UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM CUIDADOS CLÍNICOS ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM ENFERMAGEM LUCIANA ALVES DA ROCHA CUIDADO CLÍNICO DE ENFERMAGEM A PESSOAS COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA: relação entre diagnósticos NANDA, modos adaptativos de Roy e intervenções da NIC FORTALEZA 2008 2 LUCIANA ALVES DA ROCHA CUIDADO CLÍNICO DE ENFERMAGEM A PESSOAS COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA: relação entre diagnósticos NANDA, modos adaptativos de Roy e intervenções da NIC Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Cuidados Clínicos em Saúde, na área de concentração em Enfermagem. Orientadora: Prof. Dra. Lúcia de Fátima da Silva. FORTALEZA 2008 3 LUCIANA ALVES DA ROCHA CUIDADO CLÍNICO DE ENFERMAGEM A PESSOAS COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA: relação entre diagnósticos NANDA, modos adaptativos de Roy e intervenções da NIC Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Cuidados Clínicos em Saúde, na área de concentração em Enfermagem. Defesa em: 26/02/2008 BANCA EXAMINADORA ____________________________________________ Profa. Dra. Lúcia de Fátima da Silva Orientadora-UECE ____________________________________ Prof. Dr. Marcos Venícios de Oliveira Lopes Membro efetivo ____________________________________ Profa. Dra. Maria Célia Freitas Membro efetivo ____________________________________ Profa. Dra. Maria Vilani Cavalcante Guedes Membro suplente 4 Linha de Pesquisa: Concepções Teóricas e Filosóficas da Saúde e de Enfermagem Pesquisa financiada pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP). 5 DEDICATÓRIA Ao meu pai Luiz e minha mãe Salete pelas oportunidades que me proporcionaram na vida e pelos incentivos que muito contribuíram para as minhas conquistas. À minha irmã-mãe Luiziete, a quem amo muito e que está sempre presente ao meu lado, me apoiando, incentivando e que me faz crer que pela dedicação e força de vontade tudo é possível. 6 AGRADECIMENTOS A Deus por estar sempre presente em minha vida, me guiando pelo caminhar da sabedoria e pela graça de tornar possível mais uma conquista. Aos meus pais Luiz e Salete, por tudo o que fizeram, fazem e farão por mim. Ao meu namorado, Roney, pela cumplicidade, carinho, atenção e pelo incentivo em busca dos meus ideais. À professora Lúcia de Fátima da Silva, minha orientadora, pessoa que admiro imensamente pela inteligência e capacidade de raciocínio. Obrigada por me orientar e contribuir para o meu crescimento pessoal e profissional. Aos membros da Banca, Dr. Marcos Venicios de Oliveira, Dra. Célia Freitas e Dra. Vilani Guedes, por terem aceitado a participar da avaliação deste estudo e por suas contribuições para o aprimoramento do estudo. As minhas amigas do Mestrado Rita e Larissa pela amizade e companherismo. À enfermeira Maria José de Assis que me acolheu de braços abertos em sua unidade, contribuindo para meu crescimento profissional e aperfeiçoamento. À Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP), pelo apoio financeiro dispensado a equipe. À funcionária Rafaela do Mestrado Acadêmico em Cuidados Clínicos em Saúde pela atenção dispensada. À funcionária Toinha do ambulatório do Hospital de Messejana pela receptividade no serviço e pela ajuda na aproximação com os pacientes. Aos pacientes com insuficiência cardíaca, por terem aceitado participar do estudo. 7 RESUMO Estudo acerca da adaptação de pessoas portadoras de insuficiência cardíaca (IC) à sua condição de doente crônico que objetivou caracterizar portadores de IC acompanhados em um ambulatório de cardiologia, em Fortaleza-Ceará; associar os modos de adaptação de Callista Roy a diagnósticos de enfermagem da NANDA identificados na clientela; analisar os problemas de adaptação por ela apresentados; e propor intervenções de enfermagem necessárias, a partir da taxonomia NIC. Tratase de pesquisa descritiva e transversal, desenvolvida entre maio e agosto de 2007, com 28 pessoas portadoras de IC. Utilizou-se, para coletar os dados, uma entrevista clínica e um roteiro de exame físico. Após identificar os diagnósticos de enfermagem, com base em Risner, eles foram relacionados aos problemas comuns de adaptação de Callista Roy. Tal associação foi discutida com base na literatura vigente e, para os problemas de adaptação, foram propostas intervenções de enfermagem. Todos os preceitos legais foram rigorosamente considerados. O estudo revelou uma população predominantemente masculina; casada, de faixa etária entre 35 e 60 anos; residente na capital; com ensino fundamental incompleto e renda familiar de 1 a 3 salários mínimos. Quanto à etiologia da IC, a mais freqüente foi a miocardiopatia dilatada. Foram analisados 21 dos 27 diagnósticos de enfermagem. Os principais foram: Dentição prejudicada; Intolerância à atividade; Sentimento de impotência; Desempenho de papel ineficaz; Disfunção sexual; Insônia; Controle ineficaz do regime terapêutico; Comportamento de saúde propenso a risco; Dor aguda; Constipação; Nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais; Percepção sensorial perturbada – visão. Os diagnósticos de enfermagem identificados se caracterizavam como problemas de adaptação à condição de saúde. Como principais problemas de adaptação identificados mencionam-se: intolerância à atividade; impotência; falha de papel; disfunção sexual; privação de sono; dor aguda, constipação; nutrição desequilibrada mais do que as necessidades corporais; deficiência de um sentido primário. Diante dos achados, espera-se suscitar reflexões dos enfermeiros para considerarem os problemas de adaptação de seus pacientes portadores de IC no desempenho do cuidado clínico a eles dispensados, de modo que ao implementarem intervenções de enfermagem, os estimulem ao alcance de sua adaptação à condição de doente crônico. Assim, o estudo traz contribuições para a consolidação do uso de teorias no processo de cuidar em enfermagem. Palavras-chave: Insuficiência Cardíaca. Adaptação. Enfermagem. Teoria de Callista Roy. 8 ABSTRACT Study concerning the adaptation of people carriers of cardiac insufficiency (CI) to its condition of chronic diseased person that objectified to characterize carriers of CI followed in a cardiologic ambulatory, in Fortaleza-Ceara; to associate the ways of adaptation by Callista Roy to the nursing diagnostic by NANDA identified in the clientele; to analyze the problems of adaptation presented for the clientele; and to consider the necessary nursing interventions, starting from the NIC taxonomy. It is a descriptive and transversal research, developed between May and August of 2007, with 28 people carrying of CI. It was used, to collect the data, a clinical interview and a script of physical examination. After to identify the nursing diagnostics, based on Risner, they had been related to the common problems of adaptation of Callista Roy. Such association was discussed based on the effective literature and, for the adaptation problems, had been proposed nursing interventions. All the legal rules had been rigorously considered. The study disclosed a population predominantly masculine; married, between 35 and 60 years; resident in the capital; with incomplete basic education and familiar income of 1 to 3 minimum wages. How about the etiology of CI, the most frequent one was the dilated myocardiopathy . Had been analyzed 21 of the 27 nursing diagnostics. The main ones had been: Harmed dentition; Intolerance to the activity; Feeling of impotence; inefficacious performance; sexual dysfunction; sleeplessness; inefficacious control of the therapeutic regimen; health behavior inclined to risk; acute pain; constipation; unbalanced nutrition: more than the corporal necessities; sensorial perception disturbed - vision. The identified nursing diagnostics were characterized as problems of adaptation to the health condition. As main identified problems of adaptation were mentioned: intolerance to the activity; impotence; failure of the role; sexual dysfunction; sleep privation; acute pain, constipation; nutrition unbalanced more than the corporal necessities; deficiency of a primary sense. Ahead of the findings, we expect to excite reflections of the nurses to consider the problems of adaptation of their patients carriers of CI in the execution of their clinical care, in way that when implementing interventions of nursing, stimulate them to the reach of its adaptation to the condition of chronic diseased person. Thus, the study brings contributions for the consolidation of the uses of theories in the process of to take care in nursing. Word-key: Cardiac insufficiency. Adaptation. Nursing. Theory of Callista Roy. 9 SUMÁRIO LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................. 11 LISTA DE TABELAS......................................................................................... 12 LISTA DE QUADROS........................................................................................ 13 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 14 2 OBJETIVOS.................................................................................................... 19 3 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 20 3.1 Adoecimento por insuficiência cardíaca.......................................... 20 3.2 As classificações da prática de enfermagem como subsídio para o cuidado clínico sistematizado................................................ 24 3.3 Processo de raciocínio diagnóstico................................................. 31 4 REFERENCIAL TEÓRICO (Teoria de Callista Roy)..................................... 32 4.1 Contribuição de estudos a partir do referencial de Callista Roy... 39 5 METODOLOGIA ............................................................................................. 41 5.1 Tipo de estudo ................................................................................... 41 5.2 Caracterização do local da pesquisa................................................ 41 5.3 População e amostra.......................................................................... 42 5.4 Instrumento de coleta de dados........................................................ 43 5.5 Procedimento de coleta de dados.................................................... 44 5.6 Identificação dos diagnósticos de enfermagem.............................. 45 5.7 Organização e análise dos dados..................................................... 45 6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS............................................. 47 6.1 Caracterização dos clientes com insuficiência cardíaca............ 47 6.2 Diagnósticos de enfermagem identificados nos clientes com insuficiência cardíaca...................................................................... 56 6.3 Associação entre os diagnósticos de enfermagem segundo a 10 NANDA e a tipologia de problemas comuns de adaptação segundo a Teoria de Callista Roy................................................... 58 6.4 Discussão dos problemas comuns de adaptação e seus estímulos segundo os modos fisiológico, desempenho de papel, autoconceito de Callista Roy.............................................. 66 7. CONCLUSÕES.............................................................................................. 99 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 102 9. APÊNDICE.................................................................................................... 119 10. ANEXOS...................................................................................................... 121 11 LISTA DE ABREVIATURAS AVC Acidente vascular cerebral COFEN -Conselho Federal de Enfermagem DM -Diabetes melitus HAS -Hipertensão Arterial Sistêmica IBGE -Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IC - Insuficiência cardíaca IMC -Índice de Massa Corporal MCPD - Miocardiopatia dilatada LDL -Low Density Lipoprotein NANDA -North American Nursing Diagnosis Association NYHA - New York Heart Association NIC - Classificação das Intervenções de Enfermagem NOC -Classificação dos Resultados de Enfermagem OMS -Organização Mundial de Saúde SAE -Sistematização da Assistência de Enfermagem SUS -Sistema Único de Saúde UTI -Unidade de Terapia Intensiva 12 LISTA DE TABELAS TABELA 1: Distribuição dos pacientes com insuficiência cardíaca segundo os indicadores de sexo, idade, escolaridade, renda familiar, estado civil, religião e procedência 47 TABELA 2: Distribuição dos pacientes com insuficiência cardíaca de acordo com as co-morbidades 53 TABELA 3: Distribuição dos diagnósticos de enfermagem identificados nos pacientes com insuficiência cardíaca 56 13 LISTA DE QUADROS QUADRO 1: Classificação da NYHA para a insuficiência cardíaca QUADRO 2: Estágios da insuficiência cardíaca QUADRO 3: Princípios do tratamento da insuficiência cardíaca QUADRO 4: Tipologia de indicadores de adaptação positiva e de problemas comuns de adaptação segundo o modo fisiológico de Callista Roy QUADRO 5: Tipologia de indicadores de adaptação positiva e de problemas comuns de adaptação segundo o modo de desempenho de papel de Callista Roy QUADRO 6: Tipologia de indicadores de adaptação positiva e de problemas comuns de adaptação segundo o modo de autoconceito de Callista Roy QUADRO 7: Tipologia de indicadores de adaptação positiva e de problemas comuns de adaptação segundo o modo de interdependência de Callista Roy QUADRO 8: Associação entre os diagnósticos de enfermagem da NANDA identificados nas pessoas portadoras de IC e os problemas comuns de adaptação de Roy do Modo fisiológico QUADRO 9: Associação entre os diagnósticos de enfermagem da NANDA identificados nas pessoas portadoras de IC e os problemas comuns de adaptação de Roy do modo de desempenho de papel QUADRO 10: Associação entre os diagnósticos de enfermagem da NANDA identificados nas pessoas portadoras de IC e os problemas comuns de adaptação de Roy do modo de autoconceito 21 22 23 34 36 36 37 59 64 65 14 1 INTRODUÇÃO O interesse pela temática do processo de cuidar em enfermagem, de modo especial, pelo cuidado sistematizado, surgiu ao longo do curso de Graduação. Desde essa época, percebe-se que muitas vezes o cuidado de enfermagem focaliza-se predominantemente nos aspectos biológicos e na imposição de novas regras de vida, sobretudo quando se trata de portadores de adoecimento crônico. Portanto, diante da insatisfação pela forma como os pacientes com adoecimento crônico são cuidados e, em face da oportunidade decorrente da condição de bolsista de iniciação científica, quando acadêmica de enfermagem, desenvolveu-se uma investigação na qual se analisou a contribuição da educação em saúde, por meio de práticas grupais, no processo de adaptação das pessoas à situação de serem hipertensas. O estudo foi fundamentado na Teoria de Enfermagem de Callista Roy que trata o cuidado de enfermagem como um suporte profissional dispensado pelos enfermeiros aos seus pacientes com vistas à sua adaptação às diversas condições de vida (ROY; ANDREWS, 1999). Conforme os resultados possibilitaram perceber, efetivamente, a enfermeira deve se utilizar do seu papel de educadora em saúde para auxiliar na mudança comportamental dos clientes, com a finalidade de contribuir para que eles alcancem a melhor condição de saúde (ROCHA; SILVA, 2004). Na oportunidade de produzir uma monografia de pós-graduação, em nível lato sensu, também com pacientes portadores de adoecimento crônico, estudou-se a sistematização do cuidado de enfermagem dispensada a essas pessoas. Por meio do estudo, ficou evidenciada a importância de desenvolver um cuidado sistematizado, pois este fornece subsídios para elaboração de planos de cuidados, implementação das intervenções e avaliação de resultados, de acordo com as necessidades dos pacientes (ROCHA, 2005). Como a aproximação da pesquisadora com pessoas adoecidas cronicamente vem sendo uma constante, também na função de enfermeira assistencial, em um hospital de referência em doenças cardiovasculares, tem-se a oportunidade de observar e trabalhar no cuidado de pessoas com diversas patologias cardíacas. Ali, segundo se tem percebido, todo um aparato tecnológico é utilizado para se chegar ao diagnóstico preciso das doenças, assim como é este o norte para implementação de terapêutica a estas pessoas. Porém, o cuidado aos 15 pacientes deve ir além dos aspectos biológicos, e respeitar, de modo particular, a singularidade e subjetividade de cada pessoa. Na prática, por conseguinte, percebe-se a importância de adquirir e aprofundar conhecimentos sobre o cuidado de enfermagem a pacientes cardíacos que requerem domínio clínico da enfermeira de modo que ela dispense à sua clientela cuidado qualificado, individualizado, pautado na precisão de intervenções, no dinamismo das ações e baseado na competência técnico-científica, sem, no entanto, perder de vista o fundamento humanitário. A partir do contato com as pessoas portadoras de adoecimento crônico, em especial entre os portadores de insuficiência cardíaca (IC) no setor onde a pesquisadora trabalha, pôde-se compreender que muitos pacientes internados, quase sempre por complicações da doença, tinham ou tiveram dificuldades de adaptação ao novo estilo de vida imposto pelo adoecimento. Impressiona ouvi-los falar da dificuldade em adaptar-se a novas condições, até mesmo da impossibilidade de fazê-lo, apesar de demonstrarem consciência de que sua nova condição de vida requer mudanças. Mesmo a despeito de no ambiente de trabalho ter-se como base do processo de trabalho um modelo de sistematização de cuidar pré-estruturado, ainda não se conseguiu ajudá-los o quanto é possível. O processo sistematizado então utilizado baseia-se no Modelo de Diagnósticos de Enfermagem da North American Nursing Diagnosis AssociationNANDA (NANDA, 2000), na sua versão da Taxonomia I. Mas a NANDA avançou para a versão da Taxonomia II, a qual lhe permite maior flexibilidade na apreensão de seus diagnósticos de enfermagem. Contudo, como na prática sente-se falta de um referencial teórico que dê suporte às ações de enfermagem, vislumbra-se o uso do Modelo de Adaptação de Callista Roy (ROY; ANDREWS, 1999) como um referencial no desenvolvimento do cuidado de pessoas com enfermidade crônica, entre elas, portadores de IC, em especial, aqueles que têm feito parte do dia-a-dia da autora como enfermeira. Consoante se percebe, o referencial teórico de Roy oferece elementos adequados ao cuidado de enfermagem por colaborar na adaptação de pacientes com doenças crônicas, tais como, portadores de IC, pois busca fornecer subsídios para a implementação de um cuidado clínico qualificado quando auxilia o paciente 16 na sua trajetória de adoecimento, contribuindo para a promoção de sua adaptação às novas condições de saúde e doença. De acordo com os pressupostos dessa teoria, a meta da enfermagem é promover respostas humanas, utilizando os modos adaptativos fisiológico, de desempenho de papel, de autoconceito, e de interdependência, em vista de serem estas as respostas que se relacionam positivamente com a saúde. Conforme este entendimento, o objetivo da enfermeira é, pois, reduzir respostas inefetivas e promover a saúde em todos os processos de vida, estimulando, nas pessoas cuidadas, respostas adaptativas. Lembre-se que a Teoria de Callista Roy considera uma pessoa adaptada quando ela se encontra em equilíbrio consigo mesma, e, ao mesmo tempo, mantém harmonioso relacionamento com os outros. Logo, o período de adaptação a um agravo à saúde interliga-se com o retorno à percepção de bem-estar físico, psíquico e social (ROY; ANDREWS, 1999). Diante do exposto, pressupõe-se o que a associação entre os modos adaptativos de Roy e os diagnósticos de enfermagem da NANDA apresentados por estas pessoas portadoras de IC levará à identificação de intervenções de enfermagem capazes de melhorar suas respostas adaptativas. O cuidado clínico de enfermagem, fundamentado na Teoria de Roy, favorece a adaptação de pessoas portadoras de IC a assumirem estilo de vida que lhes proporcione bem estar. Nesta perspectiva, ante a oportunidade de desenvolver a dissertação no Curso de Pós-Graduação, na modalidade stricto sensu, como exigência à conclusão do referido curso, vislumbrou-se a realização da presente investigação. Para elaborá-la, optou-se pelo estabelecimento de uma associação entre os modos adaptativos, segundo Roy e Andrews (1999), apresentados pelas portadoras de IC, e os diagnósticos de enfermagem identificados na referida clientela de acordo com a Taxonomia II da NANDA. Assim, com base nesta associação, foram planejadas as Intervenções de Enfermagem da NIC capazes de contribuir para o processo adaptativo destas pessoas à sua condição de saúde. A escolha por esta camada de pessoas adoecidas (portadoras de IC) decorreu do elevado índice da IC como uma das principais causas de morte e incapacidade (OMS, 2003; OPAS, 2003). Entre essas, as mais relevantes para a saúde pública são as cardiovasculares, o câncer e o diabetes mellitus (DM). Nas 17 cardiovasculares sobressaem a doença isquêmica cardíaca, a cerebrovascular (AVC), a hipertensão arterial sistêmica (HAS) e a insuficiência cardíaca (IC) (OPAS, 2003; OMS, 2003; SMELTZER; BARE, 2005). Consoante estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil deverá comprometer 3 bilhões de dólares de toda sua produção nacional devido a mortes prematuras por doenças do coração, AVC e diabetes mellitus (OPAS, 2005). Entre as doenças cardiovasculares, a IC é fonte de inquietação e de rico aprendizado. Ultimamente, referida doença tornou-se um dos maiores problemas de saúde pública, tendo a prevalência de 1 a 2% na população mundial (GRADY; DRACUP; KENNEDY et al., 2000). Como mostra a literatura, esta é a via final mais comum da maioria das cardiopatias, uma síndrome endêmica em todo o mundo e um importante problema de saúde pública, com prevalência e incidência crescentes e altos índices de hospitalizações associadas à alta morbimortalidade, sobretudo quando presentes co-morbidades (BARRETO; DRUMOND NETO; MADY et al., 2002; OCHIAI; FRANCO; GEBRARA et al., 2004; CASTRO; VERDEJO; VUKASOVIC et al., 2006). É, também, a principal causa de internação nos países desenvolvidos e no Brasil é a terceira causa geral de internação e a primeira em cardiovascular, com alta mortalidade (BOCCHI; VILAS-BOAS; PERRONE et al., 2005; DBHA, 2006). Segundo dados do Sistema Único de Saúde, em 2002, no Brasil, cerca de 398 mil hospitalizações e 26 mil mortes ocorreram devido à IC. No ano de 2004, foram realizadas cerca de 11,5 milhões de internações, sendo as doenças do aparelho cardiovascular responsáveis por mais de 1,2 milhão. Naquele ano foi a causa cardiovascular mais freqüente, determinando 339.770 hospitalizações (BRASIL, 2004; BRASIL, 2005). Quanto ao custo social e econômico da doença, é bem elevado, pois há grandes gastos com medicamentos, internações, perda da produtividade, aposentadorias precoces, cirurgias e eventualmente transplante cardíaco. Para Araújo, Tavares, Veríssimo et al. (2005), o custo direto está relacionado com as hospitalizações e gastos com medicamentos, enquanto os custos indiretos estão relacionados ao impacto econômico. Estes, porém, assemelham-se aos custos diretos. Determinados fatores elevam o número de hospitalizações. Como afirmam Bennett (1997) e Barreto e Bocchi (2003), o fator que eleva o número de 18 hospitalizações é a não-adesão ao tratamento ao passo que a adesão reduz as internações ocasionadas pelas descompensações da doença. Portanto, trata-se de uma doença crônica para a qual se exigem adaptações nos hábitos de vida diária das pessoas e, estas modificações geralmente são conflitantes, por interferirem em vários aspectos da vida dessas pessoas. Outra afirmativa relevante é a de Ferreira e Gallani (2005), quando referem que a produção científica brasileira na enfermagem sobre IC ainda é limitada. Como esta clientela faz parte do cuidado prestado por muitas enfermeiras, é indispensável o desenvolvimento de estudos sobre o cuidado de enfermagem, diagnóstico e intervenção dos pacientes para pessoas com IC. Assim, considera-se que este estudo com foco no nível de adaptação dos pacientes com IC e a identificação dos diagnósticos de enfermagem presentes contribuirá para definir o perfil dessa clientela e conhecer as características da população na qual se trabalha. Complementarmente, a partir de então, poderá se planejar as intervenções de enfermagem para resolução de problemas, evitar complicações com risco de vida, além de melhorar a qualidade de vida. Para a pesquisadora, a associação entre os diagnósticos de enfermagem da NANDA e o modo de Roy é importante, pois mostra ser possível utilizar a taxonomia da NANDA com a teoria de adaptação de Roy com vistas a alcançar adaptação. Ademais, a proposta de intervenção a partir da taxonomia da NIC favorece o direcionamento para um cuidado clínico de enfermagem mais qualificado. Além destes, outro aspecto deve ser considerado, qual seja, o uso da Teoria de Enfermagem de Callista Roy, por certo, contribui para a construção do conhecimento e engrandecimento da profissão como ciência, pois a utilização de teorias propicia embasamento científico para o desempenho do cuidado clínico de enfermagem. Deste modo, este estudo foi desenvolvido também nesta perspectiva. 19 2 OBJETIVOS • Geral Analisar os diagnósticos de enfermagem relacionados ao processo de adaptação de um grupo de pessoas portadoras de IC tendo como base o Modelo de Adaptação de Roy • Específicos Identificar as características dos pacientes com insuficiência cardíaca acompanhados em um ambulatório, tendo como base os indicadores sexo, idade, escolaridade, religião, estado civil, renda familiar e história na família de doença cardíaca; Levantar os diagnósticos de enfermagem da NANDA em pessoas com insuficiência cardíaca; Estabelecer a relação entre os modos de adaptação de Roy e os diagnósticos de enfermagem da NANDA identificados em um grupo de pessoas portadoras de IC. Analisar os problemas de adaptação de Roy apresentados em pessoas com insuficiência cardíaca. Relacionar intervenções de enfermagem segundo a taxonomia da NIC aos problemas de adaptação identificados nos participantes do estudo. 