Parauchenipterus galeatus

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Ovos e larvas de peixes de água doce...
39) Parauchenipterus galeatus (Linnaeus, 1766)
Nomes comuns: Cangati, anujá, pacu, cachorro-de-padre, vovô, jauzinho,
cabeça-de-ferro e capatinho.
Distribuição geográfica: Bacias dos rios Amazonas, Orinoco, do Prata e
São Francisco (Britski, 1972). Convém salientar que esta espécie
aparentemente passou a ocupar regiões da bacia do alto rio Paraná (antes
a montante de Guaíra, hoje a montante da barragem de Itaipu) apenas
após a construção da Hidrelétrica de Itaipu (Deitós, 1990).
Auto-ecologia: A primeira maturação sexual ocorre com cerca de 91mm
CT. O período reprodutivo estende-se de novembro a fevereiro, a desova
é parcelada, sazonal com pico. A fecundação é interna e não cuidam da
prole. Os machos apresentam órgão intromitente na nadadeira anal como
caráter sexual secundário. Constroem ninhos e desovam em rios, brejos e
lagos (Breder; Rosen, 1966; Vazzoler, 1996). Ocorrem comumente em
áreas de mata alagada e sob a vegetação aquática flutuante, apresentando
extraordinária resistência às condições anóxicas, podendo sobreviver
várias horas fora da água (Santos; Jégu; Merona, 1984).
Caracterização ontogênica:
Ovos: São grandes, adesivos e apresentam membrana dupla. Os ovos recémfecundados apresentam diâmetro médio de 3,20mm; o espaço
Ordem Siluriformes - P. galeatus
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perivitelino com tamanho médio de 0,45mm. O diâmetro médio do
vitelo é de 1,60mm. A diferenciação do embrião inicia -se cerca de 16
horas após a fecundação e a extremidade caudal solta-se depois de
aproximadamente 38 horas (Sanches; Nakatani; Bialetzki, 1999)
(Quadro XXXIX, Fig. 69).
Eclosão: As larvas eclodem 64 horas após a fecundação, à temperatura de
27,0ºC, medindo cerca de 4,20mm CP. O saco vitelino é relativamente
grande e a pigmentação é distribuída pelo corpo, cabeça e no saco
vitelino. A boca é inferior e o intestino encontra-se formado. Os
barbilhões maxilares e mentonianos estão em formação. O olho varia de
moderado a pequeno, a cabeça é pequena e o corpo é moderado
(Sanches; Nakatani; Bialetzki, 1999) (Quadro XXXIX, Fig. 70).
Larvas: A pigmentação (cromatóforos dendríticos) inicialmente é
distribuída por todo o corpo, principalmente na membrana embrionária,
cabeça e no saco vitelino, intensific ando-se a partir do estágio de flexão.
Pigmentos são verificados entre os raios das nadadeiras. O intestino é
relativamente curto e não ultrapassa a porção mediana do corpo. A boca
é subinferior. A completa pigmentação dos olhos e o aparecimento do
botão da nadadeira peitoral ocorrem com cerca de 5,00mm CP (préflexão). O número total de miômeros varia de 35 a 42. Apresentam 3
pares de barbilhões, sendo 2 pares mentonianos (1 curto e outro
alcançando a base da pélvica) e 1 par maxilar, que ultrapassa a origem
da anal. A seqüência de aparecimento dos raios das nadadeiras é:
caudal, dorsal, anal, pélvicas e peitorais. O olho varia de moderado a
pequeno e a cabeça e o corpo são moderados (Sanches; Nakatani;
Bialetzki, 1999) (Quadro XXXIX; Fig. 70).
