CRESCIMENTO URBANO E IMPACTOS PLUVIAIS NA CIDADE DE UBÁ/MG Vitor Juste dos Santos [email protected] Mestrando em Geografia pela Universidade Federal de Juiz de Fora RESUMO Em Ubá/MG os problemas com impactos pluviais são frequentes. A cidade se expandiu inicialmente às margens dos cursos d’águas e posteriormente espraiou-se para as vertentes e topos de morros. Dessa forma, desconfia-se que o principal fator no encadeamento destes impactos seja o crescimento desordenado do espaço físico da cidade para as áreas perigosas. Numa tentativa de elucidar essa questão, nesta pesquisa foram propostos dois objetivos: 1) verificar se o número de impactos pluviais aumentou na cidade de Ubá ao longo do tempo; 2) sendo positiva a resposta do primeiro objetivo, verificar o que levou a este aumento: a ampliação da intensidade e da frequência das precipitações ao longo do tempo ou o crescimento do espaço físico da cidade para áreas suscetíveis a tais impactos? Ou seriam as duas situações? Algumas considerações iniciais foram feitas a partir dos resultados, destacando que, a partir dos dados analisados na pesquisa, existem mais indícios de que os impactos pluviais ficaram mais frequentes e intensos devido ao crescimento urbano desordenado, do que devido a um aumento nos índices pluviométricos. Palavras-chave: Crescimento Urbano; Impactos Pluviais; Ubá/MG. ABSTRACT In Ubá/MG, problems with stormwater impacts are frequent. The city initially has expanded to the riverbanks and later spilled over into the slopes and hilltops. That way, it is suspected that the major factor in the worsening these impacts is the uncontrolled growth of the physical space of the city for dangerous areas. In an attempt to elucidate this question, in this study two objectives were proposed: 1) verify if the number of stormwater impacts in the city of Ubá has increased throughout time; 2) being positive response in the first objective, evaluating what has led to this increase: the magnification the intensity and frequency of rainfall throughout time or the growth of the physical space of the city to areas susceptible to such impacts? Or they would be the two situations? Some initial considerations were obtained from the results, emphasizing that, from the data analyzed in the study, there are indications that the stormwater impacts have become more frequent and intense due to the urban sprawl, than due to an increase in rainfall indices. Key-words: Stormwater impacts; Ubá/MG; Urban Growth. 1 – INTRODUÇÃO ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 229 A falta do planejamento territorial e urbano, as insuficientes ações políticas, além das desigualdades sociais e econômicas, são um dos fatores que possibilitam a expansão da ocupação humana para áreas de risco. Não basta somente o fato de esta expansão avançar sentido a tais áreas, soma-se a isto a vulnerabilidade das populações envolvidas, que na maioria dos casos ocupam estes locais devido ao preço mais baixo da terra ou até mesmo de forma irregular, devido à necessidade básica de um lugar como moradia (SPOSITO, 1989). Uma das comprovações dessa realidade pode ser o fato de que a maioria dos desastres (mais de 70%) ocorreu em países em desenvolvimento (MARCELINO, 2007 apud EM-DAT, 2007), e 95% dos óbitos por decorrência dos mesmos ocorreram nos países considerados pobres (MARCELINO, 2007 apud DEGG, 1992; ALEXANDER, 1995; TOBIN e MONTZ, 1997). Chega-se ao ponto em que a expressão “desastre natural” é questionada, pois se considera que os fenômenos naturais provocam os desastres em função das formas de produção, ocupação e uso do espaço, e não somente devido ao fenômeno em si (MOURA e ANDRADE E SILVA, 2008). Assim, como destaca Rocha (2005, p. 27), “[...] devido aos processos contraditórios do crescimento urbano, a ameaça aumenta, pois os centros urbanos se expandem até zonas de maior perigo, excedendo os limites das áreas mais seguras, adotadas pelos primeiros habitantes”. Isto faz com que, como ainda explana o mesmo autor, “[...] pelo mesmo processo da natureza, os recursos que oferecem oportunidades para a vida humana se convertem, em distintos momentos, em ameaças para ela mesma e suas criações” (p. 26). É o caso da cidade de Ubá/MG, que concentra sua área urbana sob o domínio da unidade geomorfológica dos planaltos cristalinos rebaixados, também denominados de Mar de Morros (AB’SABER, 2006), encontrando-se na mesorregião da Zona da Mata (Figura 1). As ocupações das aglomerações