O ambiente e a equipe de enfermagem em relação ao paciente

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Universidade Federal do Pampa
Marianne Pereira Vieira
Natália da Silva Pires
Vanessa Cristina dos Santos
O ACESSO DOS FAMILIARES A UNIDADE DE TERAPIA
INTENSIVA: UMA FORMA DE COMUNICAÇÃO COM A EQUIPE
Trabalho de Conclusão de Curso
Uruguaiana
2
2010
MARIANNE PEREIRA VIEIRA
NATÁLIA DA SILVA PIRES
VANESSA CRISTINA DOS SANTOS
O ACESSO DOS FAMILIARES A UNIDADE DE TERAPIA
INTENSIVA: UMA FORMA DE COMUNICAÇÃO COM A EQUIPE
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
banca examinadora, como requisito parcial
para a obtenção do título de Bacharel em
Enfermagem na Universidade Federal do
Pampa.
Orientador: Prof. Msc. Valdecir Zavarese da
Costa
3
Uruguaiana
2010
MARIANNE PEREIRA VIEIRA
NATÁLIA DA SILVA PIRES
VANESSA CRISTINA DOS SANTOS
O ACESSO DOS FAMILIARES A UNIDADE DE TERAPIA
INTENSIVA: UMA FORMA DE COMUNICAÇÃO COM A EQUIPE
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
banca examinadora, como requisito parcial
para a obtenção do título de Bacharel em
Enfermagem na Universidade Federal do
Pampa.
Área de concentração: Enfermagem
Trabalho de Conclusão de curso defendido e aprovado em: 16 de dezembro de 2010.
Banca examinadora:
______________________________________________________
Prof. Msc. Valdecir Zavarese da Costa
Orientador
Enfermagem – UNIPAMPA
______________________________________________________
Profª Dra. Jussara Mendes Lipinski
Enfermagem – UNIPAMPA
_____________________________________________________
Enfª.Msc. Michele Bulhosa
Enfermagem – UNIPAMPA
______________________________________________________
Enfª.Dda Letícia Silveira Cardoso
Enfermagem – FURG
4
5
RESUMO
O presente estudo ve por objetivo analisar o acesso da família a Unidade de Terapia
Intensiva como uma forma de comunicação com a equipe de saúde. O estudo tratase de uma pesquisa qualitativa de análise temática. O mesmo foi realizado em
Unidades de Terapia Intensiva da região da 10° Coordenadoria Regional de Saúde
do Rio Grande do Sul – 10ª CRS-RS, responsável pelas UTI’s na área de
abrangência do estudo, situada na cidade de Alegrete-RS. A coleta de dados
ocorreu no mês de novembro de 2010, dispondo de questionário com perguntas
abertas direcionado a equipe de enfermagem. Com a finalidade de demonstrar como
o acesso contribui para a comunicação entre familiares e equipe de enfermagem,
facilitando a assistência e a criação de um vínculo dos mesmos, com o serviço,
auxiliando no tratamento e recuperação do paciente. Dentre os resultados obteve-se
o aprimoramento do conhecimento como profissional de saúde no ambiente
hospitalar quanto a comunicação com a família do paciente, resultando na melhoria
da assistência prestada.
Palavras-chave: Acesso. Família. Comunicação. Unidade de Terapia Intensiva.
6
ABSTRACT
The present study has as objective to analyze the access of the family at the Unit of
Intensive Therapy as one form of communication with the health team. The study
one is about a exploratory research of field, through qualitative method, and thematic
analysis .The same it will be carried through in Units of Intensive Therapy of the
region of, 10° Coordenadoria Regional de Saúde do Rio Grande do Sul – 10ª CRSRS, responsible for UTI's in the catchment area of study, located in the city of
Alegrete-RS. The data collection will occur 2010, through a questionnaire with open
questions directed to the nursing staff. With the aim of demonstrate how access
contributes to the communication between relatives and nursing staff, facilitating the
care and creating a bond of the same, with the service, helping in the treatment and
patient recovery. Among the results expected to improve the knowledge as a health
professional in the hospital environment as communication with the patient's family,
resulting in improved care.
Keywords: Access. Family. Communication. Intensive Care Unit
7
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................07
2 REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................11
3 METODOLOGIA.................................................................................................20
3.1 Tipo de Estudo............................................................................................... 20
3.2 Cenário de estudo.......................................................................................... 20
3.3 Sujeitos do Estudo....................................................................................... 20
3.4 Seleção das instituições............................................................................... 20
3.5 Critérios de inclusão no estudo................................................................... 21
3.5.1 Da unidade de terapia intensiva................................................................ 21
3.5.2 Do sujeito..................................................................................................... 21
3.6 Trabalho de Campo....................................................................................... 21
3.7 Instrumento de pesquisa.............................................................................. 22
3.8 Procedimentos Éticos................................................................................... 22
3.9 Análise dos dados....................................................................................... 23
4 RESULTADOS .................................................................................................. 24
4.1 O acesso dos familiares a Unidade de Terapia Intensiva.............................. 24
4.2 Como ocorre o acesso dos familiares ao paciente........................................ 25
4.3 A participação da família no cuidado.............................................................. 26
4.4 Os dificultadores da comunicação entre os familiares e a equipe.................. 27
4.5 Os dificultadores do acesso do familiar ao paciente.........................................29
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO.................................................................................. 31
5.1 Acesso do familiar a Unidade de Terapia Intensiva........................................ 31
5.2 Acesso do familiar ao paciente........................................................................ 35
5.3 Processo de trabalho....................................................................................... 37
5.4 Fatores que dificultam a comunicação do familiar com a equipe.....................39
5.5 Fatores que dificultam o acesso do familiar ao paciente................................. 42
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 45
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 47
APÊNDICES.......................................................................................................... 51
8
1 INTRODUÇÃO
A comunicação é uma das formas de se relacionar de um indivíduo para
outro, utilizada para se obter e passar informações, idéias e sentimentos. O
enfermeiro é o profissional que mais tempo passa com o paciente, por isso ele deve
aprimorar a comunicação e os processos comunicacionais ao longo de sua
formação (STEFANELLI; CARVALHO, 2005). Visando assim desenvolver esta
competência no intuito de se comunicar de forma efetiva com o paciente e sua
família, sanando as dúvidas encontradas por eles e proporcionando o entendimento
do processo saúde doença. Portanto a comunicação é um dos itens preconizados há
muitos anos na enfermagem, porém essa competência ainda deixa a desejar nas
relações entre o enfermeiro, a família e o paciente (STEFANELLI; CARVALHO,
2005).
A hospitalização interfere nos hábitos e rotinas do paciente, Alguns aspectos
desvalorizados no cotidiano ganham uma extrema importância diante a internação,
por limitar suas funções em quanto ser social.
O processo de hospitalização é agressivo e doloroso, além de inevitável e
inadiável. Os pacientes, de um modo geral, são surpreendidos pela doença
e pela hospitalização, tendo que deixar seus compromissos para serem
resolvidos, sua família sem assistência e, além disso, tem de “mudar-se”
para um ambiente estranho e impessoal, levando como bagagem a dor, o
medo e a incerteza (SEITZ, 2005,p.74).
O processo de hospitalização pode ser uma experiência dolorosa, tanto ao
paciente quanto a família, mas estes sentimentos são amenizados no momento que
o familiar tem acesso a unidade e aos cuidados prestados ao mesmo, bem como as
informações relacionadas ao seu estado de saúde.
Visando uma melhor assistência ao paciente e à família que estão
vivenciando o processo de hospitalização o qual pode resultar em estresse e
sofrimento, a comunicação é essencial. Para que esta seja efetiva é necessário que
o enfermeiro esteja capacitado a promover a interação enfermeiro-cliente-família,
sempre estabelecendo atitudes de sensibilidade e empatia entre todos, contribuindo
com a assistência humanizada.
9
Assistência humanizada ocorre quando, o cuidador compreende seus
próprios sentimentos, enfrenta suas dificuldades como pessoa e profissional que
cuida, promovendo uma relação maior com o paciente e um interesse pelo seu
sofrimento.
Ainda, nos serviços de saúde a comunicação é um instrumento fundamental,
estabelecendo vínculo entre a equipe, família e paciente, trata-se de uma
necessidade principalmente aos pacientes que se encontram em ambiente
hospitalar, devido estar em um local desconhecido e longe do convívio familiar. Esta
comunicação somente ocorrerá no momento que o acesso do familiar na unidade se
tornar mais flexível.
No que se trata de pacientes internados em unidade de terapia intensiva
esta distância se torna maior pelo acesso da família ser mais restrito nesta unidade.
Os pacientes em situação crítica apresentam necessidades de cuidados mais
criteriosos, principalmente os que possuem deficiência na comunicação, mesmo que
temporariamente, nestes casos a presença da família é essencial para aliviar a
ansiedade, o desconforto e a insegurança (INABA; SILVA; TELLES, 2005).
Ao proporcionar a comunicação efetiva com a família do paciente crítico, a
equipe deve disponibilizar de tempo e local adequados. A preocupação com os
aspectos administrativos do cuidado consome parte significativa das horas de
trabalho do enfermeiro, favorecendo o distanciando de suas metas (SIQUEIRA et al.,
2006, p.74). Como consequência disso, muitas vezes ocorre uma sobrecarga de
trabalho, dificultando que ocorra esta comunicação de forma efetiva, uma vez que “A
grande demanda, os procedimentos e a agilidade na assistência também podem
interferir
no
relacionamento
profissional–cliente,
contribuindo
para
uma
impessoalidade na relação e desencadeando ações pouco humanizadas.”
(SIQUEIRA et al., 2006, p.75).
A estrutura organizacional da UTI não prioriza as necessidades da família e
do paciente e sim as necessidades da própria equipe. Por serem poucas as UTIs
que dispõe deste local para a comunicação com familiares, de maior flexibilização do
acesso ou até mesmo o livre acesso da família aos pacientes críticos. Essas
necessidades não supridas estão ligadas a problemas emocionais para a família
como estresse, ansiedade, depressão e insatisfação quanto à assistência prestada
ao paciente (SOARES, 2007).
10
Outro dos fatores que dificultam esta comunicação é a falta de preparo da
equipe de enfermagem para relacionar-se com os familiares. A visão tecnicista do
cuidado segundo Martins et al (2008, p.1093) “favorece o distanciamento, a
indiferença, a incompreensão e a insensibilidade das relações humanas, conduzindo
ao predomínio de uma forma racional de cuidar.” Esta visão desfavorece a
comunicação como forma de cuidado ao paciente e a família que necessita de
atenção promovendo mais segurança e esclarecimentos em relação ao tratamento e
estado de saúde do paciente.
O diálogo entre equipe de enfermagem, familiar e paciente contribui num
relacionamento com mais confiança e facilita a obtenção de resultados com melhor
qualidade a assistência (SIQUEIRA et al., 2006). Assim como o diálogo é
fundamental prestar assistência de qualidade ao paciente, a presença do familiar
junto a ele durante a internação se torna um item essencial, pois ”O contato estreito
da família com o sujeito hospitalizado, além de benéfico a este, diminui o sentimento
de desamparo do familiar diante do sofrimento desse indivíduo.” (INABA et al Apud
NASCIMENTO; MARTINS, 2005, p.425).
Há necessidade de trabalhar a questão da comunicação com a família de
pacientes críticos. Porém a equipe de saúde poderá encontrar dificuldade ao
enfrentar a situação de saúde do paciente crítico, por receio de se envolver
emocionalmente com o paciente e sua família. De acordo com Siqueira et al (2006,
p. 75) “A ansiedade dos profissionais na rotina diária com o cliente grave e atitudes
impessoais utilizadas como mecanismos de defesa podem ser alguns dos fatores
interferentes na efetiva interação”.
