidas, além do desenvolvimento de técnicas de perfusão e espectroscopia de prótons (Sohaib et al., 2005; Kim et al., 18 2007). A TC e a RM são indicadas como complemento à avaliação do clínico ou do cirurgião, para confirmação, exclusão ou ampliação das suspeitas diagnósticas. Além disso, a TC e a RM podem ser aplicadas no planejamento do tratamento radioterápico (Badcock, 1983; Sohaib et al., 2005; Kim et al., 2007). Uma importante e frequente indicação da TC e da RM é na avaliação de pacientes oncológicos. Esses métodos podem ser empregados com a finalidade diagnóstica na suspeita de câncer, tanto pelo quadro clínico e alterações laboratoriais do paciente, como por achados em outros exames complementares. São utilizados, também, no estadiamento clínico em busca de metástases regionais ou sistêmicas, na avaliação da resposta terapêutica (Badcock, 1983; Sohaib et al., 2005). Para Lima (2010) a RM mostra-se superior à TC e ao doppler nos casos duvidosos na ultrassonografia para a diferenciação dos casos benignos e malignos (Lima et al., 2010): O doppler apresenta resultados heterogêneos e mostra uma grande sobreposição nos valores dos índices avaliados em massas malignas e benignas, e seus resultados devem ser avaliados com cautela; e a TC apresenta fraca discriminação entre os tecidos moles, com exceção do tecido adiposo e de calcificações, além da desvantagem da irradiação, tornando esse método de utilidade limitada nos casos duvidosos (Appel et al., 2009; Lima et al., 2010). 19 1.2.3 Ressonância Magnética nos Tumores de Ovário A RM vem sendo cada vez mais utilizada e aceita como método de imagem eficaz no diagnóstico, localização e caracterização de massas anexiais não adequadamente avaliadas pela ultrassonografia (Souza et al., 2003; Sohaib et al., 2005; Appel et al., 2009). A RM agrega as vantagens do ultrassom, no que diz respeito a não utilização de radiação ionizante, com aquelas da tomografia computadorizada na avaliação espacial e anatômica (Souza et al., 2003). O principal objetivo na caracterização de lesões anexiais é a diferenciação entre lesão benigna e maligna e determinar a origem epitelial, primária ou secundária da lesão (Souza et al., 2003; Sohaib et al., 2005; Shaaban & Rezvani, 2009). A RM ao se caracterizar a lesão como benigna pode evitar uma conduta intervencionista desnecessária, levando à redução significativa do custo total do tratamento (Souza et al., 2003; Shaaban & Rezvani, 2009). Outra utilidade da RM recai nas mulheres que querem preservar a fertilidade, no lugar da laparoscopia diagnóstica, que é um procedimento invasivo com risco de desenvolvimento de aderências pélvicas (Shaaban & Rezvani, 2009). A diferenciação entre lesões malignas e benignas melhorou com a utilização de contraste, com acurácia diagnóstica entre 91% a 99% (Shaaban & Rezvani, 2009). O contraste evidencia melhor a arquitetura interna de cistos e aumenta a detecção de implantes peritoneais e omentais (Souza et al., 2003). A RM tem como vantagem a análise multiplanar, levando a uma melhor avaliação da extensão do processo anexial. O contraste entre os tecidos e o comportamento de sinal nas diferentes seqüências permitem maior precisão 20 diagnóstica, especialmente nos teratomas maduros, endometriose e lesões com conteúdo hemático (Souza et al., 2003). As características evidenciadas na RM sugestivas de malignidade nas massas anexiais são: áreas de necrose em um tumor sólido; presença de vegetações em uma lesão cística, que realçam intensamente com o meio de contraste; projeções papilares, espessura de septo maior que 3 mm e componentes sólidos; tamanho maior que 4 cm com áreas de necrose (Souza et al., 2003; Appel et al., 2009). 