plantas forrageiras da caatinga - CRMV-RN

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PUBLICAÇÃO DO
Conselho Regional de Medicina Veterinária
do Estado do Rio Grande do Norte
http://www.crmvrn.org.br
Revista Centauro v.7, n.1, p 1 - 16, 2016
Versão On-line ISSN 2178-7573
PLANTAS FORRAGEIRAS DA CAATINGA
Gustavo José Azevedo Medeiros da Silva1; Artur George P. F. da Silva1; Helder da
Câmara Raimundo1; José de Anchieta Fernandes Neto1; Kawhan Melo de
Andrade1; Juliana Espada Lichston2
RESUMO - O objetivo dessa revisão foi reunir os resultados de pesquisa alcançados com
a utilização das plantas forrageiras da caatinga (faveira (Parkia platycefhala Benth),
feijão bravo (Capparis flexuosa L.), flor-de-seda (Calotropis procera (Ait.) R.Br.),
jureminha (Desmanthus virgatus (L.) Willd), macambira (Bromelia, sp), mandacaru
(Cereus jamacaru DC.), maniçoba (Maninhot pseudogalziovii Pax & K. Hoffoman),
mororó (Bauhima cheilantha (Bong.) Steud), pau-ferro (Caesalpinia ferrea Mart. var.
ferrea), sabiazeiro (Mimosa caesalpinilfolia Benth.), umbuzeiro (Spondias tuberosa
Arruda) e xiquexique Pilosocereus gounellei (A. Weber ex K. Schum.) Bly ex Rowl.),
na alimentação de bovinos, caprinos e ovinos no semiárido brasileiro. As plantas da
caatinga com características forrageiras apresentam-se como um dos principais suportes
forrageiros, principalmente nos períodos de grandes secas. A importância dessas espécies
nativas no segmento da produção animal indicam que técnicas devem ser utilizadas com
viabilidade econômica e manejos conservacionistas.
Unitermos: Forragem, Valor nutritivo, Semiárido.
FORAGE PLANTS OF CAATINGA
ABSTRACT - The objective of this review was to put together the research results
achieved with the utilization of the native forage plants (faveira (Parkia platycefhala
Benth), feijão bravo (Capparis flexuosa L.), flor-de-seda (Calotropis procera (Ait.)
R.Br.), jureminha (Desmanthus virgatus (L.) Willd), macambira (Bromelia, sp),
mandacaru (Cereus jamacaru DC.), maniçoba (Maninhot pseudogalziovii Pax & K.
Hoffoman), mororó (Bauhima cheilantha (Bong.) Steud), pau-ferro (Caesalpinia ferrea
Mart. var. ferrea), sabiazeiro (Mimosa caesalpinilfolia Benth.), umbuzeiro (Spondias
tuberosa Arruda) and xiquexique Pilosocereus gounellei (A. Weber ex K. Schum.) Bly
ex Rowl.), on cattle, sheep, and goat feeding at Brazilian semiarid region. The plants of
the caatinga with forage characteristics are presented as one of the main fodder reserves,
especially in periods of severe drought. The importance of these native species in the
segment of livestock production indicate that techniques should be used with economic
viability and conservation managements.
Key Words: Forage, Nutritional value, Semi-arid.
1
Zootecnista. E-mail: [email protected]
2
Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Correspondências devem ser enviadas para: [email protected]
O conteúdo científico dos manuscritos são de responsabilidade dos autores
1
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INTRODUÇÃO
Geograficamente, a caatinga ocupa cerca de 12,14% do território Nacional,
abrangendo em parte ou no todo, os Estados da BA, SE, AL, PE, PB, RN, CE, PI, MA e
MG. Esse ecossistema é muito importante do ponto de vista biológico, por ser sua
distribuição totalmente brasileira, e que nele habitam milhares de nordestinos. Os
ecossistemas da região das caatingas do Nordeste abrangem, assim, as especificações do
domínio morfoclimático das caatingas, sejam elas arbustivas ou arbóreas. As diferenças
desses ecossistemas são caracterizadas pelo volume e variabilidade das chuvas, maior ou
menor fertilidade dos solos, os tipos de rochas e o relevo do terreno. A vegetação cujo
porte, reflete a escassez de água e nutrientes, ocorre em manchas de solos específicas,
comportando folhas miúdas e galhas espinhentas, adaptadas para conter os efeitos de uma
evapotranspiração muito intensa. Vegetação quase totalmente caducifólia, cinza calcinada
nos meses secos, exuberantemente verde nos chuvosos, com algumas intrusões de pleno
xerofitismo, representado por diversas espécies de cactáceas (AB’SABER, 1992).
Naturalmente as plantas dessa área não têm características uniformes, mas cada
uma destas características e as dos fatores ambientais que afetam as plantas são
distribuídas de tal modo que suas áreas de ocorrência tem um grau de sobreposição
razoável (RODAL e SAMPAIO, 2002). Por outro lado, devido a restrições físicas e
bióticas, os tipos vegetacionais dessa região apresentam variabilidade temporal e espacial
e baixa produtividade. Além disso, a fragilidade dos ecossistemas do semiárido torna a
vegetação nativa altamente vulnerável, requerendo que técnicas e práticas de manejo
sejam conduzidas em bases sustentáveis. Segundo Santos et al. (2010) estudos que
mensurem as variações qualiquantitativas das forrageiras nativas da caatinga são
primordiais para o manejo de suplementação alimentar, com vistas à sustentabilidade de
produção animal em áreas de caatinga.
