FACULDADE TECSOMA Curso de Enfermagem PERCEPÇÕES E ATITUDES DAS MULHERES EM RELAÇÃO À PREVENÇÃO DO CÂNCER DE COLO UTERINO Marília Gabriela Dias Silva Paracatu 2010 Marília Gabriela Dias Silva PERCEPÇÕES E ATITUDES DAS MULHERES EM RELAÇÃO À PREVENÇÃO DO CÂNCER DE COLO UTERINO Trabalho apresentado à disciplina TCC II, ministrada pelo professor Geraldo Benedito Batista de Oliveira, do Curso de Enfermagem da Faculdade Tecsoma, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. Orientadora: Rosalba Cassuci Arantes Paracatu 2010 Ficha Catalográfica Silva, Marília Gabriela Dias Percepção e atitudes das mulheres em relação à prevenção do câncer do colo uterino. 2010/ Marília Gabriela Dias Silva; orientador: Rosalba Cassuci Arantes – 2010 Trabalho de Conclusão de Curso – Faculdade Tecsoma. Curso de Graduação em Enfermagem – Bacharel em Enfermagem 1. Introdução. 2. Fundamentação Teorica. 3. Metodologia. 4. Apresentação e discussão dos resultados. 5. Conclusão. 6. Referâncias. 7 Apêndices. Marília Gabriela Dias Silva PERCEPÇÕES E ATITUDES DAS MULHERES EM RELAÇÃO À PREVENÇÃO DO CÂNCER DE COLO UTERINO Trabalho apresentado à disciplina TCC II, ministrada pelo professor Geraldo Benedito Batista de Oliveira, do Curso de Enfermagem da Faculdade Tecsoma, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. _____________________________________ Rosalba Cassuci Arantes (Orientadora) _____________________________________ Geraldo Benedito Batista de Oliveira (Orientador metodológico) Paracatu 2010 A minha família, que sempre acreditou e torceu pelo meu sucesso, principalmente a minha mãe, Nilvânia Lúcia Dias da Silva, pelo amor e atenção e porque nunca mediu esforços para que alcançasse meus ideais. Aos meus colegas e amigos, pelo companheirismo e amizade que construímos ao longo desse tempo. DEDICO A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto a obra de qualquer pintor ou escultor; pois o que é tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o templo do espírito de Deus? É uma das artes; poder-se-ia dizer, a mais bela das artes! Florence Nightingale RESUMO O presente estudo teve por objetivo identificar as percepções e atitudes das mulheres, na faixa etária de 25 a 59 anos, assistidas pela equipe da Estratégia Saúde da Família Chapadinha do município de Paracatu – MG, em relação à prevenção do câncer do colo de útero, através da identificação do conhecimento que possuem sobre a prevenção desta neoplasia e promoção da saúde, os motivos da realização/não realização do exame e a participação dos profissionais da saúde nestas ações. O presente trabalho trata-se de um estudo do tipo descritivo, com abordagem quantitativa. O estudo foi realizada com 202 mulheres, que aceitaram a participar da pesquisa. Sendo possível concluir que um número considerável de mulheres possui um perfil que está relacionado com os fatores de risco para o câncer do colo do útero que as tornam vulneráveis à doença, onde uma quantidade significativa são multíparas, fumantes, tiveram iniciação sexual precoce, além, de possuírem baixo nível socioeconômico e baixo grau de escolaridade. Em relação às orientações advindas dos profissionais de saúde sobre as medidas de prevenção do câncer do colo uterino, detectou-se pouca contribuição, o que pode ser confirmado pelo baixo conhecimento sobre a patologia, formas de prevenção, importância, adesão, realização periódica e dificuldades na realização do exame citopatológico. Portanto, destaca-se a necessidade do desenvolvimento de atividades educativas continuas, buscando informar/orientar as mulheres, visando mudanças nas práticas de promoção da saúde e prevenção do câncer do colo do útero. Estas ações devem ter um cunho pessoal, envolvente e comprometido, sem ignorar a individualidade e a cultura destas mulheres, para serem eficazes e provocadoras de mudanças. Portanto, espera-se que este estudo possa contribuir com a equipe da ESF da área pesquisada, através da identificação das características pesquisadas, fornecendo subsídios para a elaboração de um planejamento de ações efetivas voltadas para a realidade local, na busca pelo controle do câncer do colo uterino e consequentemente na redução dos indicadores de saúde associados a esta patologia. Palavras-chave: Câncer do colo do útero, Exame de Papanicolaou, Educação em Saúde ABSTRACT The present study had of principal intent identify perceptions and attitudes of woman, from 25 to 59 years old, assisted for the team of “Estratégia de Saúde da Família Chapadinha” of municipality of Paracatu-MG, in relation of the preventive measure of the uterus colon’s cancer, throughout of the identification of knowledge that these women have of prevention of this disease and the promotion of healthy, the reason of the realization or not of this exams and the participation of the health’s professionals on this actions. This work is a descriptive study with quantitative approach. The research was realized with 202 women that accept to participate. Was possible conclude that a fair number of women have a profile that have relation with the danger’s factor for the uterus colon’s cancer that make her vulnerable of this disease, on the expressive quantum are multiparous, smokers, have had a premature intercourse, besides have a low socioeconomic level and a low step of school education. Reporting on the orientations occurred from the health’s professionals about preventive measure of the uterus colon’s cancer, was detected a few contribution, what can be confirmed for the low knowledge about the pathology, forms of prevention, concernment, adherence, periodical realization and difficult of the realization of the citopathology exam. Therefore, to be detached the necessity of to develop continuous educative activities, seeking inform/orient the women, searching for changes on the practices of the promotion of the healthy and prevention of the uterus colon’s cancer. These actions should have a personal character, attractive and committed, without ignore the individuality and the culture of this women, for being efficient and promoter of changes. Therefore, expected that this study can cooperate with the team of ESF in the area, throughout of the identification of the characteristics researched, supplying subsidy for the elaboration of a projection of effectives actions face of the local reality, looking for the control of the uterus col cancer and, consequently, on the reduction of the health’s pointer associated with this pathology. Word-key: uterus col cancer, examination of Papanicalaou, Education in healthy LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 Distribuição das Mulheres participantes da pesquisa de acordo com faixa etária Paracatu/MG – 2010...............................................................................................................28 GRAFICO 2 Distribuição das participantes da pesquisa de acordo com o estado civil Paracatu/MG - 2010...............................................................................................................29 GRÁFICO 3 Distribuição das participantes da pesquisa de acordo com a escolaridade Paracatu/MG - 2010...............................................................................................................30 GRÁFICO 4 Distribuição das participantes da pesquisa de acordo com a renda familiar Paracatu/MG – 2010...............................................................................................................30 GRAFICO 5 Distribuição das participantes da pesquisa de acordo com número de Gestações Paracatu/ MG – 2010..............................................................................................................32 GRÁFICO 6 Distribuição das participantes da pesquisa em relação a idade da primeira atividade sexual Paracatu/MG – 2010....................................................................................33 GRÁFICO 7 Distribuição das partipantes da pesquisa de acordo com o hábito de fumar Paracatu/MG – 2010...............................................................................................................33 GRÁFICO 8 Respostas das entrevistadas quando questionadas sobre: “Você sabe o que significa Câncer do colo de útero?” Paracatu/MG – 2010.....................................................34 GRÁFICO 9 Respostas das entrevistadas quando questionadas sobre: “ Você sabe como prevenir o câncer do colo uterino? ” Paracatu/MG – 2010....................................................35 GRÁFICO 10 Frequência com que as entrevistadas realizam o exame de Papanicolaou Paracatu/MG – 2010...............................................................................................................37 GRÁFICO 11 Respostas das entrevistadas quando questionadas sobre: “Você sabe a importância do exame Papanicolaou?” Paracatu/MG – 2010................................................38 GRÁFICO 12 Distribuição das entrevistadas em relação a dificuldade para realizar o exame Paracatu/MG – 2010...............................................................................................................39 GRÁFICO 13 Respostas das entrevistadas quando questionadas sobre: “Você