VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG ANOMALIAS DE TSM DOS OCEANOS PACÍFICO E ATLÂNTICO E SUA RELAÇÃO COM A PLUVIOMETRIA EM CABROBÓ/PE JOSELMA ARAÚJO DE LUCENA1 RANYÉRE SILVA NÓBREGA2 LUCAS SUASSUNA DE A. WANDERLEY3 RESUMO: O trabalho objetivou investigar a relação existente entre os índices de anomalia de TSM do Oceano Pacífico tropical, do Oceano Atlântico tropical e a precipitação pluviométrica observada em Cabrobó no sertão pernambucano, região esta, amplamente conhecida pelos seus reduzidos índices pluviométricos. Foram utilizados dados do período de 1982 a 2015, e analisaram-se, quantitativamente, como os episódios anômalos de TSM tendem a influenciar nos totais pluviométricos da região. Os resultados mostraram uma acentuada variabilidade pluviométrica na região, apontando uma relação mais significativa com o oceano Pacífico na região do NINO4. Verificou-se também que as anomalias de TSM no oceano Pacífico podem atuar de maneira construtiva ou desconstrutiva na intensidade do período chuvoso em associação às ATSMs do oceano Atlântico tropical. Palavras-chave: ENOS; Dipolo do Atlântico; Pluviometria, Cabrobó/PE. ABSTRACT: The study aimed to investigate the relationship between SST anomaly indices of the tropical Pacific Ocean, the tropical Atlantic Ocean and rainfall observed in Cabrobo in Pernambuco hinterland, this region, widely known for its reduced rainfall. Data were used 1982-2015 period, and analyzed quantitatively as anomalous episodes of SST tend to influence the total rainfall in the region. The results showed a marked rainfall variability in the region, indicating a more significant relationship with the Pacific Ocean in NINO4 region. It was also found that the SST anomalies in the Pacific Ocean may act in a constructive or deconstructive way in the intensity of the rainy season in association with SSTAs the tropical Atlantic Ocean. Key words: ENSO; Dipole Atlantic; rainfall; Cabrobo/PE. 1 Acadêmica do programa de pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Pernambuco. Email para contato:[email protected] 2 Docente do programa de pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Pernambuco. Email para contato:[email protected] 3 Acadêmico do programa de pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Pernambuco. Email para contato: [email protected] 1841 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG 1 – Introdução A climatologia do Nordeste do Brasileiro (NEB) é marcada pela acentuada variabilidade na precipitação pluviométrica e diversos estudos indicam a influência das anomalias de temperatura na superfície do mar (ATSMs) nos oceanos Pacífico e Atlântico tropicais sobre clima da região. Nesse sentido, a ocorrência do fenômeno ENOS, no oceano Pacífico Tropical é um dos padrões de teleconexão termodinâmicos (interação oceanoatmosfera) importante, em escala global, por ser considerado uma das causas da variabilidade climática em diversas regiões do globo (MOLION; BERNARDO, 2002; MOLION, 2005; ARAÚJO et al. 2013; TEIXEIRA; MARTIN-VIDE, 2013; RUSSELL; GNANADESIKAN, 2014). Considera-se que mudanças na atmosfera próxima à superfície do oceano Pacífico Tropical, com o enfraquecimento dos ventos alísios (que sopram de leste para oeste) na região equatorial, juntamente com o aquecimento do oceano, provocam mudanças da circulação da atmosfera nos níveis baixos e altos, o que determina mudanças nos padrões de transporte de umidade e, portanto, variações na distribuição das chuvas em regiões tropicais e de latitudes médias e altas (ANDREOLI; KAYANO, 2005; CHECHI; SANCHES, 2013). A variação anômala da pressão atmosférica tropical, de acordo com a mudança de fase do fenômeno ENOS, considerada como Oscilação Sul, atua como uma resposta aérea ao fenômeno, associada com a mudança na circulação geral da Atmosfera (NÓBREGA E SANTIAGO, 2014). Quando há a configuração do ENOS em sua fase positiva, a pressão atmosférica tende a valores mais baixos no Pacífico e valores mais altos em outras áreas da região tropical, o que influencia na ocorrência e distribuição da precipitação. Ferreira e Mello (2005) explicam que durante a ocorrência do fenômeno ENOS, em sua fase positiva (El Niño), ou seja, presença de águas superficiais mais aquecidas na região centro-leste do Pacífico equatorial, em associação com o dipolo4 positivo do Atlântico, são responsáveis pela redução das chuvas na parte norte do Nordeste brasileiro-NEB. Por outro lado, em sua fase negativa (La Niña), resfriamento anômalo das águas do oceano Pacífico, associado ao dipolo negativo do Atlântico, é normalmente responsável por anos chuvosos na região. 