Ordem Siluriformes - H. littorale 313 55) Hoplosternum littorale (Hancock, 1828) Nomes comuns: Caborja, tamboatá, camboatá e cascudinho. Distribuição geográfica: América do Sul a leste dos Andes e norte de Buenos Aires, incluindo o rio Orinoco, Trinidad, rios Costeiros das Guianas, bacia Amazônic a, rio Paraguai, baixo Paraná e sistemas costeiros do Sul do Brasil (Reis, 1997); alto rio Paraná (Agostinho; Júlio Júnior; Gomes; Bini; Agostinho, 1997). Auto-ecologia: A primeira maturação sexual ocorre com cerca de 83mm CT. O período reprodutivo estende-se de novembro a abril, a desova é parcelada, sazonal prolongada para a cheia. A fecundação é externa, não realizam migrações e cuidam da prole. O diâmetro médio dos ovócitos maduros é de 1,58mm (Vazzoler, 1996). Constroem ninhos com talos e 314 Ovos e larvas de peixes de água doce... folhas e os machos apresentam dimorfismo sexual, com as pontas do primeiro raio das nadadeiras peitorais retorcidas no período reprodutivo (Winemiller, 1987; Mol, 1996). Caracterização ontogênica: Ovos: Os recém-fecundados apresentam diâmetro médio de 1,84mm; o espaço perivitelino é moderado (18,26%), com tamanho médio de 0,33mm. O diâmetro médio do vitelo é de 1,51mm. A diferenciação do embrião inicia-se cerca de 01h30min após a fecundação e a extremidade caudal solta-se depois de aproximadamente 08h30min (Quadro LV; Fig. 93). Figura 93 - Desenvolvimento embrionário de Hoplosternum littorale. a) embrião inicial (1,87mm DO); b) cauda livre (1,75mm DO) e c) embrião final (1,79mm DO) (Escala = 1mm). Eclosão: As larvas eclodem 41h30min após a fecundação, à temperatura de 25,5ºC, medindo cerca de 3,93mm CP. O saco vitelino é grande, os olhos são pouco pigmentados e não apresentam pigmentação aparente no corpo. A boca (subinferior) e o intestino encontram-se diferenciados, porém não funcionais. O botão da nadadeira peitoral está presente. O Ordem Siluriformes - H. littorale 315 olho é grande, a cabeça é pequena e o corpo é moderado (Quadro LV; Fig. 94). Larvas: A pigmentação (cromatóforos dendríticos) inicialmente é escassa e restrita à região superior da cabeça. A partir do estágio de flexão, a pigmentação intensifica-se na cabeça e nos flancos, formando faixas transversais. Pigmentos são verificados entre os raios das nadadeiras caudal, dorsal e anal. O intestino alcança a porção mediana do corpo. Apresentam boca terminal e 2 pares de barbilhões rictais. A completa pigmentação dos olhos ocorre em pré-flexão, com cerca de 4,40mm CP. A absorção do saco vitelino ocorre com cerca de 5,25mm CP (flexão), e a da membrana embrionária aos 11,00mm CP (pós-flexão). O número total de miômeros varia de 23 a 25. A seqüência de aparecimento dos raios das nadadeiras é: caudal, dorsal, anal, pélvicas e peitorais. O olho varia de grande a moderado, a cabeça de pequena a moderada e o corpo é moderado (Quadro LV; Fig. 94). Juvenis: Atingem esse período com aproximadamente 13,57mm CP. A pigmentação é distribuída irregularmente ao longo de todo o corpo e na cabeça. Apresentam duas séries de placas nos flancos, uma superior e outra inferior. Os primeiros raios das nadadeiras caudal, anal, peitorais e pélvicas apresentam espículas. Pigmentos são verificados entre os raios das nadadeiras dorsal, anal e caudal e na nadadeira adiposa. O primeiro barbilhão rictal ultrapassa a origem da pélvica. O número total de raios das nadadeiras é: P. 7-9, V. 5-6, D. 8 e A. 7. O olho é pequeno, a cabeça e o corpo são moderados (Quadro LV; Fig. 94). Adultos: O corpo é alongado, levemente comprimido, e a cabeça deprimida, sendo o focinho arredondado em vista dorsal. A boca é levemente inferior. O barbilhão superior alcança a base da nadadeira peitoral, o inferior