Brasil chega à sua pior posição competitiva em 20 anos

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Brasil chega à sua pior posição competitiva em 20 anos
O ranking aponta para uma desaceleração significativa do crescimento e da produtividade,
principal causa são fatores de acirramento político
Nova Lima (MG), 28 de setembro de 2016 – O Brasil sofre relevante queda de seis posições no
ranking que avalia a competitividade de 138 países, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial
em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC). O país perdeu 33 posições nos últimos quatro
anos e chega este ano à 81a colocação, revelando sinais claros de forte crise econômica e declínio
da produtividade, resultando em menor sofisticação dos negócios e baixo grau de inovação, bem
como se distancia de forma significativa dos demais países do grupo dos BRICs e do G20 o Brasil
perde espaço internacional e agrava inúmeros indicadores de competitividade.
O cenário de desaceleração da economia mundial oferece forte resistência desde a crise de
2008, e sobretudo para os países emergentes após o fim do super ciclo das commodities. O
Relatório Global de Competitividade 2016-2017 constata a polarização política pós crise e a
perda de produtividade global como os maiores obstáculos para a competitividade e para o
desenvolvimento. O debate recoloca os holofotes sob as disputas políticas e testemunha uma
transformação da disputa entre direita e esquerda clássica, conservadorismo e
desenvolvimentismo, em uma tendência similar de abertura comercial em oposição ao
protecionismo e às tendências antiglobalização. Há também um destaque para o fim do ciclo da
produtividade baseado na microeletrônica e na automação e chama a atenção para a
emergência de um novo paradigma tecnológico caracterizado pelo crescimento exponencial da
digitalização a denominada Industria 4.0 ou Smart Industry.
Disfunções políticas – globalização em cheque
Para 2016, o Fórum Econômico Mundial projeta um crescimento da economia global inferior a
2,5%, o que reitera uma trajetória decrescente. Os desdobramentos da crise, sobretudo no
âmbito político, têm forte impacto sobre as expectativas, que apontam para um ciclo de
recessões e recuperação muito mais longa do que o previsto anteriormente. Paralelamente, o
Fórum contesta as medidas econômicas contra cíclicas adotadas em períodos de recessão ou
desaceleração. Como o mundo passa por um processo de acirramento político, onde o
nacionalismo e o isolamento pelo medo ao terrorismo avançam, muitas das políticas e soluções
postas a mesa caminham por um viés de antiglobalização. Tanto o “Brexit” quanto a eleição de
partidos ultranacionalistas na Hungria e Polônia, são a materialização de tais expectativas postas
em prática.
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Apesar da queda persistente da taxa de lucro mundial é evidente que em uma decomposição
setorial existem aqueles setores para os quais os ganhos de competitividade advindos da maior
produtividade, sofisticação e inovação permitem ainda vertiginoso crescimento. A emergência
de novos setores a partir do desenvolvimento tecnológico também ressalta o maior ritmo de
alteração das atividades econômicas, intensificado sobretudo pela quarta revolução industrial.
Top 10 – reflexo da estabilidade
Dentre as nações mais bem colocadas no Relatório Global de Competitividade 2016-2017, estão
os mesmos dez países apresentados no ano passado, o que confirma a dificuldade de ganhos de
produtividade por países emergentes e em atraso relativo, cujo modelo de desenvolvimento
oferece sinais de esgotamento. A dificuldade também enfrentada pelos desenvolvidos de auferir
ganhos reais de produtividade, salário e renda contribuem para a estabilidade no topo do
ranking desse ano, conforme evidencia a Figura 1.
Suíça
Cingapura
Estados Unidos
Holanda
Alemanha
Suécia
Reino Unido
Japão
Hong Kong
Finlândia
2016-2017
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
2015-2016
1
2
3
5
4
9
10
6
7
8
Figura 1: Ranking das dez economias mais competitivas do mundo segundo
Relatório Global de Competitividade 2016-2017
Claramente o benchmark da competitividade, a Suíça fica em primeiro lugar pelo oitavo ano
consecutivo. Além de líderes em inovação e sofisticação, os suíços têm taxa de desemprego
estável e ganhos reais de salário, o que está fortemente relacionado ao sistema de educação do
país, reconhecido por sua excelência e eficiência no mercado de trabalho. Cingapura e Estados
Unidos, em segundo e terceiro lugar, demonstram alta eficiência nos pilares de maior relevância
e se destacam respectivamente nos requerimentos básicos à competitividade e na sofisticação
e capacidade de inovar.