4Dipolo do Atlântico: diferença entre a anomalia da Temperatura da Superfície do Mar-TSM na Bacia do Oceano Atlântico Norte e Oceano Atlântico Sul. 1842 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG Nóbrega e Santiago (2014) evidenciaram a influência das anomalias da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) do oceano Pacífico Tropical e do oceano Atlântico Tropical Norte e Sul nos níveis pluviométricos do NEB. Destacaram ainda que a diferença da Temperatura da Superfície do Atlântico Tropical Norte e Sul provoca movimentos descendentes de ar ou ascendentes que interferem na precipitação da região. Essa variabilidade termodinâmica influencia a posição latitudinal da ZCIT, e por esta razão, é determinante na qualidade do período chuvoso sobre a região. Embora a ocorrência da variabilidade da precipitação pluviométrica no Nordeste do Brasil seja associada a mecanismos de escala global como o fenômeno ENOS no oceano Pacífico Tropical (FERREIRA; MELO, 2005; CARVALHO et al, 2013), segundo Reboita e Santos (2014), nem sempre na ocorrência de El Niño há déficit de precipitação nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, pois a influência das anomalias de TSM do Atlântico Tropical se acopla ao efeito das anomalias de TSM do Pacífico Tropical, interferindo nas anomalias de precipitação sobre essas regiões. Entretanto, há séculos, os longos períodos de estiagens vêm prejudicando a economia e a vida da população na porção semiárida do NEB. Nesta perspectiva, o presente trabalho tem por objetivo correlacionar as anomalias de temperatura da superfície do mar no oceano Pacífico Tropical e do oceano Atlântico Tropical com a precipitação pluviométrica em Cabrobó no sertão do estado de Pernambuco, no período de 1982 a 2015, gerando informações úteis à previsão climática e ao planejamento das atividades antrópicas. 2 – Material e métodos O Núcleo de Desertificação de Cabrobó, figura 01, localiza-se no Sertão do estado de Pernambuco, na mesorregião do São Francisco Pernambucano. 1843 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG Figura 01: Núcleo de Desertificação de Cabrobó/PE Autor: Joselma Araújo de Lucena O Núcleo insere-se em ambiente de clima semiárido com acentuada variabilidade pluviométrica interanual e chuvas mal distribuídas no tempo e no espaço, concentradas principalmente no verão e início do outono. A alta pressão atmosférica, elevadas temperaturas e baixa umidade relativa do ar caracterizam o clima da região. Para realização da referida pesquisa, foram utilizados dados de precipitação pluviométrica coletados em superfície, do período de 34 anos (1982 a 2015), da estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET e da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE para o município de Cabrobó/PE. Também foram utilizados dados fornecidos pelo Climate Prediction Center – CPC, centro pertencente ao NCEP (National Centers for Environmental Prediction), para os outros municípios que compõem o Núcleo de Desertificação, com o objetivo de verificar a distribuição espacial das correlações. A análise da precipitação global baseada em pluviômetros do CPC é um conjunto de produtos de precipitação, combinando todas as fontes de informação disponíveis de medidas em estações de superfície. Estes dados em ponto de grade possui uma resolução espacial de 0,5 x 0,5 graus de latitude e longitude, respectivamente, para todo o globo. Os dados de ATSM, do oceano Pacífico Tropical, referentes ao NINO3, NINO4 e NINO3.4, e do oceano Atlântico Tropical, são provenientes do Climate Prediction Center – CPC. Após a devida coleta dos dados, a primeira etapa do estudo consistiu em calcular o Índice de Anomalia de Chuva (IAC) para o período chuvoso da região (janeiro-abril). Com o IAC é possível identificar a variabilidade das chuvas em relação à condição normal de 1844 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG precipitação da região estudada de acordo com Silva (2011), e tem sido utilizado para se avaliar o comportamento das precipitações em relação à influência do fenômeno ENOS e outras oscilações (CHECHI, SANCHES; 2013). Nessa perspectiva o IAC foi realizado por meio das equações 1, para anomalias positivas que são valores acima da média e 2, para anomalias negativas que são valores abaixo da média, com base na metodologia proposta por Rooy (1965), adaptada por Freitas( 2004 e 2005). IAC Em que, equação 1, = precipitação anual (mm), IAC equação 2, = precipitação média anual da série (mm), média das 10 maiores precipitações anuais da série (mm), e = = média das 10 menores precipitações anuais da série (mm). Posteriormente, o IAC foi correlacionado a série histórica de anomalias de TSM dos Oceanos Pacífico tropical e Atlântico tropical. O coeficiente de correlação linear de Pearson