Rússia - Fernando Nogueira da Costa

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Rússia Fernando Nogueira da Costa Professor do IE-­‐UNICAMP h6p://fernandonogueiracosta.wordpress.com/ Perguntas Que país é a Rússia? O que foi a União Sovié>ca? Como se caracteriza a economia russa contemporânea? Questões Ideológicas para Debate 2
Rússia Federação Russa (nome oficial) •  Federação da Rússia é um país localizado no norte da Eurásia. •  Com 17 075 400 de quilômetros quadrados, a Rússia é o país com maior área do planeta, cobrindo mais de um nono da área terrestre. •  É também o nono país mais populoso, com 142 milhões de habitantes. •  Faz fronteira terrestre com catorze países, de noroeste para sudeste: Noruega, Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia (ambas através do exclave de Kaliningrado), Bielorrússia, Ucrânia, Geórgia, Azerbaijão, Cazaquistão, China, Mongólia e Coreia do Norte. •  Também tem fronteiras maríQmas com o Japão, pelo Mar de Okhotsk, e com os Estados Unidos, pelo Estreito de Bering. História Russa •  A história russa inicia-­‐se com os eslavos do leste, que surgiram como um grupo étnico reconhecido na Europa entre os séculos III e VIII. •  Fundada e dirigida por uma classe nobre de guerreiros vikings e por seus descendentes, o primeiro Estado eslavo, o Principado de Kiev, surgiu no século IX e adotou o cris>anismo ortodoxo do Império Bizan>no em 988, dando início à síntese das culturas bizanQna e eslava, o que definiu a cultura russa. •  O principado acabou se desintegrando e suas terras foram divididas em vários pequenos Estados feudais. •  O Estado sucessor de Kiev foi Moscóvia, que serviu como a principal força no processo de reunificação da Rússia e na luta de independência contra a Horda de Ouro mongol. •  Moscóvia gradualmente reunificou os principados russos e passou a dominar o legado cultural e políaco do Principado de Kiev. Alexander Nevsky • 
O Principado de Kiev se desintegrou com o golpe final que foi a invasão mongol de 1237-­‐1240, que resultou na destruição de Kiev e na morte de cerca de metade da população do Principado. • 
A elite mongol invasora, juntamente com seus súditos turcos conquistados tornaram-­‐
se conhecidos como tártaros e formaram o Estado do Canato da Horda Dourada, que pilhou os principados russos. • 
Os mongóis governaram extensões do sul e do centro da Rússia atual por mais de dois séculos. • 
O Principado de Vladimir-­‐Súzdal e a República de Novgorod sob domínio mongol, duas regiões da periferia de Kiev, estabeleceram as bases para a moderna nação russa. • 
Novgorod, junto com Pskov, manteve um certo grau de autonomia durante o tempo do jugo mongol e foram largamente poupadas das atrocidades que afetaram o resto do país. • 
Liderados pelo príncipe Alexander Nevsky, os novgorodianos repeliram os invasores suecos na Batalha do Neva em 1240, assim como combateram os cruzados germânicos na Batalha do Lago Peipus em 1242, quebrando suas tentaavas de colonizar o Norte do Rus’. Nevsky: guerreiro táaco, políaco estratégico e cauteloso • 
Nevsky ignorou as tentaQvas da Cúria Romana da Rússia guerrear a Horda Dourada, pois entendia que seria em vão uma guerra contra o invencíveis tártaros. • 
Ele sabia que as inves>das católico-­‐romanas eram uma ameaça mais tangível à iden>dade nacional russa do que o pagamento de tributo ao Grande Khan, que não se importava com a religião ou a cultura russas. • 
Talvez ele tenha manQdo a Rússia vassala dos mongóis, intencionalmente, para preservar sua própria posição, e também u>lizar a Horda contra possíveis desafios à sua autoridade, enquanto suprimia levantes an>-­‐feudais no país. • 
Ele forçou os cidadãos de Novgorod a pagar tributo aos mongóis, como contraparada para impedir uma possível ocupação mongol do norte e noroeste russo. • 