A equipe de enfermagem acredita que a comunicação e o cuidado com os
familiares sejam uma habilidade e característica individual, cabendo a sua
responsabilidade a profissionais específicos como psicólogos e assistentes sociais,
contudo mesmo esses profissionais sendo de grande importância, essa é uma
responsabilidade de toda a equipe da unidade de terapia intensiva (SOARES, 2007).
O enfermeiro possui conhecimento adequado para orientar e explicar aos familiares
sobre o estado de saúde do paciente e acerca da necessidade dos aparelhos,
sondas entre outros fatores que preocupam e causam ansiedade aos familiares.
O profissional da saúde deve ter a consciência de que a cultura é um papel
significativo no modo de ser e de se comunicar de cada pessoa, através de crenças
e valores, sendo assim não deve levar em consideração apenas as suas
11
características culturais, mas também as do paciente. É importante que a equipe de
enfermagem utilize a sensibilidade e o conhecimento teórico juntos, tendo como
finalidade oferecer uma assistência de enfermagem planejada e estruturada, visando
à orientação aos familiares a respeito do que ocorre com o paciente e o estímulo da
expressão de seus sentimentos. (MARQUES; SILVA; MAIA, 2009).
Humanizar é uma medida que visa, sobretudo, tornar efetiva a assistência
ao indivíduo criticamente doente, considerando como um ser
biopsicossocioespiritual. Além de envolver o cuidado ao paciente, a
humanização estende-se a todos aqueles que estão envolvidos no processo
saúde-doença neste contexto, que são, além do paciente, a família, a
equipe multiprofissional e o ambiente (VILA; ROSSI, 2002, p.138).
A comunicação entre equipe de enfermagem, família e paciente contribui
para a assistência humanizada, ultrapassando o limite profissional-paciente para a
relação equipe paciente/família. Desse modo, a relação da equipe com a família
deve ocorrer desde o inicio da internação, dando a oportunidade a ele, de esclarecer
suas dúvidas e dialogar com a equipe de enfermagem. A família pode contribuir na
recuperação do paciente, é necessário ocorrer a orientação sobre as rotinas da UTI
e os acontecimentos com o seu familiar, necessitando sentir-se acolhida, respeitada
e cuidada (SILVEIRA et al., 2005).
Neste contexto, apresentamos a seguinte questão orientadora do estudo:
- O acesso dos familiares a UTI é uma forma de comunicação com as
equipes?
- Como está transcorrendo o acesso dos familiares a UTI?
Destarte, este estudo apresenta o entendimento de que o acesso da família
a UTI é uma forma de diálogo imprescindível entre equipe de enfermagem, família e
paciente, a qual visa satisfazer necessidades físicas, emocionais, espirituais e
sociais do paciente e de seus familiares. Desta forma irá potencializar o cuidado
prestado ao paciente critico.
Este estudo tem como objetivo analisar o acesso da família a UTI como uma
forma de comunicação com a equipe de saúde. Identificando como é disponibilizado
o acesso na unidade de terapia intensiva para família do paciente crítico e quais são
os fatores que dificultam a presença da família na unidade.
12
2 REVISÃO DE LITERATURA
A comunicação é uma forma de compreender e compartilhar mensagens
enviadas e recebidas, ocorrendo assim troca de informações. O processo de
comunicação acontecerá se existir alguém com uma curiosidade, necessidade de
transmitir ou saber algo que deve ser esclarecido, sendo dito a outra pessoa. Este é
o emissor o qual se sente estimulado a iniciar um contato interpessoal, refletindo em
como fazer e enviar a sua informação, idéia ou dúvida a fim de compartilhar com
outra pessoa, o receptor, por sua vez, reage à mensagem recebida apresentando
uma reação, considerada como sua resposta ao emissor. A resposta constitui em
novo estímulo a continuação desse processo que é dinâmico pelo fato de os papéis
do emissor e do receptor ser alternado (STEFANELLI; CARVALHO, 2005).
O processo de comunicação é constituído por elementos fundamentais
como o emissor, aquele emite a mensagem e o receptor que emite uma resposta,
após esse processo pode-se dizer que a comunicação realmente ocorreu. A
mensagem pode ser transmitida por meio das linguagens verbal, sendo esta falada
ou escrita, e a não-verbal, que é emitida pela linguagem corporal. As mensagens
são enviadas por meio de canais que são os órgãos dos sentidos, principalmente a
visão, audição e o tato, embora o olfato e o paladar também devam ser
considerados (STEFANELLI; CARVALHO, 2005).
A percepção constitui outro elemento no processo de comunicação utilizado
no inicio do intercâmbio da mensagem, auxiliando na identificação das ações do
outro indivíduo. Trata-se de como desenvolver o conhecimento e o pensamento a
respeito de outra pessoa, levando em consideração suas características e
comportamento. Diante da percepção dos estímulos que recebemos, dando enfoque
a um ou alguns deles, formamos alguma impressão ou imagem (STEFANELLI;
CARVALHO, 2005).
O enfermeiro deve ter a compreensão desse processo para usar a
comunicação de forma efetiva. É preciso desenvolver essa habilidade de
comunicação e percepção visando o entendimento da mensagem passada a família.
Ter a sensibilidade de perceber se houve o entendimento da mensagem enviada
através da reação apresentada, evitando assim ser recebida de forma distorcida. Por
isso ressalta-se a importância do enfermeiro ter um bom relacionamento com a
13
família e o paciente, necessitando saber usar a comunicação proporcionada quando
o familiar tem acesso à unidade.
A equipe de enfermagem deve disponibilizar da comunicação com a família
e paciente de forma clara e objetiva, pois termos técnicos muitas vezes são
desconhecidos, deste modo a informação passa a ser ineficiente. Deve-se entender
a realidade em que o paciente e sua família estão inseridos.
A cultura tem um papel importante no modo de ser das pessoas, e o modo
como cada uma se comunica com a outra traz, em sua essência a influência
de suas crenças e valores. O enfermeiro deve ter consciência desse fato e
levar em consideração não só suas características culturais, mas também
as do paciente (STEFANELLI; CARVALHO, 2005, p. 36).
O ambiente também é um elemento do processo de comunicação,
exercendo forte influência na sua efetividade, já que pode influenciar de forma
positiva ou negativa a compreensão da mensagem transmitida. Conforme Stefanelli;
Carvalho (2005, p. 34):
Ao considerarmos que cada ato comunicativo é único e não passível de
repetição, o ambiente no qual nos comunicamos com o paciente deve ser o
que propicia as melhores condições possíveis dentro de cada realidade
vivida, tentando manter a segurança, o conforto e a privacidade do paciente.
Algumas vezes a assistência de enfermagem em UTI parece não implicar
numa relação de troca, devido a imobilidade ou falta de diálogo do paciente
normalmente causado pelo seu estado débil. Devido a este fato muitos acreditam
que a profissão de enfermagem, trata-se de uma robotização/mecanização de ações
e práticas. Para Pinto; Santos (2008, p.67).
O cuidado de enfermagem prestado nas unidades de terapia intensiva, de
certa forma, é paradoxal. Em algumas situações, é preciso provocar dor,
para que se possa recuperar e manter a vida. Em outras, não se pode falar,
apenas cuidar de uma pessoa que não dá sinais de estar sendo percebida
como pessoa.
Sabe-se que a UTI é considerado um ambiente hostil que pode prejudicar
esse processo, por passar ansiedade ao paciente e sua família. É um local diferente
do seu convívio familiar, com pessoas estranhas que muitas vezes não conseguem
reconhecer suas necessidades. Por isso é importante receber a família neste setor e
facilitar seu acesso, demonstrando que sua presença neste local também contribui
14
no cuidado ao paciente. “Mesmo com toda a monitoração tecnológica existente,
entende-se que isso não exclui a importância do contato humano no cuidado”
(OLIVEIRA; CASARIL, 2008, p. 07).
A necessidade de internar um familiar em uma Unidade de Tratamento
Intensivo (UTI) tanto pode provocar sentimentos de esperança, alívio,
conforto, como de temor e insegurança, dentre outros (SILVEIRA et al.,
2005 p. 126).
Assim como Silveira et al (2005), temos o conhecimento de quanto é
fundamental o compromisso emocional dos profissionais, em um processo de
internação com aqueles que necessitam de ajuda, deve ser reconhecido e
considerado relevantes suas manifestações de sofrimento, medo, angústia,
desespero, entre outros sentimentos.
A família tem necessidades específicas, que devem ser entendidas pela
equipe, pois estes se sentem impotentes perante o paciente enfermo, têm dúvidas
quanto à conduta terapêutica, e o enfermeiro perante essa situação deve usar de
uma comunicação adequada tentando tranqüilizá-la. O enfermeiro deve estar atento
para não apresentar algumas atitudes que podem interferir na qualidade da
comunicação. Uma delas é a superioridade, transmitindo a família que a equipe da
UTI é mais inteligente e mais competente para saber o que é melhor, por estar numa
posição de poder. Isso acarreta a não participação da família na conduta de cuidado
ao paciente (ATKINSON; MURRAY, 1989).
A rigidez extrema é uma atitude que demonstra grau excessivo de
autoritarismo e precisão na adesão da rotina hospitalar. Na UTI os horários e rotinas
são muito rígidos, dificultando a presença da família, os profissionais de saúde
geralmente são inflexíveis quanto ao horário de visitas, não permitindo o acesso de
familiares, estes por vários motivos não conseguem estar presentes no momento
pré-determinado pela organização do setor.
Planejar, implementar e avaliar ações de enfermagem que contemplem a
humanização, necessita de um observador hábil, capaz de identificar o que esta
ocorrendo com os familiares e pacientes internados na UTI, através da comunicação
a partir do acesso flexibilizado dos familiares a esta unidade. Pois segundo Silveira
et al (2005, p.126-127):
15
A família, inicialmente e de modo freqüente, encontra-se fragilizada e
angustiada frente à possibilidade da morte, dificultando ainda mais o
enfrentamento desta situação pela enfermagem.
O trabalho não deve se tornar mecanizado e desumano, os profissionais
devem estar instrumentalizados a lidar as situações do cotidiano, recebendo auxílio
psicológico e aprendendo a administrar sentimentos vivenciados na prática
assistencial. É fundamental o enfermeiro, estar atento quanto a assistência prestada
ao paciente e familiar, buscando interpretar os sinais expressados pelos mesmos,
visando sempre a comunicação, isso promoverá cada vez mais a assistência
humanizada.
Só é possível humanizar UTIs partindo da nossa própria humanização. Os
enfermeiros (os profissionais de enfermagem e de saúde, de uma maneira
geral) não podem humanizar o atendimento do paciente crítico antes de
aprender a ser mais “inteiro”/integro com sigo mesmo. Não podem “deixar”
parte de si em casa e assumir comportamentos diferentes que o tensionem
por não poder ser ele mesmo (CINTRA; NISHIDE; NUNES, 2008, p.4).
A enfermeira deve demonstrar atenção com a família do paciente, pois a
desatenção pode fazê-la esquecer informações fundamentais sobre a saúde do
paciente. Esse tipo de comportamento transmite ao familiar a existência de outras
coisas mais importantes na mente do profissional (ATKINSON; MURRAY, 1989).
Outra atitude que prejudica o processo de comunicação acontece quando se
criam estereótipos sobre determinado grupo de pacientes, segundo Atkinson; Murray
(1989, p. 60) “A estereotipagem estabelece expectativas de que todos os membros
de um grupo hajam de uma certa forma.” Este comportamento pode ocorrer quando
pacientes que tenham o mesmo tipo de doença, são tratados de uma forma
semelhante, sem levar em consideração suas dúvidas e temores, pois o paciente e
sua família devem ser vistos como indivíduos únicos, com características que as
diferenciam dos outros.
