Rio de Janeiro, ano XX, fevereiro de 2015, nº 189 BOLETIM informativo 1ª reunião científica de 2015 da SOBED-RJ será no dia 2, na Casa de Saúde São José A diretoria da SOBED-RJ comunica a seus associados que as reuniões científicas da entidade em 2015 serão realizadas na Casa de Saúde São José, no Humaitá. A primeira sessão do ano será no dia 2 de março, segunda-feira, a partir das 19h, que contará com apresentação de casos clínicos pelo Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ) e palestra sobre Lesões Serrilhadas do Cólon, com a Dra. Maria Aparecida Ferreira, médica endoscopista do HCI/INCA e especialista em Endoscopia Digestiva pela SOBED, e com o Dr. Heinrich Bender Kohnert Seidler, médico patologista gastrointestinal, com formação em Patologia pela Tokyo Medical and Dental University, professor de Patologia da Universidade Católica de Brasília e Universidade de Brasília e diretor do Laboratório Brasiliense. A moderação ficará a cargo do presidente da SOBED-RJ, Dr. Ronaldo Taam. A Casa de Saúde São José fica na Rua Macedo Sobrinho, 21, no Humaitá. CLASSIFICAÇÃO DO MÊS Bibliografia: TAMAKI, Toru; et al. Computer-aided colorectal tumor classification in NBI endoscopy using local features. Medical Images Analysis, n.17, p.78100,2013. Traduzido do original em inglês por Dra. Yolanda Tolentino, Dra. Priscila Pollo, Dr. Rodrigo Dias e Dra. Viviane Fittipaldi. Relação entre os achados na magnificação de imagem com NBI e histológicos (Kanao et al. (2009) Tipo Hiperplásico Adenoma tubular A 80% 20% Carcinoma com invasão intramucosa até submucosa superficial Carcinoma com invasão submucosa profunda B 79,7% 20,3% C1 46,7% 42,2% 11,1% 45,5% 54,5% C2 C3 100% Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva – Estadual Rio de Janeiro (SOBED-RJ) Rua da Lapa, n° 120, salas 309 a 311, Lapa, Rio de Janeiro, RJ. CEP: 20021-180 Telefones: (21) 2507-1243 | Fax: (21) 3852-7711 | www.sobedrj.com.br | [email protected] ÓRGÃO INFORMATIVO SOBED-RJ Edição mensal BOLETIM SOBED-RJ, ano XX, fevereiro de 2015, nº 189 www.sobedrj.com.br ÍNDICE página 1 REUNIÃO CIENTÍFICA DE MARÇO | CLASSIFICAÇÃO DO MÊS página 2 PALAVRAS DA PRESIDÊNCIA página 3 PÓLIPOS SERRILHADOS: O ELO PERDIDO página 7 CASO CLÍNICO DO MÊS página 8 PRÓXIMOS EVENTOS página 9 RESIDÊNCIA MÉDICA EM ENDOSCOPIA PALAVRAS DA PRESIDÊNCIA Dr. Ronaldo Taam O início do ano está marcado por mudanças que se fizeram necessárias em função do cenário econômico de incertezas. As nossas reuniões científicas foram transferidas do Colégio Brasileiro de Cirurgiões para a Casa de Saúde São José. Elas representam um ponto de honra nas atividades da SOBED RJ e seriam mantidas a qualquer custo. Contamos com a colaboração da direção da Casa de Saúde São José, a quem de público agradecemos, para que elas fossem realizadas nos moldes habituais. As negociações com os patrocinadores estão sendo feitas e algumas empresas parceiras de longas jornadas, como a Boston Scientific e E.Tamussino (Wilson Cook), já sinalizaram que continuarão a prestigiar a nossa sociedade. O Sicredi, antiga Unicredi, também continuará o seu patrocínio e estuda uma maior participação. Em relação à árdua batalha sobre honorários médicos e valores para os procedimentos da especialidade, o avanço conseguido foi uma proposta do grupo das UNIDAS. Os valores foram levados para a Câmara Técnica em Endoscopia e deveremos fazer uma contraproposta. Estamos tentando agendar uma reunião com a UNIMED e aguardamos as respostas dos colegas da Amil. A prova prática para o Título de Especialista foi