Esse trabalho objetivou fazer uma revisão da utilização das plantas forrageiras da
caatinga (faveira, feijão bravo, flor-de-seda, jureminha, macambira, mandacaru,
maniçoba, mororó, pau-ferro, sabiazeiro, umbuzeiro e xiquexique), na alimentação de
bovinos, caprinos e ovinos nos sistemas de produção pecuária do semiárido nordestino.
CARACTERÍSTICAS E MANEJO DAS ESPÉCIES
1. FAVEIRA
A espécie faveira ou faveira-de-bolota (Parkia platycefhala Benth) é uma
leguminosa arbórea que alcança até 30 metros de altura, possui tronco curto, folhagem
densa e copa frondosa. Planta característica dos cerrados do Piauí e Maranhão. É
encontrada também em outros Estados, como Bahia, Ceará e Pernambuco e conhecida
nessas regiões por visgueiro. Suas pequenas flores são reunidas em uma inflorescência de
cor vermelha e forma arredondada. Vegeta de preferência nos campos arenosos e secos.
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Apresenta elevada produção de vagens podendo ser escuras ou claras, no período seco do
ano.
1.1. PLANTIO
A faveira possui uma semente de difícil germinação em condições naturais, sendo
necessária a utilização de um processo para aumentar o índice de germinação. Deve-se
escarificar com lixa para madeira número 80, aumentando em 92% a germinação aos 15
dias. Em seguida devem-se plantar as sementes tratadas em sacos plásticos pretos com
capacidade para 3 a 4 kg de terra. Por cerca de 70 dias após a germinação, fazer o preparo
das covas e o plantio, adubando com adubo orgânico ou químico, no espaçamento de 10
metros entre plantas e 10 metros entre linhas.
1.2. PRODUTIVIDADE
A ocorrência dessa planta nos referidos Estados do Nordeste, chega-se a encontrar
até 40 plantas/ha na caatinga, e produzir 379 kg de vagens por árvore no ano, sendo a
produção das vagens mais acentuada no período de agosto a outubro (CNIP, 2002). A
produção de vagens chega a superar 1.000 kg de vagens por hectare.
1.3. UTILIZAÇÃO ANIMAL
Os ramos da faveira não desempenham importante papel forrageiro. No entanto,
suas vagens são consumidas diretamente no campo por ruminantes em regime extensivo
(RAMOS et al., 1984). A moagem das vagens da faveira em máquina forrageira
possibilita melhor aproveitamento pelos animais e consequentemente aumentam seus
desempenhos. Ramos et al. (1984), conduziram no município de Teresina-PI,
experimento com bezerros mestiços holando-zebu, suplementados com vagens de faveira
e silagem de sorgo, em épocas de seca, com as seguintes dietas: 1) silagem de sorgo
exclusiva, 2) silagem de sorgo + vagens de faveira inteiras e 3) silagem de sorgo +
vagens de faveira moídas. Os ganhos de peso médios diários, por bezerro, foram de 210 g
para a dieta com as vagens de faveira moídas, 119 g para a dieta com as vagens de faveira
inteiras, e para a dieta de silagem de sorgo exclusiva não houve variação de ganho de
peso dos animais. O consumo total dos alimentos não variou entre os três grupos de
animais, sendo que o menor consumo foi observado para a dieta com as vagens de faveira
inteiras de 8,72 kg/cab/dia , enquanto para a dieta com as vagens de faveira moídas
proporcionou 9,55 kg/cab/dia. Segundo os autores, este resultado é explicado pelos
maiores teores de proteína e minerais das sementes, que têm um melhor aproveitamento
pelo gado quando fornecidas moídas.
2. FEIJÃO BRAVO
A espécie feijão bravo ou feijão-de-boi (Capparis flexuosa L.) pertencente à família
Capparaceae é uma árvore que tem de três a seis metros de altura, com caule simples ou
ramificado, ereto ou tortuoso, podendo crescer apoiando nas plantas vizinhas. Planta
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característica do semiárido do Nordeste, adaptando-se as regiões de poucas chuvas.
Apresenta vagens com sementes, que variam de 4 a 25, e tem coloração esverdeada por
fora e avermelhada por dentro. Folhas alternadas, dísticas, de forma oval que mede de 4 a
10 cm de largura por 2 a 6 cm de comprimento. Apresenta fruto cilíndrico, tipo vagem
com 5 a 25 cm de comprimento. É considerada como excelente forrageira por permanecer
verde durante o período seco do ano e ser bastante apreciada pelos ruminantes (bovinos,
caprinos e ovinos) em pastejo.
