3º ano

Propaganda
Capítulo
7
A Segunda Guerra Mundial
Neste capítulo
ƒƒ O expansionismo
>
nazista.
ƒƒ A Europa
em guerra.
ƒƒ A guerra na Ásia.
ƒƒ A reação aliada.
ƒƒ A derrota
do Eixo.
ƒƒ Cultura e
propaganda nos
anos de guerra.
cidade alemã de Colônia, em 1945, devastada por bombardeios dos Aliados. A grande catedral gótica pode
A
ser vista à esquerda.
Ligando os pontos
As motivações políticas e econômicas
que geraram a Primeira Guerra Mundial
(1914-1918) não foram solucionadas com
o fim do conflito. O Tratado de Versalhes resultou em pesadas imposições à
Alemanha, causando um sentimento de
revanchismo que colaborou para o surgimento de grupos direitistas. O país
passava por graves problemas econômicos, decorrentes da crise de 1929, o que
fez muitos alemães depositarem sua
confiança no Partido Nacional-Socialista
dos Trabalhadores Alemães, ou Partido
Nazista, liderado por Hitler, que assumiu
o poder em 1933.
O projeto nazista ancorava-se na pretensa supremacia da “raça ariana”, na
conquista de um “espaço vital” no Leste e na destruição do comunismo. Com
a ascensão de Hitler, a tentativa de vin-
gança contra as nações que derrotaram
a Alemanha na Primeira Guerra era uma
questão de tempo.
A Itália também adotou um governo
totalitarista, alinhado com o nazismo alemão. Na União Soviética, por sua vez, o
governo seguia um totalitarismo de esquerda, liderado por Stalin. O país, apesar
do grande crescimento industrial, empreendeu uma intensa perseguição política e
o culto à personalidade do líder.
Já os Estados Unidos defendiam o
isolacionismo, alheios aos conflitos europeus. O governo de Franklin Roosevelt, por meio do New Deal, procurou
minorar os efeitos devastadores da crise
de 1929 e impulsionar a economia norte-americana. A crise econômica e o declínio do liberalismo marcaram o país na
década de 1930.
Sobre a imagem e o texto acima, faça as atividades propostas a seguir.
1. O que a imagem revela? Descreva suas impressões.
2.Levante hipóteses sobre o que poderia ter levado à situação retratada acima.
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O expansionismo nazista
rtico
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OCEANO
ATLÂNTICO
SUÉCIA
NORUEGA
FINLÂNDIA
ESTÔNIA
IRLANDA
GRÃ-BRETANHA
A política de
LETÔNIA
DINAMARCA
HOLANDA
BÉLGICA
“apaziguamento”
Por temer uma nova guerra e por estarem abaladas com a crise econômica, as
nações europeias não opuseram forte resistência às ações alemãs. Restringiram-se a
ações diplomáticas.
Na Inglaterra, o primeiro-ministro Neville
Chamberlain praticou uma política conheci-
Você viu
ƒƒ A política
expansionista
nazista.
ƒƒ A anexação da
Áustria e dos
Sudetos.
ƒƒ A política
britânica de
“apaziguamento”.
ƒƒ O pacto
Ribbentrop-Molotov e a
invasão da
Polônia.
Os Estados europeus em 1939
e Gr
O governo nazista ignorou as limitações
militares impostas aos alemães pelo Tratado
de Versalhes. Em 1935, Hitler instituiu o
serviço militar obrigatório e reocupou a região do Sarre, rica em jazidas de carvão, explorada pelos franceses como indenização
de guerra desde 1919. Um ano depois, remilitarizou a Renânia, região entre Alemanha e França mantida sem tropas para evitar uma nova agressão alemã aos franceses.
Em março de 1938, o governo alemão
anexou a Áustria, que não resistiu. Essa ação
ficou conhecida como Anschluss (anexação).