Juvenis: Atingem esse período com cerca de 12,86mm CP. Apresentam
intensa pigmentação (cromatóforos dendríticos) pelo corpo, cabeça e
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Ovos e larvas de peixes de água doce...
nadadeiras. Os barbilhões maxilares e mentonianos encontram-se
desenvolvidos e a boca passa da posição terminal para prognata. Os
raios das nadadeiras estão completamente formados. O número de raios
das nadadeiras é: P. I+5-7, V. 6, D. I+4-7 e A. 25-26. O olho é pequeno,
a cabeça e o corpo são moderados (Sanches; Nakatani; Bialetzki, 1999)
(Quadro XXXIX, Fig. 70).
Adultos: Apresentam cabeça tão larga quanto longa, seu comprimento está
contido 3,7 vezes e sua altura 3,5 vezes no comprimento do corpo. O
diâmetro do olho está contido cerca de 5 vezes, o comprimento do
focinho 2,7 e a distância interorbital 1,6 vezes no comprimento da
cabeça. O barbilhão maxilar atinge o meio do acúleo da peitoral,
enquanto o mentoniano a base, ou ultrapassa um pouco a base da
peitoral. A nadadeira peitoral não atinge a ventral e esta quase atinge a
anal. O corpo é castanho-escuro, manchado inconspicuamente de negro.
As nadadeiras apresentam manchas escuras. O número de raios das
nadadeiras é: P. I+7, D. I+6 e A. 22-24. Comprimento: 200mm (Britski;
Silimon; Lopes, 1999).
Obs.: Esta espécie era antigamente incluída no gênero Trachycorystes
Bleeker, 1858, sendo posteriormente transferida por Mees (1974) para
Parauchenipterus Bleeker, 1862.
Ordem Siluriformes - P. galeatus
Figura
69
-
245
Desenvolvimento
embrionário
de
Parauchenipterus galeatus. a) clivagem inicial (3,50mm DO);
b) embrião inicial (3,50mm DO) e c) embrião final (4,12mm
DO) (Escala = 1mm) (Adaptado de Sanches; Nakatani;
Bialetzki, 1999).
246
Ovos e larvas de peixes de água doce...
Figura 70 - Desenvolvimento inicial de Parauchenipterus
galeatus. a) larval vitelino (4,67mm CP); b) pré-flexão
(4,88mm CP); c) flexão (7,20mm CP); d) final de flexão
(7,80mm CP); e) início de pós -flexão (8,70mm CP); f) final de
pós -flexão (11,25mm CP) e g) juvenil (16,50mm CP) (Escala
= 1mm) (Adaptado de Sanches; Nakatani; Bialetzki, 1999).
Quadro XXXIX - Dados morfométricos e merísticos obtidos em ovos, larvas e juvenis de Parauchenipterus galeatus, provenientes de amostras
coletadas no plâncton pelo Nupélia na bacia do alto rio Paraná (Adaptado de Sanches; Nakatani; Bialetzki, 1999).
Períodos
Estágios
Número de indivíduos
Medidas (mm)
Comprimento total
Comprimento padrão
Comprimento do focinho
Diâmetro do olho
Comprimento da cabeça
Altura da cabeça
Altura do corpo