recebeu orientações dos profissionais de saúde sobre as medidas de prevenção do câncer do colo uterino?” Paracatu/MG – 2010...............................................................................................40 LISTA DE TABELAS TABELA 1 Distribuição das participantes em relação à ocupação - Paracatu/MG – 2010 ................................................................................................................................................31 TABELA 2 Distribuição das participantes em relação a realização do exame Papanicolaou – Paracatu/MG – 2010...............................................................................................................36 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS DATASUS - Departamento de Informática do SUS DST - Doenças sexualmente transmissíveis ESF – Estratégia de Saúde da Família HPV - Papiloma vírus humano MS - Ministério da Saúde NIC - Neoplasias intra-epiteliais cervicais OMS - Organização Mundial da Saúde PAISM - Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher PNCCCU - Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero SIAB - Sistema de Informação da Atenção Básica SISCOLO - Sistema de Informação do Controle do Câncer do Colo do Útero SUS – Sistema Único de Saúde SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................13 2 OBJETIVOS .......................................................................................................................16 2.1 Objetivo Geral .................................................................................................................16 2.2 Objetivos Específicos ......................................................................................................16 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................................17 3.1 História Natural do Câncer do Colo Uterino ...............................................................17 3.1.1 Fatores de Risco.............................................................................................................18 3.2 PNCCCU – Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo de Útero ..............18 3.2.1 Sistema de Informação de Controle do Câncer do Colo do Útero...............................19 3.3 ESF – Estratégia de Saúde da Família...........................................................................20 3.3.1 Atribuições da Equipe....................................................................................................21 3.3.2 Prevenção e Promoção da Saúde .................................................................................22 3.3.3 Coleta do Material ........................................................................................................23 4 METODOLOGIA...............................................................................................................25 4.1 Tipo de Estudo .................................................................................................................25 4.2 Local do estudo...............................................................................................................25 4.3 Público Alvo....................................................................................................................26 4.4 Delimitação da amostra ................................................................................................26 4.5 Procedimentos Éticos ....................................................................................................27 4.6 Desenvolvimento do Estudo..........................................................................................27 5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS..........................................28 5.1 Caracterização das participantes da pesquisa de acordo com perfil sócio demográfico..........................................................................................................................28 5.2 Caracterização das mulheres participantes da pesquisa em relação aos fatores de risco para o câncer do colo uterino .....................................................................................32 5.3 Percepções das mulheres em relação ao significado do Câncer do colo do útero ................................................................................................................................................ 34 5.4 Percepções e atitudes das mulheres em relação ao Exame Papanicolaou..................36 5.5 Contribuição dos profissionais de saúde nas medidas preventivas do câncer do colo uterino de acordo com a perspectiva das mulheres entrevistadas....................................40 6 CONCLUSÃO ...................................................................................................................42 REFERÊNCIAS.....................................................................................................................44 APÊNDICES .........................................................................................................................49 13 1 INTRODUÇÃO O útero é um órgão de estrutura muscular, de paredes espessas e ocas, situa-se na cavidade pélvica entre a bexiga e o reto. Tem em geral a forma de uma pêra invertida e se divide em corpo, colo ou cérvix. Cerca da metade do colo se projeta para dentro da vagina, dividindo se em duas partes: porção supravaginal e porção infravaginal (DÂGELO e FATTINI, 2006). O colo uterino é revestido, de forma organizada, por várias camadas de células epiteliais pavimentosas, que ao sofrerem transformações intra-epiteliais progressivas, podem evoluir lentamente, por anos, para uma lesão cancerosa invasiva. Na fase inicial é curável em até 100% dos casos, porém, no estágio invasor da doença a cura se torna mais difícil, quando não impossível (BRASIL, 2002e, p.05; BRASIL, 2002c). São fatores de risco para o desenvolvimento deste tipo de neoplasia a multiplicidade de parceiros sexuais, idade precoce da primeira relação sexual, história de infecções sexualmente transmitidas, multiparidade e tabagismo, sendo a transmissão sexual do Papiloma vírus humano (HPV) a principal causa deste tipo de câncer em mulheres de países pobres ou em desenvolvimento (SILVA, et al., 2006). Segundo dados do Ministério da Saúde (MS), as estimativas demonstram que ocorrerão aproximadamente 500 mil casos novos por ano de câncer de colo uterino por ano no mundo, sendo esse tipo de câncer o segundo mais comum entre as mulheres, e responsável pelo óbito de, aproximadamente, 230 mil mulheres por ano. O número de casos novos de câncer do colo do útero esperados para o Brasil no ano de 2010 é de 18.430, com um risco estimado de 18 casos a cada 100 mil mulheres (BRASIL, 2009). A incidência por câncer do colo do útero torna-se evidente na faixa etária de 20 a 29 anos e o risco aumenta rapidamente até atingir seu pico geralmente na faixa etária de 45 a 49 anos (BRASIL, 2002b). Em 1983, o Ministério da Saúde elaborou o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), com o objetivo de reduzir as morbi-mortalidades associadas à saúde da mulher (BRASIL, 1984). O PAISM foi anunciado, como uma nova e diferenciada abordagem da saúde da mulher, baseado no conceito de “atenção integral à saúde das mulheres”. Propunha o atendimento à saúde reprodutiva das mulheres, no âmbito da atenção integral à saúde, e não mais a utilização de ações isoladas em planejamento familiar. Sua proposta original visava à hierarquização das ações, regionalização, prioridade para as ações educativas e de promoção 14 da saúde, além de planejamento segundo referencias epidemiológicos e de participação popular (OSIS, 1998). O PAISM previa que a atenção básica de saúde deveria oferecer às mulheres atividades de prevenção do câncer colo uterino, assistência à gestação, à anticoncepção, às queixas ginecológicas e às demandas relativas à sexualidade, além de atividades educativas. Esperava-se que as ações educativas pudessem promover a participação das mulheres, a partir do conhecimento e da reflexão sobre seus papéis sociais e das repercussões de suas ações sobre sua saúde. A principal contribuição do PAISM ao controle do câncer cérvico uterino foi à introdução da coleta de material para o exame colpocitológico como procedimento de rotina da consulta ginecológica (LAGO, 2004). A falta de ações dirigidas à detecção precoce do câncer do colo do útero, de uma organização e articulação dos serviços, de recursos materiais e humanos, as dificuldades de acesso aos cuidados e o desconhecimento pela usuária e pelos profissionais de saúde e as crenças e atitudes desfavoráveis, levando a ineficiência em captar o grupo alvo, deflagraram a necessidade de estratégias que reduzissem o quadro de morbimortalidade, associada a essa neoplasia (BRASIL, 2002b). Portanto, no período de janeiro de 1997 e junho de 1998, iniciou-se um Projeto Piloto, do qual participaram 124.440 mulheres, residentes em seis localidades selecionadas, com o objetivo de realizar uma avaliação das estratégias até então utilizadas no Brasil e testar a execução de um programa organizado, o MS iniciou uma grande ação de mobilização social, por