20 3 REVISÃO DE LITERATURA Para desenvolver o estudo faz-se necessário o conhecimento e embasamento teórico de componentes vistos como capazes de propiciar reflexões sobre a prática e melhor compreensão dos conceitos e pressupostos. Portanto, buscaram-se informações sobre a insuficiência cardíaca, processo sistematizado de enfermagem e a Teoria de Enfermagem de Callista Roy. 3.1 Adoecimento por insuficiência cardíaca A IC constitui um dos maiores motivos de procura às emergências, uma causa constante de internações em unidades de terapia intensiva e um dos quadros clínicos que o médico enfrenta desde a formação acadêmica (BELZITI, 2006). É uma síndrome clínica complexa, definida como falência do coração em prover o suprimento adequado de sangue capaz de suprir as necessidades metabólicas e tissulares, ou o fazer somente com elevadas pressões de enchimento. Resulta de uma desordem funcional ou estrutural que prejudica a função do ventrículo (HUNT; BAKER; MARSHALL et al, 2001; ARONOW, 2003; KOPEL; CARVALHO; LAGE, 2004). Ultimamente, a abordagem da IC vem sofrendo modificações, sobretudo relacionadas à compreensão de mecanismos fisiopatológicos, principalmente moleculares. Para Consolim-Colombo e Atala (2004), a definição de IC era baseada nas alterações hemodinâmicas decorrentes da falência do músculo cardíaco como bomba de sangue, com ênfase na presença de sinais e sintomas sugestivos da IC. Tal modelo hemodinâmico foi substituído para o neuro-humoral, resultando numa melhor compreensão de sinais e sintomas que compõem o quadro clínico desta síndrome (STOCCO; BARRETO, 2000). Clinicamente, a IC é definida como uma síndrome que consiste em fadiga, dispnéia, retenção de sal e água (edema periférico e pressão venosa jugular elevada). São sinais e sintomas decorrentes da resposta fisiopatológica diante da incapacidade de o coração liberar sangue para atender às necessidades metabólicas dos tecidos, a despeito de adequadas pressões de enchimento (BARRETO;BOCCHI, 2003). 21 Assim, em 1964, surgiu a primeira classificação funcional da IC, proposta pela New York Heart Association (NYHA). Esta classificação baseia-se na limitação da tolerância aos esforços habituais e é usada para estimar a gravidade da IC. Distribui-se em quatro grupos de acordo com o grau da atividade (BATLOUNI, 2000; SMELTZER; BARE, 2005). Para a New York Heart Association, a IC pode ser classificada em estágios, como mostra o Quadro 1. QUADRO 1-Classificação da NYHA para a insuficiência cardíaca Classificação I Sintomas Atividade física comum não provoca fadiga indevida, dispnéia, palpitações ou dor torácica. Prognóstico Bom Nenhuma congestão pulmonar ou hipotensão periférica. O paciente é considerado assintomático. Usualmente sem limitações sobre as atividades da vida diária (AVDs). II Discreta limitação sobre as AVDs. Bom O paciente não relata sintomas em repouso, mas a atividade física aumentada provocará sintomas. Estertores basais e sopro em S3 podem ser detectados. III Acentuada limitação nas AVDs. Razoável O paciente sente-se confortável em repouso, porém a atividade menor que a usual provocará sintomas. IV Sintomas de insuficiência cardíaca em repouso. Ruim Fonte: Smeltzer e Bare (2005). Segundo Hunt; Baker; Marshall et al. (2001), esta classificação clínica está ligada à subjetividade do cliente e do observador, pois pode mudar em um período curto de tempo e o tratamento usado é o mesmo. Porém, para Kopel e Lage (2000), é uma classificação útil para comparar diferentes grupos ou para acompanhar um mesmo cliente ao longo do tempo. Além da classificação NYHA, há outra nomenclatura para avaliação do estágio da IC (sistema ABCD). É uma classificação atual e separada em estágios, conforme exposto no Quadro 2. 22 QUADRO 2-Estágios da insuficiência cardíaca Estágio A Pacientes em risco de desenvolver IC em virtude de condições co-mórbidas associadas com o desencadeamento da IC. Os pacientes são assintomáticos, não havendo anormalidades estruturais valvulares ou ventriculares. Ex: hipertensos, portadores de doença coronária, diabetes. Estágio C Pacientes que apresentam prévia ou atual IC sintomática, associada com doença estrutural cardíaca. Estágio B Pacientes que desenvolveram doença cardíaca estrutural, fortemente associada com o desenvolvimento da IC, mas não têm sintomas de IC. Ex: hipertrofia ventricular esquerda, doença valvular cardíaca assintomática com dilatação ventricular, IAM prévio. Estágio D Pacientes com nítidos sintomas de IC em repouso, a despeito da máxima terapia farmacológica, e que necessitam de intervenções especializadas. Ex: pacientes que não podem ter alta do hospital, recorrência de hospitalização, pacientes com suporte inotrópico contínuo para alívio sintomático ou em assistência circulatória. Fonte: Barreto, Drumond Neto, Mady et al. (2002); Barreto e Bocchi (2003). Ressalta-se, no entanto, que apesar de novos recursos para o diagnóstico da IC, a análise dos sinais e sintomas é importante, pois complementa o raciocínio clínico para se chegar ao diagnóstico da doença (STOCO; BARRETO, 2000). Para esses autores, é necessário uma boa coleta de dados e um exame físico minucioso, podendo utilizar-se da classificação juntamente com os sinais e sintomas a seguir: 1. Sinais atribuíveis ao coração: taquicardia, ritmo de galope, intolerância aos esforços, cardiomegalia e arritmias. 2. Sinais e sintomas de insuficiência ventricular esquerda: dispnéia de esforço, ortopnéia, tosse, expectoração, edema agudo de pulmão, cianose, fraqueza, fadiga. 3. Sinais e sintomas de insuficiência ventricular direita: ingurgitamento jugular, hepatomegalia congestiva, reflexo hepatojugular, derrame pleural, sintomas gastrointestinais (náuseas, vômitos, anorexia). 4. Evidências de hiperatividade adrenérgica: vasoconstricção periférica, cianose de extremidades, arritmias. Mesmo assim, no idoso, o diagnóstico de IC é dificultado pelas alterações da percepção e pela autolimitação da atividade física, associadas à perda de audição, de memória e de compreensão comuns nessa faixa etária (SACOMANN, 2006). 23 Como afirmam Smeltzer e Bare (2005), a IC pode ser aguda ou congestiva. Na IC aguda o acometimento é súbito e decorre de qualquer situação que torne o coração incapaz de um bombeamento eficaz, como infarto agudo do miocárdio ou arritmia severa do coração. Exige tratamento médico emergencial e é fatal na maioria das vezes. Na IC congestiva o desenvolvimento é gradual, e embora possa durar anos, pode também ter o acometimento de forma súbita. Por ser uma condição crônica, gera a possibilidade de adaptações do coração e, deste modo, permite uma vida prolongada, com limitação, se tratada de forma correta. A IC pode ser resultante de qualquer doença que comprometa o funcionamento cardíaco. Além disso, mais de um fator etiológico pode estar presente numa mesma pessoa. Contudo, a cardiopatia isquêmica é a principal etiologia da IC (BARRETO; BOCCHI, 2003). Conforme o estágio da doença, o tratamento da IC pode ser nãofarmacológico, farmacológico, e cirúrgico, baseado em determinados princípios. De acordo com Barreto, Drumond Neto, Mady et al. (2002), e como mostra o Quadro 3, os princípios do tratamento são os seguintes: QUADRO 3 - Princípios do tratamento da insuficiência cardíaca Medidas farmacológicas Inibidores da enzima conversora Diuréticos Betabloqueadores Antagonistas dos receptores de aldosterona Antagonistas dos receptores de angiotensina II Digitálicos Agentes vasodilatadores Inodilatadores Anticoagulantes Antiarrítimicos Fonte: Barreto, Drumond Neto, Mady et al. (2002). Manuseio não- farmacológico Identificação da etiologia e remoção de causas subjacentes Eliminação ou correção de fatores agravantes Medidas não farmacológicas e aconselhamentos sobre a doença Exercício físico Vacinação para o vírus da gripe Cirurgia e marcapasso Marcapasso Desfibriladores implantáveis Cirurgia de correção da insuficiência mitral Revascularização do miocárdio Ventriculectomia Cardiomioplastia Transplante cardíaco Entre as medidas não-farmacológicas utilizadas para minimizar os sintomas, retardar as complicações e melhorar a qualidade de vida das pessoas portadoras da IC, algumas sobressaem, como: alterações no estilo de vida, hábitos alimentares, 24 manutenção do peso, correção da obesidade, controle na ingestão de sal, líquidos e álcool, atividade física e laborativa. Contudo, modificações nos hábitos da vida diária geralmente são conflitantes, pois vão de encontro a vários aspectos da vida dessas pessoas. Desse modo, é preciso enfocar a adesão ao tratamento e à nova condição de vida (BARRETO; BOCCHI, 2003). Sobre as medidas não-farmacológicas ressalta-se o seguinte: desde 2001, as enfermeiras na Espanha desenvolvem programas com enfoque no tratamento não-farmacológico da IC. Esses programas são baseados em modelos de programas europeus e norte-americanos. A pessoa portadora de IC é educada sobre a doença, as medicações, a dieta a ser seguida e a monitorização diária do peso e dos sinais e sintomas da descompensação da doença. Ademais, nesses programas, as enfermeiras seguem o pressuposto de que a partir do conhecimento da doença, dos sinais e sintomas, do tratamento, os pacientes aderem melhor ao tratamento (HOLST; KAYE; RICHARDSON et al, 2001; STAPLES; EARLE, 2004; GONZÁLEZ; LUPÓN; PARAJÓN et al., 2004). Por ser uma enfermidade crônica e requerer alterações no estilo de vida, a IC exige total cooperação dos clientes. Entretanto, os profissionais de saúde observam a não-adesão e a dificuldade destes de se adaptar ao novo estilo de vida. Diante disto e com vistas a melhores resultados, as orientações de enfermagem devem ser iniciadas logo após o diagnóstico. Mas as orientações não se reduzem apenas ao repasse de informações, pois cada pessoa portadora da IC deve ser vista como um ser individual, considerando seus aspectos culturais, sociais, econômicos e educacionais. O cuidado de enfermagem deve ser desenvolvido em conjunto com a pessoa portadora da IC e, assim, melhores resultados poderão ser alcançados. 3.2 As classificações da prática de enfermagem como subsídio para o cuidado clínico sistematizado No intuito de prestar cuidado de enfermagem qualificado e direcionado, o enfermeiro cada vez mais aprimora seus conhecimentos e, assim, vem desenvolvendo uma metodologia própria de trabalho, fundamentada em um processo sistematicamente planejado de cuidar. Como um método científico largamente utilizado para instrumentalizar a resolução de problemas dos pacientes e 25 tornar o cuidado individualizado, a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) embasa e fundamenta cientificamente as ações da enfermeira (SILVA, 2004). Segundo a Resolução 272, de 27 de agosto de 2002, do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), a enfermeira é responsável pela SAE, como consta nos seus artigos 1º, 2 º e 3 º. Artigo 1o: ao enfermeiro incumbe privativamente a implantação, planejamento, organização, execução e avaliação do processo de enfermagem. Para a implantação da assistência de enfermagem devem ser considerados os aspectos essenciais das seguintes etapas: Histórico de Enfermagem, exame físico, diagnóstico de enfermagem, prescrição de enfermagem e evolução de enfermagem; Artigo 2o: a implantação da SAE deve ocorrer em toda a instituição de saúde pública e privada. Artigo 3: A SAE deverá ser registrada formalmente no prontuário do paciente/cliente/usuário, devendo ser composta por: Histórico de enfermagem; Exame físico; Diagnóstico de Enfermagem; Prescrição da Assistência de Enfermagem; Evolução da Assistência de Enfermagem e Relatório de Enfermagem. Essa sistematização é um instrumento ou modelo metodológico utilizado pelas enfermeiras para favorecer o cuidado e organizar as condições necessárias para concretizá-lo. A aplicação de tal processo de modo sistemático e planejado permite a identificação, compreensão, descrição e explicação de como os pacientes respondem aos problemas de saúde; permite, também, às enfermeiros, com as respostas obtidas, determinar quais aspectos devem ser alvo do seu cuidado profissional (GARCIA; NÓBREGA; CARVALHO, 2004). Para Leopardi (2006), este processo é uma atividade unificadora da profissão. A função da enfermagem, por meio do uso da ciência e da arte, recupera para essa profissão o compromisso de cuidar de pessoas. Ao discutir o processo de enfermagem, Alfaro-Lefevre (2004), define como um método sistemático de prestação de cuidados humanizados, com a finalidade de obter resultados desejados de maneira rentável. É sistemático porque é constituído de cinco etapas: 1. Investigação: consiste na coleta e análise da informação sobre a situação de saúde, na busca de funcionamento anormal ou de fatores de risco que contribuam para os problemas de saúde. 2. Diagnóstico: análise das informações obtidas com a investigação e a identificação de problemas que serão a base do cuidado de enfermagem. 26 3. Planejamento: nessa etapa são determinadas as prioridades, estabelecidas as metas e os resultados esperados, especificadas as intervenções e o registro da individualização do plano de cuidados. 4. Implementação: é a colocação do plano em ação, investigação de novos problemas, realização das intervenções, comunicação e registro. 5. Avaliação: é a determinação se os resultados foram atingidos e se as intervenções foram efetivas. No desenvolvimento do processo, a etapa da investigação representa um levantamento de informações, utilizando-se entrevista e exame físico para que, ao interpretar estes dados, as enfermeiras identifiquem as necessidades ou fenômenos sobre os quais vão agir. Mediante a identificação dos focos de atuação caracterizados com os diagnósticos de enfermagem, eles planejam intervenções a serem implementadas pela equipe de enfermagem. Por fim, analisam os resultados obtidos com as ações empreendidas, retroalimentando o processo científico do cuidar. Para a utilização do processo de enfermagem é essencial trabalhar com um sistema padronizado de linguagem, tanto para diagnósticos, como para intervenções e resultados. Essa padronização pode ser obtida com a utilização de classificações conhecidas internacionalmente. Conforme a literatura, a linguagem padronizada de enfermagem iniciou-se na década de 1970, com o desenvolvimento da Classificação de Diagnósticos da North American Nursing Diagnosis. Tal associação foi formada em 1973, por um grupo de enfermeiras em St.Louis, Missouri, nos EUA. Elas organizaram a primeira Conferência Nacional do Grupo para a Classificação de Diagnósticos de Enfermagem. Até a aceitação da Taxonomia I, foram promovidas sete conferências (JOHNSON; BULECHEK; DOCHETERMAN et al., 2005). A Taxonomia I foi publicada em 1989, e até 2000 a NANDA classificava os diagnósticos utilizando-se dessa nomenclatura. Inclui nove Padrões de Respostas Humanas, que compreendem os domínios: trocar, comunicar, relacionar, valorizar, escolher, mover, perceber, conhecer e sentir (NANDA, 2000). De acordo com a NANDA (2000), o diagnóstico de enfermagem é: Um julgamento clínico sobre as respostas do indivíduo, da família ou da comunidade aos problemas de saúde/processos vitais reais ou 27 potenciais. Um diagnóstico proporciona a base para a seleção de intervenções de enfermagem para garantir os resultados pelas quais a enfermeira é responsável. Após várias críticas à Taxonomia I, motivadas pela impossibilidade de incorporar novos diagnósticos devido sua estrutura e definição, foi desenvolvida a Taxonomia II, que distribui os seus diagnósticos de enfermagem em domínios e classes e passou a ser multiaxial. Desse modo, permite flexibilidade da nomeclatura, modificações e inclusão de novos diagnósticos. Cada domínio é composto por classes e cada classe é composta por conceitos diagnósticos. Esta Taxonomia era composta, inicialmente, por treze domínios, 106 classes, 155 diagnósticos e sete eixos (NANDA, 2002). Os treze domínios são: promoção da saúde; nutrição; eliminação; atividade/repouso; percepção/ cognição; autopercepção; relacionamento de papel; sexualidade; enfrentamento/tolerância segurança/proteção; conforto; ao estresse; princípios crescimento/desenvolvimento. Os da vida; sete eixos correspondem a: conceito diagnóstico; tempo; unidade de cuidado; idade; potencialidade; descritor; topologia. Esses eixos permitem inúmeras possibilidades de diagnósticos, aumentando a cobertura das situações clínicas (NANDA, 2002). Com a publicação da Taxonomia II surgiram mais três edições da NANDA. Nestas, os diagnósticos de enfermagem seguem a Taxonomia II, estrutura taxonômica oficial, e são apresentados a partir de seus componentes básicos, ou seja, definição, características definidoras, fatores relacionados e/ou fatores de risco. Na edição de 2003-2004, houve a inclusão de doze diagnósticos, sendo, portanto, 167 diagnósticos e três revisados (NANDA, 2005). A edição de 2005-2006 reúne 172 diagnósticos, dos quais cinco são novos e três revisados. Já na edição de 2007-20008, houve a maior revisão e acréscimo de diagnósticos de enfermagem à Taxonomia da NANDA Internacional. Foram acrescentados 15 novos diagnósticos de enfermagem e revisados 26. Nesta edição quase todos os diagnósticos apresentam algumas mudanças em suas características definidoras e em seus fatores de risco e/ou fatores relacionados (NANDA, 2008). Salienta-se que para identificar um diagnóstico de enfermagem, são necessários conhecimento e habilidade das enfermeiras e o emprego do pensamento crítico, no qual deverão proceder a interpretações precisas das 28 respostas humanas e, assim, as intervenções serão as mais apropriadas e os resultados mais eficazes e positivos (LUNNEY, 2004). O diagnóstico de enfermagem é uma etapa complexa do processo de enfermagem. É uma coleção de dados por meio de observação, interação, mensuração e interpretação de dados baseados no conhecimento e experiência da enfermeira (RISNER, 1990). Para Jesus (2000), a enfermeira a partir de estratégias e com base em suas experiências, conhecimentos e valores, avalia o significado dos dados sobre os pacientes, estabelece relações entre os dados e nomeia o fenômeno, concluindo então a etapa do diagnóstico. Como afirmam Galdeano, Rossi, Nobre et al. (2003), o raciocínio diagnóstico é um processo de observação crítica e de agrupamento dos dados utilizados para identificar e classificar os fenômenos encontrados em uma situação clínica. De acordo com Lunney (2004), o raciocínio diagnóstico ou aplicação do pensamento crítico à identificação dos problemas exige conhecimento, habilidades e experiência da enfermeira. Envolve processos interpessoais, técnicos e intelectuais. Os interpessoais estão relacionados à comunicação das enfermeiras com os pacientes a fim de coletar os dados. Os técnicos envolvem habilidades com a coleta da história de saúde, avaliação do indivíduo, da família e a realização de exame físico. E os intelectuais estão relacionados ao desenvolvimento da inteligência e uso do pensamento crítico para coletar e analisar os dados, tomando decisões posteriormente. Após a identificação dos diagnósticos de enfermagem, a enfermeira, junto com o paciente ou com a família, deve planejar o cuidado de enfermagem e, nesse planejamento, estarão contidas as intervenções de enfermagem. Para essas intervenções já existe um sistema padronizado de linguagem: a Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC). A NIC é uma taxonomia abrangente que engloba intervenções de enfermagem da prática generalista até as áreas de especialidade, e pode ser utilizada por diferentes pessoas em diversas partes do mundo. O foco de atenção são as ações das enfermeiras para auxiliar o paciente na obtenção do resultado desejado (DOCHTERMAN; BULECHEK, 2008). Em 1987, uma equipe da Universidade de Iowa desenvolveu a NIC. Como uma linguagem abrangente e padronizada das intervenções executadas pelos 29 enfermeiras, inclui todas as intervenções utilizadas por estes profissionais, colaborativas ou independentes, no cuidado direto ou indireto (MCCLOSKEY; BULECHEK, 2008). Como asseveram Napoleão, Chianca, Carvalho et al. (2006), a NIC é uma taxonomia de grande interesse para a enfermagem mundial, e especificamente para a enfermagem no Brasil, pois busca formas de sistematizar o cuidado de enfermagem nas instituições de saúde. Além disso, é um sistema útil para a documentação clínica, para a comunicação de diferentes cuidados entre unidades de tratamento, integração de dados em sistema de informação, eficácia das pesquisas, medida de produtividade, avaliação de competências e para o planejamento curricular (MCCLOSKEY; BULECHEK, 2008). De acordo com Guimarães e Barros (2003), para implementar a NIC com qualidade e visibilidade das ações das enfermeiras, faz-se necessário estabelecer o que é competência das enfermeiras ou atividades independentes e o que é dependente de ordens médicas ou atividades dependentes. Para a escolha de uma intervenção de enfermagem, alguns fatores devem ser considerados, tais como: os resultados esperados do paciente, as características dos diagnósticos de enfermagem, a base para a pesquisa de intervenção, a exeqüibilidade para realizar intervenções, a aceitação do paciente e a capacidade das enfermeiras (JOHNSON; MAAS; MOORHEAD, 2005). Essa classificação possui quatro edições. A primeira foi publicada em 1992 e constava de 366 intervenções. A segunda é de 1996 e era composta de 433 intervenções. Já a terceira é de 2000, e incluía 486 intervenções. Na quarta edição, publicada em 2008, há um total de 514 intervenções. Todas as edições têm a mesma formatação, com título, definição e lista de atividades que o enfermeiro poderá executar. As necessidades podem ser selecionadas ou modificadas, conforme a condição do cliente, seja indivíduo ou comunidade (DOCHTERMAN; BULECHEK, 2008). Para facilitar a utilização, as intervenções de enfermagem estão agrupadas em trinta classes e sete domínios. Os domínios são: fisiológico básico e fisiológico complexo, comportamental, segurança, família, sistema de saúde e comunidade (DOCHTERMAN; BULECHEK, 2008). 30 A NIC é considerada importante recurso para favorecer a prática de enfermagem, tanto no ensino como na pesquisa e cuidado. De acordo com estudo de Napoleão, Chianca, Carvalho et al. (2006), a variedade de pesquisas sobre a NIC permite uma noção de sua magnitude para a enfermagem, além de contribuir para a realização de outras pesquisas voltadas a revelar novos aspectos de conhecimento relativo a tal taxonomia. Como ressaltado por Mccloskey e Bulechek (2004), houve desde cedo a percepção de que seria necessária uma classificação para os resultados esperados dos pacientes a fim de completar as exigências para a documentação de um encontro clínico de enfermagem. Assim, alguns anos depois do desenvolvimento da NIC, em 1991, determinados membros da equipe da Universidade de Iowa desenvolveram a Classificação dos Resultados (NOC) atrelados ao cuidado de enfermagem, sendo a primeira edição publicada em 1997, com 190 resultados (JOHNSON; MAAS; MOORHEAD, 2004). Em 2000 foi publicada a segunda edição, da qual constam 260 resultados divididos em 29 classes e 7 domínios: saúde funcional, saúde fisiológica, saúde psicossocial, conhecimento e comportamento da saúde, saúde percebida, saúde da família e saúde da comunidade. O resultado é composto de título, definição e lista de indicadores para avaliar a condição do paciente em relação aos resultados (JOHNSON; MAAS; MOORHEAD, 2004; JOHNSON; BULECHEK; DOCHTERMAN et al., 2005). A NOC é utilizada para avaliar os resultados nas intervenções de enfermagem. Tais resultados servem como critério para o julgamento do sucesso de uma intervenção de enfermagem e descrevem o estado, os comportamentos, as reações e os sentimentos do paciente em resposta ao cuidado que foi proporcionado (JOHNSON; BULECHEK; DOCHTERMAN et al., 2005). Salienta-se que um dos pontos do estudo é a identificação dos diagnósticos de enfermagem da NANDA (2008). Esses diagnósticos são elaborados por meio do raciocínio diagnóstico de Risner (1990), descrito a seguir. 31 3.3 Processo de raciocínio diagnóstico Para confirmar um diagnóstico de enfermagem identificado exige-se a utilização do raciocínio diagnóstico e este é descrito conforme o referencial adotado. Segundo Risner (1990), um diagnóstico de enfermagem deve ser expresso de forma clara e concisa. É o resultado de um processo e está baseado nas inferências elaboradas a partir dos dados obtidos. De acordo com este autor, o raciocínio diagnóstico é dividido em duas fases: a análise e síntese dos dados coletados e o estabelecimento dos diagnósticos de enfermagem. A análise é a separação do material em partes que possuem características essenciais comuns e que se relacionam. Compreende a categorização dos dados e a identificação de lacunas e dados divergentes. Tal categorização é a análise e organização dos dados em grupos ou classes, de forma lógica e sistemática, em consonância com o referencial teórico adotado. Já a síntese é a combinação de partes ou elementos dentro de uma entidade única e compreende o seguinte: agrupamento dos dados, comparação dos dados, identificação de inferências e hipóteses diagnósticas. Por agrupamento dos dados entende-se a combinação de partes do todo que possuem relação entre si. A comparação dos dados é a determinação de critérios, padrões, aplicação de normas, teorias e modelos, isto é, a associação instantânea do quadro que o paciente apresenta com um padrão conhecido e aceito. E a identificação de inferências e hipóteses diagnósticas é a formulação de um diagnóstico de enfermagem a partir de um dado precoce do paciente. Como estabelecimento dos diagnósticos de enfermagem compreende-se o resultado do processo de raciocínio diagnóstico. O diagnóstico de enfermagem é o resultado de um processo e está alicerçado nas inferências elaboradas a partir dos dados obtidos. E a fase final de todo o processo compreendendo a nomeação e a validação das conclusões. Como mencionado, este estudo se fundamenta na Teoria de Enfermagem de Callista Roy. Por isto, a seguir será apresentado o referencial teórico nele utilizado. 32 4 REFERENCIAL TÉORICO (Teoria de Callista Roy) Para a enfermeira desenvolver um cuidado sistematizado, faz-se necessário o uso de um referencial teórico de enfermagem, e, então, esta profissional será capaz de aprimorar habilidades teórico-práticas, associar e correlacionar conhecimentos multidisciplinares e estabelecer relações de trabalho mais bem definidas e concretas (DALRI, 2000). Até a década de 1950, a prática da enfermagem, como a de outras da área de saúde, baseava-se exclusivamente no modelo biomédico. Entretanto, naquela década, a enfermagem inicia a busca de um conhecimento próprio para a profissão, com vistas a um novo suporte teórico. Como conseqüência dessa busca, no final dos anos 1960 e por toda a década de 1970, manifestou-se a construção de um corpo de conhecimento de enfermagem expresso em teorias (GEORGE, 2000). Segundo Leopardi (2006), a teoria de enfermagem aparece no estágio mais recente do desenvolvimento histórico da profissão. A princípio, as tendências eram para questões sobre a prática (técnicas e procedimentos); posteriormente, para administração e gerência de cuidados. E, por fim, o estudo das teorias foi se consolidando. Por meio da compreensão do Modelo de Adaptação de Roy, via trabalhos como o de Roy e Andrews (1999), foi possível fundamentar o estudo e obter as seguintes informações. Callista Roy nasceu em 1939, nos Estados Unidos, e tem formação em enfermagem pediátrica. A primeira descrição formal do modelo de adaptação foi elaborada por Roy quando ainda era aluna de graduação na Universidade da Califórnia, Los Angeles. A base dos pressupostos científicos do seu modelo veio da teoria geral de sistemas de von Bertalanffy e da teoria de adaptação de Helson. E os pressupostos filosóficos advieram do humanismo e da veritivity. O humanismo é definido como parte de um movimento da psicologia e filosofia que reconhece a pessoa e a experiência da dimensão subjetiva dela como central para o conhecimento (ROY; ANDREWS, 1999). A veritivity é o fundamento do modelo e como tal afeta a visão da pessoa e do ambiente. Deve ser aplicada constantemente quando se usa o modelo. É entendida, portanto, como a finalidade comum da existência (ROY; ANDREWS, 1999; VILLALOBOS; ALARCÓN, 2002). 