A Holanda e Alemanha completam o top 5 e acentuam o aspecto regional da competitividade
na Europa, continente que concentra o maior número de países altamente competitivos. Suécia
e o Reino Unido aparecem na sexta e sétima posições com destaque para o mercado de trabalho
qualificado, políticas educacionais, e incentivos claros à inovação.
Japão e Hong Kong caem duas posições cada, contudo evidenciam infraestrutura de ponta,
sendo que o Japão tem um dos melhores sistemas de saúde e ensino básico, enquanto Hong
Kong possui alta capacidade de agregar valor tanto via capital quanto via trabalho. Fechando
esse seleto grupo, a Finlândia tem ótimos resultado nos pilares de educação, instituições e
capacidade de inovar.
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Nitidamente, os países acima compartilham diversas características marcantes, sendo que o
grande destaque fica para a capacidade de se inserir vigorosamente na quarta revolução
industrial. Fonte das maiores janelas de oportunidade do cenário atual, a quarta revolução
industrial (ou indústria 4.0) tem como pilares o desenvolvimento de tecnologias de fronteira
como computação cognitiva, robótica, internet das coisas, blockchain, biotecnologia e
impressora 3D corroboram para uma trajetória endógena do aumento da competitividade.
Alerta vermelho – África em declínio
Oitos dos dez países menos competitivos da pesquisa são africanos, com exceção do Iêmen,
último colocado, e da Venezuela, imersa em uma crise social-institucional-econômica. Congo,
Libéria, Serra Leoa, Moçambique, Malaui, Burundi, Chade e Mauritânia são os representantes
da África nas últimas posições do ranking.
Os países com piores indicadores de competitividade se caracterizam por instituições não
confiáveis, infraestrutura deficitária e educação não inclusiva e de baixa qualidade, além de
sistema de saúde precário e fortemente dependente. A queda no preço dos produtos primários
e o fim do super ciclo das commodities teve em geral um forte impacto nesses países. Apesar
de conveniências advindas do atraso relativo, como abundância de mão de obra e capacidade
de alocação de atividades intensivas em trabalho, o investimento não avança sobretudo devido
à necessidade de reformas sociais, econômicas e políticas para que ocorra relevante inserção no
mercado internacional.
Destaques Internacionais
Apesar da perpetuação do cenário de crise e da clara desaceleração do crescimento e da
produtividade mundial, segundo o relatório 2016-2017 couberam ainda destaque para países
específicos que de longa data vem adotando políticas públicas de incentivo a competitividade.
O esgotamento das políticas fiscais e monetárias expansionistas apontam para necessidade de
políticas de controle da oferta e estruturação dos fatores básicos à competitividade.
Na América Latina, destaque para México e Colômbia que confirmaram as expectativas de
melhoria nos indicadores. O México subiu seis posições e ocupa a 51a posição, tal ganho é
decorrente da maior eficiência de mercado. As vantagens tanto internas quanto externas foram
intensificadas pela reforma comercial e flexibilização legal. Incentivos no mercado de trabalho
e flexibilização dos mercados financeiros permitiram ganhos apesar das dificuldades advindas
da queda do preço do petróleo. O grande desafio do México continua sendo a educação e a
busca por melhorias qualitativas e quantitativas, base de uma maior inclusão.
A Colômbia, que já vinha conquistando posições nos últimos anos, se manteve estável na 61a
posição. O país que desde 2008 assumiu um alto grau de coordenação em programas de auxílio
à competitividade, através de uma parceria público-privada, permitiu que inúmeras comissões
especiais fossem criadas e já demonstram resultados mesmo com os efeitos da queda nos
preços das commodities. Destaque para a aliança entre empresas e universidades que levam a
pesquisa e seus resultados para dentro da organização empresarial, e aufere ganhos impares no
desenvolvimento de tecnologias e nos retornos ao sistema financeiro.
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Considerando todos os continentes, forte destaque também para a Índia. O país ganhou 16
posições e agora ocupa o 39 a colocação, movido por ganhos generalizados em todos os pilares.
A maior abertura comercial permitiu ganhos de sofisticação e inovação, contudo a alta taxa
tributária ainda dificulta ganhos sobretudo no mercado financeiro. A coordenação internacional,
e alta relevância em organismos como G20 e as Nações Unidas também melhoram as
expectativas e, por consequência, o investimento na Índia.
Brasil: descendo e descendo
O Brasil atingiu a sua pior posição no ranking do Relatório Global de Competitividade chegando
ao 81o lugar, confirmando uma perda histórica de 33 posições desde 2012, conforme ilustra a
Figura 2. Esta colocação coloca o país abaixo de alguns de seus principais concorrentes e aponta
para um agravamento da desaceleração do crescimento e da produtividade, indicando uma
recessão de 4,5% do PIB para 2016.