meio da qual participaram mulheres de 35 a 49 anos de idade que foram convidadas a comparecer às unidades de saúde, para serem submetidas ao exame citopatológico (BRASIL, 2002d). Em 1998, foi instituído o Viva Mulher - Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero (PNCCCU) e de Mama, criado com o objetivo de reduzir a incidência, a mortalidade e as conseqüências físicas, psíquicas e sociais destas neoplasias na mulher brasileira, por meio da oferta de serviços para prevenção, detecção precoce da doença em estágios inicias, tratamento adequado e reabilitação (BRASIL, 2002c). De acordo com o PNCCCU o câncer de colo do útero pode ser detectado precocemente através da realização do exame Papanicolaou em mulheres com vida sexual ativa, prioritariamente, entre 25 e 59 anos. Após dois exames anuais consecutivos com resultados normais, a periodicidade indicada para exame passa a ser de três anos (BRASIL, 2002b; 2006a). É fato bem conhecido que a mortalidade por câncer do colo do útero é evitável, uma vez que as ações para seu controle contam com tecnologias para o diagnóstico e 15 tratamento de lesões precursoras, permitindo a cura dos casos diagnosticados na fase inicial. (BRASIL, 2002c). De acordo com Organização Mundial da Saúde (OMS) um rastreamento, que apresente uma cobertura da população alvo em torno de 80%, através da realização do exame Papanicolaou, dentro dos padrões de qualidade, em uma rede organizada para o diagnóstico e seguimento adequados, pode possibilitar a redução em média de 60% a 90% na incidência do câncer do colo uterino (WHO, 2002). No Brasil, não se conhece o número de mulheres examinadas, mas sim o numero de exames, o que dificulta o cálculo de cobertura. Estimativas realizadas a partir de estudos nacionais e locais mostram um aumento da cobertura ao longo do tempo. Em muitos casos, porém, ainda inferior ao necessário (BRASIL, 2006b). No município de Paracatu/MG, que será alvo deste estudo, as ações de controle do câncer do colo uterino, através da realização do exame Papanicolaou acontecem desde a década de 80 e de acordo com os dados do Viva Mulher - PNCCCU de Minas Gerais, a média da cobertura da realização do exame pelas mulheres na faixa etária de 25 a 59 anos, no período de 2000 a 2006, foi de 68,26%. Com variação de 64,33% em 2000 para 69,83% em 2006 (ARANTES, 2009). O câncer do colo uterino possui um alto potencial de cura e prevenção, porém, ainda apresenta altas taxas de mortalidade em todo o Brasil. Segundo dados do MS (BRASIL, 2006e) em Paracatu – MG as neoplasias foram causas de 12,8% das mortes na população, em 2006, em relação ao câncer de colo de útero revelam um aumento no período de 2000 a 2006, passando de 5,4% para 7,2% por 100.000 mulheres. A educação/orientação da população é uma das ações mais importante para o controle de doenças, o que também se aplica ao controle do câncer de colo uterino, e pode ajudar a alcançar resultados satisfatórios na adoção de medidas preventivas, consequentemente contribuirá para a redução das taxas de mortalidade. Mas para isso é preciso que haja estudos que apontem os motivos facilitadores/dificultadores na adesão/não adesão das mulheres às medidas preventivas, contribuindo assim para a adequação do programa de promoção da saúde e prevenção desta neoplasia. Considerando o exposto acima o presente estudo tem por finalidade identificar a participação das mulheres nas ações de controle do câncer do colo uterino, através da identificação do conhecimento que possuem sobre a prevenção desta neoplasia e promoção da saúde. 16 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Identificar as percepções e atitudes das mulheres, na faixa etária de 25 a 59 anos, assistidas pela equipe da Estratégia de Saúde da Família Chapadinha do município de Paracatu – MG, no ano de 2010, em relação à prevenção do câncer do colo de útero. 2.2 Objetivos Específicos Conhecer o perfil sócio demográfico do grupo em estudo; Identificar o conhecimento das mulheres sobre a prevenção do câncer do colo uterino; Conhecer os fatores facilitadores/dificultadores na realização do exame citopatológico do colo uterino; Conhecer a contribuição dos profissionais de saúde na adoção de medidas preventivas de controle do câncer de colo uterino; Identificar a realização periódica do exame Papanicolaou no grupo em estudo. 17 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1 História Natural do Câncer de Colo Uterino O Câncer é resultante de alterações que determinam um crescimento celular desordenado, não controlado pelo organismo e que compromete tecidos e órgãos. O câncer do colo uterino, que tem historia natural bem conhecida e etapas bem definidas, é uma afecção iniciada com transformações intra-epiteliais progressivas que podem evoluir para uma lesão cancerosa invasora, num período de 10 a 20 anos (BRASIL, 2002b). O desenvolvimento da neoplasia de colo uterino a partir do epitélio escamoso normal ocorre seguindo fases bem definidas. Na fase pré-invasora a doença está restrita ao epitélio escamoso cervical. Essa fase compreende três graus iniciais das chamadas neoplasias intraepiteliais cervicais (NIC) (BRASIL, 2006a). Quando a desordenação ocorre nas camadas mais basais do epitélio estratificado, estamos diante de uma displasia leve ou neoplasia intra-epitelial cervical grau I (NIC I, anormalidades do epitélio no 1/3 proximal da membrana). Se a desordenação avança até três quartos de espessura do epitélio, estamos diante de uma displasia moderada ou NIC II. No NIC III há uma displasia acentuada, com alterações de quase toda a espessura do epitélio, poupando as células mais superficiais. Ultrapassando os limites da membrana basal, a neoplasia passa para a fase invasiva de tecidos vizinhos ao epitélio, de órgãos próximos ou distantes (BRASIL, 2002a; MOTTA, et al., 2001). Para chegar a um câncer invasor, a lesão não necessita, obrigatoriamente, passar por todas estas etapas. As lesões de alto grau são consideradas precursoras do câncer e, se não tratadas, em boa proporção dos casos, evoluirão para o carcinoma invasor (BRASIL, 2002a). Segundo o Instituto Nacional do Câncer - INCA na ausência de tratamento, o tempo mediano entre a detecção da NIC I e o desenvolvimento de carcinoma in situ é de 58 meses, enquanto para a NIC II esse tempo é de 38 meses e, nas NIC III, de 12 meses. Geralmente, a maioria das lesões de baixo grau regredirão espontaneamente, enquanto cerca de 40% das lesões de alto grau não tratadas evoluirão para câncer invasor (BRASIL, 2006c). 18 3.1.1 Fatores de risco Os fatores de risco para o câncer do colo uterino são aqueles que provocam agressão continua às células cervicais e que induzem a transformação atípica destas. Quanto mais tempo o fator atuar sobre o epitélio cervical, maior a probabilidade de desenvolvimento de células atípicas (MEDCURSO, 2003). Vários estudos epidemiológicos confirmam que o maior fator de risco para o desenvolvimento de neoplasias do colo pré-invasivas e invasivas é a infecção pelo vírus HPV, identificando a presença deste agente em até 99,7% dos cânceres cervicais. A infecção pelo HPV apresenta uma prevalência em torno de 20 a 40% entre as mulheres jovens, estando o carcinoma associado ao tipo viral (alto risco oncogênico), à sua persistência e integração no genoma da célula hospedeira, bem como à carga viral. Apenas certos tipos de HPV estão associados com câncer cervical e 4 tipos (16, 18, 31 e 45) respondem por 80% de todos os casos. Sabe se que a infecção por HPV é essencial, mas não suficiente para a evolução do câncer. Além deste tipo de vírus, existe uma importância na associação com outros fatores de risco que atuam como co-fatores, tais como a paridade elevada, o início precoce da atividade sexual e o número de parceiros sexuais. (CAETANO, et al., 2006). Outros fatores de risco de câncer do colo do útero são, a multiplicidade de parceiros e a história de infecções sexualmente transmitidas (da mulher e de seu parceiro); a idade precoce na primeira relação sexual e a multiparidade. Além desses fatores, estudos epidemiológicos sugerem outros, cujo papel ainda não é conclusivo, tais como tabagismo, alimentação pobre em alguns micronutrientes, principalmente vitamina C, beta caroteno e acido fólico, e o uso de anticoncepcionais e comumente esta associado com baixas condições socioeconômicas (BRASIL, 2002b). 