1.3 REVISÃO SISTEMÁTICA E METANÁLISE 1.3.1 Histórico O grande volume de informações científicas, geradas nas últimas décadas na área da saúde, apontam para necessidade de sumarizá-las para facilitar a compreensão numa conclusão que reúne diversas fontes (Cordeiro et al., 2007). A revisão sistemática é uma investigação científica com objetivo de reunir, avaliar criticamente e sintetizar resultados de estudos primários (Cook et al., 1997). Não é de agora que esta combinação de resultados é realizada. As primeiras combinações de resultados foram publicadas no British Medical Journal pelo matemático britânico Karl Pearson em 1904. A seguir, foram publicados estudos que abordavam métodos estatísticos, a metanálise, que combinavam 21 resultados de estudos independentes. Uma revisão sistemática sobre estudos clínicos foi publicada pela primeira vez em 1955 no Journal of American Medical Association. Somente em 1976 o termo metanálise é descrito em artigo da revista Educational Research (Cordeiro et al., 2007). As revisões sistemáticas da área da saúde consolidaram-se com a publicação do livro Effective Care During Pregnancy and Childbirth, na década de 80. Desde então outras duas publicações – uma em Oncologia outra em Cardiologia - da mesma época tiveram importância (Cordeiro et al., 2007). Um marco importante para a RS foi a fundação, na década de 90, da Cochrane Collaboration, uma organização internacional em homenagem ao professor Archie Cochrane, pesquisador britânico e um dos criadores do método Medicina Baseada em Evidências. A Cochrane Collaboration reúne diversos centros Cochrane em diferentes países: França, Alemanha, Grã-Bretanha, Espanha, Itália, Holanda, Dinamarca, Canadá, China, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul e Brasil. A colaboração tem por objetivo elaborar, manter e disseminar revisões sistemáticas na área da saúde (Cochrane Collaboration, 2008). As duas primeiras teses de revisões sistemáticas com metanálise datam de 1994, oriundas da Inglaterra e do Brasil. Alejandro Jadad defendeu sua tese em Oxford, e Jair de Jesus Maria de Livre Docência em São Paulo na Escola Paulista de Medicina. Na Alemanha, um grupo de pesquisadores no ano de 1995 define revisão sistemática como “a aplicação das estratégias científicas que limitam o viés de seleção e avaliam com espírito científico os artigos e sintetizam todos os estudos relevantes em tópicos específicos” (Cochrane Collaboration, 2008). 22 Seguindo-se os estudos, a primeira tese de doutorado cujo tema foi revisão sistemática com metanálise data de 1997, também da Escola Paulista de Medicina (Cordeiro et al., 2007). 1.3.2 Revisão Sistemática Atualmente há uma grande quantidade de informação científica produzida disponível e há um crescer contínuo. Para um melhor aproveitamento e aplicabilidade é necessário que as informações passem a conhecimentos, ou seja, estas informações sejam reunidas, organizadas, avaliadas e mensuradas. As diretrizes clínicas baseadas em RS são os meios para a transformação destas informações em conhecimentos (Mulrow, 1994). Existem diferentes questões metodológicas que são abordadas nos estudos primários e analisadas na RS para assim reunir e sintetizar os resultados destes estudo. Diferentes métodos de síntese podem levar a diferentes respostas para uma mesma pergunta. Para tanto, as revisões de literatura científica são propostas tanto no campo da pesquisa qualitativa quanto no da quantitativa (Dixon-Woods et al., 2005). A RS é um estudo no qual estudos primários são selecionados com método pré-definido e sistemático, de forma objetiva, eficiente e reprodutível. A RS permite explorar achados de estudos independentes, avaliar criticamente a consistência de cada um deles e explicar possíveis inconsistências e conflitos (Mulrow, 1994; Cook, 1997; Clarke, 2001). A RS, que é um estudo secundário, contribui para o 23 planejamento de pesquisas clínicas, bem como, facilita a elaboração de diretrizes clínicas (Clarke, 2001). Nas RS os estudos primários podem incluir qualquer tipo, ensaios clínicos aleatórios, estudos de acurácia, estudos de coortes entre outros. Geralmente, a RS é um estudo observacional retrospectivo, no entanto, podem ser prospectivos (Clarke, 2001). As RS podem responder questões relativas à eficácia e efetividade de investigações terapêuticas, questões diagnósticas, epidemiológicas, entre outras. Entretanto essas questões não devem estar simultâneas em uma mesma revisão, pois são necessários métodos distintos para responder questionamentos de naturezas diferentes (Justo et al., 2005). A RS difere da revisão narrativa (RN) em determinados aspectos. RN são estudos com métodos subjetivos de coleta de dados e interpretação de estudos, com tendência a seletividade (Cordeiro et al., 2007). Em relação à RS, a RN dificilmente parte de uma questão específica bem definida, a busca de estudos não é previamente determinada e especificada, tem menor abrangência, a inclusão e avaliação dos estudos ficam a critério dos revisores, sendo a síntese geralmente de ordem qualitativa (Pai et al., 2004; Justo et al., 2005; Cordeiro et al., 2007). As RN são de utilidade, mesmo com falta de rigor metodológico e sujeitas a conclusões errônea, pois oferecem uma visão ampla dos temas dos estudos. Deve-se considerar as RNs na abordagem de assuntos que não existam RS ou em temas que as evidências sejam insuficientes para conclusões rigorosas (Justo et al., 2005). As RS com enfoque diagnóstico contribuem na avaliação do impacto de testes diagnósticos e são importantes na escolha de testes de certa acurácia e 24 que proporcionem adequada interpretação dos resultados (Deeks, 2001a). Estas RS são realizadas para produzir estimativas baseadas nas melhores evidências no assunto e para avaliar a variação dos achados entre artigos, bem como, nas revisões com enfoque terapêutico (Irwing et al., 1995; Vamvakas, 1998). Os estudos de acurácia diagnóstica diferem metodologicamente dos estudos de intervenção na avaliação da qualidade e do potencial de viés de cada estudo (Bossuyt et al., 2003). Para auxiliar na avaliação dos artigos com enfoque diagnóstico temos um checklist com 25 itens, o STARD – Standards for Reporting of Diagnostic Accuracy (Bossuyt et al., 2003). Estudos que não possuem os critérios de qualidade metodológica e que são mais suscetíveis a vieses devem ser excluídos de uma RS com enfoque diagnóstico (Deeks, 2001b). Todos os estudos devem ter o mesmo teste diagnóstico como teste de referência (padrão-ouro) para serem selecionados para RS com enfoque diagnóstico. Outro aspecto importante para inclusão de um estudo é a clara descrição do teste de referência e do teste experimental, pois é o enfoque do estudo de acurácia diagnóstica. Devem estar descritos os desfechos positivos e negativos, as características demográficas da população em estudo, as co-morbidades e o histórico de cada paciente (Deeks, 2001a; Deeks, 2001b). Nos estudos de teste de acurácia temos a comparação de resultados de dois grupos, podendo apresentar teste diagnóstico positivo ou negativo. O resultado do teste diagnóstico é comparado com exame considerado de referência para determinada doença, assim a sensibilidade, especificidade e os resultados falso-positivo e falso-negativo são mensurados. Com estes dados é possível 25 calcular a razão de verossimilhança positiva e negativa, o valor preditivo positivo, probabilidade pós-teste positiva e o valor preditivo negativo (Go, 2001). 1.3.3 Procedimentos Para a realização de uma RS é necessário um questionamento – pergunta – claro e objetivo que será respondido através de métodos sistemáticos e explícitos. Os métodos da RS são para identificar, selecionar e avaliar criticamente pesquisas relevantes, analisando dados dos estudos primários incluídos na revisão (Dixon-Woods et al., 2005; Justo et al., 2005; Alderson et al., 2004). Uma metodologia clara exige um projeto de pesquisa elaborado para se definir tais questões. Como qualquer investigação científica, procura-se evitar vieses e uma incorreta conclusão. Incluir o máximo de estudos é fundamental nesta preocupação e depois avaliá-los criteriosamente através de uma análise da qualidade de cada estudo e da verificação da possibilidade de combiná-los, observando suas semelhanças e diferenças - homogeneidade e heterogeneidade em diversos aspectos. Avaliando a qualidade e homogeneidade dos estudos primários quando viável uma síntese quantitativa tem-se uma RS com metanálise, quando não possível a síntese quantitativa tem-se um RS qualitativa (DixonWoods et al., 2005; Justo et al., 2005; Alderson et al., 2004). Os métodos sistemáticos e pré-definidos de uma RS seguem distintas