Metabolismo de carboidratos e proteínas Profa. Rosemary Rodrigues Silva Mestrado e Doutorado em Bioquímica – UFMG Professora de Bioquímica – UNI-BH Classificação de carboidratos pelo número de carbonos:Trioses , pentoses , hexoses Monossacarídeos: compostos sólidos, sem cor, cristalinos e solúveis em água. A maioria com sabor doce. Glicose, frutose e ribose. Ácucares simples, absorvidos rapidamente. carbono quiral assimétrico: número de estereoisômeros: 2n Glicose: 16 estereoisômeros Agentes redutores: monossacarídeos simples são açúcares redutores. É possível dosar por reação de oxi-redução ou método enzimático. Extremidade redutora: carb anomérico livre p/ fazer ligação glicosídica. C anomérico = em cadeia aberta ele faz o grupo aldeído ou cetona. Celulose Parede celular de bactéria: acetilglicosamina e ác. acetilmurâmico. Lisozima: enzima que hidrolisa ligações entre estes carboidratos (bactericida); presente na lágrima e na saliva. Matriz extracelular: heteropolissacarídeos e proteínas fibrosas. Ácido hialurônico: ex de glicosaminoglicano da matriz extracelular e lubrificante nos fluidos sinoviais. Elasticidade e resistência. Bactérias com hialuronidase: tecidos susceptíveis à invasão. glicoproteínas: maioria das proteínas em células eucarióticas possuem carboidratos. Isto ajuda no enovelamento correto. Também protegem as proteínas do ataque de enzimas proteolíticas. - glicoproteínas: grande parte de proteína e carboidrato de 1% até no máximo 70%. - proteoglicanas: carboidrato é a maior parte; corresponde a uns 99%). Glicolipídios: alguns lipídios de membrana possuem carboidratos na estrutura (gangliosídeo). Fibras Definição ANVISA (Resolução RDC n.40 de 21/03/2001) “ Fibra é qualquer material comestível que não seja hidrolisado pelas enzimas endógenas do trato digestivo de humanos ...” “Carboidratos não digeríveis, incluindo celulose, lignina (insolúveis) e pectina (solúvel). Aumentam o tempo de mastigação Não fornecem energia, mas adicionam volume à dieta Aumentam fluxo do suco gástrico Aumentam volume do conteúdo estomacal Podem reduzir a absorção de compostos tóxicos Diminuem o risco de constipação, hemorróidas, diverticulose e câncer de cólon Produção de géis (Pectina e Gomaguar): retardam esvaziamento gástrico Estimulam o trânsito intestinal A fibra pode se ligar a alguns micronutrientes (Zinco e vitaminas lipossolúveis) diminuindo sua absorção. Excesso não é recomendado. Quitina: homopolissacarídeo composto de acetilglicosamina. Muito parecida com celulose (uma hidroxila substituída no C2). Principal componente do exoesqueleto duro de insetos, lagostas, caranguejos. Quitosana (via oral): efeito hipocolesterolêmico e hipolipidêmico. Reduz níveis de colesterol e triglicerídeos plasmáticos, interferindo na absorção intestinal dessas gorduras. Ratos: Dieta com 5% foi capaz de reduzir nível de colesterol sérico à metade. Humanos: adultos sexo masculino alimentados com biscoitos à base de quitosana. Dose de 3 g/dia durante 1 semana e 1,6 g/dia durante duas semanas: redução de 6% do colesterol total. Quitina e Quitosana: aplicações Atividade antimicrobiana: amplo escpectro. Efeito coagulante: quitosana mais eficaz Efeito analgésico: ação tópica; quitina mais potente Aceleração da cicatrização: ativa macrófagos. Quitina usada como pele artificial no tratamento de queimaduras (Japão). Tratamento de osteoartrite. Redução de peso: controvérsia na literatura científica. Uso da quitosana: parece seguro e nãotóxico ao ser humano (dose menor que a utilizada em animais); embora não seja consenso no meio científico. Toxicidade da quitosana: evidenciada em ratos quando empregada como suplemento alimentar por longos períodos de tempo e está relacionada com o bloqueio da absorção de cálcio e vitaminas lipossolúveis (disfunções ósseas, deficiência vitamínica e retardo do crescimento). Amido Resistente Soma do amido e dos produtos da sua degradação que não são digeridos e absorvidos no intestino delgado de indivíduos sadios. O AR aumenta a absorção de Ca, Mg, Fe, Zn e Cu. Frutanos: polímeros de frutose Inulina: Chicória, Alcachofra de Jerusalém, Alho, aspargos, cebola e trigo FOS (frutooligossacarídeos) - menos de 10 monossacarídeos: Alcachofras, aspargos, beterraba, chicória, banana, alho, cebola, trigo, tomate, mel, açúcar mascavo e batata yacon FOS Aumento de 65% na absorção de cálcio em ratos alimentados com 5% de FOS Aumento da absorção de Mg com o consumo de 10g/dia de FOS, em mulheres na pósmenopausa Consumo de 10g por dia parece ser ideal (estudos mais recentes) Consumo de FOS pode levar a flatulência Ingestão de 20-30g causa desconforto severo Fermentação das fibras Produção de gases e ácidos orgânicos H2, CO2, CH4 Fumarato, lactato, succinato e