humanas, desde o início de sua formação, se concentraram nas áreas de várzeas e terraços fluviais, consequentemente sendo afetadas pelas inundações no período chuvoso, por conta destas ocupações invadirem as áreas onde as águas dos cursos d’águas se extravasam no período de cheia (ANDRADE, 1961). Este autor expõe essa situação em sua pesquisa (ANDRADE, 1961, p. 24): Cidades que construídas inicialmente nos terraços mais altos, a salvo das inundações, ao se desenvolverem necessitam descer para a várzea e se expandir linearmente pela margem do rio principal, estendendo tentáculos que acompanham os cursos dos pequenos afluentes que nele desaguam, deixando ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 230 enormes áreas desocupadas, nos altos e nas encostas, muitas vezes a poucos metros de distância do centro. 231 Figura 1 – Mapa de localização do município de Ubá/MG. Portanto, devido à necessidade de um recurso essencial à vida, que é a água, as ocupações humanas se concentraram próximos aos cursos d’águas para facilitar o acesso ao mesmo, pois os recursos tecnológicos disponíveis no período em que iniciou o crescimento da cidade ubaense não permitiam que a água fosse transportada para as áreas mais altas e distantes, que são as de maior declive e topos de morros (Figura 2). ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 Figura 2 – Aglomerações das ocupações humanas, em Ubá/MG na década de 1960, residindo nas áreas de várzea e terraços fluviais, evitando ocupar as partes mais altas do sítio. Fonte: Arquivo Histórico de Ubá. Porém, Andrade (1961) realizou seu estudo em Ubá no final da década de 1950. Neste período, a mesma possuía, aproximadamente, uma população de 49.874 habitantes, sendo que 29.915 moravam na zona rural e 19.959 na zona urbana (IPEA). Era um período, portanto, que o município tinha como base de sua economia o setor primário, pois a população rural superava a urbana em quase 10.000 habitantes, com o cultivo de fumo sendo a produção mais importante (ALBINO, 2009). Atualmente, a situação se difere bastante daquele contexto apresentado, pois Ubá possui uma população estimada de aproximadamente, 108.493 habitantes (IBGE, 2013), sendo que no censo de 2010 esta era de 101.466, com 97.599 habitando a área urbana e 3.867 a zona rural (IPEA) (Figura 3). Este grande aumento populacional foi impulsionado na década de 1970, quando a população urbana superou a rural devido à perda de significância do fumo e o crescimento do setor moveleiro na cidade, atraindo pessoas do campo para o meio urbano. Figura 3 – Crescimento populacional do município de Ubá/MG entre 1940 e 2010. Elaborado por Vitor Juste dos Santos (2013). Fonte: IPEA, Andrade (1961), Albino (2009) e Oliveira (2010). Assim, como as áreas de várzea e os terraços fluviais foram densamente ocupados dentro daquele contexto apresentado anteriormente, as ocupações humanas, atualmente, estão se expandindo para as encostas e topos de morros, ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 232 residindo, em muitos casos, em vertentes íngremes (Figura 4), retomando, portanto, às afirmações explicitadas por Rocha (2005), e que foram citadas anteriormente. 233 Figura 4 – Ocupação de encostas e topos de morros no bairro São Domingos, ao fundo da fotografia. Imagem de Vitor Juste dos Santos (2014). ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 234 Figura 5 – Crescimento da mancha urbana da cidade de Ubá acompanhando os cursos d’águas. 2 – OBJETIVOS De acordo com o exposto na introdução, os objetivos almejados neste artigo são: 1) Verificar se o número de impactos pluviais aumentou na cidade de Ubá ao longo do tempo; 2) Sendo positiva a resposta do primeiro objetivo, verificar o que levou a este aumento: a ampliação da intensidade e da frequência das precipitações ao longo do tempo ou o crescimento do espaço físico da cidade para áreas suscetíveis a tais impactos? Ou seriam as duas situações? 