FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO A DISTANCIA EM COMUNIDADE VIRTUAL Maysa de Oliveira Brum Bueno [email protected] Aluna Regular do Programa de Pós Graduação Doutorado em Educação da UCDB Maria Cristina Lima Paniago Lopes Orientadora Resumo: O presente trabalho “Formação continuada de professores de Educação a Distância em comunidade virtual” tem como objetivo fazer uma discussão teórica do conceito de comunidades virtuais e suas implicações na formação de professores. A autora é aluna regular do programa de pós-graduação Doutorado em Educação da Universidade Católica Dom Bosco em Campo Grande,MS e tem como objetivo de pesquisa analisar a formação de professores de Ead em ambiente virtual, tendo em vista compreender de que modo esses professores articulam a formação continuada com sua prática, e por conseguinte, os efeitos que suas reflexões, feitas no coletivo da comunidade, geram em suas aulas, e, ainda, se esse agrupamento pode se caracterizar como uma comunidade de prática . Por se tratar de um tema que implica considerar os processos de reflexão sobre a prática vivenciada pelos professores, escolhemos como abordagem metodológica a pesquisa-ação pelo seu caráter de estímulo a reflexão em conjunto. Palavras-Chave: comunidade virtual, formação de professores, reflexão As transformações tecnológicas vividas pelos sujeitos da sociedade contemporânea representam não só a mera introdução de equipamentos na sociedade, mas, principalmente, mudanças de ordem sociais, culturais, de trabalho e na escola. A evolução das tecnologias digitais de informação e comunicação favorece a colaboração e o aprendizado em rede não presencial (SILVA, 2010). Essas tecnologias estão redesenhando a educação, criando novas oportunidades de ensino e aprendizagem, onde o aprendiz deixa de ter uma postura passiva para assumir papéis de produtor e desenvolvedor de conteúdo, simultaneamente. Apesar de os tempos mostrarem que existem muitas oportunidades de mudança no processo pedagógico, a escola se mantém conservadora e lenta para se adaptar a essas ferramentas e tecnologias (VALENTE, 2007). Essas oportunidades estão disponíveis para professores e alunos, bem como para instituições, proporcionando interação entre eles a qualquer tempo, independente dos limites impostos pelo espaço geográfico. Utilizando a web, tornam-se possíveis ações como atualização, o armazenamento e a recuperação, a distribuição e o compartilhamentos instantâneo da informação; a superação dos limites de tempo e espaço; a construção do conhecimento pelo sujeito, da aprendizagem colaborativa e cooperativa, da maior autonomia dos sujeitos; um maior grau de interatividade pela utilização de comunicação assíncrona e síncrona; a possibilidade de tomada de decisão pelo aumento da tomada de consciência e ainda o desenvolvimento de uma inteligência coletiva (SCHLEMMER, 2005). Ferramentas como chat, fórum e lista de discussões tem sido cada vez mais utilizadas para apoio em cursos presenciais e criação e o uso de ambientes virtuais de aprendizagem tem crescido muito. Um processo que enfatiza a construção e a socialização do conhecimento de colaborativa/cooperativa são as comunidades virtuais que segundo definição de Schlemmer (2005), são redes eletrônicas de comunicação interativa autodefinida, organizadas em torno de um interesse ou finalidade compartilhados. Uma comunidade virtual é uma comunidade que estabelece relações num espaço virtual caracterizada pela aglutinação de um grupo de indivíduos com interesses comuns que trocam experiências e informações no ambiente virtual. Nesse contexto, o conhecimento é gerado dos laços comunitários, potencializando a troca de competências e gerando a coletivização dos saberes num ambiente que não tem controle centralizado (SANTOS, 2010). Concepções de trabalho baseados em grupos ou equipes foram introduzidas, muito estudadas e teorizadas nas décadas de 70 e 80. Ainda estão em estágios iniciais de aprendizado: a inserção e o gerenciamento de comunidades que tem como componente a prática. O conceito de Comunidade de Prática (CoP) foi criado por Etienne Wenger em conjunto com Jean Lave em 1991, que designa um grupo de pessoas que se unem em torno de um mesmo tópico ou interesse. Essas pessoas trabalham juntas para achar meios de melhorar o que fazem, ou seja, na resolução de um problema na comunidade ou no aprendizado diário, através da interação regular (MENGALLI, 2004). O conhecimento humano não faz sentido sem o contexto de comunidades que evolui a partir do reconhecimento e validação de nossos pares nas comunidades das