Levantamento Preliminar da Pteridoflora da Região de Guarapuava -Paraná Graziela Costa1; Elisabete Domingues Salavador2; Janaina da Silva Rocha1; Maria Eliza Miyoko Tomotake3; Juliano Tadeu Vilela de Resende2 1 Alunos de graduação UNICENTRO. Simeão Camargo Varela de 2 Docentes do Departamento de Agronomia da UNICENTRO. Rua Sá, 03, CEP:85040-080. Guarapuava.Paraná. Email: [email protected]. 3 Docente do Departamento de Biologia da UNICENTRO. RESUMO Foi realizado um levantamento florístico taxonômico da pteridoflora numa área de Mata de Araucária preservada, situada no município de Guarapuava, Paraná. Foram utilizados métodos tradicionais para coleta e análise das exsicatas, e literatura específica para identificação das plantas. Verificou-se a ocorrência de 09 famílias e 11 gêneros, todas pertencentes à ordem Filicales, sendo observadas as famílias Polypodiaceae e Pteridaceae, com 02 gêneros cada, e as famílias Aspleneaceae, Blechnaceae, Cyatheaceae, Davaleaceae, Dicksoneaceae, Drypteridaceae e Gleicheneaceae, com 01 gênero de cada. A família de maior ocorrência foi a Polypodiaceae, com 02 gêneros e 04 espécies. PALAVRA-CHAVE: Pteridoflora, mata araucária, flora ABSTRACT Preliminary rising of Pteridoflora of the area Guarapuava - Parana A floricultural aimed survey among selected natural fern-species (Pteridophyta) was conducted in a so called “Mata de Araucaria” a natural area situated in Guarapuava, Paraná. Traditional methods were used to collect and analyze and identification of collected plants was performed according to specific literature. We could verify the occurrence of 9 Familiae and 11 Genus, belonging to the Ordo Filicales. Most observations determined were specimen of Polypodiaceae and Pteridaceae (2 genus each) and the Familiae Aspleniaceae, Blechnaceae, Cyathaceae, Davalaceae, Dicksonaceae, Drypteridaceae and Gleichenaceae (1 genus each). The major represented Familia was Polypodiacae, represented by 2 Genera, totaling 4 species. KEYWORDS: Pteridoflora, mata araucária, flora A rápida expansão urbana verificada em todo o Brasil nas ultima décadas, ocasionou um alto impacto sobre as áreas verdes. Apesar de Guarapuava ainda possuir algumas áreas de preservação ambiental, todas já sofreram algum tipo de intervenção humana, estando atualmente protegidas por leis ambientais, como a Política Nacional de Florestas, que visa promover a proteção da diversidade biológica associada aos ecossistemas florestais, e o Projeto Flora, que visa promover a preservação de espécies nativas através da elaboração de listas de espécies da flora ameaçada de extinção e execução programas de conservação (MMA/IBAMA). A cobertura vegetal original da região de Guarapuava compõe-se de campos limpos com estepes de gramíneas baixas e capões de mata de Araucária. A área inclui-se no Terceiro Planalto do Paraná, o clima é do tipo cfb, subtropical úmido, com verões frescos, geadas freqüentes e sem estação seca, com temperaturas médias anuais de 16,8ºC e precipitação de 1.937,7mm (IBGE, 1996; KOEPPEN 1918, citado por MAACK 2002). As Pteridophytas foram escolhidas por melhor representarem a sucessão secundária da área em questão, e por não existir nenhum registro de levantamento semelhante em Guarapuava. Conhecer e avaliar as espécies desse grupo foi uma atitude necessária e urgente, pois o ritmo de desmatamento se torna cada vez mais rápido e muitos exemplares estão sendo extintos sem ao menos serem identificados. As Pteridophytas reúnem plantas conhecidas como samambaias e possuem gêneros como Adiantum, Blechnum, Pteridum, Polipodium