2.1. PLANTIO
A semente do feijão bravo se caracteriza por soltar-se das vagens quando maduras e
perdem em poucos dias o seu poder de germinação. Para que se obtenha um elevado
índice de germinação é necessário que se colete as sementes logo que as vagens comecem
a mudar de cor e se abrirem. Logo em seguida realiza-se a semeadura. Como as sementes
do feijão bravo não possuem dormência, sendo colhidas e imediatamente plantadas deve
apresentar um bom índice de germinação. Os espaçamentos sugeridos para o plantio da
espécie é de um metro entre linhas e um metro entre plantas dentro da linha, e dois
metros entre linhas e um metro entre plantas dentro da linha (CNIP, 2002). A época ideal
para o plantio é no início do período chuvoso.
2.2. PRODUTIVIDADE
Pesquisa executada em Petrolina/PE utilizando-se o espaçamento 1,0 x 1,0m
obteve-se uma produção de folhas de aproximadamente 1.500 kg/ha e 1.800 kg/ha de
frutos; e no espaçamento 2,0 x 1,0m obteve-se uma produção de folhas de
aproximadamente 640 kg/ha e de 1.150 kg/ha de frutos (CNIP, 2002).
2.3. UTILIZAÇÃO ANIMAL
O feijão bravo produz massa verde comestível de alta qualidade em pleno período
de seca, podendo ser fornecido aos animais diretamente na pastagem ou fornecer cortado
em cocho. Além do consumo direto no pasto nativo, ela pode ser utilizada como bancos
de proteína, e armazenando o excedente da produção de forragem no período chuvoso na
forma de feno, visando seu uso como suplemento na época seca (CNIP, 2002).
3. FLOR-DE-SEDA
A espécie flor-de-seda (Calotropis procera R. Br.) faz parte da família
Asclepiadaceae e encontra-se disseminada em todo o semiárido brasileiro, destacando-se
na paisagem seca dos sertões, por permanecer verde mesmo nos períodos mais críticos
(LIMA et al., 2004). No Nordeste brasileiro é conhecida popularmente como algodão-deseda, ciúme, ciumenta, flor-de-cera, hortênsia e seda. Entre outras características
positivas como forrageira para produção de feno, incluem-se: permanência das folhas
durante períodos de estresse hídrico, rebrota vigorosa em resposta aos cortes, grande
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quantidade de sementes com excelente germinação, tolerância a solos salinos e alta
digestibilidade.
3.1. PLANTIO
O plantio pode ser por semente com a produção de mudas, com sementes em
plantio direto, e por estaca.
3.2. PRODUTIVIDADE
O plantio por sementes com mudas produzidas em viveiro e implantadas em campo
nos espaçamentos de 1,0 x 0,5m e 1,0 x 1,0m em solos aluviais, Lima et al. (2004)
obtiveram rendimentos da ordem de 1 t MS/ha/corte (tonelada de matéria seca por hectare
no corte) aos 70 dias, com apenas 150mm de chuva. Cortes posteriores, realizados com
120 dias, possibilitaram rendimentos de 3 t MS/ha/corte e potencial para efetivação de 3
cortes por ano (9 t MS/ha).
3.3. UTILIZAÇÃO ANIMAL
Embora a flor-de-seda não seja palatável pelos animais quando verde,
provavelmente em função da presença de látex; para produção de feno, apresenta-se com
feno de bom valor nutritivo, sendo bem aceita pelos caprinos e ovinos. O feno de flor-deseda pode ser preparado a partir da coleta das folhas e talos tenros das plantas,
posteriormente trituradas em máquina forrageira e distribuídas em camadas de 10 cm no
secador solar. Silva et al. (2010; 2011) associando 30% de feno de flor-de-seda mais 30%
de xiquexique ou mandacaru e 40% de concentrado na dieta de pequenos ruminantes,
obtiveram ganhos de peso com ovinos variando de 86 a 95g/cabeça/dia e produção de
leite variando de 1.146 a 1.268g/dia com cabras leiteiras. Torres et al. (2010) substituindo
até 30% do feno de flor-de-seda por milho e soja na dieta de ovinos, apresentaram ganho
de peso dos animais de 120g/cabeça/dia.
4. JUREMINHA
A espécie jureminha (Desmanthus virgatus (L.) Willd), pertence à família das
Leguminosae. Habita em solos arenosos ou argilo-arenosos, e é exigente em relação ao
pH, entre 5,0 a 6,5, não se desenvolvendo em solos ácidos. É um arbusto que chega a
atingir de 1,5 a 2,0 metros de altura. Possui flores pequenas e brancas, e vagens pequenas
e finas, porém com grande quantidade de sementes. Esta espécie é altamente tolerante a
seca, pois possuem raízes bastante desenvolvidas e profundas. Esta leguminosa apresenta
alta palatabilidade e teor de proteína bruta em torno de 28%, com um rápido
estabelecimento das plantas podadas ou consumidas pelos animais, demonstrando toda a
sua rusticidade.
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4.1. PLANTIO
As sementes da jureminha não apresentam boa germinação em condições naturais,
necessitando de um tratamento para aumentar a velocidade e a porcentagem de
germinação. O método mais simples e rápido é colocar as sementes em água quente.