AGCC (acetato, propionato, butirato) Butirato corpos cetônicos (fonte de energia para colonócitos) Propionato e acetato fígado inibição da síntese de colesterol Diminuição do pH intestinal Maior ionização e solubilização do cálcio Introdução ao Metabolismo Metabolismo: soma de todas as transformações químicas que ocorrem em uma célula ou organismo vivo, através de reações enzimáticas (vias metabólicas). Catabolismo: liberam energia livre e uma parte é conservada em ATP e transportadores de elétrons NADH/NADPH. Anabolismo: Necessitam de energia da hidrólise do ATP e da força redutora (NADH/NADPH). Digestão de carboidratos Boca: Amilase salivar (ptialina) – pH neutro Estômago: pH ácido – não há enzimas que digerem carboidratos Intestino delgado: Amilase pancreática; Dissacaridases da borda em escova Metabolismo de carboidratos - Glicólise Glicose + 2ATP + 2NAD+ 2 piruvato + 2NADH + 2H+ + 4ATP +2 H2O Fornece intermediários para várias vias metabólicas. Fase de pagamento – gasto de 2 ATPs Fosforilação ao nível do substrato: Formação de ATP independente da cadeia respiratória (consumo de oxigênio). Ocorre no citoplasma e não na mitocôndria. 2 NADH formados: passar elétrons para a cadeia respiratória em condições aeróbicas. Intermediários fosforilados Fosfato tem carga negativa em pH 7,0 e a membrana plasmática é impermeável às moléculas carregadas (não saem da célula). Compostos fosfóricos de alta energia, doam grupos fosfato ao ADP para formar ATP. Grupos fosfato formam complexos com o Mg+2. Fermentação Degradação anaeróbica da glicose (e outros nutrientes) para se obter energia/ATP. Evolutivamente é o mecanismo mais antigo. Fermentação lática: Tecido muscular esquelético apenas em condições de contração muito vigorosa; retina, cérebro e eritrócitos mesmo em condições aeróbicas. Oxigênio insuficiente: NAD+ é regenerado. Lactato: transportado do músculo para o fígado (gliconeogênese) Excesso de NADH provoca inibição da glicólise, prejudicando a produção de energia no músculo. Oxidação de NADH: cadeia respiratória ou conversão de piruvato em lactato. Pássaros migradores: vertebrados pequenos). Animais de grande porte (homem): Corrida 100 m: 30 min para recuperar. Lactobacilos e estreptococos: fermentam a lactose do leite. Produção de queijo e iogurte. Jacarés: lentos e letárgicos; atacam rápido, mas com muito lactato. Regulação de via metabólica Toda via metabólica: pelo menos uma reação bem regulada por enzima. Reações exergônicas e irreversíveis na célula. Hormônios: podem alterar a velocidade das enzimas-chave rapidamente. Enzimas alostéricas (moduladores) Regulação da via glicolítica Hexoquinase: Todos os tecidos. possui alta afinidade pela glicose e atua em Vmáxima – baixo KM. É inibida pelo P (glicose-6P). Glicoquinase: predomina no fígado. menor afinidade pela glicose– alto KM. Excesso de glicose é transportado para dentro dos hepatócitos. Não é inibida pelo seu P (glicose-6P). Evita hiperglicemia pós-prandial. Fosfofrutoquinase - PFK1 Enzima alostérica. ATP é substrato para esta E e produto final da via. Alta [ATP]: está produzindo mais rápido do que consome. ATP inibe sua atividade. ADP e AMP estimulam. Citrato (CAC) inibe Frutose-2,6 bifosfato ativa fortemente. Sua concentração no fígado diminui em resposta ao hormônio glucagon, desacelerando a glicólise e estimulando a gliconeogênese. Piruvato quinase Alta [ATP] inibe esta Enzima diminuindo sua afinidade pelo S (PEP). Insulina estimula as 3 enzimas da glicólise. Metabolismo secundário da Glicose: quantidade de glicose consumida é muito pequena. Glicose convertida em ácido glicurônico /ácido ascórbico (vitamina C). Via das pentoses fosfato. Via das pentoses fosfato produz NADPH e ribose-5P. Glicose-6P + 2 NADP+ + H2O ribose-5P + CO2 + 2 NADPH + 2 H+ NADPH: Biossíntese de ácidos graxos D-riboses: síntese de ácidos nucléicos (DNA e RNA). Ocorre no citoplasma das células. Via estimulada por insulina O fluxo depende da necessidade de NADPH, ribose-5P e ATP na célula. Via das pentoses fosfato NADPH: Agente redutor síntese de ácidos graxos (fígado e glândulas mamárias) síntese de esteróides (córtex adrenal) mantém glutationa reduzida (eritrócitos) participação na síntese de óxido nítrico NADPH: Agente redutor NADPH: Agente redutor NADPH: Agente redutor NADPH: Agente redutor Ciclo do Ácido Cítrico Ciclo do glioxalato: acetil-CoA convertido em oxaloacetato (lipídios em carboidratos) Deficiência de Vitaminas Deficiência de Tiamina/vitamina B1: distúrbio neuropsiquiátrico Atitude e andar anormais, função mental e memória perturbada, desorientação. Incidência mais alta nos europeus (fatores genéticos e ambientais). Piruvato desidrogenase afetada. O cérebro obtém sua energia da oxidação aeróbica da glicose.