DISPOSITIVO INTRA -UTERINO Maria Bethânia da Costa Chein" Luciane Maria Oliveira Brito" Haissa Oliveira Brito" RESUMO Os autores fazem uma revisão sobre o dispositivo intra-uterino, desde o primeiro a ser fabricado até os disponíveis atualmente. São classificados e descritos seus tipos, mecanismos de ação, indicações e contra-indicações, sempre levando em consideração a relação do risco versus benefício. É comentado sobre sua técnica de inserção ou foIlow-up recomendada para verificação da sua normo-inserção e posterior manutenção. Tais parâmetros estão na dependência de efeitos indesejáveis e complicações discutidas neste artigo. Palavras-chave: dispositivo intra-uterino; tipos; mecanismos de ação; indicações; contra-indicações; follow-up. SUMMARY The authors make a review about intra-uterine device, since the first one produced to the available ones nowadays. Their types, actions mecanisms, indications and contra-indications are c1assified and described, always comparing with risklbenefit re1ation. It is related about its insertion technique or follow-up , recommended for verification of its normal insertion and later maintenance. Such parameters are dependent of unlikely efects and complications discussed also in this article. Key-words:intra-uterine device; types; action mecanisms; indications; contra-indications; follow-up. 1 INTRODUÇÃO O primeiro registro de objetos no útero com finalidade contraceptiva, remonta os idos de dois milênios. Naquela época durante as longas travessias nos desertos, eram inseridos pedras nos úteros de camelas para prevenção de prenhez. (FERRARI, 1978, p.7-11). O primeiro dispositivo intra-uterino (DIU) fabricado com fins exclusivamente anticoncepcionais, foi um anel 'Professora Assistente 11, Mestre do Departamento de Medicina III da Universidade Federal do Maranhão (UFMA); Presidente da Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do Maranhão "Professora Adjunto IV, Doutora do Departamento de Medicina UI da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Chefe do Departamento de Medicina III - UFMA "'Acadêmica do Curso de Farmácia do Centro Universitário do Maranhão (UNICEUMA) Cad: Pesq., São Luís, v. 11, n. 2, p. 21-28, jul.rdez. 2000. 21 flexível de intestino do bicho de seda, enrolado com fio de alumínio e bronze, anunciado por Richard Richter em 1909. Este artefato foi aperfeiçoado por Pust em 1920 adequando-o à cérvice uterina. Posteriormente surgiu o anel de prata de Grafenberg, colocado exclusivamente na cavidade uterina, entretanto, apresentou grandes taxas de expulsão, FERRAR I (1978, p.7-11), fato contornado por Ota no Japão em 1934, adicionando uma estrutura de suporte ao centro de seu anel chapeado em ouro ou prata. Estes anéis foram esquecidos e, somente a partir de 1959, depois que Oppenheimer em Israel e Ishihama no Japão publicaram separadamente experiências com dois modelos distintos de dispositivos intra-uterinos, houve aceitação da comunidade científica universal. Nos anos 60 e 70 o DIU prosperou.Técnicas foram modificadas, diversos tipos disponíveis, alguns feitos de polietileno impregnados com sulfato de bário, para melhor identificação pela radiologia. Lazer Margulies desenvolveu o "espiral de Margulies", até então o único plástico que se adaptava a forma do útero. No entanto, sua cauda dura e filamento grosso, traumatizava a cavidade uterina provocando sangramento, facilitando a ascensão planimétrica de rnicroorganismos, provando, também, ser perigosa para o parceiro sexual. (SPEROFF & GLASS, 1995, p.317-320). Em 1962 durante I Conferência Internacional sobre DIUs nos EUA, Jack Lippes apresentou sua experiência com seu modelo de DIU, que apre22 sentava cuda e um simples filamento; fazendo com que o DIU de Margulies caísse no esquecimento.