UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS ALTERAÇÕES MORFOFISIOLÓGICAS E MOLECULARES EM RESPOSTA A ESTRESSES ABIÓTICOS EM MAMONA (Ricinus communis L.) SARA CAROLINE PINTO DE ALMEIDA SANTOS Natal – RN 2014 SARA CAROLINE PINTO DE ALMEIDA SANTOS ALTERAÇÕES MORFOFISIOLÓGICAS E MOLECULARES EM RESPOSTA A ESTRESSES ABIÓTICOS EM MAMONA (Ricinus communis L.) Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Ciências Biológicas, do Centro de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas. Orientadora: Profª. Drª. Katia Castanho Scortecci NATAL – RN 2014 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho ao meu esposo, Alan César. AGRADECIMENTOS A Deus, por permitir que eu chegasse até aqui e por me dar forças para seguir sempre em frente. A Ele toda honra e toda glória! À minha mãe, Maria da Conceição e meu pai, Sergimar Morais, pela educação, incentivo e apoio. Aos meus irmãos, Sâmara Camila e Eduardo Otávio, pela confiança, apoio e companheirismo em todos os momentos. À minha avó, Luiza Alves, exemplo de perseverança e bondade, e meu avô, Otaviano Pinto (in memoriam) por todo apoio, dedicação e por tudo que sou hoje. À minha tia, Maria das Dores e seu esposo, Francisco Alves, pelo apoio e por me darem todo suporte necessário ao longo desta caminhada. Aos meus queridos primos, Mateus Pacis, Ana Beatriz, Isadora Dulcis e João Otaviano, por sempre torcerem por mim e me proporcionarem tantos momentos de alegria em família. Ao meu esposo, Alan César, pela compreensão, paciência, por me apoiar em todos os momentos, por acreditar em mim e me encorajar diante de qualquer obstáculo e por toda ajuda, inclusive, na montagem e realização de experimentos. Muito obrigada! À minha orientadora, Professora Katia Castanho, por confiar este trabalho a mim e permitir que eu fizesse parte do seu grupo de pesquisa antes mesmo de me conhecer. Ao Grupo de Plantas, em especial à Helaine Cristiane (Cris) pela valiosa ajuda no desenvolvimento deste trabalho e por todos os conselhos, obrigada é pouco, Cris! À Kellya Barreto pelo auxílio nas análises histológicas e pelos desenhos da mamona. À Marília Gabriela pela ajuda nos experimentos e pela amizade. À Renata Kaline, Isabel Sousa, Ana Karina, Nathalia Medeiros e Nildiane Canário pelo apoio, amizade e por proporcionarem tantos momentos de descontração. À Emanuela Alves, pelas longas conversas, ajuda nos experimentos, incentivo e por ter se tornado uma amiga tão especial. Aos colegas que não fazem mais parte do Grupo de Plantas, Paulo Fernandes, Ana Cecília e João Gabriel. Muito obrigada! À Máira Milani e à EMBRAPA Algodão pelo fornecimento das sementes de mamona e pelas análises do teor de óleo. Ao Professor João Paulo Matos, pelas valiosas sugestões na qualificação e pela disponibilidade em tirar dúvidas. Ao Professor Hugo Alexandre de Oliveira Rocha, por disponibilizar o espaço do Laboratório de Biotecnologia de Polímeros Naturais (BIOPOL) para realização das atividades enzimáticas. À Professora Adriana Uchôa, pela excelente contribuição no exame de qualificação e por aceitar o convite para participar da banca de defesa. À Professora Márcia Maria Auxiliadora Pinheiro Margis, por aceitar o convite para participar da banca de defesa. À Professora Cristiane Elizabeth Costa, por abrir as portas do Laboratório de Estudos em Biotecnologia Vegetal, e a seus alunos, Bruno e Denilsson pelo auxílio nas medições de condutividade elétrica. Ao Professor Marcos Costa e à técnica Rebecca Diniz, do Instituto do Cérebro, pelo auxílio nas análises de microscopia óptica. Às técnicas de laboratório da UFRN, Verônica Aquino, Mayara Madja, Socorro e Melina. Aos meus professores e orientadores durante a graduação na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Katia Maria Barbosa e Silva, Cynthia Cavalcanti de Albuquerque e Ramiro Gustavo Valera Camacho, vocês foram espelhos para minha formação. Aos amigos que fizeram parte do Laboratório de Cultura de Tecido Vegetal (LCTV) da UERN, Maiza Azevedo, Marciana Morais, Jocileide Marinho, Fábio Mesquita e, em especial, Ricardo Gonçalves e Valdiglêzia Mesquita, que sempre me incentivaram a seguir a diante e alçar voos cada vez mais altos. Muito obrigada por tudo, amigos! À CAPES pelo suporte financeiro. “Não devemos ficar alheios aos desafios arrebatadores que a vida traz. Devemos contrabalançá-los com longos olhares para as conquistas de Deus.” (Max Lucado) RESUMO A queima de combustíveis fósseis destaca-se dentre as atividades humanas como a principal responsável pelo aumento de gases poluentes na atmosfera que provocam mudanças climáticas. Diante deste cenário, têm se buscado alternativas menos poluentes e danosas que os combustíveis fósseis. Muito recurso tem sido investido em pesquisas em diferentes espécies vegetais que possam ser utilizadas na produção do biodiesel. Dentre estas plantas está a mamona (Ricinus communis L.), uma planta oleaginosa pertencente à família Euphorbiaceae, considerada rústica e que não exige grande disponibilidade de água para seu desenvolvimento e produção. Por possuir um óleo rico em um ácido graxo incomum (ácido ricinoléico), tem sido apontada como uma oleaginosa com grande potencial para o cultivo em regiões semiáridas, como o Nordeste do Brasil. Considerando isto, este trabalho teve como objetivo contribuir para a compreensão das respostas das plantas de mamona a estresses abióticos (hídrico e salino) por meio de análises morfofisiológicas e moleculares. Para isso, as plantas de mamona foram submetidas a condições de estresse salino (50, 100, 150 e 200 mM de NaCl) em ambiente controlado e estresse hídrico (5, 10, 15 dias e 10 dias cíclico). Após os tratamentos, as plantas foram sujeitas a diferentes análises quanto ao efeito dos estresses: a) na expansão e retenção de água nas folhas; b) na anatomia foliar e de raízes. Diante dos resultados obtidos, verificamos que a mamona sofreu diminuição de área foliar com o aumento do estresse, no entanto restringiu a perda de água, provavelmente pelo acúmulo de solutos compatíveis nas folhas. Alterações nas estruturas do sistema vascular também foram observadas, no entanto, inferimos que a mamona pode resistir ao estresse hídrico moderado (5 dias) e ao estresse salino até 100 mM de NaCl, evitando a perda de água, mantendo o turgor celular. Os dados obtidos neste trabalho auxiliaram na compreensão do comportamento da mamona em condições de estresse abiótico, hídrico e salino, assim como, na recuperação hídrica da planta após a retomada das regas. Palavras-chave: Oleaginosa; estresse hídrico; estresse salino; anatomia; biblioteca subtrativa. ABSTRACT The use of fossil fuels has been considered one of reason for the increase of pollution in the atmosphere and it may be related to the climate changes. Then, the research of the new sources of fuels will be important. Considering this, the use of biodiesel has been considered not as bad as petrol. The castor bean (Ricinus communis L.) is an important oilseed, which belongs to Euphorbiaceae family, and the oil found in the seed has important characteristics for biodiesel. This plant is considered as “rustic” as it does not need so much water for its development and oil production. Due to this, this plant has been considered to be ideal in semi-arid regions, such as the Northeast of Brazil. The aim of his study is to better understand the responses to abiotic stresses (drought and salinity) from castor bean plants using morphological, physiological and molecular tools. In order to do this, the castor bean plants were subjected to salt stress (50, 100, 150 and 200 mM NaCl) in a controlled environment and drought stress (5, 10, 15 days and 10 days cyclic). After these treatments, these plants were subjected to different analyzes: a) the expansion and retention of water from leaves; b) anatomy using leaves and roots. Based on these results, we found that castor suffered decrease in leaf area with increase drought stress, however restricted water loss, probably by accumulation of compatible solutes in the leaves. The anatomy data showed modifications in the vascular system. These modifications observed suggested that castor bean plant may be resistant to stress as it was verified in 5 days of drought as well as in 100 mM NaCl. In both conditions, these plants were fine. Probably these plants keep some solutes in the cell and then maintain the cell tugor. The data obtained in this study gave a better idea how castor bean plant responds to abiotic stress conditions - drought and salt stress. Keywords: Oilseed; drought stress; salt stress; anatomy; subtractive library. LISTA DE ABREVIATURAS % UMIDADE – Percentual de umidade no tecido ABA – Ácido abscísico CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento CRA – Conteúdo Relativo de Água EDTA – Ácido etileno diamino tetracético EROS – Espécies reativas de oxigênio FAA – Formaldeído, álcool e ácido acético NaCl – Cloreto de Sódio NaOH – Hidróxido de Sódio NBT - Nitro-blue tetrazolium NPK – Nitrogênio, Fósforo e Potássio SDS – Dodecil sulfato de sódio ONG – Organização não governamental PCR – Reação em cadeia de polimerase pH – Potencial hidrogeniônico LISTA DE TABELAS Tabela 1. Comparativo de área e produção da mamona. Comparativo dos estados da região Nordeste produtores de mamona safras de 2012/13 e 2013/14, de acordo o levantamento de janeiro de 2014 do boletim da CONAB. ......................................................................................................................... 19 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Mapa da produção agrícola de Mamona na safra 2013/14. Destaque da produção de mamona para o estado da Bahia. Fonte: Conab/IBGE. .................................................................................................... 18 Figura 2. Série histórica de área plantada com a cultura da mamona. Comparativo da área plantada de mamona na região Nordeste das safras de 1990/91 a 2013/14 da Série Histórica do Plantio de Mamona da CONAB. ...... 20 Figura 3. Ilustração da Mamoneira, Ricinus communis L. Aspecto geral da planta, ramo florífero (rf), flor masculina (fm), flor feminina (ff), fruto (f) e semente (s). Modificado de www.plant-pictures.de. ......................................... 21 Figura 4. Esquema geral da síntese de triacilglicerol em plantas. No plastídio ocorre a síntese de ácidos graxos. Os ácidos graxos sintetizados são transportados para o citoplasma e na forma esterificada, chamada de Acil-CoA, são incorporados em um esqueleto de glicerol, levando a formação de TAG. As setas vermelhas indicam a via dependente de Acil-CoA (Via Kennedy). As setas verdes indicam a via de biossíntese de TAG alternativa (Via Independente de Acil-CoA). Nas formas ovaladas estão as enzimas envolvidas na biossíntese de TAG: glicerol-3-fosfato aciltransferase (G3PAT), ácido lisofosfatídico aciltransferase (LPAAT), ácido fosfatídico fosfatase (PAP), diacilglicerol aciltransferase (DGAT), fosfolipídio: diacilglicerol aciltransferase (PDAT) e colina fosfotransferase (CPT). ACP, proteína carreadora de acil; G3P, glicerol-3-fosfato; LPA, ácido lisofosfatídico; PA, ácido fosfatídico; DAG, diacilglicerol; TAG, triacilglicerol; PC, fosfatidilcolina; LPC, lisofosfatidilcolina; RE, retículo endoplasmático. Modificado de Cagliari et al., (2010). ................. 23 Figura 5. Esquema representativo do experimento de estresse hídrico em plantas de Ricinus communis L., BRS Energia. Representação dos tratamentos de restrição hídrica por 5, 10, 15 dias e 10 dias cíclico e coleta das amostras ao fim de cada tratamento para análises. ......................................... 30 Figura 6. Folha de Ricininus communis representando as medidas lineares obtidas para o cálculo da área foliar. Representação da quinta folha expandida, utilizada para medição, onde a linha laranja, na horizontal corresponde à largura (L) e a linha azul, na vertical, ao comprimento (C). . .... 31 Figura 7. Etapas de construção da biblioteca subtrativa de cDNA. (Retirado de FERREIRA, 2008). ...................................................................................... 35 Figura 8. Fases do desenvolvimento da mamona. Representação esquemática das fases do desenvolvimento da mamona, cultivar BRS Energia, crescidas em casa de vegetação, desde a germinação da semente até a planta adulta. Desenho ilustrado por Kellya Barreto. .................................................. 