Ele foi, pessoalmente, até a Horda e conseguiu junto ao Grande Khan eximir os russos de combater ao lado do exército tártaro em suas guerras contra outros povos. Tradição de Lideranças Conquistadoras •  Ivã III (o Grande) se livrou do controle da Horda de Ouro, consolidou todo o centro e norte do Rus' sob o domínio de Moscóvia e foi o primeiro a assumir o htulo de "Grão-­‐Duque de todas as Rússias”. •  O Grão-­‐Duque Ivã IV (o Terrível) foi oficialmente coroado o primeiro czar da Rússia, em 1547, e quase dobrou o já extenso território russo; até o final do século XVI, a Rússia foi transformada em um Estado mulQétnico, mulQconfessional e transconQnental. •  Sob o governo de Pedro, o Grande, a Rússia foi proclamada um Império em 1721 e passou a ser reconhecido como uma potência mundial. •  A czarina Catarina, a Grande conanuou as conquistas de Pedro, derrotando a Polônia e anexando a Bielorrússia e a Ucrânia, outrora a nação fundadora daquele Império. “Marechal Inverno” • 
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Em 1812, a grande armada de Napoleão entra em Moscovo, mas vê-­‐se forçada a abandoná-­‐la, já que a cidade havia sido evacuada e estava vazia; os russos anham preparado uma armadilha contra o imperador francês: o frio e a falta de recursos foram responsáveis pela morte de 95% das tropas francesas. Durante o regresso de Napoleão a Paris, os russos perseguiram-­‐no e dominaram Paris, trazendo para o império as ideias liberais que estavam em marcha na França e na Europa Ocidental. Ainda devido à perseguição sobre Napoleão, a Rússia conquista a Finlândia e a Polônia. O golpe final sobre Napoleão foi dado em 1813, quando os russos e aliados, os austríacos e os prussianos, venceram a armada de Napoleão na batalha de Leipzig. • 
Sucessivas guerras e conflitos vão acompanhando a Rússia até ao fim da era czarista. Sai derrotada na Guerra da Crimeia, que durou de 1853 a 1856. Mais tarde, vence a Guerra Russo-­‐Turca e obriga o Império Otomano a reconhecer a independência da Romênia, da anaga Sérvia e a autonomia da Bulgária. • 
A ascensão de Nicolau I, que governaria entre 1825 e 1855, trava o desenvolvimento da Rússia nos fins do século XIX. A Lei da Servidão obrigava os camponeses a lavrar as terras sem as possuírem. O seu sucessor, Alexandre II, que comandou o país de 1855 a 1881, ao ver o atraso da Rússia em relação à Europa, implanta reformas que vão fazer com que a Rússia consiga um maior desenvolvimento. • 
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Império Russo •  Por volta do século XVIII, o país teve grande expansão territorial através da conquista, anexação e exploração de vastas áreas, tornando-­‐
se o Império Russo, que foi o terceiro maior império da história, se estendendo da Polônia, na Europa, até o Alasca, na América do Norte. •  O país estabeleceu poder e influência em todo o mundo desde os tempos do Império Russo, entre 1721 e 1917, até se tornar a maior e principal república consatuinte da União das Repúblicas Socialistas SoviéQcas (URSS), entre 1922 e 1991. •  Este foi o primeiro e maior Estado socialista consQtucional, reconhecido como uma superpotência que desempenhou um papel decisivo após a vitória aliada na Segunda Guerra Mundial. •  A Federação Russa foi criada na sequência da dissolução da União Sovié>ca, em 1991, mas é reconhecida como um Estado sucessor da URSS. União SoviéQca Juro Final do século XIX: o surgimento de vários movimentos socialistas na Rússia • 
Alexandre II foi assassinado, em 1881, por terroristas revolucionários e o reinado de seu filho, Alexandre III (1881-­‐1894), foi menos liberal, mas mais tranquilo. O úlamo imperador russo, Nicolau II (1894-­‐1917), foi incapaz de evitar que os acontecimentos da Revolução Russa de 1905, desencadeada pela mal sucedida Guerra Russo-­‐Japonesa e pelo incidente conhecido como Domingo Sangrento. • 
O levante foi controlado, mas o governo foi forçado a admiar grandes reformas: • 