33 Na Teoria de Roy são desenvolvidos conceitos de ambiente, saúde, enfermagem, pessoa e adaptação, interrelacionando-os continuamente. Enquanto o ambiente representa todas as condições, circunstâncias e influências que afetam o desenvolvimento e o comportamento humano como um sistema adaptativo, com considerações particulares da pessoa, a saúde é um estado e processo de ser e tornar-se integrado como um todo. Já a enfermagem é a promoção de respostas adaptativas em relação aos modos adaptativos e a pessoa é vista como um sistema adaptativo e constantemente responde a estímulos do meio ambiente interno e externo. Pode ser um indivíduo, uma família, uma comunidade. Por adaptação entende-se uma resposta comportamental expressa pelas pessoas em constante interação com o ambiente, por mecanismos de enfrentamento refletidos a partir dos estímulos internos e externos (ROY; ANDREWS, 1999). Roy, em sua teoria, considera o homem como um sistema humano adaptativo holístico. A visão da pessoa como sistema adaptativo é representada pelo input, que são os estímulos; pelo controle, que representam os mecanismos de enfrentamento; pelo output, que são os comportamentos encontrados, e pelo feedback ou retroalimentação. O modelo de adaptação de Roy descreve três classes de estímulos, quais sejam: focais, contextuais e residuais. Os focais são os estímulos internos e externos mais imediatamente presentes na consciência humana e afetam diretamente a pessoa. Os contextuais são aqueles que estão presentes nas situações e contribuem para afetar o estímulo focal. E os residuais são os fatores capazes de afetar o comportamento. Estes nem sempre são conhecidos pelos pacientes (ROY; ANDREWS, 1999; GEORGE, 2000). Mencionadas categorias são passíveis de mensuração, portanto, podem ser aplicadas na prática. Como o surgimento de estímulos leva à necessidade de respostas por parte da pessoa, são acionados os mecanismos de enfrentamento, que podem ser inatos ou adquiridos. Tais mecanismos estão divididos em dois subsistemas: o regulador, que envolve os sistemas químicos, neuronais e endócrinos; e o cognato, que abrange os canais cognitivo-emocionais. Não se pode observar diretamente o funcionamento desses subsistemas, mas sim as respostas por eles produzidas. E essas respostas podem ser percebidas por meio dos quatro modos adaptativos: 34 fisiológico, desempenho de papel, autoconceito, e interdependência (ROY; ANDREWS, 1999). Ao considerar que no presente modelo a meta da enfermagem é promover a adaptação, Roy identifica a utilidade de uma tipologia de indicadores de adaptação positiva associada com cada modo. Ademais, descreve uma tipologia dos problemas de adaptação. Em seguida, serão apresentadas as tipologias de indicadores de adaptação positiva e de problemas de adaptação segundo o modelo de Roy. O modo fisiológico diz respeito à resposta física aos estímulos ambientais. Esse modo envolve cinco necessidades básicas (oxigenação; nutrição; proteção; eliminação; atividade e repouso) e quatro processos complexos (função neurológica; função endócrina; sentidos; eletrólitos, fluídos e balanço ácido-base) (ROY; ANDREWS, 1999). Tal modo é apresentado no Quadro 4. QUADRO 4 - Tipologia de indicadores de adaptação positiva e de problemas comuns de adaptação segundo o modo fisiológico de Callista Roy. MODO FISIOLÓGICO Tipologia de indicadores de adaptação positiva Oxigenação Processos de ventilação estáveis Padrão de troca gasosa estável Transporte de gases adequados Processos de adequação compensados Nutrição Processos digestivos estáveis Padrão nutricional adequado para as exigências do organismo Necessidades nutricionais e metabólicas preenchidas durante os meios alterados de ingestão Eliminação Processos intestinais homeostáticos efetivos Padrão estável de eliminação intestinal Processos de formação de urina efetivos Padrão de eliminação urinária estável Estratégias de enfrentamento efetivas eliminação alterada para Tipologia de problemas comuns de adaptação Oxigenação Hipóxia Choque Deficiência ventilatória Troca de gases inadequada Transporte de gás inadequado Perfusão tissular alterada Mau recrutamento dos processos compensatórios para necessidade de troca de oxigênio Nutrição Nutrição maior ou menor que as necessidades do organismo Anorexia Náuseas e vômitos Estratégias de enfrentamento ineficientes para a eliminação alterada Eliminação Diarréia Incontinência intestinal Constipação Incontinência urinária Retenção urinária Flatulência Estratégias de enfrentamento ineficientes para a eliminação alterada 35 Atividade e repouso Processos de mobilidade integrados Recrutamento adequado dos processos de movimentos compensatórios durante a inatividade Padrão efetivo de atividade e repouso Modificações ambientais efetivas para as condições de sono alteradas Proteção Pele íntegra Resposta de cicatrização efetiva Proteção secundária adequada para as modificações na integridade da pele e no estado imunológico Processos de imunidade efetivos Regulação de temperatura efetiva Sentidos Processos de sensações efetivos Integração efetiva da entrada sensorial à informação Padrões estáveis de percepção, interpretação e apreciação de entrada Estratégias de enfrentamento efetivas para sensibilidade alterada Fluidos e eletrólitos Processos estáveis de equilíbrio hídrico Estabilidade de eletrólitos nos líquidos organismos Equilíbrio no sistema ácido-base Regulagem efetiva de proteção química dos Função neurológica Processos efetivos de excitação/atenção; sensação/percepção; codificação, formação de conceitos, memória, linguagem; planejamento, resposta motora Processos de pensamento e sentimentos integrados Plasticidade e eficiência funcional no desenvolvimento, envelhecimento e nas alterações do sistema nervoso Função endócrina Regulação hormonal efetiva dos processos metabólicos e orgânicos Regulagem hormonal efetiva do desenvolvimento reprodutor Padrões estáveis dos sistemas hormonais; feedback negativo Atividade e repouso Imobilidade Intolerância à atividade Padrão inadequado de atividade e repouso Mobilidade, andar e /ou coordenação restritos Síndrome do desuso Potencial para distúrbio no padrão do sono Fadiga Privação do sono Proteção Integridade de pele prejudicada Escaras Prurido Cicatrização retardada Infecção Potencial para enfrentamento ineficiente da reação alérgica Enfrentamento ineficiente das modificações do estado imunológico Regulação da temperatura inefetiva Febre Hipotermia Sentidos Deficiência de um sentido primário Potencial para lesão Perda de habilidade de autocuidado Monotonia ou distorção sensorial Sobrecarga ou privação sensorial Potencial para comunicação distorcida Dor aguda Dor crônica Deficiência perceptiva Estratégias ineficientes para a deficiência sensorial Fluidos e eletrólitos Desidratação Edema Retenção de líquido intracelular Choque Hiper ou hipo calcemia, calemia ou natremia Desequilibrio ácido-base Regulagem ineficiente da proteção para a mudança do pH Função neurológica Nível de consciência diminuído Processamento cognitivo deficiente Déficit de memória Instabilidade de comportamento e humor Compensação inefetiva para déficit cognitivo Potencial para dano cerebral secundário Função endócrina Regulação hormonal inefetiva Desenvolvimento reprodutivo ineficiente Instabilidade dos sistemas hormonais Instabilidades dos ritmos internos cíclicos Estresse 36 Padrões estáveis dos ritmos dos hormônios cíclicos Estratégias de enfrentamento efetivas para o estresse Fonte: Roy e Andrews (1999). O desempenho de papel, outro modo adaptativo, representa os aspectos sociais relacionados aos papéis que a pessoa ocupa na sociedade (ROY; ANDREWS, 1999), está exposto no Quadro 5. QUADRO 5 - Tipologia de indicadores de adaptação positiva e de problemas comuns de adaptação segundo o modo de desempenho de papel de Callista Roy. MODO DE DESEMPENHO DE PAPEL Tipologia de indicadores de adaptação positiva Clareza de papel Processos efetivos de transição de papel Integração dos comportamentos de papéis primário, secundário e terciário Padrão efetivo de desempenho de papel Processos efetivos de enfrentamento das modificações dos papéis Desempenho de papel responsável Padrão estável de domínio de papel Fonte: Roy e Andrews(1999). Tipologia de problemas comuns de adaptação Transição de papel inefetivo Distância do papel prolongado Conflito de papel Falha no papel Ambigüidade no papel Já o autoconceito, mais um modo adaptativo, enfoca os aspectos psicológicos e espirituais da pessoa. Manifesta a visão de si mesma, os valores e expectativas. É dividido em eu físico e eu pessoal, como mostra o Quadro 6 (ROY; ANDREWS, 1999). QUADRO 6 - Tipologia de indicadores de adaptação positiva e de problemas comuns de adaptação segundo o modo de autoconceito de Callista Roy. MODO DE AUTOCONCEITO Tipologia de indicadores de adaptação positiva Eu físico Imagem corporal positiva Função sexual efetiva Integridade psíquica com crescimento físico Compensação adequada para as modificações corporais Estratégias de enfrentamento efetivas para a perda Eu pessoal Padrão estável de autocoerência Integração efetiva de auto-ideal Auto-estima funcional Estratégias de enfrentamento efetivas para as ameaças do ser Fonte: Roy e Andrews(1999). Tipologia de problemas comuns de adaptação Eu físico Perturbação da imagem corporal Disfunção sexual Síndrome pelo trauma do estupro Perda Eu pessoal Ansiedade Impotência Culpa Baixa auto-estima 37 Após os três modos mencionados, passa-se ao modo de interdependência. Este modo abrange as relações interativas que a pessoa mantém com os outros na tentativa de obter satisfação de suas necessidades (ROY; ANDREWS, 1999), como consta no Quadro 7. QUADRO 7 - Tipologia de indicadores de adaptação positiva e de problemas comuns de adaptação segundo o modo de interdependência de Callista Roy. MODO DE INTERDEPENDÊNCIA Tipologia de indicadores de adaptação positiva Padrão estável de dar e receber energia Padrões efetivos de isolamento e relacionamento Estratégias de enfrentamento efetivas para separação e solidão Tipologia de problemas comuns de adaptação recorrentes Padrão inefetivo de dar e receber energia Padrões inefetivos de isolamento e relacionamento Ansiedade de separação Isolamento Fonte: Roy e Andrews(1999). Com vistas a promover a adaptação, a partir da observação dos dados obtidos, a enfermeira avalia se as respostas são adaptativas ou não em relação aos modos adaptativos. Conforme ressaltado, a Teoria de Roy pode ser usado em várias situações e contextos, e pode envolver a pessoa, família, comunidade, sociedade, sempre enfocando a participação destes nos cuidados. De acordo com Roy e Andrews (1999), o processo de enfermagem descrito por Roy relaciona-se diretamente com a visão do comportamento humano como sistema adaptativo e corresponde aos seguintes passos: 1. avaliação do comportamento 2. avaliação do estímulo 3. diagnóstico de enfermagem 4. estabelecimento de metas 5. intervenção 6. evolução. A etapa inicial (avaliação de comportamento) é a coleta de dados apoiada nos quatro modos adaptativos: fisiológico, desempenho de papel, autoconceito e interdependência sobre os comportamentos da pessoa. Estes modos são descritos com base em dados objetivos e subjetivos. Após, então, a enfermeira passa à segunda etapa, avaliação dos estímulos, na qual identifica as respostas adaptativas ou inefetivas. 38 A terceira etapa é o diagnóstico de enfermagem, quando os dados são interpretados. Roy descreve três maneiras de formulação de diagnóstico. Na primeira se utiliza uma tipologia de diagnósticos desenvolvida pela autora e relacionada com os quatro modos adaptativos. Na segunda, o diagnóstico é feito a partir da resposta observada de modo conjunto aos estímulos mais influentes. E, na terceira, as respostas são resumidas em um ou mais modos adaptativos relacionados com o mesmo estímulo. Conforme consta no livro de Roy e Andrews (1999), as autoras estabelecem no final de cada modo (fisiológico, desempenho de papel, autoconceito e interdependência,) uma associação com os diagnósticos de enfermagem da NANDA. A quarta etapa é o estabelecimento de metas, isto é, comportamentos finais a serem alcançados pela pessoa, por meio dos cuidados de enfermagem. Após esta, vem a quinta etapa, denominada de intervenção, com a finalidade de alterar ou controlar os estímulos focais ou contextuais. Por fim, a sexta etapa, a evolução, na qual as metas de comportamentos são comparadas com os comportamentos de saída da pessoa. Nesse momento, as respostas comportamentais são reavaliadas e podem ser ajustadas conforme a necessidade. Como a meta da enfermagem é promover as respostas adaptativas em relação aos quatro modos adaptativos, e essas respostas são as que se relacionam positivamente com a saúde, o objetivo do profissional desta área do saber é reduzir as respostas adaptativas ineficientes e promover a saúde em todos os processos de vida. Desta forma, considera a pessoa adaptada quando se encontra em equilíbrio consigo mesma e mantendo relacionamento harmonioso com os outros. Logo, o período de adaptação relaciona-se com a volta ao bem-estar físico, psíquico e social (ROY; ANDREWS, 1999). Para Leopardi (2006), a relação paciente-enfermeira é considerada importante por Roy. Mediante respostas adaptativas ou inefetivas, as enfermeiras agem e manipulam o que julgam indispensável para ocorrer adaptação. Mas os valores do paciente devem ser respeitados e considerados centrais a fim de reduzir as reações ineficazes e promover respostas adaptativas. Entretanto, a interação entre enfermeiras e pacientes com IC é um desafio, sobretudo por desencadear reflexões sobre o comportamento do homem. Tais reflexões, porém, são fundamentais em virtude de desenvolverem uma consciência 39 crítica no profissional, fazendo-o se sentir responsável pela adaptação dessas pessoas e não apenas reprodutor de conceitos. 4.1 Contribuição de estudos a partir do referencial de Callista Roy Ao fazer um levantamento de literatura nos últimos anos, confirmou-se o interesse de outros enfermeiros brasileiros pela aplicabilidade da referida teoria. Entre estes, Lopes, Araújo e Rodrigues (1999), que trabalharam na identificação de problemas comuns de adaptação em mulheres com angina pectoris; Castro e Lopes (2000), cujo estudo se baseou na identificação de diagnósticos de enfermagem em busca da adaptação do ostomizado; e Arruda e Garcia (2000), que estabeleceram um perfil de diagnósticos de enfermagem do componente oxigenação em vítimas de trauma, por meio do modo fisiológico de Roy. A estes, somaram-se outros, como o de Rodrigues, Caetano e Soares (2002), no qual o foco era o cuidado de enfermagem à mulher com câncer ginecológico, à luz do referencial de Roy; o de Ximenes, Pinheiro e Varela (2002), que analisaram o conceito de adaptação a partir da percepção de mães que experienciaram o acompanhamento dos filhos no ambiente hospitalar; o de Oliveira, Araújo, Melo et al. (2002), sobre a avaliação do processo adaptativo de um idoso portador de hipertensão arterial; o de Rodrigues, Silva e Rodrigues (2002), referente às repercussões da mastectomia sobre a vida de mulheres com base no modo de interdependência de Roy; e o de Melo, Araújo, Oliveira et al. (2002), que estudaram os comportamentos de mulheres mastectomizadas em tratamento quimioterápico na perspectiva do modelo adaptativo de Roy. Outros nomes podem ser mencionados: Ivo e Carvalho (2003) desenvolveram um estudo com foco na assistência de enfermagem a portadores de anemia falciforme, à luz do referencial teórico de Roy, enquanto Salvodi, Neves, Santos et al.(2003) pesquisaram sobre o modo de ser trabalhador saudável por meio da auto-avaliação, apresentando os modos de Roy na manutenção do bem-estar. Incluem-se, ainda, Rodrigues, Pagliuca e Silva (2004), que analisaram a utilização da Teoria de Roy nas respostas comportamentais de mulheres durante a parturiação; Caetano e Soares (2005), que trabalharam com mulheres mastectomizadas diante do processo de adaptação do eu físico e eu pessoal. Já Lira, Guedes e Lopes (2005) estudaram a adaptação psicossocial do adolescente 40 pós-transplante renal, segundo o modelo de Roy; e Guedes e Araújo (2005) utilizaram a classificação das intervenções de enfermagem em uma mulher com crise hipertensiva, no intuito de alcançar respostas adaptativas. Os estudos prosseguem. Mais recentemente, Pagliuca, Araújo e Aragão (2006) desenvolvevaram uma proposta de cuidado baseado mo modelo de Roy de uma pessoa com amputação no pé; Brandalize e Zagonel (2006) buscaram delinear um marco conceitual ao familiar da criança com cardiopatia congênita; Fortes, Lopes (2005) analisaram o nível de adaptação psicossocial de mães de crianças com síndrome de Down, com base no modelo de Roy; Fortes e Lopes (2006) analisaram os indicadores positivos de adaptação psicossocial de mães de crianças com síndrome de Down; e Rojas, Freitas e Veiga (2007) abordaram os aspectos psicossociais dos pacientes submetidos a cateterismo cardíaco, segundo o modelo de adaptação de Roy. Tais autores produziram e divulgaram trabalhos relacionados à Teoria de Roy. Como evidenciado, que a convergência dada a essa teoria reside na possibilidade de sistematizar o cuidado de enfermagem, permitindo um direcionamento das ações dos enfermeiros. Diante de tais estudos, como constatado, a Teoria de Roy pode ser aplicada em diversas situações e pessoas que necessitam de modificações no estilo de vida e, assim, a adaptação das pessoas à sua nova condição é possível. 41 5 METODOLOGIA 5.1Tipo de estudo Para atender aos objetivos propostos no estudo, desenvolveu-se pesquisa descritiva do tipo transversal. Segundo Polit e Hungler (2004), a pesquisa descritiva tem como objetivo classificar os fenômenos, observar, descrever e explorar aspectos de uma situação, sendo de grande valor para a enfermagem. E o estudo transversal é aquele que ocorre em um único momento do tempo (HULLEY; CUMMINHS; BROWNER et al., 2006). A opção por este tipo de pesquisa deveu-se a uma postura científica voltada para a identificação tanto dos modos de adaptação segundo Roy, como dos diagnósticos de enfermagem conforme a Taxonomia II da NANDA com a perspectiva de propor intervenções de enfermagem de um grupo de pessoas com IC em um período do tempo, com vistas a alcançar adaptação. Justifica-se a utilização da Teoria de adaptação de Roy como marco teórico do estudo por ser mais apropriada aos objetivos propostos, mais abrangente e permitir a associação com os diagnósticos de enfermagem de acordo com a taxonomia da NANDA. 5.2 Caracterização do local da pesquisa A pesquisa foi desenvolvida no ambulatório de um hospital pertencente a rede pública no município de Fortaleza, Estado do Ceará, referência para o tratamento de doenças cardiovasculares e pulmonares. Este hospital atende pacientes clínicos, cirúrgicos e ambulatoriais e está contratualizado como hospital de ensino pelo Ministério da Saúde, constituindo-se campo de estágio de alunos da graduação e pós-graduação nas diversas áreas da saúde. Composto de 306 leitos, estes estão distribuídos da seguinte forma: uma unidade semi-intensiva; seis unidades de terapia Intensiva (UTI), oito unidades clínico-cirúrgicas, tipo enfermaria; emergência; centro cirúrgico e central de esterelização e ambulatório. No ambulatório onde ocorreu a pesquisa há 21 salas para consultórios e salas com serviço de chefia de enfermagem, nutrição, serviço social, realização de 42 eletrocardiograma (ECG), farmácia, sala de marcação de consultas, ambiente para a espera de consultas (corredor com cadeiras), banheiros, laboratórios e lanchonete. Na porta de cada consultório há uma mesa e uma cadeira onde fica a secretária, e no corredor, há uma balança. Os consultórios são ocupados por profissionais médicos (especialistas e residentes) e enfermeiros, para atendimento diurno em dias úteis. Quanto ao atendimento no ambulatório às pessoas com IC, população do estudo ocorre às terças-feiras pela manhã e é realizado por três médicos, dos quais dois permanecem na mesma sala e no mesmo horário. A consulta é feita em uma sala pequena, onde existem duas mesas, uma cama, um armário e um esfignomanômetro em cada mesa. Por volta de 8 horas e 30 minutos chegam os profissionais, enquanto os pacientes chegam aproximadamente às 6 horas e 30 minutos já que o atendimento é por ordem de chegada ao ambulatório. Às vezes, porém, os profissionais não comparecem. Durante o período de coleta de dados, um dos médicos faltou três vezes e os outros dois faltaram duas vezes cada um. Quando isto acontece, alguns pacientes são remarcados e outros são incorporados na agenda dos outros médicos. O número de pacientes agendados para cada médico é em torno de dez a doze, mas sempre há pacientes extras, e pode-se chegar a vinte pacientes por médico no período da manhã, conforme a disponibilidade dos profissionais. De modo geral, as consultas dos pacientes são remarcadas a cada três meses. É importante destacar que não há uma enfermeira responsável pela consulta de enfermagem a pacientes com IC. 5.3 População e amostra A população do estudo foi composta pelos pacientes com IC atendidos no ambulatório especializado do referido hospital. Para a seleção dos participantes, adotou-se a amostra de conveniência, totalizando 28 pacientes com IC. Para Hulley; Cummings; Browner et al. (2006), esse tipo de amostra é formado por pessoas que preenchem os critérios de inclusão preestabelecidos e são de fácil acesso ao pesquisador. 43 Como critérios de inclusão dos participantes do estudo, especificaram-se os seguintes: Diagnóstico médico de insuficiência cardíaca explicitado no prontuário clínico. Não ser transplantado, nem ser candidato a transplante cardíaco. Estar orientado e verbalizar. Estar sendo acompanhado há pelo menos seis meses no ambulatório do referido hospital. Atenderam a esses critérios de inclusão 31 pessoas. Destas, duas se recusaram participar e uma não possuía condição cognitiva para tal. Portanto, o estudo contou com 28 pacientes. Merece ressaltar o fato: algumas pessoas que estavam com consultas agendadas não compareceram. Acredita-se que tal fato pode ser decorrente de alguns motivos, como a morte, internamentos, distância do hospital à residência. 5.4 Instrumento de coleta de dados Na coleta de dados, o instrumento (ANEXO A) utilizado foi uma adaptação do utilizado por Lima (2007). Como adaptações mencionam-se a adição e retirada de perguntas, além da estrutura organizacional do instrumento. A organização teve como base os treze domínios da Taxonomia II da NANDA (2008). Quanto à técnica de coleta de dados usada, adotou-se o formulário composto de perguntas fechadas, abertas e mistas. Para Marconi e Lakatos (2005), o formulário é o instrumento essencial para a investigação cujo sistema de coleta de dados consiste na obtenção de informações diretamente dos informantes, sendo as informações preenchidas pelo pesquisador. Antes de iniciar a coleta, conforme determinada pela Resolução no 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde, o estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do referido hospital e aprovado sob o protocolo de no 416/2007. Em seguida, o instrumento foi testado com três clientes com IC atendidos no ambulatório e que preenchiam os critérios de inclusão. De acordo com Polit e Hungler (2004), o pré-teste realizado consiste na utilização, em forma de tentativa, de um instrumento recém-elaborado para identificar falha ou avaliar as exigências do tempo. 44 Após o pré-teste, procederam-se aos devidos ajustes. Algumas perguntas foram acrescentadas, outras reajustadas de forma mais direta ao assunto. Ressaltase que os três pacientes do pré-teste não fizeram parte da amostra. 5.5 Procedimento de coleta de dados Como previsto, a coleta de dados foi mediada pela utilização das duas primeiras fases do processo de enfermagem: investigação e diagnóstico de enfermagem. Os dados foram obtidos no período de maio a agosto de 2007 por meio da entrevista e exame físico dos pacientes com IC atendidos no ambulatório. Às segundas-feiras, a pesquisadora consultava os prontuários e selecionava as pessoas que preenchiam os critérios de inclusão do estudo. Além disso, na terça-feira, por volta das 6 horas e 40 minutos, antes do início das consultas, chegava no ambulatório e se dirigia à secretária com a qual se encontrava a lista das pessoas que haviam chegado. A partir dessa lista, chamava a pessoa selecionada. Esta, então, era convidada a participar do estudo e, nesse convite, a pesquisadora se apresentava e explicava o significado do estudo e os objetivos. Nesse momento, era entregue o termo de consentimento livre e esclarecido para a pessoa ler e, posteriormente, assinar. O termo de consentimento (APÊNDICE A) continha os objetivos, garantia o sigilo da identidade, o uso das informações para o estudo e retirada do consentimento quando a pessoa achasse necessário. Após esse procedimento inicial, a pessoa era convidada a se deslocar para umas cadeiras mais afastadas onde pudesse ser aplicado o instrumento, longe do barulho. E este era aplicado antes da consulta médica. Concluída a entrevista, era realizado o exame físico, em uma sala do ambulatório onde a enfermeira fazia as consultas de enfermagem. No exame físico foram utilizados os métodos propedêuticos (inspeção, palpação, percussão e ausculta), além da verificação dos sinais vitais e medida da circunferência da cintura, peso e estatura (JARVIS, 2002). Como recomendado pela V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (DBHA, 2006), a pressão arterial foi verificada duas vezes, uma no braço esquerdo e outra no braço direito (ANEXO B). 45 As medidas de peso e estatura também foram verificadas pela pesquisadora em uma balança antropométrica. E a estatura foi mensurada com régua em alumínio, existente na referida balança. Ao ser mensurado, o paciente era orientado a subir na balança descalço, com os pés juntos e voltados para a frente, ombros relaxados e braços ao longo do corpo. Para a medida da circunferência da cintura (CC) usou-se uma fita métrica numerada até 150 cm. O paciente ficava na posição ortostática, com o mínimo de roupa possível. 5.6 Identificação dos diagnósticos de enfermagem Com a aplicação do instrumento e a realização do exame físico, procedeuse à identificação dos diagnósticos de enfermagem, segundo a Taxonomia II da NANDA (NANDA, 2008). O processo utilizado para a identificação dos diagnósticos baseou-se no proposto por Risner (1990). Deste modo, foram seguidas as etapas de análise e síntese para se chegar aos diagnósticos de enfermagem. Os passos utilizados foram: 1. Categorização dos dados 2. Identificação das lacunas de dados 3. Agrupamentos dos dados relevantes em padrões 4. Comparação dos agrupamentos com os padrões, normas e conceitos dos diagnósticos 5. Identificação dos desvios ou potencialidades de saúde 6. Proposições de relações etiológicas. 