quais participamos. Para Mitchell (2002), Comunidades de Prática são grupos de pessoas que dividem uma preocupação, um conjunto de problemas ou uma paixão a respeito de algum tema e aprofundam seu conhecimento e experiência sobre esse tema, por meio da interação contínua. Lesser e Stork (2001) afirmam que uma comunidade de prática pode ser conceituada como um grupo cujos membros estão comprometidos em compartilhar o aprendizado, baseados em um interesse comum. Lesser e Prusak (2000) conceituam Comunidades de Prática como agrupamentos informais ou redes de indivíduos que trabalham juntos, dividindo conhecimentos, compartilhando problemas comuns, histórias e frustrações. Wenger e Snyder, (2000) reforçam essa abordagem, conceituando Comunidades de Prática como um grupo de pessoas, informalmente constituído pela troca de experiências ou paixão por um empreendimento comum. McDermott (1999) inclui o aspecto da virtualidade: as comunidades virtuais de prática são mais que simples grupos trabalhando à distância e devem ser consideradas como um grupo com uma missão comum, devendo entregar um produto, baseado em trocas regulares e mútuas de informação. É necessário que se busque caminhos alternativos para ensinar e aprender, abarcando, inclusive, um novo entendimento de como se ensina e como se aprende. A educação precisa assimilar a contribuição que o uso dessas ferramentas trazem para a transformação das práticas pedagógicas, senão continuaremos a repetir as velhas fórmulas do passado, em que professores são os detentores de todo o conhecimento e os alunos assistem passivos. Para isso, professores e alunos além de dominarem as ferramentas, devem saber explorar o potencial pedagógico que as elas possibilitam. Os professores parecem não acompanhar seus alunos que já colaboram entre si em redes sociais, ainda tão mal vistas no segmento educacional. As redes são responsáveis pelo compartilhamento de idéias entre pessoas que possuem interesses e objetivos em comum e também valores a serem compartilhados. Assim, o grupo é composto por indivíduos que possuem identidades semelhantes. Não se trata de usar as tecnologias na educação a qualquer custo, mas sim de acompanhar as mudanças sociais que questionam o sistema educacional e sobretudo o papel do professor. Na formação continuada o que se vê, são cursos de atualização dos conteúdos de ensino, que tem se mostrado pouco eficientes para alterar e atualizar a prática docente e pedagógica escolar, não possibilitando articular e traduzir os novos saberes em novas práticas. O professor está fadado a reconstruir quase que diariamente sua escala de valores de acordo com: a política de educação; ética relacional; didática arrojada; contrato pedagógico e outros. A prática não pode se desassociar da teoria, visto que, os mecanismos que envolvem o processo intelectual de captação do conhecimento são os mesmos que nos permitem o movimento e as ações. Entende-se que a representação que fazemos do mundo bem como nossos esquemas refletem a verdadeira articulação entre teoria e prática. As teorias permanecem estéreis enquanto não são adicionadas da ação que as combina com os saberes intuitivos. O ser e as competências didáticas estão no mesmo nível de importância na formação de professores. A formação de estimular uma perspectiva crítico-reflexiva, que forneça aos professores os meios de um pensamento autônomo e que facilite as dinâmicas de autoformação participada, com vista à construção de uma identidade, que é também uma identidade profissional. Aprender em uma CoP significa participar ativamente das práticas das comunidades sociais e em construir identidades com essas comunidades. Ou seja, implica ação e afiliação a uma equipe de trabalho. Esta teoria deve integrar necessariamente 4 componentes (interligados) que caracterizam a participação social como processo de aprender e conhecer segundo Wenger (2001): Significado – refere-se à nossa capacidade aprender produzindo significados acerca do mundo que vivemos e experienciamos; Prática - refere-se às atividades que mobilizam recursos históricos e sociais produzidos e compartilha dos no processo de ação – aprende-se fazendo; Comunidade – refere-se à nossa afiliação a uma configuração social onde nossos empreendimentos se definem como valiosos e nossa participação é reconhecida como competência; Identidade – refere-se ao modo como nos constituímos – com histórias e aprendizagens pessoais – no contexto de nossas comunidades. Ao lançar mão de uma CoP como investigação, pretende-se desenvolver uma comunidade de professores e investigadores