Quando ela começa a borbulhar se conta um minuto, devendo-se retirar do fogo nesse
momento. Esse método eleva a quantidade de sementes germinadas, o que acontece entre
três a cinco dias. Para o plantio necessita-se que o solo esteja bem preparado, de
preferência solos argilosos. As sementes devem ser colocadas em covas rasas de
aproximadamente 1 centímetro. O espaçamento exigido é de 60 centímetros entre linhas e
60 centímetros entre plantas. Em caso de adubação, deve-se ter o cuidado de não deixar
as sementes entrar em contato com o adubo, dentro das covas. O período ideal para
iniciar o plantio é no começo do período chuvoso, para que a planta receba e absorva
bastante água, e esteja preparada para suportar o período seco.
4.2. UTILIZAÇÃO ANIMAL
A jureminha é bastante aceita por caprinos, ovinos e bovinos, pois possui alta
palatabilidade. Pode ser fornecida aos animais diretamente a pasto ou cortada e fornecida
em comedouros. Os ramos jovens, que são os mais aceitos pelos ruminantes, apresentam
alto teor de proteína bruta, aproximadamente 29%, conferindo seu valor nutritivo. Além
do consumo direto no pasto nativo, ela pode ser utilizada como bancos de proteína, e
armazenando o excedente da produção de forragem no período chuvoso na forma de
feno, visando seu uso como suplemento na época seca (CNIP, 2002).
5. MACAMBIRA
A macambira (Bromelia, sp) é uma planta da família das Bromeliáceas, do gênero
Bromélia, registrada como Bromelia laciniosa, vegeta em terrenos pobres, rasos, entre
pedras, e em serrotes das caatingas mais secas do Nordeste desde a Bahia ao Piauí. No
Ceará a sua faixa de ocorrência está compreendida entre 100 e 400 metros de altitude. As
raízes são finas, fasciculadas e emergem da parte do caule que penetra no solo e se
denomina de prato (BESSA, 1982). Este mede 4cm por 3cm de diâmetro, tem
constituição rizomática e nele se prende as folhas mais velhas. O caule, de forma
cilíndrica, compreende em toda sua extensão o prato, o miolo e o mangará ou eixo
terminal, por intermédio do qual emerge a ráquis ou escapo floral. As flores são
constituídas de duas partes distintas, base dilatada e limbo. Existem vários tipos, e ou,
denominações de macambira de acordo com suas características morfoanatômicas e
regionais. Denomina-se alguns tipos popularmente de macambira de flecha, de pedra,
preta, cabocla e propriamente macambira. No semiárido nordestino, em secas severas,
essa planta tem sido bastante utilizada para os animais in natura.
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5.1. PLANTIO
A reprodução natural desta bromélia é agâmica. Cada planta emite dois ou três
estolhos que saem das axilas das primeiras folhas, acima do nível do solo. Estudos
desenvolvidos na Universidade Federal do Ceará, com ensaio por sementes conduzido em
condições de laboratório, permitiram média de germinação superior a 84% da macambira.
As sementes germinadas foram plantadas em campo da referida Universidade, onde se
observou o seu desenvolvimento em relação ao das plantas multiplicadas por estolhos. Os
estudos preliminares permitiram observar que decorridos os três primeiros meses, as
plantas desenvolvidas por estolhos tiveram crescimento muito mais rápido em relação ao
plantio por sementes (BESSA, 1982).
5.2. PRODUTIVIDADE
Em geral, uma área de macambira apresenta de 15.000 a 20.000 plantas por hectare,
entrelaçadas por folhas armadas em seus bordos de espinhos. Segundo informações dos
macambireiros citadas por Bessa (1982), 12 cabeças de macambira oriundas da caatinga
chega a produzir cerca de 8 a10kg de biomassa.
5.3. UTILIZAÇÃO ANIMAL
A macambira é mais fornecida aos animais durante períodos de secas prolongadas.
A colheita da planta é feita manualmente pela retirada de quase toda parte aérea da planta
com ferramenta própria (chibanca), permanecendo no solo o restante do mangará, as
folhas caducas e as raízes. A parte da planta, rica em elementos nutritivos, utilizada na
alimentação animal, é constituída pelo caule reduzido (mangará) e pela base dilatada das
folhas, as quais, dispostas em rosetas, tomam a forma de um bulbo e se denomina cabeça.
Geralmente os macambireiros separam as cabeças da planta, queimam as folhas e
posteriormente cortam em fatias, ou trituram em máquina forrageira para fornecer aos
animais. Os processos de fornecimento para o consumo animal, um dos mais utilizados é
pela fogueira na caatinga, que é desaconselhável pelos impactos do fogo causado ao meio
ambiente (BESSA, 1982).