40 Figura 9. Plantas de Ricinus communis L., BRS Energia, submetidas a diferentes períodos de estresse hídrico. A: Controle, com rega normal; B: estresse hídrico de 5 dias; C: estresse hídrico de 10 dias; D: estresse hídrico de 15 dias e E: estresse hídrico de 10 dias cíclico. Barra de 10 cm. ............... 41 Figura 10. Área foliar das plantas de mamona, BRS Energia, submetidas a estresse hídrico. Médias de área foliar de plantas controle e plantas submetidas ao estresse hídrico por 10 dias, 15 dias e 10 dias cíclico. As plantas representadas como tratadas correspondem às plantas submetidas ao estresse hídrico nos diferentes dias. Barras simbolizam o desvio padrão. (*) corresponde a diferença significativa no intervalo de confiança de 95% (P <0,05) pelo Teste de Tukey. ............................................................................. 42 Figura 11. Teor de umidade em folhas de Mamona, BRS Energia. Médias do percentual de umidade de plantas controle e plantas submetidas ao estresse hídrico por 5 dias, 10 dias, 15 dias e 10 dias cíclico. As plantas representadas como tratadas correspondem às plantas submetidas ao estresse hídrico nos diferentes dias. Barras simbolizam o desvio padrão. (*) corresponde a diferença significativa no intervalo de confiança de 95% (P <0,05) pelo Teste de Tukey........................................................................................................... 43 Figura 12. Seções transversais de folhas de Mamona, BRS Energia. Seções de 10 µm de folhas de plantas cultivadas sem restrição hídrica, controle (A) e com restrição hídrica de 5 dias (B), 10 dias (C), 15 dias (D) e 10 dias cíclicos (E) coradas em Azul de Toluidina 0,05%, aumento de 10x. Barra de 200 µm. col: colênquima; pa: parênquima; fl: floema; xi: xilema; dr: drusa; pe: parênquima esponjoso; ep ab: epiderme abaxial; pp: parênquima paliçádico; ep ad: epiderme adaxial; cut: cutícula. .................................................................. 47 Figura 13. Seções transversais de raízes de Mamona, BRS Energia. Seções de 10 µm de raízes de plantas cultivadas sem restrição hídrica, controle (A) e com restrição hídrica de 5 dias (B), 10 dias (C), 15 dias (D) e 10 dias cíclicos (E) coradas em Azul de Toluidina 0,05%, aumento de 10x. Barra de 200 µm. ep: epiderme; cor: córtex; pc: periciclo; mx: metaxilema; px: protoxilema; cv: cilindro vascular. ..................................................................... 50 Figura 14. Modelo de respostas das plantas de mamona aos estresses hídrico e salino. Esquema apresentando as alterações observadas em plantas de mamona, BRS Energia, em resposta às condições de estresse hídrico e salino. ............................................................................................................... 57 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 16 1.1 – Redução da emissão de gases e uso de biocombustível ....................... 16 1.2 – O agronegócio da Mamona ..................................................................... 17 1.3 - Ricinus communis L. ................................................................................ 21 1.4 - O estresse abiótico em plantas: estresse hídrico e salino ....................... 24 2. OBJETIVOS ................................................................................................. 27 2.1 - Objetivo Geral .......................................................................................... 27 2.2 - Objetivos Específicos ............................................................................... 27 3. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................. 28 3.1 – INDUÇÃO DE ESTRESSE HÍDRICO EM PLANTAS DE MAMONA ...... 28 3.1.1 – Delineamento experimental e análises estatísticas .............................. 31 3.2 – ANÁLISE DE ÁREA FOLIAR E TEOR DE UMIDADE NA FOLHA .......... 31 3.3 – ANÁLISE ANATÔMICA ........................................................................... 32 3.4 - EXTRAÇÃO DE RNA ............................................................................... 33 3.5 - CONSTRUÇÃO DE BIBLIOTECAS SUBTRATIVAS DE cDNA ............... 34 3.5.1 - Ligação.................................................................................................. 35 3.5.2 - Precipitação da ligação ......................................................................... 35 3.5.3 – Clonagem e transformação de bactérias .............................................. 36 3.5.4 – Extração do DNA plasmidial em pequena escala – Miniprep ............... 37 3.5.5 – Reação de sequenciamento e precipitação de DNA ............................ 38 3.6 – SEQUENCIAMENTO E BUSCA EM BANCO DE DADOS ...................... 39 4 – RESULTADOS ........................................................................................... 40 4.1 – Obtenção das plantas para tratamentos de estresse hídrico .................. 40 4.2 - Tratamentos de estresse hídrico .............................................................. 41 4.3 – Análise de área foliar e teor de umidade na folha ................................... 42 4.4 – Análise anatômica ................................................................................... 43 4.5 – Bibliotecas subtrativas de cDNA ............................................................. 51 5. DISCUSSÃO ................................................................................................ 52 6. CONCLUSÃO............................................................................................... 58 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 59 16 1 - INTRODUÇÃO 1.1 – Redução da emissão de gases e uso de biocombustível O impacto causado no ambiente pelo uso de combustíveis fósseis tem proporcionado diversas consequências, como as mudanças climáticas e o aumento da concentração de CO2 na atmosfera, causando o efeito estufa (LIMA, 2005). O quinto Relatório sobre Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade às Mudanças Climáticas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês), apresentado em março deste ano, traz um capítulo que aborda as projeções das mudanças climáticas para as Américas do Sul e Central. A vulnerabilidade do abastecimento de água das regiões semiáridas será aumentada devido às mudanças climáticas estimadas, além da redução das geleiras andinas, diminuição de chuvas e aumento da evapotranspiração, causando fortes impactos nos setores de geração de energia hidrelétrica e agricultura (IPCC, 2014). Contudo, este relatório destaca que a redução da emissão de gases, principalmente CO2, decorrente de queimadas, desmatamento e queima de combustíveis fósseis, de forma rápida poderá diminuir a severidade dos impactos. Para alcançar este objetivo, o relatório sugere algumas práticas para a adaptação às mudanças climáticas, como o melhoramento genético de culturas para resistir aos eventos climáticos extremos e que possibilitem o plantio em áreas já degradadas, sem a necessidade de expansão para áreas preservadas, evitando o desmatamento, assim como, a implementação de projetos de energias renováveis para aumentar o conhecimento sobre culturas produtoras de energia (IPCC, 2014). Sob este aspecto, vê-se a necessidade de investir em recursos energéticos renováveis e que colaborem na redução da emissão de gases, tais como os biocombustíveis. A produção de biodiesel a partir de óleos vegetais tem despertado o interesse dos produtores, do governo e das instituições de pesquisa. A Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005, define o biocombustível como “combustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão interna ou, conforme regulamento para outro tipo de geração de 17 energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustível de origem fóssil” e insere o biodiesel na matriz energética brasileira determinando a adição do biodiesel ao diesel mineral. A partir de janeiro de 2008 a mistura de 2% de biodiesel (B2) ao diesel mineral foi obrigatória no Brasil. Desde janeiro de 2010 a mistura utilizada é a denominada de B5, mistura de 5% de biodiesel, conforme a Resolução nº 6/2009 do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 26 de outubro de 2009. Dentre as espécies com potencial para a produção do biocombustível destaca-se a mamona (Ricinus communis L.) uma planta disseminada pelo mundo todo, pelo fato de ser rústica, conseguindo alcançar elevada produção de biomassa em lugares de baixa precipitação pluvial (BARROS-JUNIOR et al., 2008; COSCIONE; BERTON, 2009). 1.2 – O agronegócio da Mamona O Brasil já foi o principal produtor de mamona do mundo, entre 1975 até o final da década de 1980, até ser superado pela Índia e China na década de 1990, devido a deficiências tecnológicas e falta de investimento (ONG REPÓRTER BRASIL, 2008). Hoje, o Brasil ocupa a terceira posição no ranking dos maiores países produtores de mamona do mundo e, junto com a Índia e a China, representa mais de 90% da produção mundial de mamona. A partir da safra de 1996/97, o Brasil teve um aumento da produção de mamona, devido a um estímulo governamental, elevando a produtividade para 747 kg/ha, o que foi mais do que o dobro obtido na safra anterior (1995/96), que foi de 355 kg/ha (EMATERCE, 2007). Com o lançamento do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), em 2004, o governo federal incentiva a expansão do plantio da mamona, com o objetivo de fortalecer a agricultura familiar, uma vez que esta seria a principal produtora de matérias-primas para produção do biodiesel. O PNPB criou instrumentos como o Selo Combustível Social concedido pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), o qual estabelece as condições para os produtores industriais de biodiesel obter benefícios tributários e financiamentos, desde que, entre outras coisas, o produtor industrial adquira 18 matéria-prima de agricultores familiares e garanta assistência e capacitação técnica (BRASIL, 2004). No Brasil, a região Nordeste é a maior produtora de Mamona, sendo os principais produtores Bahia, Ceará, Piauí e Pernambuco, sendo a Bahia a maior produtora de mamona no país, como ilustrado na figura 1. Figura 1. Mapa da produção agrícola de Mamona na safra 2013/14. Destaque da produção de mamona para o estado da Bahia. Fonte: Conab/IBGE. De acordo com o Boletim de Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) (CONAB, 2014) 19 emitido em janeiro deste ano, as expectativas de safra de mamona são boas, com excelente crescimento na produção nacional, puxada pela retomada na produção na Bahia, que sofreu uma grande quebra na safra passada devido à seca na região nordeste, que foi severa nos últimos dois anos e prejudicou a agricultura como um todo na região. Na tabela 1 estão os dados de área plantada, em mil hectares (ha) e de produção, em mil toneladas, para as safras de 2012/13 e 2013/14 de mamona nos estados principais produtores da cultura na região Nordeste do Brasil, Bahia (BA), Ceará (CE), Pernambuco (PE) e Piauí (PI). Comparando as duas safras, observamos um aumento de 48,4 mil ha de área plantada no estado da Bahia para esta safra, enquanto nos estados do Ceará e Pernambuco não houve aumento da área e no Piauí um discreto aumento de 0,4 mil ha. Quanto à produção, são estimados aumentos em todos os estados para esta safra. Para a Bahia um significativo aumento de 64,5 mil t, seguido pelo Ceará, com aumento de 2,1 mil t, Pernambuco 0,2 mil t e Piauí 0,6 mil t. Tabela 1. Comparativo de área e produção da mamona. Comparativo dos estados da região Nordeste produtores de mamona safras de 2012/13 e 2013/14, de acordo o levantamento de janeiro de 2014 do boletim da CONAB. ÁREA (Em mil ha) Safra 2012/13 Safra 2013/14 PRODUÇÃO (Em mil t) Safra 2012/13 Safra 2013/14 BA CE PE PI 69,2 12,8 1,4 1,0 117,6 12,8 1,4 1,4 11,5 1,8 0,4 0,1 76,0 3,9 0,6 0,7 NE 84,4 133,2 13,8 81,2 Nos últimos 20 anos o plantio da mamona no Brasil sofreu grandes oscilações, como é possível observar na figura 2, na qual estão os dados da Série Histórica do Plantio da Mamona da Conab, para área plantada. Após uma grande queda no início da década de 1990, houve uma recuperação gradativa e na safra de 2004/05, atingiu uma área plantada de 207,6 mil hectares, a maior área alcançada depois da decadência, isto pode ter ocorrido devido ao incentivo promovido aos pequenos produtores pelo PNPB. 20 Segundo a ONG Repórter Brasil (2008) a decadência da cultura da mamona na década de 1990 foi causada pelo abandono do melhoramento de variedades e do manejo, destacando ainda, que sua produtividade depende acima de tudo, da demanda a produção de variedades de ciclo curto, adaptadas às novas e diversas condições climáticas, e com qualidade de óleo compatível com as exigências da indústria do biodiesel. Portanto, o cultivo da mamona pode, sim, ser uma fonte de renda para comunidades rurais do nordeste brasileiro, fortalecendo a agricultura familiar, uma vez que em um hectare de mamona é possível produzir mais de 1.000 litros de biodiesel por ano (O Biodiesel e a Inclusão Social, 2003), também levando-se em consideração a consorciação da cultura da mamona com outras culturas, como o feijão. Entretanto, são necessários investimentos em tecnologias para melhoramento da mamona, manejo do solo e produção de sementes de qualidade. Figura 2. Série histórica de área plantada com a cultura da mamona. Comparativo da área plantada de mamona na região Nordeste das safras de 1990/91 a 2013/14 da Série Histórica do Plantio de Mamona da CONAB. 