interessados em assumir, eles próprios, o desafio de melhorar a prática ensinar e aprender e de desenvolverem-se profissionalmente, tendo como meios a reflexão, a colaboração, a investigação e a escrita sobre a prática do ensino. Ou seja, na CoP, os professores aprendem e desenvolvem-se pelo simples fato de participar e compartilhar ativamente suas experiências, reflexões e investigações sobre a prática de ensinar e aprender. Os saberes de uma CoP resultam de dinâmicas de negociação envolvendo participação ativa e reificação da prática. A participação é um processo pelo qual os sujeitos de uma comunidade compartilham, discutem e negociam significados sobre o que fazem, falam, sentem, pensam e produzem conjuntamente. Participar em uma CoP significa, portanto, engajar-se na atividade própria da comunidade como membro atuante e produtivo, apropriar-se da prática, dos saberes e dos valores do grupo e, portanto, aprender e também contribuir para a transformação e o desenvolvimento dos mesmos, tornando-se um sujeito reificador. Reificação, para Wenger (2001), significa tornar em coisa tarefas exploratórias ou investigativas, situações-problema, processos de avaliação, artefatos, narrativas/textos escritos, livros, conceitos, idéias e conhecimentos práxicos. Refere-se ao processo de dar forma e sentido à experiência humana. Ainda segundo Wenger (2001) a participação e a reificação são processos interdependentes e essenciais à aprendizagem e à constituição de identidades de uma CoP. Os participantes, à medida que participam, contribuem para as práticas e o saber de sua comunidade, pois, é nesse processo que os professores constituem-se profissionalmente produzindo, compartilhando, internalizando e re-significando permanentemente um repertório cultural em sua CoP. A própria comunidade, que aprende, evolui à medida que suas práticas são sistematizadas, teorizadas e aprimoradas pela própria comunidade, mantendo e ampliando o número dos participantes capazes de compartilhar o repertório cultural da comunidade. Esta definição permite, mas não assume, uma intencionalidade: a aprendizagem pode ser a razão pela qual a comunidade se junta ou um resultado incidental da interação dos usuários. Nem todas as comunidades configuram-se como comunidade de prática. Três características são fundamentais: - O domínio: uma comunidade de prática não é apenas um clube de amigos ou uma rede de conexões entre as pessoas. Ela tem uma identidade definida por um domínio compartilhado de interesses. A adesão implica, portanto, um compromisso com o domínio e, portanto, uma competência partilhada que distingue os membros de outras pessoas. O domínio não é necessariamente algo reconhecido como "perícia" de fora da comunidade. O grupo valoriza as suas competências coletivas e aprendem uns com os outros. - A comunidade: os membros se dedicam a atividades conjuntas e discussões, ajudam uns aos outros, e compartilham informações. Eles constroem relacionamentos que lhes permita aprender uns com os outros. Um site em si não é uma comunidade de prática. Ter a mesma profissão ou desempenhar uma mesma atividade não faz de uma comunidade uma comunidade de prática, a menos que os membros interajam e aprendam juntos. Os membros de uma comunidade de prática não trabalham juntos no dia-a-dia necessariamente. - A prática: Uma comunidade de prática não é apenas uma comunidade de interesse - as pessoas que gostam de certos tipos de filmes, por exemplo. Os membros de uma comunidade de prática são praticantes. Eles desenvolvem um repertório compartilhado de recursos: experiências, histórias, ferramentas, formas de lidar com problemas recorrentes, em suma uma prática compartilhada. Isso leva tempo e interação sustentada. O desenvolvimento de uma prática compartilhada pode ser mais ou menos auto-consciente. É a combinação destes três elementos que constituem uma comunidade de prática. E é através do desenvolvimento desses três elementos em paralelo que se surge uma comunidade. O conceito de comunidade de prática tem encontrado uma série de aplicações práticas no mundo dos negócios, design organizacional, governo, educação, associações profissionais, projetos de desenvolvimento e da vida civil. Tecnologias digitais como a Internet, tem alargado o alcance das nossas interações além dos limites geográficos das comunidades tradicionais, mas o aumento no fluxo de informações não eliminam a necessidade de uma comunidade. Na verdade, ele amplia as possibilidades para a comunidade e pede novos tipos de comunidades baseadas em práticas compartilhadas. O conceito de comunidade de prática