Anais do II Seminário de Atualização Florestal e XI Semana de Estudos Florestais VARIABILIDADE DE INSETOS PRESENTES NA TRILHA ECOLÓGICA DA UTFPR Campus DOIS VIZINHOS Íris Cristina Bertolini¹, Ricardo Dal’Agnol da Silva¹, Aline Bernarda Debastiani¹, Maurício de Souza¹, Michele Potrich² ¹ Acadêmico (a) do curso de Engenharia Florestal da Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Dois Vizinhos, endereço eletrônico: [email protected] ² Dra. em Entomologia, Professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná- Campus Dois Vizinhos. Resumo: O presente trabalho teve como objetivo avaliar e quantificar a variabilidade de insetos encontrados em um fragmento de Floresta Estacional Semidecidual em estágio médio de regeneração (aproximadamente 20 anos de idade), pertencente a Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Dois Vizinhos. Através da adaptação da armadilha de Malaise, a qual faz a interceptação dos insetos em voo, foram dispostas em 6 pontos da mata em diferentes alturas, baixa, média e alta. Armadilha nº 1: 1,10 m, Armadilha nº 2: 1,77 m, Armadilha nº 3: 2,30 m, Armadilha nº 4: 2,10 m, Armadilha nº 5: 1,20 m, Armadilha nº 6: 1,53 m. As armadilhas foram alocadas nos galhos das árvores, a uma distância mínima de 7 metros do caminho da trilha. O elevado número de indivíduos coletados demonstra eficiência comprovada desde método de coleta. Foi coletado um total de 310 indivíduos, separados em nove ordens da classe Insecta, uma da classe Collembola e uma da classe Aracnidea. Cerca de 54,51% do total da amostra se baseou em apenas duas ordens, demonstrando que a amostragem possui muitas espécies com apenas um representante. Através da análise dos resultados obtidos, verificou-se que a adaptação da armadilha de Malaise obteve eficiência de coleta, podendo assim ser utilizada para estudos de quantificação e identificação de insetos, em especial insetos da ordem Coleoptera, Hymenoptera, seguido da ordem Lepidoptera nas três coletas efetuadas. Palavras-chave: armadilha de Malaise, entomofauna, Classe Insecta. INTRODUÇÃO Há uma grande importância no conhecimento e na quantificação da biodiversidade de insetos, para que, quando necessário, novas estratégias em questões ambientais sejam desenvolvidas (HAMMOND, 1994; LEWINSOHN, 2001). O monitoramento destes insetos/indicadores e de suas interações e respostas aos impactos, poderão servir como ferramenta para avaliar a estrutura ambiental, trazendo informações sobre os riscos que corre o sistema natural (LEWINSOHN, 2001; CERQUEIRA, 2001). Dentre vários grupos de animais, os insetos têm sido alvo de muitos estudos com o objetivo de os inventariar e encontrar subsídios para que, não apenas se conheça a sua diversidade, mas também sirvam de apoio para avaliação de condições ambientais (SOUTHWOOD et al., 1979, LAWTON 1983, HUMPHREY et al., 1999 apud GANHO et al., 2003). Para facilitar estes estudos, a armadilha Malaise foi construída para coletas de insetos que vivem próximos ao solo. Essa armadilha foi descrita por Rene Malaise em 1937 (GRESSIT & GRESSIT, 1962), e atua no intercepto de voo, sendo eficiente na captura de insetos que apresentam geotropismo negativo, ou seja, ao serem interceptados durante o vôo, tendem a subir (ALEXANDER, 2000 apud OLIVEIRA et al., 2009). Campos et al., (2000) apud Oliveira et al. Anais do II Seminário de Atualização Florestal e XI Semana de Estudos Florestais (2009) caracteriza as armadilhas Malaise como uma das mais indicadas para captura de insetos das ordens Hymenoptera, Diptera e Thysanoptera. Segundo Darling & Packer (1988) “vale ressaltar que a armadilha Malaise é uma das mais difundidas e o seu desenho, tamanho das malhas e local onde são colocadas interferem significativamente no resultado das coletas”. Marinoni & Dutra (1997) utilizaram armadilhas “Malaise” para capturar coleopteros a fim de avaliar as condições das áreas de floresta ainda conservadas no Paraná. Hosking (1979) apud Iannuzzi et al. (2006) aponta este tipo de armadilha como passiva e não tendenciosa, além de dispersar manutenção freqüente. Apresenta ainda elevada eficiência de coleta, especialmente de coleópteros voadores. Hutcheson & Jones (1999) apud Ganho et al. (2003) cita que “a natureza das coletas pontuais com armadilha “Malaise” engloba as características individuais das interações entre comunidades em localidades especificas”, e “coletas mais duradouras são suficientemente abrangentes para caracterização de sistemas biológicos complexos”. Desse modo, este trabalho teve como objetivo avaliar a variabilidade e a quantidade de insetos presentes na mata da Trilha Ecológica da UTFPR – Campus Dois Vizinhos, através de uma modificação do método da armadilha de Malaise, bem como testar a eficiência desta armadilha para coleta de insetos. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi realizado em um fragmento de Floresta Estacional Semidecidual em estágio médio de regeneração (aproximadamente 20 anos de idade), da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Dois Vizinhos (UTFPR-DV), no período de 23 de outubro a 20 de novembro de 2009. As armadilhas utilizadas nesse experimento foram uma adaptação da armadilha de Malaise. Estas foram confeccionadas com garrafas pet, tecido branco fino, cola quente e arame, totalizando seis armadilhas. Depois de confeccionadas foram alocadas em seis pontos da trilha e em alturas diferentes: Armadilha nº 1: 1,10 m, Armadilha nº 2: 1,77 m, Armadilha nº 3: 2,30 m, Armadilha nº 4: 2,10 m, Armadilha nº 5: 1,20 m, Armadilha nº 6: 1,53 m., contendo na parte inferior da armadilha, dentro do frasco, álcool 70% e detergente, para que os insetos que caíssem ficassem presos. As coletas foram realizadas no período de um mês, num total de 3 coletas. As armadilhas foram implantadas em diferentes alturas a fim de se determinar se a altura exercia influência no tipo de inseto coletado. Após as coletas, os insetos foram colocados em um frasco de vidro contendo álcool 70%, e levados para o laboratório de Microscopia onde foram devidamente identificados em suas respectivas ordens, com auxílio da Chave de Identificação de Ordens (GALLO et al., 2002). RESULTADOS E DISCUSSÃO O número de indivíduos coletados de cada ordem e a frequência das ordens coletadas por coleta pode ser observado na Tabela 1 e por armadilha na Tabela 2. Na Tabela 1, analisando o número e a frequência de indivíduos coletados nas 3 coletas realizadas, nota-se que a ordem Coleoptera obteve maior número de insetos coletados com 29,35% das 3 coletas realizadas, seguida da ordem Hymenoptera com 25,16%, a ordem Psocoptera obteve o menor numero de insetos coletados representando 0,32% da amostra total. Observamos ainda a presença da Classe Aracnídea com 1,61% e da Classe Collembola com 0,97% da amostra. Na Tabela 2, analisando o número de indivíduos coletados e as frequências de cada armadilha, nota-se que a armadilha nº 5, que estava a 1,20m do solo, obteve maior numero de insetos coletados com 26,45%, seguida da armadilha nº 4, que estava a 2,10m do solo, com 17,74%, Anais do II Seminário de Atualização Florestal e XI Semana de Estudos Florestais a