(SPEROFF & GLASS, 1995, p.317-320). O DIU Dalkon Shield introduzido em 1970, foi responsável pela incidência aumentada de Doença Inflamatória Pélvica (DIP), com isto, condenou todos os DIUs e , desde então, a mídia e o público passaram a perceber todos os dispositivos como capazes de comprometer o futuro reprodutor. (FAÚNDES & FAÚNDES, 1996, p.341-351); (SPEROFF & GLASS, 1995, p.317-320). O uso do cobre (Cu) como agente anticoncepcional começou com o trabalho de Zipper (BARBOSA, 1988, p.408-412).A sua utilização na estrutura dos DIUs significou um avanço importante, pois além de oferecer uma barreira mecânica à fecundação, oferece ainda efeito espermaticida, induzindo uma reação tipo inflamatória endometrial, dificultando sobremaneira a fecundação e/ou nidação. (DÍAZ et al., 1985, p.363-6). A partir dete marco, os DIUs deixaram de ser somente objetos inertes, para serem considerados métodos com substâncias ativas hormonais ou não, corroborando o efeito contraceptivo. Os primeiros DIUs de Cu testados foram o "T"e o "7 de Cu 200" que demonstraram taxas de extração por dor e/ou hemorragia menores que o Lippes; o "T de Cu 200"demonstrou menores taxas de expulsão. (DÍAZ et aI., 1985, p.363-6). Á medida que aumenta o tamanho e/ou superfície do DIU, aumenta sua ação contraceptiva e diminui seu índi- Cad. Pesq., São Luís, v. 11, n. 2, p. 21-28, jul./dez. 2000. ce de expulsão. Em contraposição, cresce a probabilidade de dor e/ou sangramento, portanto, de remoção por causas médicas. O advento dos DIUs medicados elevou consideravelmente a ação contraceptiva e reduziu, por necessitar de menor superfície e/ou tamanho, as incidências de dor e/ou sangramento e, em conseqüência, de extrações. Vários são os fatores que concorrem para a efetividade dos DIUs: a experiência do serviço com o método, a seleção das candidatas, o comparecimento às visitas de controle, a expulsão detectada ou não. Admite-se que a efetividade é incrementada com o tempo de uso, já que a ocorrência de falhas é maior nos primeiros meses após a inserção.Seu índice de falha (pearl), fica entre 0,2 a 2 por 100 mulheres/ano. Os outros tipos de DIUs não inertes são os que liberam hormônios, estes são comercializados nos EUA desde 1976 e tem como princípio ativo a progesterona, conhecido como Progestasert (FAÚNDES & FAÚNDES, 1996, p.341-351). A introdução do DIU no Brasil ocorreu tardiamente em 1984, apoiado pela Lei do Ministério da Saúde, quando foi recomendado para uso no Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher. 2 TIPOS DE DIUs São classificados em dois tipos, os inertes e os liberadores de substâncias ativas ou "medicados". Os DIUs inertes mais comuns são: Alça de Lippes ou 'serpentina', constituído de polietileno de baixa densidade, radiopaco (sulfato de bário), muito usado na China; Soichet, com a forma de "Y", constituído de aço inoxidável revestido por silicone; Saf T Coil, moldado em copolímero de acetato de viniletileno e sulfato de bário. Os DIUs "medicados"são basicamente aqueles que liberam eu ou hormônio. Os DIUs de eu são sempre constituídos de polietileno com sulfato de bário tornando-os radiopacos, a saber: T de Cu 200, em forma de "T ", superfície de 200 mm? ; Gravigard ou 7 de Cu, tem na junção de seus 2 braços uma rótula esférica que os une, impedindo perfurações do útero; Multiload (ML), sua haste vertical de eu termina em um suporte de plástico ligado a um filamento para sua extração, seus braços laterais ou asas apresentam arestas que dificultam sua retirada, apresentam 2 tamanhos ML-250 e ML375; Nova, tem as mesmas características do Teu. 200, diferenciado-se deste por apresentar revestimento de prata no fio de cobre, braços flexíveis e uma grande alça flexível na extremidade distal, evitando dano ao tecido cervical; Delta T, é um T de eu feito de material biodegradável adicionado à parte superior do dispositivo com finalidade de inserção no pós-parto; T Cu 380 A apresenta-se em forma de T com superfície de 380 mm- de eu. Tanto o T Cu 380 A como o MI375 associam-se à índices gestacionais notavelmente baixos, provavelmente por sua grande superfície de eu. Os DIUs liberadores de hormônios são: Progestasert ou Alza T, em forma de T cujo corpo é consti- Cad. Pesq., São Luís, v. 11, n. 2, p. 21-28, jul.Zdez. 2000. 