alcança a base da ventral. O opérculo é parcialmente 316 Ovos e larvas de peixes de água doce... exposto, sendo o interopérculo coberto por pele. Os ossos coracóides são expostos ventralmente. A série súpero-lateral contém 25 a 27 placas e a ínfero-lateral possui 22 a 24. O número de raios ramificados das nadadeiras é: P. 9-10, V. 5, D. 7 e A. 6. Comprimento: 258mm (Reis, 1997). Figura 94 - Desenvolvimento inicial de Hoplosternum littorale. a) larval vitelino (4,31mm CP); b) pré-flexão (5,07mm CP); c) início de flexão (5,56mm CP); d) final de flexão (6,19mm CP); e) início de pós-flexão (7,06mm CP); f) final de pós -flexão (9,68mm CP) e g) juvenil (28,28mm CP) (Escala = 1mm). Quadro LV - Dados morfométricos e merísticos obtidos em ovos, larvas e juvenis de Hoplosternum littorale, provenientes da Estação de Piscicultura de Paulo Afonso/CHESF, com matrizes provenientes do rio São Francisco e de amostras coletadas no plâncton pelo Nupélia na bacia do rio Paraná. Períodos Estágios Número de indivíduos Medidas (mm) Comprimento total Comprimento padrão Comprimento do focinho Diâmetro do olho Comprimento da cabeça Altura da cabeça Altura do corpo Focinho-nadadeira peitoral Focinho-nadadeira pélvica Focinho-nadadeira dorsal Focinho-nadadeira anal Número de miômeros Pré-anal Pós-anal Total Relações corporais (%) Diâm. do olho/comp. da cabeça Comp. da cabeça/comp. padrão Alt. do corpo/comp. padrão Larval Larval vitelino Pré-flexão 17 Flexão 23 Juvenil Inicial Pós-flexão 92 23 10 x ± sd amp x ± sd amp x ± sd amp x ± sd amp x ± sd 4,59 ± 0,17 4,28 ± 0,15 4,27 - 4,80 3,93 - 4,53 5,29 ± 0,31 4,81 ± 0,23 4,73 - 5,73 4,40 - 5,07 6,44 ± 0,45 5,63 ± 0,33 5,73 - 7,90 5,07 - 6,50 9,04 ± 1,16 7,48 ± 1,20 7,60 - 13,00 6,50 - 11,00 0,15 ± 0,03 0,13 - 0,20 0,22 ± 0,03 0,15 - 0,27 0,33 ± 0,06 0,20 - 0,50 0,63 ± 0,21 0,40 - 1,29 0,32 ± 0,01 0,67 ± 0,05 0,27 - 0,33 0,60 - 0,80 0,31 ± 0,03 0,93 ± 0,07 0,27 - 0,33 0,67 - 1,07 0,41 ± 0,05 1,44 ± 0,19 0,30 - 0,50 0,93 - 2,00 0,64 ± 0,11 2,21 ± 0,36 0,50 - 0,88 1,60 –2,82 1,68 ± 0,43 8,22 ± 2,69 1,00 - 2,00 4,43 - 11,00 0,68 ± 0,06 1,33 ± 0,08 0,60 - 0,80 1,20 - 1,47 0,97 ± 0,11 1,21 ± 0,12 0,80 - 1,27 0,87 - 1,47 1,38 ± 0,18 1,47 ± 0,16 1,00 - 1,90 1,17 - 2,00 2,10 ± 0,29 2,17 ± 0,34 1,60 - 2,86 1,78 - 3,00 5,82 ± 1,43 7,25 ± 2,64 3,43 - 7,00 3,57 - 10,00 0,73 ± 0,05 na na 0,67 - 0,80 0,93 ± 0,07 na na 0,80 - 1,07 2,30 ± 0,39 1,90 - 3,25 8,26 ± 2,62 4,86 - 11,00 na na 1,48 ± 0,20 na na 1,00 - 2,00 na na na na 3,97 ± 0,56 3,53 ± 0,61 3,50 - 5,57 2,90 - 4,88 13,22 ± 3,97 11,41 ± 3,51 7,00 - 18,00 6,14 - 17,00 na na na na na na 5,95 ± 1,02 5,12 - 8,57 19,31 ± 6,06 10,42 - 26,00 dv dv dv dv 8,69 ± 0,63 15,08 ± 0,28 8 - 10 15 - 16 8,99 ± 0,56 14,85 ± 0,47 8 - 10 14 - 16 nv nv nv nv nv nv nv nv dv dv 23,77 ± 0,73 23 - 25 23,85 ± 0,55 23 - 25 nv nv nv nv amp 43,00 ± 2,83 39,00 - 45,00 26,06 ± 7,74 13,57 - 35,00 1,57 - 5,00 3,39 ± 1,30 49,01 ± 4,42 40,30 - 55,00 33,33 ± 2,51 29,03 - 40,30 28,41 ± 3,50 20,00 - 40,00 29,0 ± 2,07 25,00 - 31,58 21,01 ± 3,17 18,18 - 28,57 15,66 ± 0,96 13,64 - 17,66 19,27 ± 0,93 17,99 - 21,40 25,6 3 ± 2,30 18,34 - 33,33 29,58 ± 1,86 25,68 - 33,80 31,40 ± 3,10 23,85 - 35,71 31,05 ± 2,13 27,71 - 35,00 25,26 ± 2,69 19,77 - 32,89 26,00 ± 1,88 21,59 - 31,82 29,06 ± 1,75 26,00 - 34,93 27,37 ± 2,83 21,95 - 31,25 Período embrionário Número de indivíduos x ± sd Medidas (mm) Diâmetro do ovo 1,84 ± 0,06 Diâmetro do vitelo 1,51 ± 0,08 Espaço perivitelino 0,33 ± 0,07 30 amp 1,70 - 1,90 1,40 - 1,70 0,20 - 0,50 x ± sd = média e desvio padrão amp = amplitude de variação dos valores na = nadadeira ausente nv = não visíveis; dv = difícil visualização Número de raios das nadadeiras em juvenis: P. 7-9; V. 5-6; D. 8; A. 7.