6. MANDACARU
A espécie Cereus jamacaru DC., conhecida como mandacaru, é a cactácea colunar
mais conhecida das caatingas. Apresenta altura das plantas variando de 3,75 a 6,54
metros, com seu tronco ou caule principal desenvolvendo brotações laterais com número
médio de 13,5 por planta (CAVALCANTI e RESENDE, 2006), estreitando para o ápice,
constituídas de costelas com numerosos espinhos. As flores são brancas, os frutos
vermelhos com polpa branca. Encontra-se em solos pedregosos, em cima de serras e
individualmente as plantas dessa espécie são espaçadas com grandes distâncias na
vegetação da caatinga. Na distribuição das espécies de cactáceas na caatinga, Taylor e
Zappi (2002) classificaram o mandacaru como espécie predominantemente da caatinga,
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mas que ocorre em outros tipos de ambiente. A espécie também recebe o nome de
cardeiro no Seridó potiguar, e mandacaru de boi na Bahia.
6.1. PLANTIO
O plantio do mandacaru deve ser feito com estacas de 50 cm de comprimento, em
covas de 15 cm de profundidade, no sentido vertical e espaçamento 2,0 x 1,5, e pode ser
no período chuvoso (SILVA et al., 2013). O plantio por semente pode ser desenvolvido
na produção de mudas em casa de vegetação. Cavalcanti e Resende (2007a) mostraram
melhor crescimento da referida cactácea, quando o substrato de plantio era composto da
mistura solo e esterco.
6.2. PRODUTIVIDADE
População estimada de 3.333 estacas por hectare de mandacaru após 10 anos do
plantio apresentou uma produtividade média de 56.951 kg de matéria verde e 13.040 kg
de matéria seca por hectare (SILVA et al., 2013).
6.3. UTILIZAÇÃO ANIMAL
A forma mais utilizada é in natura. Na caatinga, a colheita do mandacaru é feita
manualmente pela retirada das brotações laterais utilizando-se facão e gancho próprio,
tendo-se o cuidado de preservar o caule principal (SILVA et al., 2013). Posteriormente, o
material colhido é transportado até o local de fornecimento aos animais, onde os espinhos
podem ser eliminados com a técnica do lança-chamas a gás butano. Após a retirada dos
espinhos, tritura-se o material em máquina forrageira, podendo, então ser fornecido aos
animais. Em função da suculência do material, é recomendável associá-lo a outros
alimentos ricos em fibra e proteína a exemplo de silagens, fenos e concentrados. A forma
de fornecimento aos animais deve ser a de mistura completa, ou seja, a mistura de todos
alimentos (como exemplo, cacto + silagem + concentrado) bem homogeneizados. Com
relação à digestibilidade in vitro da matéria seca do mandacaru, Barbosa (1997)
apresentou 73,54%. Silva et al. (2013) associando 75% de mandacaru e 25% de silagem
de sorgo e mais 1,7 kg de concentrado na dieta de garrotas em confinamento, obtiveram
ganhos de peso de até 695 g/cabeça/dia. Em outras pesquisas, Silva et al. (2010; 2011)
associando 30% de mandacaru mais 30% de feno e 40% de concentrado na dieta de
pequenos ruminantes, obtiveram ganhos de peso com ovinos de 86 g/cabeça/dia e
produção de 1.376 g/leite/dia com cabras leiteiras.
7. MANIÇOBA
A espécie maniçoba (Maninhot pseudogalziovii Pax & K. Hoffoman) pertencente à
família das Euphorbiaceae, é uma árvore de quatro a sete metros de altura, nativa da
caatinga e portanto adaptada às severas condições ambientais da região Nordeste. Sua
adaptação dá-se por apresentar características especiais, como o armazenamento de
substâncias de reserva em suas raízes. O tronco da maniçoba é linheiro de cor roxa e se
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ramifica aproximadamente a um metro e meio do solo, formando uma capa ampla, que se
apresenta florada de agosto a outubro. Esta capa perde suas folhas ao final do período
chuvoso, que coincide com o fim da sua frutificação.
7.1. PLANTIO
A forma mais comum de plantio da maniçoba é por meio de sementes, que são
colhidas dos frutos na caatinga. Essas sementes, em geral, apresentam elevada
germinação e vigor. O plantio deverá ser no início das chuvas, visando-se o suprimento
de água para as plantas no seu estágio inicial de vida. O espaçamento entre as covas
deverá ser de 2,0m entre fileiras e 1,0m entre as plantas dentro da fileira, colocando-se
cinco sementes por cova, a uma profundidade de 10 centímetros.
7.2. PRODUTIVIDADE
Segundo Lima (2006), essa espécie quando cultivada, permite um a dois cortes no
curto período chuvoso, com produtividade de 4 a 5 t MS/ha. Os cortes para fenação
devem ser iniciados aos dois anos do plantio e se realizando um bom manejo podem se
prolongar por até 15 anos.
7.3. UTILIZAÇÃO ANIMAL
A maniçoba como todas as plantas do gênero Maninhot, apresenta níveis variáveis
de ácido cianídrico que podem causar distúrbios diversos e até a morte, quando ingerida
em grandes quantidades pelos animais. Por outro lado, quando essa planta é exposta para
secar (fenação), o efeito tóxico desaparece (LIMA, 2006). O feno de maniçoba pode ser
preparado a partir da coleta das folhas e talos tenros das plantas. A maniçoba tanto verde
quanto fenada, apresenta alta palatabilidade, proteína bruta em torno de 20% e
digestibilidade superior a 60%. Pode substituir os concentrados na ração de engorda de
bovinos, caprinos e ovinos ou para moderada produção de leite desses ruminantes.