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a concessão das liberdades de expressão e de reunião, a legalização dos parados políacos, bem como a criação de um órgão legislaavo eleito, a Duma do Império Russo. No entanto, os parados eram sistemaacamente vigiados e a Duma era controlada pela aristocracia e pelo czar, que podia dissolvê-­‐la a qualquer momento. Até 1905, o sistema políQco da Rússia czarista não possuía parQdos políQcos, com todo o poder concentrado nas mãos do imperador. Essas mudanças, embora significa>vas sob o ponto de vista polí>co, não alteravam o quadro social da maior parte da população russa. Durante a reforma agrária, entre 1906 e 1914, mais de quatro milhões de colonos migraram para a Sibéria. Causas da Revolução de Fevereiro •  Apesar da Rússia ser um dos países mais poderosos em termos militares, apenas uma fração da população, os nobres, anham boas condições de vida; os camponeses eram miseráveis e trabalhavam a terra sem poder possuí-­‐la. •  As sucessivas derrotas em várias batalhas durante a Primeira Guerra Mundial e o descontentamento geral da população fizeram com que a economia interna começasse a deteriorar-­‐se. •  Nesta ocasião, emergem com força os Sovietes e o Par>do Operário Socialdemocrata Russo, fundado em 1898, e posteriormente dividido entre os mencheviques (minoria) e os bolcheviques (maioria). •  A Revolução de Fevereiro de 1917 caracterizou a primeira fase da Revolução Russa: a consequência imediata foi a abdicação do czar Nicolau II. •  Ela ocorreu como resultado da insa>sfação popular com a autocracia czarista e com a par>cipação nega>va do país na Primeira Guerra Mundial. Revolução de Outubro (nov. 1917) •  As mudanças propostas pelos mencheviques, que haviam liderado a Revolução de Fevereiro, não alteraram o quadro social, pois o país conanuava a sofrer grandes perdas em função da paracipação na I Guerra; a insa>sfação social, aliada à atuação dos bolcheviques, fez eclodir a Revolução de Outubro. •  O marco desta revolução foi a invasão do Palácio de Inverno pelos revolucionários; a Revolução de Outubro de 1917 foi liderada por Vladimir Lênin, tornando-­‐se a primeira revolução socialista do século XX. •  Guerra Civil Russa, com a paracipação de diversas nações, foi detonada por: 1.  a saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial, 2.  o desejo da volta do poder da então elite russa, e 3.  o medo de que o ideário comunista poderia propagar-­‐se pelo mundo. •  O então primeiro-­‐ministro francês, George Clemenceau, criou a expressão Cordão Sanitário, com o intuito de isolar a Rússia bolchevique do restante do mundo. •  O idealismo dos bolchevique propagado para a população mais pobre foi o fator decisivo para a vitória dos parQdários de Lênin. Guerra Civil Russa •  Após a Revolução de Outubro, uma guerra civil eclodiu entre o Exército Branco, que era anacomunista, e o novo regime soviéaco com o seu Exército Vermelho. •  A Rússia bolchevista perdeu seus territórios ucranianos, poloneses, bál>cos e finlandeses, quando acabaram as hosalidades com as Potências Centrais da I Guerra Mundial. •  As potências aliadas lançaram uma intervenção militar mal sucedida em apoio às forças an>comunistas. •  Tanto os bolcheviques quanto o movimento branco realizaram campanhas de deportações e execuções uns contra os outros, respecavamente, o Terror Vermelho e o Terror Branco. •  Até o final da guerra civil russa, a economia e a infraestrutura do país foram profundamente danificadas: –  milhões de membros do movimento branco emigraram, –  a fome russa de 1921 matou cerca de 5 milhões de pessoas. Socialismo em um só país • 
A República Socialista Federa>va Sovié>ca Russa em conjunto com as Repúblicas Socialistas Sovié>cas da Ucrânia, Bielorrússia e Transcaucásia, formaram a União das Repúblicas Socialistas SoviéQcas (URSS), em 30 de dezembro de 1922; a República Socialista Russa era a maior e mais populosa das 15 repúblicas que compunham a URSS, e dominou a União Sovié>ca durante toda a sua existência de 69 anos. • 
Após a morte de Lenin, em 1924, uma troika foi designada para governar a União Soviéaca; no entanto, Josef Stalin, então secretário-­‐geral do Parado Comunista, conseguiu suprimir todos os grupos de oposição dentro do par>do. • 
Leon Trotsky, o principal defensor da “revolução mundial”, foi exilado da União Soviéaca, em 1929, e a proposta de Stalin de “socialismo em um só país” predominou. • 