21 1.3 - Ricinus communis L. A mamona (figura 3), também conhecida por rícino, palma-christi, palmadecristo, carrapateira, bafureira, figueira do inferno, enxerida, regateira, entre outras (BELTRÃO et al., 2001; RODRIGUES et al., 2002), pertence à família Euphorbiaceae (BARROS-JUNIOR et al., 2008), que agrupa espécies de grande importância econômica, com destaque para mandioca (Manihot esculenta Crantz), uma das principais fontes de amido para a alimentação humana, a seringueira (Hevea brasiliensis Müll.Arg.), principal fonte de borracha natural (CARUZO, 2010) e o pinhão-manso (Jatropha curcas L.), uma planta oleaginosa que, assim como a mamona, tem sido alvo de pesquisas para a produção do biodiesel. A classificação taxonômica da mamona é feita da seguinte forma, de acordo com o Taxonomy Browser, do National Center for Biotechnology Information - NCBI (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/Taxonomy/Browser/): Super Reino: Eucaryota Reino: Viridiplantae Filo: Streptophyta Superdivisão: Spermatophyta Divisão: Magnoliophyta Classe: Magnoliopside Subclasse: Rosidae Ordem: Malpighiales Família: Euphorbiaceae Subfamília: Acalyphoideae Tribo: Acalypheae Gênero: Ricinus Espécie: Ricinus communis L. Figura 3. Ilustração da Mamoneira, Ricinus communis L. Aspecto geral da planta, ramo florífero (rf), flor masculina (fm), flor feminina (ff), fruto (f) e semente (s). Modificado de www.plantpictures.de. 22 A espécie em questão é originária da região Norte da África (JOLY, 2002) e chegou ao Brasil no período da colonização por intermédio dos escravos africanos (MOREIRA et al., 1996). A adaptação da mamona às condições edafoclimáticas do Brasil foi imediata, podendo ser encontrada em praticamente todas as regiões do país de forma espontânea (MILANI et al., 2009). A cultivar de mamona objeto desse estudo é a BRS Energia, que foi desenvolvida pela Embrapa com participação na validação dos genótipos da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN). Esta cultivar destaca-se pelo seu ciclo curto (dias após a emergência) que dura de 110 a 140 dias entre a germinação e a maturação dos últimos racemos, metade do ciclo das cultivares BRS Nordestina e BRS Paraguaçu (EMBRAPA, 2011). A precocidade é uma das principais características do cultivar BRS Energia, cujo ciclo médio é de 120 dias entre a germinação e a maturação dos últimos racemos. A produtividade média da BRS Energia é de 1.800 kg.ha-1, sob as mesmas condições edafoclimáticas das demais cultivares. A altura média da planta é de 1,40 m, sendo considerada planta de baixo porte, o peso de 100 sementes situa-se em torno de 53 g, além disso, os frutos da BRS Energia são indeiscentes (EMBRAPA, 2007), esta característica que permite uma colheita de modo programado, pois os frutos não caem no solo como os das demais cultivares. O teor do óleo na semente de mamona varia entre 35 % e 55 %, sendo o padrão comercial 44 % (FREIRE et al., 2006), o seu principal constituinte são os triacilgliceróis de ácido ricinoleico, cerca de 90 %, um ácido graxo incomum devido às suas propriedades físicas e químicas únicas. Este ácido graxo faz do óleo de mamona uma matéria-prima vital para o ramo industrial, podendo ser aplicado em diversas áreas, como na produção de cosméticos, tintas, revestimentos, lubrificantes, polímeros e compostos antifúngicos (CHIERICE; CLARO-NETO, 2007; DRYER et al., 2008). A biossíntese de triacilgliceróis (TAGs) na semente, como apresentada na figura 4, começa com a síntese dos ácidos graxos (16:0 e 18:0) e a desaturação do ácido esteárico originando ácido oléico (18:1) no plastídio, que são exportados para o citoplasma e complexados à coenzima A (CoA), formando Acil-CoA. No retículo endoplasmático (RE) o ácido oleico é 23 transferido para fosfatidilcolina (PC) para produzir ácido linoleico (18:2) e ácido linolênico (18:3) (figura 4). Estes ácidos são incorporados por um esqueleto de glicerol por sucessivas reações de acilação, produzindo, dessa forma, os TAGs. Existem duas vias metabólicas distintas para a produção de TAGs, uma dependente de acil-CoA e outra independente de acil-CoA, denominada Via Kennedy (SOMERVILLE et al., 2000), indicadas na figura 4 pelas setas verdes e vermelhas, respectivamente. Figura 4. Esquema geral da síntese de triacilglicerol em plantas. No plastídio ocorre a síntese de ácidos graxos. Os ácidos graxos sintetizados são transportados para o citoplasma e na forma esterificada, chamada de Acil-CoA, são incorporados em um esqueleto de glicerol, levando a formação de TAG. As setas vermelhas indicam a via dependente de Acil-CoA (Via Kennedy). As setas verdes indicam a via de biossíntese de TAG alternativa (Via Independente de Acil-CoA). Nas formas ovaladas estão as enzimas envolvidas na biossíntese de TAG: glicerol-3-fosfato aciltransferase (G3PAT), ácido lisofosfatídico aciltransferase (LPAAT), ácido fosfatídico fosfatase (PAP), diacilglicerol aciltransferase (DGAT), fosfolipídio: diacilglicerol aciltransferase (PDAT) e colina fosfotransferase (CPT). ACP, proteína carreadora de acil; G3P, glicerol-3-fosfato; LPA, ácido lisofosfatídico; PA, ácido fosfatídico; DAG, diacilglicerol; TAG, triacilglicerol; PC, fosfatidilcolina; LPC, lisofosfatidilcolina; RE, retículo endoplasmático. Modificado de Cagliari et al. (2010). 24 Estudos indicam que na semente de mamona o ácido oleico (18:1) sofre um processo de hidroxilação no RE, através da atividade da enzima hidroxilase oleato (FAH 12), a qual adiciona um grupamento hidroxila (OH) no ácido oleico produzindo ácido ricinoleico (C18:1-OH), seguindo a via de biossíntese de ácidos graxos padrão (SOMERVILLE et al., 2000 apud CAGLIARI et al., 2010). 1.4 - O estresse abiótico em plantas: estresse hídrico e salino Os estresses abióticos impostos pela seca, salinidade e temperaturas extremas representam sérias ameaças ao desenvolvimento e produtividade de diversas plantas cultivadas em todo o mundo (AHUJA et al., 2010 apud SAAD et al., 2012). Constantemente, o termo estresse é utilizado para descrever as respostas dos organismos submetidos aos fatores ambientais potencialmente desfavoráveis à vida (PLAUT, 1995). A baixa disponibilidade de água, sem dúvida é considerada um dos principais fatores que afetam a produtividade e o desenvolvimento de espécies vegetais de interesse econômico (LUÍS, 2009). Um grande número de processos fisiológicos, bioquímicos e moleculares é alterado em resposta ao estresse hídrico, tanto a nível molecular, quanto ao nível fisiológico do organismo (BHARGAVA; SAWANT, 2013). O déficit hídrico reduz o crescimento das plantas, afetando vários processos fisiológicos e bioquímicos, como fotossíntese, respiração, translocação, a absorção de íons, carboidratos, metabolismo de nutrientes e fatores de crescimento (JALEEL et al., 2008). O estresse hídrico pode também elevar a razão raiz/parte aérea das plantas, devido ao aumento na concentração do hormônio ácido abscísico (ABA), que permite o crescimento do sistema radicular para aumentar a absorção de água, enquanto inibe o crescimento da parte aérea, uma vez que o ABA sintetizado nas raízes é transportado para as folhas onde induz o fechamento estomático e inibe o crescimento da planta, atuando também na regulação da atividade de aquaporinas, que contribuem para a manutenção de um status hídrico favorável à planta, permitindo dessa forma, uma adaptação à condição de estresse (WILKINSON; DAVIES, 2010). De acordo com Jordan (1983) apud Batista (2012), o déficit hídrico pode afetar a utilização de carboidratos, por alterar basicamente a eficiência com 25 que os fotoassimilados são convertidos para o desenvolvimento de partes novas na planta. O déficit hídrico ocasiona mudanças na partição dos carboidratos no interior da planta, condicionando as mesmas a apresentar mecanismos de adaptação e resistência. Com isso, as plantas tendem a lidar com o estresse hídrico por um processo conhecido como ajuste osmótico, ou seja, com a inibição do crescimento meristemático a mobilização de metabólitos é direcionada para a síntese de compostos protetores, necessários para o ajustamento osmótico, no qual as plantas diminuem o potencial osmótico celular pelo acúmulo de solutos, pois a síntese de solutos compatíveis previne a perda de água pelas células, sendo importante na manutenção do turgor (BHARGAVA; SAWANT, 2013). Um grande número de compostos que desempenham papel fundamental na manutenção do equilíbrio osmótico e na proteção das membranas são sintetizados, dentre estes podemos citar aminoácidos, como a prolina, compostos de amônio, como a glicina-betaína, açúcares, frutanos e sacarose, íons inorgânicos, como potássio, dentre outros (DACOSTA; HUANG, 2006). Esses compostos denominados osmoprotetores oferecem resistência contra a seca e a desidratação celular (HOEKSTRA et al., 2001 apud MAHAJAN; TUTEJA, 2005). Além da escassez de água, a salinidade também tem sido relatada como um grande problema na produção de culturas de importância econômica (ARAGÃO et al., 2010; NEVO; CHEN, 2010). O alto índice de sais nos solos, provocado pela seca, pela irrigação com águas salinas e drenagem insuficiente (WILLADINO; CÂMARA, 2010), altera inicialmente a absorção de água e de nutrientes pelas plantas, assim como, a permeabilidade das membranas. Estas alterações acabam refletindo no balanço hídrico e nutricional, provocando mudanças no metabolismo, hormonais, nas trocas gasosas e na produção de EROS (Espécies Reativas de Oxigênio), e irão comprometer a expansão e divisão celular, consequentemente, o crescimento da planta, levando a aceleração da senescência foliar, resultando na morte da planta (PRISCO; FILHO, 2010). Na região Nordeste do Brasil, que é caracterizada pela irregularidade pluviométrica e períodos de estiagem longos, as plantas oleaginosas apresentam alto potencial de expansão, pois são tolerantes às condições de 26 seca, podendo-se citar como exemplo as plantas de amendoim, gergelim e mamona (MONTEIRO, 2007). Esta região se destaca na produção de mamona, sendo responsável por 97,5 % da área plantada com a cultura no país e por 94,8 % da produção nacional de sementes, a maior produção nacional se concentra no estado da Bahia com 78 % (CONAB, 2007). Segundo Pinto et al. (2008) o estudo do comportamento das oleaginosas, como as mudanças em processos fisiológicos ocasionadas pela deficiência hídrica, é de grande importância, pois serve de base para a escolha de variedades mais resistentes à seca, uma vez que um dos fatores limitantes para a produção vegetal no Nordeste brasileiro pode ser o estresse hídrico e as altas temperaturas (MENDES et al., 2007). A identificação e compreensão dos mecanismos de resistência à seca são de fundamental importância no desenvolvimento de novas cultivares mais resistentes à deficiência hídrica, as quais são essenciais para a manutenção da produção agrícola brasileira. Todavia, torna-se necessária a compreensão de que a resistência em plantas não é uma característica simples, é sim um conjunto complexo de mecanismos que trabalham de forma integrada ou isoladamente para evitar ou tolerar períodos de deficiência hídrica (CASAGRANDE et al., 2001). Portanto, é imprescindível para a produção de biodiesel no Brasil, a compreensão dos efeitos e respostas das cultivares de mamona, frente às condições desfavoráveis ao desenvolvimento desta planta, como a seca e a salinidade dos solos na região Nordeste. Contribuindo assim, para o melhor aproveitamento do potencial desta oleaginosa na obtenção de energias renováveis, divisas e redução dos impactos ambientais causados pelos gases oriundos da queima de combustíveis fósseis. 