23 tuído de copolímero sólido no qual estão aderidos 2 monofilamentos transcervicais. A haste vertical contém um reservatório de 38mg de progesterona, a qual é liberada numa dose de 65mcg/dia; D/V de levonorgestrel ou LevoNova (LNG 20), similar a forma do Nova T. liberando diariamente 20mcg de levonorgestrel, tem apresentado uma efetividade de 7 anos. (SPEROFF & GLASS, 1995, p.317-320). Pesquisas vem sendo desenvolvidas objetivando redução das taxas de expulsão e remoção por dor e/ou sangramento sem comprometer sua eficácia. Destaque maior esta'sendo dirigido para um DIU sem suporte (esqueleto rígido), conhecido por Cooper Fix ou Flexigard que caracteriza-se por moldar-se ao formato da cavidade uterina. 3 MECANISMOS DE AÇÃO Não existe um único mecanismo de ação para explicar o poder contraceptivo dos DIUs, existe sim, um conjunto de mecanismos que atuam simutaneamente, cujo resultado final é a contracepção. Destes mecanismos, destacamos: 3.1 Processo inflamatório local o DIU provoca uma reação geral tipo corpo estranho, levando a uma resposta inflamatória estéril, capaz de produzir uma lesão tecidual mínima estimulando a produção local de prostaglandina, polimorfonuc1eares, monócitos, plasmócitos e macrófagos, que atuam como espermaticidas. 24 Assim, mesmo havendo falha na ação espermaticida, a resposta inflamatória evita a implantação do ovo fertilizado, garantindo assim a eficácia contraceptiva do método. A presença do DIU também induz a elevação no número de mastócitos no endométrio, no lavado uterino e nas tubas. Os mastócitos são degranulados, levando a liberação de heparina e histamina, promovendo contração da musculatura lisa, aumento da permeabilidade e dilatação capilar, intensificando a reação inflamatória. De acordo com Barbosa e cols BARBOSA (1988, pA08-12), os mastócitos também estão relacionados com a inibição dos espermatozóides e/ou com a inibição da implantação dos blastocisto. 3.2 Motilidade uterotubária Acredita-se que o ritmo do transporte ovular seja acelerado pelo aumento do peristaltismo tubário, principalmente após o 4°. dia do ciclo menstrual. 3.3 Alterações bioquímicas Parece que os DIUs por aumentarem a atividade fibrinolítica, a concentração do zinco, da fosfatase ácida e das proteínas, dificultam a fecundação. 3.4 Alterações imunológicas Segundo observações realizadas por Zerner e cols ZERNER (1981, p.99-102) há falhas na contracepção em usuárias de imunopressores e interferências na composição do muco cervical pelo aumento de alguns dos Cad. Pesq., São Luís, v. 11, /t. 2, p. 21-28, jul.rdez. 2000. seus elementos como albumina imunoglobulina do tipo G. 3.5 Alterações e hormonais Admite-se haver um assincronismo endometrial provocado por uma alteração na produção de esteróides. 3.6 Alterações dos espermatozóides o Cu altera significativamente a motilidade, penetração e sobrevida dos espermatozóides, ao promover aumento de sua atividade fibrinolítica, das prostaglandinas, do número de leucócitos, resultando numa concentração maior de seu produto de decomposição, que é tóxico para as células e blastocistos. (BARBOSA et al., 1988, p.408-12). 3.7 Alterações Gerais Conforme Camões (1989, p.115) , o Cu age ainda nas enzimas do útero, na molécula do DNA das células endometriais, no metabolismo do glicogênio e na absorção dos estrogênios pela mucosa uterina, porém se desconhece a relação exata destas trocas e o seu efeito contraceptivo. 3.8 Alterações promovidas DIUs liberadores de hormônios pelos Os progestogênios liberados elevam a viscosidade do muco cervical e em conseqüência, impedem a ascenção do espermatozóide no colo uterino; promovem a decidualização endometrial e atrofia das glândulas, ou seja, cria um ambiente desfavorável à implantação ovular. Agem também inibindo a capacitação e sobrevida dos espermatozóides (SPEROFF & GLASS, 1995, p.317-320). Acredita-se que o principal mecanismo de ação do DIU seja a produção de um ambiente intra-uterino espermaticida. Após sua remoção, o micro-ambiente é restaurado. Alguns estudos, mostram não haver demora na contracepção, o que contradiz o pensamento do DIU estar associado à infecção levando a infertilidade (SPEROFF & GLASS, 1995, p.317320). 