3.2 PNCCCU – Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo de Útero Reconhecendo o controle do câncer do colo do útero como um dos grandes desafios para a saúde publica e uma carência de um programa nacional de prevenção adequado e equitativo, que permitisse impactos significativos na incidência e mortalidade desse câncer no país, foi que em 1995, a partir da Conferência Mundial sobre a Mulher, ocorrida na China, 19 que o Governo brasileiro investiu na organização de uma rede nacional de detecção precoce do câncer de colo uterino (BRASIL, 2002d). Em 1996, foi desenvolvido um Projeto Piloto do Viva Mulher para rastreamento do câncer do colo do útero, por meio da oferta do exame citopatológico (Papanicolaou) e, em 1997, foi implementado envolvendo seis localidades brasileiras, tendo como população alvo as mulheres na faixa etária de 35 a 49. Em agosto de 1998, foi iniciada a Fase de Intensificação onde as ações do Viva Mulher foram estendidas a todos os estados por meio de uma campanha nacional, com participação de 97,9% dos municípios brasileiros, e sendo introduzida uma base de dados, o Sistema de Informação do Controle do Câncer do Colo do Útero (SISCOLO), para melhor gerenciamento das informações do Programa. Desde então, tem-se observado crescente ampliação da oferta de exames citopatológicos no país (BRASIL, 2002d). Segundo o INCA, atualmente, as estratégias principais para o controle do câncer do colo do útero, no Brasil, baseiam-se na disponibilização do exame citopatológico (Papanicolaou) para as mulheres entre 25 e 59 anos de idade, no tratamento adequado da doença e de suas lesões precursoras em 100% dos casos e no monitoramento da qualidade do atendimento à mulher, nas suas diferentes etapas (BRASIL, 2002d). 3.2.1 Sistema de Informação de Controle do Câncer do Colo do Útero O SISCOLO foi desenvolvido pelo INCA, em parceria com o Departamento de Informática do SUS (DATASUS), para acompanhar as ações do Programa Viva Mulher de uma forma global, identificando necessidades de aperfeiçoamento seja no rastreamento, investigação ou tratamento (LAGO, 2004). Esse sistema é alimentado através do preenchimento correto dos dados nos formulários para Requisição do Exame Citopatologico. É uma ferramenta importante para o profissional de saúde avaliar e planejar as ações para o bom desempenho do controle do câncer do colo uterino, pois pelo sistema é possivel avaliar por meio de indicadores se a população-alvo está sendo atingida e qual a prevalência das lesões precursoras entre as mulheres diagnosticadas. Também armazena dados sobre a qualidade da coleta de material em exames para os diagnósticos laboratoriais, além de apontar qual o percentual de mulheres que estão sendo tratadas após a realização do diagnóstico (BRASIL, 2006a). 3.3 ESF – Estratégia de Saúde da Família 20 A Atenção Básica é a porta de entrada preferencial do SUS e caracteriza-se por desenvolver um conjunto de ações que abrangem a promoção e proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, reabilitação e a manutenção a saúde. Funciona segundo algumas diretrizes operacionais e conceitos próprios: adscrição da clientela; cadastramento; integralidade e hierarquização e equipe multiprofissional. Busca resolver os problemas de saúde de maior freqüência e relevância dessas populações, utilizando de tecnologias de elevada complexidade (conhecimento) e baixa densidade (equipamentos) (BRASIL, 2006d). A Saúde da família é a estratégia prioritária do MS para organização do modelo assistencial do SUS a partir da atenção básica. Cada equipe de saúde da família é composta, no mínimo, por um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e de quatro a seis agente comunitários de saúde. Outros profissionais, como dentista, assistentes sociais e psicólogos, podem ser incorporados às equipes ou formar equipes de apoio (COSTA e CARBONE, 2004). Os objetivos da implantação do modelo de saúde da família são entre outros: prestar assistência integral, contínua, com resolubilidade e boa qualidade às necessidades de saúde da população adscrita; intervir sobre os fatores de risco aos quais a população está exposta; humanizar as práticas de saúde através do estabelecimento de um vínculo entre os profissionais de saúde e a população; fazer com que a saúde seja reconhecida como um direito de cidadania e, portanto, expressão de qualidade de vida; e estimular a organização da comunidade para o efetivo exercício do controle social (CIANCIARULLO, et al., 2002). A Política Nacional de Atenção Básica visando à operacionalização desta define como áreas estratégicas para atuação em todo o território nacional a eliminação da hanseníase, o controle da tuberculose, o controle da hipertensão arterial, o controle do diabetes mellitus, a eliminação da desnutrição infantil, a saúde da criança, a saúde da mulher, a saúde do idoso, a saúde bucal e a promoção da saúde. Dentre as ações de atenção à saúde da mulher estão planejar programas e realizar ações de controle do câncer do colo do útero: promoção, prevenção, rastreamento/detecção precoce (Exame Papanicolaou), tratamento, reabilitação e cuidados paliativos (BRASIL, 2006d). Para impactar sobre os múltiplos fatores que interferem nas ações de controle do câncer do colo uterino, é importante que a atenção às mulheres esteja pautada em uma equipe multiprofissional e com prática interdisciplinar (BRASIL, 2006a). 21 Segundo Fontinele (2003a), espera-se dos profissionais da Saúde da Família, que possam não apenas implementar rotinas de prevenção, de acessibilidade e busca ativa, mas consigam através da educação em saúde responsabilizar também a comunidade por sua própria saúde. 3.3.1 Atribuições da equipe Para impactar sobre os múltiplos fatores que interferem nas ações de controle do câncer cervical é importante que a atenção as mulheres esteja pautada em uma equipe multiprofissional e com pratica interdisciplinar, onde todos devem estar preparados para lidarem com essa doença. Existem várias estratégias para assegurar o acesso da mulher aos serviços de saúde, dentre estas a educação em saúde tem um papel de destaque (BRASIL, 2006a). A equipe multiprofissional deve desenvolver ações de educação para a saúde, com o objetivo de integrar a promoção de saúde do paciente, da família e da comunidade, de forma integral e participativa, e em todo momento e em qualquer nível de atuação da área da saúde, pode e deve orientar sobre os fatores de risco do câncer e medidas de prevenção (BRASIL, 2002a). São atribuições de toda a equipe de saúde entre outras, planejar e programar as ações de controle dos cânceres do colo do útero, com priorização das ações segundo critérios de risco, vulnerabilidade e desigualdade; realizar ações de controle do câncer do colo do útero, promoção, prevenção, rastreamento/detecção precoce, diagnóstico, tratamento, reabilitação e cuidados paliativos e ainda conhecer os hábitos de vida, valores culturais, éticos e religiosos das famílias assistidas e da comunidade. E ainda, acolher as usuárias de forma humanizada; valorizar os diversos saberes e práticas na perspectiva de uma abordagem integral e resolutiva, possibilitando a criação de vínculos com ética, compromisso e respeito e desenvolver atividades educativas, individuais ou coletivas (BRASIL, 2006a). 3.3.2 Prevenção de Doenças e Promoção da Saúde 22 A promoção da saúde e a prevenção das doenças são estratégias que se aplicam nas ações de controle do câncer do colo uterino. Primeiramente, é preciso dizer que promoção da saúde não é sinônimo de prevenção de doenças, já que esses dois conceitos aparecem frequentemente associados um ao outro. Segundo Lefevre e Lefevre (2007) prevenção é toda medida que, tomada antes do surgimento ou agravamento de uma condição mórbida, vise afastar a doença, para que tal condição não se manifeste ou manifeste-se de forma menos grave ou mais branda nos indivíduos ou nas coletividades. Promoção caracteriza-se por uma intervenção ou conjunto de intervenções que, diferentemente da prevenção, tem como meta ideal a eliminação permanente, ou pelo menos duradoura, da doença buscando atingir suas causas mais básicas, e não apenas evitar que as doenças se manifestem. Um aspecto bastante relevante do ponto de vista da prevenção é que o processo de formação do câncer pode ser interrompido, dependendo da fase em que se encontra, do nível do dano sofrido pela célula e, principalmente, da suspensão à exposição ao agente cancerígeno. As ações de Promoção da Saúde no controle do câncer do colo uterino devem se pautar na educação em saúde, incentivando e estimulando as mulheres a adotarem cuidados com a saúde e estilos de vida saudáveis (BRASIL, 2002b, BRASIL, 2006a). A promoção da saúde é uma ação da prevenção primária. A educação em saúde é uma faceta essencial da promoção da saúde. Tem como objetivo, garantir que as pessoas sejam bem informadas sobre questões de saúde, tenham habilidade para fazer escolhas sobre sua saúde e estilos de vida, essas ações são extremamente importantes e devem estar pautadas nos fatores de risco, nas barreiras identificadas quanto a não realização do exame do colo uterino associadas às mulheres (ARANTES, 2009). A prevenção primária envolve a disponibilização de informações a população sobre os fatores de risco para o câncer e de estratégias para diminuir a exposição aos mesmos. Esta prevenção perpassa todos os níveis de atenção à saúde, mas é na atenção básica que se torna possível um maior alcance das ações, em função de sua abordagem mais próxima da população, na ótica da promoção da saúde (PARADA, et al., 2008). A prevenção primária é quando se evita o aparecimento da doença por meio da intervenção no meio ambiente e em seus fatores de risco, como o estímulo ao sexo seguro, correção das deficiências nutricionais e diminuição da exposição ao tabaco. A mulher com situação de risco pode ser identificada durante a consulta ginecológica e deve ser acompanhada de maneira mais freqüente (BRASIL, 2002a). 