Segundo pesquisa realizada pela EMBRAPA semiárido a produção de feno de um hectare
de maniçoba pode suplementar 10 bovinos de porte médio durante cinco meses (CNIP,
2002). Em outra pesquisa executada pela EMBRAPA semiárido, os bovinos que
consumiram feno de buffel mais feno de maniçoba apresentaram ganhos de peso dos
animais superiores a 700g/cabeça/dia (LIMA, 2006).
8. MORORÓ
A espécie mororó (Bauhima cheilantha (Bong.) Steud), pertencente à família
Leguminosae, também conhecido como unha-de-vaca é um arbusto que mede de três a
cindo metros de altura e possui uma copa pouco frondosa. Apresenta vagens, sua madeira
é de cor castanho clara e possui flores brancas. Suas folhas lembram a forma da unha de
um bovino, por essa razão o nome popular, unha-de-vaca. Adapta-se facilmente a
diversos ambientes e tipos de solos, no entanto, são os solos argilosos onde há um maior
desenvolvimento da planta. Ocorre em diversos ecossistemas do Nordeste, porém é
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exigente quanto ao volume de chuvas e fertilidade do solo, e é encontrado com maior
frequência em regiões com precipitações anuais acima de 600mm e em áreas de solos
mais férteis e argilosos.
8.1. PLANTIO
O plantio do mororó pode ser feito por sementes ou por estacas de
aproximadamente 30 centímetros de comprimento, no espaçamento de 2 x 1 metro.
8.2. PRODUTIVIDADE
Em Serra Talhada, região semiárida de Pernambuco, o cultivo do mororó em
espaçamento de 2 x 1 metros, obteve-se produtividade média de 685 kg/ha de matéria
seca de forragem em cada corte realizado (CNIP, 2002). Segundo Holanda et al. (2000), o
plantio de mororó por sementes em bancos de proteína no Seridó potiguar, foram obtidas
produtividades de 1,37 toneladas de matéria verde/ha/ano.
8.3. UTILIZAÇÃO ANIMAL
O mororó apresenta folhas de excelente palatabilidade quando verde, muito
apreciadas por caprinos, ovinos e bovinos. Como leguminosa, apresenta teor de proteína
bruta, com cerca de 20%, e digestibilidade de 60% em ramos jovens, indicando ser uma
forrageira de bom valor nutritivo. Os animais podem consumir o mororó diretamente na
pastagem, o que pode ser dificultado devido à sua altura, ou pode ser fornecido in natura
em comedouro. Além do consumo direto no pasto nativo, ela pode ser utilizada como
bancos de proteína, e armazenando o excedente da produção de forragem no período
chuvoso na forma de feno, visando seu uso como suplemento na época seca (CNIP,
2002).
9. PAU-FERRO
A espécie Pau-ferro (Caesalpinia ferrea Mart. var. ferrea) pertencente à família
Fabaceae-Caesalpinioideae, que também pode ser chamado de jucá ou jucazeiro, é uma
árvore de pequeno porte, chegando a medir de três a sete metros de altura. Adapta-se a
quase todos os tipos de solos, preferindo, entretanto os mais permeáveis e profundos.
Possui folhas pequenas de cor verde escuro, flores amarelas muito pequenas e pouco
destacadas das folhas. Seu fruto é uma vagem dura e resistente, que amadurece de agosto
a outubro. Em pesquisa realizada no semiárido do Piauí a espécie apresentou 100% de
sobrevivência aos 12 meses, iniciando sua floração aos 16 meses, quando apresentava
1,7m de altura e 1,6m de diâmetro de copa.
9.1. PLANTIO
A germinação das sementes do Pau-ferro é baixa e lenta, recomenda-se o seu
tratamento para aumentar a porcentagem e a velocidade de germinação. Um dos
tratamentos que pode ser utilizado é com água quente a 80ºC por cerca de cinco minutos.
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As mudas por sementes deve ser feito em sacos plásticos pretos de 22 centímetros de
altura por 14 centímetros de diâmetro, colocando três sementes por saco. O espaçamento
deve ser de um metro e meio entre linhas de plantas e um metro entre as plantas dentro da
mesma linha. As mudas devem ser preparadas, aproximadamente, dois meses antes do
início do período chuvoso que é o período ideal para que as mudas sejam levadas ao
campo.
9.2. PRODUTIVIDADE
O crescimento do pau ferro varia de lento a rápido e chega a atingir uma
produtividade volumétrica de até 17,20 m³/ha/ano.