Na UTI a atenção ao paciente é mais minuciosa, pois requer mais cuidados,
devido ao estado em que geralmente os pacientes se encontram. É necessário
salientar que são inúmeras às vezes em que a sobrecarga de trabalho influência na
assistência prestada pela equipe de enfermagem ao paciente e familiar. Segundo
Dezorzi; Camponogara; Vieira (2002), estes fatores merecem uma profunda
reflexão, pois apesar de reais, pode estar ocorrendo dificuldade ou despreparo da
16
equipe de saúde para trabalhar juntamente com a família, o que acaba gerando
certo distanciamento entre os profissionais e a família.
Para Oliveira et al Apud Silva (2006, p. 106), um dos fatores que atrapalham
o desenvolvimento da assistência é o fato de que:
A equipe de enfermagem, geralmente, estar vinculada a mais de um
emprego, dobras de plantões, horas extras, sobrecarga de trabalho sem
descanso, resultando em fadiga, tensão e irritação. Devido ao esforço físico
diário, repetições de tarefas, e a necessidade do trabalho ser realizado em
pé, os trabalhadores sofrem com o desgaste físico.
A equipe de saúde também apresenta sentimentos como dúvidas, angústias
e anseios. Quando um paciente é admitido numa UTI, representa um desafio quer
seja no seu diagnóstico ou na terapêutica o que acaba muitas vezes por prejudicar a
comunicação e o relacionamento com a família, mesmo quando a comunicação
ocorre, esta pode não esclarecer as reais dúvidas do familiar como consequência
gera a dificuldade no relacionamento (GUIMARÃES; FALCÃO; ORLANDO, 2008).
Cabe ao enfermeiro dentro da equipe de saúde reconhecer que essas
atitudes dificultam o processo de comunicação com a família e não contribuem ao
cuidado humanizado. Outro fato a ser considerado se deve a importância da
presença familiar neste setor na contribuição para o tratamento do paciente crítico,
de acordo com Oliveira e Casaril Apud Inaba (2008, p.8) “além de dar apoio ao
paciente, a família pode oferecer informações necessárias, pois conhecem os
gostos, expressões e manias do paciente”. Estimular a presença familiar na unidade
de terapia intensiva além de contribuir na assistência ao paciente torna o cuidado
mais humanizado. Segundo a observação de Silveira et al (2005, p.127) levar a
acreditar:
Na importância da manutenção, sempre que possível, da relação entre
paciente e família, a qual tem um significado infinitamente maior para a sua
recuperação, do que a possível relação estabelecida por ele com qualquer
profissional da equipe.
Visando possibilitar a contribuição da família na recuperação do paciente
internado na UTI, a equipe de enfermagem deve recebê-la orientando-a sobre as
rotinas da unidade e sobre os acontecimentos com o seu familiar. Muitas vezes a
simples presença do enfermeiro junto ao familiar internado é capaz de transmitir
mais segurança ao paciente e familiar. O ambiente na UTI favorece a forma racional
17
de cuidar, o profissional de saúde deve segundo a opinião de familiares ter
características de cuidador, transmitindo sentimentos que demonstrem empatia nas
suas ações tanto com o paciente, quanto com a família. Pois estes esperam atitudes
que não demonstrem apenas obrigação de cuidar (MARTINS et al., 2008).
Ao prestar atendimento que atinja as expectativas do familiar a equipe deve
ter a capacidade de compreender que o processo de doença do paciente
desestrutura a família, segundo Martins et al (2008, p. 1093):
A família se percebe doente, pela desestruturação holística, causada pela
vivência do risco iminente da perda, a sensação de impotência diante da
doença, o sentimento de culpa, a impossibilidade de manter suas tarefas
diárias e tantas outras modificações que a doença e a hospitalização
acarretam no seu cotidiano.
A equipe deve ser capaz de proporcionar um acolhimento à família, nesse
momento difícil incluindo-a no cuidado, compreendendo que isso trará benefícios a
saúde do paciente. A flexibilização do acesso a UTI ainda é um fator que deve ser
implementado e considerado pela equipe como essencial, visando facilitar esse
processo de inserção da família. “A visita de familiares a esses pacientes surge,
então, como uma conduta para minimizar o problema, e conseqüentemente, à sua
proibição pode se constituir em um fator de estresse.” (SILVA; CONTRIN, 2007,
p.149).
Uma das ações da enfermeira que contribui para o entendimento da família
acerca do processo de saúde do paciente, e visa diminuir a ansiedade é orientá-la
quanto à maneira de se comunicar quando o paciente está sedado ou inconsciente.
Concordamos com Silva; Contrin (2007, p.150):
A enfermeira pode ensinar a família que a comunicação com o paciente
sedado ocorre por meio da verbalização, do toque, da atenção e das
brincadeiras, e sob a perspectiva do paciente, por meio da escrita
(pacientes com sedação superficial) e de expressões faciais e corporais,
entretanto, na maioria das vezes não há manifestação por parte do
paciente, a não ser pelo silêncio verbal e corporal.
Visando este acontecimento, primeiramente a equipe deve reconhecer a
importância da comunicação com esses pacientes, estabelecendo assim uma troca
com o mesmo, deixando-o mais calmo (SILVA; CONTRIN, 2007).
O paciente que não consegue se comunicar apresenta uma necessidade de
cuidados mais elevada. Os sentimentos como a ansiedade, o desconforto e a
18
insegurança podem ser aumentados para aqueles que se encontram em situação de
capacidade de comunicação limitada. Entende-se que a presença do núcleo familiar
em que o paciente vive não pode ser negada nesse momento de dificuldade, pois irá
contribuir na diminuição dos sentimentos acima citados (INABA; SILVA ; TELLES,
2005). Verificamos, portanto que o acesso da família a UTI acarreta benefícios para
o bem estar do paciente, por isso deve ser priorizada.
A assistência de enfermagem ocorrerá de modo eficaz se o profissional da
saúde compreender o sentimento do paciente em relação a sua enfermidade.
A enfermidade vivenciada por uma pessoa não afeta apenas o seu físico,
mas afeta inclusive a sua própria identidade. A doença que a acomete lhe
causa um sofrimento que também atinge uma dimensão psicossocial. Por
sermos seres humanos, não deixamos de sentir, de ficar preocupados com
o que aceitamos ou não, com o que é culturalmente ou socialmente aceito,
quando estamos doentes (PINTO; SANTOS, 2008; p.68).
Aproximar o familiar do paciente reforça seus laços afetivos, de forma que
minimizar o sofrimento mental e físico, em alguns momentos da internação, atuando
no seu tratamento de maneira que o torne mais eficaz, traz mais apoio e estímulo ao
paciente quanto ao enfrentamento da doença (PINTO; SANTOS, 2008).
O desejo de estar próximo ao familiar enfermo é significativo a família que
acredita em ajudar na sua recuperação, desse modo o familiar solicita outra forma
de acompanhamento que nem sempre é valorizado pelos profissionais da UTI. A
estrutura física, a organização, e o modo de agir da equipe desse setor, não
contribuem na inclusão da família como foco de atenção e de cuidado (URIZZI;
CORRÊA, 2007). Sabe-se que tal fato traz sofrimento tanto para o paciente
internado quanto a sua família que se sente impotente ao ser excluída do cuidado.
O enfermeiro deve ter a sensibilidade de compreender que a família não
espera somente receber informações sobre o estado de saúde, e o tratamento ao
qual o paciente é submetido. A família tem a necessidade de ser acolhida, e sentir
que seu sofrimento é levado em consideração, ser confortada e ouvida. Cada família
tem uma necessidade em especial e espera que a equipe entenda e tenha interesse
em saber o que ela precisa (URIZZI ; CORRÊA, 2007). Para suprir as necessidades
da família, ter acesso ao paciente se torna fundamental, pois somente dessa
maneira ocorrerá uma comunicação eficiente e acolhedora.
19
Outro fator que se apresenta como dificuldade para a família ter uma
comunicação adequada com a equipe é segundo Maruiti; Galdeano (2006, p.40) a
dificuldade “em ter acesso a quem detém as informações, e que o ideal seria existir
uma pessoa devidamente treinada, que soubesse de cada caso, para transmitir as
informações necessárias”.
É
importante
que
o
enfermeiro
esteja
pronto
a
estabelecer
um
relacionamento de empatia e confiança com os familiares, fazendo com que sintamse motivados a apresentar sua dúvidas (MAURITI; GALDEANO, 2006). Em relação
a empatia Inaba; Silva; Telles (2005, p. 427) citam que “a própria capacidade de
afeto empático, de colocar-se no lugar de outra pessoa, leva as pessoas a seguir
certos princípios morais como a justiça e a verdade”. Portanto a empatia facilita o
processo de comunicação, pois proporciona ao enfermeiro compreender as
necessidades da família de saber o que realmente está acontecendo com o
paciente, estar mais próximo e também atendê-lo de forma mais humanizada.
O respeito direcionado ao paciente e seu familiar como indivíduos de valores
e dignidades trata-se do respeito mútuo, que se incluem nas características do
relacionamento assistencial, estes é direcionado ao profissional de enfermagem,
visando uma assistência qualificada. Tanto a empatia quanto o respeito mútuo,
contribuem para relacionamento assistencial onde a confiança trata-se de um
elemento básico (DU GAS, 2008).
O enfermeiro deve estar atento quanto à expressão não verbal, através da
linguagem corporal que são as expressões faciais, sendo a forma mais comum de
uma pessoa transmitir seus sentimentos, por meio dessa uma linguagem universal.
O profissional de saúde pode obter informações dos sentimentos do pessoa naquele
momento. A postura corporal também deve ser observada, pois se mostra como
uma forma de revelar o que o indivíduo esta sentindo. A aparência pessoal é outro
ponto que transmite um significado, geralmente indicando seu bem-estar, assim
como o seu tom de voz. A enfermeira deve prestar atenção nos gestos que podem
indicar tensão ou desejo de evitar a comunicação a cerca de um assunto. A
comunicação não verbal se aplica tanto ao paciente quanto as ações realizadas pela
enfermeira (DU GAS, 2008).
Devido a permanência em uma UTI, os familiares ficam receosos quanto ao
estado de saúde de seu familiar, geralmente o paciente apresenta um risco maior
20
dos que estão internados em outras unidades. Segundo Guimarães; Falcão; Orlando
(2008, p.1709):
A solidão e a impossibilidade de comunicação podem ser, para a família,
fatores que ocasionem um luto antecipado, e por isso precisão ser
pensados no processo de morrer de cada ser humano. Neste momento, a
fala responsável, cautelosa e comedida do profissional de saúde pode
quebrar este paradigma de luto antecipado, demonstrado pela grande
relação feita pela família entre internação na UTI e morte iminente.
A família não deve ser vista apenas como visitante, porque auxilia no
tratamento, proporcionando ao paciente um maior bem estar, mas também necessita
ser cuidada e confortada.
21
3 METODOLOGIA
O percurso metodológico desenvolveu-se tendo em vista o objetivo de
analisar o acesso da família a UTI como uma forma de comunicação com a equipe
de saúde.
3.1 Tipo de Estudo
Este estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa, de análise temática.
3.2 Cenário de estudo
O cenário do estudo compreendeu todas as UTI’s dos hospitais
pertencentes às cidades integrantes da 10ª Coordenadoria Regional de Saúde do
Rio Grande do Sul – 10ª CRS/RS, responsável pelas UTI’s na área de abrangência
do estudo, situada na cidade de Alegrete-RS e que contemplassem os critérios de
inclusão das instituições. A mesma tem como abrangência as cidades de Alegrete,
Barra do Quaraí, Itaqui, Maçambará, Manoel Viana, Quaraí, Rosário do Sul, Santa
Margarida do Sul, Santana do Livramento, São Gabriel e Uruguaiana.