27 2 – OBJETIVOS 2.1 – Objetivo Geral Contribuir para a compreensão das respostas das plantas de mamona a estresses abióticos (salino e hídrico), que podem ou não levar a resistência, por meio de análises morfofisiológicas e moleculares. 2.2 - Objetivos Específicos • Submeter plantas de mamona a diferentes tratamentos de estresse salino e hídrico, com retomada da rega; • Avaliar parâmetros fisiológicos (conteúdo relativo de água, teor de umidade e conteúdo de clorofilas) de plantas de mamona, cultivar BRS Energia, submetidas a estresse salino; • Analisar histologicamente os efeitos dos tratamentos nas estruturas vegetais de plantas submetidas a estresse hídrico e salino e de plantas controle; • Construção de bibliotecas subtrativas de cDNA para estresse hídrico.; 28 3 - MATERIAL E MÉTODOS 3.1 - INDUÇÃO DE ESTRESSE HÍDRICO EM PLANTAS DE MAMONA Com o objetivo de simular uma situação mais real do estresse causado pela seca em plantas de mamona, um experimento de estresse hídrico foi realizado em condições “de campo”, mas com controle de regas e crescimento em baldes. Para isto, sementes de mamona cultivar BRS Energia (MILANI et al., 2007), cedidas pela Embrapa Algodão (Campina Grande-PB), foram semeadas em baldes plásticos furados na base, com capacidade para 5 litros, contendo substrato composto por dois tipos de areia e húmus (2:2:3) e adubados com fertilizante NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio) na proporção 10:10:10 (1g/L) sólido comercial Murer. Foram semeadas três sementes por balde e, 15 dias após a emergência, o desbaste foi realizado, deixando apenas uma planta por recipiente, ou seja, a planta que apresentou maior crescimento e estabelecimento mais efetivo. Desde a semeadura até o início dos tratamentos de restrição hídrica, foi realizada irrigação diária em todos os baldes, até o ponto de compensação do substrato. Com aproximadamente 90 dias após a germinação, as plantas de mamona iniciaram a frutificação, e neste período foram estabelecidos os tratamentos de estresse hídrico, os quais foram: restrição hídrica por 5, 10, 15 dias e 10 dias cíclico, no qual as plantas sofrem estresse por 10 dias e nos 10 dias subsequentes são regadas normalmente, para promover a recuperação. A metodologia do estresse hídrico cíclico foi desenvolvida tomando como base os resultados obtidos por Pinto (2008), onde plantas de mamonas foram submetidas a ciclos de deficiência hídrica com um intervalo médio de 9 dias entre as irrigações. Este intervalo foi determinado por ele com base na observação visual de murcha. Com base nisso, nosso tratamento foi realizado com 10 dias. Para cada tratamento de estresse hídrico existiram plantas controle que foram regadas diariamente. As plantas adultas, com frutos desenvolvidos, submetidas aos tratamentos de estresse hídrico, permaneceram em ambiente protegido de chuvas durante todo o experimento. As plantas de todos os tratamentos e suas plantas controle foram escolhidas de forma aleatória e foram demarcadas com placas para facilitar o regime de regas, pois todas estavam agrupadas no 29 mesmo local e as plantas dos diferentes tratamentos estavam misturadas com as plantas controle. Após os tratamentos de restrição hídrica, as plantas tratadas e as controle foram levadas para laboratório, onde foram analisadas contra parâmetros fenológicos e fotografadas. Foram retiradas amostras de folhas, raízes e frutos para análise histológica, extração de RNA e ensaios enzimáticos. 30 Figura 5. Esquema representativo do experimento de estresse hídrico em plantas de Ricinus communis L., BRS Energia. Representação dos tratamentos de restrição hídrica por 5, 10, 15 dias e 10 dias cíclico e coleta das amostras de folhas, frutos e raízes ao fim de cada tratamento para análises. É importante ressaltar que para cada tratamento de restrição hídrica havia também as plantas controle com rega normal. 31 3.1.1 – Delineamento experimental e análises estatísticas Foi utilizado o delineamento experimental do tipo inteiramente casualizado com oito tratamentos, sendo quatro controle e quatro de estresse hídrico por 5, 10, 15 dias e 10 dias cíclico. O número de repetições da unidade experimental foi de cinco plantas por grupo, totalizando 40 plantas. As análises estatísticas foram realizadas utilizando análise de variância (ANOVA) e as diferenças foram localizadas pelo Teste de Tukey, com P< 0,05. 3.2 - ANÁLISE DE ÁREA FOLIAR E TEOR DE UMIDADE NA FOLHA Ao final de cada tratamento a análise morfométrica foi feita retirando-se a quinta folha expandida, a partir do ápice para a base, de cada planta com auxílio de lâmina de bisturi. As folhas foram medidas com régua e a área foliar foi calculada pela fórmula S = 0,1515 x (C + L) 2, em que C = comprimento da folha e L = largura da folha (SEVERINO et al., 2004), conforme apresentado na figura 6. As folhas foram fotografadas e desenhadas em folhas de papel A4, devidamente identificadas. Figura 6. Folha de Ricininus communis representando as medidas lineares obtidas para o cálculo da área foliar. Representação da quinta folha expandida, utilizada para medição, onde a linha laranja, na horizontal corresponde à largura (L) e a linha azul, na vertical, ao comprimento (C). 32 Para determinação do teor de umidade das folhas tratadas e controle, as mesmas folhas utilizadas para medição foram pesadas em balança de precisão (Marte, UX4200H) para ser obtida a massa fresca em gramas, e após isso, as folhas foram armazenadas individualmente em sacos de papel previamente identificados e foram mantidas em estufa (Tecnal TE – 393/1) a 55 °C até atingir massa constante e ser então pesadas novamente para obter os valores de massa seca, seguindo a metodologia proposta por Salavick (1974) com pequenas modificações, nas quais, os discos foram substituídos por folhas inteiras. Após a obtenção dos valores de massa fresca e massa seca, os dados foram aplicados na fórmula abaixo: UMIDADE MF MS 100 MF Onde, MF é referente à massa fresca e MS refere-se à massa seca. 3.3 - ANÁLISE ANATÔMICA Com o intuito de identificar possíveis alterações estruturais nos tecidos de plantas submetidas ao estresse salino, foram coletadas amostras de folhas, raízes e caules de plantas jovens que foram transferidas para sistema hidropônico e submetidas a diferentes tratamentos de estresse salino e plantas jovens, também em sistema hidropônico na condição controle (sem adição de NaCl a solução nutritiva). As amostras foram fixadas em Paraformaldeído 4% em tampão fosfato de potássio (0,2 M; pH 7,4). Para a inclusão, os tecidos previamente infiltrados com parafina foram montados em moldes de metal, com auxílio de pinça, contendo parafina líquida para formar os blocos. Os blocos foram cortados, após duas horas de resfriamento em congelador de geladeira a -18 °C, utilizando o micrótomo rotativo (Leica RM 2125 RT), no qual foram feitos cortes de 10 µm de espessura. Após os cortes, as amostras foram aderidas às lâminas por meio da pescagem em banho-maria e as lâminas foram identificadas e levadas à estufa com temperatura de 60 ºC por um período de 20 minutos. 33 Para a montagem e coloração das lâminas, foi necessário desparafinizar o material, deixando as lâminas submersas em xilol durante 5 minutos, duas vezes e, em seguida, hidratar em concentrações alcoólicas decrescentes (álcool 100%, 90%, 80% e 70%), passando 5 minutos em cada concentração e por fim, mais 5 minutos em água destilada. As lâminas foram postas para secar em estufa à 60 ºC durante 2 horas, para então ser feita a coloração e montagem das mesmas. Os corantes utilizados para as lâminas foram escolhidos com o objetivo de identificar regiões com maior concentração de lignina, dessa forma, foram utilizados a Safranina e o Azul de toluidina. As lâminas, de caráter semipermanente, foram montadas em lamínulas com o meio de montagem sintético Entellan (Merck). Estes procedimentos foram realizados no Laboratório de Histologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A análise das lâminas foi realizada em microscopia de campo claro, utilizando o Microscópio Zeiss, ajustado pela iluminação de Köhler e as fotografias foram feitas com auxílio do software StereoInvestigator, no Instituto do Cérebro, UFRN. 3.4 - EXTRAÇÃO DE RNA As amostras de sementes armazenadas em ultrafreezer -80 °C foram pulverizadas em nitrogênio líquido, com auxílio de almofariz e pistilo, e o RNA total foi extraído utilizando o TRI Reagent® da Ambion, seguindo as orientações do fabricante. Foram realizadas corridas eletroforéticas em géis de agarose a 2%, na presença de Brometo de Etídeo, para verificar a qualidade do RNA extraído. A quantificação foi feita em espectrofotômetro NanoVue Plus (GE Healthcare Life Sciences) a partir de alíquotas de 4 µL do RNA extraído de cada amostra, com a densidade óptica de 260 ηm e 280 ηm, nas quais foram consideras íntegras as amostras de RNA que obtiveram a razão 260/280 entre 1,8 e 2,0 ηg/µL. Após a extração, todas as amostras foram tratadas com DNase (Ambion) conforme as recomendações do fabricante para garantir que não houvesse contaminação com DNA genômico. 34 3.5 - CONSTRUÇÃO DAS BIBLIOTECAS SUBTRATIVAS DE cDNA A partir do RNA total extraído das sementes de mamona, que foram submetidas à restrição hídrica e daquelas que foram regadas normalmente, foram construídas duas bibliotecas subtrativas de cDNA. A biblioteca nomeada de L1, foi composta pelos genes diferencialmente expressos em condição controle para o tratamento de 10 dias sob estresse hídrico. Já a outra biblioteca, chamada de L3, foi composta por aqueles genes que foram diferencialmente expressos com condição de estresse hídrico por 10 dias. Para a construção das bibliotecas subtrativas de cDNA de sementes Ricinus communis, primeiro foi feita a síntese de cDNA de acordo com os protocolos do Super SMARTTM PCR cDNA Syntesis Kit e Clontech PCRSelectTM cDNA Subtraction Kit, que utilizam o método de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) para aumentar a quantidade de cDNA por nanogramas de RNA total. Em seguida, os cDNAs provenientes de tecidos celulares que estão sendo comparados foram digeridos com a enzima de restrição RsaI, após este passo, o cDNA da condição teste foi dividido em duas alíquotas, às quais foram ligadas o adaptadores 1 e 2R, conforme apresentado na figura 7. Os cDNAs das condições teste e controle foram hibridizados e as sequências híbridas foram removidas, desta forma, os cDNAs restantes (não-hibridizados) constituíram os genes expressos unicamente nas condições que foram analisadas. Por fim, estes cDNAs foram amplificados por PCR, enriquecendo a população de genes diferencialmente expressos nas condições testadas. Ao fim de cada etapa foram realizadas corridas eletroforéticas em gel de agarose 1,2 % para verificar a ligação dos cDNAs aos adaptadores, assim como, a subtração e a amplificação subtrativa por PCR após a segunda hibridização. 35 Figura 7. Etapas de construção da biblioteca subtrativa de cDNA. (Retirado de FERREIRA, 2008). 3.5.1 - Ligação Para a reação de ligação, foram utilizados 50-100 ng do produto de PCR após a subtração das bibliotecas, 20U unidades de ligase, 1 X tampão de ligação, 12,5 ng do vetor pGEM T-easy (Promega) e água ultrapura estéril para chegar ao volume final de 20 µL. As ligações foram incubadas por um período de 16 horas. 3.5.2 - Precipitação da ligação Após o processo de ligação, com volume final de 20 µL, o produto foi precipitado para que fosse retirado o excesso de sal proveniente da ligação. 36 Para isso, foram adicionados 1/10 do volume de glicogênio (20 mg/mL), 1/10 do volume de Acetato de Sódio a 3 M (pH 5,2) e dois volumes de Etanol absoluto. Após uma hora de incubação em freezer a -20 ºC, as amostras foram centrifugadas por 20 minutos (microcentrífuga Eppendorf 5417R) a 20.817 x g e a 4 °C. Em seguida, o sobrenadante foi descartado e o precipitado foi lavado com 200 µL de Etanol 70%, centrifugado por 5 minutos a 20.817 x g e com temperatura de 4 °C. Por fim, o precipitado foi seco à temperatura ambiente e ressuspendido em 12 µL de água ultrapura previamente esterilizada em autoclave. 