Figura 2: Posições do Brasil no Ranking do Relatório Global de Competitividade 2012 – 2016
Os principais fatores por trás dessa tendência de perda de competitividade são os fatores ligados
à atual conjuntura política, mas também a fatores estruturais e sistêmicos que têm sido
apontados em todas as edições do Relatório Global de Competitividade desde a década de 90.
Fatores da conjuntura presente como a crise econômica e política que vem se deteriorando
desde 2014 estão associados a fatores estruturais e sistêmicos como sistema regulatório e
tributário inadequado, infraestrutura deficiente, e baixa produtividade resultam em uma
economia fragilizada e incapaz de promover avanços na competitividade interna e internacional
sem maior inserção no mercado mundial.
A alternativa de combate a crise internacional via incentivo à demanda doméstica apresenta
claro sinal de esgotamento, e aliada a uma crise política grave e persistente deteriora as
expectativas, inibindo o investimento. Sendo assim, é razoável uma queda em todos os fatores
que são medidos por meio da pesquisa de opinião dos executivos no país, realizada entre março
e maio e que mede a percepção dos empresários sobre o ambiente econômico, político, de
negócios, entre outros.
No Relatório de 2016-2017, o país apresentou piora em seis dos 12 pilares estudados. Segundo
a Figura 3, estes 12 pilares estão agrupados em três sub-indexes: requerimentos básicos,
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potencializadores de eficiência e inovação e sofisticação. Como país de médio desenvolvimento,
os pilares de Potencializadores de eficiência recebem maior peso no cálculo final.
Requerimentos básicos
2015
2016
2015
2016
Instituições
121
120
Educação superior e treinamento
93
84
Infraestrutura
74
72
Eficiência do mercado de bens
128
128
Ambiente econômico
117
126
Eficiência do mercado de trabalho
122
117
Saúde e Educação primária
103
99
Desenvolvimento do mercado financeiro
58
93
Prontidão tecnológica
54
59
Tamanho do mercado
7
8
Inovação e Sofisticação
Sofisticação dos negócios
Inovação
56
63
84
100
Potencializadores de eficiência
Figura 3: Desempenho do Brasil nos 12 pilares de Competitividade
A sinalização de um caminho para solucionar a crise política também corroborou para a
estagnação dos pilares básicos ligados a competitividade. No grupo de requerimentos básicos,
o pilar de instituições subiu uma posição. A perspectiva de resolução de problemas políticos e o
fortalecimento das instituições permitiram essa estabilidade. Claramente, o desafio para os
próximos anos passa pela manutenção e integridade dos avanços sócio-políticos. O pilar da
infraestrutura ganha duas posições no ranking, sobretudo como reflexo investimentos feitos no
país para a Copa do Mundo de 2014 e para as Olimpíadas de 2016. O segmento de maior
destaque foi a ampliação da capacidade de transporte aéreo. O programa de concessões dos
aeroportos gerou reformas e incentivou a melhora dos serviços para os usuários. Contudo, são
muitos os desafios apontados sobretudo para a expansão da telefonia e internet, que após surto
inicial na década de 2000 necessita de maiores aportes para maior extensão. No que tange ao
ambiente macroeconômico houve uma queda significativa de nove posições. Com uma dívida
pública de R$ 4 trilhões, perspectiva de queda na arrecadação geral, inflação que pouco
responde a estímulos e alta nos juros, já eram esperadas perdas fundamentais nesse pilar. Nos
indicadores de saúde e educação primária foram reveladas melhoras generalizadas nos índices
tanto de saúde quanto educação, com destaque para a queda na mortalidade infantil e na
melhor expectativa de vida. Na área de educação houve melhorias qualitativas e quantitativas,
sobretudo na qualidade da educação e na ampliação de matrículas do ensino primário.