9.3. UTILIZAÇÃO ANIMAL
Nutricionalmente o pau-ferro tem se mostrado uma boa planta forrageira, atingindo
aproximadamente 19,5% de proteína bruta nas suas folhas, 7,75% nas vagens, e sendo
consumida principalmente por bovinos, caprinos e ovinos. O pau-ferro pode ser fornecido
aos animais diretamente na pastagem nativa, para tal, deve-se fazer o manejo das plantas
nativas de modo que haja o rebaixamento das copas das árvores a uma altura de
aproximadamente 45 centímetros do solo, permitindo que as plantas alcancem
futuramente cerca de 1,6 metro de altura. Dessa forma os animais terão acesso aos ramos
jovens, que são os mais nutritivos. Os ramos jovens podem, também, serem fornecidos
em comedouros. Além do consumo direto no pasto nativo, ele pode ser utilizado como
bancos de proteína, e armazenando o excedente da produção de forragem no período
chuvoso na forma de feno, visando seu uso como suplemento na época seca (CNIP,
2002).
10. SABIAZEIRO
A espécie sabiazeiro também conhecida popularmente por sabiá ou unha-de-gato
(Mimosa caesalpinilfolia Benth.) pertencente à família Leguminosae, é uma árvore de
pequeno porte, atingindo até sete metros de altura, típica das caatingas, habita
principalmente nos Estados do Piauí e Ceará, e em outros Estados nordestinos. A
quantidade de espinhos existentes em seu tronco e ramos é muito variável, existindo
plantas com muito, pouco e sem espinhos. Vieira et al. (2005), em pesquisa avaliando
variações dentro da espécie sabiá, com e sem acúleos, em dois períodos do ano (chuvoso
e seco), concluíram que sua composição bromatológica apresentou pequenas diferenças
entre plantas com e sem acúleos, sendo o período do ano o fator mais determinante
promovendo essas diferenças. O sabiá apresenta uma forragem que é relativamente densa
durante o período chuvoso, ocorrendo a queda das folhas na estação seca, que é um
mecanismo da planta para garantir a sua sobrevivência, sendo que em locais mais úmidos
as folhas permanecem o ano todo. A planta possui várias utilidades, destacando-se como
fornecedora de estacas, lenha; pode ser usada para produção de carvão e na confecção de
cercas vivas e ainda como alimento para rebanhos e abelhas. Vale destacar além de outras
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utilidades do sabiá, a importância dessa espécie para contribuir com o repovoamento de
áreas degradadas como sistemas silvo pastoris, e para sustentabilidade e conservação da
biodiversidade do bioma caatinga.
10.1. PLANTIO
Como as sementes do sabiá apresentam uma baixa germinação, para aumentar a
germinação às sementes de sabiá deve ser colocada em água fervente por dois minutos.
As sementes tratadas dessa forma começam a germinar entre três e cinco dias. As mudas
são consideradas prontas para ir ao campo quando atingirem 30 centímetros de altura. As
covas para onde serão levadas as mudas devem ter 20 cm de abertura por 20 cm de
profundidade no espaçamento de 2,0 x 2,0m. Nas covas é recomendado adubar com três
litros de esterco de curral bem curtido (CNIP, 2002).
10.2. PRODUTIVIDADE
Segundo Holanda et al. (2000), o plantio de sabiazeiro por sementes em bancos de
proteína no Seridó potiguar, foram obtidas produtividades de 3,38 toneladas de matéria
verde/ha/ano.
10.3. UTILIZAÇÃO ANIMAL
O sabiá possui ramos considerados bastantes palatáveis e nutritivos, consumidos
por bovinos, caprinos e ovinos, criados em condições extensivas nas pastagens nativas do
Nordeste. Deve-se salientar que além dos ramos verdes, com seus brotos, folhas, flores e
frutos, as folhas secas que caem e cobrem o chão na estação seca, também servem de
alimento alternativo, como um feno natural, contribuindo para a alimentação dos
rebanhos neste difícil período do ano, no qual a produção das pastagens cai
drasticamente. Uma análise das qualidades nutritivas da planta realizada em laboratório
revelou que ela possui em torno de 18% de proteína bruta nas folhas verdes e 12% nas
folhas secas. O feno de sabiá pode ser preparado a partir da coleta das folhas e talos
tenros das plantas. Silva et al. (2010; 2011) associando 30% de feno de sabiá mais 30%
de xiquexique ou mandacaru e 40% de concentrado na dieta de pequenos ruminantes,
obtiveram ganhos de peso com ovinos variando de 76 a 84g/cabeça/dia e produção de
leite variando de 1.376 a 1.385g/dia com cabras leiteiras.
11. UMBUZEIRO
A espécie umbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda) também conhecida por imbuzeiro
é uma árvore nativa das regiões mais secas do Nordeste. Apresenta-se com uma copa
relativamente baixa, espalhada e muito ramificada, chegando a medir aproximadamente
oito metros de diâmetro. Adapta-se bem em diversos tipos de solos de arenosos argilosos,
de rasos a profundo, alcançando desenvolvimento superior quando encontrado nos
aluviões. Apresenta uma elevada produção de frutos. Suas raízes apresentam-se em forma
de túberas, que são doces e armazenam grandes quantidades de água.