5.7 Organização e análise dos dados Feita a identificação dos diagnósticos de enfermagem, esses foram correlacionados com os problemas comuns de adaptação do modo de Callista Roy. Os diagnósticos de enfermagem foram agrupados de acordo com os modos de adaptação ao qual se assemelhavam (fisiológico, desempenho de papel, autoconceito). Contudo, o modo interdependência não esteve relacionado a nenhum diagnóstico de enfermagem, e, portanto, foi excluído no presente estudo. 46 A associação procedida foi discutida com base na literatura vigente para cada problema de adaptação encontrado e os respectivos estímulos propostos. Considerou-se como estímulos os fatores relacionados dos diagnósticos de enfermagem. Para a análise estatística contou-se com um professor de bioestatística da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Enquanto os dados foram compilados e analisados nos programas computacionais Excel 2003 e SPSS 13.0, os resultados foram analisados de forma descritiva e interpretativa e apresentados em quadros e tabelas com indicação de freqüências absolutas e porcentagens. Algumas falas foram utilizadas nos modos de desempenho de papel e de autoconceito, pois, nestes modos, as falas têm importante expressão de valor. Tais falas foram identificadas pela inicial E, do termo entrevista, seguida de um número, em algarismo arábico, correspondendo à ordem de entrada do participante no estudo. 47 6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Os resultados e as discussões do estudo estão apresentados na seguinte ordem: caracterização dos pacientes com IC, segundo o sexo, a idade, a escolaridade, a renda familiar, o estado civil, a religião e a procedência. Na seqüência, encontra-se a caracterização dos pacientes de acordo com a etiologia da IC e as co-morbidades (HAS, DM, presença de colesterol elevado e Índice de Massa Corporal). A partir de então, estão categorizados os diagnósticos de enfermagem identificados nos clientes com IC; a associação entre os diagnósticos de enfermagem da NANDA e os problemas comuns de adaptação segundo Roy descritos por Roy e Andrews (1999), acrescidos das intervenções de enfermagem que contribuíram para respostas adaptativas dos portadores de IC. 6.1 Caracterização dos pacientes com insuficiência cardíaca TABELA 1 -Distribuição dos pacientes com insuficiência cardíaca segundo os indicadores de sexo, idade, escolaridade, renda familiar, estado civil, religião e procedência. Fortaleza-CE, 2007 Indicadores Sexo Masculino Feminino Idade Até 35 anos 35 a 60 anos Acima de 60 anos Escolaridade Até ensino fundamental incompleto Com ensino fundamental Com ensino médio Renda Familiar Até 1 salário mínimo 1 a 3 salários mínimos Acima de 3 salários mínimos Estado Civil Casado/União estável Viúvo Religião Católica Evangélica Nenhuma Procedência Capital Interior n=28 Freqüência % 21 7 75,0 25,0 1 15 12 3,6 53,6 42,9 16 6 6 57,1 21,4 21,4 5 21 2 17,9 75,0 7,1 24 4 85,7 14,3 19 7 2 67,9 25,0 7,1 17 11 60,7 39,3 Como mostra a Tabela 1, em relação ao sexo, há um predomínio do sexo masculino (75%). Na literatura, também foram encontrados estudos nos quais a 48 população masculina apresenta maior freqüência. Por exemplo, no estudo desenvolvido por Areosa, Almeida, Carvalho et al. (2007), de 330 pessoas com IC, 77,3% eram homens. Também, Silva, Bacal, Pires et al. (2007) relatam que de 96 pessoas por eles avaliadas, 60 eram homens e 36 mulheres. Acredita-se que a maior presença de IC na população masculina possa estar relacionada aos fatores de risco para a referida doença, sobretudo as doenças coronarianas. De acordo com o estudo de Saccomman. (2006), os principais fatores de risco para doenças coronárias foram o processo de envelhecimento e o fato do paciente ser do sexo masculino. No referente à idade dos participantes, variou de 30 a 74 anos. Contudo, a faixa etária mais acometida inclui pessoas entre 36 e 60 anos (53,6%), porém a diferença entre essa faixa e a que está acima de 60 anos (42,9%) não foi significativa. Observa-se, também, que na faixa mais acometida as pessoas estavam no seu período produtivo. A incidência da IC aumenta proporcionalmente com o aumento da população de meia idade e idosa. No estudo de Framingham, principal fonte longitudinal de dados sobre a epidemiologia da IC, esta teve uma incidência de cerca de 1% para aqueles menores de 55 anos e atinge níveis de 30% nos maiores de 85 anos (HO; PINSKY; KANNEL et al., 1993; BARRETO; WAJNGARTEN, 1998; OCHIAI; FRANCO; GEBRARA et al., 2004). Segundo as expectativas para o Brasil, a tendência é de crescimento da população idosa. Para Tavares, Velarde, Miranda et al. (2006), em 2025, o país possuirá a sexta maior população de idosos do mundo e 15% da população total terá IC como a primeira causa de morte por doença cardiovascular. No estudo ora elaborado, a média de idade foi de 53,1 anos nos homens e 59,7 nas mulheres. Esta média ficou abaixo da observada no estudo de Framingham: 65 anos (HO; PINSKY; KANNEL et al., 1993). Outros trabalhos como os de Tavares, Victer, Linhares et al. (2005) e Silva, Bacal, Pires et al. (2007) também apresentaram uma média abaixo de 65 anos: 61,1 e 52,4 anos, respectivamente. Quanto à escolaridade, a maioria dos participantes (57,1%) não concluiu o ensino fundamental. Esse achado corrobora os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2005 em relação a este indicador. Nos adultos funcionais, isto é, pessoas com que são aqueles que possuem mais de 25 anos, a 49 porcentagem de analfabetos é de 44,7,% no Ceará; 44,8% no Nordeste e 28,7% no Brasil (IBGE, 2007). Saber ler e escrever pode ser pré-requisito para se exercer direitos e deveres de cidadãos. Quanto menor a escolaridade, menores são as chances de inserção no mercado de trabalho. Nessa condição, as pessoas obrigam-se a aceitar qualquer ocupação e por qualquer remuneração. No estudo desenvolvido por Araújo, Tavares, Veríssimo et al. (2005), em um hospital universitário no Rio de Janeiro, 20% dos participantes eram analfabetos e 62,8% possuíam apenas o primeiro grau (hoje denominado de fundamental). Já em outro estudo, de Tavares, Victer, Linhares et al. (2005), com pessoas com IC internadas em um hospital no Rio de Janeiro, a porcentagem de analfabetos foi de 50%. A escolaridade também interfere na saúde. Como afirmam Smeltzer e Bare (2005), o nível de escolaridade, o acesso à informação e a educação em geral tornam as pessoas mais preocupadas com a saúde e mais disponíveis a fazer o que é necessário para mantê-la. Segundo observado, o cuidado de enfermagem favorece maior interação entre enfermeiro e paciente. Para atuar devidamente, este profissional deve avaliar as necessidades de aprendizado dos pacientes, o grau de dificuldade ou facilidade de aprendizado, com vistas a fornecer informações adicionais sobre a doença e seu tratamento. Mas o ensino deve ser cuidadosamente planejado, alicerçado em informações importantes para o bem-estar do paciente no momento necessário. Outro indicador do estudo foi a renda familiar dos participantes, na qual predominou de 1 a 3 salários mínimos (75%). Esse índice, apesar de ser mais elevado, corresponde aos dados de 2005 do IBGE quanto à renda. De acordo com o IBGE (2007), o percentual de pessoas com até 2 salários mínimos no Brasil era de 59,1%, aumentando para 67,2% no Nordeste e 68,7% no Ceará. Embora tal renda seja superior aos índices brasileiros, pode ser justificada porque 92,9% da clientela era aposentada. Em conversa informal com os participantes do estudo, alguns afirmaram que tiveram de se aposentar por não terem mais condições de exercer as atividades anteriores. No estudo de Araújo, Tavares, Veríssimo et al. (2005), de 70 pessoas com IC, 20 se aposentaram e isso representou perda de R$182.000,00 de produtividade. 50 Apesar da baixa renda, essas pessoas sustentam filhos, esposas ou maridos e ainda custeiam seu tratamento de saúde, pois nem todos os medicamentos são distribuídos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Dos 28 participantes, 24 (85,7) compravam algum medicamento e conforme o relato deles, eram os mais de maior custo, porque de modo geral, o governo distribui apenas os mais baratos. Entre os medicamentos que compravam citaram principalmente os betabloqueadores selozok (succinato de metoprolol) e carvedilol. Como consta em Silva (2004), nos termos do artigo 196 da Constituição Federal, o Estado deve atuar para garantir o acesso da população aos tratamentos de saúde. Mas, o problema do acesso da população aos tratamentos de saúde decorre muito mais de sua baixa renda do que do próprio preço dos medicamentos. Portanto, a disponibilidade de condições financeiras é decisiva nesse tratamento, pois a falta de recursos para custeá-lo pode acarretar abandono ou utilização incorreta do medicamento. No estudo de Araújo, Tavares, Veríssimo et al. (2005), os medicamentos foram financiados exclusivamente pelos pacientes e familiares e a ausência de política farmacêutica do SUS nesse caso levou a descompensações da IC e repetidas internações hospitalares pela falta de continuidade do tratamento farmacológico. Havia um descompasso entre o incremento da renda do paciente e a elevação do preço dos medicamentos e, desse modo, o tratamento ficava comprometido pela impossibilidade de obter os produtos. Mesmo nessas condições, é preciso orientar o paciente como profissional de saúde, cabe ao enfermeiro atuar também neste aspecto. Particularmente no caso de pacientes com IC, faz-se necessária a participação do enfermeiro na orientação do uso de medicamentos, pois a utilização incorreta e o não uso acarretam problemas sérios de descompensações. Mas ante a falta de condições financeiras e de medicamentos para os pacientes, dificultando um tratamento correto surge o questionamento sobre como atuar, já que muitas vezes esse questionamento é feito pelo paciente. Em continuidade ao estudo, ao se trabalhar o estado civil, o casado predominou em 24 pacientes (85,7%). Esse termo casado incluiu as uniões estáveis. Como observado, apenas 4 (14,3%) eram viúvos. Tais dados podem ser equiparados aos de Rezende (2006), no qual os casados foram a maioria, com 50%, seguidos de viúvos (30%). 51 No presente estudo, porém, os participantes, sejam casados ou viúvos, afirmaram ter um bom suporte familiar em relação à saúde. Eles relataram serem cuidados principalmente por esposas/maridos, filhos e pais. Para Bennet, Baker e Huster (2001), os pacientes casados têm um bom suporte emocional e este suporte diminui a ansiedade e melhora a qualidade de vida. De acordo com Saad (2004), a redução da mortalidade em idades avançadas pode implicar redução de viuvez, e, associada às demais transformações da família, esta pode alterar as formas de ajuda. Em alguns estudos, a presença do apoio vindo da família, sobretudo do cônjuge, tem sido salientada quanto à reabilitação do paciente cardíaco. As atividades referidas pelos pacientes como sendo de maior apoio foram aquelas relacionadas a mudanças de comportamento, tais como: preparar dietas saudáveis; auxiliar nas tarefas domésticas; encorajar a participar de atividades de lazer, aliviando o estresse (DANTAS; STUCHI; ROSSI, 2001; BOUTIN-FOSTER; CHARLSON, 2002). Sobre a religião, a grande maioria é católica: 19 (67,9%) dos participantes. Segundo relatos dos participantes do estudo, eles utilizam a fé para enfrentar os problemas e, entre estes, a doença. Marques (2003) afirma que a espiritualidade é vivenciada e desenvolvida por uma religião, e, portanto, esta deveria estimular não somente o contato com o divino, com a essência da vida, mas, em especial, aplicação dessas experiências na vida cotidiana, no enfrentamento de situações corriqueiras, nos pequenos desafios. Outro indicador do estudo é a procedência. No referente a esta,16 (60,7%) eram da capital. Contudo, não foram encontrados na literatura estudos em relação à procedência e à insuficiência cardíaca. Porém, o hospital onde se desenvolveu a pesquisa é referência em cardiologia do estado e do Nordeste e nele havia três pessoas procedentes de outros estados: Rio Grande do Norte, Paraíba e Tocantins. Diferentemente do verificado para este indicador, a caracterização dos participantes quanto aos dados social e econômicos corrobora a literatura, pois segundo Yusuf, Reddy, Ôumpuu et al. (2001), as razões econômicas ou ambientais social e culturais são mencionadas como uma possível explicação para as amplas variações geográficas de prevalência de doenças cardiovasculares. No estudo de Lessa, Araújo, Magalhães et al. (2004), a população de Salvador que tem baixa escolaridade e baixa renda possui elevado risco de doença 52 cardiovascular. Logo, uma melhoria indiscriminada no nível de escolaridade, seria acompanhada de uma melhoria no nível social econômico e poderia minimizar a influência da prevalência das doenças cardiovasculares. Confirma-se o papel da educação em saúde como propulsora de mudanças. Mas as ações educativas e informativas devem ser desenvolvidas levando em consideração o nível social econômico e a escolaridade, questões culturais com vistas à participação do paciente no seu processo de saúde-doença. Conforme se sabe, as características dos participantes do estudo podem facilitar ou dificultar o processo de adaptação à condição de portadores de IC. Em relação ao gênero, tanto homens quanto mulheres podem apresentar dificuldade de adaptação, isto é, dificuldade para enfrentar a doença, pois esta pode impossibilitálos de continuar exercendo o papel até então ocupado em casa e na sociedade. Como mencionado, a idade predominante do estudo foi de 36 a 60 anos. Isto, também, pode afetar negativamente a adaptação, já que nessa faixa etária as pessoas são produtivas e em alguns casos precisam se afastar do trabalho. Conseqüentemente, há sentimento de impotência. Ainda conforme se sabe, o baixo grau de instrução dos participantes pode ser um fator limitante para a educação na adaptação e seguimento do tratamento farmacológico e não-farmacológico da IC, assim como a baixa renda familiar limita a capacidade destes de autofinanciar os recursos necessários para o tratamento. Já a presença de um apoio seja por meio da religião ou da família é um fator facilitador na adaptação à doença, no tratamento e nas conseqüências que essa pode causar. A seguir, em continuidade à caracterização dos pacientes, serão apresentadas e discutidas as co-morbidades identificadas na população estudada e expostas na Tabela 2. 53 TABELA 2 – Distribuição dos pacientes com insuficiência cardíaca de acordo com as co-morbidades. Fortaleza-CE,2007 Freqüência % 23 2 2 1 82,1 7,1 7,1 3,6 17 11 60,7 39,3 9 19 32,1 67,9 7 21 25,0 75,0 12 16 42,9 57,1 Etiologia da IC segundo diagnóstico médico Miocardiopatia dilatada Miocardiopatia chagásica Miocardiopatia peri-parto Miocardiopatia alcoólica Hipertensão Arterial Sistêmica Sim Não Diabetes Mellitus Sim Não Presença de colesterol Elevado Sim Não Índice de Massa Corporal Até 35 Acima de 35 n=28 Conforme mostra esta Tabela, a principal causa de IC presente como diagnóstico médico nos prontuários dos participantes foi a miocardiopatia dilatada em 23 (82,1%) pessoas. Essa é uma doença primária ou secundária do miocárdio, caracterizada por dilatação do ventrículo esquerdo ou biventricular e perda da contratilidade miocárdica (BARRETO; BOCCHI, 2003). Apesar das miocardiopatias dilatadas terem várias etiologias, nos prontuários dos pacientes só apareceram especificadas a chagásica, a peri-parto e a alcoólica, em cinco prontuários. Nos outros apenas constava o nome miocardiopatia dilatada. No estudo desenvolvido por Volpato, Poletto e Ayoub (1997), as etiologias mais freqüentes da IC foram a doença de Chagas e HAS. Já no estudo de Rabelo, Aliti, Goldraich et al. (2006) a etiologia mais freqüente foi isquêmica, e no de Grell, De Paula e Tobias (2006) foi a HAS e miocardiopatia idiopática. Quanto à presença de pessoas com hipertensão arterial, neste estudo, observa-se que a porcentagem foi de 17 (60,7%) enquanto de DM foi de 11 (32,1%). Sobre a obesidade, representada pelo Índice de Massa Corporal (IMC), predominaram as pessoas com IMC elevado, acima de 35 (57,1%). A dislipidemia foi uma co-morbidade de reduzida porcentagem, apenas 25% das pessoas do estudo. Portanto, entre as co-morbidades associadas à IC, predominou a HAS. 54 Esses dados podem ser equiparados aos do estudo desenvolvido com 93 pessoas com IC, no estado São Paulo, no qual foi constatado que 20,8% dessas pessoas apresentavam DM e 28,9% dislipidemia. Em outro estudo, de Saccomann (2006), com 170 idosos portadores de IC e em tratamento ambulatorial, segundo, constatou-se, 77,6% dessa população era hipertensa; 35,9% possuía dislipidemia e 34,7% DM. A IC é uma epidemia cardiovascular emergente cujo aumento está relacionado ao crescimento da população e das condições predisponentes à sua presença, destacando-se os componentes da síndrome metabólica (DM, HAS, dislipidemia e obesidade). Esta síndrome é caracterizada por um conjunto de fatores de risco que, quando presentes, se associam aos elevados eventos cardiovasculares, entre eles o risco de IC (WONG; O’MOORE –SULLIVAN; FANG et., al, 2005; COELHO; MOUTINHO; MIRANDA et al., 2007). Por ser um problema de alta prevalência e pela gravidade de suas complicações como a IC, a HAS destaca-se. Portanto, é considerada como um importante causa da IC e o fator de risco mais comum para essa doença (LlYONDJONES; LARSON; LEIP et al., 2002; SANTOS, 2007). Para Maciel (2001), a IC pode surgir em decorrência de um conjunto de mecanismos adaptativos desencadeados pelo aumento persistente da pós-carga ventricular, resultando em disfunção sistólica e diastolica. Evidências epidemiológicas apontam cada vez mais para a associação entre a síndrome metabólica e a presença de alterações cardiovasculares. No estudo realizado por Ingelsson, Sundström, Ärnlov et al. (2005), foi identificado maior risco de aparecimento de IC nas pessoas com a síndrome metabólica, particularmente homens de meia idade e idosos. Conforme Thierer (2006), a prevalência da IC e DM continua crescendo. Elas estão associadas e, são verdadeiras pragas da civilização ocidental, e até ameaçam se converterem em epidemia nos próximos anos. Além disso, a associação entre elas é bidirecional, ou seja, o DM é causa da IC e esta com o tempo pode causar o surgimento de DM. Tal associação pode ser motivada por vários fatores. Entre eles: fatores de risco para o desenvolvimento de IC são mais freqüentes nas pessoas com DM; estas pessoas têm maior incidência e prevalência de doença coronária; os processos fisiopatológicos são comuns entre essas doenças, como a disfunção endotelial e o aumento do estresse oxidativo. 55 Ademais, além do pior controle metabólico das pessoas com DM acarreta maior IC (IRIBARREN; KARTER; GO et al., 2001; GILES, 2003; FONAROW; ADAMS; ABRAHAM et al., 2005; KOSTIS; SANDERS, 2005). Segundo afirmam Ingelson, Sundström, Ärnlov et al. (2005), DM e obesidade são fatores de risco para IC e ambos são associados a resistência à insulina. No estudo desenvolvido por estes autores com homens adultos em Upssala, na Suécia, foi demonstrado que a resistência à insulina é um fator de risco para IC. Outros autores, como Pinheiro, Nakassato, Iosaki et al. (2007) afirmam que o desenvolvimento da IC está associado a altos valores de IMC, porém uma vez instalada a IC, o IMC elevado pode indicar maior sobrevida. Tal fato pode ocorrer porque pessoas com sobrepeso ou obesidade moderada podem representar um grupo com maior reserva metabólica, tolerando melhor ou por mais tempo o estresse metabólico proporcionado pela IC. Porém, no estudo realizado pelos pesquisadores ora citados, com pacientes com IC, os obesos grau II não tiveram nenhuma internação ou óbito no período do estudo e melhoraram a classe funcional enquanto os eutróficos foram aqueles que possuíram maiores números de internações e óbitos, embora sem diferença significativa. Logo, como os resultados mostraram, o IMC elevado não foi associado à melhora do prognóstico dessas pessoas. Ainda obre IC e IMC, no trabalho de Kenchaich, Evan, Levy et al. (2002), que analisou no estudo de Framingham a relação entre IMC e a incidência de IC, os resultados mostraram risco para desenvolvimento de IC e o aumento da unidade do valor de IMC normal. Quando comparados com os eutróficos, os indivíduos obesos apresentaram o dobro de risco. Conhecer as co-morbidades, as complicações causadas por elas e o tratamento farmacológico e não-farmacológico faz parte do saber clínico da enfermeira. Essa deve analisar as co-morbidades para definir com o cliente o cuidado e ajudá-lo na adaptação, já que a presença das co-morbidades citadas dificulta o processo de adaptação, pois o indivíduo necessita lidar com as alterações do cotidiano. Diante da associação entre essas co-morbidades e a IC, é importante que os enfermeiros atentem para desenvolver um trabalho junto com a população, de modo a despertá-la para as necessidades de hábitos de vida saudáveis, com vistas 56 a reduzir tanto a ocorrência das co-morbidades quanto das doenças cardiovasculares. 6.2 Diagnósticos de enfermagem identificados nos pacientes com insuficiência cardíaca Conhecidas as características pessoais e de adoecimento dos participantes do estudo, conforme anunciado, identificou-se o rol de diagnósticos de enfermagem. TABELA 3 - Distribuição dos diagnósticos de enfermagem identificados nos pacientes com insuficiência cardíaca. Fortaleza-CE, 2007 Diagnósticos de Enfermagem f % Dentição prejudicada 28 100,0 Intolerância à atividade 25 89,3 Sentimento de impotência 24 85,7 Desempenho de papel ineficaz 24 85,7 Disfunção sexual 24 85,7 Insônia 24 85,7 Controle ineficaz do regime terapêutico 21 75,0 Comportamento de saúde propenso a risco 21 75,0 Dor aguda 16 57,1 Constipação 15 53,6 Nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais 15 53,6 Percepção sensorial perturbada - visão 15 53,6 Fadiga 13 46,4 Memória prejudicada 10 35,7 Risco de desequilíbrio de volume de líquidos 10 35,7 Nutrição desequilibrada: menos que as necessidades corporais 6 21,4 Manutenção do lar prejudicada 5 17,9 Volume excessivo de líquidos 4 14,3 Disposição para bem- estar espiritual 4 14,3 Disposição para autoconceito melhorado 4 14,3 Risco de intolerância à atividade 3 10,7 Perfusão tissular ineficaz - periférica 1 3,6 Incontinência urinária de urgência 1 3,6 Deambulação prejudicada 1 3,6 Risco de infecção 1 3,6 Integridade da pele prejudicada 1 3,6 Risco de quedas 1 3,6 57 Como mostra esta Tabela, a análise das informações coletadas a partir do raciocínio diagnóstico, levou à identificação de 27 diagnósticos de enfermagem, com freqüência relativa que variou entre 3,6 e 100,0%. Destes, quatro se caracterizavam como de risco, quais sejam: Risco de desequilíbrio de volume de líquidos; Risco de Intolerância à atividade; Risco de infecção e Risco de quedas. Conforme NANDA (2008), os diagnósticos de enfermagem de risco são “as respostas humanas a condições/ processos vitais podem se desenvolver em uma pessoa, família ou comunidade. Sustentado por fatores de risco que aumentam a vulnerabilidade”. Contudo, esses diagnósticos de risco foram excluídos da presente discussão, pois na tipologia dos problemas de adaptação do modo de Roy não há risco e sim o problema propriamente dito. Ademais, do rol de diagnósticos de enfermagem identificados, foram excluídos, também, os diagnósticos Disposição para bem-estar espiritual e Disposição para autoconceito melhorado. Tal exclusão se justifica, pois eles se associam à tipologia de indicadores de adaptação positiva de Roy e, nesta investigação, o foco é voltado às necessidades de adaptação apresentadas pelas pessoas portadoras de insuficiência cardíaca. Portanto, trabalhou-se com 21 diagnósticos de enfermagem associados à tipologia de indicadores de problemas de adaptação da referida teoria. De posse destes, procurou-se estabelecer uma associação entre os diagnósticos de enfermagem identificados e o rol de indicadores de problemas de adaptação, considerando os modos adaptativos. Neste estudo, as associações estabelecidas abrangem a relação entre os diagnósticos de enfermagem encontrados e os modos adaptativos fisiológico, desempenho de papel e autoconceito de Roy. Quanto ao modo de interdependência, como mencionado, não foi possível relacionar nenhum diagnóstico de enfermagem identificado nos participantes do estudo a este modo. 58 6.3 Associação entre os diagnósticos de enfermagem segundo a NANDA e a tipologia de problemas comuns de adaptação segundo a Teoria de Callista Roy A associação estabelecida entre os diagnósticos de enfermagem e os modos fisiológico, desempenho de papel e autoconceito permitiu identificar os problemas comuns de adaptação de Callista Roy na população estudada, assim como favoreceu a identificação dos estímulos a serem trabalhados como medida interventiva que viabilizasse a adaptação destas pessoas à condição de portador de IC. Deste modo, expôs-se, na seqüência, a relação das associações procedidas entre os diagnósticos de enfermagem presentes na população estudada e os problemas comuns de adaptação segundo a Teoria de Callista Roy (ROY; ANDREWS, 1999). Inicialmente, estão representados os diagnósticos de enfermagem da NANDA (2008) relacionados ao modo fisiológico de Roy, conforme mostra o Quadro 8. Ao se observar o Quadro 8, conforme se percebe, no domínio nutrição, encontrou-se o diagnóstico de enfermagem Nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais; Nutrição desequilibrada: menos do que as necessidades corporais e volume excessivo de líquidos. A Nutrição desequilibrada mais do que as necessidades corporais foi identificada em 15 participantes (53,6%). De acordo com a NANDA (2008), este diagnóstico é definido como “ingestão de nutrientes que excede as necessidades metabólicas”. Para este diagnóstico, as características definidoras apresentadas foram as seguintes: peso 20% acima do ideal para a altura e compleição e nível de atividade sedentário, e como fator relacionado, a ingestão excessiva quanto às necessidades metabólicas. Segundo a NANDA (2008), a Nutrição desequilibrada menos do que as necessidades corporais é definida como “ingestão insuficiente de nutrientes capaz de satisfazer as necessidades metabólicas” e foi identificada em 6 pessoas (21,4%). As características definidoras apresentadas na população do estudo foram a falta de interesse na comida e a ingestão inadequada de alimentos menor do que a porção diária recomendada. E os fatores relacionados foram biológicos. 