23 A prevenção primária do câncer do colo do útero esta principalmente relacionada à prevenção da infecção pelo HPV, principal fator de risco para o câncer do colo do útero, devendo-se ampliar as estratégias de comunicação sobre o uso de preservativo visando também à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) (PARADA; et al., 2008). A prevenção secundária, que se refere às ações de detecção precoce e tratamento imediato, e tal como as de prevenção primária, podem ser oferecidas em qualquer nível de atenção à saúde. Por uma razão de custo-benefício e pela maior proximidade com a população, recomenda-se que estas ações se concentrem na atenção básica. O acesso aos exames deve ser de maneira mais prática possível, mediante planejamento adequado e organização do serviço (BRASIL, 2002d). Existem diversos métodos que podem ser utilizados na detecção precoce de lesões cervicais ou carcinoma, sendo os disponíveis na rede publica de saúde do Brasil a citologia oncótica, a inspeção com acido acético a 5%, a colposcopia e a histologia. O exame citopatológico, ainda hoje, é o mais empregado em mulheres assintomáticas. Por ser uma técnica de alta eficácia, baixo custo e indolor, este exame é considerado ideal, na nossa população, para o rastreamento do câncer do colo do útero. Porém, o diagnóstico citopatológico não deve ser definitivo, tendo que ser confirmado pelo exame histopatológico (BRASIL, 2002e). 3.3.3 Coleta do Material O exame de Papanicolaou, criado e descrito por George N. Papanicolaou na década de 40, conhecido popularmente como exame preventivo do câncer do colo do útero, é adotado pelo PNCCCU para o diagnostico precoce de lesões precursoras desta patologia, sendo de baixo custo, e sua coleta pode ser realizado por qualquer profissional de saúde capacitado e treinado adequadamente. Este consiste na análise das células oriundas da ectocérvice e da endocérvice que são extraídas por raspagem do colo do útero (BEZERRA, 2007). Para uma coleta adequada e satisfatória do material, as mulheres devem ser previamente orientadas a não terem relações sexuais ou fazerem uso de duchas, medicamentos ou exames intravaginais durante as 48 horas que precedem o exame. O exame deve ser realizado fora do período menstrual, pois o sangue dificulta a leitura da lâmina, podendo até tornar o esfregaço inadequado para o diagnóstico citopatológico. Isto não quer dizer que, 24 diante de um sangramento anormal, a coleta não possa ser realizada em algumas situações particulares (BRASIL, 2002b). A coleta do material é realizada durante uma consulta ginecológica de rotina, após a introdução do espéculo vaginal, sem colocação de nenhum lubrificante (pode ser usado apenas o soro fisiológico). O procedimento de coleta propriamente dito deve ser realizado na ectocérvice (com uma espátula de Ayre) e na endocérvice (com uma escovinha). No caso de mulheres histerectomizadas que comparecerem para a coleta, deve ser obtido um esfregaço de fundo de saco vaginal. No caso de pacientes grávidas, deve ser realizada somente a coleta ectocervical e da parede vaginal, de maneira cuidadosa e com uma correta explicação do procedimento e do pequeno sangramento que pode ocorrer após o exame (BRASIL, 2002a; QUEIROZ, 2006). De acordo com Queiroz (2006) deve-se atentar para outros cuidados na coleta do material, destacando a identificação da lâmina: é importante o uso de lâminas lapidadas e extremidades foscas, local onde deverá constar o Código Nacional de Estabelecimentos de Saúde da unidade, o número de registro da mulher na unidade e as iniciais do nome do paciente, identificado com um auxilio de um lápis preto. O material coletado deve ser espalhado na lamina com movimentos únicos, rapidamente e apresentando uma boa espessura. A fixação do material deve ser realizada imediatamente após a sua coleta para se prevenir o dessecamento deste, podendo vir a impedir a visualização e, por consequência, o diagnostico do exame. Existem 3 fixadores: o polietilenoglocol (o mais recomendável), o álcool à 95% e proponilglicol. 25 4 METODOLOGIA 4.1 Tipo de Estudo Inicialmente, para o desenvolvimento deste trabalho, foi realizada uma pesquisa bibliográfica prévia, com levantamento de trabalhos realizados anteriormente, contribuindo para a verificação da relevância do tema, além de fornecer subsídios para a redação e revisão da literatura do estudo. O presente trabalho trata-se de um estudo do tipo descritivo, com abordagem quantitativa. Segundo Cervo, et al. (2007, p. 32): O estudo descritivo observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Procura descobrir, com a maior precisão possível, a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e suas características. Busca conhecer as diversas situações que ocorrem na vida social, política, econômica e demais aspectos do comportamento humano, tanto do individuo tomado isoladamente como de grupos e comunidades mais complexas. De acordo com Lakatos e Marconi (2006), a abordagem quantitativa é aquela que emprega métodos estatísticos e que transforma em números as opiniões e informações para que sejam analisados e classificados. 4.2 Local do estudo O presente estudo foi realizado no município de Paracatu – MG, localizado na região Noroeste do Estado de Minas Gerais. O município possui área geográfica de 8.232,11 Km2. A população de Paracatu é de aproximadamente 79.739 habitantes. Situa-se a 500 Km de Belo Horizonte, a capital do estado, e a 220 Km de Brasília, capital do Brasil (IBGE, 2007). A pesquisa foi realizada na área de abrangência da Estratégia de Saúde da Família (ESF) Chapadinha do município de Paracatu – MG. 26 Em Paracatu, existem 11 Equipes da ESF localizadas em diferentes bairros. A primeira equipe a ser implantada em 1997, tendo como área de abrangência o bairro Nossa Senhora de Fátima. A equipe da ESF Chapadinha foi a segunda a ser implantada, em 1998, onde antes já existia em uma unidade básica de saúde desde 1992. A Equipe da ESF Chapadinha atua desenvolvendo ações de promoção, proteção e recuperação da saúde das pessoas e das famílias, através de diversos programas, prestando assistência em todas as faixas etárias. Sendo realizados além de atendimentos pré-natal, puericultura, puerpério, assistência aos portadores de diabetes e hipertensão arterial, também é realizada a coleta de material para o exame citopatológico. 4.3 Público Alvo Considerando a faixa etária proposta pelo PNCCCU para realização do exame citopatologico, este estudo teve como publico alvo as mulheres na faixa etária entre 25 a 59 anos, assistidas pela equipe da ESF Chapadinha do município de Paracatu – MG. 4.4 Delimitação da amostra A amostra para este estudo foi delimitada a partir de dados do Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB), do mês de outubro de 2009, sendo que encontraram-se cadastradas na unidade da ESF Chapadinha 939 mulheres, entre 25 e 59 anos. Para delimitar a amostra utilizou-se a teoria de dimensionamento da amostra proposta por Fonseca e Martins (2006): Z2 . p . q . N n= 2 . 2 d . (N-1) + Z . p . q Sendo que “n” é o número de elementos da amostra; “z” é o nível de confiança, o qual foi equivalente a 95%, “p” é igual a proporção; o “N” é a população. Neste caso o “N” corresponde a quantidade de mulheres cadastradas na Unidade ESF Chapadinha. O “d” corresponde a margem de erro que, na pesquisa, foi de 5%. O resultado do calculo de amostragem foi de 202. 27 Portanto a pesquisa foi realizada com 202 mulheres, na faixa etária do estudo, que aceitaram a participar da pesquisa. 4.5 Procedimentos Éticos Todas as etapas do estudo foram fundamentadas na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que regulamenta as diretrizes e normas de pesquisas que envolvem seres humanos, e incorpora, sob a ótica do indivíduo e da coletividade os quatro referenciais básicos da bioética: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça, entre outros, e visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado (FONTINELE, 2003b). A autorização para a coleta de dados foi concedida conforme Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A). Aos sujeitos do estudo foram asseguradas a privacidade, o sigilo das respostas e o direito de retirar o consentimento a qualquer tempo durante a pesquisa, sem sofrer qualquer penalidade. As participantes ajudaram através de informações, para ampliação do conhecimento cientifico em torno do tema pesquisado. 4.6 Desenvolvimento do Estudo Visando atingir os objetivos propostos foram realizadas 202 visitas domiciliares para realização de entrevista, para aplicação de formulário (Apêndice B), com perguntas que procuraram abranger dados pessoais e questões relacionadas ao tema. As entrevistas foram realizadas nos meses de abril e maio de 2010. As participantes do estudo assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido concordando em participar da pesquisa, onde foram respeitados os preceitos éticos. Os formulários foram aplicados individualmente às mulheres que aceitaram participar da pesquisa. Após aplicação dos formulários os dados obtidos foram analisados, com o objetivo de organizar as informações, visando caracterizar o conhecimento das mulheres em estudo, dispostos em gráficos e tabelas, discutidos e posteriormente realizou-se a conclusão da pesquisa. 