realizada no início de fevereiro e transcorreu de modo exemplar. Constatamos um baixo índice de filiação dos candidatos à SOBED, o que acreditamos que ocorra pelo objetivo de associação como titular após os resultados das provas. Vale ressaltar que a sociedade será mais forte e terá maior poder de negociação quanto maior e mais efetiva for a participação de seus associados. GESTÃO 2014 - 2016 presidente RONALDO TAAM vice-presidente LUIZ ARMANDO RODRIGUES VELLOSO 2 1ª secretária LILIAN MACHADO SILVA 1º tesoureiro FLAVIO ABBY 2ª secretária PAULA PERUZZI ELIA 2º tesoureiro JOÃO CARLOS DE ALMEIDA SOARES www.sobedrj.com.br BOLETIM SOBED-RJ, ano XX, fevereiro de 2015, nº 189 PÓLIPOS SERRILHADOS: O ELO PERDIDO P. BULOIS; Serrated Polyps: the Missing Link. Acta Endosc. (2014) 44:410-413. DOI 10.1007/s10190-014-0405-x. INTRODUÇÃO Os pólipos serrilhados representam mais de um terço dos pólipos colorretais. Até 1996, os pólipos hiperplásicos (PH) eram os únicos pertencentes a esta categoria. O potencial neoplásico das lesões de morfologia similar e ditas mistas era bem estabelecido desde o começo dos anos 90[1]. Os mecanismos moleculares de carcinogênese dos adenomas serrilhados são diferentes. De diagnóstico difícil, eles necessitam de atenção particular pelos endoscopistas e anatomopatologistas, visto que a subestimação de sua frequência e de seu potencial evolutivo poderia explicar o aparecimento de alguns casos de câncer de intervalo. DEFINIÇÃO E FREQUÊNCIA Os pólipos serrilhados pertencem a um grupo heterogêneo de lesões epiteliais cuja definição é morfológica. Eles se caracterizam por uma aparência serrilhada ou fenestrada ou dentada das criptas epiteliais[2]. Esses aspectos não pré-determinam sua natureza hiperplásica ou adenomatosa nem a presença de displasias. A última classificação da OMS publicada em 2010 distingue três tipos de pólipos serrilhados: Ÿ Os PH que nunca desenvolvem displasias; Ÿ Os pólipos/ adenomas serrilhados sésseis (P/AFS) ; Ÿ Os adenomas serrilhados tradicionais (AFT), em geral pediculados, que são os mais raros [3]. Cada uma dessas lesões está associada a uma localização preferencial, em mais de 80% dos casos: distal para PH e AFT, proximal (colon direito) para os P/AFS [2]. Globalmente, a diferença entre estes três s u b t i p o s c o n s i s t e n a l o c a l i za ç ã o d a zo n a d e proliferação no centro das criptas fenestradas [4]. No caso dos PH, esta zona de proliferação se situa na base das criptas de maneira idêntica à mucosa normal. Ela é deslocada para a lateral das criptas nos P/AFS, resultando na dilatação das suas bases. No caso dos AFT, a zona de proliferação é representada por múltiplas pequenas ectopias crípticas nos bordos laterais das criptas originais. Essa classificação deveria substituir os termos mais antigos como «adenoma denteado » ou « pólipo misto ». Do mesmo jeito, o termo polipose serrilhada substitui na classificação da OMS, aquele de polipose hiperplásica. Esta entidade é definida pela presença de pelo menos um dos três seguintes critérios: Ÿ No mínimo cinco pólipos serrilhados proximais (a montante do sigmoide) dos quais dois ou mais medindo mais que 10 mm de diâmetro; Ÿ Pólipo serrilhado proximal em pacientes com antecedentes familiares de primeiro grau de polipose serrilhada; Ÿ Acima de 20 pólipos serrilhados, independente do tamanho ou localização[3]. Não se dispõe de seguimento prospectivo sobre evolução desses pacientes. A frequência da polipose serrilhada poderia ser da ordem 1/150 em pacientes que realizam a colonoscopia de