3.3 Sujeitos do Estudo
Foram integrantes do estudo um Enfermeiro de cada turno com atuação em
Unidades de Terapia Intensiva (UTI) de hospitais das cidades que compreendem a
10° Coordenadoria Regional de Saúde do Rio Grande do Sul - 10ª CRS/RS que
aceitaram participar do estudo, contemplando a totalidade de dezenove enfermeiros
entrevistados.
3.4 Seleção das instituições
Dentre estas cidades integrantes à 10ª CRS-RS, compreenderam como
cenários do estudo, as cidades de: Alegrete com o hospital Irmandade Santa Casa
de Caridade, Rosário do Sul com o Hospital de Caridade Nossa senhora Auxiliadora,
22
São Gabriel com o Hospital Irmandade Santa Casa de São Gabriel, Uruguaiana com
o Hospital Santa Casa de Caridade de Uruguaiana, Santana do Livramento com o
Centro Hospitalar Santanense Ltda, considerando que estas instituições possuem
UTI’s adulto. Assim, temos o total de cinco instituições integrantes do estudo. O
Hospital Santa Casa de Misericórdia foi descartado do estudo pelo fato de encontrarse com a UTI interditada temporariamente.
Outro fator considerado é a identificação de duas UTI’s adulto, nas cidades
de Itaqui e Quaraí. No entanto, não há um registro oficial das mesmas junto à 10ª
CRS-RS e, desse modo, não incluímos as mesmas no estudo.
3.5 Critérios de inclusão no estudo
O presente estudo obedeceu aos seguintes critérios de seleção:
3.5.1. Da unidade de terapia intensiva
- Pertencentes à área de abrangência da 10ª CRS-RS;
- Tratar de UTI exclusivamente para pacientes adultos.
3.5.2. Do sujeito
- Enfermeiros que atuam em UTI adulto.
3.6 Trabalho de Campo
O trabalho de campo ocorreu mediante a realização de entrevista gravada, a
qual desenvolveu-se a partir de um questionário contendo cinco questões
(APÊNDICE II), onde o sujeito entrevistado discorreu sobre a sua atuação no que
trata da temática: Acesso do familiar ao serviço de Terapia Intensiva. O questionário
foi previamente testado e contemplou, também, a caracterização dos sujeitos, da
sua formação e do seu vínculo empregatício. A coleta dos mesmos foi realizada por
três alunas do oitavo semestre do curso de Enfermagem, da Universidade Federal
do Pampa – UNIPAMPA, sob orientação do coordenador do estudo.
23
O agendamento das entrevistas realizou-se por via telefônica. Neste
momento explicamos o objetivo do estudo e a forma de coleta de dados (entrevista
semi-estruturada gravada) na qual obtivemos uma aceitação prévia da participação
do sujeito no estudo. O período de coleta dos dados compreendeu no mês de
novembro de 2010 e o deslocamento até as UTIs dos municípios integrantes da 10ª
CRS-RS ocorreu por meio do transporte intermunicipal.
Após o agendamento, no momento da entrevista, foi apresentado o Termo
de consentimento livre e esclarecido do participante (APÊNDICE I), onde o mesmo
foi explicado ao sujeito da pesquisa no momento anterior a aplicação da entrevista e,
após ser aceito, solicitou-se a assinatura consentindo a sua participação na
pesquisa. Foram fornecidas duas cópias, onde uma ficou sob custódia do
entrevistador outra sob custódia do sujeito participante.
3.7 Instrumento de pesquisa
A obtenção dos dados ocorreu por meio de um questionário composto por
duas partes: a primeira parte teve como o objetivo de conhecer os sujeitos da
pesquisa, a sua formação e o seu vínculo empregatício, servindo de caracterização
dos sujeitos entrevistados. A segunda parte composta do protocolo de questões
propriamente dito, o qual está composto por cinco questões abertas, onde o sujeito
entrevistado pode discorrer sobre o Acesso do familiar ao serviço de Terapia
Intensiva.
Como forma de averiguação e validação do questionário de pesquisa,
realizou-se um estudo-piloto, o qual se aplicou em uma Unidade de Terapia
Intensiva, dentre as selecionadas integrantes da 10ª CRS/RS.
3.8 Procedimentos Éticos
Visando aos aspectos éticos da pesquisa e em respeito à Resolução no.
196/96 do Conselho Nacional de Saúde, o projeto foi encaminhado para o Comitê de
Ética em Pesquisa na Área da Saúde da Universidade Federal do Pampa –
UNIPAMPA, e aprovado de acordo com o parecer n° 027 2010.
24
Solicitamos à 10ª CRS/RS a autorização para o desenvolvimento do estudo
nas Unidades de Terapia Intensiva que se encontram na sua área de abrangência.
E, foi encaminhado aos diretores dos Hospitais que estão na área de abrangência
da 10ª CRS/RS a autorização emitida pela mesma, bem como uma solicitação de
autorização própria de cada Hospital.
No
que
tange
os
sujeitos
participantes
utilizou-se
um
termo
de
consentimento livre e esclarecido, no qual lhes foi apresentado as orientações
pertinentes sobre o estudo, garantindo-lhes o direito de se retirar do estudo em
qualquer momento que assim desejassem.
3.9 Análise dos dados
A análise dos dados referentes à primeira parte do instrumento de coleta de
dados (caracterização dos sujeitos, formação e vínculo empregatício) foi realizada
por meio de estatística descritiva. E, a segunda parte do instrumento, contendo o
protocolo com as questões de pesquisa e com os dados obtidos no trabalho de
campo, foi analisada de acordo com a análise qualitativa temática (MINAYO, 1993).
Primeiramente os dados foram disponibilizados no formato de texto
transcrito e organizado no formato de arquivos de texto. E desse modo, destacados
e preparados a fim de compor um sistema de relações a partir da categoria principal:
acesso do familiar a UTI. As categorias qualitativas principais foram visualizadas por
meio do predomínio de seus significados. Os dados relativos ao acesso dos
familiares na UTI foram analisados por agrupamento das categorias mais
freqüentes, de acordo com as falas.
Na apresentação dos resultados, as falas dos sujeitos do estudo foram
identificadas por meio de um código referente a categoria profissional (ENF – para
Enfermeiros) e o número da entrevista correspondente no banco de dados.
25
4 RESULTADOS
A análise dos resultados e a discussão serão apresentadas seguindo a
conformação do trabalho na Unidade de Terapia Intensiva com um olhar específico
na dinâmica do acesso e da comunicação que se desenvolve com os familiares na
UTI visando atingir os objetivos propostos, ou seja, a análise seguirá as ações e
finalidades desenvolvidas na dinâmica abordada, bem como seus facilitadores e
dificultadores, além da participação da família nos cuidados ao paciente em situação
crítica de vida. Nesta conformação, os enfermeiros referem como um instrumento o
diálogo.
Deste modo, a pesquisa qualitativa nos possibilitou compreender que o
acesso e a comunicação dos enfermeiros com os familiares dos pacientes
internados
na
UTI
encontram-se
centrado
na
rotina
da
unidade,
que
contextualizados ao trabalho direta ou indiretamente constituem o processo
comunicacional. Essa constituição remete ao aparato instrumental utilizado pelos
enfermeiros para o acesso dos familiares de pacientes em situação crítica de vida a
UTI.
4.1 O acesso dos familiares a Unidade de Terapia Intensiva
Os enfermeiros ao discorrem acerca de como ocorre o acesso dos familiares
na UTI, referem-no por meio das rotinas estabelecidas na UTI. E, ao relatar à rotina
eles se referem às visitas, utilizando expressões como o horário de visitas, o número
de familiares que podem comparecer na visita, as medidas de precauções como a
higienização das mãos, e o tempo de permanência permitido dentro da UTI.
Na dinâmica utilizada na rotina, eles referiram o diálogo que desenvolvem
com os familiares. Foi possível verificar que a centralidade do diálogo deles com os
familiares encontram-se nas informações prestadas aos familiares durante a rotina
de visita na unidade, sendo estas: a informação dos horários de visitação ao familiarpaciente e as orientações sobre o estado de saúde do mesmo. Isso é possível
verificar nos exemplos de falas a seguir:
26
ENF 03: O primeiro contato que a gente tem com o familiar na UTI, é quando o paciente
chega a UTI, ele sempre chega com um familiar, ai a gente coloca os, a gente passa para
eles os horários. Primeiro é atendido o paciente, a gente pede para ele aguardar ali na sala
de espera, ai depois que o paciente for atendido o médico ou a enfermeira vem e conversa
com ele, coloca o quadro do paciente, quase sempre é o médico, a gente prefere que seja o
médico que já coloca o quadro do paciente, e nós a parte de enfermagem orientamos o
horário da visita que são dois horários, que é de manhã e de tarde, ai tem o horário tem lá
na guarda onde fica a recepção, e tem na ali na sala de espera, na porta da UTI também
tem os horários de visita, antes era um horário só e ai eles pediram para que fossem dois
horários, e aí de manhã e de tarde, para mais acesso aos pacientes, eles até pedem já
pediram, assim solicitaram que tivesse um horário à noite, porque é um horário comercial.
Então é das nove, das dez as dez e trinta e das cinco as cinco e trinta, então daí eles, é
horário de trabalho, então é difícil assim todos os dias sair do trabalho para ver o paciente, o
familiar que está ali, eles pediram que fosse o horário à noite, que eu até acho bom, mas a
gente ainda não fez um processo novo de, até a gente pensou de deixar a noite, porque a
noite é assim horário que pode sair mais.
4.2 Como ocorre o acesso dos familiares ao paciente
Ao instituirmos o questionamento acerca de como ocorre o acesso dos
familiares, buscamos contextualizar a prática que está sendo utilizada para o seu
desenvolvimento. Deste modo, a centralidade das respostas dos enfermeiros acerca
do acesso do familiar ao paciente apresentou-se na rotina diária da UTI. Essa
identificação foi possível quando os mesmos referem ações que constituem a rotina
da UTI como mecanismos do acesso da família ao paciente e, para isso se referem
aos horários e ao tempo de duração das visitas, ao número de familiares permitidos
para visitar o paciente e as medidas de precaução como a lavagem das mãos.
Uma das enfermeiras entrevistadas referiu que a rotina diária abarca ações
excepcionais no que trata do acesso dos familiares a UTI, exemplifica referindo o
acesso de familiares oriundos de outras cidades em horários fora dos específicos.
Os enfermeiros além de citarem as rotinas relatam sobre a comunicação que
se desencadeia com os familiares, podendo ser verbal, por meio telefônico ou
escrito através de boletim informativo. Estas informações transmitidas aos familiares
estão relacionadas ao estado de saúde do paciente, e as rotinas do setor.
No entanto, entre os enfermeiros uma refere que se utiliza da comunicação
para estimular o contato verbal e o toque entre os familiares e pacientes. Conforme
as seguintes falas:
ENF 3: Através dos horários de visita, que são esses dois horários, mas que também, por
contato telefônico, a gente pega, fica com o telefone deles, qualquer alteração muito grave
com o paciente, que a gente tenha que ligar uma solicitação de um exame a gente entra em
27
contato com o familiar, e eles também ligam pedem informação, mas a informação é através
do boletim informativo, só da UTI que também sai em dois horários que é das 8 da manhã e
as noites 8 horas da noite, que é esses dois horários o boletim informativo dos pacientes da
UTI.
Uma das enfermeiras entrevistadas ao discorrer sobre o acesso dos
familiares na unidade de terapia intensiva ressaltou os bastidores da rotina diária,
referindo que a mesma permite que a visita ocorra em horários alternativos, em
momentos em que os médicos intensivistas não estão presentes na unidade.