3.5.3 - Clonagem e transformação de bactérias As bibliotecas construídas foram clonadas no vetor pGEM-Teasy da Promega seguindo as especificações do fabricante. As ligações das bibliotecas foram mantidas em freezer -20 ºC e foi retirada uma alíquota de 4 µL para a transformação em 55 µL de células de bactérias Escherichia coli eletrocompetentes DH10B. Para a eletroporação foi utilizado o eletroporador Multiporator® system (Eppendorf) e, em cubetas de 0,2 mm foi aplicado um pulso de corrente elétrica de 1.900V por 5 ms. Após o pulso, as células foram transferidas para tubo de centrífuga (15 mL) contendo 1 mL de meio líquido LB (Luria-Bertani, composto por 10 g L-1 de Triptona, 10 g L-1 de NaCl e 5 g L-1 de extrato de levedura) e foram mantidas a 37 ºC por 1 hora em agitação. Passado este período, 100 µL das células foram espalhados em placas contendo meio LB sólido (10 g L-1 de Triptona, 10 g L-1 de NaCl, 5 g L-1 de extrato de levedura e 15 g L-1 de Ágar), acrescido de 100 µg/mL-1 Ampicilina e por X-Gal (40 µg/mL-1), para selecionar as colônias que possuem o plasmídeo com o inserto. As placas foram mantidas em estufa a 36 ºC durante 22 horas e, em seguida, as colônias brancas de bactérias transformadas foram inoculadas em placas de 96 poços, contendo 1 mL de meio Circle Grow, acrescido de Ampicilina 100 µg/mL-1. Após 22 horas em shaker com temperatura de 37º C e a 220 rpm, foram feitas extrações do DNA plasmidial em pequena escala (minipreparação de plasmídeos) para sequenciamento. 37 3.5.4 - Extração do DNA plasmidial em pequena escala - Miniprep O procedimento para as extrações de DNA plasmidial se iniciou com a adição de 240 µL de GET às colônias crescidas em placas de 96 poços, o qual é composto por glicose 20% filtrada, EDTA a 0,5 M pH 8,0, Tris-HCl a 1,0 M pH 7,4 e água ultra pura. Após isso, as placas foram seladas com adesivo e agitadas durante dois minutos em agitador do tipo vórtex. Em seguida as placas foram centrifugadas, em uma centrífuga Eppendorf 5804R, durante quatro minutos a 2.630 x g, para que ocorresse a sedimentação das células. O sobrenadante de cada poço foi descartado e as placas foram invertidas em papel toalha por cinco minutos. Após esse tempo, foram adicionados 80 µL de GET, a placa foi selada e agitada mais uma vez, para promover a ressuspensão das células. Foram adicionados 0,1 µg/mL de RNAse a cada poço de uma microplaca de 250 µL de propileno de fundo redondo (tipo Elisa) e em seguida foram transferidos 80 µL da suspensão de células para a microplaca contendo RNAse. Além disso, foram adicionados também 80 µL de NaOH 0,2 M/ SDS 1% misturados com auxílio de vórtex; a placa foi selada com adesivo, homogeneizada e deixada em repouso à temperatura ambiente por 10 minutos. Decorridos os 10 minutos, a placa foi centrifugada por alguns segundos. Após isso, foram adicionados a cada poço 80 µL de KOAc 3 M e subsequentemente a placa foi selada, homogeneizada, incubada por 10 minutos à temperatura ambiente e, logo após, as placas foram colocadas em estufa a 90 ºC por 30 minutos. Imediatamente à retirada da estufa, as placas foram colocadas em gelo picado por 10 minutos, em seguida, foram centrifugadas por 9 minutos a 2.630 x g e 20 ºC. Todo o volume do sobrenadante foi filtrado em placas Millipore (MAGV N22) durante centrifugação por 6 minutos a 2.630 x g e 20 ºC. Logo depois, foram adicionados 100 µL de Isopropanol (Merck) ao sobrenadante, e então a placa foi selada com adesivo, homogeneizada e centrifugada durante 30 minutos a 2.630 x g e 20 ºC. Após a centrifugação, o sobrenadante das placas foi descartado e adicionou-se 200 µL de Etanol 70% (Merck) e as placas foram centrifugadas 38 por 5 minutos, 2.630 x g a 20 ºC. Descartou-se o sobrenadante e as placas foram invertidas em papel absorvente e levadas à centrífuga até chegar 1500 x g a 20 ºC. Após a centrifugação, as placas foram postas para secar em temperatura ambiente por 1 hora. Ao final, o DNA dos poços foi ressuspenso em 60 µL de água ultra pura esterilizada em autoclave, as placas foram seladas e deixadas à temperatura ambiente overnight, para então posteriormente serem armazenadas em freezer -20 ºC. Antes da extração plasmidial, foram feitas placas, de 96 poços, de estoque das colônias crescidas, em glicerol 100%, as quais foram armazenadas em ultrafreezer -80 ºC. Após as minipreparações, foram feitas corridas eletroforéticas em géis de agarose a 0,7 %, com o objetivo de confirmar a presença dos insertos nos plasmídeos e, em seguida, a digestão com a enzima de restrição EcoRI. 3.5.5 - Reação de sequenciamento e precipitação de DNA Para as reações de sequenciamento foram montadas placas de PCR de 96 poços utilizando 1 µL de DNA plasmidial (100-150 ng), 4 µL de ET Mix, 3,2 µM do primer T7 ou SP6 e água ultrapura para completar o volume final de 10 µL. As reações de PCR seguiram o perfil de termociclagem: 1 ciclo de 95 ºC durante 2 segundos, 30 ciclos subdivididos em 20 segundos à 95 ºC, 15 segundos à 45 ºC e 1 minuto à 60 ºC. Após as reações, a precipitação do DNA foi realizada, na qual é adicionado a cada poço 1/10 do volume da reação de Acetato de Amônio 7,5 M e 2,5 vezes o volume da reação de Etanol absoluto, então as placas foram seladas e agitadas em vórtex. Passados 15 minutos à temperatura ambiente, as placas foram centrifugadas por 25 minutos à 4 ºC e 2.630 x g. O sobrenadante foi descartado e foi adicionado a cada poço 150 µL de Etanol 70%, as placas foram centrifugadas por 10 minutos à 4 ºC e 2.630 x g. Mais uma vez, o sobrenadante foi descartado e as placas foram postas para pulsar até chegar a 1.500 x g, invertidas e cobertas com papel absorvente. Por fim, o precipitado foi ressuspenso em 10 µL de Loading buffer (GE Healtcare Life Science), as placas foram agitadas em vórtex e mantidas então 39 overnight à -20 ºC para posterior injeção no aparelho de sequenciamento MegaBACE (GE Healthcare). 3.6 - SEQUENCIAMENTO E BUSCA EM BANCO DE DADOS Após a precipitação do produto da reação de sequenciamento, os clones obtidos foram injetados no sequenciador MegaBACE 1000 (GE Healthcare) com o kit recomendado pelo fabricante (GE Healthcare). As sequências geradas foram examinadas para a presença do vetor de clonagem com a ferramenta Vecscreen (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/tools/vecscreen/) e a partir das sequências obtidas foram feitas buscas por similaridade na plataforma do NCBI (National Center for Biotechnology information) utilizando a ferramenta BlastX (MCGINNIS; MADDEN, 2004) ) com um valor de 10-5 de Evalue como parâmetro mínimo. Após a busca por similaridade, foi feita uma análise manual visando obter informações sobre as proteínas que apresentaram similaridade, utilizando a ferramenta UniProt, Universal Protein Resource, (www.uniprot.org), o Gene Ontology (www.geneontology.org) e a literatura científica da área. 40 4 – RESULTADOS 4.1 – Obtenção das plantas para tratamentos de estresse hídrico Com aproximadamente 20 dias após o plantio, já havia ocorrido a germinação e emergência de todas as plântulas. Na figura 8 estão representadas as fases do desenvolvimento da mamona, desde a germinação da semente e da plântula, a planta jovem e a planta adulta, com os frutos desenvolvidos, que foi utilizada nos experimentos de estresse hídrico. Figura 8. Fases do desenvolvimento da mamona. Representação esquemática das fases do desenvolvimento da mamona, cultivar BRS Energia, crescidas em casa de vegetação, desde a germinação da semente até a planta adulta. Desenho ilustrado por Kellya Barreto. 41 4.2 – Tratamentos de estresse hídrico A partir de observações morfológicas das plantas submetidas ao estresse hídrico e das plantas com rega normal (controle), foi possível observar que as plantas pertencentes aos tratamentos de 10 e 15 dias foram as que mais sofreram modificações no padrão de desenvolvimento, como apresentado na figura 9. Aos 5 dias de restrição hídrica, as plantas apresentaram murcha das folhas e clorose nas folhas mais velhas, indicando a possível perda de clorofila (figura 9). Aos 10 dias, os sintomas de murcha e clorose foram acentuados. Já no tratamento de 15 dias de restrição hídrica ocorreu uma senescência e a abscisão foliar, restando poucas ou nenhuma folha nessas plantas. No entanto, no tratamento de 10 dias cíclico, onde as plantas tiveram a rega retomada após 10 dias de restrição hídrica, foi possível observar uma recuperação da planta, onde as folhas que apresentaram sintomas decorrentes do estresse hídrico foram substituídas por folhas novas após a retomada da rega (figura 9), indicado pela seta. Figura 9. Plantas de Ricinus communis L., BRS Energia, submetidas a diferentes períodos de estresse hídrico. A: Controle, com rega normal; B: estresse hídrico de 5 dias; C: estresse hídrico de 10 dias; D: estresse hídrico de 15 dias e E: estresse hídrico de 10 dias cíclico. Barra de 10 cm. 42 4.3 – Análise de área foliar e teor de umidade na folha Considerando as alterações morfológicas observadas durante o desenvolvimento das plantas de mamona sob condição de estresse hídrico, foi realizada a análise da área foliar, para isto foi escolhida a quinta folha expandida, do ápice para a base, de cada planta. Com base nas medidas lineares obtidas nas folhas escolhidas (figura 6) foi calculada a área foliar e na figura 10 estão dispostas as médias obtidas das plantas de mamona tratadas por 10, 15 dias e 10 dias cíclicos e seus respectivos controles. Figura 10. Área foliar das plantas de mamona, BRS Energia, submetidas a estresse hídrico. Médias de área foliar de plantas controle e plantas submetidas ao estresse hídrico por 10 dias, 15 dias e 10 dias cíclico. As plantas representadas como tratadas correspondem às plantas submetidas ao estresse hídrico nos diferentes dias. Barras simbolizam o desvio padrão. (*) corresponde a diferença significativa no intervalo de confiança de 95% (P <0,05) pelo Teste de Tukey. Diante das médias apresentadas percebe-se a área foliar das plantas tratadas por 10 dias e por 15 dias foi menor que seus controles, diferindo significativamente dos mesmos. No entanto, a área foliar obtida do tratamento de 10 dias cíclico foi a que mais se aproximou no seu controle, não apresentando diferença significativa. Comparando as médias das plantas tratadas, o tratamento de 15 dias obteve a menor média da área foliar, sendo 36,9 % menor que a área do tratamento de 10 dias cíclico. No tratamento de 10 dias houve uma diminuição de 10,3 % da área foliar, comparada ao tratamento de 10 dias cíclico. 43 Quanto ao teor de umidade das folhas, podemos observar na figura 11 o gráfico apresentando a porcentagem do teor de umidade obtido de folhas de mamona, quinta folha expandida do ápice para a base, submetidas aos tratamentos de estresse hídrico e seus respectivos controles. De acordo com o gráfico, podemos apontar que apesar do aumento gradativo do estresse hídrico, não houve diferença significativa no teor de umidade da folha entre as plantas tratadas e os controles. Figura 11. Teor de umidade em folhas de Mamona, BRS Energia. Médias do percentual de umidade de plantas controle e plantas submetidas ao estresse hídrico por 5 dias, 10 dias, 15 dias e 10 dias cíclico. As plantas representadas como tratadas correspondem às plantas submetidas ao estresse hídrico nos diferentes dias. Barras simbolizam o desvio padrão. (*) corresponde a diferença significativa no intervalo de confiança de 95% (P <0,05) pelo Teste de Tukey. 