In 1988 several Governments formed the Intergovernmental Panel

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Terça-Feira, 13 de Setembro de 2011
DISCURSO INAUGURAL NA OCASIÃO DA REUNIÃO MINISTERIAL AFRICANA
SOBRE A AGRICULTURA INTELIGENTE EM TERMOS CLIMÁTICOS
Ilustres Ministros
Membros do Conselho Executivo
Mayor da Cidade de Joanesburgo
Suas Excelências
Distintos Delegados
Altos Funcionários
Senhoras e Senhores
As mudanças climáticas deixaram de ser especulação à luz das provas irrefutáveis do
aumento de gases de estufa por causas antropogénicas e consequentes mudanças nas
temperaturas e precipitação mundiais. Ninguém sabe exactamente como se irá
desenvolver o futuro clima global e quais as suas consequências para todos nós, em
especial para os países em desenvolvimento e países pobres, embora os impactos
possam ser consideráveis. As mudanças climáticas possuem uma variedade de impactos
e é provável que isso resulte num aumento do nível do mar, em mais períodos de seca,
inundações, vagas de calor, escassez da água e crescentes ameaças à saúde humana.
O número, frequência e intensidade de riscos naturais meteorológicos e climáticos e
eventos extremos estão a aumentar significativamente em consequência directa das
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mudanças climatéricas. Estas mudanças são susceptíveis de causar prejuízos às
economias e às vidas e saúde de milhões de pessoas, especialmente nas regiões pobres
tais como a África; mas nenhum país será poupado. Será importante que governos e
nações avaliem o leque de riscos e que projectem de forma apropriada a redução de
vulnerabilidades.
A agricultura situa-se entre as áreas mais importantes nas mudanças climáticas. É um
sector crítico para a região. A Agricultura contribui com 30% do Produto Interno Bruto da
África Subsaariana podendo empregar cerca de 70% da sua força laboral. 80% da
população subsaariana vive em áreas rurais. Os países africanos, apesar de contribuírem
apenas com 3,8% das emissões dos Gases de Estufa, são mais vulneráveis aos efeitos do
aquecimento global, variações climáticas e mudanças climatéricas.
As actividades agrícolas em todo o mundo são responsáveis por cerca de 14% das
emissões de gases de estufa, sendo um possível importante elo para as emissões de
outros sectores e capazes de alterarem dramaticamente por mudanças climáticas. A
Agricultura também proporciona o sustento a mais de metade das populações mais pobres
do mundo. As actuais negociações para fazer face às mudanças climáticas fornecem uma
oportunidade ímpar para se conjugar a atenuação de baixo custo com os resultados de
adaptação essencial e a redução da pobreza.
O clima de África é muito variável e particularmente vulnerável às mudanças climáticas, já
que a actividade agrícola depende em grande medida da geografia e da qualidade das
estações chuvosas. Estamos já a assistir a uma frequência acrescida de riscos e
desastres naturais, assim como a eventos climatéricos extremos. As secas e temperaturas
elevadas e prolongadas têm um sério impacto sobre a produção agrícola e disponibilidade
de alimentos. A seca afecta de forma negativa as economias nacionais reduzindo a
capacidade de exportação de colheitas e de criação de divisas estrangeiras dos países.
Qualquer mudança no clima como força propulsionadora do sector agrícola em África
pode por isso ter enormes repercussões, não apenas na produção alimentar, de fibras e
de combustíveis, como também no PIB, no emprego e nas receitas cambiais. A mudança
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climática pode ter consequências dramáticas para a agricultura. Os recursos hídricos
podem tornar-se mais variáveis, as secas e as inundações irão pressionar sistemas
agrícolas, algumas zonas costeiras de produção de alimentos serão inundadas pelos
níveis crescentes do mar e a produção alimentar irá sofrer uma quebra nalguns locais. Os
países em desenvolvimento e os mais pobres dos pobres poderão ser as maiores vítimas.
No cômputo geral, contudo, ainda existe uma grande incerteza sobre que locais esses
efeitos serão maiores.
A segurança alimentar, especialmente em África, está ligada ao clima dominante.
Quaisquer mudanças a curto ou longo prazo revestem-se de enorme importância na nossa
capacidade de alimentar as nossas nações com alimentos básicos de levada qualidade e
acessíveis. A segurança alimentar é importante para a economia africana porque tem um
impacto sobre o alívio da pobreza e desenvolvimento sustentável num país.
A Agricultura possui um enorme impacto na atenuação eficaz dos Gases de Estufa
mediante mudanças nas tecnologias agrícolas e práticas de gestão. As melhorias na
conservação das águas e na gestão da procura e sua distribuição espacial irão exacerbar
a necessidade de melhor colheita, armazenamento e gestão das águas. Igualmente
importante será o apoio a mecanismos inovadores de apoio que permitam aos utentes das
águas incentivos à conservação. O investimento em infra-estruturas rurais, tanto físicas
(tais como estradas, edifícios de mercados e instalações de armazenamento) e
institucionais (tais como programas de extensão, créditos e mercados de factores de
produção, e redução das barreiras ao comércio interno) serão necessários para potenciar
a resistência da agricultura face às incertezas das mudanças climáticas.
À medida que nos vamos preparando para o próximo evento climático de elevado nível na
17ª Conferencia das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas (UNFCCC) em Durban no final do ano, será importante começarmos a olhar
para além deste evento altamente esperado. Temos que estabelecer o elo entre as
mudanças climáticas, segurança alimentar e a pobreza;
temos que nos envolver em
questões emergentes incluindo o apoio financeiro e tecnológico e abordagens tais como a
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Agricultura Inteligente em Termos Climáticos que estão vocacionados para atender à
segurança alimentar, adaptação e atenuação.
A investigação deve ajudar-nos a identificar acções precoces e boas práticas para
construir capacidades e aumentar resistências e a captação do carbono, aumentando e
assegurando a segurança alimentar. Os programas de sensibilização actuais e contínuos
devem assistir as comunidades agricultoras a porem em prática boas práticas agrícolas
que irão promover a agricultura sustentável, contribuindo assim para a economia verde.
É óbvio que as mudanças climáticas apresentam uma séria ameaça não apenas à
produção agrícola como também para a economia em geral. Ao combater as mudanças
climáticas num esforço coordenado poderemos aumentar as vantagens e benefícios
positivos para as comunidades agricultoras e para a economia.
Em conclusão, esta conferência deve alinhar-se com a União Africana ao assegurar que a
África assuma uma posição unida nas negociações globais e nos mecanismos em
desenvolvimento; os resultados desta conferência devem ajudar os nossos países e o
sector a serem capazes de assegurar que a 17ª Conferência das Partes da ConvençãoQuadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em Durban no final deste ano se
torne numa verdadeira Conferência Africana das Partes. Junto com a restante comunidade
global, todos devemos às futuras gerações a consecução de um pacote equilibrado de
decisões que irão satisfazer todos os interesses das Partes na UNFCCC.
Muito Obrigado.
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