3 – FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS Maia e Pitton (2009) destacam em seu estudo, que a maioria das cidades brasileiras não possuem dados climáticos e históricos de inundações (ou até mesmo de outros impactos pluviais, como tempestades, movimentos de massa, etc.), sendo essa prática bem recente com o surgimento da Defesa Civil. Portanto, ganha ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 importância as notícias de jornais, que demonstram ser uma fonte valiosa na caracterização e na verificação da frequência dos eventos ao longo do tempo. Há algumas pesquisas que se basearam em notícias de jornais, com o intuito de verificar se houve um aumento no número de ocorrências de inundações em áreas urbanas, como os trabalhos de Mendes e Mediondo (2007), Barreto (2012) e Binda et al. (2012). Mendes e Mediondo (2007) verificaram os dados sobre a evolução urbana e da população do município de São Carlos/SP, além das ocorrências de inundações e alagamentos na Bacia do Gregório, localizada dentro da cidade, especificamente no período de 1940 a 2004. Os resultados mostraram que o crescimento urbano da bacia teve influência no aumento e na frequência de inundações e alagamentos, bem como na magnitude de seus impactos. A avaliação da urbanização da bacia, no período citado anteriormente, demonstra que a evolução ocorrida entre 1950 e 1970 foi responsável em grande parte pelos impactos de inundação, visto que mesmo com a diminuição da taxa de urbanização verificada a partir da década de 1970, o número acumulado de ocorrências foi se acentuando. Barreto (2012) analisou a série histórica de precipitação do município de Jacareí/SP entre os anos de 1942 a 2011, conjuntamente com os registros de jornais municipais de ocorrências de impactos pluviais durante o mesmo período. Com essa análise, observou-se que apesar de haver uma pequena variação nos índices pluviométricos, os registros de jornais aumentaram de forma discrepante, indicando que os impactos pluviométricos resultam da ação antrópica que se espalha pelo espaço urbano, mais do que uma variabilidade temporal das chuvas. Binda et al. (2012), também verificam que os casos de inundações e alagamentos na cidade de Chapecó/SC têm se tornado cada vez mais frequentes, principalmente a partir de 1990, apesar de se ter registros desde a década de 1980, demonstrando que o aumento da população, a expansão urbana e a falta de infraestrutura urbana assumem papel fundamental nessas ocorrências. Na presente pesquisa, será feita uma avaliação parecida e baseada nos trabalhos citados, no entanto, não levando somente em consideração os casos de inundações e/ou de alagamentos. Nesta, vários impactos desencadeados pelas chuvas foram levados em consideração, como os movimentos de massa, tempestades, entre outros, assim como os casos de inundações e alagamentos, nos ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 235 quais foram todos englobados em mesmo conjunto denominado de “impactos pluviais”. A primeira avaliação consistirá na análise temporal dos casos de impactos pluviais na cidade ubaense, em que um levantamento histórico do jornal “Cidade de Ubá” foi feito contemplando os anos entre 1937 a 1994. Os jornais “Folha do Povo” e “O Noticiário” serviram como complemento à pesquisa, abarcando o período de 2008 a 2013. Não foi encontrado nenhum jornal entre o período de 1995 a 2007, o que comprometeu significativamente a pesquisa, pois estas informações seriam importantes na análise temporal, visto que se sabe que impactos pluviais ocorreram durante estes anos, pois existem fotos e alguns documentos que comprovem essas informações, como alguns impactos que ocorreram em 1997. A partir do levantamento de todas as notícias com ocorrências de impactos pluviais, foi elaborada uma matriz contabilizando o número de casos em cada década. Devido à falta de dados entre os anos de 1995 a 2007, optou-se em dividir os períodos da seguinte maneira: entre 1941 a 1950; 1951 a 1960; 1961 a 1970; 1971 a 1980; 1981 a 1990; e entre 2008 a 2013. A opção por esta divisão também levou em consideração as diferentes fontes (entre 1937 a 1994 – jornal “Cidade de Ubá” e entre 2008 a 2013 – jornais “Folha do Povo” e “O Noticiário”), e também entre o período de 2008 a 2013 a área urbana é maior em relação ao período de 1937 a 1994, como é visto na figura 5. Além dos números de casos, foram listados os principais locais de ocorrência de impactos pluviais em cada período, ou seja, aqueles que mais se repetiram ao longo das notícias. Essa primeira avaliação teve o intuito de alcançar o primeiro objetivo da pesquisa. A segunda avaliação foi sobre os dados de precipitação utilizados nesta pesquisa. Três fontes distintas foram levadas em consideração, sendo estas a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA), utilizando dados de pluviosidade do período de 2003 a 2013, os resultados obtidos na pesquisa de Reis et al. (2012) e a de Andrade (1961). Os dados pluviais mensais médios da COPASA e os obtidos no