rastreamento [5]. Em estudo retrospectivo, o risco de câncer colorretal foi estimado em 7% em cinco anos após o diagnóstico de polipose serrilhada[6]. Em séries de casos de autópsia, a avaliação da prevalência de pólipos serrilhados na população geral situa-se entre 13 e 40%, correspondendo, na grande maioria dos casos, à PH [7,8]. A terminologia e classificação dessas lesões foram amplamente modificadas ao longo dos últimos anos e é difícil obter uma ideia precisa da epidemiologia dos d iferentes s u bt ip o s b a s ea n d o - s e em est u d o s antigos. Os AFT representam menos de 1% de todos os pólipos colônicos acometendo tanto as mulheres como homens [9]. Eles são amplamente ligados ao tabagismo. Os P/AFS são mais frequentes, estimados entre 1 e 9% de todos os pólipos, e presentes em cerca de 0,6% e das colonoscopias de rastreamento em pacientes com risco intermediário[10]. Seus principais fatores de risco são a idade, sexo feminino, tabagismo e obesidade. O TA B A G I S M O E A O B E S I D A D E : V I A S D E CARCINOGÊNESE DO CÓLON As três principais vias de carcinogênese que foram descritas nas lesões colorretais compreendem: as instabilidades cromossômicas, 3 www.sobedrj.com.br BOLETIM SOBED-RJ, ano XX, fevereiro de 2015, nº 189 aquelas dos microsatélites (MSI) e a de hipermetilação das ilhotas CpG do DNA(CIMP) [11,12]. Mesmo que essas anomalias possam estar presentes simultaneamente, em graus diversos, no mesmo tumor, esta classificação molecular permite distinguir características clínicas próprias: epidemiologia, distribuição topográfica, prognóstico e resposta a tratamento. Ela se aplica igualmente nas lesões clínicas pré neoplásicas. A carcinogênese relacionada aos adenomas serrilhados difere da via clássica própria aos outros tipos de lesões adenomatosas [12]. Para os cânceres resultantes de adenomas clássicos, as anomalias moleculares mais frequentes são relacionadas às mutações que ativam o gene APC, que inativam K-ras e às instabilidades genéticas ao nível dos cromossomos (fenótipo LOH, perda de heterozigose) com fenótipo tumoral apresentando estabilidade de microssatélites. A via de carcinogênese dos pólipos serrilhados está mais associada à mutações que ativam o B-raf, CIMP e instabilidade genética nos nucleotídeos (MSI). Os adenocarcinomas resultantes desta via expressam mais frequentemente o fenótipo MSI-H(tabela 1). Os mecanismos moleculares são similares àqueles encontrados no curso do câncer que se desenvolve no contexto do HNPCC. IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO DOS CÂNCERES DE INTERVALO O papel protetor da colonoscopia em relação ao câncer colorretal está bem estabelecido para as lesões distais, e menos para as neoplasias proximais [13]. Aproximadamente dois terços dos cânceres de intervalo estão situados no colon proximal[14]. As anomalias moleculares do tipo MSI e CIMP são mais encontradas entre as neoplasias de intervalo, suas frequências foram multiplicadas por três nesta situação [14,15]. Esses argumentos indiretos s u ge re m o p a p e l d o s p ó l i p o s s e r r i l h a d o s n o aparecimento dessas lesões. O diagnóstico endoscópico dos P/AFS é difícil. Eles representam igual dificuldade para anatomopatologistas : modificações recentes da classificação, multiplicidade de critérios diagnósticos e vieses ligados à orientação das amostras de fragmentos enquanto apenas biópsias simples são realizadas [11]. Um trabalho prospectivo recente estudou especificamente os pólipos serrilhados na população de risco intermediário submetida à