etapas: 26 1) formulação da questão (para tanto inicialmente é necessário identificar o problema, a intervenção ou tipo de diagnóstico, o que será comparado, qual desfecho e eventualmente o tempo decorrido para avaliar o desfecho); 2) elaboração do projeto, contendo objetivos claros e coerentes com a questão, o qual irá orientar a pesquisa; 3) busca e seleção dos estudos a serem avaliados na íntegra; 4) análise e avaliação criteriosa dos estudos selecionados e escolha daqueles passíveis de inclusão na RS; 5) extração dos dados; 6) síntese descritiva e, quando possível, metanálise; 7) apresentação e interpretação dos resultados da síntese. (Khan, 2000; Clarke, 2001; Justo et al., 2005; Cordeiro et al., 2007). O objetivo da revisão sistemática, conforme descreve Petticrew (2003), é responder a questões específicas e não estar voltada para explanações panorâmicas dos assuntos envolvidos (Petticrew, 2003). Justo et al. (2005) complementa relatando que as revisões sistemáticas estão comprometidas numa ampla abrangência de estudos que deverão ser avaliados para inclusão, não restringindo a fontes exclusivas, nem a restrições de língua, autores ou tipo de publicações (Justo et al., 2005). Na busca dos estudos são utilizadas várias bases de dados, que diferem conforme o assunto abordado, artigos eventualmente em publicações não indexadas e estudos não publicados (Justo et al. 2005). O processo de identificação de estudos deve ser uma busca tão ampla quanto possível para 27 garantir que todos os estudos sejam considerados na seleção (Cordeiro et al., 2007). 1.3.4 Metanálise Os métodos estatísticos podem ou não ser usados para analisar e sumarizar os resultados dos estudos clínicos. A metanálise é o método estatístico aplicado à RS que reúne os resultados de dois ou mais estudos primários (Clarke, 2001). Para Pai et al. (2004), metanálise é a combinação estatística dos dados através dos estudos gerando um sumário das estimativas dos efeitos, o termo “efeito” refere à mensuração da associação entre exposição e resultado. Habitualmente, para referir-se à RS com metanálise o termo metanálise é utilizado, porém, metanálise e RS não são sinônimos, podemos ter a RS sem metanálise (Pai et al., 2004). A metanálise é a etapa final da RS. Os dados extraídos nos estudos de uma RS incluem certa exigência - ter alto nível de homogeneidade nos efeitos mensurados através dos estudos - em seguida os dados podem ser combinados usando a metanálise. De outro modo, se o efeito mensurado for heterogêneo pode ser realizada RS, mas não metanálise. Neste caso chama-se RS qualitativa com análise descritiva, pois a metanálise não é apropriada (pode não ser apropriado combinar os resultados destes estudos) (Pai et al., 2004). As possíveis causas de heterogeneidade incluem número limitado de estudos e de participantes, escala de mensuração para o “tamanho do efeito” inadequada, vieses de publicação e 28 problemas quanto à qualidade metodológica dos estudos (Thompson, 1994). Entretanto quando há homogeneidade entre os estudos, conclui-se que a diferença entre eles é consequencia da variação das amostras (Thompson, 1994). Quando os estudos são considerados combináveis, é necessária a padronização dos dados para integrá-los, conforme os níveis de mensuração destes dados sejam categóricos (nominais ou ordinais) ou numéricos (discretos ou contínuos): Os dados categóricos poderão ser transformados em odds ratio (razão de chances), risco relativo, diferença de risco e taxa de incidência. Os resultados poderão ser sumarizados a partir da diferença de suas médias (grupo-tratamento e grupo-controle) (Deeks et al., 2001). Para sumarizar os dados do tipo contínuo é necessário que estes estejam nas mesmas unidades, ou seja, o desfecho medido da mesma maneira. Quando as medidas dos desfechos não estiverem nas mesmas unidades, deverá ser feito a padronização da diferença de médias, transformando a média em tamanho de efeito, que é calculado pela diferença entre a média das medidas de desfecho do grupo-tratamento e a media das medidas de desfecho do grupo-controle, dividida pelo desvio padrão dos grupos tratamento-controle (Deeks et al., 2001). O resultado da metanálise pode ser ilustrado pelo “gráfico da floresta” ou curva ROC (receiver operating characteristic). O gráfico floresta mostra os resultados padronizados de cada estudo incluído com seus intervalos de confiança e um losango que corresponde ao valor de síntese dos resultados de todos os estudos incluídos. Já a curva ROC sumariza os resultados apresentando sensibilidade, especificidade e acurácia (Lewis, 2001; Justo et al., 2005). 