Focinho-nadadeira peitoral
Focinho-nadadeira pélvica
Focinho-nadadeira dorsal
Focinho-nadadeira anal
Número de miômeros
Pré-anal
Pós-anal
Total
Relações corporais (%)
Diâm. do olho/comp. da cabeça
Comp. da cabeça/comp. padrão
Alt. do corpo/Comp. padrão
Larval
Larval vitelino
Pré-flexão
9
Flexão
73
Juvenil
Inicial
Pós-flexão
88
21
x ± sd
15
x ± sd
amp
x ± sd
amp
x ± sd
amp
5,01 ± 0,38
4,72 ± 0,30
4,45 - 5,53
4,20 - 5,00
6,13 ± 0,26
5,65 ± 0,24
5,14 - 6,58
4,88 - 6,00
7,22 ± 0,75
6,57 ± 0,46
6,25 - 11,63
5,83 - 8,88
0,26 ± 0,03
0,20 - 0,33
0,42 ± 0,07
0,24 - 0,58
0,44 ± 0,09
0,27 - 1,00
0,17 ± 0,05
0,82 ± 0,22
0,13 - 0,20
0,50 - 1,07
0,27 ± 0,04
1,19 ± 0,16
0,12 - 0,58
0,93 - 2,10
0,27 ± 0,04
1,53 ± 0,28
0,20 - 0,50
1,13 - 2,63
0,87 ± 0,25
1,35 ± 0,05
na
0,55 - 1,40
1,27 - 1,40
0,85 - 1,33
1,00 - 1,47
1,31 ± 0,20
1,42 ± 0,28
1,00 - 2,50
1,00 - 2,63
2,68 ±0,29
3,24 ± 0,51
1,99 - 3,43
2,42 - 4,14
3,04 ± 0,44
4,92 ± 0,68
2,43 - 4,00
3,86 - 6,00
na
1,16 ± 0,11
1,32 ± 0,06
na
na
2,83 ± 0,31
2,24 - 3,57
4,07 ± 0,69
2,57 - 4,86
na
na
na
na
na
na
1,82 ± 0,44
na
na
1,50 - 2,63
na
na
na
na
4,91 ± 0,99
3,42 ± 0,54
2,00 - 6,43
1,95 - 4,57
8,02 ±1,00
5,88 ± 1,15
6,00 - 9,43
4,00 - 9,00
na
na
na
na
na
na
5,70 ± 0,81
4,50 - 7,29
9,49 ± 1,40
7,00 - 12,14
12,83 ± 0,98
26,33 ± 1,37
12 - 14
24 - 28
11,96 ± 1,05
26,55 ± 1,01
10 - 14
24 - 28
12,39 ± 0,91
26,02 ± 3,09
10 - 15
23 - 28
nv
nv
nv
nv
nv
nv
nv
nv
39,17 ± 1,83
36 - 41
38,48 ± 1,30
35 - 41
38,38 ± 1,49
35 - 42
nv
nv
nv
nv
amp
x ± sd
amp
12,72 ± 1,58 10,25 - 15,86 19,71 ± 2,24 16,00 - 22,29
10,45 ± 1,15 8,70 - 12,86 16,08 ± 1,84 12,86 - 18,57
0,57 - 1,00
1,00 - 1,71
0,84 ± 0,14
1,31 ± 0,21
0,32 - 0,71
0,57 - 0,86
0,50 ± 0,09
0,73 ± 0,11
2,25 - 4,29
3,29 - 6,00
3,06 ± 0,54
4,95 ± 0,70
20,63 ± 6,84 12,15 - 29,03 22,83 ± 3,98 12,90 - 43,61 18,28 ± 3,40 9,52 - 26,67 16,72 ± 3,34 11,08 - 22,22 14,87 ± 1,75 11,83 - 17,33
17,18 ± 3,71 11,90 - 21,97 21,00 ± 2,79 17,45 - 38,89 23,38 ± 3,09 19,32 - 31,88 29,16 ± 3,28 23,68 - 34,21 30,80 ± 2,62 25,58 - 35,46
28,87 ± 1,59 27,19 - 31,40 23,33 ± 1,46 18,76 - 28,27 21,60 ± 3,15 14,81 - 31,88 30,98 ± 3,07 24,42 - 35,35 30,61 ± 1,98 27,99 - 33,62
Período embrionário
Número de indivíduos
x ± sd
Medidas (mm)
nd
Diâmetro do ovo
nd
Diâmetro do vitelo
nd
Espaço perivitelino
nd
amp
nd
nd
nd
x ± sd = média e desvio padrão
amp = amplitude de variação dos valores
na = nadadeira ausente
nd = não disponíveis
nv = não visíveis
Número total de raios das nadadeiras em juvenis: P. I+5-7; V. 6; D. I+4-7; A. 25-26.
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