colonoscopia de rastreamento: 7 192 pacientes com 4 335 pólipos, dos quais 46 P/AFS [16]. A taxa de detecção de P/AFS diagnosticados para 100 pacientes teve grande variabilidade tanto entre diferentes endoscopistas (de 0 à 2,2 ; p = 0,02) como entre os anatomopatologistas (de 0 à 4 ; p < 0,001). Essas variabilidades ilustram as dificuldades do diagnóstico destas lesões e sugerem uma subestimação de sua frequência real. A cronologia da carcinogênese dos P/AFS é provavelmente diferente daquela das outras lesões pré neoplásicas do colon e reto [17]. Os pólipos serrilhados poderiam permanecer muito tempo benignos, durante 10 a 15 anos, antes de acumularem mutações genéticas e epigenéticas suficientes para se transformar em adenocarcinomas. Uma vez esse processo sendo deflagrado, a evolução poderia ser acelerada, s o b ret u d o d e v i d o à f re q u ê n c i a d e m u ta çõ e s indutoras do fenótipo MSI. DETECÇÃO, TRATAMENTO E SEGUIMENTO O s p ó l i p o s s e r r i l h a d o s s ã o d ef i n i d o s e considerados nas recomendações da HAS que foram recentemente publicadas sobre o seguimento colonoscópico após polipectomia [18]. Detecção : As características dos pólipos serrilhados TABELA 1 Carcinogênese serrilhada e carcinogênese clássica ( Buecher et al, 12) 4 Via dos pólipos serrilhados Via dos adenomas clássicos Lesões iniciais Adenomas serrilhados clássicos Adenomas serrilhados tradicionais Pólipos adenomatosos planos, sésseis ou pediculados Anomalias moleculares Mutações ativadoras de B-raf CIMP Fenótipo MSI Mutações inativadoras do gene APC Mutações ativadoras do K-ras Fenótipo LOH Fenótipo tumoral Adenocarcinomas proximais de fenótipo Adenocarcinomas de fenótipo MSS www.sobedrj.com.br estão resumidas na tabela 2 [19,20]. O aspecto típico de PH é aquele de uma lesão de pequeno tamanho, retosigmoidiana, plana ou séssil. Os AFT são geralmente mais volumosos, às vezes pediculados, e n d o s co p i ca m e nte s i m i l a re s a o s p ó l i p o s n ã o serrilhados. O rastreamento e a caracterização dos P/AFS são mais difíceis. Frequentemente planos e da mesma coloração que a mucosa normal circunjacente, eles são na maioria dos casos recobertos por uma camada de muco que os torna de coloração ferrugem ou amarelada na iluminação branca e vermelha na coloração eletrônica [21]. A lavagem desta camada de muco não deve ser realizada antes de precisar a topografia dessas lesões visto que podem ser particularmente difíceis de localizar. Em estudo prospectivo consagrado sobre os aspectos endoscópicos dos P/AFS e sobre 158 l e s õ e s , Ta d e p a l l i e a l [ 2 2 ] i d e n t i f i c a r a m a s características seguintes: camada de muco (64 % dos casos), bordas marcadas por resíduos ou bolhas (52%), alterações dos contornos e bordas (37 %) e desaparecimento de marcas vasculares subjacentes (32 %). Na medida em que sua diferença arquitetural se situa na parte profunda das criptas, é difícil distinguir endoscopicamente os PH dos P/AFS pela análise de sua superfície. Em trabalho recente, os autores sugerem a introdução da classificação de padrão de pits de Kudo, um subtipo II-O que se caracterizaria pelas criptas mais abertas e arredondadas que o tipo II clássico [23]. Esse aspecto seria pouco sensível, mas específico para os P/AFS e correlacionados com a presença de mutações B-raf e d e C I M P. N a p rát i ca , to d o p ó l i p o d e a s p e c to serrilhado com mais de 10 mm e/ou situado à montante do colon sigmoide deve ser ressecado e analisado, mesmo que suas características morfológicas sugiram