está influenciando a teoria e a prática em muitos níveis. A partir de começos modestos em estudos de aprendizagem, o conceito foi abraçado por empresas interessadas em gestão do conhecimento e progressivamente encontrou seu caminho em outros setores. Ela tornou-se a fundação de uma perspectiva de conhecimento e de aprendizagem que informa os esforços para criar sistemas de aprendizagem em diversos setores e diferentes níveis de escala, de comunidades locais, às organizações individuais, sociedades, cidades, regiões e do mundo inteiro. No mundo dos negócios o conceito foi aprovado mais facilmente porque as organizações reconhecem que o conhecimento precisa ser gerenciado de forma estratégica. Os esforços iniciais de gestão do conhecimento eram centrados nos sistemas de informação e tiveram resultados decepcionantes. As comunidades de prática proporcionaram uma nova abordagem, centrada nas pessoas e nas estruturas sociais que lhes permitem aprender com e entre si. Hoje, não existe praticamente nenhuma organização de um tamanho considerável que não tenha algum tipo de iniciativa da utilização de comunidades de prática. Uma série de características explica esta onda de interesse em comunidades de prática como um veículo para o desenvolvimento de capacidades estratégicas nas organizações como habilitar profissionais para assumir a responsabilidade coletiva da gestão do conhecimento que eles precisam, a capacidade da comunidade em estabelecer uma ligação direta entre a aprendizagem e desempenho, são apenas algumas delas. A riqueza de informações, experiências, idéias criativas e conhecimento que circulam nas comunidades é imensamente significativa. Por não serem limitadas por estruturas formais, as comunidades criam conexões entre as pessoas focando no aspecto específico da competência que a organização necessita. No entanto, as características que as comunidades de prática exigem, tais como autonomia, orientação profissional e a informalidade, torna seu uso um desafio para as organizações hierárquicas mais tradicionais. E não é diferente quando se trata de aprendizado institucionalizado. Assim como as empresas e as organizações governamentais, a escola enfrenta desafios de complexidade e dimensão crescentes. Ela adotou as comunidades de prática por muitas razões, apesar da formalidade da burocracia. Dessa forma, as escolas também enfrentam crescentes desafios no que tange o conhecimento. As primeiras aplicações de comunidades de prática foram na formação de professores e administradores. Há uma onda de interesse por essas atividades em grupos de desenvolvimento profissional. Mas no setor da educação, a aprendizagem não é apenas um meio para atingir um fim: o produto final. A perspectiva de comunidades de prática também é, portanto, relevante neste nível. No mundo dos negócios, com foco em comunidades de prática, acrescenta uma camada de complexidade para a organização, mas isso não altera fundamentalmente o que o negócio é. Nas escolas a transformação é muito mais profunda, porque altera toda a teoria de aprendizagem. Isto irá inevitavelmente levar mais tempo. De acordo com Wenger (2009) a perspectiva de comunidades de prática afeta as práticas educativas em três dimensões: internamente, pensando em como organizar experiências educativas que garantam a aprendizagem, na prática, através da participação em comunidades a respeito dos tópicos escolares; externamente, tentando estabelecer conexões entre as experiência dos participantes à práticas reais, através de formas de participação periféricas em comunidades e sobre como atender às necessidades de aprendizagem dos participantes ao longo da vida através da organização de comunidades de prática focada em temas de interesse permanente. A partir desta perspectiva, a escola não é o locus privilegiado de aprendizagem. Não é um mundo fechado onde os estudantes adquirem conhecimento para ser aplicado no mundo exterior, mas uma parte de um sistema mais amplo de aprendizagem. A sala de aula não é o principal local de aprendizagem. É a própria vida que é o principal evento de aprendizagem. Escolas, salas de aula e cursos de formação têm ainda um papel a desempenhar nesta visão, mas eles têm que estar a serviço da aprendizagem que acontece no mundo além dos muros. O diálogo entre os professores é fundamental para consolidar saberes e valores da prática profissional, assim como a criação de redes coletivas de trabalho. A organização das escolas parece desencorajar um conhecimento profissional partilhado dos professores, dificultando o investimento das experiências significativas