trabalho de Reis et al., ou seja, os mais recentes, foram confrontados com os obtidos por Andrade (1961), ou seja, os mais antigos. Essa segunda avaliação teve a intenção de verificar se o comportamento mensal das chuvas mudou ao longo do tempo, mesmo que de forma preliminar, devido ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 236 à carência de dados climatológicos da área de estudo. Ou seja, foi com o intuito de alcançar parte do segundo objetivo. Na terceira e última avaliação, debruçou-se sobre os dados populacionais de 1940 a 2010 obtidos através do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e sobre as imagens de satélite Landsat 5 dos anos de 1985, 1997 e 2011 obtidas através do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Além destes dados, os relatórios sobre Avaliação de Danos (AVADAN’s) relacionados aos impactos pluviais em Ubá e as notícias sobre chuvas obtidas nos jornais municipais citados acima também foram de suma importância nesta última avaliação. Com as informações sobre a população ubaense foi feito um gráfico de crescimento populacional e com as imagens foi elaborado um mapa de crescimento da área urbana através do software Arcgis 10, no qual foi de utilidade no cálculo das áreas urbanas em Km² nos três diferentes anos analisados. Com as notícias dos jornais municipais foi elaborado um gráfico contabilizando os impactos pluviais por década, e estas junto com os AVADAN’s auxiliaram na elaboração de outro mostrando o número máximo de bairros atingidos por década. Com estes gráficos prontos, as informações contidas nos mesmos foram relacionadas, com a intenção de alcançar parte do segundo objetivo desta pesquisa. Dessa forma, com todas as tentativas de respostas, algumas conclusões foram feitas sobre esta pesquisa. 4 – RESULTADOS A partir do levantamento histórico dos impactos pluviais na cidade ubaense, foram encontrados registros de impactos pluviais desde 13 de dezembro de 1877. Nesta ocasião, segundo o jornal “Folha do Povo” de 19 de janeiro de 1919, a inundação do ribeirão Ubá durou cerca de seis horas, atingindo a parte baixa da cidade e a Rua São José, que na época possuía poucas casas, causando pouco prejuízo material. No entanto, nesta mesma edição o jornal destaca a inundação do ribeirão Ubá do dia 18 de janeiro de 1919, que atingiu os mesmos pontos que a de 1877 e durou apenas uma hora. Comparando os dois casos, a inundação de 1919 causou mais prejuízos à população, pois passados 42 anos, foram construídas mais residências na Rua São José e em outros pontos próximos a margem do ribeirão. Percebe-se, de acordo com a comparação realizada pela notícia, que mesmo a ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 237 inundação durando uma hora, ela foi mais trágica que a do século anterior devido ao maior aglomerado de ocupações ao longo da margem. Mas esses impactos não foram incluídos na análise a seguir, pois como a notícia é de 1919, outra lacuna temporal surgiria na pesquisa, entre 1920 e 1936. Assim, optou-se por trabalhar a análise a partir da década de 1940, como se observa na tabela 3. Através do levantamento e organização das informações contidas nas notícias, percebe-se que o número de casos de impactos pluviais variou ao longo dos períodos analisados. No entanto, a partir da década de 1970 o número de casos é maior em relação aos períodos anteriores, sendo exatamente a partir desta década que o município de Ubá passa a ter sua população habitando predominantemente a área urbana, como observado na figura 3. Outra observação importante é em relação ao período 2008-2013, que foram contabilizados oito casos. Além de esse período ter um número de bairros atingidos bem maior em relação ao período passado (1981-1990), 35 contra seis, aquele contabilizou um número maior de casos em relação aos outros mesmo com apenas seis anos analisados, enquanto os outros são dez. Se esta análise fosse reduzida até o final da década de 2000, ou seja, de 2008 a 2010, o número de casos seria reduzido a seis, porém, seria mesmo assim significativo, pois teria sete anos de desvantagem em relação aos outros períodos. Ou seja, provavelmente essa contagem seria maior se o acesso às notícias dos jornais de 2001 a 2007 fossem possíveis, pois se sabe que ocorreram impactos em alguns destes anos devidos a fotos e documentos, como alguns casos que ocorreram em 2004. Tabela 3 – Ocorrência de impactos pluviais em Ubá/MG. Período Nº de Casos Principais Locais de Ocorrência 1941 – 1950 1951 – 1960 1 5 1961 – 1970 2 1971 – 1980 7 1981 – 1990 4 Parte baixa da cidade. Parte alta como a parte baixa da cidade. Avenidas Cristiano Roças e Governador Valadares. Ruas São José, 19 de Março, Nossa Senhora da Saúde, Inácio Godinho e João Pessoa. Também o Matadouro, Tanque Pedro Batalha, Vila São Domingos e altos do Caxangá. Bairro Jardim Glória. Ruas CADES e Major Fusaro. Partes baixa e alta da cidade. Bairros Triângulo, Jardim Glória, Caxangá, São Domingos, e Vila Casal. Avenidas Jacintho Soares Souza Lima, Padre Arnaldo Jansen e Ex Combatentes. Ruas São José, das Flores, CADES, Santa Cruz, Antônio Batista, Ten. Pedro Batalha, 13 de Maio, Cel. Carlos Brandão, Nossa Senhora da Saúde, João Pessoa e D. Silvério. Bairro São Domingos. Região do Córrego Pedro Batalha. Avenida Jacintho Soares Souza Lima. Praça Gladstone Faria ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 238 Alvim. Ruas Santa Cruz, D. Helvécio, 13 de Maio, Peixoto Filho, Cel. Carlos Brandão, Júlio Soares, Ten. Pedro Batalha, Sebastião Lisboa, Antônio Batista, Camilo dos Santos, Nossa Senhora da Saúde. 1991 – 2007 Não foi encontrada nenhuma notícia. 2008 – 2013 8 Bairros Santa Luzia, São Domingos, Louriçal, Caxangá, São João, Eldorado, Cristo Redentor, Da Luz, Agroceres, Industrial, Inês Gropo, Jardim Glória, Olaria, Meu Sonho, Palmeiras, Primavera, Santa Edwiges, Santana, Shangrila, Santa Bernadete, Vale do Ipê, Valdemar de Castro, Vila Casal, São Sebastião, Galdino Alvim, Lava-pés, Oséas Maranhão, Pires da Luz, Vila Gonçalves, Copacabana, Peluso, Ponte Preta, Triângulo, Universitário e Bom Pastor. Avenidas Jacintho Soares Souza Lima e Cristiano Roças. Ruas Antônio Batista, Capitão Teixeira Pinto, São José, Da Harmonia, Francisco André de Araújo, Ceará e José Teixeira de Abreu. Fonte: Jornais “Cidade de Ubá”, “Folha do Povo” e “O Noticiário”. Portanto, mesmo sem ter acesso a estas notícias, há indícios de que o número de casos de impactos pluviais registrados pelas notícias de jornais seja maior a partir da década de 2000 em relação aos períodos anteriores. Mas a partir das informações obtidas através das notícias dos jornais municipais, não é possível afirmar que o número de casos aumentou ao longo do tempo. Mesmo o primeiro objetivo não sendo plenamente atingido, devido às dificuldades de obtenção dos dados, optou-se por tentar dar algumas respostas ao segundo. Observando a figura 6, nota-se que as médias mensais de precipitação obtidas através dos dados da COPASA entre 2003 a 2013 (11 anos) indicam que os meses com os índices pluviométricos mais altos são de outubro a abril, nos quais atingem ou ultrapassam os 100mm. Destacam-se os meses de novembro, dezembro e janeiro, onde as médias superam os 200mm. Já os meses menos chuvosos vão de maio até setembro, nos quais as médias não ultrapassam os 50mm. Os dados da COPASA são coincidentes aos resultados obtidos por Reis et al. (2012), que obtiveram as normais climatológicas de precipitação dos municípios de Minas Gerais. Para Ubá verificaram que os meses mais chuvosos são os de outubro a março, nos quais ultrapassam os 100mm, com os meses de dezembro e janeiro ultrapassando os 200mm, e os de novembro e fevereiro chegando próximos a esse índice. Ao contrário dos dados da COPASA, o mês de abril não ficou entre os meses em que a média mensal atingiu os 100mm. Os resultados obtidos para os meses de maio a setembro foram semelhantes os obtidos através dos dados da COPASA. ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 239 Comparando esses resultados mais recentes com os obtidos por Andrade (1961), verificam-se muitas semelhanças. Os meses que ultrapassam a média de 100mm de chuvas são os de outubro a março, ou seja, assemelha-se ao comportamento pluviométrico encontrado na pesquisa de Reis et al. (2012). Já para os meses de maio a setembro, houve grandes semelhanças em relação às duas outras fontes. 