mede a intensidade com que se manifesta uma relação linear entre duas variáveis aleatórias X e Y, sendo um número adimensional, que varia entre -1 e 1. Valores positivos indicam a tendência de uma variável aleatória aumentar quando a outra aumenta. Quando negativo, valores altos de uma variável estão associados a valores baixos da outra (RIBEIRO JÚNIOR, 2013). Considerando duas variáveis aleatórias x e y de tamanho n com médias x1 e y1 respectivamente. O coeficiente de correlação de Pearson entre essas variáveis pode ser calculado por: Em seguida, foi realizada a distribuição espacial das correlações, por meio de mapas elaborados utilizando o software ArcGis 10.2. A técnica estatística espacial empregada foi a Interpolação através do Inverso Ponderado da Distância (Inverse Distance Weighting – IDW), que estima valores para pontos desconhecidos a partir da soma ponderada dos valores de N pontos conhecidos, tendo sido selecionado por não estimar dados maiores ou menores que os dados originais (LANDIM, 2000), o IDW é definido na equação seguinte: 1845 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG Onde Z é o valor interpolado para o nó da grade, Zi é o valor do ponto amostrado vizinho ao nó, hij é a distância entre o nó da grade, β é o expoente de ponderação e n o número de pontos amostrados utilizados. Por fim, foi realizado o teste de tendência proposto por Mann-Kendall para as anomalias de TSM dos oceanos Pacífico tropical e Atlântico tropical, para o período de janeiro-abril da série temporal. O teste de Mann-Kendall tem sido amplamente utilizado pela climatologia e recomendado pela Organização Mundial de Meteorologia para verificar se os valores de determinada série temporal tendem a aumentar ou diminuir com o tempo. Com este teste é possível constatar se as anomalias de TSM encontram-se em decadência ou ascendência e se o resultado pode influenciar os índices pluviométricos na região estudada. 3 – Resultados e Discussão Os resultados a seguir mostram a distribuição média mensal das chuvas e a tendência linear para o período chuvoso (janeiro-abril), as correlações entre os dados de anomalias de TSM dos oceanos Pacífico tropical e Atlântico tropical com Índice de Anomalia de Chuva, as tendências das anomalias de TSM dos oceanos Pacífico tropical e Atlântico Tropical. Como pode ser observado no gráfico 01, evidencia-se a concentração das chuvas nos meses de janeiro a abril, com as primeiras chuvas iniciando em dezembro, enquanto que o longo período de maio a novembro é caracterizado pela estiagem. Para os totais pluviométricos de Cabrobó, no período chuvoso, ao longo dos anos estudados, constatou-se que há uma tendência negativa na série, ou seja, segundo o teste, os valores de precipitação (gráfico 02) estão diminuindo ao longo do tempo. Gráfico 01: Distribuição média mensal das chuvas em Cabrobó/PE Fonte: INMET e SUDENE 1846 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG Gráfico 02: Tendência dos totais pluviométricos no período chuvoso para Cabrobó/PE Fonte: INMET e SUDENE De acordo com o cálculo do Índice de Anomalias de Chuva (IAC) nos dados da série, observou-se que a sua classificação variou de extremamente chuvoso a extremamente seco. Por sua vez, classificados com extremamente úmidos (IAC > 4) e muito úmidos (2 < IAC < 4) estão os anos de 1985, 1989, 2004, 2008 e 2009. Nesses anos úmidos as anomalias de TSM no Atlântico e no Pacífico se apresentaram negativas, com exceção do ano 2004 que se apresentaram positivas. Já os anos classificados como extremamente seco (IAC < -4) e muito seco (-4 ˂ IAC ˂ -2) estão os anos de 1982, 1990, 1993, 1998, 2001, 2013, 2014 e 2015. Para esses anos as anomalias de TSM se apresentaram positivas, com exceção do ano 2001 que as anomalias de TSM tanto no Atlântico como no Pacífico se apresentaram negativas, no ano de 2013 no Pacífico se apresentaram negativas, mas no atlântico positivas, e no ano 2015 que anomalias de TSM no atlântico se apresentaram negativas. Para melhor compreensão da relação das anomalias de TSM com o Índice de Anomalia de Chuva, do período chuvoso, foram calculadas as correlações nos dados da série. Foram encontradas correlações entre o Dipolo do Atlântico e o IAC com coeficiente de -0,26 (figura 02), entre o NINO3 e o IAC com coeficiente de -0,32 (figura 03), o NINO4 e o IAC com coeficiente -0,34 (figura 04), e entre o NINO3.4 e o IAC (figura 05) com coeficiente de -0,33, todos significantes a 95% de confiança. Por se apresentarem negativos, os valores de uma variável estão associados a valores inversamente proporcionais da outra variável, 1847 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG ou seja, se os valores negativos das correlações aumentam e