PH. Nenhuma técnica de imagem endoscópica (cromoendoscopia, coloração eletrônica ou autofluorescência) acrescentou eficácia na otimização da detecção de pólipos serrilhados [21]. No entanto, o interesse pela c ro m o e n d o s c o p i a m e re c e s e r re ava l i a d o e m paralelo ao desenvolvimento dos endoscópios de alta definição conforme sugerido pelo trabalho de Pohl e al [24]. TRATAMENTO BOLETIM SOBED-RJ, ano XX, fevereiro de 2015, nº 189 O t rata mento en d o s có p ico d o s p ó lip o s serrilhados não apresenta nenhuma especificidade, além das dificuldades de delimitar as margens das lesões mais planas. Isto pode ser facilitado pela cromoendoscopia, coloração eletrônica ou injeção submucosa de contraste. A ressecção por alça fria, a mucosectomia e a dissecção submucosa permitem recuperar material anatômico possibilitando análise anatomopatológica completa. Elas devem ser preferidas em relação a ressecção com pinça ou através de técnicas de destruição. A escolha da modalidade de tratamento depende da localização, da forma e do tamanho do pólipo. Em caso de impossibilidade ou de insucesso no tratamento endoscópico, a conduta cirúrgica deve ser discutida. SEGUIMENTO Segundo as recomendações recentes da HAS, o seguimento dos pólipos adenomatosos serrilhados após ressecção completa segue a mesma regra dos adenomas clássicos com dois níveis de risco: controle em cinco anos na ausência de displasia e co nt ro l e e m t rê s a n o s e m ca s o d e d i s p l a s i a , independente do grau, considerando o pólipo como de alto rico. Nos PH, o controle de 5 anos só é recomendado em pólipos de 10 mm ou localizados acima do sigmoide. É aconselhável sensibilizar os anatomopatologistas para confirmação da natureza hiperplásica e não ignorar adenomas serrilhados. Enfim, os PH inferiores a 10 mm e localizados distalmente no retosigmóide não são objetos de controle sistemático. CONCLUSÃO Os pólipos serrilhados representam mais de um terço dos pólipos colorretais.As modificações recentes da nomenclatura conduzem atualmente ao abandono dos termos antigos de pólipos mistos ou de adenomas serrilhados em preferência aos termos de PH, AFT e P/AFS. Excetuando-se os PH, eles têm potencial neoplásico bem documentado e através de mecanismos moleculares diferentes daqueles implicados nos adenomas tradicionais, podendo explicar seu papel no surgimento do câncer de intervalo.A detecção de pólipos/adenomas s e r r i l h a d o s é a l g u m a s v e ze s , d i f í c i l p a ra o s endoscopistas e para os anatomopatologistas, que devem se apropriar de critérios histológicos para conduzir a um diagnóstico comfiável e reprodutível. 5 www.sobedrj.com.br BOLETIM SOBED-RJ, ano XX, fevereiro de 2015, nº 189 Tabela 2 TABELA 2 Características endoscópicas dos pólipos serrilhados Pólipo hiperplásico Adenoma serrilhado tradicional Pólipo/adenoma serrilhado séssil Localização preferencial Distal Distal Proximal Características endoscópicas Plano ou séssil Séssil ou pediculado Plano ou séssil Tamanho médio(mm) <5 >5 >5 Padrão de pit Tipo I ou II Tipo II ou III Tipo II ou II-O Potencial de degeneração Ausente Presente Presente Após ressecção endoscópica de P/AFS e AFT, as regras de seguimento pela colonoscopia foram objeto de recente atualização com controle em três anos ou cinco anos de acordo com a presença ou não de displasia. CINCO PONTOS PRINCIPAIS Ÿ Os pólipos serrilhados (segundo classificação da OMS 2010) constituem três tipos de lesões: os pólipos hiperplásicos que jamais apresentam displasia, os adenomas/pólipos