armadilha nº 3, que estava a 2,30m do solo, obteve menor número de insetos coletados com 11,94% da amostra total. Tabela 1. Número de indivíduos coletados e frequências de cada ordem coletada, por coleta Ordem Coleta 1 Coleta 2 Coleta 3 Classe Aracnídea Classe Collembola Blattodea Coleoptera Diptera Hemiptera Hymenoptera Lepidoptera Orthoptera Psocoptera Thysanoptera Frequência Frequência Relativa (%) 2 0 7 30 27 1 51 27 0 0 0 145 46,77 2 3 3 21 10 1 2 18 3 0 0 63 20,32 1 0 2 40 14 1 25 14 2 1 2 102 32,90 Frequência Frequência Relativa (%) 5 3 12 91 51 3 78 59 5 1 2 310 100,00 1,61 0,97 3,87 29,35 16,45 0,97 25,16 19,03 1,61 0,32 0,65 100,00 Tabela 2. Número de indivíduos coletados e frequências de cada armadilha Ordem Arm. nº 1 Arm. nº 2 Arm. nº 3 Arm. nº 4 Arm. nº 5 Arm. nº 6 Classe Aracnídea Classe Collembola Blattodea Coleoptera Diptera Hemiptera Hymenoptera Lepidoptera Orthoptera Psocoptera Thysanoptera 2 0 2 0 0 3 1 3 3 1 0 0 0 0 0 1 0 4 17 7 2 4 14 0 0 0 48 1,10m 16 5 0 4 17 0 0 0 45 1,77m 11 6 0 6 6 1 0 0 37 2,30m 16 21 0 8 6 0 1 2 55 2,10m 14 6 0 55 7 0 0 0 82 1,20m 17 6 1 1 9 4 0 0 43 1,53m 15,48 14,52 11,94 17,74 26,45 13,87 Frequência Altura da arm. Frequência Relativa (%) Nota-se que o elevado número de indivíduos coletados demonstra eficiência comprovada desde método de coleta. Foram coletados 310 indivíduos, separados em nove ordens da classe Insecta, uma da classe Collembola e uma da classe Aracnidea. Observou-se que cerca de 54,51% do total da amostra se baseou em apenas duas ordens, Coleoptera e Hymenoptera, demonstrando que a amostragem possui muitas espécies com poucos representantes. Denota-se também uma maior eficiência para a coleta dessas ordens, seja devido à predominância desses indivíduos no local ou à própria característica da armadilha. A ordem Coleoptera é a que representa o grupo mais bem sucedido de seres vivos em termos de diversidade, havendo quase 350.000 espécies descritas, distribuídas pelo mundo. Tem grande importância econômica e ecológica revela-se mais nitidamente nos agroecossistemas, seja como Anais do II Seminário de Atualização Florestal e XI Semana de Estudos Florestais “pragas” de plantas cultivadas e grãos armazenados, como agentes polinizadores e de controle biológico de insetos, ou ainda como bioindicadores. Tais papéis biológicos são mais evidenciados em ambientes expostos à intensa ação antrópica, como é o caso do bioma caatinga (GALLO et al., 2002). A coleta com maior número de insetos fora a Cole Anais do II Seminário de Atualização Florestal e XI Semana de Estudos Florestais REFERÊNCIAS CERQUEIRA, R. Um sistema de monitoramento e inventário da biodiversidade terrestre do Brasil, p.385-398. In: I. GARAY & B. DIAS (Eds). Conservação da biodiversidade em ecossistemas tropicais. Petrópolis, Ed.Vozes, 430p. 2001. DARLING, D. C.; PACKER, L. Effectiviness of Malaise traps in collecting Hymenoptera: the influence of trap design, mesh size, and location. Can. Ent. nº 120: 787-796. 1988. GALLO, D.; et al. Entomologia agrícola, Piracicaba, FEALQ, v.10, 910 p. 2002. GANHO, N. G.; MARINONI, R. C.; Fauna de Coleoptera no Parque Estadual de Vila Velha, Ponta Grossa, Paraná, Brasil: abundância e riqueza das famílias capturadas através de armadilhas malaise. Rev. Bras. Zool., Curitiba, v. 20, n. 4, Dez. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010181752003000400028&lng=en&nm =iso>. Acesso em: 09 jul. 2009. GRESSITT, J. L.; GRESSITT, M. K. An improved Malaise trap. Pac. Insects. nº 4: 87-90. 1962. HAMMOND, P.M. 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