12/03/2009 - 10h10 Combinar testes melhora detecção de câncer de ovário FLÁVIA MANTOVANI da Folha de S.Paulo Um estudo feito com 200 mil mulheres pode ajudar na detecção de um tumor que está entre os mais difíceis de serem diagnosticados: o câncer de ovário. Publicada na revista "Lancet Oncology", a pesquisa avaliou dois testes: o ultrassom e um exame de sangue que identifica um composto chamado CA 125. No grupo que fez os dois exames juntos, 90% dos casos de câncer de ovário foram identificados. O ultrassom sozinho detectou 75% dos casos. Para os cientistas, o resultado é encorajador porque quase metade dos tumores foram diagnosticados nas fases iniciais, quando a chance de sobrevida é de 90%. No Brasil, recomenda-se que mulheres na pós-menopausa passem por ultrassonografias rotineiras uma vez por ano, mas o objetivo principal é avaliar o endométrio (camada que reveste o útero internamente), diz o ginecologista Luciano Pompei, membro da diretoria da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia). O teste de CA 125 não é muito específico para câncer --pode dar positivo em condições benignas- e só costuma ser indicado quando há formações suspeitas no ovário ou para monitorar um câncer já detectado. Segundo Pompei, há controvérsias na literatura médica sobre a capacidade de a ultrassonografia detectar o câncer de ovário em fase suficientemente precoce. Ele acredita que mais pesquisas são necessárias para que a conduta preconizada no estudo se torne rotina. Para o ginecologista Cláudio Bonduki, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), o teste de CA 125 pode até ser solicitado a pacientes de risco, mas um ultrassom bem feito é suficiente para detectar tumores de ovário. Maria del Pilar Diz, oncologista do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira, considera o resultado "bastante lógico" e afirma que até agora as sociedades médicas não indicavam o rastreamento sistemático do câncer de ovário porque nenhum exame sozinho tinha sido capaz de fazer o diagnóstico sem dar muitos resultados falsos positivos. Os pesquisadores dizem que é preciso esperar para ver se os exames vão ter impacto na taxa de mortalidade por câncer de ovário e se trazem bom custo-benefício. Esse tipo de tumor é muito letal, apesar de não estar entre os mais prevalentes. Endereço da página: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u533425.shtml Copyright Folha Online. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folha Online.