serrilhados sésseis frequentes no colon direito e os adenomas serrilhados tradicionais, em geral pediculados, os quais são os mais raros; Ÿ O mecanismo de carcinogênese dos adenomas serrilhados é diferente daquele da via clássica adenoma/adenocarcinoma. Assim, um adenoma serrilhado, independente do grau de displasia, é atualmente considerado como pólipo de alto risco necessitando de seguimento em três anos (HAS 2013); Ÿ A sua detecção é, por vezes, difícil pelos endoscopistas e pelos anatomopatologistas que devem conhecer os critérios histológicos destas lesões a fim de um diagnóstico confiável e reprodutível ; Ÿ Todos os pólipos de aspecto serrilhado de mais de 10 mm e/ou situados acima do retosigmóide devem ser ressecados de maneira à obter análise anatomopatológica completa; Ÿ A s n ova s re co m e n d a çõ e s ( H A S 2 0 1 3 ) e stã o disponíveis no intuito de otimizar o seguimento após ressecção destas lesões que poderiam ser responsáveis por uma fração importante dos cânceres de intervalo. REFERÊNCIAS: 1 Longacre TA, Fenoglio-Preiser CM. Mixed hyperplasticadenomatouspolyps/serrated 6 adenomas: a distinct form of colorectal neoplasia. Am J Surg Pathol 1990;14:524–37. 2. Rosty C, Hewett DG, Brown IS, Leggett BA, Whitehall VLJ. 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J Clin Pathol 2013;66:265–8. 12 Buecher B, Bezieau S, Dufilhol C, Cauchin E, Heymann MF, Mosnier JF. Les polypes festonnés colorectaux : une entité revisitée. Gastroenterol Clin Biol 2007;31:39–54. 13 Baxter NN, Goldwasser MA, Paszat LF, Saskin R, Urbach DR,Rabeneck L. Association of colonoscopy and deathfrom colorectal cancer. Ann Intern Med 2009;150:1–8. 14 Arain MA, Sawhney M, Sheikh S, Anway R, Thyagarajan B,Bond JH, et al. CIMP status of interval colon cancers: anotherpiece to the puzzle. Am J Gastroenterol 2010;105:1189–95. 15 Sawhney MS, Farrar WD, Gudiseva S, Nelson DB, Lederle FA, Rector TS, et al. Microsatellite instability in interval colon cancers. Gastroenterology 2006;131:1700–5. 16 Hetzel JT, Huang CS, Coukos JA, Omstead K, Cerda SR, Yang S, et al. Variation in the detection of serrated polyps in an average risk colorectal cancer screening cohort. Am J Gastroenterol 2010;105:2656–64. 17 Lash RH, Genta RM, Schuler CM. Sessile serrated adenomas: prevalence of dysplasia and carcinoma in 2,139 patients. J Clin Pathol 2010;63:681–6. 18 Haute Autorité de santé. http://www.hassante. fr/portail/upload/docs/application/pdf/2013-08/referentieleps_format2clic_kc_colonvfinale_2013-08-30_vf_mel_2013-08-30_12-18-6_653.pdf. 19 Bettington M, Walker N, Clouston A, Brown I, Leggett B, Whitehall V. The serrated pathway to colorectal carcinomas: current concepts and challenges. Histopathology 2013;62:367–86. 20 Su MY, Hsu CM, Ho YP, Chen PC, Lin CJ, Chiu CT. Comparative study of conventional colonoscopy, chromoendoscopy, and narrowband imaging systems in differential diagnosis of neoplastic and non neoplastic colonic polyps. Am J Gastroenterol 2006;101:2711–6. 21 Rex DK, Ahnen DJ, Baron JA, Batts KP, Burke CA, Burt RW, et al. Serrated lesions of the colorectum: review and recommendations from an expert panel. Am J Gastroenterol 2012;107:1315–30. 22 Tadepalli US, Feihel D, Miller KM, Itzkowicz SH, Freedman JS, Kornacki S, et al. A morphological analysis of sessile serrated polyps observed during routine colonoscopy (with video). GastrointestEndosc 2011;74:1360–8. 23. Kimura T, Yamamoto E, Yamamo HO, Suzuki H, Kamimae S, Nojima M. A novelpit pattern identifies the precursor of colorectal cancer derived from sessile serrated adenoma. Am J Gastroenterol 2012;107:460–9. 