nos percursos de formação e sua formulação teórica; e no entanto, este é o único processo que pode conduzir a uma transformação de perspectiva e a uma produção pelos próprios professores de saberes reflexivos pertinentes. A retórica atual sobre o profissionalismo e a autonomia dos professores, são muitas vezes desmentidas pela realidade, e os professores tem sua vida cotidiana cada vez mais controlada e sujeita a lógicas administrativas e a regulações burocráticas, e esses fatos não são nenhuma novidade. A formação pode estimular o desenvolvimento profissional dos professores, no quadro de uma autonomia contextualizada da profissão docente. É extremamente importante valorizar paradigmas de formação que comprovem a preparação de professores reflexivos, que assumam a responsabilidade de seu próprio desenvolvimento profissional, e participem como protagonistas da implementação da novas práticas educativas. Seguindo essa linha de pensamento, diríamos que os professores têm de se assumir como produtores da sua profissão, para que possamos passar a reconhecer no profissional competente, aquele ser que possui capacidades de autodesenvolvimento reflexivo. Outro fato importante que deve estar muito claro, é que a formação não se faz antes da mudança, faz-se durante, produzindo-se nesse esforço de inovação e de procura dos melhores percursos para a transformação da escola. É esta perspectiva de mudança interativa dos profissionais e dos contextos, que dá um novo sentido às práticas de formação de professores. A mudança educacional depende dos professores, da sua formação e também das práticas pedagógicas. Hoje em dia, falar de formação de professores é falar de um investimento educativo dos projetos das instituições de ensino. O incremento de experiências inovadoras e a sua disseminação podem revelar-se extremamente úteis e consolidar práticas diferenciadas de formação contínua. O conceito de reflexão no processo de formação do educador tem sua origem nas idéias de Dewey (1979), que enfatizou a importância da reflexão sobre a experiência concreta como um processo de reconstituição e reconstrução da experiência, procurando sempre a melhor prática. Sob esse enfoque, Schön (1992) sugere o movimento da reflexão na ação e sobre a prática da ação, onde enfatiza que a tomada de consciência só se dá na reflexão com o coletivo. A partir dessas considerações, se desenvolverá um estudo que busca ampliar a compreensão de como os professores articulam seus saberes com o uso da tecnologia nas suas práticas cotidianas. Nosso objetivo é analisar a formação dos professores para o uso pedagógico das tecnologias em ambiente digital, bem como verificar se o agrupamento desses professores caracteriza-se como uma comunidade de prática, oportunizando um espaço de reflexão de sua prática. A proposta é estabelecer um diálogo reflexivo sobre alguns elementos presentes no universo cibercultural. A atualidade está permeada pelas tecnologias digitais, o que faz com que sempre surjam novos recursos e ferramentas tecnológicas. Atualmente, diversos tipos de organizações tem ampliado os espaços educacionais por meio das tecnologias, conectando professores e alunos nos tempos síncronos e assíncronos, dispensando o espaço físico, favorecendo a descentralização da gestão de conteúdo, pessoas e procedimentos. Segundo Behrens (2000), trata-se da superação da matriz epistemológica cartesiana, que enseja a objetividade e a separatividade resultando numa formação competitiva e individualista. A educação, na sociedade em rede, pode ser entendida como uma mudança na convivência que acontece em um espaço no qual a interação entre os sujeitos resulta em um processo de transformação nas relações, e para isso necessita-se de novos padrões de pensamento e nova cultura de aprendizagem, que implique rupturas paradigmáticas (Schlemmer 2005). Referências BEHRENS, Marilda Aparecida. Projetos de Aprendizagem Colaborativa num Paradigma Emergente.In. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. São Paulo. Papirus, 2002. BEHRENS, MASETO, MORAN. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 8ªed. São Paulo: Papirus, 2005. BONILLA, Maria Helena S. Escola Aprendente: comunidade em fluxo. In: FREITAS, Maria Teresa de A. Cibercultura e formação de professores. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009. LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999. ____________. As Tecnologias da Inteligência. São Paulo: Editora 34, 1996. MENGALLI, Neli Maria. Conceitualização de Comunidade de Prática (CoP). 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