29 Devido a magnitude dessa patologia, o crescente aumento da incidência de cânceres de ovário e o alto índice de mortalidade causado pela dificuldade diagnóstica destes tumores, justifica-se este estudo para avaliar a acurácia da RM no diagnóstico destes tumores. 30 2. OBJETIVOS 2.1 Geral Determinar a acurácia de ressonância magnética (RM) no diagnóstico de tumores de ovário 2.2 Específicos 2.2.1 Proceder uma revisão sistemática de estudos com enfoque diagnóstico; 2.2.2 Avaliar a sensibilidade e especificidade da RM no diagnóstico de tumores de ovário. 31 3. RESULTADOS ARTIGO Accuracy of magnetic resonance imaging in ovarian tumor: a systematic quantitative review Lidia R. Medeiros; Luciana B. Freitas; Daniela D. Rosa; Fábio R. Silva; Loraine S. Silva; Lisiane T. Birtencourt; Maria I. Edelweiss; Maria I. Rosa. Artigo aceito para publicação no periódico American Journal of Obstetrics & Gynecology. 32 33 34 35 36 37 38 39 4. DISCUSSÃO Nesta RS avaliamos a acurácia da ressonância magnética no diagnóstico de tumores de ovário. Esta pesquisa identificou inicialmente, através dos bancos de dados, 499 artigos relevantes ao assunto. Com a análise de títulos e resumos foram excluídos 438 estudos publicados. Na leitura completa dos textos dos 61 artigos, 43 foram excluídos por não contemplarem os critérios mínimos de inclusão. Totalizamos uma amostra de 18 estudos, incluindo três de língua não inglesa, que se adequavam aos critérios de inclusão. A qualidade metodológica dos estudos foi avaliada, assim trabalhamos com dezoito artigos que incluíam 1442 tumores ovarianos. A idade média dos participantes através dos estudos foi de 49 anos com intervalo entre13 e 87 anos. Dos 18 estudos, segundo a escala de Oxford, 11 foram classificados com nível de evidência de 2B e 07 de nível 3B, representando alta qualidade metodológica. Das 1442 massas tumorais ovarianas, 940 eram tumores ovarianos benignos (65,4%), 415 eram tumores ovarianos invasivos (28,9%) e 80 tumores borderline (5,7%). Na analise de verdadeiro positivo, falso positivo, verdadeiro negativo e falso negativo de cada uma das massas consideradas no estudo, houve concordância entre a ressonância magnética (RM) e o teste padrão-ouro (anátomo patológico) de 87% (k = 0,72), o que representa uma boa concordância. A diferenciação das massas anexiais entre tumores benignos ou malignos é de grande valor uma vez que a abordagem terapêutica é diferente para cada tipo. As massas ovarianas benignas podem ser tratadas com abordagens mais 40 conservadoras, quer com a observação e controle ou com a cirurgia laparoscópica (Medeiros et al., 2008a). Ao contrário, quando o tumor é maligno há necessidade de laparotomia de urgência (Medeiros et al., 2008b; Medeiros et al., 2009). A ultrassonografia com doppler tende a ser usada como triagem e a RM é usada após informações clinicas e ultrassonográficas (Medeiros et al., 2009). Uma RS da acurácia da ultrassonografia com doppler colorido no diagnóstico de tumores do ovário mostrou sensibilidade de 87% e especificidade de 90% para o diagnóstico pré-operatório de malignidade, com uma acurácia de 0,95 (Medeiros et al., 2009). A utilização da ultrassonografia com doppler colorido associada à RM com contraste permite avaliar o fluxo sanguíneo tumoral e áreas de necrose, tendo uma maior precisão no diagnóstico de malignidade (Yamashita et al., 1995; Komatsu et al, 1996; Thomassin-Naggara et al., 2008a; Thomassin-Naggara et al., 2008b). Tumores de ovários borderline ou invasivos foram observados em mais de 50% dos pacientes quando foram observados área sólida, dentro de um tumor mesmo que menores de 