59 QUADRO 8 - Associação entre os diagnósticos de enfermagem da NANDA identificados nas pessoas portadoras de IC e os problemas comuns de adaptação de Roy do Modo fisiológico. Fortaleza- CE,2007 Diagnósticos de enfermagem da NANDA (2008) Domínio ▪Nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais ▪Nutrição desequilibrada: menos do que as necessidades corporais Nutrição Eliminação/troca Atividade/repouso Percepção/cognição Segurança/proteção Conforto Rótulo diagnóstico Problemas comuns de adaptação do Modo fisiológico segundo Roy (ROY; ANDREWS, 1999). Necessidades e Problemas comuns de adaptação processos complexos do modo fisiológico ▪Nutrição maior do que as necessidades corporais Nutrição ▪Nutrição menor do que as necessidades corporais ▪Volume excessivo de líquidos ▪Constipação ▪Incontinência urinária de urgência ▪Intolerância à atividade ▪Insônia ▪Deambulação prejudicada Fluídos, eletrólitos e balanço ácido-base ▪Percepção sensorial perturbada-visão ▪Memória prejudicada ▪Integridade da pele prejudicada Sentidos Eliminação Atividade e repouso Função neurológica Proteção ▪Edema ▪Constipação ▪Incontinência urinária ▪Intolerância à atividade ▪Privação de sono ▪Padrão inadequado de atividade e repouso ▪Deficiência de um sentido primário ▪Déficit de memória ▪Integridade da pele prejudicada ▪Dentição prejudicada ▪Perfusão tissular ineficaz Oxigenação ▪Dor aguda Sentidos ▪Perfusão alterada ▪Dor aguda tissular Ao se analisar conceitualmente os diagnósticos de enfermagem da NANDA percebeu-se que os dois primeiros diagnósticos citados mostraram estreita relação com os problemas de adaptação Nutrição desequilibrada maior do que as necessidades corporais e Nutrição desequilibrada menor do que as necessidades corporais, pertencentes ao componente nutrição da Teoria de Roy (1999). Este componente é definido como uma série de processos pelos quais a pessoa adquire e assimila os nutrientes e os usa para manter os tecidos corporais, promover crescimento e prover energia (ROY; ANDREWS, 1999). 60 Sobre o diagnóstico de enfermagem Volume excessivo de líquidos, emergiu em 4 participantes (14,3%) e é definido por NANDA (2008) como “retenção aumentada de líquidos isotônicos”. As características definidoras encontradas foram dispnéia e edema e os fatores relacionados foram mecanismos reguladores comprometidos e ingesta excessiva de líquidos. Para este diagnóstico, o problema de adaptação associado foi o edema, que faz parte do componente fluidos, eletrólitos e balanço ácido-base, um dos quatro processos complexos associados com o modo fisiológico. Para Roy e Andrews (1999), é vital manter estas substâncias na proporção correta para a integridade do indivíduo. Quanto ao domínio eliminação/troca, os diagnósticos de enfermagem identificados foram Constipação e Incontinência urinária de urgência. A constipação esteve presente em 15 participantes do estudo (53,6%) e é definida por NANDA (2008) como a “diminuição na freqüência normal de evacuação, acompanhada por passagem de fezes difícil ou incompleta e/ou passagem de fezes excessivamente duras e secas”. Enquanto as características definidoras foram anorexia, freqüência diminuída e incapacidade de eliminar as fezes, os fatores relacionados foram atividade física diminuída; hábitos alimentares deficientes, ingestão insuficiente de fibras e medicação. O outro diagnóstico, Incontinência urinária de urgência, isto é, a “perda involuntária de urina que ocorre imediatamente após uma forte sensação de urgência para urinar” (NANDA, 2008) foi identificado em apenas 1 pessoa do estudo (3,6%). Esta apresentou relato de urgência como característica definidora e infecção do trato urinário como fator relacionado. Estes diagnósticos de enfermagem foram associados aos problemas de adaptação constipação e incontinência urinária de urgência, constituintes do componente eliminação, da Teoria de Roy, que é um processo básico de vida essencial para a adaptação, e se divide em eliminação intestinal e urinária. A primeira é a expulsão do corpo de substâncias não digeridas na forma de fezes e a segunda é a eliminação de fluidos e de excesso de íons para manter a pureza e constância dos fluidos internos (ROY; ANDREWS, 1999). Ainda no Quadro 8, segundo se observa, no domínio atividade/ repouso foram identificados os seguintes diagnósticos: Intolerância à atividade; Insônia; 61 Deambulação prejudicada; Mobilidade física prejudicada; Fadiga e Débito cardíaco diminuído. No presente estudo, a Intolerância à atividade esteve presente em 25 (89,3%) dos 28 pacientes avaliados. NANDA (2008) define o diagnóstico de enfermagem intolerância à atividade como “energia fisiológica ou psicológica insuficiente para suportar ou completar as atividades diárias requeridas ou desejadas”. Este diagnóstico teve como características definidoras: desconforto aos esforços; dispnéia aos esforços e relato de fadiga relacionados ao desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio. Ainda como observado, o diagnóstico Insônia foi identificado em 24 pessoas (85,7%). Em NANDA (2008) este diagnóstico é definido como “distúrbio na quantidade do sono que prejudica o funcionamento normal de uma pessoa” Estas pessoas apresentaram como características definidoras para este diagnóstico o relato de falta de energia, insatisfação com o sono, dificuldade para permanecer dormindo e como fator relacionado o desconforto físico (falta de fôlego, tosse). Outro diagnóstico deste estudo foi Deambulação prejudicada, apresentado por apenas 1 paciente (3,6%). Para NANDA (2008), a Deambulação prejudicada é a “limitação à movimentação independente, a pé, pelo ambiente”. A característica definidora foi a capacidade prejudicada de percorrer as distâncias necessárias e como fator relacionado o prejuízo neuromuscular. Já em relação a Fadiga, NANDA (2008) define como “sensação opressiva e sustentada de exaustão e de capacidade diminuída para realizar trabalho físico e mental no nível habitual. Este diagnóstico foi identificado em 13 participantes (46,4%). Nele as características definidoras foram cansaço, desempenho diminuído, verbalização de uma opressiva falta de energia e o fator relacionado foi estado de doença e privação de sono. Os diagnósticos de enfermagem do domínio atividade/repouso ora citados possuem estreita relação com os seguintes problemas de adaptação: intolerância à atividade; privação de sono e padrão inadequado de atividade e repouso. Tais problemas estão contidos no componente atividade e repouso do modo de Roy. Segundo Roy e Andrews (1999), atividade e repouso são as chaves para sobrevivência humana e estão associados ao processo de mobilidade e sono. Quanto ao domínio percepção/cognição, emergiram os seguintes diagnósticos de enfermagem: Percepção sensorial perturbada e Memória 62 prejudicada. A Percepção sensorial perturbada é vista por NANDA (2008) como “mudança na quantidade ou no padrão dos estímulos que estão sendo recebidos, acompanhada por resposta diminuída, exagerada, distorcida ou prejudicada a tais estímulos”. Este diagnóstico foi identificado em 15 participantes do estudo (53,6%). Sua característica definidora foi distorção sensorial e o fator relacionado foi a recepção sensorial alterada. Ainda sobre diagnósticos, identificou-se o diagnóstico de enfermagem Memória prejudicada, presente em 10 participantes do estudo (35,7%). Memória prejudicada é a “incapacidade de lembrar ou recordar partes de informação ou habilidades comportamentais” (NANDA, 2008). As características definidoras foram incapacidade de aprender novas informações e experiências de esquecimento e o fator associado, distúrbios ambientais excessivos. Os diagnósticos do domínio percepção/cognição foram associados a componentes diferentes do modo de Roy. A Percepção sensorial perturbada apresentou relação com o problema de adaptação deficiência de um sentido primário que é componente do processo complexo sentidos. Eles são canais de impulsos necessários para as pessoas interagirem com as trocas ambientais (ROY; ANDREWS, 1999). A relação do diagnóstico de enfermagem Memória prejudicada esteve associada ao problema déficit de memória, que é constituinte da função neurológica da Teoria de Roy. Essa função é a chave para a adaptação da pessoa, pois os subsistemas regulador e cognato são baseados nos processos de função neurológica (ROY; ANDREWS, 1999). No domínio segurança/proteção foram encontrados os diagnósticos de enfermagem: Integridade da pele prejudicada, Integridade tissular prejudicada e Dentição prejudicada. Os diagnósticos de enfermagem Integridade da pele prejudicada e Perfusão tissular prejudicada estiveram presentes em apenas 1 participante (3,6%). Em relação à Integridade da pele prejudicada, segundo NANDA (2008), significa “epiderme e/ou derme alteradas”. Nestes diagnósticos, o rompimento da superfície da pele foi a característica definidora e a circulação prejudicada foi o fator relacionado. Este diagnóstico foi associado ao problema de adaptação integridade da pele prejudicada do componente proteção da teoria de Roy. Mencionada necessidade consiste de dois processos básicos de vida: processo defensivo não 63 específico e processo defensivo específico. Juntas essas duas defesas funcionais trabalham para proteger o corpo de substâncias estranhas, tais como bactéria, vírus e células do corpo anormais (ROY; ANDREWS, 1999). Como consta em NANDA (2008), o diagnóstico de enfermagem Perfusão tissular ineficaz periférica é a “diminuição na oxigenação, resultando na incapacidade de nutrir os tecidos no nível capilar”. As características definidoras foram pulsação arterial diminuída e pulsos fracos e o fator relacionado foi a interrupção do fluxo sangüíneo. Esse diagnóstico foi associado ao problema adaptativo perfusão tissular alterada, que faz parte do componente oxigenação, já citado anteriormente. Consoante evidenciado, o único diagnóstico presente em todos os participantes foi a Dentição prejudicada. Segundo a NANDA (2008), este diagnóstico de enfermagem é o “distúrbio nos padrões de desenvolvimento/erupção dentário ou integridade estrutural dos dentes de um indivíduo”. As características definidoras foram a ausência de dentes, dentes desgastados e estragados e perda de dentes. Como fatores relacionados identificaram-se a falta de acesso a cuidados profissionais, conhecimento deficiente a respeito da saúde dental, hábitos alimentares. Entretanto, o diagnóstico de enfermagem Dentição prejudicada não está relacionado explicitamente com os problemas de adaptação da Teoria de Callista Roy. Faz parte do processo desenvolvido pela enfermeira na avaliação do comportamento do componente nutrição e a presença desse comportamento é que vai influenciar no metabolismo, um dos processos da nutrição. Em continuidade, no domínio conforto, encontrou-se o diagnóstico de Dor aguda em 16 participantes (57,1%). De acordo com NANDA (2008), esse diagnóstico de enfermagem é definido como Experiência sensorial e emocional desagradável que surge de lesão tissular real ou potencial ou descrita em termos de tal lesão; início súbito ou lento, de intensidade leve a intensa, com término antecipado ou previsível e duração de menos de seis meses (NANDA, 2008). Nele, a característica definidora apresentada foi o relato verbal de dor relacionada aos agentes lesivos. 64 Esse domínio foi associado ao problema de adaptação dor aguda do componente sentido da Teoria de Roy, já citado. Após esta análise, na seqüência, será apresentada a associação entre os diagnósticos de enfermagem da NANDA e o modo de desempenho de papel. QUADRO 9 -Associação entre os diagnósticos de enfermagem da NANDA identificados nas pessoas portadoras de IC e os problemas comuns de adaptação de Roy do Modo de desempenho de papel. Fortaleza- CE, 2007 Diagnósticos de Enfermagem da NANDA (2008) Problemas comuns de adaptação do Modo de desempenho de papel de Roy (Roy; Andrews, 1999). Domínio Rótulo Diagnóstico Problema comum de adaptação Autopercepção ▪ Desempenho ineficaz Promoção da saúde ▪Controle ineficaz do regime terapêutico ▪Manutenção do lar prejudicada Enfrentamento/Tolerância estresse ao de papel Falha no papel ▪ Comportamento de saúde propenso a risco Quanto ao domínio autopercepção do diagnóstico de enfermagem da NANDA, emergiu o diagnóstico Desempenho de papel ineficaz em 24 participantes do estudo (85,7%), apresentando como características definidoras a insatisfação com o papel e a adaptação inadequada à mudança, ambas relacionadas a doença. NANDA (2008) define este diagnóstico como “padrões de comportamento e autoexpressão que não combinam com o contexto, as normas e as expectativas do ambiente”. Já no domínio Promoção da saúde foram identificados os diagnósticos Controle ineficaz do regime terapêutico, em 21 pessoas (75%), e Manutenção do lar prejudicada, em 5 participantes (17,9%). O Controle ineficaz do regime terapêutico foi definido por NANDA (2008) como “padrão de regulação e integração à vida diária de um programa de tratamento de doenças e suas seqüelas que é insatisfatório para atingir objetivos específicos de saúde”. 65 Neste diagnóstico, a característica definidora foi escolha da vida diária ineficaz para atingir os objetivos de saúde e os fatores relacionados foram complexidade do regime terapêutico e dificuldades econômicas. Quanto à Manutenção do lar prejudicada, NANDA (2008) define como “incapacidade de manter de forma independente um ambiente imediato e seguro e que promova crescimento”. Nele, a característica definidora foi a descrição de membros da família de crises financeiras relacionadas à doença. No domínio enfrentamento/tolerância ao estresse surgiu o diagnóstico de enfermagem Comportamento de saúde propenso a risco em 25 (75%) pessoas. De acordo com NANDA (2008), esse diagnóstico é a “incapacidade de modificar estilo de vida/comportamentos de forma compatível com mudanças no estado de saúde”. Foi identificada como característica definidora o não alcance de uma completa sensação de bem-estar relacionada a múltiplos estressores. Assim, estes diagnósticos de enfermagem da NANDA apresentaram estreita relação com o problema adaptativo falha de papel, pertencente ao modo de desempenho de papel. Segundo Roy e Andrews (1999), a necessidade básica desse modo é a integridade social e o foco é o papel ocupado pelas pessoas na sociedade. Em continuidade à associação entre os diagnósticos de enfermagem da NANDA e os problemas comuns de adaptação, no Quadro 10, a seguir, será apresentada a associação dos diagnósticos de enfermagem da NANDA com o modo de autoconceito de Roy. QUADRO 10 -Associação entre os diagnósticos de enfermagem da NANDA identificados nas pessoas portadoras de IC e os problemas comuns de adaptação de Roy do Modo de autoconceito. Fortaleza- CE, 2007 Diagnósticos de Enfermagem da NANDA (2008) Problemas comuns de adaptação do Modo de autoconceito (ROY; ANDREWS, 1999). Domínio Rótulo Diagnóstico Problemas comuns de adaptação Sexualidade ▪Disfunção sexual Eu físico ▪Disfunção sexual Autopercepção ▪Sentimento impotência de Eu pessoal ▪Impotência 66 No domínio sexualidade da NANDA, encontrou-se o diagnóstico de enfermagem Disfunção sexual em 24 participantes (85,7%), cuja definição pela NANDA (2008) é “o estado em que um indivíduo passa por mudança na função sexual, durante as fases de resposta sexual de desejo, excitação e/ou orgasmo, que é vista como insatisfatória, não compensadora e inadequada”. A característica definidora foi limitação percebida imposta pela doença relacionada à estrutura corporal alterada-processo de doença. Quanto ao domínio autopercepção da NANDA, nele emergiu o diagnóstico de enfermagem Sentimento de impotência, presente em 24 pessoas (85,7%). Tal diagnóstico de enfermagem é a “percepção de que uma ação própria não afetará significativamente um resultado; falta de controle percebida sobre uma situação atual ou um acontecimento imediato” (NANDA, 2008). A característica definidora foi a expressão de insatisfação quanto à incapacidade de realizar tarefas/atividades prévias relacionadas à doença. Os diagnósticos de enfermagem identificados no Quadro 10 apresentaram relação com os problemas de adaptação constituintes do modo de autoconceito de Roy. Tal modo é definido por Roy e Andrews (1999) como um composto de crenças e sentimentos que a pessoa tem sobre si mesma em um dado momento do tempo. Neste modo, os problemas adaptativos podem interferir na habilidade da pessoa em fazer o que é necessário para manter os aspectos de saúde. 6.4 Discussão dos problemas comuns de adaptação e seus estímulos segundo os modos fisiológico, desempenho de papel e autoconceito de Callista Roy Estabelecida a associação entre os diagnósticos de enfermagem encontrados no grupo de pessoas portadoras de IC e os problemas comuns de adaptação de Roy, como forma de fortalecer sua existência no cotidiano destas pessoas, desenvolveu-se a análise de cada problema comum de adaptação e os diversos estímulos que afetam o comportamento. Como afirmam Roy e Andrews (1999), os estímulos podem ser internos ou externos e incluem todas as condições, circunstâncias e influências circundantes ou que afetam o desenvolvimento e comportamento do sistema adaptativo humano. Após a análise dos estímulos que afetam a adaptação, elaborou-se um planejamento de intervenções de enfermagem, na tentativa da enfermeira mediante seu cuidado clínico, oferecer uma contribuição ao processo adaptativo do paciente, 67 permitindo-se, com isso, a substituição de respostas ineficazes por respostas adaptativas, visando sua melhor qualidade de vida. ▪MODO FISIOLÓGICO Neste modo, no componente nutrição, teve três problemas identificados: nutrição desequilibrada maior do que as necessidades corporais, nutrição desequilibrada menor do que as necessidades corporais e dentição prejudicada. Contudo, no estudo ora realizado, a alteração neste componente foi mais afetada pelo problema nutrição desequilibrada maior do que as necessidades corporais e teve como estímulo a ingestão excessiva em relação às necessidades metabólicas. Ressalta-se que essa ingestão elevada associada ao sedentarismo e outros fatores acarreta o aumento de peso ou agravamento da obesidade. Como é um problema de saúde pública mundial, a obesidade acomete todos os estratos da sociedade moderna indiscriminadamente, e constitui a principal contribuinte para a carga global de doenças crônicas e invalidez (OMS, 2000). É uma doença crônica, multifatorial, reconhecida internacionalmente como fator de risco independente para doenças cardiovasculares. Essa doença está fortemente associada com outros fatores de risco para as doenças cardiovasculares, tais como HAS, DM e dislipidemia (KATZMARZYK; CRAIG; BOUCHARD, 2001; NCEP, 2002). De acordo com Kenchaiah, Evan, Levy et al. (2002), a obesidade é reconhecida como fator de risco para IC. Segundo mostraram o estudo de Framingham, o aumento do IMC em uma unidade aumenta o risco de apresentar IC em 5% nos homens e 7% nas mulheres. Atualmente, as elevadas prevalências das doenças cardiovasculares e obesidade na população brasileira estão sendo associadas à modificação dos hábitos alimentares. Entre essa modificação inclui-se a redução no consumo de hortaliças, fibras e frutas, além do consumo elevado de gorduras trans (MONTEIRO; MONDINI; COSTA, 2000; WONG; MONTEIRO; POPKIN, 2002). Os hábitos alimentares representam marcadores de risco para doenças cardiovasculares, sobretudo porque consumo elevado de colesterol, lipídios e ácidos graxos, somados ao baixo consumo de fibras, participa na etiologia das dislipidemias, obesidade, DM e HAS (PARADA; COZZA; PARADA, 1999; FORNÉS; SALAS; MIGUEL; 2000; GUEDES; GUEDES, 2001). 68 Vários estudos abordam os tipos de alimentação dos pacientes com alterações cardiovasculares. Destes, cita-se o de Fornés, Salas e Miguel (2002) desenvolvido em um município do estado de São Paulo. Naquele estudo, consoante, o consumo de carnes (bovina, suína, aves, vísceras e carnes processadas), leite e derivados de ovos correlaciona-se com o aumento do low density lipoprotein (LDL). E, ainda, segundo concluíram os autores, a redução nos riscos de doenças cardiovasculares pode ser alcançada por meio de controle da dieta. Pierin (2004) corrobora a importância da alimentação e afirma ser importante seguir uma conduta alimentar no qual se estabeleça um valor energético suficiente para reduzir/manter o peso no limite desejável. A dieta deve ser composta de até 15% de proteínas, de 50 a 60% de carboidratos e de no máximo 30% de gorduras. Nela, a ingestão de colesterol deve corresponder a 300mg/dia. Além disso, as fibras devem estar presentes na dieta e o sódio deve ser restrito, conforme a condição da pessoa. Logo Castro, Franceschini, Priore et al. (2004) também se pronunciam sobre o assunto. Para eles, a avaliação do estado nutricional é de grande utilidade e no estabelecimento de estratégias de intervenção com vistas à prevenção de doenças cardiovasculares. Portanto, para a prevenção e correção de sobrepeso e obesidade e como forma de reduzir os fatores de risco para doenças cardiovasculares, é preciso que o indivíduo faça modificações no seu estilo de vida. E, para orientar e auxiliar as pessoas, é indispensável a participação da enfermeira na educação alimentar dos pacientes com problemas cardíacos, entre eles, os pacientes com IC, alvo do presente estudo. A orientação alimentar é uma medida não-farmacológica essencial para evitar complicações de doenças cardiovasculares. Quanto à dieta para os pacientes com IC, recomenda-se uma alimentação fracionada, em pequeno volume e de fácil digestão (MUSTAFA; LEVERVE, 2001), além de hábitos alimentares saudáveis. Nos portadores de IC, deve-se observar não apenas a quantidade e a qualidade dos alimentos ingeridos, mas também o uso do sódio nos alimentos, pois o excesso do consumo de sódio contribui para à ocorrência de HAS, descompensações da IC e diminuição da eficácia de diuréticos. 69 Para Barreto e Bocchi (2003), a restrição de sódio é uma das bases para o tratamento da dieta do paciente com IC, sendo variável e dependente da classe funcional e da situação clínica do paciente. Segundo adverte o consenso atual, as pessoas com IC não devem adicionar sal nos alimentos já preparados e devem evitar a ingestão de produtos enlatados (VAN DER WALL; JAARSMA; VANVEDHUISEN, 2005). Mas Lopes, Barreto-Filho, e Riccio (2003) chamam atenção para o fato de que uma dieta muito pobre em sal pode resultar em alterações metabólicas e hormonais no paciente. No estudo desenvolvido por esses autores, a dieta com teor de sódio muito reduzido ocasiona aumento de catecolaminas plasmáticas, de colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL- colesterol) e de triglicérides, como da resistência à insulina. Contudo, a restrição moderada não interfere nesses aspectos. Portanto, com poucas ressalvas, é consenso que a dieta com moderada restrição de sódio é ideal. Deve, pois, a enfermeira orientar os pacientes a evitar a adição de sal, produtos industrializados, salgadinhos, molhos. Ela deve, também, orientar a preparação dos alimentos com produtos naturais, tais como alho, cheiro verde, gengibre. Isto é, a enfermeira, além de orientar o paciente, deve em conjunto encontrar melhores alternativas para os pacientes, pois mudanças alimentares, assim como nos hábitos de vida, envolvem questões econômicas, culturais, psicológicas. O segundo problema de adaptação do componente nutrição foi a nutrição desequilibrada menos do que as necessidades corporais, tendo como estímulos os fatores biológicos. Como mostra a literatura, a IC ocasiona perda de peso que pode levar a caquexia cardíaca, chegando esse peso a um déficit de 20%. Tal fato está relacionado a alterações no organismo, as quais afetam o estado nutricional. Neste caso, o trato digestivo é o mais prejudicado, principalmente em nível de compressão gástrica, congestão hepática, edema de alça intestinal, enteropatia perdedora de proteína, náuseas, falte de apetite, dispnéia e fadiga. Estes sintomas contribuem para anorexia (MAGNONI; STEFANUTO; KOVACS, 2005). Assim, a orientação nutricional é igualmente importante e necessária para esses pacientes, porquanto uma boa alimentação fornecerá energia e nutrientes para evitar o esforço cardíaco. Para Barreto e Bocchi (2003), os suplementos 70 nutricionais com alta densidade calórica podem ser úteis para manter ou recuperar o estado nutricional dos pacientes com IC. No presente estudo foram identificados dois estímulos que estavam dificultando a adaptação na parte nutricional dos pacientes: ingesta excessiva e fatores biológicos. As intervenções de enfermagem propostas são baseadas nesses estímulos. Na seqüência serão mostradas as possíveis intervenções de enfermagem segundo a NIC (2008). • Estabelecer relação terapêutica com base na confiança e no respeito • Discutir as preferências e os alimentos de que o paciente não gosta • Facilitar a identificação dos comportamentos a serem modificados • Discutir as exigências nutricionais e as percepções do paciente sobre a dieta recomendada • Oferecer informações sobre a necessidade de saúde para modificação da dieta: perda de peso, aumento de peso, restrição de sódio, redução de colesterol • Discutir hábitos de compra e de limites orçamentários Acredita-se que a nutrição é complexa e a enfermeira, ao desenvolver o seu cuidado clínico, deve propor intervenções baseada na alimentação saudável com vistas à adaptação dos pacientes e conseqüente melhora na qualidade de vida. Como mencionado, no presente estudo foi identificado o diagnóstico de enfermagem Dentição prejudicada. Esse diagnóstico, porém, não é visto por Roy como um problema de adaptação, e, sim, como comportamento necessário para o componente nutrição. Segundo Roy e Andrews (1999), a avaliação da condição da cavidade oral é importante na determinação da saúde nutricional da pessoa e na identificação de deficiências. Tal avaliação deve ser feita em toda a cavidade oral, incluídos os dentes. Por exemplo, os adultos têm 32 dentes permanentes e eles são examinados para condições que diminuem a ação destes, tais como a perda dos dentes ou desgastes. De modo geral, os hábitos alimentares podem comprometer a cavidade bucal direta ou indiretamente. Da mesma forma, os dentes são afetados por cáries e doença periodontal, e essas podem ocasionar á perda dental, a qual, por sua vez, 71 pode influenciar na escolha da dieta. Ademais, a perda dos dentes ou uma dentição comprometida, dores bucais e perda do paladar podem forçar muitas pessoas a mudar seus hábitos alimentares. Logo, a escolha dos alimentos e a qualidade nutricional da dieta podem ser alteradas pela instalação de próteses parciais removíveis ou próteses totais, principalmente quando mal-adaptadas ou com dentes artificiais gastos (PAPAS; PALMER; ROUNDS, 1998). Diante destas afirmações, é inegável a importância da manutenção da dentição natural ou de parte dela sempre que possível, assim como a correta informação sobre a devida adaptação nutricional quando o paciente é portador de próteses. Conforme se sabe, porém, a manutenção da dentição natural é rara, pois a cárie ainda é uma doença que acomete todos os segmentos sociais. E, nos lugares onde uma proporção significativa da população não tem acesso regular a ações de promoção da saúde bucal e a serviços odontológicos, o tratamento dessa enfermidade, em estágio tardio, é realizado pela extração dos dentes afetados (HIRAMATSU; TOMITA; FRANCO, 2007). Portanto, o diagnóstico Dentição prejudicada, discutido no presente estudo, encontra eco em outros trabalhos como os desenvolvidos por Sousa, Sousa, Vale et al. (2007) com idosos em atendimento ambulatorial e por Guerra, Cipulo, Finger et al. (2005) com pessoas com indicação de transplante cardíaco, apresentam freqüência elevada para dentição prejudicada. Embora este diagnóstico não entre na relação direta com a doença insuficiência cardíaca, e sim com questões como hábitos alimentares e econômicos como barreiras econômicas que nesse estudo dificultam o acesso ao profissional especializado, ele interfere no tratamento da IC. Quanto à faixa etária mais prevalente dos participantes, ficou entre 41 e 50 anos e 61 e 70 anos, ambos com nove pessoas, mas a perda total ou parcial dos dentes não ocorrem somente nos idosos. No presente estudo, os participantes com IC ou não possuíam todos os dentes e/ou usavam prótese dentária (superior e/ou inferior). Em vinte desses, a falta de dentes era visível e comprometia o aspecto estético. Apesar de terem sido detectados problemas nos hábitos alimentares dos participantes, o principal problema identificado quanto à dentição foi a falta da visita regular ao dentista e tal 72 fato estava relacionado à dificuldade de ir a uma consulta com esse profissional, já que a demanda desse serviço é grande. Segundo o Modelo de Atenção á Saúde Bucal, e de acordo com o relatório final da 2a Conferência Nacional de Saúde Bucal, deve ser garantida a "assistência integral em todos os níveis e faixas etárias”. Ainda de acordo com este documento, propõe-se garantir que os portadores de deficiência física, mental, motora ou múltiplas, ou de doenças infecto-contagiosas e crônicodegenerativas tenham o seu atendimento básico executado em qualquer Unidade Básica de Saúde da rede SUS que deverá contar com concepção arquitetônica adequada, normas e rotinas de biossegurança, e recursos humanos devidamente capacitados para tal fim (BRASIL, 1993:16). Parte integrante e inseparável da saúde geral dos indivíduos, no Brasil, a saúde bucal tem sido relegada ao completo esquecimento, principalmente quando se refere à saúde bucal do idoso, já que a sociedade e os odontólogos aceitam como normal e natural a perda dos dentes com o avançar da idade. De modo geral, os serviços públicos odontológicos possuem extrema limitação no atendimento e nos adultos limitam-se a práticas multiladoras (PUCCA JÚNIOR, 2002). A perda dos dentes, portanto, deve ser configurada como resultado, ou seja é um quadro de seqüela ocasionada por um processo de desgaste do corpo e os componentes desse desgaste se sobrepuseram aos demais. Logo, quando a perda dos dentes está presente, é porque as medidas de atenção à saúde bucal anteriores fracassaram ou não existiram. Embora se deva criticar as formas de acesso aos serviços e os programas odontológicos, há necessidade de reestruturação do sistema e uma mudança de atitude diante dos problemas de saúde bucal (PUCA JÚNIOR, 2002). A necessidade de acesso aos serviços odontológicos e conseqüentemente à saúde bucal se faz urgente não soem virtude de aspectos estéticos, mas para a saúde como um todo, pois as condições bucais se relacionam a todos os aspectos da vida do indivíduo, sobretudo na parte da nutrição, componente importante para todos. Mesmo em face das limitações, algumas intervenções de enfermagem podem ser postas em prática. Entre estas, algumas apresentadas pela NIC (2008), que podem ser implementadas pelas enfermeiras no cuidado aos pacientes. 