4.4 - Análise anatômica Para visualizar os danos decorrentes dos tratamentos de estresse hídrico nos tecidos das plantas de mamona, foi feita uma análise microscópica de folhas e raízes de plantas tratadas e plantas controle, para comparação estrutural e averiguação de possíveis alterações estruturais decorrentes do estresse imposto. As seções transversais de folhas de plantas de mamona submetidas ao estresse hídrico e duas respectivas plantas controle foram coradas em Azul de 44 Toluidina a 0,05 % e Safranina a 1%, no entanto, optou-se por apresentar os resultados daquelas coradas com Azul de Toluidina (figura 12), o qual cora estruturas ácidas (ácidos nucleicos) e não ácidas, assim como compostos fenólicos estruturais, como a lignina. Podemos observar nas secções transversais da nervura mediana de folhas de mamona uma epiderme (ep) uniestratificada com células de tamanhos variados e a presença de cutícula (cut) sobrepondo a epiderme. Abaixo da epiderme abaxial (ep ab) observamos uma camada de parênquima esponjoso (pe), com células irregulares e espaços com várias dimensões, e uma camada de parênquima paliçádico (pp), apresentando células compactas (figura 12A). Nas células próximas ao feixe vascular observamos a presença de várias drusas (dr), compostas por cristais de oxalato de cálcio, que são produto do metabolismo celular. Ao longo da nervura mediana observamos um feixe semicircular formado por células do xilema (xi) e uma série de células do floema (fl). As células do floema mostraram uma organização em cordões, dispostas em vários estratos celulares, já as células do xilema, apresentam disposição radial, com paredes espessas e maior afinidade pelo corante (figura 12A). Também é possível observar um grande número de células do colênquima (col) mais superficiais, abaixo da epiderme, e do parênquima (pa), mais próximas aos feixes vasculares. Comparando-se as estruturas foliares de plantas de mamona submetidas a estresse hídrico e de plantas controle, pode-se observar uma diminuição do tamanho da nervura mediana aos 10 e 15 dias de estresse hídrico, assim como a diminuição do número de células do parênquima e uma coloração mais forte nas células do colênquima, indicando o acúmulo de lignina nesta região, onde também verificamos uma diminuição de células do xilema (figuras 12C e 12D), indicado pelas setas. Foi observada também, uma desorganização do parênquima paliçádico (pp), que aumenta a partir dos 5 dias de restrição hídrica, assim como, o aumento dos espaços entre as células do parênquima esponjoso (pe), indicado pelas setas, (figuras 12B, 12C, 12D e 12E). As drusas estão presentes em todas as folhas (tanto no controle quanto no tratado), porém, aos 15 dias de estresse hídrico foi observado que estão em 45 menor quantidade. As folhas dos tratamentos de 10 dias e 10 dias cíclicos (12C e 12E) apresentam uma quantidade de drusas semelhante ao controle (12A) como indicado pelas setas. 46 Figura 12. Seções transversais de folhas de Mamona, BRS Energia. Seções de 10 µm de folhas de plantas cultivadas sem restrição hídrica, controle (A) e com restrição hídrica de 5 dias (B), 10 dias (C), 15 dias (D) e 10 dias cíclicos (E) coradas em Azul de Toluidina 0,05%, aumento de 10x. Barra de 200 µm. col: colênquima; pa: parênquima; fl: floema; xi: xilema; dr: drusa; pe: parênquima esponjoso; ep ab: epiderme abaxial; pp: parênquima paliçádico; ep ad: epiderme adaxial; cut: cutícula. 47 48 Os cortes das raízes das plantas submetidas ao estresse e das plantas controle foram corados com os mesmos corantes utilizados para os cortes das folhas e também optou-se por apresentar as secções coradas em Azul de Toluidina, na figura 13. Ao analisar histologicamente as estruturas da raiz de uma planta controle (figura 13A) verificamos a epiderme (ep) com células de tamanhos irregulares. A região do córtex (cor), compreendida entre a epiderme e o cilindro vascular (cv) apresenta-se constituída por várias camadas de células parenquimáticas. É possível observar também, no interior da raiz, células vasculares em conformação de estrela, com células de metaxilema (mx) ao centro e protoxilema ao redor, indicado pela seta. Ao compararmos as secções de raízes de plantas em condição controle (figura 13A) e de plantas que passaram por restrição hídrica (figuras 13B, 13C, 13D e 13E), observamos que a região em formato de estrela (região central) desapareceu em todas as raízes de plantas tratadas e houve um aumento do número de células do xilema em todas as raízes de plantas que sofreram restrição hídrica, assim como, um aumento do diâmetro dessas células, indicado pelas setas. Outra alteração observada foi a diminuição da região do cilindro vascular (cv), em plantas que sofreram restrição hídrica por 15 dias e por 10 dias cíclico, concomitantemente com o aumento da região do córtex (figuras 13D e 13E), indicado pelas setas. O cilindro vascular é formado por tecidos vasculares e por uma ou mais camadas de células não vasculares, denominadas periciclo, o qual pode ser constituído de parênquima ou esclerênquima e é onde têm origem as raízes laterais e parte do câmbio. (APPEZZATO-DA-GLÓRIA; CARMELLO-GUERREIRO, 2006). Na raiz tratada por 10 dias cíclico, observamos uma coloração menos intensa, quando comparada ao controle, na região do córtex, indicando uma diminuição no acúmulo de lignina nesta região (figura 13E). As análises histológicas permitiram identificar alterações estruturais em todos os tecidos de plantas que sofreram estresse por déficit hídrico como por alta concentração salina na solução de cultivo, com respostas dependentes do nível do estresse imposto. 49 Figura 13. Seções transversais de raízes de Mamona, BRS Energia. Seções de 10 µm de raízes de plantas cultivadas sem restrição hídrica, controle (A) e com restrição hídrica de 5 dias (B), 10 dias (C), 15 dias (D) e 10 dias cíclicos (E) coradas em Azul de Toluidina 0,05%, aumento de 10x. Barra de 200 µm. ep: epiderme; cor: córtex; pc: periciclo; mx: metaxilema; px: protoxilema; cv: cilindro vascular. 50 51 4.5 – Bibliotecas subtrativas de cDNA Com o objetivo de identificar e quantificar sequências diferencialmente expressas na condição de estresse hídrico por um período de 10 dias em sementes de plantas de mamona foram construídas duas bibliotecas, L1 e L3, que correspondem à condição controle e a condição de estresse hídrico por 10 dias, respectivamente. Após a digestão com a enzima de restrição EcoRI e corrida eletroforética em gel de agarose a 0,7 % foram observados fragmentos clonados com variação entre 400 bp e 700 bp. Foi obtido um total de 384 clones da biblioteca L1 e 288 clones da biblioteca L3, viáveis para sequenciamento. As sequências obtidas, após a limpeza de possíveis contaminantes pela ferramenta Vecscreen, foram utilizadas para as buscas por similaridade no banco de dados do NCBI, pelo BLASTx. Esta ferramenta permite excluir regiões onde apresentaram indícios de contaminação fracos, moderados e fortes, como as regiões de vetor. A busca por similaridade das sequências nucleotídicas das bibliotecas resultou em 106 sequências para a biblioteca L3, estresse hídrico por 10 dias, e 65 sequências para a biblioteca L1, condição controle. Com as sequências identificadas, foi feito um agrupamento de acordo com a classe funcional, para isso, a anotação funcional das sequências teve como base a busca no banco de dados UniProt, Universal Protein Resource, (http://www.uniprot.org), o Gene Ontology (www.geneontology.org) e a literatura científica da área. 52 5. DISCUSSÃO É de fundamental importância o estudo das respostas de plantas frente às condições impostas pelo ambiente. Condições ambientais desfavoráveis ao desenvolvimento vegetal provocam estresses abióticos, que por consequência prejudicam a produção de diversas culturas economicamente importantes, como a Mamona. Pelo fato da mamona ser produzida prioritariamente pela região Nordeste do Brasil, onde são características as condições dos solos salinizados e a baixa precipitação pluviométrica (GONDIM et al., 2010), este trabalho objetivou contribuir para a compreensão das alterações decorrentes dos estresses salino e hídrico em plantas de mamona, assim como, analisar quais as modificações ocorridas após um período de estresse hídrico, seguido do restabelecimento da condição hídrica normal. Diferentes períodos de estresse hídrico impostos em plantas adultas de mamona provocaram diferentes respostas das plantas, a nível molecular, fisiológico, anatômico e bioquímico. A reidratação das plantas, realizada no tratamento de 10 dias cíclico, permitiu analisar os efeitos durante a recuperação das plantas após o estresse hídrico, o que é de grande importância, pois alguns autores afirmam que embora se conheça muito sobre o efeito do estresse hídrico nas plantas, muito pouco se conhece sobre os efeitos da recuperação da perda de água após um período de estresse, o que é comum acontecer no ambiente natural, onde a planta é submetida a períodos intercalados de seca e precipitação (AWAL; IKEDA, 2002; ALVES; SETTER, 2004; PINTO et al., 2008; PINTO et al., 2014; ROSAS-ANDERSON et al., 2014). Em estudos recentes, o estresse hídrico tem sido classificado como: moderado (até 7 dias de restrição hídrica), e severo (10 dias de restrição hídrica), em soja (Guimarães-Dias et al., 2012). Para Baghalian et al. (2011) o estresse severo se dá pela depleção de 70% e 90% de umidade no solo e o estresse moderado por 50% de umidade no solo, trabalhando com Camomila. Com base nisto, nossos tratamentos de estresse hídrico podem ser classificados baseados na metodologia de Guimarães-Dias et al., 2012, em moderado (5 dias) e severo (10 e 15 dias). 53 A redução da área foliar é uma resposta ao déficit hídrico comumente observada. Neste trabalho uma redução gradativa da área foliar foi observada à medida que o período de estresse hídrico aumentou, em contrapartida, quando houve a reidratação após o estresse, a área foliar teve um aumento. Este fato também foi observado em mandioca, onde a retomada da rega promoveu o rápido retorno da expansão foliar, evidenciando a hipótese de que durante o período de seca a planta minimiza o investimento de recursos na acumulação de osmólitos e crescimento foliar, para que quando a precipitação recomeçar existam recursos disponíveis para a recuperação do crescimento e das atividades metabólicas (ALVES; SETTER, 2004). Esta observação é corroborada por Vanková et al. (2012) que observou em tabaco uma maior atividade metabólica em folhas que foram submetidas a estresse hídrico do que em folhas de plantas com rega normal. Apesar de ter ocorrido uma diminuição da área foliar, o teor de umidade na folha não apresentou alteração em nenhum dos tratamentos, o alto nível de umidade foi mantido nas plantas, sugerindo que a planta consegue restringir a perda de água. Este fato, de manutenção da umidade também foi observado por Lima (2007) ao submeter plantas de feijão caupi a estresse hídrico induzido por PEG. Faria (2010) avaliando cultivares de mamona, observou que a cultivar BRS Energia é uma das cultivares que apresenta o tecido foliar mais resistente ao déficit hídrico. Em seringueira (Hevea brasiliensis), que é uma planta da mesma família da mamona (Euphorbiaceae) Chen et al. (2010) verificaram que após a reidratação a relação de água na folha pode ser recuperada rapidamente para o nível de controle, permitindo que o sistema hidráulico da folha não limite a transpiração e a completa recuperação do estresse hídrico. Este fato também foi observado nos tratamentos de estresse salino, onde o teor de umidade e o conteúdo relativo de água na folha se mantiveram iguais ao controle até a concentração de 150 mM de NaCl. O ajustamento osmótico, ou acúmulo de solutos compatíveis pela célula, permite a manutenção da turgidez em potenciais hídricos mais baixos, como em situações de estresse hídrico ou salino. Microscopicamente também observamos alterações foliares, principalmente nas nervuras, como a diminuição de células do sistema vascular e o possível acúmulo de lignina, evidenciando uma proteção à dessecação. 54 Segundo Castro et al. (2009) a lignina é um metabólito secundário que quando acumulada em paredes celulares pode provocar alteração na espessura dos tecidos submetidos à estresse, características similares foram observadas por Melo et al. (2011) em Jatropha curcas. Outra característica importante observada foi a presença de drusas, estruturas formadas por cristais de oxalato de cálcio, em menor quantidade aos 15 dias de estresse hídrico, o que é um indicativo de que durante o período de estresse a planta está utilizando estes cristais no metabolismo, estas estruturas podem constituir um reservatório para assegurar o suprimento de cálcio para os processos metabólicos, no momento em que a absorção e a translocação de cálcio são reduzidas segundo Hunsche et al. (2010). Em raízes submetidas ao estresse hídrico o aumento do número e do tamanho de células do xilema foi observado, concomitantemente, com o aumento da região do córtex, onde em raízes do tratamento de 10 dias cíclico, observamos também uma coloração menos intensa, indicando uma diminuição no acúmulo de lignina nesta região. Já nas raízes submetidas ao estresse salino, observamos um comportamento contrário nos maiores níveis de concentração salina, onde as células do xilema diminuíram em número e tamanho, já o acúmulo de lignina foi aparente na região do córtex e epiderme, a qual se mostrou mais compactada na mais alta concentração de NaCl. Outros autores também observaram o acúmulo de lignina em concentrações acima de 150 mM de NaCl, Melo et al. (2011) em pinhão-manso e Neves (2009) observou o acúmulo de lignina em soja, caracterizando uma proteção mecânica em defesa contra a dessecação. A severidade do estresse hídrico é diretamente proporcional à produção de EROS, o que leva ao aumento da peroxidação de membranas lipídicas e degradação de ácidos e proteínas (Farooq et al., 2009 apud Nazarli e Faraji, 2011). Segundo Bor et al. (2003) o estudo da relação entre o sistema antioxidante em plantas e os estresses abióticos é muito importante, pois as enzimas antioxidantes tem um dos principais papéis no mecanismo de resistência em resposta à estresses do ambiente. Dentre as enzimas pertencentes ao sistema de defesa antioxidante das plantas, podemos citar as superóxido dismutases (SOD), as ascorbato peroxidases (APX), as catalases (CAT), e ainda, as peroxidases de guaiacol (POX). 