5mm, consideradas pequenas, portanto não podemos negligenciar esses achados (Umemoto et al., 2006). Esta RS mostrou que a ressonância magnética (1.5T) pode detectar tumores invasivos ou borderline de ovário. A sensibilidade para a detecção foi de 92%, a especificidade foi de 85% e a acurácia foi de 0,95. Para tumores ovarianos borderline ou invasivos comparados a lesões benignas do ovário, a probabilidade pré-teste de câncer aumentou de 34% do total para 78% quando o resultado positivo para malignidade foi encontrado como diagnóstico pela RM. Portanto a RM (1.5T) é um teste útil no pré-operatório para a predição da natureza benigna ou maligna de uma massa pélvica. Apesar disso, o custo elevado da RM impede 41 seu uso na triagem inicial de câncer de ovário (Stevens et al., 1991; Thurnher et al., 1990; Appel et al., 2009). A RM é utilizada especificamente para ajudar a caracterizar uma massa anexial, especialmente quando o ultrassom é inconclusivo no diagnóstico. Ainda, a RM associada ao contraste intravenoso permite uma melhor resolução e visualização interna e, assim a diferenciação de lesões sólidas de císticas (Stevens et al., 1991; Thurnher et al., 1990). No entanto, a caracterização de algumas lesões epiteliais ou estromais de ovário é muitas vezes difícil (Komatsu, 1996). Segundo Yamashita e colaboradores (1997), a RM pode facilitar a diferenciação da natureza da massa, entre líquida simples, fluido atípico, sangue, tecido sólido, tecido fibroso e gordura. No entanto, apenas a difusão da imagem latente (DWI) é precisa para predizer benignidade do complexo de massas anexiais. Thomassin-Naggara e colaboradores (2008) apresentaram contribuição de DWI em conjunto com critérios morfológicos para caracterizar as massas anexiais. Os melhores critérios para predizer benignidade são quando um componente sólido demonstra sinal baixo em T2 e baixo sinal em DWI (Thomassin-Naggara et al., 2008a; Thomassin-Naggara et al., 2009). O estudo de Engelen e colaboradores (2008) demonstrou que a imagem de ressonância magnética para distinguir tumores malignos apresentou uma acurácia de 88%, quando lida por um radiologista especialista. Sohaib e colaboradores (2003) demonstraram uma acurácia diagnóstica de 91% da ressonância magnética na diferenciação de lesões benignas de malignas nas massas anexiais. Estes dados estão de acordo com nossa RS. Potenciais problemas de detecção de imagem na RM de lesões anexiais incluem a dificuldade em revelar pequenas 42 lesões e dificuldade ocasional para determinar se uma grande massa anexial é unilateral ou bilateral (Hricak et al., 2000). Dentre as lesões classificadas incorretamente temos tumores borderline com elementos sólidos, que são frequentemente difíceis de caracterizar por suas características semelhantes às lesões benignas do ovário (Sohaib, 2003). Mesmo assim, a caracterização préoperatória de tumores do ovário utilizando ressonância magnética com contraste dinâmico tem o potencial de melhorar o manejo terapêutico de tumores borderline e tumores malignos invasivos (Thomassin-Naggara et al., 2008b). Desde a introdução da 3T a RM produz uma melhor qualidade de imagem, em comparação com a menor resistência do campo 1.5T da RM para informações bioquímicas nas lesões pélvicas (Booth et al., 2008; Booth et al., 2009; Stanwell et al., 2008). Estes mesmos estudos indicam que possivelmente poderia se atingir o estadiamento do câncer de ovário com a precisão vista no estadiamento cirúrgico (Booth et al., 2008; Booth et al., 2009; Stanwell et al., 2008). Nesta RS tumores benignos de ovário foram encontrados em 940 tumores ovarianos (65,4%), tumores borderline em 80 tumores ovarianos (5,7%) e tumores invasivos em 415 tumores ovarianos (28,9%). Estes dados estão de acordo com a literatura (DiSai & Creasman, 2002). Nesta RS as lesões do ovário foram agrupadas como borderline ou tumores invasivos comparados com lesões benignas, sendo um viés podendo interferir na relevância dos diferentes estudos de imagem de RM publicados nesta RS. Encontramos 80 (5,7%) casos de tumores borderline de ovário que muitas vezes são de difícil caracterização