4 INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES Está indicado em todas as mulheres que tenham como pré-requisito parceiro sexual único e não sejam promíscuas. É método de eleição para aquelas com neoplasias hormôniodependentes; tromboflebites ou doenças tromoboembólicas; doenças coronarianas, cerebrovasculares ou oculares; diabetes insulinodependente; hipertensão arterial moderada e grave; distúrbios neurológicos. O DIU pode ser também indicado como um sistema de fornecimento de medicamentos para melhora do controle da fertilidade, tratamento de amenorréia, anovulação, sinéquias uterinas e hiperplasia endometrial. Utilizado como carreador de agentes esc1erosantes para obstrução de óstios tubários; agentes imunológicos dirigidos contra antígenos dos espermatozóides; receptores de progesterona ou hCG, que podem re- Cad. Pesq., São Luís, v. 11. n. 2, p. 21-28, jul./dez. 2000. 25 forçar o valor anticoncepcional do dispositivo. Pode ainda ser veículo medicamentoso para tratamento da endometriose. (SPEROFF & GLASS, 1995, p.317-320). As contra-indicações podem ser absolutas ou relativas. As primeiras são: gravidez conhecida ou suspeita; câncer cervical ou uterino; doença inflamatória pélvica aguda ou crônica; passado de gravidez ectópica; sangramento uterino disfuncional; anomalias uterinas congênitas ou leiomiomas que impeçam uma adequada colocação do DIU; cardiopatias valvulares e antecedentes de cirurgia cardíaca.As contra-indicações relativas são: anemia intensa; nuliparidade; grandes multíparas com úteros volumosos; distúrbios de coagulação; alergia ao Cu ou Doença de Wilson; passado de aborto séptico; diabetes mellitus; estenose cervical acentuada; hipermenorréia; dismenorréia primária intensa e metrorragia. Na avaliação das contraindicações relativas, devemos sempre levar em consideração a relação dos riscos X benefícios. 5 TÉCNICA DE INSERÇÃO E ''FOLLOW-UP'' RECOMENDADO Em pacientes com exame colpocitológico recente (até 6 meses); a colocação deverá ocorrer de preferência, no dia de maior fluxo menstrual. Toque vaginal combinado, introdução do espéculo, aplicação de solução antisséptica na ectocérvice e paredes vaginais; retificação do útero, com auxílio da pinça de Pozzi; histerometria 26 do canal cervical e corpo uterino; o fio do DIU deverá ser cortado ficando com comprimento aproximado de 2 em. Após inserção, a paciente é orientada à realização de ecografia pélvica e sobre a necessidade de consultas de revisões com 7 dias, 1,3,6 e 12 meses, depois anualmente. Nos primeiros 7 dias após sua inserção é recomendado abstinência sexual, visando diminuir o risco de infecção e expulsão. Consideramos DIU normo-inserido aquele que fica distante do fundo uterino entre 1,5 a 2cm. 6 EFEITOS INDESEJÁVEIS E COMPLICAÇÕES o sucesso da anticoncepção desejada é avaliado pela eficiência do método, seu grau de aceitação e índice de continuidade. Estes parâmetros estão na dependência da presença ou não de efeitos indesejáveis e complicações. Os efeitos indesejáveis podem ser remediáveis e superados com paciência e em último caso, medicação apropriada até ocorrer a adaptação do organismo, vejamos: a) perdas sangüíneas acíclicas: afastando a possibilidade da posição inadequada do DIU na cavidade uterina com a ecografia, podemos administrar acetato de medroxiprogesterona 10mg/dia ou acetato de nomegestrol, do 24° ao 28° dia do ciclo menstrual por 3 ciclos; b) hipermenorréia: o mesmo procedimento acima; c) dismenorréia: administrar Cad. Pesq., São Luís, v. 11, n. 2, p. 21-28, jul./dez. 2000. inibidores de síntese das prostaglandinas logo no início da sintomatologia, "abortando"sua evolução; d) fluxos genitais patológicos: com uso do DIU há um aumento na freqüência de vaginites inespecíficas e leucorréias, em geral sem substrato infeccioso, ocorrendo pela simples presença do corpo estranho; e) fios não visíveis: nesta situação podemos suspeitar de eliminação do DIU sem conhecimento pela paciente; os fios encontram-se no canal endocervical; gravidez; perfuração uterina com o DIU na cavidade abdominal. Todas estas eventualidades serão esclarecidas com a solicitação da ecografia pélvica. f) incômodo masculino: o parceiro refere incômodo durante o ato sexual pelo contato do pênis com os fios do DIU. Nestes