e Nepholepsi muito utilizados como plantas ornamentais. Gêneros como Dicksonea e Cyathea possuem grande valor econômico, pois seu caule é utilizado como matéria-prima para a indústria de vasos de xaxim (SALVADOR, 2000). Com a realização do levantamento florístico das Pteridophytas ocorrentes na área de preservação do Colégio Agrícola Estadual Arlindo Ribeiro, no município de GuarapuavaPR, alertamos para a importância da preservação dessas espécies, já que elas constituem uma das fases de instalação da comunidade pioneira, a qual propicia condições para o desenvolvimento de vegetais superiores. MATERIAIS E MÉTODOS O levantamento de Pteridófitas foi realizado em uma área de mata ciliar do Colégio Agrícola Estadual Arlindo Ribeiro, localizada no Km 158, Rodovia Br 277, sem número, 2 no município de Guarapuava (25º23´36´´5 e 51º27´19´´E) Paraná, com altitude de 1.120m (IBGE, 1996). Foram realizadas quatro coletas na mata ciliar, seguindo-se as margens do rio, dando preferência às áreas de maior incidência de Pteridófitas. As amostras foram colhidas manualmente, com o auxilio de pás. Foram coletadas amostras completas de todas as plantas, sendo constituídas de raiz, caule e folhas, as quais foram acondicionadas em sacos plásticos e levados ao Laboratório de Pesquisas de Botânica na Universidade Estadual do Centro-Oeste/UNICENTRO. Foram montadas exsicatas de acordo com técnicas convencionais que foram secas em uma estufa a temperatura de 60°C, por uma semana. Durante esse período o jornal foi trocado todos os dias para se retirar o excesso de umidade. As exsicatas foram montadas em cartolinas de dimensão A3, para finalmente serem identificadas de acordo com Chave Dicotômica (PEREIRA,1999). As plantas foram classificadas quanto a sua ordem, família e gênero. Como os dados obtidos são preliminares, pretende-se, numa fase posterior, a identificação das plantas até o nível de espécie. Os resultados obtidos foram comparados aos dados relatados por outros autores, que fizeram levantamentos florísticos em condições de clima semelhante ao de Guarapuava. RESULTADOS E DISCUSSÕES O levantamento preliminar florístico de pteridófitas resultou em 01 ordem, 09 famílias e 11 gêneros. Todas as plantas coletadas pertenciam a ordem Filicales, sendo que das famílias Polypodiaceae e Pteridaceae foram observadas a ocorrência de 2 gêneros de cada, e das famílias Aspleneaceae, Blechmaceae, Cyatheaceae, Davaleaceae, Dicksoneaceae, Drypteridaceae e Gleicheneaceae, 1 gênero de cada (Tabela 01) A família de maior ocorrência foi a Polypodiaceae, com 02 gêneros e 04 espécies. A predominância da família, em relação às demais, mostrou-se característica em levantamentos florísticos de pteridófitas em regiões subtropicais (BACKES, 1962; BRACK et al, 1985; MODIM et al, 1989; BUENO & SENNA, 1992; SENNA, 1996; SENNA & KAZMIRCKZAK, 1997; LABIAK & PRADO, 1998). Foi observada a ocorrência dos gêneros Pleopeltis e Polypodium, confirmando os resultados obtidos por LABIAK e PRADO (1998), KERSTEN e SILVA (2001), BUENO e SENNA (1992), que observaram os mesmos gêneros em climas semelhantes ao de Guarapuava. Observou-se a ocorrência de 03 espécies de Polypodium diferentes. Devido à chave dicotômica utilizada classificar as plantas somente até o nível de gênero, não foi possível 3 a identificação das espécies, que serão identificadas numa segunda fase do projeto. A diversidade do gênero Polypodium também foi observada por BUENO e, SENNA (1992), LABIAK e PRADO (1998), TAKEDA (1998), KERSTEN e SILVA (2001), KERSTEN e SILVA (2002), SENNA e KAZMIRCKAK (2003), que em seus