se aproximam de -1, as precipitações tendem a diminuir sobre a área de estudo. Figura 02: Correlação Dipolo x IAC em Cabrobó/PE Figura 03: Correlação NINO3 x IAC em Cabrobó/PE Figura 04: Correlação NINO4 x IAC em Cabrobó/PE Figura 05: Correlação NINO3.4 x IAC em Cabrobó/PE Nos testes de tendência para as anomalias de TSM do Atlântico ao longo dos anos estudados, no período de janeiro-abril, constatou-se que há uma tendência positiva na série, ou seja, segundo o teste, os valores de TSM (gráfico 03) estão aumentando ao longo do tempo. Por outro lado, os dados referentes às anomalias de TSM do Pacífico região do NINO3 (gráfico 04), NINO4 (gráfico 05) e NINO3.4 (gráfico 06) apontam que há uma tendência negativa na série, ou seja, segundo o teste, os valores de TSM estão diminuindo ao longo do tempo. 1848 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG Gráfico 03: Tendência das anomalias de TSM do Atlântico (Dipolo) Fonte: CPC Gráfico 04: Tendência das anomalias de TSM do NINO3 Fonte: CPC 1849 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG Gráfico 05: Tendência das anomalias de TSM do NINO4 Fonte: CPC Gráfico 06: Tendência das anomalias de TSM do NINO3.4 Fonte: CPC Como observado no gráfico 03, verifica-se uma tendência positiva, enquanto que nos gráficos 04, 05 e 06 verificam-se uma tendência negativa. Esse resultado do ponto de vista meteorológico é otimista, pois se deduz que há tendência de aumento de precipitação em Cabrobó considerando a tendência negativa das anomalias de TSM do oceano Pacífico Tropical, devido sua correlação negativa. Porém, isso não quer dizer que arritmias climáticas não poderão ocorrer, e sim uma evidência que os índices positivos de TSM podem ocorrer 1850 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG com menor intensidade, no período chuvoso para a região estudada. Vale lembrar também que os sistemas atmosféricos regionais favorecem ou inibem os índices pluviométricos. Segundo Kayano e Andreoli (2009) o fenômeno responsável por perturbação atmosférica que interfere nas variações interanuais de precipitação no NEB é o El NiñoOscilação Sul (ENOS), resultante de anomalias positivas nos valores da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) no oceano Pacífico Tropical, associados a sistemas dinâmicos da circulação atmosférica. Conforme Ferreira e Mello (2005) os sistemas atmosféricos atuantes de pequena, meso e grande escala que influenciam o tempo e o clima na região Nordeste do Brasil são Zona de Convergência Intertropical – ZCIT, Frente Fria, Vórtice Ciclônico de Altos Níveis, Linhas de Instabilidade, Complexos Convectivos de Mesoescala, Ondas de Leste, Brisa Marítima e Brisa Terrestre. Desse modo, torna-se relevante destacar a influência das teleconexões oceânicas e atmosféricas para a distribuição dos índices pluviométricos. De acordo com Kayano e Capistrano (2013) as relações da Oscilação Multidecadal do Atlântico (AMO) e o El NiñoOscilação Sul (ENOS) exercem influência sobre a precipitação no continente sul-americano. Anomalias de precipitação relacionadas com o ENOS sobre a América do Sul mostram correlação significativa quando ENOS e AMO estão na mesma fase. Os El Niños associados à mesma fase que o AMO são, em geral, mais fortes do que aqueles na fase fria da AMO. As anomalias negativas de TSM no Atlântico equatorial reforçam o evento La Niña no Pacífico tropical através de uma anômala circulação de Walker. As consequências relacionadas com o ENOS nas anomalias de precipitação na América do Sul são mais intensas com a ligação entre a variabilidade dos oceanos tropicais do Atlântico e do Pacífico. 4 – Considerações Finais Com os resultados obtidos verificou-se uma acentuada variabilidade pluviométrica na região, com uma relação mais significativa com o oceano Pacífico Tropical na região do NINO4. Verificou-se também que as anomalias de TSM no oceano Pacífico podem atuar de maneira construtiva ou desconstrutiva na intensidade do período chuvoso em associação às ATSMs do oceano Atlântico tropical. Contudo, obtiveram-se relevantes informações sobre o regime pluviométrico da área em estudo, enfatizando-se a influência dos sistemas atmosféricos e oceânicos na sua distribuição temporal e espacial, gerando informações importantes à previsão climática e ao planejamento das atividades antrópicas. 1851 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG 5 – Referências ANDREOLI, R. V.; KAYANO, M. T. ENSO-related rainfall anomalies in South America and associated circulation features during warm and cold pacific decadal oscillation regimes. International Journal of Climatology, v. 25, p. 2017–2030, 2005. ARAÚJO, R. G, et al. 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