casos, podemos diminuir o comprimento dos fios (ficando conscientemente dentro do canal endocervical) ou em última instância, reinserir outro DIU, deixando o comprimento dos fios longos, para serem dobrados no interior da vagina. Dentre as complicações, citamos: a) doença inflamatória pélvica: pode estar relacionada com a técnica de inserção quando ocorre nos 3 primeiros meses, e possivelmente com doenças sexualmente transmissíveis após este período; b) dor: administrar inibidores de prostaglandinas ou nos casos mais acentuados, efetuar bloqueio paracervical; c) reação vasovagal: consiste em sudorese profusa, taquicardia e hipotensão, manifesta-se nos 10 minutos iniciais após a inserção do DIU; d) perfuração uterina: quando ocorre, esta relacionada à falta de habilidade da pessoa que está introduzindo o DIU, ou a seleção inadequada da paciente para este método (anomalias müllerianas ou tumores uterino-cervicais ); e) gravidez ectópica: resulta da colocação inadequada do DIU. Esta posição incorreta deve ser suspeitada na presença de sangramento uterino irregular e/ou dor pélvica; Todas estas complicações podem ser evitadas ao realizarmos uma seleção adequada de candidatas ao uso do DIU, fornecendo ações educativas com o objetivo de esclarecer e conscientizar seu uso correto e possíveis efeitos indesejáveis, tratando infecções pré-existentes, utilizando técnica de inserção cuidadosa respeitando os preceitos de assepsia e antissepsia. O Planejamento Familiar (PF), fimdamenta-se na idéia de que todos os indivíduos tem o direito e devem exercer um dos princípios básicos da Bioética, que é o da Autonomia. Reza este princípio que o indivíduo deve ser reconhecido com um ser de capacidade e potencial próprios, com direito a examinar e fazer escolhas, a tomar atitu- Cad. Pesq., São Luís, v. 11, n. 2, p. 21-28, jul./dez. 2000. 27 des baseadas em valores e crenças pessoais. Esse respeito à autonomia envolve considerar o agente, e capacitá10 a agir autonomamente. Para o seu pleno exercício, faz-se necessário tomar o agente competente e no que conceme ao PF, deve ser exposto de maneira clara e objetiva todos os métodos contraceptivos existentes, como eles agem, sua contra-indicações e possíveis efeitos indesejáveis e complicações. Concordamos com Bossemeyer BOSSEMEYER (1989, p.568) ao afirmar: "os filhos não podem, nem devem BIBLIOGRAFIA ser obra do acaso, da ignorância, de acidente, da pobreza ou violência, mas sim de um ato consciente e consentido." 7 CONCLUSÃO o DIU vem ocupando espaço dentro do arsenal destinado a oferecer às mulheres condições de prorrogar e espaçar sua prole. Convém continuar incrementando estudos para melhor compreender os seus efeitos indesejáveis e complicações. CONSULTADA AZZENA, A et aI. A rare case of IUO tubal migration. Clinical and experimental obstetrics & gynecology, [S.I.], v.21, M04, p.246-48. 1994. FAÚNDES, D & FAÚNDES, A. Dispositivo Intra-uterino. ln: PINOTTI & COLS. Reprodução humana. Sã~ Paulo: Fundação BYK, 1996, p.341-351. BARBOSA, c.p et a!. revisão dos mecanismos de ação dos DIUs com cobre. Femina, Rio de Janeiro, v.16, n.5, p.40812,M04. 1988. FERRAR!, A. A. N. Dispositivo intrauterino: seu uso em clínica ginecológica. Revista AMIRGS, Rio Grande do Sul, v.22, n.2, p.7-11, abr./jun. BOSSEMEYER,R. Desenvolvimento versus planejamento. Femina, Rio de Janeiro, v.17, n.7, p.568, ju1.1989. PINOTT1, J. A. et a!. Métodos anticoncepcionais: Revisão. Femina. Rio de Janeiro, v.17, n.2, p.586-589, juI. 1988. CAMÕES, L.O .DIU. Femina, Rio de Janeiro, v.17, n.2, p.1l5, fev. 1989. SPEROFF, L. & GLASS, R. H. & KASE, N. G. Anticoncepção. In: Endocrinologia Ginecológica Clínica e Infertilidade. São Paulo, SP, p.317-320. 1995. DÍAZ, J & FAÚNDES, A & DÍAZ, M.M & PINOTTI, J.A. Estudo clínico comparativo de dois modelos de anticoncepcionais com cobre em Campinas: o T {b ZERNER, J et a!. IUD-failures in renal Cu 200 e o Multiload Cu 250. Jornal transplant patients. J. Reprod. Med., [S.l.], v.26, p.99-102. 1981. Brasileiro de Ginecologia, Campinas, v.95, n.8, p.363-366, ago. 1985. 28 Cad. Pesq., São Luís, v. 11, n. 2, p. 21-28, jul.Zdez. 2000.