28 5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 5.1 Caracterização das participantes da pesquisa de acordo com perfil sócio demográfico. GRÁFICO 1 - Distribuição das participantes da pesquisa de acordo com faixa etária – Bairro Chapadinha, Paracatu/MG – abril e maio de 2010 Participaram do estudo 202 mulheres, moradoras do bairro Chapadinha, na faixa etária de 25 a 59 anos, distribuídas conforme a idade como mostra o gráfico 1. O perfil observado é de uma população jovem, onde 50% das mulheres encontram se com idade entre 25 a 35 anos. De acordo com MS, o câncer de colo uterino em estágio do câncer invasor é mais comum nas mulheres em idade entre de 55 a 60 anos, isso se deve a evolução da doença, que pode levar de 10 a 20 anos, e é pouco freqüente em mulheres com menos de 25 anos. Portanto, preconiza-se a faixa etária para a realização do exame Papanicolaou de 25 a 60 anos (BRASIL, 2006a). Isto pode ser evidenciado em várias estudos, como Silva , et al. (2006), em seu estudo, aponta que devem ser dada atenção especial às mulheres à medida que estas se afastam do período fértil. Observa-se que a prática do exame preventivo do câncer de colo de útero está muitas vezes relacionada à maternidade. Sendo assim, a cobertura adequada não se estende a todas as mulheres que têm risco de desenvolver a doença. Além disso, há maior risco de incidência de câncer uterino com o aumento da idade. 29 GRÁFICO 2 - Distribuição das participantes da pesquisa de acordo com o estado civil – Bairro Chapadinha, Paracatu/MG – abril e maio de 2010 De acordo com o gráfico 2 é possível observar que a maioria das entrevistadas eram solteiras (35%), 30% amasiadas e 22% casadas. Vários estudos apontam a multiplicidade de parceiros como um fator predisponente para o desenvolvimento do câncer de colo uterino (FLORIANO, et al., 2007; BRASIL, 2006c; SILVA, et al., 2006 ). Segundo BRASIL (2002b), a falta de higiene e a multiplicidade de parceiros, são fatos que sugerem que os hábitos sexuais contribuem para a propagação de agentes sexualmente transmissíveis, capazes de induzir o câncer. O que pode ser confirmado por Domingos, et al. (2007), em seu estudo, no qual mulheres que tiveram um único parceiro apresentaram freqüência inferior de lesões, quando comparadas com as que tiveram dois ou mais parceiros. Novais e Laganá (2009), em seu estudo, observaram que em relação à situação conjugal a maioria das mulheres com câncer de colo uterino eram solteiras, concordante com a literatura, com maior número de casos de câncer de colo uterino em mulheres solteiras em relação às casadas, viúvas ou em outra situação conjugal. No entanto, Medeiros, et al. (2005), afirma que a promiscuidade sexual é um fator de risco para câncer cervical, a incidência do câncer no colo uterino é mais elevada entre as mulheres que exercem atividade sexual com múltiplos parceiros ou quando a mulher é monogâmica, porém o parceiro não o é. 30 GRÁFICO 3 - Distribuição das participantes da pesquisa de acordo com a escolaridade – Bairro Chapadinha, Paracatu/MG – abril e maio de 2010 No gráfico 3, observa-se que a maioria das entrevistadas possuíam baixo índice de escolaridade. O nível de escolaridade pode estar relacionado ao menor acesso a informação sobre cuidados de saúde, fato que pode refletir diretamente na demanda pelos exames preventivos, na melhor compreensão das informações sobre as doenças e na necessidade de atitudes favoráveis à detecção precoce das neoplasias. Bezerra (2007) faz a relação de que estudar é sinônimo de receber mais informação. Sendo assim, pessoas informadas, com maior nível de escolaridade serão mais sensibilizadas à prevenção de doenças. O grau de escolaridade é elemento essencial a ser considerado na abordagem da população quanto às praticas de promoção, proteção e recuperação da saúde GRÁFICO 4 - Distribuição das participantes da pesquisa de acordo com a renda familiar – Bairro Chapadinha, Paracatu/MG – abril e maio de 2010 31 Em relação ao nível socioeconômico, analisando as informações fornecidas pelas entrevistadas pode se observar que um maior número de mulheres possuem uma renda familiar de até 2 salários mínimos. Vários estudos consideram que o baixo nível socioeconômico não apenas potencializa os fatores de risco para o desenvolvimento de doenças, em razão de precárias condições de moradia, má alimentação, mas também a adesão de mulheres as medidas preventivas (PELLOSO, et al., 2004; PINHO e FRANÇA JUNIOR, 2003). Segundo Cruz e Loureiro (2008), em todas as regiões do mundo, o câncer do colo uterino apresenta característica associada com o baixo nível socioeconômico, em grupos com maior vulnerabilidade social. Considerando que nestes grupos estão concentradas as maiores barreiras de acesso a rede de serviços, advindas das dificuldades econômicas e geográficas, insuficiência de serviços e questões culturais, como medo e preconceito dos companheiros. TABELA 1 - Distribuição das participantes em relação à ocupação Bairro Chapadinha, Paracatu/MG – abril e maio de 2010 Ocupação n. de mulheres % Autônoma 2 1% Salgadeira 2 1% Aposentada 15 7% Vendedora 20 10% Diarista 25 12% Auxiliar de serviços gerais 26 13% Desempregada 30 15% Dona de casa 82 41% Quando questionadas sobre a ocupação, foram referidas varias atividades, mas a maioria disseram não exercer atividade remunerada. Segundo Silva, et al. (2006) as mulheres que trabalham fora de casa apresentam proporções mais elevadas de atitudes adequadas em relação ao exame Papanicolaou. Refere que mulheres que trabalham exclusivamente em casa tenham menos autonomia em tomar decisões relativas a saúde. Outra possibilidade é que as mulheres que trabalham fora de casa têm maior acesso a informação nos contatos com outras trabalhadoras, o que pode estimular práticas preventivas de saúde. 32 5.2 Caracterização das mulheres participantes da pesquisa em relação aos fatores de risco para o câncer do colo uterino Segundo Queiroz (2006), fator de risco é qualquer situação, habito, condição ambiental ou fisiológica que aumente a vulnerabilidade de um individuo ou grupo, quanto à doença ou a um estado não saudável. A presença de um fator de risco não significa que irá se desenvolver uma patologia, mas eles tornam um individuo mais susceptível para que isso ocorra. GRAFICO 5 - Distribuição das participantes da pesquisa de acordo com número de Gestações – Bairro Chapadinha, Paracatu/ MG – abril e maio 2010 De acordo com o gráfico 5, foi possível identificar que 38% das entrevistadas referiram de 04 a 12 gestações. Muitos autores mencionam a multiparidade como importante fator de risco para o desenvolvimento do câncer do colo do útero (BRASIL, 2006a; QUEIROZ, 2006; SILVA, et al., 2006). Segundo Halbe (2000), a multiparidade e partos antes dos 20 anos são fatores de risco importantes para o desenvolvimento do câncer do colo do útero, provavelmente superando a precocidade das relações sexuais. Murta, et al. (1999), apontam a multiparidade como um fator de risco para o câncer cervical e demonstram que a maioria das mulheres com esta neoplasia apresentavam mais que 4 gestações ou partos, entretanto, observa que há uma diminuição da paridade, nas pacientes com câncer do colo uterino, e questiona se a multiparidade pode ser ainda imputada como fator de risco ou se este maior número de gestações e partos decorre do menor nível sócioeconômico. 33 GRÁFICO 6 – Distribuição das participantes da pesquisa em relação a idade da primeira atividade sexual – Bairro Chapadinha, Paracatu/MG – abril e maio de 2010 No gráfico 6 é possivel observar que uma grande porcentagem das entrevistadas iniciaram suas atividades sexuais com idade entre 12 a 16 anos. O grande número de mulheres que iniciram sua atividade sexual precocemente é preocupante, diversos autores consideram este como sendo um fator predisponente do câncer do colo uterino (BRASIL, 2002b; CRUZ e LOUREIRO, 2008). Segundo Bezerra; et al. (2005) antes dos 18 anos, a iniciação é considerada prococe porque a cérvice ainda não está completamente formada e os niveis hormonais estabilizados. Sendo assim, essas mulheres têm maior incidância de câncer cervical quando comparadas as que iniciaram aos 20 anos. Isso se deve a vulnerabilidade de mulheres jovens à infecção por DST, além de nesta faixa etária ser frequente a ectopia, induzindo a uma metaplasia, favorecendo a infecção pelo HPV e outros microrganismos. Também tem relação pelo fato dessas mulheres ficarem mais tempo expostas aos seguintes fatores de risco: multiplicidade de parceiros, parceiros de risco, exposição as DSTs, ação do liquido seminal. Assim, aumenta-se o risco destas vir a adquirir uma lesão percusora que poderá se desenvolver para um câncer de colo uterino. GRÁFICO 7 – Distribuição das partipantes da pesquisa de acordo com o hábito de fumar – Bairro Chapadinha, Paracatu/MG – abril e maio de 2010 34 No gráfico 7 observa-se que 36% das entrevistadas declararam ser fumantes. O que pode ser considerado um fator preocupante, pois, segundo Queiroz (2006), o fumo exerce um papel relevante no aparecimento da lesão precursora e, consequentemente, no câncer de colo de útero, exercendo basicamente dois papéis: herança oncogênica e diminuição da defesa imunológica. As substâncias cotinina e nicontina que, possuem função oncogênica, são frequentemente encontradas no muco existente no canal cervical de mulheres fumantes. 