No mesmo ano, Hitler voltou-se para os
Sudetos, região da Tchecoslováquia habitada por uma população de fala alemã. Pressionado a entregar à Alemanha parte de seu
território, o governo tchecoslovaco pediu,
sem sucesso, ajuda à França e à Inglaterra. Preferindo contentar Hitler para evitar
uma guerra devastadora, ingleses e franceses aceitaram a ocupação dos Sudetos pela
Alemanha na Conferência de Munique, realizada em setembro de 1938.
Prosseguindo sua preparação para a guerra, Hitler firmou um acordo militar com a
Itália. Em seguida, aproximou-se do Japão,
construindo o chamado Eixo Roma-Berlim-Tóquio. Estava feita a aliança para a próxima guerra mundial.
Isolada, a União Soviética (URSS) acreditava que as concessões feitas a Hitler pelo
Ocidente pretendiam jogar os alemães contra os soviéticos, tendo em vista que os interesses territoriais nazistas situavam-se na
Europa oriental. Após uma fracassada tentativa de aproximar-se da França e da Inglaterra, a URSS resolveu firmar um pacto de
não agressão com os alemães.
Stalin pretendia adiar ao máximo um
conflito com Hitler, por mais que isso parecesse contraditório, uma vez que um dos
maiores objetivos nazistas era a destruição
do comunismo soviético. Isso lhe daria tempo para se preparar militarmente. Por outro
lado, a Alemanha desejava evitar o erro da
Primeira Guerra, quando teve de combater
em duas frentes de guerra.
O pacto de não agressão foi assinado em
agosto de 1939, entre URSS e Alemanha.
Ficou conhecido por Pacto Ribbentrop-Molotov, nome dos ministros do exterior
dos dois países.
Entre as cláusulas secretas do pacto, estava a que previa a divisão da Polônia entre as
duas nações. Em 1o de setembro de 1939, os
alemães invadiram a Polônia. A maior de todas as guerras iria começar.
no d
Tratado de Versalhes
O Pacto Ribbentrop-Molotov
idia
O desrespeito ao
da como de apaziguamento, não se contrapondo aos interesses hitleristas. Pretendia
evitar uma guerra fazendo concessões. Ao
mesmo tempo, os países europeus começaram a armar-se para um possível conflito.
Mer
Os nazistas tinham a ambição de construir
uma grande Alemanha, que reunisse toda a
população germânica da Europa em uma
única nação. Para isso, era imprescindível a
conquista do chamado espaço vital, territórios que pudessem ser unificados à Alemanha e assegurassem a produção de matérias-primas e alimentos para o novo império.
A preparação para a guerra tornou-se o
objetivo primordial do governo. Com isso,
houve um enorme esforço de modernização
das indústrias de base e militar.
LITUÂNIA
PRÚSSIA
ORIENTAL
POLÔNIA
ALEMANHA
FRANÇA
SUÍÇA
TCH
ECO
ÁUSTRIA
SLO
VÁQ
UIA
HUNGRIA
IUGOSLÁVIA
PORTUGAL
ESPANHA
ROMÊNIA
ÁFRICA
Mar
Cáspio
Mar Negro
BULGÁRIA
ITÁLIA
ALBÂNIA
Mar Mediterrâneo
UNIÃO
SOVIÉTICA
GRÉCIA
TURQUIA
ÁSIA
0
577
km
Fonte de pesquisa: Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: FAE, 1991. p. 146-147.
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7
A Segunda Guerra Mundial
A Europa em guerra
>
Londrinos desabrigados
em virtude de
bombardeios caminham
pela rua com seus
pertences. Durante vinte
semanas os alemães
bombardearam Londres.
Fotografia de 1940.
Na Polônia, os alemães inauguraram uma
estratégia de guerra: a Blitzkrieg, que significa “guerra relâmpago”. Ela recorria primeiramente à aviação, com bombardeios
intensos, seguida da invasão realizada por
blindados e pela infantaria. Com esse rápido ataque, os poloneses renderam-se em
cerca de um mês.
França e Inglaterra, que haviam se comprometido a proteger as fronteiras polonesas, entenderam que as ambições de Hitler
haviam ultrapassado todos os limites e declararam guerra à Alemanha.