No grupo de indicadores considerados potencializadores de eficiência houve queda considerável
nos indicadores relacionados ao mercado. Menor eficiência do sistema bancário, baixa
tecnologia disponível e diminuição do mercado consumidor são destaques. Nos pilares
educação técnica e superior e eficiência do mercado de trabalho houve ganhos expressivos de
nove e cinco posições, respectivamente. Tais melhoras são em sua maioria quantitativas e
consequências de investimentos de longo prazo. O desenvolvimento do mercado financeiro no
Brasil teve uma queda de 35 posições. O que pesou para este pilar foi a queda do crédito,
aumento dos juros, aumento da inadimplência, dentre outros fatores que denotam maior
interferência do Estado sobre o sistema bancário. A recessão, de fato, diminui a demanda por
moeda e por consequência do serviço bancário, o cenário desfavorável agrava ainda mais a
expectativa de lucros para o setor financeiro. No quesito prontidão tecnológica o país caiu cinco
posições e a tendência de queda dos anos anteriores se replica. O destaque se dá para a
transferência de tecnologia por investimentos estrangeiros que teve novamente relevante
queda, agravada pela dificuldade de absorção de tecnologia pelas empresas brasileiras. O
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tamanho do mercado sofre ligeira queda de uma posição, ficando em sexto lugar. O PIB em
bilhões continua o sétimo maior dos 138 países. Contudo, a recessão esperada de 4,5% do PIB
leva à desaceleração generalizada na economia, aumento de mais de 2% na taxa de
desemprego, e perda real nos salários, o que de fato freia o mercado consumidor.
No terceiro grupo de fatores de inovação e sofisticação dos negócios, são constatadas perdas
expressivas. No que diz respeito à sofisticação de negócios, medido por meio da percepção dos
empresários, houve uma queda de sete posições. A menor participação do comércio no PIB
ajuda a entender a piora das expectativas para tais pilares, que acentuada pela menor
participação internacional, não permite soluções de curto prazo. Dentre as variáveis que medem
a inovação, o Brasil teve uma queda de 16 posições. Apesar da melhoria na educação e na
disponibilidade de mais profissionais, a alta concentração do investimento no setor público que
não está com as contas em dia, combinado a expectativa de queda do investimento privado, e
ao menor aproveitamento e qualidade das pesquisas, resultam em uma postura conservadora
das empresas em inovar. Sendo assim, o Brasil cai para a centésima posição, tendo um
prognóstico crítico para os próximos anos, mesmo com os avanços no sistema legal de inovação
e patentes.
Como parte da pesquisa de opinião realizada anualmente é perguntado quais os fatores mais
problemáticos para se fazer negócios no país. Em 2016 a carga tributária aparece em primeiro
lugar, seguida da corrupção e da regulamentação do sistema tributário. Veja abaixo na Figura 4
a listagem completa dos fatores destacados:
Figura 4: Maiores empecilhos aos negócios no Brasil em 2016, segundo empresários
O Brasil – início de um novo ciclo de crescimento da competitividade?
Ainda que o cenário geral seja marcado por tendências de agravamento em indicadores chaves
da economia, a pesquisa de competitividade aponta oportunidades promissoras para o país.
Destacamos cinco:
1) A maior inserção internacional. Ainda que a economia esteja em fraca recessão, nossa
pauta de exportação ainda oferece inúmeras vantagens relativas. Pensando em uma
tendência antiglobalizante no mundo, auferir ganhos pelo comércio internacional
aumentando a participação do comércio no PIB, é uma alternativa interessante.
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2) Espaço para o investimento privado. Sendo o perfil do investimento no Brasil em suma
maioria pública, a inviabilidade de ser realizado pelo mesmo devido ao alto
endividamento abre espaço para o investimento privado que em tempos de crise e alta
nos juros, pode ter retornos colossais em curto, médio e longo prazo.
3) A internacionalização das empresas brasileiras emana enquanto grande desafio que
começa a ser superado. Segundo o Ranking das Multinacionais Brasileiras realizada pela
Fundação Dom Cabral, as empresas brasileiras apresentam um alto grau de
adaptabilidade à cultura local. Tal flexibilização é uma enorme vantagem para ocupação
de espaço cuja a taxa marginal de retorno do capital seja maior, como na África.
4) Nova pauta de inovação tecnológica. Apesar da queda expressiva nos indicadores
relativos às práticas de inovação, há no país uma plena consciência tanto no setor
público quanto no setor privado de que o momento é de se unir para incrementar os
investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação. As ações orquestradas por um
lado pela Embrapa e por outro pela Embrapii têm o potencial de alavancar os recursos
públicos e privados em prol de um desenvolvimento tecnológico que resultem no
desenvolvimento da produtividade nos segmentos chave da economia que são a
agricultura e a indústria. Há uma carência de iniciativas que promovam a integração dos
diferentes atores (academia, setor público e setor privado).
5) Simplificação e modernização dos marcos regulatórios. A crise política recente que
resultou no impeachment da presidente Dilma e na cassação de mandados de políticos
e posições de liderança no Senado e na Câmara de Deputados e o tsunami causado pela
operação Lava Jato pode ser a oportunidade para o país iniciar uma série de reformas
em seu marco regulatório tornando a legislação brasileira mais moderna e compatível
com as demandas do século XXI. As primeiras propostas de reformas nos sistemas de
concessões e educacional e os movimentos para simplificação da legislação trabalhista
e previdenciária e no sistema tributário nacional têm o potencial de alavancar
significativamente a competitividade brasileira nos próximos anos.