Conforme a seguinte fala:
ENF 16: Escondido, por que tem médicos que não deixam então enquanto eles estão na
janta, no horário de refeição deles eu deixo passar, é um acesso bem rápido, mas acho que
é o cuidado humanizado, não sei se um dia vai ser eu que vou estar ali, depende também
se a UTI esta calma, é claro que se tiver paciente muito critico, movimento, internou um
paciente, tem pacientes que a gente fica quatro horas em cima até estabilizar, eu não deixo,
é um dia que eu não tenho como deixar vocês passar, mas se da, eu sempre dou um
jeitinho deixo o familiar ver o paciente.
4.3 A participação da família no cuidado
Os enfermeiros que discorrem acerca da participação da família nas
atividades de cuidado na UTI relatam a ocorrência perante a inserção dos mesmos
em pequenos procedimentos ou pelo suporte emocional. Dos enfermeiros
entrevistados apenas um não refere que a participação da família nos cuidados
relativos ao seu processo de trabalho.
Ao relatarem a participação dos familiares no processo de trabalho da UTI
discorrem-no através da participação nas ações realizadas na unidade, e
consideram a presença do familiar junto ao paciente e o auxílio em algumas
atividades, mesmo que restritas, como, por exemplo, na alimentação.
O suporte emocional também é referido por eles e constitui-se num fator
facilitador do seu processo de trabalho, o que eles justificam pela possibilidade de
tornar o paciente mais cooperativo aos procedimentos.
ENF 10: A gente orienta, porque eles entram, paciente está sedado, na ventilação
mecânica, eles ficam meio com medo até de chega perto, a gente pede que eles
conversem, como se o paciente estivesse escutando, quem sabe ele vai está escutando
mesmo, a gente pede que converse, toque, pode conversa com o familiar, a gente pede
sempre que eles conversem, que eles tentem interagir o máximo possível.
28
Uma das enfermeiras ao discorrer sobre a participação do familiar no
processo de trabalho ressaltou a importância do cuidado ao se comunicar com o
familiar do paciente internado, respeitando seus sentimentos.
ENF 16: Sim, até por que você tem que ser um pouco psicólogo, por que na verdade os
médicos as vezes dão o diagnostico do paciente, mas o familiar não esta preparado, você
tem que ter um pouco de cuidado com a maneira de falar, eles perguntam muito para nós se
o paciente vai sair deste quadro ou não vai, então tu tem a maneira de chagar neste
familiar, tu não vai chegar totalmente agressiva e dizer “não tem nada para fazer”, então é
aquela história nada é impossível, vamos rezar, quem sabe ele sai dessa, este é o cuidado
que você ter com o familiar, e entender que é um sentimento que ele esta naquele momento
de angustia que é natural, do familiar ficar, pois é uma pessoa tua que esta ali internada
correndo risco de vida.
Em relação ao enfermeiro que não considera o familiar participante das
atividades na UTI, a sua fala remete apenas a troca de informações e orientações
com os familiares acerca das rotinas do setor e estado de saúde do paciente. Como
podemos verificar a seguinte fala:
ENF 09: Na UTI não. Se é o que eu entendi, na UTI, o familiar chega ele olha o paciente,
ele conversa, ele não faz nada com o paciente, com o familiar dele ele só fica junto, se tem
alguma coisa para perguntar que seja ao alcance da enfermagem, alguma coisa mínima
porque os guris são orientados a não darem informações. Então eles perguntam, eles não
tem acesso a prontuário, nem exames e nem a informações com o médico plantonista, só
com o médico assistente que é o médico que o paciente interna. Então interno com paciente
neurologista e hoje está aqui o intensivista de plantão, ele não dá informações, por motivo
de não atrapalhar a nossa rotina. Mas fora daqui, então quer dizer está dando alta, a gente
orienta alguns cuidados no quarto, mas aqui dentro ele não participa de nenhum cuidado
com paciente, fora a gente orienta, ele está com a imunidade baixa e não é muito bom ter
no quarto muitas visitas, principalmente com pessoas doentes.
4.4 Os dificultadores da comunicação entre os familiares e a equipe
Quanto aos fatores que dificultam a comunicação dos enfermeiros com os
familiares do pacientes internados na UTI, foi possível verificar que as dificuldades
encontram-se relacionados à rotina diária da UTI, a especificidades dos familiares,
ou mesmo, ambos os fatores. Também há um enfermeiro que referem não visualizar
fatores que dificultam na comunicação com os familiares dos pacientes.
A referência feita à rotina diária da unidade constitui-se no tempo de visita
permitido aos familiares e no acesso ao médico para obtenção de informações
relacionadas ao estado de saúde do paciente-familiar, bem como no o estresse
29
gerado pelos familiares devido à falta de informação quanto ao estado do seu
familiar. Conforme a seguinte fala:
ENF 01: Basicamente é pelo espaço curto de visita, que é meia hora só, e geralmente o
médico, conosco ali eles estão sempre falando, mas o médico fala com eles sempre na
última visita, depois das cinco e meia o médico chama um familiar de cada paciente e passa
todo processo de cuidado para ele.
Outros fatores inerentes aos familiares são constituídos pelo número de
familiares que o paciente possui e da falta deles na cidade sede da UTI, ou seja, o
dificultador é distância demográfica existente entre os familiares e os pacientes.
ENF 12: Isso é uma coisa que a gente tem bastante uma dificuldade do familiar entender
nosso papel de cuidador e o deles de acompanhante, nós vivemos em uma cidade de
interior, então o nosso familiar acha que ele pode chegar dizer como tem que ser as coisas,
então a gente bate muito de frente com isto, temos muitas divergências em relação a isso o
familiar entra aqui, tu deixa o paciente de um jeito ele diz que não, que não pode ficar
daquele jeito, a gente tem que ter bastante jogo de cintura, explicar o porque sempre
procura embasar o porque daquela maneira, por que está sendo feito daquela maneira,
acho que nada melhor do que a gente ter embasamento para justificar que agente faz,
então sempre procuramos fazer isso, existe sempre familiares que são bem resistentes aos
nossos cuidados, em entender o que a gente faz.
Quando os enfermeiros discorrem sobre as dificuldades expressas pelas
especificidades dos familiares eles referem o nível de conhecimento do familiar em
relação às orientações e ao estado de saúde do paciente, bem como a falta de
compreensão dos mesmos em relação às rotinas diárias da UTI e a dificuldade de
contatá-los. Da mesma forma, porém em sentido oposto, as exigências feitas pela
família
ou
pelos
próprios
pacientes
ou
a
falta
de
responsabilidade
e
comprometimento dos familiares com o paciente constituem-se em modos
dificultadores da comunicação.
Outro fator importante é o estado emocional dos familiares e a resistência de
alguns em relação aos cuidados de enfermagem, o que provoca divergências entre
a equipe e a família, produzindo uma comunicação conflituosa. Também referem
que a condição socioeconômica de alguns pacientes dificultam o diálogo e, assim
exemplificam citando os indigentes.
ENF 17: A ansiedade do familiar, que a gente explica, explica e de tanta ansiedade ele não
entende, e também a complexidade do trabalho que a equipe realiza que muitas vezes tem
30
tanto a fazer, e tantas coisas para fazer, tantas coisas importantes que tu acaba pensando
que explicar algumas coisas ao familiar não é gestão.
O enfermeiro que refere não visualizar fatores que dificultem a comunicação
se retira do processo comunicacional com os familiares e atribui a função de
informações sobre o estado de saúde do paciente ao seu colega de trabalho, ou
seja, ao médico.
Um enfermeiro expos a dificuldade de comunicação com o paciente,
relatando a dificuldade de comunicação com pacientes em uso de ventilador
mecânico. Este enfermeiro se retirou do processo comunicacional familiar-paciente,
mas torna-se apresenta sua validade ao passo que constitui uma dificuldade de
comunicação no setor. Conforme a fala trazida a seguir:
ENF 13: Ventilação mecânica é um fator, que dificulta na comunicação, por que as vezes
acontece do paciente estar em ventilação mecânica e estar lúcido e se comunicar só por
gestos, isso no caso 10% dos paciente que estão em ventilação mecânica, é muito difícil, a
comunicação, assim em paciente da UTI pode ser dito que a ventilação mecânica atrapalha
se o paciente estiver Lucio, outro fator que pode incomodar na comunicação é
constrangimento por ser um ambiente que estão todos paciente praticamente juntos,
podendo dificultar um pouco na privacidade de cada um.
4.5 Os dificultadores do acesso do familiar ao paciente
No que trata dos fatores que dificultam o acesso do familiar ao paciente a
centralidade das falas evidenciam que a rotina diária da unidade e aos familiares
ambos e a não visualização de fatores dificultantes no acesso do familiar ao
paciente. Nessa apreensão, os enfermeiros discorrem a rotina na sua relação com o
paciente e a própria estrutura da UTI.
Deste modo, os enfermeiros ao discorrerem sobre os fatores que dificultam o
acesso do familiar ao paciente salientaram as rotinas diárias da unidade, a
internação de pacientes em horários noturnos, pacientes com doenças contagiosas,
ou com patologias muito grave e psicóticos, e as intercorrências que ocorrem
durante o horário de visita. Nessa referência os enfermeiros contextualizam o
ambiente restrito com rotinas rígidas descrevendo os procedimentos complexos e
invasivos exigirem rigorosidade de cuidados. Segundo a fala a seguir:
ENF 13: Fatores que dificulta o acesso do familiar? Acredito que a noite é um fator, às
vezes o paciente interna fora de um horário, tipo à noite é um fator que dificulta, porque a
31
noite fica difícil deixar o familiar entra para olha o paciente, porque é um horário difícil,
horário que os outros pacientes estão em repouso, então fica difícil liberar o familiar fora do
horário, no horário de silencio que é à noite.
Ainda, os enfermeiros referiram como dificuldadores do acesso à rotina
diária da UTI devido a fatores relacionados aos familiares. No que se trata das
dificuldades em relação à rotina diária da UTI foi citado novamente a rigorosidade da
rotina diária, manifestada através de expressões como: os horários e o tempo de
duração das visitas, bem como o número de familiares permitidos para ter acesso ao
paciente-familiar por horário de visita, isolamento de pacientes, e ainda, pela própria
constituição do trabalho em UTI como ambiente restrito, mas que se expõem o
paciente a falta de privacidade. Segundo exemplificado na fala:
ENF 11: O acesso é nos horário de visita, se não, não tem é UTI é ambiente fechado, não
tem como tu liberar o familiar fora destes horários porque acaba atrapalhando a rotina do
serviço, tem procedimento invasivo que tem que ser feito e não tem como ter o acesso ao
familiar mais tempo dentro da UTI.
Quanto aos fatores relacionados aos familiares os enfermeiros mencionaram
o nível de compreensão dos familiares em relação aos procedimentos e cuidados de
enfermagem, a distância geográfica dos familiares que residem em outras cidades, a
incompreensão dos familiares acerca da rotina diária da unidade e o estresse
gerado pelos familiares quando não é permitida a visita ou mesmo a sua curiosidade
em relação aos outros pacientes.
Do total de enfermeiros, três ressaltam não visualizar fatores que dificultam o
acesso do familiar ao paciente, porém mencionam as normas e as rotinas
hospitalares.
Como veremos nos exemplos de fala a seguir:
ENF 05: Mais ou menos a mesma coisa, a UTI é um ambiente fechado, não é que nem um
quarto, uma unidade, que ás vezes é difícil de controlar quantos pacientes pode ficar no
quarto, por todos aqueles fatores que a gente já sabe, é um ambiente hospitalar e tudo
mais, então na UTI esse controle é mais rigoroso, o paciente fica isolado e ás vezes é um
paciente crítico que a gente sabe o médico até passa “de repente não vai ter retorno, não
vai sair mais daqui a tendência é um óbito”, por exemplo. E o familiar quer estar próximo do
paciente, do familiar dele é o que dificulta.