Antes de enfrentar seus inimigos, os alemães garantiram a rota de abastecimento de
ferro sueco para a sua indústria bélica, invadindo a Dinamarca e a Noruega.
A França ocupada
O próximo passo de
Hitler foi invadir a França, pela Bélgica, em maio
de 1940. Soldados franceses e ingleses direcionaram-se para aquela
fronteira, mas os alemães
abriram uma segunda
frente. Cruzando a Linha Maginot, uma rede
de túneis e fortificações
construídas na fronteira da França com a Alemanha, as tropas alemãs
cercaram os exércitos da
França e da Inglaterra
em Dunquerque, próximo ao Canal da Mancha.
Os alemães em pouco tempo dominaram
a capital, Paris, derrotando os franceses.
A França foi dividida em duas regiões: o
norte, ocupado pela Alemanha; e o sul, administrado pelo marechal francês Pétain,
simpatizante do fascismo, que organizou um
governo colaboracionista. O general francês Charles de Gaulle não aceitou a rendição
e formou um governo em Londres, onde organizou um movimento de resistência.
A Batalha da Inglaterra
Vencida a França, restava derrotar a Inglaterra. A Luftwaffe, força aérea alemã, passou a bombardear instalações militares e industriais inglesas, preparando uma grande
invasão naval. Contudo, a Real Força Aérea
Britânica (RAF) mostrou grande capacidade, vencendo os aviões alemães.
Repelido pelos ingleses, Hitler voltou-se
para o leste, fonte de importantes matérias-primas, como o petróleo.
O início da guerra no leste
Hungria, Bulgária e Romênia aliaram-se
aos alemães, que invadiram a Iugoslávia.
O governo italiano, que de início manteve uma postura neutra, animou-se com as
vitórias alemãs e, em 1940, declarou guerra à Inglaterra e à França. Pretendendo recriar o Império Romano ao redor do Mediterrâneo, os italianos – que já dominavam
a Líbia (1931), a Abissínia (Etiópia, em
1935) e a Albânia (1939) – invadiram, sem
sucesso, a Grécia, em outubro de 1940. A
vitória sobre os gregos só se deu com o auxílio alemão.
Conheça melhor
O apoio a Hitler
Em virtude dos lucros auferidos com a guerra e com a produção bélica, grandes empresas e corporações apoiaram o projeto hitlerista. O historiador Pedro Tota afirma que:
Assim que Hitler subiu ao poder, o patriarca da família Krupp percebeu a importância do projeto de governo
dos nazistas. Reprimia os movimentos operários, ao mesmo tempo em que desenvolvia uma política de cooptação dos trabalhadores. […] Não é coincidência que as grandes corporações ficassem satisfeitas com a ascensão dos
nazistas. A Krupp e a Thyssen, grandes fabricantes de armas, por exemplo, passaram a receber encomendas lucrativas. Alguns números demonstram que, entre 1933 e 1939, houve rápido crescimento na indústria de aviões
de combate e no efetivo militar das Forças Armadas: em 1934 foram construídos 840 aviões; em 1936, 2 530; em
1938, 3 350 e, em 1939, 4 733. A produção bélica em geral havia aumentado mais de 22 vezes entre 1933 e 1940.
Os efetivos das Forças Armadas também cresceram assustadoramente: de pouco mais de 100 mil soldados em
1933, para cerca de 3,8 milhões em 1939, ou seja, mais de 35 vezes.
Tota, Pedro. Segunda Guerra Mundial. In: Magnoli, Demétrio (Org.). História das guerras. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2008. p. 360.
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Operação Barbarossa
A partir de 1941, a Alemanha começou a
preparar-se para invadir a União Soviética,
com um plano denominado Operação Barbarossa. Tudo levava a crer que a invasão ocorreria em breve, mas Stalin tardou em acreditar.
Em junho de 1941, soldados alemães,
italianos, romenos, húngaros e finlandeses
iniciaram a conquista da URSS. Os exércitos
alemães concentraram seu ataque em três
regiões: Leningrado, antiga São Petersburgo, ao norte; Moscou, ao centro; e as regiões
agrícolas da Ucrânia, ao sul.
