A evolução do conceito de marketing Antes do início dos anos 60, o marketing era tido como mero sinônimo de vendas dentro de grandes empresas nos EUA – apesar de muitos acadêmicos, consultores e analistas definirem marketing de forma bastante distinta. A situação ficou ainda mais problemática a partir do início dos anos 60. Em paralelo ao crescimento da indústria da mídia nos EUA e da indústria da propaganda, o marketing passou a ser considerado sinônimo de propaganda dentro das grandes empresas e da sociedade. Por causa das funções e dos significados atribuídos ao marketing pela alta cúpula das grandes empresas, marketing foi tido por muitos – em diversos países, mas principalmente na Europa no início dos anos 1970 – como um recurso utilizado por grandes empresas (em especial as grandes empresas dos EUA) com o propósito de manipular consumidores, cidadãos e funcionários das empresas. Apesar de marketing parecer ser para muitas pessoas um conceito simples, a observação atenta da realidade tem mostrado que muitas organizações não conseguem distinguir com clareza o que é e o que não é marketing. É razoavelmente correto afirmar que uma das razões para esse confuso quadro é a existência de muitas definições de marketing. De fato, é correto afirmar que não existe uma definição única e definitiva de marketing. Entretanto, também é correto afirmar que já há um razoável consenso quanto ao que não é – ou não deveria ser – marketing. A partir de meados dos anos 70, ao reconhecerem que muito do que se dizia sobre marketing não era efetivamente praticado, acadêmicos e algumas organizações tiveram de redefinir marketing. Aquelas novas definições enfatizaram o caráter estratégico do marketing e desafiaram de forma contundente o lado ‘sombrio’ do conceito e a abordagem tática dominante. Como um dos resultados desse processo de redefinição acadêmica, marketing é definido nos dias de hoje tanto como uma função gerencial quanto como uma filosofia da administração ou princípio social. Segundo Rocha e Christensen... Marketing é não somente uma função gerencial, dedicada ao ajuste entre a oferta da organização e as demandas específicas do mercado, utilizando como ferramenta um conjunto de princípios e técnicas. Pode ser visto também, como um processo social, pelo qual são reguladas a oferta e a demanda de bens e serviços para atender às necessidades sociais. É, ainda, uma orientação da administração, uma filosofia, uma visão. Essa orientação reconhece que a tarefa primordial da organização é satisfazer o consumidor, atendendo a suas necessidades, levando em conta seu bem-estar no longo prazo, respeitadas as exigências e limitações impostas pela sociedade e atendidas as necessidades de sobrevivência e continuidade da organização” (Rocha e Christensen, 1999, p. 15). Fonte FARIA, Alexandre. A evolução do conceito de marketing. Rio de Janeiro: FGV Online, 2008. 1