32
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO
A análise e a discussão dos dados serão apresentadas a seguir conforme os
resultados obtidos na pesquisa realizada com enfermeiros na Unidade de Terapia Intensiva, visando compreender a dinâmica do acesso e da comunicação que se desenvolve com os familiares na UTI, bem como os fatores dificultantes deste processo, aliando aos pressupostos teóricos.
5.1 Acesso do familiar a Unidade de Terapia Intensiva
O acesso dos familiares nas UTIs dos hospitais da fronteira oeste, visualizamos que em sua grande parte os mesmos ressaltam que o acesso dos familiares
ocorre por meio da rotina da unidade, contextualizando as visitas através de horários, tempo de duração, número de familiares permitidos, medidas de precauções
como a higienização das mãos, e o tempo de permanência do familiar dentro da UTI,
devido ao tempo da visita ser dividido entre o número de visitantes.
No contexto da UTI, o paciente em estado crítico necessita da realização de
controle rigoroso de seus parâmetros vitais sendo prestada uma assistência de enfermagem contínua e intensiva envolvendo a utilização de equipamentos especializados, fazendo com que a enfermagem super valorize os aspectos biológicos e subestime a questão psicossocial espiritual (MANZI; NUNES, 2001). Pois quando o paciente interna em uma UTI traz com sigo todos seus sentimentos, valores e anseios,
preservando suas características pessoais e sociais, sendo observado que, durante
este período de internação seus sentimentos tornam-se mais intensos, muitas vezes
acompanhado do medo da morte.
O processo de cuidado do enfermeiro deverá abranger a percepção do outro
como ser humano, necessitando da presença deste, para suprir suas necessidades
na saúde e na doença. Mas o exagero das tecnologias faz com que muitas vezes os
33
profissionais da enfermagem, bem como a todos os profissionais da área de saúde
perdessem a imagem de homem como ser gregário e afetivo, passando a analisar o
paciente de maneira fria, objetiva, calculista; tendo em vista um conjunto de partes
que necessitam de reparo e reajuste (mecanicista/biologicista) (MANZI; NUNES,
2001).
A rotina na UTI, como se sabe é rígida, o que dificulta a comunicação da
equipe com os familiares e destes com os pacientes, segundo Pinho; Santos (2008,
p. 70), flexibilizar o acesso dos familiares na unidade, fortalece essa relação:
Sendo o espaço social da UTI frio, mecanicista, em que o misto de imaginário é complexo, ao mesmo tempo ambivalente, flexibilizar uma regra seria promover a aproximação das famílias que estão distanciadas, ao invés
de mantê-las afastadas, para permitir a recuperação do estado de saúde
dos pacientes junto com os seus vínculos interpessoais.
Devido à rigorosidade da rotina na UTI, a equipe desta unidade deve procurar um método de flexibilizar os horários de visitas principalmente aos familiares que
se encontram em diferentes localidades geográficas, bem como aos que tem sua
própria rotina de trabalho e não tem a possibilidade de se ausentar do mesmo para
comparecer aos horários determinados pela unidade. Esta flexibilização aumentará
o vínculo entre o paciente, o familiar e a equipe.
A Unidade de Terapia Intensiva em geral é considerada uma unidade fechada, ou seja, uma unidade que facilita a coordenação das atividades dos profissionais
que trabalham neste setor que consequentemente limita o acesso a outras pessoas
(MARUITI; GALDEANO, 2007). Esta reflexão remete a algumas falas dos enfermeiros entrevistados, onde eles ressaltam que na UTI ao contrario de outras unidades,
a visita do familiar é restrita, por ser uma unidade que requer maior atenção, pois a
presença de um familiar durante todo o processo de hospitalização acarretaria em
uma sobrecarga no trabalho da equipe de enfermagem. Diante das falas trazidas pelos enfermeiros visualizou-se que o familiar algumas vezes é salientado como um
tormento, por questionar e interferir no trabalho da enfermagem.
34
Os enfermeiros que ressaltam o diálogo desenvolvido com os familiares durante a visita, contemplando a questão do acesso, referiram contato intencional objetivando o esclarecimento de informações acerca dos horários de visitação e das orientações sobre o estado de saúde do paciente. Em relação ao diálogo espera-se
que ele ocorra de maneira efetiva, fazendo com que o familiar obtenha informações
referentes à rotina diária da unidade e sobre as condições do paciente, mas que
também a enfermagem passe a ser um suporte no qual o familiar poderá recorrer, a
enfermagem deve ser referência na prestação da assistência também ao familiar.
As informações sobre o estado de saúde são transmitidas de uma forma geral pela enfermagem, em relação aos procedimentos que estão sendo realizados.
Grande parte dos enfermeiros citam que esta responsabilidade é do médico, por isso
orientam os familiares a procurá-los para que este possa explicar-lhes o estado de
saúde do paciente. Sabemos que cabe ao médico fornecer o diagnóstico do paciente, porém a enfermagem tem a competência para esclarecer dúvidas dos familiares
referentes à doença do paciente.
O familiar diante da internação do paciente na UTI sente-se ansioso e preocupado com o que pode acontecer, tendo a necessidade de ser ouvido e ter suas
dúvidas esclarecidas. Segundo Leite; Vila (2005) não basta apenas permitir que o familiar entre na UTI, é preciso preparar este familiar e acompanhá-lo durante a visita,
esclarecendo suas dúvidas, observando seu comportamento e reações, e compreendendo seus sentimentos, pois é necessário que os profissionais reconheçam que
a família também está ansiosa e sentindo-se isolada, com seus temores acerca da
morte e falta de controle da situação.
Na UTI os pacientes internados encontram-se debilitados e, consequentemente suas defesas imunológicas apresentam-se prejudicadas. Nestes casos a enfermagem deve estar atenta a exposição do paciente a contaminação externas que
proporcione um agravo maior ao seu estado de saúde, devendo ser tomadas medidas de precaução a fim de evitar possíveis complicações, como apresentado nas falas acerca de procedimentos rotirneiros da unidade, como por exemplo, a lavagem
das mãos. Conforme ressalta Guimarães; Falcão; Orlando (2009) o ambiente da UTI
suscita a necessidade de amplo conhecimento científico e domínio de alta tecnologia
pelo enfermeiro. No entanto, se os procedimentos básicos não forem realizados cor-
35
retamente e valorizados como os procedimentos relacionados à alta tecnologia, o
paciente poderá não apresentar resposta favorável à terapêutica, podendo evoluir ao
óbito pela ausência de cuidados e procedimentos simples como a lavagem de mãos.
Seguindo este ponto de vista observa-se a importância dos enfermeiros em
salientarem a lavagem das mãos como medidas de precaução no acesso dos familiares aos pacientes, pois irá remeter o cuidado da enfermagem ao risco de contaminação em que o familiar pode estar expondo o paciente durante o período de visita.
Houve um aumento das tecnologias em UTI, fazendo com que o processo
de hospitalização passasse a ser realizado de maneira robotizada como se refere
Manzi; Nunes (2001), onde muitas vezes, ao soar o alarme do respirador, incomodados pelo barulho, nos dirigimos até o quarto do paciente e apenas desligamos o alarme, sem dar a devida importância às necessidades do paciente; saber se há secreção na cânula ou necessidade de mudança de decúbito e/ou simplesmente de uma
palavra de conforto, esperança, talvez apenas entender o que está ocorrendo com
ele.
Esta citação proporciona a reflexão de que o profissional da área de saúde
diante de tecnologias e equipamentos passa a perder a sensibilidade pelo paciente
que se encontra ligado a estes, sendo que o conforto ao paciente em momento de
angustia através da comunicação não pode ser substituído por tecnologias, pois
equipamentos não substituem o cuidado humano. Faz-se necessário na enfermagem que o profissional tenha o conhecimento atualizado para trabalhar a utilização
de equipamento tecnológica sem perder a sensibilidade pelo cuidado humanizado,
visando sempre à comunicação, pois as tecnologias não superam a capacidade que
o ser humano tem de fornecer suporte emocional ao paciente.
5.2 Acesso do familiar ao paciente
36
A UTI por ser um ambiente que presta cuidados a pacientes em estado crítico, inúmeras vezes torna-se um ambiente hostil, gerando ansiedade e sofrimento
aos familiares/paciente. Nestes casos o paciente internado necessita do apoio familiar durante o período de hospitalização. Ao questionamento de como ocorre o acesso de familiares ao paciente em uma UTI os enfermeiros entrevistados mencionaram
novamente a rotina diária da unidade.
Baseado no relato de alguns enfermeiros em relação a acessibilidade que a
rotina diária da UTI proporciona a estes familiares, observamos que a ocorrência
deste acesso é dificultado por alguns fatores como o horário imposto para realização
das visitas, não favorecendo aos familiares que trabalham em horário comercial.
Pois muitas vezes observa-se que o foco da assistência de enfermagem é o
atendimento as necessidades do paciente. Como o paciente não é o único a sofrer
com sua doença e com a hospitalização, os familiares e outras pessoas que estão
envolvidas diretamente com o paciente passam a compartilhar as suas angústias,
medos e sofrimentos. Por tanto, é imprescindível que o profissional de saúde dispense atenção aos familiares, tendo como finalidade facilitar o enfrentamento dessa
nova experiência. O que permite inferir que a assistência prestada pela enfermagem
deva atender as necessidades do paciente/familiar, auxiliando os mesmos a compreender, aceitar e a enfrentar a doença, o tratamento e suas consequências (MARUITI; GALDEANO, 2007). Como sabemos a presença do familiar é fundamental na recuperação do paciente, pois o familiar muitas vezes passa ao paciente conforto naquele momento de hospitalização, promovendo a segurança do paciente em relação
à terapêutica.
Uma das enfermeiras entrevistadas refere que o acesso dos familiares aos
pacientes internados abrange por vezes ações em que se faz necessário realizar exceções nas suas rotinas, citando o fato de familiares que residem em outras cidades
e não conseguem chegar a UTI no horário pré-determinado, sendo nestes casos
permitida a sua entrada fora do horário de visitas.
É necessário que o enfermeiro perceba o sofrimento da família, ao mesmo
tempo deverá compreender as suas próprias dificuldades em lidar com ele, o que
37
denota ser importante repensar a relação enfermeiro/família e suas implicações na
assistência ao paciente crítico (CORRÊA; SALES; SOARES; 2002).
Entre as respostas fornecidas pelos enfermeiros, algumas traziam a comunicação direta e indireta como uma forma de acesso do familiar ao paciente. Essa comunicação está relacionada também a rotina da UTI, pois ocorre através de boletins
informativos, comunicação verbal ou por meio telefônico, acerca de como se encontra o paciente internado e orientando os familiares sobre as rotinas de funcionamento do setor, principalmente em relação a como ocorre o acesso aos pacientes.
Comunicação adequada para os familiares é conversar e receber informações pertinentes ao que o indivíduo quer saber; é entender o que o outro
quer transmitir e sentir-se bem atendido, tratado também com carinho e paciência. É aquela em que há informações claras e objetivas; há explicações
sobre o estado do paciente e sobre os equipamentos, sondas, catéteres e
drenos nele existentes. Existe a necessidade das famílias de se comunicar
com a equipe de Enfermagem durante os horários de visita, receber orientações e esclarecer dúvidas, assim como, ter satisfeita sua necessidade de
conforto, receber palavras carinhosas e atenção. (INABA; SILVA; TELLES;
2005, p. 428).
Baseadas na citação anterior acreditamos que a visão dos familiares frente
à comunicação com a equipe deve ser considerada. Pois a finalidade da assistência
de enfermagem é atender as necessidades do familiar e do paciente.