na imagem por causa de sua semelhança com lesões benignas (Tsili et al., 2008). Os critérios morfológicos são úteis para discriminar tumores ovarianos invasivo de não-invasivo, mas nenhum destes critérios 43 morfológicos seguramente distinguem lesões benignas de tumores borderline de ovário (Thomassin-Naggara et al., 2008a; Thomassin-Naggara et al., 2009). Além disso, dois estudos foram relatados como retrospectivos (Balan, 2006; Fugii, 2008). Além disso, a interpretação dos resultados do teste foram cego apenas em dois estudos (Yamashita et al., 1995; Thomassin-Naggara et al., 2008a). Apenas três estudos usaram imagens dinâmicas de difusão (DWI), que é uma ferramenta útil e moderna que pode ajudar a distinguir entre benigno, borderline e os tumores invasivos foram incluídos na metanálise (Thomassin-Naggara et al., 2008a; Fugii et al., 2008; Thomassin-Naggara et al., 2009). Mesmo assim, esta metanálise cumpre os critérios para realização de uma rigorosa análise sistemática prevista a priori (Irwig et al., 1994; Sutton, 2000; Deeks, 2001a;). Esses critérios incluem a utilização no estudo de avaliação da qualidade (Lijmer et al., 1999) e investigação de homogeneidade em modelos fixos e aleatórios para testar a robustez dos resultados e análise de sensibilidade (Irwig et al., 1994; Sutton, 2000; Deeks, 2001a; Deeks, 2001b). Neste estudo, a análise quantitativa fornece avaliação da precisão da RM (1,5T) no diagnóstico de lesões benignas e câncer de ovário. 44 5. CONCLUSÕES Epidemiologicamente, as neoplasias malignas de ovário são de baixa incidência, ficando abaixo do 11º lugar em incidência nas mulheres. Estima-se que no Brasil, corresponde a cerca de 2 a 3% dos cânceres femininos, porém a mortalidade decorrente desta neoplasia é alta. Sendo uma das principais causas de morte, dentre os tumores ginecológicos. Isso deve-se à dificuldade do diagnóstico precoce que é dificultado pela ocorrência já tardia dos sintomas. Apenas 30% são descobertos em fase inicial (estágios I e II). A utilização da RM no diagnóstico dos tumores de ovário foi objeto deste estudo que avaliou sua acurácia nesta RS. A qualidade metodológica dos dezoito estudos foi avaliada: 11 classificados como nível 2B e 07 de nível 3B na escala de Oxford, indicando alta qualidade metodológica. Na diferenciação das 1442 massas tumorais ovarianas inclusas neste estudo, 940 eram tumores ovarianos benignos (65,4%), 415 eram tumores ovarianos invasivos (28,9%) e 80 tumores borderline (5,7%). Na analise de verdadeiro positivo, falso positivo, verdadeiro negativo e falso negativo de cada uma das massas consideradas no estudo, houve concordância entre a ressonância magnética (RM) e o teste padrão-ouro (anátomo patológico) de 87% (k = 0,72), o que representa uma boa concordância. A sensibilidade para a detecção foi de 92%, a especificidade foi de 85% e a acurácia foi de 0,95. Para tumores ovarianos borderline ou invasivos comparados a lesões benignas do ovário, a probabilidade pré-teste de câncer aumentou de 45 34% do total para 78% quando o resultado positivo para malignidade foi encontrado como diagnóstico pela RM. A diferenciação de lesões benignas de câncer de ovário é de grande valor uma vez que a abordagem terapêutica é diferente para cada entidade. Quando é benigna a conduta pode ser expectante ou tratada por cirurgia laparoscópica, porém quando maligna a conduta é cirugia por laparotomia. O câncer de ovário apresenta alta taxa de mortalidade entre as neoplasias ginecológicas, sendo a maioria dos casos diagnosticados em estágio avançado. O diagnóstico precoce é passo fundamental no manejo e controle da doença. O exame de imagem por RM apresentou-se superior ao ultrassom para identificação de malignidade. No entanto, o seu alto custo é considerado fator limitante para o seu uso de rotina, sendo utilizado, em casos especiais, para esclarecer dúvidas deixadas pela ultrassonografia no diagnóstico de tumores anexiais complexos. Neste estudo, a análise quantitativa fornece avaliação da precisão da RM (1,5T) no diagnóstico de lesões benignas e câncer de ovário. Além de demonstrar que a RM é um importante teste pré-operatório eficaz para predizer o diagnóstico das massas anexiais podendo contribuir para o prognóstico da paciente. 