GEOGRAFIA DOS MARES E OCEANOS Os oceanos e mares cobrem quase ¾ da superfície terrestre, mais especificamente 70.8% da superfície. Porém, a água não se distribui de modo homogêneo: No hemisfério sul a relação entre a água e a terra é de 4:1, enquanto no hemisfério norte essa relação é de apenas 1,5:1. Didaticamente podem-se dividir os oceanos em 3: o Pacífico, o Atlântico e o Índico, embora o Ártico e o Antártico possam também ser considerado como oceanos à parte. O Oceano Pacífico é o maior dos oceanos, ocupando mais de 1/3 da superfície terrestre, contendo mais da metade do volume de água do planeta. È também o mais profundo, possui forma circular, e tem numerosas fossas submarinas e ilhas associadas ao longo de sua margem, além de sua plataforma continental serem bastante estreitas. Devido ser a região do planeta mais geologicamente ativa atualmente, seu perímetro é conhecido como cinturão de fogo. O Oceano Atlântico é o segundo em tamanho, e estende-se como uma bacia relativamente estreita da região ártica a antártica. Comparando-se com o Pacífico, é um pouco mais raso, possui grandes áreas de plataforma continental e poucas ilhas vulcânicas. Outra característica do Atlântico é que ele recebe descarga de água doce de grandes rios, como o Amazonas e o Congo, que são responsáveis por ¼ do total água doce provenientes de rios do planeta, promovendo assim uma grande descarga de material continental nas margens deste oceano. Diversos mares são vizinhos ou mesmo fazem parte do Atlântico, como o mar do Caribe, Mediterrâneo, o mar do Norte e o Báltico. O Oceano Índico, levemente triangular, situa-se principalmente do hemisfério sul. Como o Atlântico, contém poucas ilhas e é marcado por numerosos platôs submarinos e grandes sopés continentais. Possui importantes mares marginais, como o golfo Pérsico, o mar Vermelho e o golfo de Bengala. O Oceano Ártico é às vezes considerado como pertencente ao Atlântico ao qual se comunica em seu extremo norte. É bastante raso, possui forma levemente circular e permanece coberto de gelo a maior parte do ano, com camadas de gelo de 3 a 4 metros. O Oceano Antártico, assim como o Ártico, possui características oceanográficas muito particulares, com a formação de diversas massas de água sub superficiais que fluem em direção do equador. Como não possui barreiras continentais em seu sentido leste-oeste, propicia fluir uma Corrente Circumpolar Antártica, que dá a volta em todo o planeta. Consideram-se ainda os mares, que relativamente aos oceanos apresentam uma menor superfície, menor profundidade, maior proximidade dos continentes e comunicações entre si ou com os oceanos menos amplas e menos profundas. Os mares podem ser classificados em: (i) Limítrofes (em geral mares epicontinentais, situados na margem dos continentes, na orla das grandes extensões oceânic as) - mar da Arábia, mar de Bengala, mar do Norte (...); (ii) Mediterrâneos (situados no interior dos continentes efetuado a comunicação com os oceanos por estreitos de pequena profundidade) m ar Mediterrâneo, mar Vermelho, mar das Caraíbas (...); (iii) Interiores (comunicam por um estreito apertado e pouco profundo com outro mar) - mar Báltico, mar Negro; Mar negro (iv) Fechados (não comunicam nem com outros mares nem com os oceanos, o seu estudo é do domínio da Limnologia) - mar Cáspio. Apesar das diferenças existentes entre os oceanos e mares, em todos podem ser encontrados 3 províncias ou feições batimétricas principais: as margens continentais, as bacias oceânicas e os sistemas de cordilheiras mesoceânicas. 1- Cordilheiras Mesoceânica: Quando as placas tectônicas se movem afastando-se uma da outra, criando, portanto uma nova crosta, denomina-se junção divergente. Nesse tipo de junção há expulsão de material magmático e, conseqüentemente, formação de cadeia montanhosa, denominada, quando no assoalho marinho, cadeia ou cordilheira mesoceânica. Essa feição tem o comprimento total de cerca de 65000Km, largura média de 1000km e cobre aproximadamente 23% da superfície terrestre. A cadeia mesoceânica leva os nome mais específico conforme o oceano em que se encontra como, por exemplo, a cadeia Meso-Atlântica. Quanto mais distantes os terrenos da linha central das cordilheiras, mais antiga é a região, já que há liberação de magma e deslocamento de placas tectônicas em direção oposta. Assim, as margens continentais e os próprios continentes são muito mais antigos que as bacias oceânicas. Os deslocamentos das placas tectônicas podem variar de 1 a 10cm por ano, alcançando até 18,3cm por ano no caso da costa oeste da América do Sul. Assim, como um Iceberg no oceano, a crosta encontra-se flutuando em um meio mais denso e parcialmente fundido. Tal característica da superfície do planeta gera uma condição de equilíbrio chamada de isostasia, que explica muito dos fenômenos geológicos observados, como elevações ou subsidências dos terrenos em certas regiões do planeta, dando ao estudo geomorfológico dos mares e oceanos um caráter bastante dinâmico. 