55 A lignificação observada nas folhas e raízes de plantas submetidas ao estresse abiótico, por meio da microscopia óptica, pode estar diretamente relacionada com o aumento de peroxidases, que atuam na remoção de EROS nos níveis mais altos de estresse. A diminuição do cilindro vascular nas raízes submetidas aos estresses é um indício da inibição do crescimento de raízes laterais, e a atividade de POX também pode ser responsável por esta resposta. Considerando as mudanças bioquímicas e morfológicas, nossos resultados da expressão diferencial de genes mostram uma mudança no perfil de expressão para condição de estresse hídrico. Segundo Kaufmann et al., 2010 apud Causier et al., 2012, a expressão diferencial de genes é fundamental para a capacidade dos organismos de responder aos estímulos do ambiente e sustenta os processos de desenvolvimento e diferenciação. Analisando as sequências de cDNA obtidas nas bibliotecas subtrativas, observamos uma expressão diferencial das bibliotecas L1 (condição controle) e L3 (estresse), onde na biblioteca L1 foram obtidos em maior quantidade cDNAs relacionados à produção de energia da célula em forma de ATP, que é produzido a partir de ADP e fosfato e relacionados à biossíntese de ácidos graxos, fenilpropanóides, alcalóides e terpenóides e pela produção de metabólitos de defesa (Mendonza, 2009). Já para a biblioteca L3, ocorreu uma maior variedade de transcritos e a expressão diferencial se deu pelos cDNAs relacionados à resposta à estímulo, reserva de nutriente, estabilização de corpos lipídicos e cDNAs relacionados ao desenvolvimento do embrião. Com base nesses resultados, observamos que na condição de estresse hídrico, este aumento do número de transcritos está diretamente relacionado à defesa da planta à condição de seca, à maturação da semente e mobilização de reservas, permitindo uma resistência da semente ao período de estresse. Este resultado é corroborado por outros autores, que trabalhando com cevada (Hordeum spontaneum) verificaram uma expressão diferencial de dois genótipos selvagens de regiões diferentes, enquanto um genótipo adotou estratégias de sobrevivência, o outro adotou estratégias de “crescimentosustentável” para lidar com condição de estresse hídrico, e essa resistência à seca foi atribuída à expressão diferencial de Dehidrina, juntamente com o 56 ajustamento osmótico, a preservação do conteúdo relativo de água e ao comprimento das raízes (NEVO; CHEN, 2010). As Dehidrinas fazem parte do grande grupo de proteínas LEA (Late Embryogenesis Abundant), que são consideradas proteínas altamente hidrofílicas. Uma característica das Dehidrinas é o domínio conservado rico em lisina, com 15 aminoácidos (EKKGIMDKIKEKLPG), denominado segmento K, presente geralmente próximo ao C-terminal. Essas proteínas se acumulam no final de embriogênese, e em quase todos os tecidos vegetativos durante condições normais de crescimento e em resposta ao estresse que leva à desidratação celular, como secas, baixa temperatura e salinidade (RORAT, 2006). Segundo Bhargava e Sawant, (2013), alguns dos genes que são regulados positivamente em resposta ao estresse hídrico incluem os genes envolvidos na síntese de osmólitos, genes que codificam proteínas LEA, aquaporinas, moléculas de sinalização e fatores de transcrição. Portanto, estes dados nos permitem inferir sobre como a mamona, em condições de estresse hídrico e salino, modula suas características moleculares e morfológicas alterando muitos processos metabólicos interligados como: a atividade das enzimas antioxidantes, aumentando a quantidade de algumas proteínas envolvidas com o ajustamento osmótico, com o processo de mobilização de energia, com a maturação da semente. Estas mudanças podem permitir que a planta e seus tecidos se tornem mais resistentes a esses estresses. Por isso, é extremamente importante investigar mais aprofundadamente as relações bioquímicas e morfológicas entre estes diferentes estresses, para compreender como as variedades de plantas de interesse econômico se aclimatam e quais os impactos dessa aclimatação na produção de óleo. 57 Figura 14. Modelo de respostas das plantas de mamona aos estresses hídrico e salino. Esquema apresentando as alterações observadas em plantas de mamona, BRS Energia, em resposta às condições de estresse hídrico e salino. 58 6. CONCLUSÃO Diante dos resultados obtidos neste trabalho, podemos afirmar que a mamona, BRS Energia, é uma planta que resiste ao estresse hídrico moderado (5 dias) e ao estresse salino até 100 mM de NaCl evitando assim a perda de água, mantendo o turgor celular e por meio das enzimas do sistema antioxidante prevenindo os danos causados pelas EROs na célula. A mamona possui várias estratégias de resistência à seca que visam a manutenção da integridade celular e de processos vitais, como a expressão diferencial de proteínas relacionadas à defesa e à reserva de nutrientes nas sementes, nas quais o preenchimento com óleo parece ser acelerado com o estresse severo. A sobrevivência da planta é assegurada durante o período de seca e o uso dos recursos é limitando para serem utilizados na posterior recuperação pelo aumento da disponibilidade hídrica, como observado nesta cultivar de mamona após a retomada das regas. Dessa forma, este trabalho contribuiu ainda para uma maior compreensão dos processos de recuperação após o estresse hídrico. 59 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGARWAL, S.; SHAHEEN, R. Stimulation of antioxidant system and lipid peroxidation by abiotic stresses in leaves of Momordica charantia. Braz. J. Plant Physiol., v. 19, n. 2, p. 149-161, 2007. ALVES, A.A.C.; SETTER, T.L. 2004. Response of Cassava leaf area expansion to water deficit: Cell proliferation, cell expansion and delayed development. Annals of Botany 94: 605–613. APPEZZATO-DA-GLÓRIA, B.; CARMELLO-GUERREIRO, S. M. Anatomia vegetal. 2. ed. Viçosa: UFV, 438p. 2006. ARAGÃO, R.M.; SILVEIRA, J.A.G.; SILVA, E.N.; LOBO, A.K.M.; DUTRA, A.T.B. Absorção, fluxo no xilema e assimilação do nitrato em feijão-caupi submetido à salinidade. Revista Ciência Agronômica, v. 41, n. 1, p. 100-106. 2010. ARNON, D.I. Copper enzymes in isolated chloroplasts: polyphenoloxydase in Beta vulgaris. Plant Physiology, Maryland, 24(1):1-15, 1949. AWAL, M.A.; IKEDA, T. Recovery strategy following the imposition of episodic soil moisture deficit in stands of peanut (Arachis hypogaea L.). Journal of Agronomy and Crop Science, v. 188, n. 3, p. 185-192. 2002. BAGHALIAN, K.; ABDOSHA, SH.; Khalighi-Sigaroodi, F.; Paknejad, F. Physiological and phytochemical response to drought stress of German chamomile (Matricaria recutita L.). Plant Physiology and Biochemistry, v. 49, p. 201-207. 2011. BAJJI, M.; LUTTS, S.; KINET, J-M. Water deficit effects on solute contribution to osmotic adjustment as a function of leaf ageing in three durum wheat (Triticum durum Desf.) cultivars performing differently in arid conditions. Plant Science. 160, 669–681, 2001. BARROS JUNIOR, G. et al. Consumo de água e eficiência do uso para duas cultivares de mamona submetidas a estresse hídrico. Revista brasileira de engenharia agrícola e ambiental, v.12, n. 04, p. 350-355, 2008. BATISTA, L.R.L. Características radiculares e manso (Jatropha curcas L.) propagado por cultivados sob diferentes condições hídricas. (Mestrado em Agronomia - Produção Vegetal) – Alagoas, Rio Largo, Alagoas, 2012. fisiológicas de pinhãosemente e por estaca 2012. 47 f. Dissertação Universidade Federal de BHARGAVA, S.; SAWANT, K. Drougth stress adaptation: adjustment and regulation of gene expression. Plant Breeding, v. 132, p. 21-32, 2013. 60 BRADFORD MM, A rapid and sensitive method for the quantitation of microgram quantities of protein utilizing the principle of protein-dye binding, Anal Biochem, 72, 248–254, 1976. BRASIL. Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005. Dispõe sobre a introdução do biodiesel na matriz energética brasileira; altera as Leis nos 9.478, de 6 de agosto de 1997, 9.847, de 26 de outubro de 1999 e 10.636, de 30 de dezembro de 2002; e dá outras providências. Brasília, 13 de janeiro de 2005. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20042006/2005/Lei/L11097.htm>. Acesso em: maio de 2014. BRASIL. Biodiesel. O novo combustível do Brasil. Brasília: Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, 2004. Disponível em: <http://www.pronaf.gov.br/biodiesel> Acesso em: Janeiro de 2014. BEHERA, B.; DAS, A.D.; MOHANTY, P. Changes of soluble proteins in leaf and thylakoid exposed in high saline condition of a mangrove taxa Bruguiera gymnorrhiza. Physiol. Mol. Biol. Plants. v. 15, p. 53-59. 2009. BELTRÃO, N. E. de M.; SILVA, L.C.; VASCONCELOS, O.L.; AZEVEDO, D.M.P. de; VIEIRA, D.J. Fitologia. In: AZEVEDO, D.M.P. de; LIMA, E.F. (Ed.). O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília, DF: Embrapa Informações Tecnológicas, p. 37-61. 2001. BOR, M.; Özdemir, F.; Türkan, I. The effect of salt stress on lipid peroxidation and antioxidants in leaves of sugar beet Beta vulgaris L. and wild beet Beta maritima L. Plant Science, v. 164, p. 77- 84, 2003. CAGLIARI, A.; MARGIS-PINHEIRO et al., Identification and expression analysis of castor bean (Ricinus communis) genes encoding enzymes from the triacylglycerol biosynthesis pathway. Plant Sci. v. 179, n. 5, p. 499-509, 2010. CARUZO, M.B.R. Sistemática de Croton sect. Cleodora (Euphorbiaceae s.s.). Tese (Doutorado em Ciências Biológicas) – Universidade de São Paulo. 273 p. 2010. CASAGRANDE, E.C.; FARIAS, J.R.B.; NEUMAIER, N.; OYA, T.; PEDROSO, J.; MARTINS, P.K.; BRETON, M.C.; NEPOMUCENO, A.L. Expressão gênica diferencial durante déficit hídrico em soja. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, 13(2): 168-184, 2001. CASTRO, E.M.; PEREIRA, F.J.; PAIVA, R. Histologia vegetal: estrutura e função de órgãos vegetativos. Lavras: Editora UFLA, 234 p, 2009. CAUSIER, B.; ASHWORTH, M.; GUO, W.; DAVIES, B. The TOPLESS Interactome: A Framework for Gene Repression in Arabidopsis. Plant Physiology, v. 158, p. 423-438, 2012. CAVALCANTI, F.R.; LIMA, J.P.M.S.; FERREIRA-SILVA, S.; VIÉGAS, R.A.; SILVEIRA, J.A.G.. Roots and leaves display contrasting oxidative response 61 during salt stress and recovery in cowpea. Journal of Plant Physiology, v. 164, p. 591-600, 2007. CHEN, J.W.; ZHANG, Q.; LI, X.S.; CAO, K.F. Gas exchangeand hydraulics in seedlings of Hevea brasiliensis during water stress and recovery. Tree Physiology, v. 30, p. 876-885, 2010. CHIERICE, G.O; CLARO NETO, S. Aplicação Industrial do óleo. In: AZEVEDO, D.M.P.; BELTRÃO, N.E.M. (Ed.). O Agronegócio da mamona no Brasil. 2.ed. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, p.417-447. 2007. CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Série histórica: Mamona – Brasil. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/conabweb/download/safra/MamonaSerieHist.xls>. Acesso em: 06 de Fevereiro de 2011. CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento de safra brasileira: grãos, v. 1 – Safra 2013/14, n. 4 - quarto levantamento, janeiro 2014. Brasília, p. 1-67, 2014. COSCIONE, A. R.; BERTON, R. S. Barium extraction potential by mustard, sunflower and castor bean. Scientia agricola, v. 66, n. 01, p. 59-63, 2009. DACOSTA, M., and B. HUANG. Osmotic adjustment associated with variation in bentgrass tolerance to drought stress. J. Am. Soc. Hortic. Sci. 131, 338– 344. 2006. DRYER, J. M.; STYMNE, S.; GREEN, A. G.; CARLSSON, A. S. (2008) Highvalue oils from plants. Plant Journal, v. 54, p. 640-655, 2008. EMATERCE - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará. A cultura da mamona por Valdir Silva, Fortaleza, 16 p. 2007. EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. BRS Energia. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2007. EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Tecnologias Embrapa para a cultura da mamoneira. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2011. FARIA, A.P. Avaliação ex vivo da tolerância de cultivares de mamoneira (Ricinus communis L.) ao déficit hídrico. 2010. 84p. Dissertação (Mestrado), Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010. FAROOQ, M. Plant drought stress: Effects, mechanisms and management. Agronomy for Sustainable and Development, v. 9, n. 1, p. 185-212, 2009. FERREIRA, D.C.C.; Prospecção de genes associados ao processo de floração em tomateiro. 2008. 33p. Dissertação (Mestrado em Genética), Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2008. 62 FREIRE, R.M.M.; SEVERINO, L.S.; MACHADO, O.L.T. Ricinoquímica e coprodutos. In: AZEVEDO, D.M.P.; BELTRÃO, N.E. M. (Ed). O Agronegócio da mamona no Brasil. 2 ed. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, p.501529. 2006. GERTZ, E.; YU, Y.; AGARWALA, R. et al. Composition-based statistics and translated nucleotide searches: Improving the TBLASTN module of BLAST. BMC Biology, v. 4, p. 41, 2006. GONDIM, T.M.D.; CAVALCANTE, L.F.; BELTRÃO, N.E.M. Aquecimento global: salinidade e consequências no comportamento vegetal. Revista Brasileira de Oleaginosas e Fibrosas, 14: 37-54. 2010. GUIMARÃES-DIAS, F.; NEVES-BORGES, A.N.; VIANA, A.A.B.; MESQUITA, R.O.; ROMANO, E.; GROSSI-DE-SÁ, M.F.; NEPOMUCENO, A.L.; LOUREIRO, M.E.; ALVES-FERREIRA,M. Expression analysis in response to drought stress in soybean: Shedding light on the regulation of metabolic pathway genes. Genetics and Molecular Biology, v. 35, n. 1, p. 222-232, 2012. HAVIR, E.A.; McHALE, N.A. Biochemical and developmental characterization of multiple forms of catalase in tobacco leaves. Plant Physiol., v. 84, p. 450-455, 1987. HENDRY, G.A.F.; PRICE, A.H. Stress indicators: chlorophylls and carotenoids. In: HENDRY, G.A.F.; GRIME, J.P. (Eds.) Methods in comparative plant ecology. London: Chapman & Hall, p. 148-152, 1993. HISCOX, J. D.; ISRAELSTAM, G. F. A method the extraction of chlorophyll from leaf tissue without maceration. Canadian Journal of Botany, Ottawa, n. 57, p. 1332-1334, 1979. HOEKSTRA, F.; GOLOVINA, E,; BUITINK, J. Mechanisms of plant desiccation tolerance. Trends Plant Sci. v. 6, p 431-438, 2001. HUNSCHE, M. et al. Effects of NaCl on surface properties, chlorophyll fluorescence and light remission, and cellular compounds of Grewia tenax (Forssk.) Fiori and Tamarindus indica L. leaves. Plant Growth Regulation, v. 61, n. 03, p.253-263, 2010. IPCC. Climate Change 2014: Impacts, Adaptation, and Vulnerability. Contribution of Working Group II to the Fifth Assessment Report (AR5) of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Volume II: Regional Aspects. Chapter 27. Central and South America, 102p. 2014. IRIGOYEN J.J., EMERICH D.W., SANCHEZ- DIAZ M. Water stress induced changes in concentrations of proline and total soluble sugars in nodulated alfalfa (Medicago sativa) plants, Physiologia Plantarum. 84: 55-60, 1992 63 JALEEL, C. A.; GOPI, R.; SANKAR, B.; GOMATHINAYAGAM, M.; PANNEERSELVAM, R. Differential responses in water use efficiency in two varieties of Catharanthus roseus under drought stress. Comptes Rendus Biologies. v. 331, p. 42–47, 2008. JOLY, Aylthon Brandão. Botânica: Introdução à taxonomia vegetal. 13ªed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2002. 777p. JORDAN, W.R. Whole plants response to water deficits: An overview. In: TAYLOR, H.M.; JORDAN, W.R.; SINCLAIR, T,R, Limitations to efficient water use in crop production, Madinson: ASA, CSSA and SSA, p. 289-317, 1983. KAR M; MISHRA D. Catalase, peroxidase and polyphenoloxidase activities during rice leaf senescense. Plant Physiology, 57:315-319. 1976. KAUFMANN, K.; PAJORO, A.; ANGENENT, G.C. Regulation of transcription in plants: mechanisms controlling developmental switches. Nat Rev Genet, v. 11, p.830-842, 2010. LIMA, J.P.M.S. Sincronia entre catalases e peroxidases de ascorbato na proteção contra danos oxidativos em folhas de feijão caupi expostas aos estresses hídrico e salino. 152 f. Tese (Doutorado em Bioquímica) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2007. LUÍS, R. M. F. C. B. Respostas de Jatropha curcas L. ao déficit hídrico. Caracterização bioquímica e ecofisiológica. 2009. 62 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agronómica) – Instituto Superior de Agronomia, Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa. 2009. LUTTS, S., KINET, J. M., BOUHARMONT, J. NaCl-induced senescence in leaves of rice (Oriza sativa L.) cultivars differing in salinity resistance. Annals of Botany. V. 78, p. 389-398, 1996. MAHAJAN, S.; TUTEJA, N. Cold, salinity and drought stresses: An overview. Archives of Biochemistry and Biophysics, 444:139-158, 2005. MAIA, J.M.; FERREIRA-SILVA, S.L.; VOIGT, E.L.; MACÊDO, C.E.C.; PONTE, L.F.A.; SILVEIRA, J.A.G. Atividade de enzimas antioxidantes e inibição do crescimento radicular de feijão caupi sob diferentes níveis de salinidade. Acta Botanica Brasilica, v. 26, n. 2, p. 342-349, 2012. MCGINNIS S., & MADDEN T.L. "BLAST: at the core of a powerful and diverse set of sequence analysis tools." Nucleic Acids Res. 32:W20-W25. 2004. MELO, G.M.; CUNHA, P.C.; PEREIRA, J.A.F.; WILLADINO, L.; ULISSES, C. Alterações anatômicas em folhas e raízes de Jatropha curcas L. cultivadas sob estresse salino, Revista Ciência Agronômica, v. 42, n. 3, p. 670-674, 2011. 64 MENDES, R. M. S. et al. Relações fonte-dreno em feijao-de-corda submetido a deficiência hídrica. Revista Ciência Agronômica, v. 38, n. 01, p. 95-103, 2007. MENDONZA, D.G. Complejo enzimático citocromo p450 monooxigenasa en plantas. Agricultura Técnica en México, v. 35, n. 2, p. 225-231. 2009. MILANI, M.; JÚNIOR, S. R. M.; SOUSA, R. L. Sub-espécies de mamona. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2009. 23 p. (EMBRAPA-CNPA. Documentos, 230). MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Estabelece em cinco por cento, em volume, o percentual mínimo obrigatório de adição de biodiesel ao óleo diesel comercializado ao consumidor final, de acordo com o disposto no art. 2º da Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005. Resolução nº 6, de 16 de setembro de 2009, do Conselho Nacional de Política Energética - CNPE. Disponível em: <http://nxt.anp.gov.br/nxt/gateway.dll/leg/folder_resolucoes/resolucoes_cnpe/20 09/rcnpe%206%20-%202009.xml>. Acesso em: maio de 2014. MONTEIRO, J. M.G. Plantio de oleaginosas por agricultores familiares do semi-árido nordestino para produção de biodiesel como uma estratégia de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. 2007. 302 f. Tese (Doutorado em Ciências em Planejamento Energético) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2007. MOREIRA, J. A. N.; LIMA, E. F.; FARIAS, F. J. C.; AZEVÊDO, D. M. P. de. Melhoramento da mamoneira (Ricinus communis L.). Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, 1996. 29 p. (EMBRAPA-CNPA. Documentos, 44). NAKANO, Y.; ASADA, K. Hydrogen peroxide is scavenged by ascorbate specific peroxidase in spinach chloroplasts. Plant cell physiology, v. 5, p. 867880, 1981. NAZARLI, H.; FARIJI, F. Response of proline, soluble sugars and antioxidant enzymes in wheat (Triticum aestivum L.) to different irrigation regimes in greenhouse condition. Cercetări Agronomice în Moldova. v. 45, n. 4, p. 1-7. 2011. NEVES, G. Y. S. Estresse salino e seus efeitos na lignificação de raízes de soja. 2009. 76 f. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas) - Universidade Estadual de Maringá, Maringá. NEVO, E.; CHEN, G. Drought and salt tolerances in wild relatives for wheat and barley improvement. Plant, Cell and Environment, 33, p. 670–685. 2010. O Biodiesel e a inclusão social. Brasília: Câmara dos Deputados, Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica. Coordenação de Publicações, 24 p., 2003. (Série estudos científicos e tecnológicos, n. 1). PEIXOTO, P. H. P.; CAMBRAIA, J.; SANT' ANNA, R.; MOSQUIM, P. R.; MOREIRA, M. A.,1999: Aluminum effects on lipid peroxidation and on the 65 activities of enzymes of oxidative metabolism in sorghum. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal 11(3): 137-143. PINTO, C. de M.; TÁVORA, F. J. F. A.; BEZERRA, M. A.; CORRÊA, M. C. de M. Crecimento, distribuição do sistema radicular em amendoim, gergelim e mamona a ciclos de deficiência hídrica. Revista Ciência Agronômica, v. 39, n. 3, p. 429-436, 2008. PINTO, C.M.; TÁVORA, F.J.A.F.; PINTO, O.R.O. Relações hídricas, trocas gasosas em amendoim, gergelim e mamona submetidos a ciclos de deficiência hídrica. Revista Agropecuária Técnica. v. 35, p. 31-40. 2014. PLAUT, Z. Photosynthesis in plant crop under water and salt stress. InPESSARAKLI, M. Handbook of plant crop physiology, Israel, cap. 27, p.587601, 1995. PRISCO, J.T.; GOMES FILHO, E. Fisiologia e bioquímica do estresse salino em plantas. In: GHEY, H.R.; DIAS, N.S da; LACERDA, C.F. de. Manejo da salinidade na agricultura: Estudos básicos e aplicados. Fortaleza-CE, INCSal, 472 p. 2010. REPORTER BRASIL – Organização Não Governamental. O Brasil dos agrocombustíveis: impactos das lavouras sobre a terra, o meio e a sociedade – Soja e Mamona, 2008. RODRIGUES, R. F. de O.; OLIVEIRA, F. de; FONSECA A. M. As folhas de Palma Christi – Ricinus communis L. Euphorbiaceae Jussieu. Revista Lecta, Bragança Paulista, v. 20, n. 2, p. 183-194, 2002. RODRIGUES, L.N. Níveis de reposição da evapotranspiração da mamoneira irrigada com água residuária. 2008. 161p. Tese (Doutorado) ‑ Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande. 2008. RORAT, T. 2006. Plant dehydrins: Tissue location, structure and function. Cellular and Molecular Biology Letters, 11: 536-556. ROSAS-ANDERSON, P.; SHEKOOFA, A.; SINCLAIR, T.R.; BALOTA, M.; ISLEIB, T.G.; TALLURY, S.; RUFTY, T. Genetic variation in peanut leaf maintenance and transpiration recovery from severe soil drying. Field Crops Research, v. 158, p. 65-72. 2014. SAAD, R. B.; FRABE, D.; MIEULET, D.; MEYNARD, D.; DINGKUHN, M.; ALDOSS, A.; GUIDERDONI, E.; HASSAIRI, A. Expression of the Aeluropus littoralis AlSAP gene in rice confers broad tolerance to abiotic stresses through maintenance of photosynthesis. Plant, Cell and Enviroment, v. 35, p. 626-643, 2012. 66 SEVERINO, L.V.; CARDOSO, G.D.; VALE, L.S.; SANTOS, J.W.Método para determinação da área foliar da mamoneira. Revista Brasileira de Oleaginosas e Fibrosas. v. 8, n. 1, p. 753-762. 2004. SEVERINO, L.S.; AULD, D.L. Seed yield and yield components of castor influenced by irrigation. Industrial Crops and Products. v. 49, p. 52–60. 2013. SILVA, F.V.F. 2011. Metabolismo e crescimento de Ricinus communis L. sob temperatura supraótima e elevado nível de CO2. 79 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia), Universidade Federal da Paraíba, Areia. SLAVIK B. 1974. Methods of studying plant water relations. Prague: Academia. Berlin: Springer-Verlag. SOMERVILLE, C.; BROWSE, J; JAWORSKI, J.B. Ohlrogge, Lipids: chapter 10, in: BUCHANAN, B.B.; GRUISSEM, W.; JONES, R.L. (Eds.), Biochemistry and Molecular Biology of Plants, American Society of Plant Physiologists, p. 456527, 2000. SOUSA, A.E.C.; GHEYI, H.R.; SOARES, F.A.L.; MEDEIROS, E.P.; NASCIMENTO, E.C.S. Teor de óleo no pinhão manso em função de lâminas de água residuária. Pesquisa agropecuária brasileira. Brasília, v.46, n.1, p.10811. 2011. TAMURA, K. et al. MEGA5: Molecular Evolutionary Genetics Analysis using Maximum Likelihood, Evolutionary Distance, and Maximum Parsimony Methods. Molecular Biology and Evolution, p., 1-118, 2011. VANKOVÁ, R.; DOBRÁ, J.; STORCHOVÁ, H. Recovery from drought stress in tobacco: An active process associated with the reversal of senescence in some plant parts and the sacrifice of others. Plant Signaling & Behavior. v. 7, n. 1, p. 19-21. 2012. WHITHAM, F. H.; BLAYDES, D. F.; DEVLIN, R. M. Experiments in Plant Physiology. New York, D. Van Nostrand Company, 1971, p.55-8. WILLADINO, L.; CAMARA, T.R. Tolerância das plantas à salinidade: aspectos fisiológicos e bioquímicos. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.6, N.11. p. 1-23. 2010. WILKINSON, S., AND W. J. DAVIES. Drought, ozone, ABA and ethylene: new insights from cell to plant to community. Plant, Cell Environ. 33, 510–525. 2010.