73 • Orientar quanto à necessidade de uma rotina diária de cuidado oral • Orientar a pessoa a escovar os dentes, as gengivas e a língua • Encorajar os usuários de dentadura a escovarem as gengivas e a língua e a enxaguarem a cavidade oral diariamente • Recomendar uma alimentação saudável • Monitorar a mucosa oral na consulta de enfermagem • Providenciar as consultas dentárias. Como já visto, a dentição prejudicada afeta não apenas a cavidade oral. Portanto, é preciso ampliar as intervenções de enfermagem a fim de atuar nos problemas relacionados à dentição e, assim, promover a saúde oral de forma a evitar complicações aos pacientes e ajudar na adaptação. Em relação ao componente eliminação foram identificados dois problemas de adaptação: constipação e incontinência urinária de urgência, sendo este último atribuído a um fato particular e discutido posteriormente. No presente estudo, os estímulos para o problema de adaptação Constipação foram: atividade física diminuída; hábitos alimentares deficientes; ingesta insuficiente de fibras e medicações. No estudo desenvolvido por Oliveira, Rocha, Paes et al. (2000), com pessoas atendidas em ambulatórios de diversas especialidades, a prevalência da constipação foi alta e com características epidemiológicas. Segundo afirmam estes autores, a maioria das pessoas experimenta períodos de constipação no transcorrer de suas vidas. E essa constipação pode ser causada por diferentes mecanismos e por vários sintomas. Para Santos Júnior (2005), a constipação tem causas primárias e/ou secundárias. Das causas primárias fazem parte hábitos alimentares, aspectos culturais e controle sistemático da defecação; das secundárias, efeitos de medicações, doenças endócrinas e neurológicas. É importante salientar que os estímulos atividade física diminuída e medicações utilizadas estão relacionados à IC. De modo geral, a ausência de atividade física dos participantes é decorrente da dispnéia ao realizar atividade física e /ou em repouso. Tal dispnéia é caracterizada como um sintoma da IC (STOCCO; BARRETO, 2000). Como a diminuição da atividade física provoca diminuição do peristaltismo, conseqüentemente, há retenção das fezes. 74 Para Smeltzer e Bare (2005), a mobilidade é responsável pela manutenção do tônus e resistência muscular (abdominal) enquanto a diminuição ou restrição de movimentos pode causar constipação. De acordo com Andrade, Silva, Mendonça et al. (2003) o sedentarismo e a falta de exercícios contribuem para o surgimento de sintomas da constipação, pois favorecem a eficácia dos movimentos peristálticos e o desenvolvimento da musculatura abdominal, que irá atuar no hábito de defecação. Quanto à relação entre a constipação e a medicação, conforme Andrade, Silva, Mendonça et al. (2003) relatam que vários medicamentos têm como efeitos adversos a constipação, entre eles, os antiarrítmicos e anti-hipertensivos e os diuréticos. Esses medicamentos são bastante utilizados pelos pacientes do estudo, pois fazem parte do tratamento farmacológico para IC. Ao discutirem os hábitos alimentares, Roy e Andrews (1999) ressaltam que a quantidade e o tipo de dieta são importantes para o padrão de eliminação. No presente estudo, consoante observou-se, alguns participantes mantinham hábitos alimentares insuficientes e, entre esses hábitos, a ingesta diminuída de fibras. Tal estímulo, no entanto, não tem relação direta com a IC, mas pode ser decorrente de hábitos culturais e econômicos. A causa mais comum de constipação é a ausência de fibras na alimentação. Além de atuar na prevenção de doenças intestinais, como constipação, hemorróidas, hérnia hiatal, doença diverticular e câncer de cólon, a fibra alimentar pode contribuir, também, na prevenção e no tratamento da obesidade, na redução do colesterol sangüíneo, na regulação da glicemia após as refeições e, ainda, diminuir o risco de doenças cardiovasculares e diabetes (MARLETT; MCBURNEY; SLAVIN, 2002). Como asseveram Alves, Cherulli, Mannarino et al. (2005), as fibras interferem na função intestinal. Esse componente da dieta atua por meio dos seguintes mecanismos: absorção da água pela fibra causando aumento do volume fecal e, conseqüentemente, estímulo da peristalse; ação bacteriana sobre as fibras, levando à formação de ácidos orgânicos que atuam de forma irritativa e osmótica no cólon, estimulando sua contração. Mais uma vez, como profissional, e mediante seu cuidado, a enfermeira tem papel fundamental na detecção clínica de constipação e das causas dessas nos 75 pacientes. Com esta finalidade, seu cuidado deve enfocar a prevenção e tratamento da constipação de acordo com a necessidade de cada paciente. É preciso enfatizar a importância de adquirir um hábito intestinal, ou seja, adotar horários diários para evacuação. Faro (2000) sugere que as evacuações sejam feitas após as refeições, aproveitando o refluxo gastrocólico. Orienta também sobre uma massagem feita da direita para a esquerda com a mão espalmada, a qual se realizada, após trinta minutos das refeições, pode contribuir para a estimulação da motilidade intestinal. Surge-se, também, o consumo de uma dieta bem equilibrada, a exemplo de frutas, hortaliças e fibras. Mas essa orientação alimentar deve ser em conjunto com os pacientes e/ou família, pois deve se atentar para as condições econômicas dessas pessoas. Quanto ao estímulo da prática de exercícios, é orientado levando em consideração as limitações provocadas pela IC. Alguns estímulos já citados foram identificados no estudo como dificultadores ou causadores de constipação. Diante disto, foram propostas intervenções de enfermagem segundo a NIC (2008), tais como: • Monitorar sinais e sintomas da constipação • Explicar ao paciente a etiologia do problema e a justificativa das ações • Orientar o paciente/família sobre a dieta com elevado teor de fibras • Orientar o paciente/família sobre a relação entre a dieta, o exercício e a ingestão de líquidos e a constipação/impactação • Ensinar ao paciente/família os processos digestivos normais. A implementação dessas intervenções de enfermagem associada com a participação dos pacientes contribuirá para o controle e/ou melhora da constipação referida pelos participantes. No componente eliminação, o problema incontinência urinária foi identificado em uma participante que no momento da coleta dos dados apresentava infecção urinária. Portanto, não estava relacionado à IC. Entre as mais freqüentes infecções bacterianas do ser humano, inclui-se a infecção do trato urinário sintomática, predominando entre os adultos do sexo feminino. Alguns fatores aumentam o risco na mulher como: episódios prévios de infecção urinária, o ato sexual, a gestação, o número de gestações, o diabetes e a 76 higiene deficiente, principalmente em mulheres obesas e com piores condições social econômicas (VALIQUETTE, 2001). Apesar de ter sido um fato particular é importante o cuidado de enfermagem na infecção urinária a fim de evitar maiores complicações ocasionadas pela doença e manter um ótimo padrão de eliminação da urina. Diante disto, algumas intervenções de enfermagem conforme a NIC (2008) foram propostas, tais como: • Monitorar a eliminação urinária, incluindo a freqüência, o odor, o volume e a cor • Orientar o paciente sobre sinais e sintomas de infecção do trato urinário • Encaminhar o paciente ao médico. No componente atividade e repouso foram identificados os seguintes problemas de adaptação e estímulos: intolerância à atividade cujo estímulo era o desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio; padrão inadequado de atividade e repouso devido a doença IC e privação de sono ocasionada pelo desconforto físico. Segundo se percebe, os problemas de adaptação e os estímulos identificados estão diretamente associados entre si e com a fisiopatologia, manifestações clínicas e complicações da IC. Isto é, o desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio e a resistência vascular diminuída são características fisiopatológicas da IC e ocasionam manifestações clínicas como desconforto físico ao realizar atividades e outras manifestações que alteram o padrão de sono, provocando diminuição das atividades diárias e qualidade de vida dos portadores de IC. A IC é uma síndrome clínica e complexa que vai muito além de falha na “bomba cardíaca”. É um problema sistêmico, neuro-hormonal que envolve alterações metabólicas, na musculatura esquelética e aumento no tônus vasomotor. As manifestações periféricas da IC, como a disfunção endotelial, alterações musculares esqueléticas e distúrbios no controle ventilatório, são determinantes para a intolerância ao exercício e tal fato é ocasionado pelo comprometimento da perfusão periférica e do metabolismo muscular (FERARRI; BACHETTI; AGNOLETTI et al., 1998). Consoante relata Joyner (2004), nos últimos 25 anos houve um grande avanço no conhecimento da fisiopatologia do exercício na IC, permitindo demonstrar que alterações estruturais, funcionais e metabólicas dos sistemas músculos- 77 esqueléticos, respiratório e nervoso, junto com o sistema cardiovascular estão envolvidos na intolerância ao exercício. Tudo isto contribui para redução na capacidade funcional. Dal Lago, Stein, Ribeiro (2005) corroboram este relato, ao afirmar que as anormalidades da resposta cardiovascular, músculo-esqulética e ventilatória durante o exercício na IC são multifatoriais e mais complexas do que se pensava anteriormente. Durante o exercício, as alterações periféricas parecem ter participação fundamental na resposta funcional. A fadiga está associada às anormalidades musculares e vasculares periféricas; a dispnéia está relacionada com as modificações do sistema respiratório e com as anormalidades metabólicas dos músculos periféricos. Diante dessas características, segundo esses autores acreditam, em pacientes com IC compensada o condicionamento físico resulta na reversão de diversas alterações fisiopatológicas que limitam a capacidade funcional desses pacientes. Ante o interesse na ampliação da capacidade funcional dos portadores de IC vários trabalhos foram produzidos. Em 1999, publicou-se o primeiro estudo randomizado com 99 pacientes para determinar se o exercício moderado, a longo prazo, poderia melhorar a capacidade funcional e a qualidade de vida em pacientes com IC. Os resultados do estudo mostraram melhora na capacidade funcional e na qualidade de vida de pacientes treinados. Posteriormente, outros estudos como o de Piña, Apstein, Balady et al. (2003) e Thompson, Buchner, Pinã et al. (2003) demonstraram que a atividade física pode ser segura para pessoas com IC. De acordo, porém, com Barreto, Drumond Neto, Mady et al. (2002), dependendo da gravidade da doença, a intolerância ao exercício pode ser um dos fatores limitantes durante a realização de atividades da vida diária. Portanto, a orientação deve ser individualizada conforme o grau de IC e a idade do paciente. No presente estudo, a maioria dos participantes relatou não praticar atividade física por apresentarem dispnéia aos esforços e/ou fadiga, estando, pois, em um grau de IC mais avançado e também pela idade. Contudo, como recomendada, a orientação para atividade física deve estar incluída no tratamento não-farmacológico da IC e deve ser abordada nas consultas de enfermagem, mas de forma individualizada e em conjunto com os pacientes, a fim de não sobrecarregar o trabalho cardíaco. 78 O estímulo desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio e os sintomas causados por ele é uma característica da IC, sendo, portanto, um processo fisiopatológico. De modo geral, os participantes do estudo relataram dispnéia aos esforços e essa pode ocasionar complicações mais sérias. Neste momento, o enfermeiro pode implementar intervenções clínicas de enfermagem e deve ficar atenta à tolerabilidade de cada pessoa. Entre as possíveis intervenções de enfermagem incluem-se as seguintes: • Investigar experiências anteriores com exercícios • Investigar as barreiras ao exercício • Auxiliar o indivíduo a desenvolver um programa de exercícios apropriado, se indicado. Outro problema de adaptação foi a privação no sono, que teve como estímulo o desconforto físico. Este, nos participantes do estudo, foi causado pelo desconforto físico decorrente da IC. Os pacientes relataram falta de sono e interrupção do sono devido a falta de ar e a tosse. Segundo Smeltzer e Bare (2005), as pessoas com IC podem apresentar ortopnéia, isto é, a dificuldade de respirar quando deitam. Algumas dessas pessoas, porém, apresentam dispnéia apenas à noite: é a conhecida dispnéia paroxística noturna. Tal fato ocorre porque a pessoa que passou um longo período sentado com os pés e as pernas pendentes acumulam líquidos durante o dia e esse é absorvido para dentro do volume circulante. Tais sintomas comprometem a qualidade de sono dos pacientes que os apresentam. Stocco e Barreto (2002) relatam que os pacientes portadores de IC em virtude da disfunção do ventrículo esquerdo manifestam insônia como um dos sinais e sintomas, isto é, o baixo fluxo cerebral ocasiona este problema. Contudo, no estudo ora elaborado, segundo se acredita, a privação de sono dos participantes do estudo advém não só problemas físicos, mas de problemas psicossociais ocasionados pela IC, como aposentadorias precoces, diminuição da renda familiar, medo da morte, problemas familiares e efeitos colaterais de medicações. As desordens do sono são comuns e multifatoriais e o risco aumenta com a idade, apesar de ser comum em todos os estágios da vida. Dessas desordens, a mais prevalente é a insônia, considerada como um problema de saúde pública e definida como uma dificuldade para iniciar o sono ou para se manter dormindo. 79 Neste momento, pode haver uma diminuição total ou parcial da quantidade e/ou da qualidade do sono (AVIDAN, 2005; SUMMERS; CRISOSTOMO; STEPANSKI, 2006). Outro estudo confirma as desordens do sono. Por exemplo, o de Sá, Mota e Oliveira (2007) concluiu que há uma alta prevalência de insônia crônica, sobretudo entre os idosos, e que a privação de sono interfere na qualidade de vida dessas pessoas. Mais uma vez o enfermeiro pode exercer sua prática e no seu cuidado clínico de enfermagem deve enfocar não apenas o desconforto físico que causa a insônia, mas também as conseqüências desta para a qualidade de vida dos pacientes. Conforme observado, o padrão de sono inadequado interfere na adaptação, pois pode provocar instabilidade de humor, afetar as atividades diárias, o relacionamento com as pessoas, causar ansiedade. Como o estímulo desconforto físico é próprio da doença apresentada pelos participantes, a enfermeira pode desenvolver algumas intervenções de enfermagem segundo a NIC (2008), quais sejam: • Determinar o padrão de sono/atividade • Orientar o paciente para monitorar os padrões de sono • Monitorar a participação em atividades que produzem fadiga durante o sono • Auxiliar a eliminar situações estressantes antes do horário de dormir • Orientar o paciente e as pessoas significativas sobre os fatores que contribuem para distúrbios no sono (fisiológicos, psicológicos, estímulos de vida). A enfermeira ao implementar essas intervenções basearão seu cuidado clínico nas conseqüências da privação do sono a fim de facilitar os ciclos regulares de dormir/acordar. No componente sentidos foram identificados dois problemas de adaptação: dor aguda e percepção sensorial perturbada- visão. Neste estudo, 16 pessoas (57,1%) relataram dor e esta era aguda, já que havia se manifestado até seis meses. As queixas dos pacientes foram de cefaléia, epigastralgia, precordialgia, membros inferiores e dor nos ossos. Destas, a dor mais relatada foi a epigastralgia, por 8 pessoas (28,6%). 80 Acredita-se que as queixas de dores no estômago estejam associadas ao tratamento medicamentoso da IC, isto é, a quantidade de medicamentos utilizados diariamente e a ausência de um medicamento de proteção gástrica. Essa dor pode estar relacionada, também, com os eventos adversos dos medicamentos. Diante da doença e da medicação, exige-se adaptação. Entre as várias condições necessárias para adaptação de uma pessoa, há o alívio ou ausência da dor, pois essa interfere na qualidade de vida e pode desencadear estresse e depressão. O estímulo medicação, identificado como responsável pela dor, é importante no tratamento dos pacientes, portanto, não pode ser eliminado. Propõese, então, as seguintes intervenções de enfermagem, conforme a NIC (2008): • Realizar uma avaliação abrangente da dor, que inclua o local, as características, o início, a duração, a freqüência, a qualidade, a intensidade ou gravidade da dor e os fatores predisponentes • Investigar o conhecimento e as crenças do paciente acerca da dor • Determinar o impacto da experiência da dor sobre a qualidade de vida • Investigar com o paciente os fatores que aliviam/pioram a dor • Investigar o uso atual que o paciente faz de métodos farmacológicos de alívio da dor • Avaliar com o paciente e a equipe de cuidados de saúde a eficácia de medidas de controle da dor que têm sido utilizadas. A enfermeira ao desenvolver essas intervenções de enfermagem estará desenvolvendo um cuidado clínico de forma a promover alívio da dor ou conforto a um nível de adaptação aceitável para a pessoa. Quanto à deficiência do sentido primário - visão, o estímulo mais encontrado foi a catarata, em 12 pessoas. Em âmbito mundial, a catarata é a principal causa de cegueira e é definida como qualquer opacidade do cristalino, que não necessariamente afete a visão. De modo geral, as pessoas idosas têm mais chances de desenvolver catarata e a maioria dessas pessoas está acima de 50 anos (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003). O estímulo catarata afeta na adaptação do indivíduo, pois a visão diminuída pode causar problemas no desempenho de atividades diárias, ocasionando problemas de depressão, retraimento negação dentre outros. 81 Portanto, durante o exame físico realizado pela enfermeira na consulta de enfermagem, é importante que o problema visual seja detectado com a finalidade de se orientar os pacientes e esclarecê-los sobre a importância de medidas de segurança e sobre a necessidade de consulta com médico especializado no assunto no intuito de corrigir o problema e, assim, evitar a cegueira. As intervenções de enfermagem selecionadas para as pessoas com esse problema segundo a NIC (2008) foram: • Prevenir quedas • Oferecer suporte emocional • Encaminhar o paciente com problemas visuais à instituição adequada. Como observado, o componente fluidos, eletrólitos e balanço ácido-base apresentou apenas um problema de adaptação, o edema, e teve como estímulo os mecanismos reguladores comprometidos. Esse problema está associado às alterações produzidas no sistema cardiovascular. Segundo Stocco e Barreto (2002), o edema é o acúmulo de líquidos no espaço intersticial e uma das manifestações clínicas tanto da IC esquerda quanto da IC direita. No estudo ora elaborado, o edema se manifestou em decorrência da IC direita e os pacientes apresentaram edema nos pés e tornozelos. De acordo com Smeltzer e Bare (2005), quando o ventrículo direito falha, o coração não consegue ejetar o sangue e, então, ocorre a congestão de vísceras e dos tecidos periféricos. Inicialmente, o edema localiza-se nos membros inferiores, pela ação da gravidade, começa nos maléolos. À medida que vai progredindo atinge pernas e coxas, mas diminui quando o paciente eleva as pernas. No cuidado de enfermagem ao paciente com IC, deve se orientar, entre várias outras atividades, sobre a restrição hídrica, porém, no estudo desenvolvido por Rabelo, Domingues, Aliti et al. (2003), com pacientes ambulatoriais, 56% desses pacientes relatam não terem sido orientados neste aspecto na consulta de enfermagem. Segundo Gibbs e Lip (2000), a restrição de líquidos continua sendo uma das bases do tratamento não-farmacológico da IC, porém essa restrição varia de acordo com a classe funcional e condição clínica do paciente. Como regra, contudo, recomenda-se que a ingestão de líquidos não ultrapasse 1200 a 1500 ml. Já Barreto e Bocchi (2003) recomendam na prática, um consumo de 500 a 1500 ml por dia, com o objetivo de prevenir descompensações. No entanto, diretrizes 82 nacionais e internacionais não mencionam a quantidade de líquidos a ser prescrita (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2001; BARRETO; DRUMOND NETO; MADY, 2002). Estudiosos europeus realizaram um estudo randomizado, no qual o grupo controle foi orientado para uma restrição hídrica de 1500 ml por dia e o grupo intervenção para a ingesta de uma quantidade individualizada de líquido por dia (3035 ml/kg/dia). Os resultados desse estudo mostraram que a ingesta hídrica, baseada na necessidade fisiológica, melhora a sensação de boca seca e de sede e ainda auxilia o paciente no estresse relacionado ao seu tratamento (HOLST; STRÖMBERG; LINDHOLM et al., 2003). Acredita-se que a orientação sobre ingestão de líquido depende da condição clínica do paciente e da classe funcional deste. Entretanto, não deve ser imposta e, sim, trabalhada, pois como se observa muitas vezes na prática os pacientes não são orientados e apenas seguem as “recomendações” divulgadas nos diversos meios, sobretudo quanto à importância da ingestão de água para a saúde. Ademais, por usarem diuréticos, supõem que ao perderem líquido é preciso repô-lo. O estímulo responsável pelo edema foi o comprometimento dos mecanismos reguladores. Este não pode ser eliminado, mas monitorizado. A seguir serão apresentadas algumas intervenções de enfermagem segundo a NIC (2008): • Determinar a história da quantidade e do tipo de ingestão de líquidos e dos hábitos de eliminação • Monitorar o peso • Monitorar a ingestão e a eliminação • Monitorar a pressão sangüínea, a freqüência cardíaca e o padrão respiratório • Monitorar veias do pescoço dilatadas, creptações nos pulmões, edema periférico e aumento no peso. A enfermeira no seu cuidado clínico, ao trabalhar com essas intervenções, objetiva monitorar e regular clinicamente o equilíbrio hídrico com vistas à percepção precoce de complicações. Tal como o componente fluidos, eletrólitos e balanço ácido-base, a função neurológica também apresentou somente um problema de adaptação, déficit de memória, cujo estímulo foi o distúrbio ambiental excessivo. Contudo, associado aos 83 distúrbios do ambiente, o fator idade contribuiu significantemente para a memória prejudicada. No idoso, a perda da memória é uma das principais queixas, sendo considerada como um problema natural que não o impede levar sua vida normalmente (VIEIRA, 2007). Para Machado e Dutra (2006), tal perda vem sendo uma das queixas predominantes nos atendimentos ambulatoriais. Isto preocupa pacientes e familiares. Estes autores desenvolveram um estudo com o objetivo de avaliar o nível de perda de memória dos idosos a partir de 60 anos de idade. Foram avaliados idosos institucionalizados e não-institucionalizados e os resultados mostraram alto índice de perda de memória entre os institucionalizados. Porém, conforme se acredita, os fatores ambientais associados ou não ao envelhecimento causam alteração na memória. Esses distúrbios podem ser os problemas familiares, de saúde, financeiros, passíveis de gerar depressão. Atualmente, o problema de perda de memória entre os idosos está aumentando. Portanto, a enfermeira, junto com outros profissionais de saúde, deve se manter atento para esta situação, principalmente se houver interferência na qualidade de vida da pessoa afetada, pois o déficit pode ser muito mais comprometedor. Dessa forma, as seguintes intervenções de enfermagem segundo a NIC (2008) podem ser implementadas: • Discutir com o paciente e a família todos os problemas práticos vivenciados ligados à memória • Estimular a memória mediante repetição do último pensamento que a pessoa expressou • Implementar técnicas adequadas de monitorização, tais como imagem visual, jogos de memória. É importante que as intervenções clínicas de enfermagem sejam implementadas pelas enfermeiras de forma a estimular a memória das pessoas. Após se analisar os problemas comuns de adaptação identificados nos participantes, faz-se aqui uma ressalva: por estarem presentes em apenas uma pessoa, e, desse modo podem ser vistos como uma resposta particular, e não como uma provável característica da IC, os seguintes problemas comuns de adaptação, perfusão tissular prejudicada, integridade da pele prejudicada, mobilidade, andar e/ou coordenação restritos foram separados e discutidos isoladamente. 