5.3 Percepções das mulheres em relação ao significado do Câncer do colo do útero GRÁFICO 8 – Respostas das entrevistadas quando questionadas sobre: “Você sabe o que significa Câncer do colo de útero?” - Bairro Chapadinha, Paracatu/MG – abril e maio de 2010 Quando questionadas se sabem o que significa o câncer do colo do utero a maioria 65% responderam que sim, porém não saberam explicar o seu significado. Conforme evidenciado nas falas abaixo: “Já ouvi falar, mas sei para mim, não sei explicar” (F.R.S.) “Sei, mais ou menos, só sei que é ruim” (N.L.S.D) “Já ouvi falar, sei que é muito perigoso, pode morrer” (V.L.M.) Em relação ao nível de conhecimento sobre a doença, podemos observar que o mesmo é muito baixo entre as mulheres em geral, apesar de grande número responderam que sabem o significa a doença. De acordo com Silva, et al. (2006), a falta de conhecimento traz como consequência à baixa conscientização quanto ao significado, a importância do exame de Papanicolaou e o 35 restrito acesso a assistência à saúde, devendo esse fato, em parte, ser responsável pelo numero de mulheres que nunca realizaram o exame. Pelloso, et al., (2004) destacam que as mulheres que procuram os serviços de saúde, ou seja, as que efetivamente acreditam na prevenção, pouco sabem sobre o câncer de colo uterino. E o pouco que revelam saber constitui-se em informações provenientes de fontes impessoais como a televisão e os cartazes das unidades básicas de saúde, por exemplo. GRÁFICO 9 – Respostas das entrevistadas quando questionadas sobre: “ Você sabe como prevenir o câncer do colo uterino? ” – Bairro Chapadinha, Paracatu/MG – abril e maio de 2010 Sob este aspecto, de acordo com o gráfico 9, a maioria das mulheres pesquisadas apresentaram desinformação sobre o exame de prevenção, onde 61 % disseram não saber como prevenir. As mulheres que relataram saber como prevenir o câncer do colo uterino, 39%, quando questionadas, surgiram várias citações de formas de prevenção e em todas as falas, apareceu referência ao exame citopatológico. De acordo com as falas abaixo: “Tem que fazer prevenção todo ano”(M. A. R). “Com a prevenção, procurar o ginecologista sempre que tem algo diferente” (M. S.). “Fazer a prevenção e tem que usar camisinha, ne” (L. O. S.). As mulheres quando relatam fazer a “prevenção” referem-se ao exame Papanicolaou, demonstrando estarem referindo apenas a prevenção secundária, a detecção precoce, aparcendo pouca referência a prevenção primária. Segundo Domingos, et al. (2007), a principal estratégia de prevenção primária da doença é o uso de preservativo durante as relações sexuais. A prevenção secundária é realizada por meio do exame preventivo (Papanicolaou) para detecção precoce da doença. 36 Alem do exame Papanicolaou ser importante para a prevenção e controle do câncer do colo uterino, outras formas de prevenção tambem são necessarias. De acordo com Andrade (2001), a prevenção do câncer cervical baseia-se na educação sexual como parte importante da prevenção do carcinoma de colo uterino, orientando-se o uso correto de preservativos, desmotivando a promiscuidade sexual e o início precoce da atividade sexual. 5.4 Percepções e atitudes das mulheres em relação ao Exame Papanicolaou TABELA 2 – Distribuição das participantes em relação a realização do exame Papanicolaou – Bairro Chapadinha Paracatu/MG – abril e maio de 2010 Realizou o exame Papanicolaou alguma vez Sim Não Total Quando foi o ultimo exame Papanicolaou Último exame há 1 ano Último exame há 2 ano Último exame há 3 ano Último exame há + de 3 anos Total nº de mulheres 173 29 202 % 86% 14% 100% 86 33 19 35 173 50% 19% 11% 20% 100% Das 202 mulheres entrevistadas 86% relataram já ter realizado o exame alguma vez na vida. Destas 20% realizaram o ultimo exame há mais de três anos. Como citado na literatura sobre a importância do exame Papanicolaou, as mulheres que nunca realizaram ou não realizam o exame há muitos anos têm maior risco de desenvolver o câncer em estagio invasor. Observa-se na tabela 2 um número significativo de mulheres entre as entrevistadas que nunca realizaram o exame ou o fizeram há mais de três anos. 37 GRÁFICO 10 – Frequência com que as entrevistadas realizam o exame de Papanicolaou – Bairro Chapadinha, Paracatu/MG – abril e maio de 2010 O gráfico 10 demonstra a frequência com que as entrevistadas relataram realiazar o exame papanicolaou, onde 55% informaram realiza-lo fora da frequência preconizada pelo MS e 33% relataram não fazer o exame com certa frequência ou realizar a mais de três anos. De acordo com Floriano, et al. (2007), a maioria dos cânceres é precedido por uma lesão pré-invasora, que pode existir por um período de até 20 anos, podendo ser detectadas no exame citológico. Daí a importância da realização periódica do exame preventivo em mulheres que iniciaram a atividade sexual, visando detectar precocemente as lesões precursoras e, com isso, tornar possível um tratamento precoce da doença. Arantes (2009), em seu estudo sobre a cobertura da realização do exame citopatológico do colo uterino pelas mulheres na faixa etária de 25 a 59 anos em Paracatu, no período de 2004 a 2006, identificou que a cobertura encontra-se abaixo da preconizada pelo Viva Mulher – PNCCCU de Minas Gerais, onde menos de 50% das mulheres estão tendo acesso ao exame de Papanicolaou e entre as que estão realizando quase 50% realizaram mais de uma vez no período em estudo, e destas uma grande porcentagem encontra-se na faixa etária de menor risco para a doença. Fatores que indicam que há falhas no rastreamento das mulheres, e que podem estar contribuindo para os índices de mortalidade do câncer de colo uterino no município. 38 GRÁFICO 11 – Respostas das entrevistadas quando questionadas sobre: “Você sabe a importância do exame Papanicolaou?” – Bairro Chapadinha, Paracatu/MG – abril e maio de 2010 Quando questionado acerca da importância da realização do exame de Papanicolaou, grande parte das mulheres atribuiram importância ao exame, porém 24% relataram não saber a importância deste procedimento. Quanto as mulheres que referiram positivamente em relação a importância do procedimento, quando questionadas a explicar qual esta importância, surgiram varias citações, conforme as falas: “Muito importante para descobrir a doença logo”(A.B.S.). “Faço por fazer” (J.R.D.). “Previnir, descobrir se tem alguma doença no inicio e poder tratar logo”(M.C.S.). “Para prevenr, descobrir se tem algum problema no útero”(E.C.R.). “Bom pra saber se tem tudo em ordem”(L.E.C.) “Ver se tem infecção, inflamação, alguma bacteria do câncer”(G.C.R.). As mulheres revelam conhecer alguns aspectos sobre a importância da realização do exame. De acordo com Pelloso, et al. (2004), apenas reconhecer a importância do exame não é o fator primordial ou decisivo que leva as mulheres a se submeterem a ele, é preciso uma disposição e uma convicção pessoal, uma vontade interior capaz de sobrepor a insegurança e outros bloqueios e que possibilite o ato voluntário de ir ao encontro da prevenção. Por isso, a participação dos profissionais de saúde na atividade de informar e educar a comunidade para a saúde mostra-se extremamente importante. As ações educativas devem ter um cunho pessoal, envolvente e comprometido, para serem eficazes e provocadoras de mudança de atitudes. 39 GRÁFICO 12 – Distribuição das entrevistadas em relação a dificuldade para realizar o exame – Bairro Chapadinha, Paracatu/MG – abril e maio de 2010 Em relação às dificuldades relatadas pelas mulheres para realizar o exame, o maior sentimento percebido foi a vergonha durante o procedimento. Além da vergonha, algumas mulheres relataram sentir desconforto durante a posição ginecológica, e outras disseram não ter paciência para ir até o serviço de saúde, realizar o exame, demonstrando com isso uma falta de informação sobre a importância da realização deste procedimento. Duavy, et al. (2007), em seu estudo, relata que as mulheres chegam ao Centro de Saúde com pouca informação sobre o como é realizado o exame, e ao se colocar diante do profissional, a mulher se sente objeto de inspeção e associoa a exposição da genitalia à sexualidade, daí o sentimento de vergonha em relaçao a ela. A falta de informação muitas vezes funciona como indutor de nervosismo, ansiedade e medo, independente da idade. Como no estudo realizado por Pinho e França Junior (2003), as principais dificuldades encontradas pelas mulheres para a não realização do exame de Papanicolau são: medo em relação ao câncer, vergonha, sentimento de embaraço, desconforto físico, invasão de privacidade e da integridade corporal. O sentimento de vergonha pode estar diretamente ligado com a exposição do corpo, com a questão da sexualidade e a posição do profissional, com a impessoalidade deste exame. De acordo com Pelloso, et al. (2004), esse sentimento de constrangimento e ansiedade, compromete o trabalho preventivo. No momento do exame, é quando o profissional de saúde parece não compreender a situação de quase abandono em que a mulher se encontra, encarando o evento como algo corriqueiro, cotidiano e sem importância. 