Considerações finais: quem somos e para onde podemos ir?
A crise institucional, marcada pela deterioração da governabilidade e questionamento da ética,
acarreta não apenas efeitos econômicos de alto impacto, que deterioram a capacidade das
empresas brasileiras de concorrer tanto internacionalmente quanto internamente, como
também coloca importantes questões estratégicas em cheque. A pesquisa revela a falta de
clareza em quem é o Brasil e para onde o país pretende ir. Sem orientações definidas, sem uma
perspectiva do que fazer e dentro de um processo de isolamento são impossíveis soluções de
curto prazo, quiçá de médio e longo prazo. Logo é um desafio ao novo governo em parceria com
os empresários orientar a retomada de crescimento e a formulação de um projeto de país.
Com baixo crescimento da produtividade, altas taxas de desemprego e projeções de
crescimento negativo da economia para os próximos anos, o Brasil sofre pelas oportunidades
não aproveitadas nos anos anteriores, durante o super ciclo das commodities. Contudo, apesar
das baixas taxas de investimento e instabilidade econômica, as instituições e a sociedade
começam a dar sinais de recuperação. Para pôr fim à tendência de queda da competitividade
são necessárias reformas como a tributária e previdenciária que visem de fato solucionar
questões insustentáveis no longo prazo. A disparada da dívida pública agravada pela alta
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inflacionária pouco responde aos incentivos dados, sendo necessária medidas de sinalização ao
mercado de que o debate está formalmente posto. A maior participação no comércio mundial
emana enquanto solução para o Brasil investir mais em setores exportadores, buscando
produtos com maior valor agregado e maiores retornos marginais. A desvalorização do real
aparece também enquanto alternativa para maior competitividade doméstica.
Considerando o esgotamento de um ciclo e a necessidade de uma nova caminhada, cabe
também às empresas e empreendedores investir no desenvolvimento de novos negócios,
produtos, processos, serviços e modelos de negócios que combinem as vantagens comparativas
e competitivas brasileiras com novas trajetórias tecnológicas, como a digitalização apontada
pela quarta revolução industrial. O desenvolvimento da competitividade brasileira só será
possível a partir da incorporação de tecnologias, amadurecimento das empresas e empresários,
aumento da produtividade e ganhos de comércio internacional, desenvolvida e orientada via
uma agenda clara e transparente.
Sobre o Relatório Global de Competitividade
O Fórum Econômico Mundial define competitividade como o conjunto de instituições, políticas e fatores que determinam o nível de
produtividade de um país. As notas e os rankings são calculados a partir de dados estatísticos e de pesquisa de opinião realizada
com executivos dos 138 países participantes. Cento e dezoito variáveis são analisadas e agrupadas em 12 categorias: instituições,
infraestrutura, ambiente macroeconômico, saúde e educação primária, educação superior e treinamento, eficiência do mercado de
bens, eficiência do mercado de trabalho, desenvolvimento do mercado financeiro, prontidão tecnológica, tamanho de mercado,
sofisticação empresarial e inovação.
Para coletar os dados de maneira eficiente, o Fórum Econômico Mundial conta com o apoio de uma rede de mais de 160 instituições
parceiras. No Brasil, a Fundação Dom Cabral (FDC) é responsável pela organização de dados estatísticos e pela pesquisa de opinião
realizada junto à comunidade empresarial. Este ano foram coletadas respostas de 128 executivos no período entre março e maio
de 2016.
Sobre a Fundação Dom Cabral
A Fundação Dom Cabral é uma escola de negócios brasileira que há 40 anos tem a missão de contribuir para o desenvolvimento
sustentável da sociedade, por meio da educação, capacitação e desenvolvimento de executivos, empresários e gestores públicos.
Circulam anualmente pelos seus programas abertos, fechados, de parcerias e de pós-graduação (especialização, MBA e mestrado)
cerca de 40 mil executivos de empresas e organizações de pequeno, médio e grande porte do Brasil e de vários países. No campo
social, a FDC desenvolve iniciativas de desenvolvimento, capacitação e consolidação de projetos, líderes e organizações sociais,
contribuindo para o fortalecimento e o alcance dos resultados pretendidos por essas entidades. A FDC é a melhor escola de negócios
da América Latina segundo o Ranking da Educação Executiva 2016 do jornal inglês Financial Times.
Assessoria de imprensa
Felipe Correia – [email protected] – (11) 3169-9336 / 9 7465-9642
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