84 Exemplifica-se: uma participante tinha DM e desenvolveu como complicação a doença vascular periférica. Ela teve uma lesão nos pododáctilos devido a um corte no pé. Tal lesão não cicatrizou, infeccionou e levou à amputação de dois pododáctilos. O pé diabético é uma das principais complicações do DM. Caracterizado pela presença de lesões nos pés decorrentes de neuropatias periféricas, doença vascular periférica e deformidades, representa uma parcela significativa de internações hospitalares prolongadas, morbidade e mortalidade. Como mostra a literatura, as complicações, de caráter crônico, ocorrem em média dez anos após o aparecimento da doença e, associadas às infecções, podem evoluir para amputações não traumáticas de membros inferiores (MILMAN; LEME; BORELLI, 2001;PACE; NUNES; VIGO, 2003). Conforme asseverado no estudo de Milman, Leme, Borelli et al. (2001), o pé diabético é uma patologia grave no nosso meio, levando a uma alta taxa de amputações, internações prolongadas e altos custo hospitalares. As amputações são, pois, mais prevalentes em pessoas portadores de DM, que apresentam um risco de 15 a 46 vezes maior de ocorrência quando comparadas àquelas com glicemias normais (HUNT, 2002). Dados de pesquisas realizadas nos Estados Unidos indicam que de 9 a 20% de pessoas com DM precisam ser submetidas a segunda amputação e cerca de 28 a 41% que sobrevivem precisam fazer uma segunda intervenção na mesma perna. Diante de dados como estes, faz-se necessário implementar a prevenção mediante programas de educação e treinamento com vistas ao cuidado com pés (ZAVALA; BRAVER,2000; ABARCA; PADILHA, 2001). Para Haas e Ahroni (2001), a educação na assistência ao pé é mais que transmitir informações. Seu objetivo primordial é a mudança no comportamento. Essa educação envolve a pessoa diabética em todas as fases do processo educacional, pois, para assumir a responsabilidade do papel terapêutico, as pessoas diabéticas precisam ter conhecimentos acerca das suas necessidades e interesses. Logo, a enfermeira deve estar atenta aos portadores de DM, sobretudo por meio de controle glicêmico, da educação em saúde e do cuidado com os pés, com a finalidade de prevenir amputações e outras complicações. Nesse intuito, algumas intervenções de enfermagem com base na NIC (2008) foram selecionadas: 85 • Examinar a pele em busca de evidências de higiene insatisfatória • Examinar as unhas dos pés • Examinar a pele quanto a cor, temperatura, hidratação, fissuras ou lesões • Examinar entre os dedos em busca de fissuras ou lesões • Determinar o estado de mobilidade • Monitorar a força muscular nos tornozelos e nos pés • Examinar os pés quanto a evidência de pressão • Perguntar acerca da presença de parestesias • Palpar pulsos dorsais dos pés e tíbia posterior • Determinar reações proprioceptivas • Monitorar a adequação dos sapatos • Identificar serviços especializados de cuidados dos pés, quando necessário. Essas intervenções clínicas de enfermagem ao serem implementadas pelas enfermeiras buscam evitar lesões em extremidades inferiores, principalmente em pessoas com DM. Salienta-se a importância e a necessidade de planejar e, posteriormente implementar as intervenções clínicas de enfermagem no modo fisiológico com vistas a adaptação. Ressalta-se que algumas intervenções de enfermagem não possam eliminar os problemas, mas minimizá-los com vistas a evitar complicações maiores. MODO DE DESEMPENHO DE PAPEL No referente a este modo, apenas um problema de adaptação foi identificado: a falha no papel. Para Roy e Andrews (1999), na falha de papel, o indivíduo não quer assumir o papel. Isto é decisivo, pois o elemento-chave desse papel é o desejo individual. Esse problema teve como estímulos a doença IC, a complexidade terapêutica desta e as dificuldades econômicas decorrentes de alteração na vida provocada por essa doença. Logo, os estímulos estavam relacionados à IC. Isto é, a IC é um problema complexo que provoca sintomas físicos passíveis de alterar as atividades de trabalho dos pacientes. Mencionada alteração pode ocasionar diminuição da renda e como conseqüência, as dificuldades econômicas. Ademais, é uma doença que exige 86 modificações no estilo de vida. Para muitas pessoas, tais modificações são difíceis de serem realizadas. De acordo com Roy e Andrews (1999), o modo de desempenho de papel é dividido em: papéis, primários, secundários e terciários. O papel primário determina a maioria dos comportamentos que a pessoa adquire durante um período particular da vida. Isso é definido pela idade, sexo e estágio desenvolvimental (ROY, ANDREWS, 1999). No presente estudo, o papel primário foi desempenhado por 21 participantes homens e sete mulheres. Quanto à idade, variou de 30 a 80 anos. Já o papel secundário, segundo a mesma fonte, é aquele que a pessoa assume para completar a tarefa do estágio desenvolvimental do papel primário (ROY;ANDREWS, 1999). Em relação aos papéis secundários, eram desempenhados pelos participantes homens na condição de marido, pai, filhos, trabalhadores e provedores de sustento da família, enquanto as mulheres apresentavam o papel de esposa, mãe, dona de casa e trabalhadora. Tanto os homens quanto as mulheres desempenhavam na condição de pessoas com comprometimento de saúde que necessitavam de mudança no estilo de vida. Porém, em relação ao papel de trabalhador e provedor de sustento da família, dos 21 participantes homens, dezenove tinham comprometimento nesse papel. Segundo relataram, eles não podem e não exercem mais as atividades de trabalho desde o surgimento dos sintomas da doença. Sobre esse aspecto, alguns participantes discursam: “[...] eu deixei de fazer muita coisa, aliás deixei de fazer quase tudo. Não trabalho. Tudo o que eu quero preciso pedir ou pagar alguém e isso é muito triste” (E 9). “[...] hoje eu não tenho mais vida, não posso mais fazer nada, trabalhar[...]” (E 13). “[...] antes da doença eu tinha uma vida de muita satisfação, eu era feliz e não sabia, porque eu podia trabalhar, ganhar meu dinheiro e hoje não posso fazer mais nada” (E15). “[...] trabalhava demais [...], hoje sou parado, não posso trabalhar porque o cansaço não deixa” (E 17). Quanto às participantes, das sete mulheres, cinco apresentaram alteração no papel de trabalhadora e dona de casa e, dessas cinco, duas tinham alteração também no papel de mãe. De acordo com tal papel as participantes relatam: 87 “Minha vida era normal, fazia tudo, mas agora não posso fazer mais nada, principalmente os trabalhos de casa, porque me dá logo uma canseira” (E 4) “[...] antes eu trabalhava fora e em casa, fazia comida, lavava roupa, varria casa. Hoje eu sou quase morta” (E 8). “[...] deixei de trabalhar na roça porque os médicos proibiram, disseram que eu ia morrer se continuasse a trabalhar. Parei de fazer as coisas da minha casa porque até varrer fico botando a língua para fora” (E 11). “[...] nem tomar banho em pé posso, quanto mais trabalhar. Tudo o que eu faço canso, não posso trabalhar nas casas de família e, as condições lá em casa ficaram péssimas, porque só meu marido trabalha e só ganha um salário.Também não pude aproveitar minha filha como aproveitei a outra. Nunca peguei minha filha nos braços” (E 7). “Minha vida era de trabalho, tanto na roça quanto em casa e das filhas. Hoje não consigo trabalhar, não recebo dinheiro, meu marido tá desempregado, tá horrível” (E 12). Ao se observar os estímulos responsáveis pela falha no papel de trabalhador (nos homens e nas mulheres) e dona de casa, identificaram-se a IC e seus sintomas físico, isto é, a ocorrência da IC levou à necessidade de afastamento do trabalho em virtude das limitações físicas impostas pela doença. Como as principais manifestações da IC são a dispnéia e a fadiga, podem limitar a tolerância ao exercício (HUNT, 2001;ARONOW, 2003). Conforme mencionaram, os participantes do estudo apresentavam dispnéia ao realizar atividades e, portanto, não conseguiam exercer o trabalho de antes. Esta situação é comprometedora, pois a falha no papel de trabalhador tem como conseqüência a diminuição da renda e, por extensão, do sustento da família. Os participantes também manifestaram falha no papel de pessoas que necessitavam de mudanças no estilo de vida. Tal falha estava relacionada à complexidade do regime terapêutico e às dificuldades econômicas. Sobre esses aspectos, os pacientes relataram: “A gente tem que fazer muita mudança, principalmente na alimentação, e isso é muito difícil [...] deixar de comer um churrasco, beber uma cervejinha [...] (E 1). “Eu não sigo o que eles mandam não, é muita coisa e também porque é ruindade minha mesmo” (E2). “É difícil com o que a gente ganha ter que tomar os comprimidos caros. Tem mês que acaba e não tomo ou tenho que deixar de 88 pagar alguma coisa, mas sei que tenho é que tomar porque o médico disse que se eu não tomar eu vou morrer” (E4). “[...] de repente você tem que mudar, tem que tomar remédio todo dia e são muitos remédios e caros” (E 5). “[...] não é fácil mudar sua vida, a comida, o trabalho, ter que tomar remédio, às vezes dá uma tristeza” (E 28). Como se observa nos relatos, os participantes tinham dificuldades em seguir a terapêutica da IC por ser complexa e exigir mudanças no estilo de vida e também pelas dificuldades econômicas. Consoante mencionado, a renda familiar predominante nos participantes do estudo era entre 1 e 3 salários mínimos, portanto, insuficiente para a compra de remédios. Segundo Barreto, Drumond Neto, Mady et al. (2002), não há cura para IC. Assim, a terapêutica baseia-se na melhora dos sintomas e da qualidade de vida, bem como no prolongamento dessa, enquanto o tratamento abrange as mudanças no estilo de vida, uso de medicamentos e procedimentos cirúrgicos. O regime terapêutico não-farmacológico da IC requer inúmeros ajustes no estilo de vida, como evitar exageros na alimentação, limitar o aporte hídrico e salino, a prática de atividade física, quando possível, além de abolir álcool e fumo (BARRETO;BOCCHI, 2003). Outra dificuldade no seguimento do tratamento da IC era a econômica, como enfatizado por algumas falas. Conforme os participantes verbalizaram, eles não teriam condições financeiras para comprar todos os medicamentos prescritos, já que a maioria não é distribuída gratuitamente, sobretudo os de maior custo econômico. Atualmente, a assistência farmacêutica é um dos grandes desafios e prioridades do Sistema Único de Saúde, e o acesso ao medicamento é um dos maiores problemas dos sistemas de saúde. Segundo o IBGE, 55% das pessoas não podem pagar os medicamentos, em especial os de uso contínuo, relacionados às doenças crônicas. Para suprir esta carência, o governo federal tem garantido o fornecimento de remédios para a rede pública através dos Programas de Farmácia Popular (SILVA, 2004). Apesar dos esforços, nem todos os medicamentos são distribuídos. Esta afirmação é corroborada por Lima, Pereira e Chianca. (2006), cujo estudo mostra que as pessoas pesquisadas apresentavam o controle ineficaz do regime terapêutico, em decorrência da terapia medicamentosa e déficit financeiro. 89 No estudo desenvolvido por Correa, Santos, Sousa et al. (2006), também se enfocam as dificuldades financeiras. Entre as queixas encontradas dos pacientes com IC, 24% dizia respeito, a gastos excessivos com a medicação; 24% à dificuldade financeira e 11% à quantidade exagerada de remédios. O controle ineficaz do regime terapêutico é comum quando as pessoas ou famílias acometidas por problemas de saúde agudos ou crônicos enfrentam programas de tratamento que exigem mudanças nos estilos de vida e nos comportamentos que influenciam a saúde. De acordo Aliti, Rabelo, Domingues et al. (2007) a complexidade do manejo das pessoas com IC é um desafio para a equipe de saúde envolvida. Nessa equipe, a atuação da enfermagem é fundamental. Como membro dessa equipe, a enfermeira pode trabalhar na educação e orientação dos pacientes quanto à terapêutica da IC, esclarecendo a etiologia da doença, os sintomas de descompensação, a importância da aderência ao tratamento medicamentoso e não-medicamentoso, a educação para repouso e exercício, a dieta e hábitos sociais. Inclui-se, ainda, ajuda na adaptação das mudanças no estilo de vida. Para serem eficazes, as intervenções de enfermagem devem se centrar nos estímulos identificados associados à IC e suas conseqüências, como a complexidade terapêutica e condições econômicas, visando melhorar as relações por meio de esclarecimento e da suplementação de comportamentos específicos. Entre as intervenções da NIC (2008), ressaltam-se: • Auxiliar o paciente a identificar os vários papéis na vida • Auxiliar o paciente a identificar seu papel usual na família • Auxiliar o paciente a identificar a ineficiência do papel • Auxiliar o paciente a identificar as mudanças necessárias ao papel, devido a doença ou incapacitação • Auxiliar o paciente a identificar estratégias positivas para lidar com as mudanças de papel • Facilitar a discussão de adaptações de papel pela família, de modo a compensar as mudanças de papel dos membros doentes • Ensinar novos comportamentos necessários ao paciente de modo a satisfazer ao papel. 90 • Auxiliar o paciente a identificar estratégias positivas para lidar com as limitações e administrar mudanças necessárias no estilo de vida e no desempenho de papéis • Avaliar o atual nível de conhecimento do paciente ao processo de doença específico • Descrever o processo da doença • Oferecer informações sobre as medidas de diagnóstico disponíveis • Discutir mudanças nos estilos de vida que podem ser necessárias para prevenir complicações futuras e controlar o processo da doença • Descrever as razões que fundamentam as recomendações sobre tratamento Discutidos o papel primário e o secundário, passa-se agora ao papel terciário, o qual está relacionado primariamente ao papel secundário. É normalmente temporário e de livre escolha pelo indivíduo e nele podem estar incluídas atividades como clubes e passatempo (ROY; ANDREWS, 1999). Neste papel, percebem-se atividades associadas à tentativa de distração e de adaptação às limitações e mudanças ocasionadas pela doença. Percebe-se, também, uma espécie de fuga. Nos depoimentos dos participantes apenas oito relataram não ter atividades de lazer ou passatempo, por falta de disposição. Os outros, em suas falas, citaram: passeio e conversa na casa de amigos, dos filhos, brincadeira com netos, ida à igreja, jogo de dominó e baralho, programas de televisão, pescaria, reunião com a família e cuidar dos passarinhos. “O meu lazer é ir para o grupo de idosos da igreja. É muito bom conversar com outras pessoas iguais a mim” (E 4). “O que me distrai e me faz esquecer dos problemas é brincar com meus netos e cuidar dos meus passarinhos” (E 13). “Onde eu moro não tem muito o que fazer, por isso meu lazer é ver televisão, assistir novelas” ( E 12). Embora apenas oito participantes afirmam não terem atividades de lazer e passatempo, esse dado é significativo, pois como mencionam Berry e Macmurray (1999), a piora funcional da IC pode limitar atividades da vida diária, a interação social, a recreação, divertimento e satisfação com a vida geral. O convívio com uma doença crônica constitui uma tarefa complexa por exigir modificações no estilo de vida. Entre as doenças crônicas, sobressai a IC, que 91 requer mudanças e ocasiona muitas limitações físicas. Mesmo nessas condições, essas pessoas devem ter atividades de lazer, passatempo que as distraiam, ocupem seu tempo e ajudem no processo de adaptação à doença e à mudança por ela ocasionada na busca de uma vida com mais qualidade. Para promover relaxamento e intensificação das habilidades sociais, ans intervenções de enfermagem segundo a NIC (2008) devem enfocar as atividades de lazer e recreação. Com esta finalidade, devem adotar as seguintes medidas: • Auxiliar na identificação das atividades recreativas favoritas das pessoas • Monitorar as capacidades físicas e mentais para a participação de atividades recreativas • Oferecer reforço positivo para a participação nas atividades. Assim como nos outros modos citados, fisiológico e autoconceito, acredita- se que para alcançar adaptação no modo de desempenho de papel, é necessária a implementação das intervenções clínicas de enfermagem citadas, salientando também a participação e vontade do paciente e da família. MODO DE AUTOCONCEITO Neste modo foram identificados os seguintes problemas de adaptação: disfunção sexual e sentimento de impotência. Conforme se percebe, tais problemas de adaptação estão relacionados diretamente com a IC e/ou com suas conseqüências. Quanto ao estímulo desses problemas, foi o mesmo, isto é, a doença IC que provocou alterações no conceito do indivíduo sobre si mesmo, dificultando o processo de adaptação à doença e às mudanças necessárias nos estilos de vida. O modo em discussão é dividido em eu físico e eu pessoal. O eu físico compõe-se de sensação corporal e imagem corporal. Já a imagem corporal é a visão da pessoa sobre o eu físico e a aparência pessoal. Como sensação corporal incluem-se sentimentos e experiências do eu em relação ao físico (ROY; ANDREWS, 1999). O eu pessoal abrange o eu consistência, o eu ideal e o eu ético, moral e espiritual. Enquanto o eu consistência representa a visão do eu no referente ao desempenho atual ou resposta à situação, como traços da personalidade, o eu ideal é o aspecto do eu componente da pessoa relacionado ao que esta gostaria de ser 92 ou era capaz de fazer. E o eu ético, moral e espiritual é a sensação do eu em relação as crenças éticas; a visão do eu em relação ao sistemas de valor, crenças sobre o “ certo” e o “errado” (ROY;ANDREWS, 1999). Sobre o eu físico, percebeu-se que houve alteração apenas na sensação corporal, sendo o problema de adaptação a disfunção sexual. Esta disfunção pode ter sido causada por um ou vários fatores associados direta ou indiretamente à IC. De um modo geral, a presença de disfunção erétil em pacientes com IC é comum, e muitas vezes é difícil determinar a etiologia do problema. Vários fatores contribuem para esta disfunção, tais como: limitação física decorrente da IC; transtornos psicológicos ocasionados pela doença; efeitos colaterais das medicações utilizadas (betabloqueadores e diuréticos) e disfunção orgânica provocada por comorbidades, como HAS e DM (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2001;BARRETO; DRUMOND NETO; MADY, 2002, BOCCHI, 2004). Consoante acreditam Rerkpattanapipat, Stanek e Kotler. (2001) há diversas explicações para o comprometimento da atividade sexual após problemas cardíacos. Entre estas, citam o medo da morte, reinfarto, dispnéia, ansiedade, angina do peito, ansiedade, impotência, alterações no desejo sexual, perda da libido e sensação de culpa. No estudo ora elaborado, dos 28 participantes, 24 mencionaram disfunção sexual, como mostram os seguintes relatos: “A parte do sexo foi uma coisa que me afetou muito, não tenho a mesma vontade que eu tinha antes e além do mais canso muito” (E 1). “Sou uma pessoa jovem e é muito ruim não poder ser o que eu era antes na parte do sexo. Até gostaria de saber por que é assim” (E 4). “Depois da doença, mudei muito até no sexo, porque diminui o número de vezes, tenho medo de morrer e muitas vezes não tenho nem vontade” (E 10). Conforme observado, à disfunção sexual dos participantes do estudo estava relacionada a dispnéia durante o ato, impotência, perda da libido e alterações no desejo sexual. Portanto, esta disfunção sexual pode ter sido motivada pelos fatores já citados. 93 Conforme afirma Melo (2004), a sexualidade humana é um processo complexo que abrange dimensões psicológicas, biológicas e sociais. Uma mudança na função sexual decorrente do processo de doença acarretará mudança na saúde sexual do indivíduo. Por ser a IC uma doença que ocasiona vários sintomas e, entre eles, a dispnéia aos esforços ou em repouso, dependendo do estágio da doença, esses sintomas provocam limitações de atividades, incluída a disfunção sexual. Durante a atividade sexual, a freqüência cardíaca e a pressão arterial aumentam tal como em qualquer atividade aeróbica. Logo, é importante atentar para o fato dos riscos dessa atividade (DEBUSK, 2000). Para Stein e Hohmamm (2006), a disfunção erétil tem sido uma das queixas mais freqüentes nos consultórios e clínicas e o uso de fármacos para o tratamento de doenças cardiovasculares pode produzir diversas mudanças no desempenho sexual. De acordo com o diagnóstico, os participantes do estudo utilizavam diversas classes de fármacos, como anti-hipertensivos, diuréticos, betabloqueadores e digitálicos. Segundo Rerkpattanapipat, Stanek e Kotler. (2001), praticamente todas as classes de fármacos usadas no tratamento de doenças cardiovasculares podem causar alterações nas atividades sexuais. Destes, os anti-hipertensivos e os diuréticos são os principais causadores de alteração sexual, como a impotência e a diminuição da libido. Sabidamente, a HAS é um fator de risco para disfunção sexual e no presente estudo 60,7% dos participantes apresentavam essa co-morbidade. Coelho e Coelho Filho. (2001) afirmam que a HAS possui expressiva relação com a disfunção erétil e é a co-morbidade mais comum em portadores dessa incapacidade, aumentando sua incidência e prevalência. Ainda como observado, determinados participantes do estudo (32,1%), apresentavam DM e, desses todos apresentavam disfunção erétil. Para Lewis (2001), a prevalência de disfunção erétil em pacientes com DM foi estimada entre 35 e 75%. Contudo, a disfunção erétil ocorre em pelo menos 50% dos homens com DM com até dez anos do seu diagnóstico. Também, no presente estudo provavelmente a disfunção sexual está relacionada com problemas psicossociais ocasionados pela IC. Moreira, Abdo, Torres. (2001) corroboram esta afirmação pois, segundo eles, a disfunção erétil é 94 fonte de estresse mental, afetando interações entre os familiares e colegas, provocando impacto negativo na vida das pessoas acometidas. No estudo desenvolvido por britânicos sobre impotência, 80% dos participantes indicou que a disfunção erétil ocasionava problemas no relacionamento (JACKSON, 2002). No presente estudo, porém, essa questão não foi abordada. Embora a disfunção sexual, seja um assunto delicado, o enfermeiro e toda a equipe multidisciplinar precisam abordá-la, informando e esclarecendo dúvidas dos pacientes e familiares. É preciso romper o tabu ainda existente entre os profissionais e pacientes com vistas a facilitar a adaptação à doença, a adesão ao tratamento e problemas de relacionamento e depressão. Bocchi (2004) recomenda uma abordagem multiprofissional enfatizando a importância da vida sexual saudável e plena para o bem-estar do indivíduo. Portanto, o tratamento deve envolver suporte psicológico e orientação de técnicas para reduzir o esforço físico durante o ato sexual. Ademais, os enfermeiros devem se capacitar para trabalhar com a sexualidade humana, evidenciando o problema e atuando de modo a auxiliar os clientes no enfrentamento e adaptação do problema. Conforme identificado, a doença é o estímulo responsável pela disfunção sexual, mas não é possível eliminá-la. Assim, a enfermeira deve implementar suas intervenções clínicas com foco na necessidade de fazer adaptações na prática sexual e trabalhar o enfrentamento do distúrbio sexual. Para isto, ela pode atuar com as seguintes intervenções de enfermagem da NIC (20008): • Estabelecer uma relação terapêutica com base na confiança e no respeito • Oferecer privacidade e garantir confidencialidade • Informar ao paciente, que a sexualidade é parte importante da vida e que doenças, medicamentos e estresse costumam alterar a função sexual • Oferecer informações sobre a função sexual • Discutir o efeito da doença/situação de saúde sobre a sexualidade • Discutir o efeito dos medicamentos sobre a sexualidade • Encorajar o paciente a verbalizar seus medos e fazer perguntas • Discutir as modificações necessárias na atividade sexual • Providenciar encaminhamentos/consultas com outros membros da equipe quando necessário. 