A conmnua luta interna no Parado Bolchevique culminou no Grande Expurgo, um período de repressão em massa, entre 1937 e 1938, durante a qual centenas de milhares de pessoas foram executadas, incluindo os membros e líderes militares originais do par>do, que foram acusados de golpe de Estado. Industrialização da Rússia •  Sob a liderança de Stalin, o governo soviéQco lançou promoveu uma economia planificada, a industrialização do país, que em grande parte ainda era basicamente rural, e a cole>vização da agricultura. •  Durante este período de rápida mudança econômica e social, milhões de pessoas foram enviadas para campos de trabalho forçado, incluindo muitos presos polí>cos que se opunham ao governo de Stalin, além de milhões que foram deportados e exilados para áreas remotas da União Sovié>ca. •  A desorganizada de transição da agricultura do país, combinada com duras polí>cas estatais e uma seca, levou à fome soviéQca de 1932-­‐1933. •  A União SoviéQca, embora a um preço muito alto, foi transformada de uma economia agrária em uma grande potência industrial em curto prazo. Dissolução da URSS • 
A parar de 1985, o úlamo líder da URSS, Mikhail Gorbachev, tentou aprovar reformas liberais no sistema soviéaco e apresentou as políacas de glasnost (abertura) e da perestroika (reestruturação), na tenta>va de acabar com o período de estagnação econômica e democra>zar o governo; isso, no entanto, levou ao surgimento de fortes movimentos nacionalistas e separa>stas. • 
Antes de 1991, a economia soviéQca era a segunda maior do mundo, mas sofria com escassez de mercadorias em supermercados, enormes déficits orçamentários e forte inflação. • 
Em 1991, a crise econômica e políaca começou a transbordar e as repúblicas bálQcas escolheram separar-­‐se da URSS. • 
Em 17 de março de 1991, foi realizado um referendo, em que a grande maioria dos cidadãos par>cipantes votou a favor de preservar a União Sovié>ca como uma federação renovada. • 
Em agosto de 1991, uma tentaQva de golpe de Estado foi feita por membros do governo, dirigida contra Gorbachev, visando preservar a “velha guarda” do PC da URSS. • 
Em vez disso, levou ao fim do ParQdo Comunista da União SoviéQca: apesar da vontade expressa pelo povo, em 25 de dezembro de 1991, a União Soviéaca foi dissolvida em 15 Estados pós-­‐soviéacos. Economia Russa Contemporânea Ranking do PIB PPC até o 7º. Território, Grau de Urbanização e Estrutura Produava Rússia Contemporânea •  A Rússia é a oitava (ou nona) maior economia do mundo por PIB nominal e a sexta maior economia nacional em paridade do poder de compra, com o quinto maior orçamento militar nominal e o terceiro maior em PPC. •  É um dos cinco Estados com armas nucleares do mundo, além de possuir o maior arsenal de armas de destruição em massa. •  A Rússia é membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e do G8. •  O povo russo tem longa tradição de excelência em todos os aspectos das artes e das ciências, inclusive em tecnologia, incluindo realizações como o primeiro voo espacial humano. Era Puan •  Em 07/05/2015, o líder russo, Vladimir PuQn, completou 15 anos no poder, satanizado no Ocidente, mas aprovado em seu país. •  PuQn era um obscuro dirigente da FSB (o serviço secreto russo, sucessor da KGB sovié>ca) quando foi surpreendentemente escolhido, em 1999, pelo presidente Boris Ieltsin para sucedê-­‐lo, tornando-­‐se premiê naquele mesmo ano e elegendo-­‐se presidente em 2000. •  Governou até 2008, quando, proibido pela Consatuição de se recandidatar, elegeu presidente o seu aliado Dmitri Medvedev e tornou-­‐se primeiro-­‐ministro — mas não havia dúvida sobre quem de fato mandava. •  Em 2012, elegeu-­‐se novamente presidente, agora para um mandato ampliado de seis anos; ele poderá se reeleger em 2018, quando terá apenas 65 anos, e governar até 2024, ou, quem sabe, além disso... •  Em 2018, PuQn vai superar Leonid Brejnev como o segundo mais longo regime da Rússia pós-­‐czarista, atrás apenas dos 31 anos (dependendo