24 Pohl J, Schneider A, Vogell H, Mayer G, Kaiser G, Ell C. Pancolonic chromoendoscopy with indigo carmine versus standard colonoscopy for detection of neoplastic lesions: a randomised two-centre trial. Gut 2011;60:485–90. Traduzido do original em francês, por Dra. Yolanda Tolentino, Dr. Rodrigo Dias, Dra. Viviane Fittipaldi e Dra. Priscila Pollo. www.sobedrj.com.br BOLETIM SOBED-RJ, ano XX, fevereiro de 2015, nº 189 CASO CLÍNICO DO MÊS Dra. Fabiana Sartore, Dra. Viviane Fittipaldi BSA, 20 anos, é encaminhada ao serviço de endoscopia para investigação de anemia e queda de vitamina B12. Clinicamente, assintomática. Associando as imagens endoscópica e tomográfica, fez-se o diagnóstico de Pâncreas Anular, uma anomalia congênita de ocorrência rara, que consiste em uma porção de tecido pancreático circundando o duodeno. A maioria dos pacientes permanece assintomática, como a do caso exposto. Nos casos sintomáticos, pode haver síndrome de obstrução duodenal (distensão abdominal, vômitos), pancreatite, hemorragia digestiva. Imagem 1 primeira EDA - nota-se abaulamento na segunda porção duodenal e pseudodivertículo bulbar Imagem 2 EDA 3 meses depois Imagem 3 imagem tomográfica evidenciando pâncreas anômalo, envolvendo, em parte, o duodeno 7 www.sobedrj.com.br BOLETIM SOBED-RJ, ano XX, fevereiro de 2015, nº 189 PRÓXIMOS EVENTOS 5-7 MAR DIGESUL 2015 – CONGRESSO SUL BRASILEIRO DE DOENÇAS DIGESTIVAS LOCAL Recanto Cataratas Resort, Foz do Iguaçu, Paraná. INFORMAÇÕES www.digesul.com.br 9-11 ABR IX SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ENDOSCOPIA DIGESTIVA LOCAL Hotel Jatiúca, Maceió, Alagoas INFORMAÇÕES www.twixar.me/Zng TEL/FAX: (82) 3325-3468 | 3325-7590 Comunic Eventos 24-25 ABR INTERGASTRO & TRAUMA 2015 LOCAL Centro de Convenções e Exposições de Campinas, SP. INFORMAÇÕES www.intergastro.com.br | [email protected] 15-16 MAI I CONGRESO INTERNACIONAL E INTERDISCIPLINARIO ARGENTINO DE DISFAGIA Y TRASTORNOS DEGLUTORIOS DE LA PREVENCION A LA RECUPERACION LOCAL Universidad Cattolica Argentina (UCA), Puerto Madero, Buenos Aires, Argentina INFORMAÇÕES www.congresodisfagia.com 16-19 MAI 8 DIGESTIVE DISEASE WEEK - DDW 2015 LOCAL Washington, EUA INFORMAÇÕES www.ow.ly/GRXaj 21-23 MAI CONGRESSO SUDESTE DE VIDEOCIRURGIA LOCAL Vila Galé, Angra dos Reis, RJ INFORMAÇÕES www.videocirurgiasudeste.com.br TEL/FAX: (21) 2215-4476 [email protected] 4-6 JUN 11º CONGRESSO INTERNACIONAL DE CÂNCER GÁSTRICO LOCAL World Trade Center São Paulo, Brooklin Novo, São Paulo, SP. INFORMAÇÕES www.11igcc.com.br | [email protected] TEL/FAX: (11) 3061-1495 7 www.sobedrj.com.br BOLETIM SOBED-RJ, ano XX, fevereiro de 2015, nº 189 PATROCINADORES RIO RESIDÊNCIA MÉDICA EM ENDOSCOPIA CREDENCIAMENTO PELO MEC NO RIO DE JANEIRO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GAFFRÉE E GUINLE ENDEREÇO Rua Mariz e Barros, 775, Tijuca, Rio de Janeiro, RJ. CEP - 20270-004. CONTATOS (21) 2264-5844 [email protected] RESPONSÁVEIS Luis Gustavo Périssé Ronaldo Taam INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER (INCA) ENDEREÇO Praça Cruz Vermelha, 23, Centro, Rio de Janeiro, RJ. CEP: 20230-130 CONTATOS (21) 3207-1000 www.inca.gov.br RESPONSÁVEL Gustavo Francisco de Souza e Mello Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva – Estadual Rio de Janeiro (SOBED-RJ) Rua da Lapa, n° 120, salas 309 a 311, Lapa, Rio de Janeiro, RJ. CEP: 20021-180 Telefones: (21) 2507-1243 | Fax: (21) 3852-7711 www.sobedrj.com.br | [email protected] ÓRGÃO INFORMATIVO SOBED-RJ Edição mensal