Dentre estes enfermeiros que citaram a comunicação houve uma que referiu
utilizá-la para estimular o contato verbal e o toque, orientado os familiares a conversar com o paciente mesmo quando esta em estado de coma, podendo tocá-los durante a visita. Segundo Leite; Vila (2005, p. 148) “Quando os visitantes entram na
UTI, recebem a ordem para lavar as mãos, mas não é explicado a eles que esse
procedimento permitir-lhes-á tocar o paciente, sem risco de contaminá-lo”.
O cuidado tanto do paciente quanto do familiar, acarreta em perceber o outro como ele se mostra, através dos seus gestos e falas, seus conceitos e limitações.
Não sendo suficiente apenas deixar o familiar ter acesso a UTI, mas também cuidálo para potencializar o nosso trabalho de Enfermagem, sendo necessário questionálo sobre as dúvidas, observar as reações e comportamentos e entender suas emoções (INABA; SILVA; TELLES; 2005).
38
Partindo da necessidade de que haja este contato do familiar com o paciente, visualizamos a importância de que ocorra este contato para diminuir a ansiedade
do paciente e da família durante a internação, proporcionando um ambiente agradável e acolhedor aos familiares/paciente, desmistificando a UTI com um ambiente
ameaçador onde o paciente permanece solitário, sem a presença de um acompanhante durante a hospitalização.
Pois quando este contato não ocorre adequadamente, e devido a não explicação ao familiar acerca do estado de saúde em que se encontra o paciente, conforme citam Leite; Vila (2005, p. 148)
Conseqüentemente, os familiares, ao entrarem, ficam chocados com o cenário e saem desesperados e chorosos, sem receber, muitas vezes, uma
explicação ou um consolo por parte da equipe multiprofissional.
Portanto entende-se a necessidade da enfermagem ser a referência para o
familiar que se encontra abalada durante o período de hospitalização. conforme afirmam Inaba; Silva; Telles (2005, p.429) ao dizer que “há necessidade de alguém da
equipe de Enfermagem ser referência para os familiares; alguém a quem eles possam recorrer para uma conversa, esclarecimento de suas dúvidas e ser tranqüilizados e orientados”.
5.3 Processo de trabalho
A UTI trata-se de um ambiente que desencadeia temores e alterações psicológicas ao familiar/paciente, por ser uma unidade complexa que requer cuidados
mais intensos. Durante este processo de hospitalização o familiar deve ser inserido
no processo de internação do paciente. O cuidado exercido pela enfermagem é um
fator essencial durante o processo de hospitalização, por estabelecer uma interação
terapêutica focada no paciente/familiar, desta maneira busca um aprimoramento na
relação enfermeiro/paciente/família.
39
Portanto há necessidade do enfermeiro exercer o cuidado visando a inserção do familiar no processo de trabalho, tornando o ambiente da UTI humanizado.
Segundo Manzi; Nunes (2001) o significado da humanização em UTI refere-se ao
cuidado do paciente de maneira holística e individual, prestando tanto a assistência
física quanto psicológica, abrangendo a família em relação ao esclarecimento de dúvidas quanto ao estado de saúde em que se encontra o paciente, fornecendo orientações quanto a inclusão no processo terapêutico, além de prestar suporte emocional.
É fundamental que a família seja incluída no processo de hospitalização,
pois durante esse processo tanto a família quanto o paciente apresentam seus sentimentos acentuados, incluindo o temor da morte. Por este motivo há a necessidade
do enfermeiro prestar um cuidado satisfatório no qual consiga compreender os sentimentos do paciente/familiar. Pois Manzi; Nunes (2001) referem que o relacionamento do enfermeiro com o paciente se dá a partir da comunicação, sendo necessário
saber como e quando escutar, reconhecer e valorizar seus sentimentos, fornecer
apoio, questionar, contestar, conduzindo a conversa partindo de temas desejados
pelo paciente, reconhecendo o valor da comunicação.
Nas respostas obtidas pelos enfermeiros, visualizamos que os mesmos ao
discorrerem acerca da participação da família no processo de trabalho, ressaltam a
participação dos familiares em pequenos procedimentos ou proporcionando suporte
emocional ao paciente. Apenas um enfermeiro entrevistado não relata a participação
da família nos cuidados referentes ao seu processo de trabalho, remetendo a sua
fala apenas a troca de informações e orientações com os familiares acerca das rotinas do setor e estado de saúde do paciente.
Muitas vezes a inserção do familiar no processo de trabalho não ocorre de
maneira efetiva pelo fato da equipe acreditar que o mesmo acarreta em uma sobrecarga na unidade interferindo, assim no trabalho dos profissionais.
O ambiente do “intensivismo” apresenta algumas características peculiares,
como a rapidez e a eficácia do atendimento, sensação de apreensão, constante contato com o limite, com a morte iminente, que acaba afetando a
equipe profissional, o paciente e família, desenvolvendo um clima de tensão bastante exacerbado. Imagine, ainda, esses fatores juntos com a personalidade, a história de vida, a dimensão individual de sofrimento, a di-
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mensão social, entre outros aspectos (GUIMARÃES; FALCÃO; ORLANDO,
2009, p. 1703).
Conforme visualizado nas falas trazidas pelos enfermeiros. Segundo Manzi;
Nunes (2001) as restrições impostas aos familiares referem-se em sua maior parte
aos transtornos que eles podem proporcionar à equipe da UTI, do que propriamente
com os riscos de contaminação causados pelo familiar.
Entende-se a importância de simples ações como o toque, a conversa, a informação técnica relativa ao setor, à informação biológica relacionada ao paciente e
a empatia dos profissionais na contribuição, significativa, para amenizar os efeitos
nocivos da internação em UTI, evidenciando, os aspectos positivos para aos pacientes e seus familiares, facilitando, desse modo, o processo de internação (LEMOS;
ROSSI; 2002).
A presença do familiar junto ao paciente contribui no processo de internação, facilitando a aceitação e a cooperação do paciente nos procedimentos e cuidados que o mesmo necessita, colaborando para o processo de cura. O familiar passa
a fornecer o suporte emocional que o paciente necessita durante a hospitalização,
pois mesmo com todo o suporte ofertado pela equipe de saúde o paciente deposita
a confiança no familiar pelo fato dele conhecer seus hábitos e costumes.
5.4 Fatores que dificultam a comunicação do familiar com a equipe
Em relação aos fatores que dificultam na comunicação dos enfermeiros com
os familiares dos pacientes internados na UTI, visualizamos que as dificuldades estão relacionadas à rotina diária da UTI, as especificidades dos familiares, ou mesmo,
ambos os fatores. Há um enfermeiro que ressalta não visualizar fatores que dificultam na comunicação com os familiares dos pacientes.
No que se trata da rotina diária da unidade a duração da visita permitida aos
familiares é um fator que dificulta a comunicação, pois o tempo determinado geralmente não ultrapassa os trinta minutos. Quando mais de um familiar visita o pacien-
41
te, o tempo torna-se reduzido, pois estes trintas minutos são divididos ao número total de visitantes.
A falta de informação em relação ao paciente é também um dos fatores que
dificultam na maioria das falas trazidas pelos enfermeiros o acesso a informações
sobre o estado de saúde do paciente somente é fornecido pelo médico, porém o
acesso ao médico para obtenção destas informações referentes ao estado de saúde
do paciente torna-se difícil pela falta de disponibilidade do médico, gerando um estresse aos familiares, consecutivamente a equipe, devido ao transtorno que o familiar causa a enfermagem. Para Pina; Lapchinsk; Pupulim (2008):
A falta de informação e de compreensão acerca da finalidade e da essência dos serviços de terapia intensiva, somando-se à dificuldade das pessoas em lidar com a vulnerabilidade humana, faz despontar aspectos que
influenciam diretamente a percepção e a avaliação dos pacientes sobre a
assistência e a terapia empreendidas nestes setores.
Conforme traz Pina; Lapchinsk; Pupulim (2008) pelo déficit do conhecimento
e das informações referentes aos serviços fornecidos na UTI, como na rotina assistencial, na representação da equipe intensivista e na enfermidade que acomete os
doentes para lá encaminhados, é visualizado pelas pessoas como características
mistificadas, oriundas de idéias ou opiniões inadequadas acerca do atendimento.
Deste modo se faz necessário que o enfermeiro permita o acesso deste familiar, forneça orientações de maneira objetiva, pois muitos familiares não compreendem o
que esta ocorrendo com o paciente, a enfermagem deve compreender que nem todo
o familiar possui a capacidade de entender as informações passadas a ele.
Observou-se que alguns enfermeiros ressaltam o número de familiares que
o paciente possui, bem como a falta deles na UTI. Esta falta muitas vezes esta associada à distância geográfica existente entre os familiares e os pacientes. Muitos dos
familiares residem em localidades afastadas da cidade e outros em cidades da região, dificultando em contatá-los. Outro ponto trazido como dificuldade a comunicação
é referente ao nível de conhecimento e a compreensão do familiar relacionado às
42
orientações fornecidas pelos enfermeiros referentes ao estado de saúde do paciente, bem como às rotinas diárias da UTI.
Torna-se necessário que o familiar compreenda os cuidados que estão sendo realizado ao paciente, deste modo ele poderá confortá-lo e fornecer suporte em
relação ao tratamento, conforme o estudo realizado por Pina; Lapchinsk; Pupulim
(2008) certificou-se que pacientes relacionam a UTI a solidão, saudade da família,
vergonha pela exposição corporal, barulho durante a noite, dificuldade para comunicar-se, falta de autonomia, contenção no leito e outras variáveis. Sendo que outros
pacientes relacionam a UTI como uma possibilidade de vida e cura, em decorrência
da experiência que tiveram nessa unidade.
Alguns enfermeiros salientaram que muitos dos pacientes/familiares são exigentes, e outros não querem comprometer-se em assumir responsabilidades em relação ao paciente, contribuindo assim para os fatores dificultadores da comunicação.
O estado emocional dos familiares também foi trazido como um fator dificultador na
comunicação com a equipe de enfermagem, assim como a resistência dos familiares
no que se refere aos cuidados de enfermagem, gerando divergências entre a equipe/família. Com estas divergências a comunicação não ocorrerá de forma adequada,
desqualificando a comunicação entre os mesmos. No que se refere ao estado emocional do familiar de pacientes internados em UTIs, deve ser compreendido pelo fato
de que seu familiar encontra-se em um local onde é visto por muitos como um cenário de morte que provoca medo e insegurança aos mesmos.
Observa-se que um dos enfermeiros entrevistados expôs a dificuldade de
comunicação que os pacientes em uso de ventilador mecânico possui, nestes casos
observa-se a importância da comunicação não verbal, pois o paciente que não consegue se comunicar manifesta-se através dos gestos e expressões faciais, incluindo
o olhar, caso este paciente não for compreendido pela equipe seu estado de saúde
poderá se agravar ainda mais, sem poder expressar-se corretamente o mesmo se
sentira ainda mais inseguro e angustiado.
5.5 Fatores que dificultam o acesso do familiar ao paciente
43
Em relação aos fatores que dificultam o acesso do familiar ao paciente internado na UTI, os enfermeiros entrevistados referem como principais dificultadores a
rotina diária desta unidade, e fatores relacionados aos familiares. Os mesmos salientaram ainda internação de pacientes em horários noturnos, pacientes com doenças
contagiosas, ou com patologias muito grave e psicóticos, e intercorrência durante o
horário de visita. Estes fatores trazidos pelos enfermeiros são incluídos as rotinas diárias da unidade. Conforme as falas dos enfermeiros o ambiente da UTI torna-se
restrito, com rotinas rígidas, procedimentos complexos e invasivos exigindo rigorosida no cuidado.