2 - Margem continental: É a região mais próxima às terras emersas e é formada por um acúmulo de sedimentos de origem continental, e em menor escala pela erosão costeira. São reconhecidos 2 tipos básicos de margens continentais: a pacífica, encontrada principalmente do Pacífico, é estreita e possui fossas submarinas em sua base; a atlântica, característica do Atlântico, é mais larga e suave; o Oceano Índico possuí margens do tipo atlântica, exceto próximo a fossa de Java. Porém, de uma maneira geral, a margem continental costuma ser dividida em 3 províncias: a plataforma continental, o talude continental e o sopé continental, diferenciados principalmente pelo ângulo médio de inclinação em relação ao fundo abissal. - Plataforma continental: Estende-se da costa em direção a bacia oceânica com declividade média de 1:1000, possuindo largura média de cerca de 80km; no Brasil, sua largura varia de 330km na foz do Amazonas a 8Km ao largo de Salvador. Seu limite externo, chamado de quebra ou borda da plataforma, situa-se a cerca de 130m de profundidade, onde ocorre uma mudança abrupta na inclinação. Por ser relativamente pouco profunda e pela proximidade com as regiões continentais, há grande penetração de luz solar e fornecimento de nutrientes em abundância, o que proporciona uma grande produção primária em quase toda a coluna d’água e uma biomassa superior às outras regiões oceânicas (cerca de 90% da produção pesqueira mundial é de organismos capturados na plataforma continental). - Talude continental: A partir da quebra da plataforma, ocorre uma mudança abrupta na inclinação, passando de 1:1000 para 1:40, marcando a presença da região chamada de talude continental. Essa região é composta de sedimentos finos, principalmente lamas, possui por várias falhas e descontinuidades, com destaque para os cânions submarinos, vales profundos e estreitos em forma de U ou V, com paredes inclinadas. Os cânions tem um papel importante no transporte de sedimentos de regiões costeiras para o oceano profundo, sedimentos estes que se acumulam na base dos cânions formando um leque aluvial. - Sopé continental: Os sedimentos depositados na base do talude formam o sopé continental. Parte dessa feição é formada por sedimentos em suspensão, que fluem contínua e lentamente pela plataforma, caindo pelo talude em direção ao sopé. Com declividade bastante variável, porem muito menor que o talude, ocorre em geral de 1500 a 6000 metros de profundidade. No Brasil, o sopé continental atinge 850km em sua maior largura na altura do Banco de Abrolhos. 3 - Bacia Oceânica: A porção do assoalho marinho que se estende do sopé continental até a cordilheira mesooceânica ou até a outra margem continental é chamada de bacia oceânica, onde encontramos diversas feições batimétricas, como: planícies abissais, ilhas vulcânicas, guyots, atóis, montes submarinos e fossas submarinas. - Planícies abissais: Feição predominante da bacia oceânica, nas quais o fundo é bastante plano, mais do que qualquer planície continental. Em algumas regiões de planície abissal do Atlântico ocidental, encontram-se extensões de mais de 100km onde o fundo não varia mais que 2m. - Ilhas vulcânicas: feições resultantes de atividade vulcânica, bastante comuns no fundo oceânico, formando freqüentemente longas cadeias de ilhas. No Brasil há exemplos de cadeias vulcânicas submarinas que se formam no sentido da movimentação da placa tectônica sul-americana. É o caso da cadeia Norte Brasileira, da de Fernando de Noronha e da de Vitória-Trindade, que formam montes submarinos, não atingindo a superfície, e ilhas vulcânicas que emergem em 3 formações: o arquipélago de Fernando de Noronha, os rochedos de São Pedro e São Paulo e as ilhas de Trindade e Martim Vaz. - Guyots: A tendência das ilhas vulcânicas é afundar até que encontrem um novo ponto de equilíbrio isostático, já que a crosta oceânica é muito fina, deformando-se devido ao peso da grande massa magmática formadora da ilha. Ao afundarem-se as ilhas podem dar origem aos Guyots, elevações submarinas de origem vulcânica que possuem o topo plano, causado pela erosão das ondas na superfície durante o processo de imersão da ilha. Na margem continental brasileira encontra-se um importante guyot, o do Ceará, localizado quase em frente à Fortaleza, com topo entre 230 260m de profundidade. - Atóis: A ilha vulcânica pode também dar origem a um atol, fato descoberto por Charles Darwin, em sua viagem pelo Pacífico pelo Beagle. Em águas quentes e limpas os corais crescem rapidamente. Assim, quando a ilha afunda lentamente, o recife de coral, que se encontra em águas rasas a sua volta, cresce verticalmente até a ilha afundar totalmente, restando um recife coralino circular, em cujo centro se forma uma lagoa de águas rasas. Na bacia oceânica brasileira acha-se o Atol das Rocas, único do Atlântico Sul, e faz parte da formação da cadeia de Fernando de Noronha, sendo constituído por um anel de recifes de algas calcárias e corais. - Fossas submarinas: Quando as placas tectônicas se movem em direção uma à outra, destruindo a crosta antiga, forma-se uma junção convergente, e a região é denominada de zona de subdução. Nessa formação, uma placa converge sob a outra formando profundas depressões na junção entre as placas denominadas de fossas submarinas, geralmente possuem formas em arco de círculo e, geralmente encontra-se associado a cadeia de ilhas em forma de arco, os arcos insulares; o arquipélago japonês é um exemplo de arco insular.