46 REFERÊNCIAS ALDERSON P, GREEN S, HIGGINS JPT. Cochrane Reviewer´s Handbook 422. Cochrane Library, issue 1, Chichester. John Wiley & Sons Ltda; 2004. ALTMAN D. Relation between two continuous variables. In: Pratical Statistics for Medical Research (Altman D, ed.) 9th edn. London, England: Chapman 9: 277-299. 1999. APPEL M, MÔNEGO H, RAMOS JGL, POLI MEH,STEIN AT, SILVA JM, BERND FF, BERSCH GP. Rastreamento e Diagnóstico do Câncer de Ovário. Revista da AMRIGS Porto Alegre, 53 (3): 313-318. 2009. BADCOCK P. The role of computed tomography in the planning of radiotherapy fields. Radiology 147: 241. 1983. BALAN P. Ultrasonography, computed tomography and magnetic resonance imaging in the assessment of pelvic pathology. European Journal of Radiology 58:147-55. 2006. 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BMC Medical Research Methodology 6:31. 2006. 60 ANEXO A – Estratégias de Busca 61 Estratégias de Busca Estratégia de busca no MEDLINE (PubMed) 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. “sensitivity and specificity” [all fields] “sensitivity and specificity/standards” [all fields] “specificity” [all fields] “screening” [all fields] “false positive” [all fields] “false negative” [all fields] #1 OR #2 OR #3 OR #4 OR #5 OR #6 “accuracy” [all fields] “predictive value” [all fields] “predictive value of tests” [all fields] “reference value” [all fields] “reference values” [all fields] “reference standards” [all fields] #8 OR #9 OR #10 OR #11 OR #12 OR #13 “roc” [all fields] “roc analysis” [all fields] “roc and” [all fields] “roc area” [all fields] “roc auc” [all fields] “roc characteristics” [all fields] “roc curve” [all fields] “roc curve method” [all fields] “roc curves” [all fields] “roc estimated” [all fields] “roc evaluation” [all fields] “likelihood ratio” [all fields] #15 OR #16 OR #17 OR #18 OR #19 OR #20 OR #21 OR #22 OR #23 OR #24 OR #25 OR #26 #7 OR #14 OR #27 Ovarian Neoplasms[mh] ovar* [tw] AND neoplasm*[tw] ovar*[tw] AND cancer*[tw] ovar*[tw] AND tumour*[tw] ovar*[tw] AND tumor* [tw] Adnexal Diseases [mh] Ovarian Cancer [mh] “early ovarian cancer”[mh] “early ovarian neoplasm”[mh] “stage I ovarian cancer”[mh] #29 OR #30 OR #31 OR #32 OR #33 OR #34 OR #35 OR #36 OR #37 OR #38 magnetic resonance[mh] MRI [tw] MR [tw] 62 43. 44. 45. 46. 47. Magnetic*[tw] AND resonance[tw] MR imaging #40 OR #41 OR #42 OR #43 OR #44 #28 AND #39 #45 AND #46 RESTRINGIR A PARTIR DE 1990 SOMENTE ESTUDOS EM HUMANOS MULHERES Estratégia de busca no EMBASE 1. “sensitivity and specificity”. ti,ab,hw. ti,ab,hw.di. 2. “sensitivity and specificity/standards”. ti,ab,hw.di. 3. “specificity”. ti,ab,hw.di. 4. “screening”. ti,ab,hw.di. 5. “false positive”. ti,ab,hw.di. 6. “false negative”. ti,ab,hw.di. 7. OR//1-6 8. “accuracy”.ti,ab,hw.di. 9. “predictive value”. ti,ab,hw.di. 10. “predictive value of tests”. ti,ab,hw.di. 11. “reference value”. ti,ab,hw.di. 12. “reference values”. ti,ab,hw.di. 13. “reference standards”. ti,ab,hw.di. 14. OR//8-13 15. “roc”. ti,ab,hw.di. 16. “roc analysis” . ti,ab,hw.di. 17. “roc and”. ti,ab,hw.di. 18. “roc area”. ti,ab,hw.di. 19. “roc auc”. ti,ab,hw.di. 20. “roc characteristics”. ti,ab,hw.di. 21. “roc curve”. ti,ab,hw.di. 22. “roc curve method”. ti,ab,hw.di. 23. “roc curves”. ti,ab,hw.di. 24. “roc estimated”. ti,ab,hw.di. 25. “roc evaluation”. ti,ab,hw.di. 26. “likelihood ratio”. ti,ab,hw.di. 27. OR/15-26 28. OR/7-14 29. OR/27-28 30. nonhuman/ 63 31. animal/not (human/and animal/) 32. OR/30-31 33. 29 NOT 32 34. expl Ovarian Neoplasms/ 35. (ovar$ adj5 neoplasm$).tw. 36. (ovar$ adj5 cancer$).tw. 37. (ovar$ adj5 tumour).tw. 38. (ovar$ adj5 tumo?r). tw. 39. expl Adnexal Diseases/ 40. expl Ovarian Cancer/ 41. “early ovarian cancer”. ti,ab,hw.di. 42. “early ovarian neoplasm” 43. “stage I ovarian cancer”[mh] ti,ab,hw.di. 44. OR/ 34-43 45. exp magnetic resonance/ 46. MRI . ti,ab,hw.di. 47. MR . ti,ab,hw.di. 48. (Magnetic$ adj5 resonance$).tw. 49. MR imaging. ti,ab,hw.di. 50. OR/45-49 51. 33 AND 44 52. 50 AND 51