40 5.5 Contribuição dos profissionais de saúde nas medidas preventivas do câncer do colo uterino de acordo com a perspectiva das mulheres entrevistadas GRÁFICO 13 – Respostas das entrevistadas quando questionadas sobre: “Você recebeu orientações dos profissionais de saúde sobre as medidas de prevenção do câncer do colo uterino?” – Bairro Chapadinha, Paracatu/MG – abril e maio de 2010 Em relação às orientações dos profissionais de saúde sobre a prevenção do câncer cervical, a maioria das mulheres 51% responderam não haver recebido orientações sobre medidas preventivas. Das mulheres que responderam que sim quando questionadas sobre as orientações recebidas, surgiram varias afirmações, conforme as falas abaixo: “Palestras para prevenir, elas sempre explicam tudo” “Não lembro” “Não sei informar” “Largar de fumar e fazer a prevenção, sei que o cigarro provoca câncer mais tem muito tempo que fumo” “Palestra para prevenção, esqueci... eles sempre falam, mas não lembro” Nas falas das mulheres pode se perceber que apesar de um grande número delas relatarem receber orientações, muitas não se lembram e não sabem explicar quais são essas orientações. Então, observa-se a necessidade de reforçar orientações que valorizem hábitos de autocuidado para a prevenção dessa neoplasia, visando possibilitar o acesso das mulheres à realização periódica do exame citopatológico. É importante salientar que a adesão das mulheres a esse exame passa principalmente pela conscientização da importância e dos benefícios por elas. De acordo com Silva, et al 41 (2006), é importante uma boa relação profissional-cliente e uma comunicação efetiva, que possibilitem ampliar o conhecimento a respeito da importância do exame entre as mulheres. A existência de um bom relacionamento entre o profissional de saúde e o cliente favorece uma maior interação, o que possibilita que as informações necessárias ao dialogo sejam verdadeiras e mais esclarecedoras, ainda minimiza sentimentos temidos durante a realização do exame como medo, vergonha e ansiedade (BRITO, et al., 2007). Segundo Cruz e Loureiro (2008), o comportamento de prevenção dos sujeitos baseiase em suas culturas, dessa forma, os profissionais de saúde devem atuar de maneira diferenciada com as mulheres. Há necessidade de que não ignore a individualidade e a dignidade destas, e sim, sejam vinculados ao seu contexto social. 42 6 CONCLUSÃO Esse trabalho procurou conhecer as atitudes e as percepções das mulheres sobre o câncer do colo uterino, procurando compreender os comportamentos preventivos destas mulheres. Onde foi possível concluir que um número considerável de mulheres possui um perfil que esta relacionado com os fatores de risco para o câncer do colo do útero que as tornam vulneráveis à doença, onde uma quantidade significativa são multíparas, fumantes, tiveram iniciação sexual precoce, além, de possuírem baixo nível socioeconômico e baixo grau de escolaridade. Em relação às orientações advindas dos profissionais de saúde sobre as medidas de prevenção do câncer do colo uterino, detectou-se pouca contribuição, o que pode ser confirmado pelo baixo conhecimento sobre a patologia, formas de prevenção, importância, adesão, realização periódica e dificuldades na realização do exame citopatológico. Portanto, os profissionais de saúde que realizam o exame citológico, ao atenderem as mulheres, devem saber como elas pensam e o que esperam da realização desse exame e buscar ainda alcançar outras medidas preventivas com base no desenvolvimento de uma consciência critica das mulheres. Conclui-se que são muitos os desafios a serem vencidos na busca pela redução das morbimortalidades associadas ao câncer de colo uterino, neste contexto merece destaque as medidas educativas e de informação em saúde. As informações à população contribuem para mudanças comportamentais que levam à prevenção de doenças, possibilitando uma melhor qualidade de vida. As mudanças de hábitos de vida é algo que exige tempo e esforço, tanto dos profissionais de saúde, na realização de uma educação continuada, quanto das mulheres, na adoção de novas práticas. As ações educativas devem ter um cunho pessoal, envolvente e comprometido, sem ignorar a individualidade e a cultura destas mulheres. A ESF pode contribuir positivamente para isso, devido à relação contínua com as famílias que acompanha. Porém, ainda, é necessária uma atuação diferenciada dos profissionais da saúde com as mulheres, com respeito à sua intimidade, à sua privacidade, ao seu direito de conhecer e poder conversar sobre a doença e sobre a sua saúde. Portanto, espera-se que este estudo possa contribuir com a equipe da ESF da área pesquisada, através da identificação das características pesquisadas, fornecendo subsídios para a elaboração de um planejamento de ações efetivas voltadas para a realidade local, na busca pelo controle do 43 câncer do colo uterino e consequentemente na redução dos indicadores de saúde associados a esta patologia. 44 REFERÊNCIAS ANDRADE, J. M. Rastreamento, Diagnóstico e Tratamento do Carcinoma do Colo do Útero. Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia Sociedade Brasileira de Cancerologia, maio de 2001. ARANTES, Rosalba Cassuci. Dissertação (Mestrado em Promoção da Saúde) A realização do exame papanicolaou em Paracatu-MG: análise do período 2004 a 2006. Franca, SP: UNIFRAN, 2009. Disponível em: <http://www.promocaodesaude.unifran.br/dissertacoes/2009/ROSALBA_CASSUCI_ARAN TES.pdf>. Acesso em: 29 março de 2010. BARACAT, E. C.; LIMA, G. R. 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É o segundo câncer mais comum à acometer a mulheres. A educação/orientação da população é uma das ações mais importante para o controle do câncer de colo uterino, e pode ajudar a alcançar resultados satisfatórios na adoção de medidas preventivas, consequentemente contribuirá para a redução das taxas de mortalidade. O presente estudo “PERCEPÇÕES E ATITUDES DAS MULHERES, EM RELAÇÃO À PREVENÇÃO DO CÂNCER DE COLO UTERINO” visa identificar as percepções e atitudes das mulheres, na faixa etária de 25 a 59 anos, assistidas pela equipe da Estratégia de Saúde da Família do Bairro Chapadinha do município de Paracatu – MG, em relação à prevenção do câncer do colo de útero. Será garantido o sigilo e a privacidade dos dados confidenciais envolvidos na pesquisa. A participante do estudo poderá recusar-se a participar do mesmo, a qualquer momento o que não acarreta nenhuma intervenção à assistência prestada. Os dados e informações provenientes deste trabalho serão utilizados com fins de produção e apresentação de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) junto a Faculdade Tecsoma. Eu, _________________________________________________, venho por meio desta, manifestar meu consentimento em participar da amostragem da pesquisa acima referida a ser realizada pela acadêmica do 7º Período do Curso de enfermagem da Faculdade Tecsoma, Marília Gabriela Dias Silva, estando consciente sobre sua justificativa, objetivos e procedimentos a serem utilizados. Paracatu – MG ______/______/______ ____________________________ Assinatura da Participante ________________________________ Ac. Enf. Marília Gabriela Dias Silva 51 APÊNDICE B - Roteiro de Entrevista Estruturada Dados Pessoais Idade:___________ Estado Civil: ( ) casada ( ) desquitada / separada ( ) solteira ( ) viúva ( ) amasiada Escolaridade: ( ) não alfabetizada ( ) Ensino Básico incompleto ( ) Ens. Básico completo ( ) Ens. Médio incompleto ( ) Ens. Médio completo ( ) Ens. Superior Ocupação: ______________________________________________________ Renda Familiar: ( ) < 1 salário mínimo ( ) 1 a 2 salários ( ) 2 a 4 salários ( ) > 4 salários Dados referentes à prevenção e fatores de risco para câncer do colo uterino Nº de gestações: ( ) nenhuma ( ) 1 a 3 gestações ( ) 4 a 7 gestações ( ) 8 a 12 gestações Quando iniciou a atividade sexual: ( ) 12 a 16 anos ( ) 17 a 20 anos Você é fumante? ( ) sim ( ) acima de 21 anos ( ) não Você sabe o que significa Câncer do colo de útero? ______________________________________________________________________ Você sabe como prevenir o Câncer do colo de útero? ( ) sim ( ) não Como? ________________________________________________________________ Já realizou o exame Papanicolau alguma vez na vida: ( ) sim ( ) não Ultimo exame Papanicolaou: ( ) há 1 ano; ( ) há 2 anos; ( ) há 3 anos; ( ) + de 3 anos Com que freqüência realiza o exame? ( ) todo ano; ( ) duas vezes ao ano; ( ) a cada 2 anos; ( ) a cada 3 anos; ( ) ___________________ Você sabe a importância do exame Papanicolaou? ( ) sim ( ) não Explique. ______________________________________________________________ Existe alguma dificuldade na realização do exame preventivo: ( ) nenhuma ( ) vergonha ( ) medo ( ) dificuldade de acesso ( ) imposições do marido ( ) desconhecimento ( ) __________________________ Você recebeu orientações de algum profissional de saúde sobre as medidas de prevenção do câncer do colo uterino? ( ) sim ( ) não Quais? _____________________________________________________________