95 No eu pessoal, integrante do modo de autoconceito, houve alteração no componente eu consistência, ou seja, a forma como o eu é visto na relação com o desempenho atual ou em resposta à situação. Manifestou-se pelo Sentimento de impotência, cujo estímulo foi a doença IC. Consoante identificado, no presente estudo, o Sentimento de impotência estava relacionado ao afastamento do trabalho e das atividades diárias decorrentes dos sintomas provocados pela IC. Diante dos acontecimentos, os participantes do estudo se sentiam incapazes e inválidos porque não conseguiam desenvolver as atividades anteriores, como apontam as seguintes falas: “É muito ruim você imaginar que está com uma doença e não poder fazer mais nada que fazia antes” (E 3). “Minha vida era normal, fazia tudo, mas agora não posso fazer mais nada e isso me deixa muito triste e arrasado” (E 4). “Tudo ficou diferente depois da doença, principalmente porque eu deixei de trabalhar, parei de fazer o que tanto gostava, que era trabalhar e ganhar dinheiro” (E 5) “Me vejo como uma pessoa parada, quase morta, trabalhava e hoje não consigo nem tomar banho em pé, nem segurar minha filha no colo” (E 7). “Antes desse problema no coração eu fazia tanta coisa, trabalhava fora de casa e quando chegava ainda fazia comida, lavava, mas hoje não consigo fazer nada, me dá logo uma falta de ar” (E 8). “Sou um homem incapaz de tudo, que não pode trabalhar, ganhar dinheiro” (E 10). “Sou um inválido, quem não trabalha porque não pode trabalhar é um inválido” (E 19). Esse diagnóstico também foi identificado no trabalho desenvolvido por Braga e Cruz (2003) sobre pessoas no pós-operatório de cirurgia cardíaca. No mencionado estudo, 58,7% das pessoas submetidas a cirurgia apresentaram algum grau de impotência. Dessas, 77,3% relatavam sentimentos de insatisfação e frustração pela inabilidade do desempenho de tarefas e/ou atividades pessoais. Como advertem essas autoras, estudos desse tipo são um desafio às enfermeiras na busca de um cuidar holístico. Geralmente as doenças, tanto as crônicas quanto as agudas, provocam sentimentos perturbadores. Tais sentimentos estão relacionados ao modo das pessoas atribuírem significados ao adoecer e ao tratamento. Portanto, elas 96 apresentam respostas ao adoecer e estas podem ser orgânicas ou psicossociais. As orgânicas são mais fáceis de serem visualizadas pelos profissionais, mas as psicossocias são mais difíceis de se caracterizarem, porquanto envolvem vários fatores, como culturais, sociais, experiências passadas e características da personalidade. Logo, a enfermeira deve estar atenta para as respostas psicossociais dos pacientes, pois muitas vezes o cuidado com as respostas orgânicas sobressai e se restringe ao biológico. Mas o enfermeiro não pode esquecer que o cuidado holístico é essencial e todas as partes precisam funcionar bem. Conforme mencionado, o estímulo que provocou o sentimento de impotência foi a doença, porém essa não pode ser eliminada. Contudo, as seguintes intervenções de enfermagem conforme a NIC (2008) podem ser implementadas: • Encorajar o paciente a reconhecer e discutir seus pensamentos e sentimentos • Despertar o paciente para identificar os valores que contribuem para o autoconceito • Auxiliar o paciente para identificar situações usuais sobre si mesmo • Auxiliar o paciente a identificar o impacto da doença no autoconceito • Auxiliar o paciente a aceitar a dependência dos outros • Auxiliar o paciente a identificar atributos positivos de si mesmo • Ajudar o paciente/a família a identificar razões para a melhora. A enfermeira ao implementar essas intervenções clínicas de enfermagem tem como foco o cuidado ao paciente. Desse modo, ele poderá compreender seus sentimentos, motivações e comportamentos e assim uma melhor qualidade de vida. Nos participantes do estudo, muitas foram as repercussões provocadas pela IC. Entretanto, houve a manifestação de mecanismos de enfrentamento tal como a busca de apoio familiar e a fé em Deus. Como é notório, a presença de doença em um membro familiar é fonte de estresse para toda a família. E quando há constatação de uma doença crônica, principalmente quando atinge adultos que desempenham papéis sociais definitivos, gera desequilíbrio no sistema familiar (HOJAIJ; ROMANO, 1994). Porém, no estudo em desenvolvimento, conforme identificou-se, os pacientes buscaram apoio na família para superar os transtornos causados pela 97 doença e, assim recuperar sua posição no contexto familiar e social. Com seus familiares se sentem bem cuidados e protegidos, como mostram as falas. “Minha família me ajuda demais, me dá muita força para enfrentar todas as mudanças que tive que ter depois da doença. Minha mulher é minha força. Quando estou caindo ela me ajuda” (E5) “Ah! se não fossem minhas irmãs, não sei o que seria de mim. Quando elas estão perto, me sinto melhor, cuidam muito bem de mim. Me levam para o médico, cuidam das minhas filhas” (E7). “Deus me ajuda a enfrentar os problemas, me guia. Eu penso que se Deus quis assim é porque tem que ser” (E 21). Considerada uma unidade primária de cuidado, a família constitui o espaço social onde seus membros interagem, trocam informações, apóiam-se mutuamente, buscam e medeiam esforços para amenizar ou solucionar problemas. Todos estes aspectos formam a cultura familiar. De acordo com Hojaij e Romano. (1994), a cultura familiar é determinada pelo conjunto de princípios implícitos e explícitos que norteiam os indivíduos na sua concepção de mundo, maneira de sentir, experienciar e de se comportar. Ao interagirem, os membros da família identificam vínculos de apoio social, mediante os quais são respeitados e amados. Isto gera efeitos positivos com sensações positivas em suas vidas. Porém, quando se deparam com efeitos negativos, de maneira geral, experienciam, em graus variados, perdas importantes de laços familiares e sociais (GONGORA, 1998). Por isto, para ser mais efetivo, o cuidado de enfermagem não deve ser restrito ao paciente. Ele deve se estender à família e ao cuidador. É inegável a importância do apoio e da participação na família no enfrentamento da doença, das conseqüências dessa, do tratamento e das várias modificações que uma doença crônica ocasiona. No intuito de facilitar a participação da família no cuidado emocional e físico do paciente, algumas intervenções de enfermagem conforme a NIC (2008) podem ser implementadas, tais como: • Estabelecer uma relação pessoal com o paciente e com os membros da família que se envolverão nos cuidados • Identificar as capacidades dos membros da família para o envolvimento no cuidado do paciente. • Identificar os recursos físicos, emocionais e educacionais do principal provedor de cuidados 98 • Oferecer aos membros da família informações essenciais sobre o paciente, de acordo com a preferência deste • Identificar e respeitar os mecanismos de enfrentamento usados pelos membros da família • Informar os familiares sobre os fatores que podem melhorar a condição do paciente. A enfermeira ao implementar as intervenções clínicas de enfermagem buscam facilitar a participação da família no cuidado emocional e físico do paciente. Com vistas a alcançar a adaptação no modo de autoconceito, essas intervenções clínicas de enfermagem poderão ser implementadas, mas ressalta-se que a participação do paciente no seu cuidado é imprescindível já que os problemas desse modo estão relacionados ao eu do paciente. 99 7 CONCLUSÕES Os resultados identificados neste estudo permitiram concluir que: Em relação a idade da amostra estudada, identificou-se que 15 (53,6%) participantes estavam entre a faixa de idade dos 35 aos 60 anos, 12 (42,9%) estavam acima de 60 anos. Considerando o sexo, o masculino representou 21 (75%) da amostra estudada e o sexo feminino com sete (25%). Quanto a escolaridade, 16 (57,1%) dos participantes não concluíram o ensino fundamental incompleto. Em relação a renda familiar, 21 (75%) participantes ganhavam de 1 a 3 salários mínimos. O estado civil casado predominou no estudo com 24 (85,7%) participantes. Considerando a procedência dos participantes, 17 (60,7%) eram provenientes da capital e 11 (39,3%) do interior. O diagnóstico médico identificado na amostra foi, em sua grande maioria, a miocardiopatia dilatada 23 (82,1%) participantes. Quanto aos fatores de risco para insuficiência cardíaca, 17 (60,7%) possuíam HAS, 9 (32,1%) DM, 7 (25%) colesterol elevado e 16 (57,1%) IMC acima de 35 anos. No presente estudo foram identificados 27 Diagnósticos de enfermagem Porém, desses diagnósticos de enfermagem foram excluídos 6 da discussão, pois não se incluíam nas características do estudo. Ao analisar os 21 diagnósticos de enfermagem identificados e discutidos na população estudada, segundo a taxonomia II da NANDA (2008), observou-se que estavam inseridos em nove domínios, assim distribuídos: Nutrição: Nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais 15 (53,6%), Nutrição desequilibrada menos do que as necessidades corporais 6 (21,4%) e Volume excessivo de líquidos 4 (14,3%). Eliminação/troca: Constipação 15 (53,6%) e Incontinência urinária de urgência 1 (3,6%). Atividade/repouso: Intolerância à atividade 25 (89,3%), Insônia 24 (85,7%), Deambulação prejudicada 1 (3,6%) , Fadiga 13(46,4%) Percepção/cognição: Percepção sensorial perturbada –visão 15 (53,6%) e Memória prejudicada 10(35,7%). Segurança/proteção: Dentição prejudicada 28 (100%), Integridade da pele prejudicada 1 (3,6%) Integridade tissular prejudicada 1 (3,6%). Conforto: Dor aguda 16 (57,1%). 100 Autopercepção: Desempenho de papel ineficaz 24 (85,7%), Sentimento de impotência 24 (85,7%). Sexualidade: Disfunção sexual 24 (85,7%). Promoção da Saúde: Controle ineficaz do regime terapêutico 21 (75%) e Manutenção do lar prejudicada 5 (17,9%). ▪ Ao fazer a associação entre os Diagnósticos de enfermagem da taxonomia II da NANDA (2008) e os problemas de adaptação de Callista Roy, encontrou-se as seguintes necessidades dos modos: fisiológico, autoconceito e desempenho de papéis e os problemas de adaptação: Modo fisiológico Oxigenação: Transporte de gás inadequado e perfusão tissular alterada. Nutrição: Nutrição maior que as necessidades corporais e Nutrição menor que as necessidades corporais. Eliminação: Constipação e Incontinência urinária Atividade/repouso: Intolerância à atividade; Privação de sono, Mobilidade/andar e/ou coordenação restritos, Padrão inadequado de atividade e repouso. Sentidos: Deficiência de um sentido primário Proteção: Integridade da pele prejudicada Fluidos, eletrólitos e balanço ácido-base: edema Função neurológica: Déficit de memória Modo de desempenho de papel Falha de papel Modo de autoconceito Impotência Disfunção sexual ▪ Quanto à análise dos problemas de adaptação comum, em relação os estímulos identificados, este estudo permitiu concluir que para os problemas de adaptação, os estímulos foram: Perfusão tissular alterada: interrupção do fluxo sanguineo. Nutrição desequilibrada maior do que as necessidades corporais: Ingestão excessiva em relação às necessidades metabólicas. Nutrição desequilibrada menor do que as necessidades corporais: fatores biológicos. 101 Constipação: atividade física diminuída; hábitos alimentares deficientes, ingestão insuficiente de fibras e medicação. Incontinência urinária: infecção do trato urinário Intolerância à atividade: desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio Privação de sono: desconforto físico. Padrão inadequado de atividade e repouso: doença IC Deficiência de um sentido primário: a catarata Integridade da pele prejudicada: circulação prejudicada Dor aguda: agentes lesivos Edema: mecanismos reguladores comprometidos e ingesta excessiva de líquidos. Déficit de memória: distúrbios ambientais excessivos. Modo de desempenho de papel Falha de papel: a doença IC, a complexidade terapêutica da IC e as dificuldades econômicas decorrente de alteração na vida provocada por essa doença. Modo de autoconceito Impotência: doença. Disfunção sexual: a estrutura corporal alterada- processo de doença. 102 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS O motivo que ensejou o presente estudo foi a inquietação que acompanhava o transcurso da minha trajetória profissional referente a pessoas com adoecimento crônico, em especial os pacientes internados por IC descompensada. Toda a problemática em torno destes, poderia estar relacionada a não adaptação, embora cientes, a doença e ao estilo de vida imposto por esta, o que levaria a descompensação e a sérios problemas físicos e psicossociais. Portanto, na oportunidade de desenvolver uma dissertação de mestrado, partiu-se em busca de conhecer os principais problemas de adaptação dos pacientes com insuficiência cardíaca, com vistas a planejar as intervenções de enfermagem capazes de melhorar as respostas adaptativas. O caminho escolhido foi a identificação dos diagnósticos de enfermagem segundo a NANDA e, posteriormente, a associação destes com os problemas de adaptação de acordo com os modos de Callista Roy, apresentados pelas pessoas portadoras de IC. E, posteriormente, foram planejadas intervenções de enfermagem segundo a NIC. A taxonomia da NANDA foi escolhida por ser bastante conhecida e de larga utilização pelos enfermeiros. A associação entre os diagnósticos de enfermagem e os problemas comuns de adaptação mostrou que é possível e que deveria ser mais difundida a utilização de um modelo teórico que desse embasamento científico ao cuidado clínico de enfermagem. A teoria de Callista Roy foi usada porque se acredita que funcione bem para atender os objetivos do estudo e a necessidade dos pacientes em questão. O estudo foi, então, produzido sob o pressuposto de que a relação entre os diagnósticos de enfermagem e os problemas de adaptação de Roy levariam as intervenções de enfermagem que poderia favorecer a adaptação de pessoas portadoras de IC a assumirem estilo de vida que lhes proporcione bem estar. Algumas dificuldades, porém, circundaram o desenvolvimento da presente investigação, especialmente no que diz respeito a um segundo momento com os pacientes, já que as consultas eram agendadas a cada três a quatro meses. Porém, como estavam sendo desenvolvidas apenas as etapas iniciais do processo de enfermagem, essa dificuldade não causou prejuízo aos resultados do estudo. Constatou-se que o estudo possibilitou um conhecimento das pessoas e do seu processo saúde-doença e que foram identificados diferentes problemas de 103 adaptação, relacionados tanto aos aspectos fisiológicos quanto psicossociais dos pacientes. Ao analisar o modo fisiológico de Roy, percebeu-se que alguns problemas de adaptação identificados nos participantes estavam relacionados diretamente com a IC e outros, eram conseqüências ou fatores de risco para referida doença. Portanto, é importante para esses pacientes, orientação sobre: os sinais e sintomas da doença, as limitações físicas ocasionadas por ela, uma alimentação equilibrada, a manutenção de peso adequado, benefícios da atividade física, quando possível de ser realizada. Através dos discursos dos participantes, constatou-se que os problemas de adaptação do modo de desempenho de papel e de autoconceito, isto é, os fatores psicossociais relacionavam-se diretamente com IC, ou seja, com as modificações que a doença ocasiona ou ocasionou na vida das pessoas. Esses problemas provocaram ansiedade e depressão, interferindo na qualidade de vida dos participantes. Percebeu-se, também, que, embora a IC provoque limitações físicas próprias, é importante e necessária a adaptação das pessoas a sua condição de ser portador de IC para prevenir complicações e possuir uma melhor qualidade de vida. Salienta-se que no local onde ocorreu a coleta de dados, não é desenvolvida consulta de enfermagem, e sim do profissional médico e, este ainda está muito centrado no biológico. Diante de tal fato e dos resultados do estudo, percebeu-se a importância de ser desenvolvida consulta de enfermagem, com levantamento dos reais problemas de adaptação, seja físico e psicossocial, planejamento e implementação das intervenções de enfermagem, além de avaliação periódica com vistas a acompanhar a evolução e progressão das intervenções e as respostas adaptativas. Considera-se pertinente a realização de novos estudos com uma maior amostra e com implementação e avaliação dos resultados. Através da aplicação do processo de enfermagem, com embasamento em um referencial teórico, é possível desenvolver um cuidado clínico de enfermagem mais direcionado para os problemas e necessidades das pessoas e com um melhor alcance dos objetivos. Diante dos achados, espera-se suscitar reflexões dos enfermeiros para considerarem os problemas de adaptação da sua clientela portadora de IC no desempenho do cuidado clínico a ela dispensado, a partir da implementação de 104 intervenções de enfermagem que se caracterizam como estímulo à sua adaptação. Assim, o estudo traz contribuições para consolidação do uso de teorias no processo de cuidar em enfermagem. 105 9 REFERÊNCIAS ABARCA, C.A.A.A.; PADILHA, B.E. Cuidados preventivos de los pies. Rev Med IMSS, v.39, p.311-7, 2001. ALFARO-LEFEVRE, R. Aplicação do processo de enfermagem: promoção do cuidado colaborativo. Porto Alegre (RS): Artmed, 2004. ALITI, G.B.; RABELO, E.R.; DOMINGUES, F.B. 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Garanto que as informações que obtiver, serão usadas apenas para a realização do trabalho e, também, lhe asseguro que a qualquer momento terá acesso às informações sobre os procedimentos e benefícios relacionados ao estudo, inclusive para esclarecer dúvidas que possam ocorrer. Você tem a liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento, sem que isso lhe traga qualquer prejuízo. Quando apresentar o trabalho, seu nome não será usado e nem será dada nenhuma informação que possa identificá-lo. Informo meu endereço, caso precise entrar em contato comigo. Luciana Alves da Rocha Rua Rocha Pombo, 74 Telefone: 32820528 e-mail: [email protected] Assinatura do informante 121 ANEXOS 122 ANEXO A INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS Identificação pessoal e dados sócio-demográficos Iniciais: 1 Sexo 1 M 2 F 2 Idade .......... anos 3 Escolaridade (tempo de estudo)...................................................................... 4 Formação profissional...................................................................................... 5 Religião............................................................................................................. 6 Naturalidade..................................................................................................... 7 Procedência..................................................................................................... 8 Renda familiar................................................................................................... 9Trabalha sim não 9.1 Aposentado Desempregado Outros Qual?......................................... 10 Estado civil 1 solteiro 2 casado/união estável 3 divorciado viúvo 11 Diagnóstico médico:....................................................................................... 11.1 Quantas internações após a descoberta da doença .................................. Domínio 1: Promoção da saúde 12 Tempo de descoberta da doença: ........................................................... 13 Sinais e sintomas da doença dispnéia ao realizar atividade física dispnéia paroxística noturna dispnéia em repouso fadiga ortopnéia tosse seca tosse produtiva palpitações edema ganho de peso anorexia outros 14Sinais e sintomas depois dispnéia ao realizar atividade física dispnéia em repouso ortopnéia tosse produtiva edema anorexia dispnéia paroxística noturna fadiga tosse seca palpitações ganho de peso outros 15 Como era sua vida antes da doença? 16 Como é agora depois do adoecimento? 17 O que você faz para melhorar seu estado de saúde? uso de medicações vai às consultas alimentação saudável atividade física outros 18 Quais as medicações em uso? captopril furosemida aldactone carvedilol hidroclorotiazida anlodipina digoxina selazok losartan outros 19 Como consegue as medicações? recebe no hospital recebe no posto compra 27 Presença de hipertensão sim não 123 27.1 Tratamento medicamentoso sim não 27.2Tratamento não medicamentoso sim não 28 Presença de Diabetes melitus sim não 28.1 Tratamento medicamentoso sim não 28.2Tratamento não medicamentoso sim não 29 Presença de colesterol sim não 29.1 Tratamento medicamentoso sim não 29.2 Tratamento não medicamentoso sim não 30 Tabagismo prévio sim não 30.1 Se sim qual a quantidade? 1-5 cigarros/dia 6-10 cigarros/dia 11-15 cigarros/dia maior que 15 cigarros/dia parou 30.2 Tempo de tabagismo? até 5 anos após 5 anos não fez uso 30.3 Parou há ......... anos? até 5 anos após 5 anos não fez uso 31 Bebidas alcoólicas prévia sim não 31.1Quantidade diariamente final de semana raramente 31.2 Tempo de uso de bebidas alcoólicas? até 5 anos após 5 anos não fez uso 31.3Parou há............ anos? até 5 anos após 5 anos não fez uso parou Domínio 2: Nutrição 32Como era sua alimentação antes da doença? 33 Como é sua alimentação atualmente? 34 Que recomendações você recebe acerca da dieta? 35Como era seu apetite antes da doença? conservado diminuído aumentado 36 Como é seu apetite atualmente? conservado diminuído aumentado 37 Distúrbios alimentares anorexia disfagia empachamento alteração no paladar dificuldade de mastigação dificuldade de deglutição outros nenhum 37.1 Dentição completa incompleta uso de próteses dor 37.2 Vai ao dentista regularmente? sim não difícil acesso falta de tempo medo 37.3 Há quanto tempo não vai ao dentista? até 2 anos há mais de 2 anos 38Quantidade de líquidos antes menos de 1,5 l/dia 1,6 a 2 l/dia mais de 2,1l/dia 38.1Quantidade ingerida atualmente menos de 1,5 l/dia 1,6 a 2 l/dia mais de 2,1l/dia Domínio 3: Eliminação 39 Intestinal nenhum constipação diarréia dor retal incontinência esforço ao evacuar uso de laxativos outros dias 39.1Frequência 1 vez ao dia mais de 1 vez ao dia 124 alternados outros Quais? 40 Urinária desconforto ao urinar retenção uso de diurético incontinência urinária urgência de urinar nictúria outros nenhum 40.1 Frequência 1 vez ao dia 2 vezes ao dia 3ou mais vezes ao dia outros Quais? 40.2 Características límpida amarela âmbar hematúria amarronzada outra Qual? Domínio 4: Atividade/repouso 41 Acorda disposto para as atividades diárias? sim não 42Faz alguma atividade física? sim não caminhada hidroginástica outra 43 O que você sente ao realizar atividades de esforço? dispnéia palpitações dor torácica outros nada 44 Problemas de sono nenhum insônia cansado ao acordar initerrupto agitado outro Qual? 44.1 Usa remédios para dormir? sim não Se sim, qual? 44.2 Hora de dormir: manhã tarde noite 44.3 Você tem atividade de lazer? sim não Qual atividade de lazer? conversar com amigos ficar com a família pescar encontro com idosos igreja outros Domínio 5: Percepção/Cognição 45 Como é para você? 45.1 Aprender coisas novas fácil difícil 45.2 memorizar fácil difícil 45.3 falar fácil difícil 45.4 escrever fácil difícil 45.5 ler fácil difícil 45.6compreender fácil difícil 46 O que você sabe sobre sua doença e tratamento? Domínio 6: Autopercepção 47 Como você vê a si próprio? 47.1 Gostaria de ser diferente? 47.2 Você está satisfeito com o seu estilo de vida? Domínio 7: Relacionamento de papel 48 Mora com quem? esposa/marido filhos irmãos pais outros Quem? 48.1 Você se relaciona bem com a sua família? sim não 48.2 Quem tomava as decisões em sua casa? a própria pessoa esposa/marido filhos 48.3 E atualmente? a própria pessoa esposa/marido filhos 48.4 Recebe cuidados da família? sim não esposa/marido filhos 125 48.5 Como é esse cuidado? acompanhando nas consultas preocupação com a alimentação preocupação com os medicamentos 48.6 Depois da doença houve alguma mudança no relacionamento com alguém? sim não. Com quem? 48.7 Problemas ocasionados com a doença trabalho lazer financeiro familiar Justifique: Domínio 8: Sexualidade 49Vida sexual sim não Porque? 49.1 Com a doença freqüência diminuiu? sim não dispnéia falta de interesse 50Faz acompanhamento com o ginecologista? sim não não é mulher difícil acesso 51 Menopausa sim não 52Faz o auto-exame das mamas? sim não 3 não é mulher 53Acompanhamento com o urologista ? sim não não precisa constrangido não é homem Domínio 9: Enfrentamento/Tolerância ao Estresse 54 Como você reage diante do estresse ? prefere ficar só chora não se alimenta pede ajuda fala demais outros Qual? 55Qual o sentimento mais freqüente? insegurança medo alegria tristeza raiva depressão desvalorização outro Qual? 56Como você enfrenta a doença? 57 Você tem fé? sim não Domínio 10: Princípios da vida 58 A fé ajuda a você enfrentar os problemas diários? Domínio 11: Segurança/ Proteção 59 Dificuldade para andar? sim não Por que? 60 Integridade da pele prejudicada sim não Domínio 12:Conforto 61 Você sente alguma dor? sim não 61.1 Local não sente dor estômagogo cefaléia ossos dor abdominal MMII precordialgia 61.2 Frequência até 1 vez por semana mais de 1 vez por semana não sente dor 61.3 O que faz para melhorar? toma remédio nada procura o médico não sente dor 61.4 Faz muito tempo que você sente essa dor? 126 até 3 meses de 3 a 6 meses não sente dor Domínio 13- Crescimento e desenvolvimento 62 Você tem alguma dificuldade para o seu cuidado? sim não Roteiro de exame físico Tipo morfológico Brevilíneo Normolíneo Longilineo Movimentação Sem alterações Claudicante Não deambula Outros Acuidade visual Sem alterações Reduzida Uso de óculos Outros Olhos Sem alterações Alterações Qual Tórax Sem alterações Simétrico assimétrico Ausculta cardíaca BNF Bulhas extras Sopros Outros Turgor cutâneo Diminuído Aumentado normal Membros superiores Sensilibidade e força mantida Paresia Parestesia Edema outros Quebradiças Nível de orientação Orientado desorientado Pele Corada Cianose Icterícia Hipocorada Acuidade auditiva Sem alterações Reduzida Uso de prótese auditiva ouvidos Sem alterações Alterações Qual Ausculta pulmonar Murmúrios vesiculares Creptações Estridor Estertores sibilos Abdome Plano Rígido Globoso Doloroso Flácido RHA presentes RHA ausentes Outro Mamas Sem alterações Nódulo Outros Membros inferiores Sensibilidade e força mantida Parestesia 127 Cianóticas Sem alterações Edema paresia Outros mensuração boca Cintura Peso Altura Sinais vitais PA: BE: FC: FR: BD: Xerostomia Língua saburrosa Halitose Descamação Gengivite 128 ANEXO B TÉCNICA DA MEDIDA INDIRETA DA PRESSÃO ARTERIAL (Baseada no procedimento de coleta de dados e preparo do paciente para a medida da pressão arterial da V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial). Preparo do paciente para a medida da pressão arterial 1. Explicar o procedimento ao paciente 2. Repouso de pelo menos 5 minutos em ambiente claro 3. Evitar a bexiga cheia 4. Não praticar exercícios físicos 60 a 90 minutos antes 5. Não ingerir bebidas alcoólicas, café ou alimentos e não fumar 30 minutos antes 6. Manter pernas descruzadas, pés apoiados no chão, dorso e recostado na cadeira e relaxado 7. Remover roupas do braço no qual será colocado o manguito 8. Posicionar o braço na altura do coração, apoiado, com a palma da mão voltada para cima e o cotovelo ligeiramente fletido 9. Solicitar para que não fale durante a medida. Procedimento de medida da pressão arterial 1. Medir a circunferência do braço do paciente 2. Selecionar o manguito de tamanho adequado ao braço 3. Colocar o manguito sem deixar folga acima da fossa cubital, cerca de 2 a 3 cm 4. Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre a artéria braquial 5. Estimar o nível da pressão sistólica (palpar o pulso radial e inflar o manguito até seu desaparecimento, desinflar rapidamente e agurdar 1 minuto antes da medida) 6. Palpar a artéria braquial na fossa cubital e colocar a campânula do estetoscópio sem compressão excessiva 7. Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mmHg o nível estimado da pressão sistólica 8. Proceder à deflação lentamente (velocidade de 2 a 4 mmHg por segundo) 129 9. Determinar a pressão sistólica na ausculta do primeiro som (fase I de Korotkoff), que é um som fraco seguido de batidas regulares, e, após, aumentar ligeiramente a velocidade de deflação 10. Determinar a pressão diastólica no desaparecimento do som (fase V de Korotkoff) 11. Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar seu desaparecimento e depois proceder à deflação rápida e completa. 12. Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a pressão diastólica no abafamento de sons (fase IV de Korotkoff) e anotar valores da sistólica/diastólica/zero 13. Esperar 1 a 2 minutos antes de novas medidas 14. Informar os valores de pressão arterial obtidos para o paciente 15. Anotar os valores e o membro.