Para Pina; Lapchinsk; Pupulim (2008) ao paciente internado na UTI a equipe
representa o elo com a vida fora da mesma. O distanciamento da família, que só poderá estar presente durante os horários de visitas, o fato de permanecer em boxe individual, realidade de algumas unidades, faz com que o paciente perca o contato
com o mundo externo. Incluindo-se a isto estão os fatores que interferem na comunicação, como a sedação, a entubação orotraqueal e a ausência de rádio ou televisão
que seriam as fontes de informação aos mesmos. Daí o significado da equipe, não
apenas no tratamento e na assistência, mas também fornecendo suporte emocional
e sendo intermediária no contato com a família e com o ambiente exterior.
Segundo as respostas dos enfermeiros as dificuldades estão relacionadas
ao acesso à rotina diária da UTI, referentes aos familiares. Foram salientados fatores como a rigorosidade da rotina diária, representada através dos horários de visita
bem como a duração da visita, número de familiares permitidos durante a visita, pacientes que se encontram em isolamento, e a própria constituição do trabalho da UTI
como ambiente restrito, mas que se expõem o paciente a falta de privacidade.
Nas UTIs não planejadas, implantadas em áreas adaptadas dentro de uma
infra estrutura hospitalar já existente, muitas vezes os leitos são, dispostos em uma
grande sala separados por biombos ou divisórias improvisadas, não tornando possível a separação dos pacientes por sexo, idade e gravidade. Quebra-se a privacidade
e eles vivenciam não apenas as complicações da sua doença, mas podem ver e ouvir tudo que acontece ao seu redor (MANZI; NUNES, 2001).
Pina; Lapchinsk; Pupulim (2008) traz que a nudez não é exibida nem encarada com naturalidade em nosso meio social e cultural. Observa-se que ter o corpo
44
despido e manipulado por pessoas estranhas, mesmo quando em situação de doença, provoca no paciente uma sensação de desgosto. Este desconforto acentua-se
quanto à manipulação das partes íntimas. Além do fato de vivenciar o que ocorre
com os demais pacientes, incluindo a morte, isto poderá chocar e estressar o paciente exacerbando sua fragilidade e impotência. Faz-se necessário sempre preservar
a privacidade dos pacientes durante a manipulação dos mesmos, tanto na realização de procedimentos como durante uma conversa na beira do leito.
Em relação aos fatores que dificultam o acesso do familiar a UTI no que diz
respeito aos familiares, alguns enfermeiros referem a dificuldade destes na compreensão dos procedimentos e cuidados de enfermagem, acerca da rotina diária da unidade, o estresse proporcionado pelos familiares quando não é permitido a liberação
da visita fora do horário determinado, ou mesmo a curiosidade dos mesmos em relação aos demais pacientes internados.
Neste contexto percebe-se a necessidade de os profissionais da UTI transmitirem as informações aos familiares de maneira clara e simples, usando termos
que estes compreendam, e se certificando que suas informações foram entendidas
de maneira correta.
Leite; Vila (2005, p. 148) em seu estudo citam que a equipe da UTI relata
duas ações importantes ao lidar com a família de pacientes internados na neste setor:
fornecer a informação adequada e condizente com o nível de entendimento
dos familiares e fazer a sua necessária preparação para que possam entrar
na UTI e ver o seu ente querido em condições de extrema invasão corpórea, exigida para a sua recuperação.
A exposição dos demais pacientes internados na UTI ocorre pelo fato da unidade ser aberta, de maneira que todos os pacientes possam ser visualizados pela
equipe, caso ocorra alguma intercorrência.
O indivíduo hospitalizado depende, parcial ou totalmente, da equipe de enfermagem para suprir várias dessas necessidades. Os cuidados direciona-
45
dos a determinadas prioridades dos clientes, como higiene corporal e eliminação vesical/intestinal, envolvem a exposição corporal e a invasão da intimidade (PUPULIM; SAWADA, 2005, p. 389).
As atitudes da equipe de enfermagem relacionadas à preservação da privacidade, incluindo respeito e solidariedade com o paciente e sua família diante da necessidade de exposição corporal favorecendo a descaracterização da imagem e desumanização das UTIs (PUPULIM; SAWADA, 2005).
Dos enfermeiros que realizaram a entrevista, três referiram não identificarem
fatores dificultadores do acesso do familiar ao paciente, porém mencionam as normas e as rotinas hospitalares.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo teve objetivo analisar o acesso da família à UTI como uma
forma de comunicação com a equipe de saúde. A pesquisa nos possibilitou
identificar como é disponibilizado o acesso na unidade de terapia intensiva para
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família do paciente crítico, bem como a participação do familiar no processo de
trabalho e os fatores que dificultam a presença do mesmo na unidade.
A centralidade das respostas referentes ao acesso voltou-se para a rotina
diária, pois é por meio desta que ocorre o processo de visitação, através dos
horários pré-estabelecidos como uma forma de organização do trabalho da equipe.
Dentro da rotina diária os enfermeiros ressaltaram as medidas de precaução, como
a lavagem das mãos, no período que antecede o contato com o paciente. Observouse que grande parte dos familiares não se adapta a essa rotina diante disto os
enfermeiros referiram as exepcionalidades, que permitem em alguns casos que a
visita ocorra fora dos horários determinados.
A maioria dos enfermeiros demonstra reconhecer a importância da presença
do familiar no processo de trabalho, participando em pequenos procedimentos, e
torna-se um fator facilitador através do suporte emocional contribuindo na
cooperação do paciente aos procedimentos. Houve também enfermeiros que não
mencionaram a importância da participação no processo de trabalho.
A mesma rotina referenciada pelos enfermeiros como forma de organização
utilizada na UTI constituiu-se em um dos principais fatores dificultantes citados pelos
mesmos, pois muitas vezes não é compreendido pelos familiares, o que gera
conflitos entre equipe/familiar. Outros fatores mencionados pelos enfermeiros foram
a distância geográfica do familiar, nível socioeconômico, o número de visitantes, e o
tempo de duração da visita, bem como o nível de conhecimento dos familiares em
relação as informações fornecidas pela equipe da unidade.
Do mesmo modo, porém em sentido oposto são ressaltadas as exigências
dos familiares, assim como a falta de comprometimento dos mesmos com o
paciente, ou pacientes indigentes, também dificultam a comunicação.
Em relação aos fatores que dificultam o acesso da familiar ao paciente foram
mencionados fatores que estão relacionados com os que dificultam na comunicação,
com exceção de internações em horários noturnos, pacientes portadores de
doenças contagiosas, ou patologias muito graves e psicóticos, e as intercorrências
que podem surgir durante o horário de visita, bem como procedimentos complexos e
invasivos que exigem cuidados intensivos.
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nos diferentes contextos da enfermagem. Barueri. SP: Manole, 2005.
URIZZI, Fabiane; CORRÊA, Adriana Katia. Vivências de familiares em terapia
intensiva: o outro lado da internação. Revista Latino-Americana de Enfermagem,
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VILA, Vanessa da Silva Carvalho; ROSSI, LÌdia Aparecida. O significado cultural do
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<http://www.scielo.br/pdf/rlae/v10n2/10506.pdf> Acessado em 18 de mai. 2010.
52
APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Federal do Pampa
Campus Uruguaiana
Curso de Enfermagem
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado (a) Participante
Solicitamos a sua colaboração para participar do estudo intitulado: O acesso dos familiares a Unidade de Terapia Intensiva: uma
forma de comunicação com a equipe, que está sendo desenvolvido pelas acadêmicas de enfermagem Marianne Pereira Vieira, Natália da
Silva Pires e Vanessa Cristina dos Santos e coordenado pelo Professor Valdecir Zavarese da Costa, pertencente à Universidade Federal do
Pampa. O objetivo geral deste estudo é analisar o acesso da família a UTI como uma forma de comunicação com a equipe de saúde. Para
participar deste estudo, faremos uma coleta de dados mediante a realização de entrevistas, as quais serão gravadas.
As entrevistas serão descritas, garantindo o anonimato dos participantes e o caráter confidencial das informações obtidas. Visando
o seu anonimato, as entrevistas serão identificadas por um código. Garante-se que não haverá nenhuma repercussão ou implicação legal para
você, participante do estudo.
A pesquisa tem finalidade acadêmica e destina-se a explorar a relação estabelecida entre a equipe de enfermagem e o acesso dos
familiares a unidade de Terapia Intensiva.
Asseguramos o compromisso com os princípios éticos no desenvolvimento do trabalho, bem como nos seus produtos de
divulgação, reiteramos o respeito à privacidade e o anonimato de cada participante. Sobre a garantia de receber respostas ou esclarecimentos
a qualquer pergunta ou dúvida acerca dos assuntos relacionados à pesquisa.
CONSENTIMENTO:
Declaro ter sido informado(a) de forma clara e detalhada sobre os objetivos, a justificativa, e o desenvolvimento da entrevista,
sendo garantido: o esclarecimento de dúvidas, a liberdade de deixar de participar do estudo sem prejuízos, o anonimato, os preceitos éticos e
legais (antes, durante e após o desenvolvimento do estudo) e do uso de gravador.
Desta forma, concordo em participar deste estudo.
Assinatura do pesquisador em loco: _____________________________________
Assinatura do participante: ____________________________________________
Data: ___/___/___
Assinatura do coordenador do estudo: ___________________________________
Rua Tiradentes, 2617/408 Centro Uruguaiana/RS CEP 97510-501 E-mail: [email protected]
UNIPAMPA - Campus Uruguaiana
Endereço: BR 472 - Km 592 - Caixa Postal 118 - Uruguaiana - RS - CEP: 97500-970
Fone: (55) 3413-4321 / (55) 3414-1484
53
APÊNDICE B – Instrumento de Pesquisa
Universidade Federal do Pampa
Campus Uruguaiana
Curso de Enfermagem
QUESTIONÁRIO
1ª parte
Identificação do sujeito
a) Sexo:
( ) Feminino ( ) Masculino
b) Idade (em anos completos):
________
c) Escolaridade:
( ) Ensino médio completo
( ) Ensino superior incompleto
( ) Ensino superior completo
d) Profissão
( ) Enfermeiro(a)
( ) Tecnico de enfermegem
( ) Auxiliar de enfermegem
e) Qual a renda? R$ ____________________________________________
f) Tem outro vínculo empregatício? Qual?___________________________
_____________________________________________________________
54
2a PARTE
QUESTÕES ABERTAS
INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS.
Equipe de enfermagem:
- Como é o acesso do familiar na unidade?
- Como ocorre o acesso do familiar ao paciente?
- O familiar do paciente internado é incluído no processo de cuidado? Como?
- Quais fatores dificultam a comunicação com o familiar do paciente?
- Quais fatores dificultam o acesso do familiar ao paciente?
55
APÊNDICE C – Carta de Liberação do Orientador do Trabalho de Conclusão de Curso.
Carta de Liberação do Orientador do Trabalho de Conclusão de Curso.
Declaro que as acadêmicas: Marianne Pereira Vieira, Natália da Silva Pires e
Vanessa Cristina dos Santos estão liberadas para entregar o trabalho de conclusão de curso,
intitulado: O Acesso dos familiares a unidade de terapia: uma forma de comunicação com a
equipe, para a banca examinadora, composta pela professora titular Jussara Mendes Lipinski e
enfermeira doutoranda Letícia Silveira Cardoso. Salienta-se que a apresentação para a banca
será aos vinte e um dias do mês de junho de dois mil e dez, às treze horas e trinta minutos, na
sala de reuniões do prédio administrativo da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA),
campus Uruguaiana, como pré requisito acadêmico para obtenção do título de Bacharel em
Enfermagem.
Uruguaiana, 14 de junho de 2010.
___________________________________________________________
Professor Orientador Valdecir Zavarese da Costa
Universidade Federal do Pampa
Campus Uruguaiana
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