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11.1. PLANTIO
O plantio do umbuzeiro poder ser de duas formas: pela semeadura das sementes e
por estacas. Na primeira forma de plantio, deve-se retirar toda a polpa encontrada na
semente, para que se obtenha um maior percentual de germinação, por volta de 70%. No
segundo, deve-se retirar estacas de aproximadamente 40 centímetros de comprimento do
centro da copa de uma planta adulta. O período mais indicado para esse método é de maio
a agosto. Em ambos os casos as mudas devem ser preparadas em sacos plásticos preto
com capacidade para 5 kg de terra, com 40 cm de altura e 25 centímetros de diâmetro e
plantados no espaçamento de 10 metros entre linhas e 10 metros entre plantas. Os sacos
devem ser cheios com mistura de terra e esterco curtido, na proporção de três partes de
terra para uma de esterco (CNIP, 2002).
11.2. PRODUTIVIDADE
A sua produtividade em relação aos frutos produzidos varia muito entre as plantas,
chegando uma única planta a produzir mais de 300 kg do fruto a cada safra (CNIP, 2002).
11.3. UTILIZAÇÃO ANIMAL
A folhagem, os frutos e as túberas do umbuzeiro são bastante palatáveis e muito
apreciados pelos bovinos, caprinos e ovinos. Suas folhas verdes apresentam 15% de
proteína bruta e 64% de digestibilidade, o que confirma seu elevado valor nutritivo para
os ruminantes.
12. XIQUEXIQUE
A espécie Pilosocereus gounellei (A. Weber ex K. Schum.) Byl. ex Rowl,
popularizada como xiquexique é uma cactácea colunar atingindo altura de até 3,75
metros, com diâmetro da copa variando de 1,45 a 3,27 metros (CAVALCANTI e
RESENDE, 2007b), com brotações basais desenvolvendo-se inicialmente em posição
horizontal e posteriormente quase verticalmente, em forma de candelabro, contendo
costelas com grande quantidade de espinhos. As flores são verde-claras ou levemente
avermelhadas e os frutos vermelho-escuro. Desenvolve-se nas áreas mais secas da região
semiárida nordestina, em solos rasos com baixa fertilidade, sobre rochas, e se propaga
cobrindo extensas áreas. Na distribuição das espécies de cactáceas na caatinga, Taylor e
Zappi (2002), classificaram o xiquexique como espécie exclusiva da caatinga, com ampla
distribuição geográfica. A espécie também recebe o nome de alastrado (ANDRADELIMA, 1989) em determinadas áreas semiáridas nordestinas e sodoro no Seridó potiguar.
12.1. PLANTIO
O plantio do xiquexique deve ser feito com estacas de 50 cm de comprimento, em
covas de 15 cm de profundidade, no sentido vertical e espaçamento 1,0 x 1,0 m (SILVA
et al., 2013), antes do período chuvoso, no terço final do período seco. O plantio por
semente pode ser desenvolvido na produção de mudas em casa de vegetação. Cavalcanti
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e Resende (2007a) mostraram melhor crescimento da referida cactácea, quando o
substrato de plantio era composto da mistura solo e esterco.
12.2. PRODUTIVIDADE
População estimada de 10.000 estacas por hectare de xiquexique após 6,5 anos do
plantio apresentou uma produtividade média de 5.915 kg de matéria verde e 1.120 kg de
matéria seca por hectare (SILVA et al., 2013).
12.3. UTILIZAÇÃO ANIMAL
A forma mais utilizada é in natura. Na caatinga, a colheita do xiquexique é feita
manualmente pela retirada das brotações laterais utilizando-se facão e gancho próprio,
tendo-se o cuidado de preservar o caule principal (SILVA et al., 2013). Posteriormente, o
material colhido é transportado até o local de fornecimento aos animais, onde os espinhos
podem ser eliminados com a técnica do lança-chamas a gás butano. Após a retirada dos
espinhos, tritura-se o material em máquina forrageira, podendo, então ser fornecido aos
animais. Em função da suculência do material, é recomendável associá-lo a outros
alimentos ricos em fibra e proteína a exemplo de silagens, fenos e concentrados. A forma
de fornecimento aos animais deve ser a de mistura completa, ou seja, a mistura de todos
alimentos (como exemplo, cacto + silagem + concentrado) bem homogeneizados. Com
relação à digestibilidade in vitro da matéria seca do xiquexique, Barbosa (1997)
apresentou 65,80%. Silva et al. (2005), incluindo até 50% de xiquexique em substituição
à silagem de sorgo, numa relação volumoso/concentrado (70/30) na dieta de vacas
leiteiras obtiveram média de 14,80 kg de leite/vaca/dia. Em outras pesquisas, Silva et al.
(2010; 2011) associando 30% de xiquexique mais 30% de feno e 40% de concentrado na
dieta de pequenos ruminantes, obtiveram ganhos de peso com ovinos de 95 g/cabeça/dia
e produção de 1.385 g/leite/dia com cabras leiteiras.
CONCLUSÕES
As plantas da caatinga com características forrageiras apresentam-se como um dos
principais suportes forrageiros, principalmente nos períodos de grandes secas;
A importância dessas espécies nativas no segmento da produção animal indica que
técnicas devem ser utilizadas com viabilidade econômica e manejos conservacionistas.
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