de como se mede) de Josef Stálin. Puan reverteu muitas das reformas liberais feitas por Ieltsin nos anos 90 •  A liberdade de expressão foi gradualmente restringida e hoje quase não há vozes dissonantes na mídia russa. •  A oposição políQca foi sendo cada vez menos tolerada, um processo que culminou no assassinato ainda misterioso, em fevereiro de 2015, principal líder do que havia sobrado da oposição liberal. •  Houve uma recentralização do poder políQco, que sob Ieltsin havia sido em parte transferido a governadores e prefeitos, que hoje podem ser nomeados pelo Kremlin. •  Houve a reorganização do poder econômico, com maior controle sobre os oligarcas, os grandes empresários que assumiram o comando dos principais setores da economia com o fim da União Soviéaca. •  Na práaca, a Rússia não é mais Federação, mas um Estado unitário centralizado, ou seja, um Capitalismo de Estado. Capitalismo de Estado ou Socialismo de Mercado? •  Apesar de o Estado ter ainda uma influência muito grande, Puan manteve elementos básicos de uma Economia de Mercado [Capitalismo de Estado]. •  Emulando em parte o Modelo Chinês [Socialismo de Mercado] — de abertura econômica e controle férreo sobre a políaca — ele nunca tentou voltar ao sistema de planejamento centralizado sovié>co nem de controle de preços ou do câmbio, como se viu na recente crise. •  Mas o modelo políQco de PuQn é bem mais centralizador que o chinês: 1.  a China é governada de fato por um colegiado (a comissão permanente do Politburo do Parado Comunista), no qual o presidente é pouco mais que um “primus inter pares”, o primeiro entre iguais, e nesse colegiado existe disputa de poder entre ao menos dois grupos. 2.  no Kremlin, Pu>n parece ser supremo. Era Puan: coincidência com o chamado superciclo de commodiaes. •  As exportações russas (65% são de gás, petróleo e derivados) mais que quadruplicaram entre 2000 e 2014. •  Isso deu ao presidente o dinheiro necessário para garan>r apoio interno e mostrar-­‐se cada vez mais asseravo no cenário externo. •  O ponto de inflexão na políQca externa ocorreu em 2014: a ruptura com o Ocidente devido à crise na Ucrânia. •  Cercada de “inimigos”, a Rússia desenvolveu ao longo de sua história uma hipersensibilidade à questão da sua segurança: qualquer incidente é logo tratado como um ataque deliberado. •  No caso da Ucrânia, Moscou parece acreditar que a rebelião an>russa de fevereiro de 2014 foi ins>gada e manobrada pelo Ocidente para enfraquecer a Rússia, como parte de uma políaca de contenção do país. Desafios econômicos •  A Rússia enfrenta desafios econômicos que podem ameaçar a sobrevida de Pu>n no poder e o seu projeto para o país: 1.  a queda do preço do petróleo inibe o crescimento no curto prazo; 2.  o país não tem capital nem tecnologia para compear em produtos de maior valor agregado; 3.  não tem excedente populacional para compear em a>vidades intensivas em mão de obra, pelo contrário, a população russa está envelhecendo e em queda de crescimento. •  Isso sugere que em algum momento Moscou terá de se abrir mais a quem tem capital e tecnologia: poderia ser a China, mas Pequim também é vista com desconfiança. •  A Rússia é uma potência euroasiáQco única, espalhando-­‐se por dois con>nentes, mas não se senando “em casa” em nenhum deles. •  Por ora, Puan busca manter a onda ufanista e autocelebratória que o Kremlin vem insuflando na Rússia, na qual não faltam tons bélicos: ele tem uma visão messiânica de si mesmo, de que tem uma missão na Rússia, e para isso deve ficar no Poder o quanto puder. Questões para Debate Socialismo = conquista da cidadania? •  Com a generalização da produção e venda de mercadorias, tendia-­‐se a precificar todas as coisas, quanaficando todos os valores; até mesmo os valores intrinsecamente qualita>vos – é>cos, esté>cos, humanos – iam sendo subs>tuídos por cifras mercan>s; com o mercenarismo e o culto à riqueza se generalizando, os cálculos pragmá>cos interferiam até nos senamentos mais ínamos do ser humano. •  Generalizou-­‐se a subordinação de todos os valores