As primeiras semanas foram devastadoras. O Exército Vermelho da URSS não conseguiu fazer frente à Wehrmacht (forças armadas da Alemanha). Os alemães tomaram
territórios onde existia importante produção industrial, além de inúmeras riquezas
minerais e agrícolas. Os soviéticos desmontaram muitas dessas indústrias e as instalaram a leste dos Montes Urais, para que não
caíssem em poder dos inimigos.
Em outubro de 1941, as forças nazistas se
aproximaram de Moscou e de Leningrado.
Mas ao longo da guerra os nazistas criaram um novo tipo de campo, voltado para o
assassinato em massa: os campos de extermínio, como Treblinka e Auschwitz.
Como foi abordado no Capítulo 6, inicialmente os campos de concentração abrigavam
todos os que eram considerados inimigos pelos nazistas, como comunistas, ciganos, homossexuais ou Testemunhas de Jeová.
Nos campos de extermínio, entretanto,
as principais vítimas eram os judeus.
Nas várias regiões dominadas pela Alemanha, os judeus eram deportados para esses campos da morte. Os mais jovens e aptos
eram utilizados como escravos, enquanto os
mais velhos e doentes eram exterminados.
Com o tempo, cerca de 6 milhões de judeus
foram mortos.
Nos campos, também ocorriam experimentos científicos que usavam os prisioneiros como cobaias humanas. Foram realizadas experiências cruéis, que causavam
danos permanentes ao corpo ou a morte.
O Holocausto
Os judeus eram confinados em guetos,
locais isolados do restante da sociedade.
Nos guetos, iniciou-se uma política de assassinatos sistemáticos, visando diminuir o
número de judeus. Com o passar do tempo, os nazistas aperfeiçoaram seus métodos
assassinos, utilizando caminhões que funcionavam como câmaras de gás móveis.
A lista de Schindler.
Direção de Steven
Spielberg, Estados
Unidos, 1993.
A história de um
empresário alemão
que usou seu
dinheiro e suas
conexões para
libertar judeus
de campos de
concentração, em
plena Segunda
Guerra Mundial.
Leia
Maus, de Art
Spiegelman São
Paulo: Cia. das
Letras, 2005.
Em quadrinhos,
o autor conta a
história de seu pai,
sobrevivente do
holocausto.
Você viu
>
A instauração da barbárie
Os militares alemães receberam ordens
de não ter clemência com a população soviética. Eram comuns os assassinatos de civis
e, em algumas cidades, a ordem oficial era
para que toda a população fosse dizimada.
Os nazistas impuseram um clima de terror em todos os territórios ocupados. As
populações locais transformavam-se em trabalhadores compulsórios para o Estado ou
para indústrias alemãs. Os recursos industriais, agrícolas e até as obras de arte eram
saqueados. Os países conquistados deveriam servir como fornecedores de riquezas
à Alemanha.
As pessoas que resistiam eram mortas, e
aquelas originárias das raças consideradas
inferiores, como judeus e eslavos, sofreram
ainda mais a ação da barbárie.
Assista
ntrada do campo de extermínio de Auschwitz, na
E
Polônia, onde foram mortos centenas de milhares
de judeus. No portão, a frase: Arbeit macht Frei
(O trabalho liberta).
ƒƒ A Blitzkrieg
alemã.
ƒƒ A conquista da
França.
ƒƒ A Batalha da
Inglaterra.
ƒƒ A Operação
Barbarossa e a
invasão da URSS.
ƒƒ O domínio e a
exploração das
regiões invadidas
pelos alemães.
ƒƒ O holocausto.
Ponto de vista
Razões da invasão da URSS
O nazismo nunca escondeu o seu projeto de acabar com o comunismo. Porém, para o historiador britânico John Keegan, especialista em história militar, os aspectos ideológicos não foram os
únicos responsáveis pela invasão da União Soviética. As questões
econômicas teriam sido fundamentais.