240 Figura 6 – Comparação entre as médias mensais de chuvas do município de Ubá/MG. Com base na confrontação dos dados destas três fontes, observa-se que o comportamento da chuva é semelhante, ou seja, não houve mudanças significativas nos índices mensais médios de precipitação. Observando a figura 7, nota-se que fatores como o crescimento da população urbana ubaense e a diminuição da população rural podem estar relacionados com o aumento dos eventos que causaram impactos pluviais na cidade. No período em que a predominância era de população rural (1940-1960), a média de eventos foi de 2,7 por década, já no período posterior, em que a população urbana supera a rural (19702000), essa média aumenta para 4,5 eventos por década. Além de o segundo período ser superior ao primeiro em termos de eventos ocorridos, cabe mencionar que para a década de 1990 não foram encontradas informações sobre eventos que causaram impactos pluviais, o que poderia aumentar essa média. Cabe destacar, também, ainda na figura 7, o crescimento da área urbana ubaense, que de 1985 a 2011 teve uma taxa de crescimento urbano de 370%. Tal fato pode ser um dos fatores que contribuiu para o aumento da média de eventos a partir da década 1970, pois o grande crescimento populacional urbano impulsionado pela indústria moveleira fez crescer a demanda por espaços a serem ocupados no sítio ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 onde está localizada a cidade. Devido a isso, enquanto na década de 1960, quando Andrade (1961) pesquisou a cidade ubaense, as ocupações urbanas eram predominantes nos vales fluviais. Já, atualmente, com a densa ocupação nestes vales, as ocupações humanas se expandiram para as encostas e topos de morros, como visto anteriormente. Portanto, até a década 1980, o número de impactos pluviais ficava restrito a no máximo seis bairros atingidos. Na década de 2000, esse número já aumentou para 35 bairros atingidos. Como explanado antes, sobre a década de 1990, não foram encontrados nenhum tipo de notícias de jornais que mostrem impactos pluviais em Ubá e também quais bairros atingidos por estes eventos. Porém, sabe-se que tais eventos ocorreram a partir de fotos que os registraram, sendo que as mesmas se encontram no Arquivo Histórico municipal. Tal acontecimento comprometeu um pouco a análise, pois essas informações seriam importantes para melhor compreender a evolução do número de eventos impactantes e dos locais atingidos pelos mesmos. Figura 7 – Relação entre crescimento populacional e da área urbana da cidade de Ubá/MG com o número de eventos relacionados a impactos pluviais e os número de bairros atingidos. Elaborado por Vitor Juste dos Santos (2014). * Não foram encontradas informações sobre esse período (década de 1990). Fonte: AVADAN’s, INPE, IPEA e Jornais Municipais. 5 – CONCLUSÕES A partir dos resultados da pesquisa, algumas considerações podem ser feitas. ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 241 É importante ressaltar que mesmo o primeiro objetivo da pesquisa não sendo alcançado de forma plena, há fortes indícios a partir de informações extras, como fotos e alguns documentos obtidos através da Defesa Civil municipal, de que o número de casos de impactos pluviais seriam maiores na década de 2000 em relação às décadas anteriores. Além disso, algumas informações importantes podem ser extraídas dessas notícias, como os locais frequentemente atingidos, quais tipos de impactos são predominantes na cidade e em quais meses são mais recorrentes. Mas mesmo com a resposta insuficiente em relação ao primeiro objetivo, há fortes evidências de que o crescimento do espaço físico da cidade de Ubá seja desencadeador de impactos pluviais, devido à expansão desordenada para as margens de cursos d’águas e para as vertentes íngremes/topos de morros. Essas evidências estão contidas nos gráficos elaborados para a figura 7, e são reforçadas pelos dados de pluviosidade contidos na figura 6, que mostra que o comportamento das chuvas não se modificou ao longo de 50 anos, levando em consideração as médias mensais. Portanto, se não está chovendo mais ao longo dos meses, é bem provável que os impactos pluviais registrados nas notícias de jornais e nos relatórios da Defesa Civil municipal sejam causados mais pelas intervenções antrópicas sobre o meio. É claro que as informações contidas nesta pesquisa são iniciais e que outras devam ser adquiridas e analisadas para responder de forma satisfatória aos objetivos propostos. O intuito dessa pesquisa não foi de responder essas questões de forma definitiva, mas de começar a levantar questões sobre os problemas relacionados às chuvas na cidade de Ubá. REFERÊNCIAS AB’SÁBER, Aziz Nacib. Os domínios de natureza no Brasil. Potencialidades paisagísticas. 6. ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2006. 159 p. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA. Disponível em:<http://www2.ana.gov.br/Paginas/default.aspx>. Acesso em: 18 jul. 2013. ALBINO, Andréia Aparecida. 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