ao dinheiro; para reagir a esse processo, os cidadãos esquerdistas desenvolveram a capacidade de organizar e reivindicar, refundando e repropondo valores próprios da cidadania: Direitos Universais do Homem. •  Na práaca, os grupos corporaQvos mais imediaastas reivindicavam, na ação políQca (cole>va), entre elementos de cidadania que lhes faltavam, os direitos econômicos que não lhes eram reconhecidos. •  Então, embora a teoria socialista levasse em conta a humanidade, a pressão corporaQvista dos grupos organizados anha de ser atendida de imediato. A ideia de determinismo histórico não se encontra na própria obra de Marx, que atribui ao proletariado um ser e uma missão revolucionários? •  De fato, Karl Marx chega a usar a expressão “que se impõem de maneira necessária”… •  O determinismo aparece por um argumento de Qpo negaQvo – no proletariado se concentram a máxima alienação, miséria e degradação que até agora couberam ao homem e, portanto, fazer a revolução é a única saída possível, para quem não tem nada a perder. •  Mas aparece também por um argumento de Qpo posiQvo – apenas o proletariado era, para Marx, inteiramente ligado à organização da produção moderna e, portanto, o único iniciador possível da sociedade futura. •  Na verdade, o caráter revolucionário de um sujeito histórico não se define a priori, mas sim a posteriori: sujeito revolucionário é quem fez a revolução! Se não é o povo, quem será a vanguarda revolucionária, “portadora da boa consciência, da linha justa e da marcha da história”? •  O populismo acabou inventando um povo “duplo”, isto é, um povo obje>vamente revolucionário – porque as leis da história determinariam que assim o seria – e subje>vamente atrasado – porque a alienação capitalista assim o determinaria. •  O vanguardismo, aliás, se depara com um problema insolúvel, pois se vê a considerar, ao mesmo tempo: 1. 
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que a marcha da história é obje>vamente inelutável e logicamente previsível – sem essa jusaficaava a luta revolucionária se descambaria para o voluntarismo; que é preciso “ajudar” essa história a marchar – com isto, a consciência e a vontade, que eram dispensáveis em virtude das leis históricas, voltam a ser necessárias, para que essas leis se cumpram. •  O dilema da vanguarda é: a história se faz sem os homens ou somente com alguns homens? Por que Marx e Engels anham uma expectaava oamista a respeito do futuro socialista? •  Será que as longas e heterogêneas experiências históricas de transição entre modos de produção escravista, feudalista e capitalista indicavam alguma razão cienhfica para a dedução de que a transição para um futuro modo de produção socialista e, posteriormente, comunista, se daria por uma ruptura súbita, um “golpe de sorte” ou, pior, um “golpe de Estado”?! Não, isso seria pura ficção cienmfica. •  Marx e Engels: forte convicção de que, após a tomada do poder, a classe operária transformaria rapidamente a sociedade e ex>nguiria o Estado! •  Chocante com a realidade da Revolução SoviéQca – e outras revoluções “socialistas” posteriores – onde par>dos auto definidos como marxistas, após se apossarem do Poder Estatal, eliminaram todos os demais par>dos concorrentes e configuraram como ParQdo Único de um Estado totalitário. •  Na verdade, Marx e Engels relegaram a segundo plano o exame aprofundado das possíveis transformações polí>cas que o Estado em um modo de produção socialista deveria sofrer. Mesmo porque achavam que ele não duraria muito… Perguntas Que país é a Rússia? O que foi a União Sovié>ca? Como se caracteriza a economia russa contemporânea? 33
Recapitulação final das respostas Um Estado mul>étnico, mul>confessional e transcon>nental, conquistado por lideranças conquistadoras e centralizadoras. Um Estado totalitário que deu salto de etapas de uma economia semifeudal para um Capitalismo de Estado industrial. Uma economia com forte indústria bélica, cujos 65% das exportações são gás, petróleo e derivados. . 
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