levantamentos encontraram, no mínimo, duas espécies diferentes pertencentes ao gênero. Na família Pteridaceae observou-se a ocorrência dos gêneros Adiantum e Pityrogramma., sendo que outros autores somente observaram o gênero Adiantum. Todas as Pteridófitas coletadas estavam presentes em áreas de solo úmido, nos arredores do rio. Porém os indivíduos dos gêneros Polypodium, Dicksonea, Adiantum e Nephrolepsis apresentaram-se distribuídos por todo o local inclusive nas áreas de baixa umidade. Já o gênero Blechnum encontrou-se estritamente as margens do rio. Os hábitos dessas plantas mostraram-se diversos, contudo a maior parte deles, apresentou hábitos herbáceos terrícolas. Os resultados obtidos até o presente momento são parciais, havendo a necessidade de se prosseguir os estudos nesta área, para a catalogação de outras espécies não citadas. Tabela 01 - Ordens Famílias e Gêneros ocorrentes no levantamento preliminar de Pteridófitas, na região de Guarapuava, Paraná: Ordem Filicales Filicales Filicales Filicales Filicales Filicales Filicales Filicales Famílias Aspleneacea Blechmacea Cyatheacea Davaliacea Dicksoniacea Drypteridacea Gleicheneacea Polypodeaceae Genêro Asplenium Blechnum Cyathea Nephrolepsis Dicksonea Polystechum Gleichenia Pleopeltis Polypodium sp1 Polypodium sp2 Filicales Pteridaceae Polypodium sp3 Adiantum Pityrogramma REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 4 BACKES, A. Contribuição ao estudo da flora pteridofítica dos caapões do Rio Grande do Sul (Brasil). I-Caapão do Corvo (Canoas). Instituto Geobiológico, Canoas, v.10, p.1-61, 1962. BACKES, A. Flora do Morro do Côco, RS. Iheringia, ser. Bot., Porto Alegre, v.27, p.2740, 1981. BUENO, R.M, SENNA, R.M. Pteridófitas do Parque Nacional dos Aparados da Serra – Região do Paradouro – Rio Grande do Sul; Caderno de Pesquisa Série Botânica, vol.4, nº1, pág 5-12, 1992. BRACK, P., BUENO, R.M, FALKENBERG, D.B., PAIVA, M.R.C., SOBRAL, M., STEHMANN, J.R. Levantamento Florístico do Parque Estadual do Turvo, Tenente Portela, Rio Grande do Sul, Brasil. Roessléria, v.7, n.1, p. 69-94, 1985. Fundo de Pesquisas Florestais do Paraná. Subprojeto Conservação do Bioma Floresta Araucária, Guarapuava, 2003. PEREIRA, A. B. Introdução ao estudo das Pteridófitas. Rio Grande do Sul, Canoas: Editora Ubra. 172 p, 1999. KERSTEN, R. A., SILVA, S. M. Composição florístico e estrutura do componente epifítico vascular em floresta da planície litorânea na Ilha do mel, Paraná, Brasil. Revista Brasileira Botânica, v.24, n.2, p.213-226, 2001. KERSTER, R. A., SILVA, S. M. Composição florística e estrutura do componente epifítica vascular em floresta de ombrófila mista aluvial do Rio Barigüi, Paraná, Brasil. Revista Brasileira Botânica, v.25, n.3, p.259-267, 2002. LABIAK, P.H., PRADO, J. Pteridófitas Epífita da Reserva Volta Velha, Itapoá, Santa Catarina, Brasil. Boletim do Instituto de Botânica, v.11, p.1-79, 1998. LINHARES, S. V. Ecologia, 10º ed. São Paulo: Ática. 157p, 1991. MAACK, R., Geografia física do estado do Paraná, 3º ed. Curitiba: Imprensa Oficial do Paraná, 440p, 2002. RAVEN, P. H., EVERT, R., EICHHORN, S. E., Biologia Vegetal, 5º ed, Rio de Janeiro, Ed. Guanabara Koogan S. A, 1996. SENNA, M. R., KAZMIRCZAK, C. Pteridófitas de um remanescente florestal no Morro da Extrema, Porto Alegre, RS., Revista da faculdade de Zootecnia Veterinária e Agronomia Uruguaiana, v.4, n.1, p.47-57, 1997. TAKEDA, I.J, et al. Levantamento florístico do Parque Municipal Boca da Ronda, Ponta grossa, Paraná; Publicatio UEPG - Ciências Biológica e da Saúde, vol.4, nº1, pág 4963, 1998. 5