Os alemães careciam de muitas matérias-primas e cobiçavam
os vastos recursos minerais e agrícolas soviéticos. Eles planejavam
fazer da União Soviética uma espécie de colônia que forneceria os
recursos para sustentar a “Grande Alemanha” nazista, o Estado
mais poderoso do mundo.
1. Debata com seus colegas quais as formas pacíficas que os povos
possuem para obter as matérias-primas e demais produtos de
que necessitam para viver e se desenvolver.
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Presença DA ÁFRICA
Heróis negros nas guerras das Américas
Quando lemos sobre a história do Brasil e dos
demais países americanos, muitas vezes temos a
impressão de que os africanos e seus descendentes participaram dessa história unicamente como
escravos. Isso é um grande equívoco, pois essa visão nasce do preconceito ainda presente originado
nas sociedades escravistas. Mas é cada vez maior o
número de estudos nos quais se revela a presença
das pessoas negras no cotidiano das Américas, em
tempos de paz ou de guerra.
Desde o século XVII houve negros nos conflitos travados no continente, assumindo o papel de
combatentes. Isso ocorria por lealdade aos seus
senhores, por motivações de natureza religiosa, ou
mesmo pela busca de algum tipo de compensação
financeira. Para muitos, tratados como “coisas” ou
sistematicamente desvalorizados nas sociedades
escravistas, o combate era o momento de afirmar,
mais do que a bravura, sua própria condição de
seres humanos.
No Brasil, durante a guerra de expulsão dos holandeses do Nordeste (1630-1654), na Batalha dos
Guararapes, negros escravizados e libertos combateram do lado dos colonos de origem portuguesa e
de indígenas, organizados em terços (unidades militares) constituídos apenas por negros. O mais famoso líder dos terços, Henrique Dias, manteve-se
em campanha contra os holandeses ao longo dos
24 anos de duração da guerra. No final, após a vitória, foi enviado a Lisboa e recebeu uma pensão
vitalícia e um título honorífico.
No século XVIII, em agosto de 1711, uma esquadra de corsários franceses liderada pelo capitão Jean-François Duclerc atacou a cidade do Rio
de Janeiro. Como ainda era costume na época, os
corsários desejavam conquistar a cidade, pilhar
seus bens e exigir um resgate para abandonar a
área. Ameaçavam reduzir tudo e todos a cinzas,
caso esse resgate não fosse pago. Atemorizada, a
guarnição portuguesa dos fortes rendeu-se, e o
terço de milícia integrado pelos “bem-nascidos”
fugiu para os morros.
Os padres da Companhia de Jesus haviam formado um terço de milícia integrado pelos religiosos, pelos jovens estudantes do colégio e pelos
escravos pertencentes à Companhia. Os homens
escravizados mantiveram-se firmes e lutaram ao
lado dos jesuítas e dos estudantes para defender a
cidade. Honra e solidariedade, valores essenciais
na visão de mundo africana, falaram mais forte.
Os franceses foram derrotados pelo comando militar dos jesuítas e pela população, que lutou com armas ou caldeirões de água fervendo. A
vitória dos moradores do Rio de Janeiro deveu-se,
em larga medida, à coragem e à lealdade daqueles a
quem os jesuítas escravizavam.
Durante a Guerra do Paraguai (1864-1870),
boa parte das tripulações dos navios de guerra
brasileiros era constituída por negros. Nas regiões
do país com grande população de origem africana,
negros e mulatos compunham a maioria dos alistados no Exército. Houve casos de escravos que
fugiam para se alistar.
Foram diversos os motivos que os levavam a
colocar a vida em risco. Muitos visavam obter a
liberdade, pois pela lei imperial um escravo que
havia participado da guerra não podia voltar ao
cativeiro. Outros, para defender a terra em que
haviam nascido, e muitos, sem dúvida, por preferirem a morte gloriosa na batalha à lenta agonia
nas senzalas.
Após a guerra, muitos oficiais do Exército se
posicionaram firmemente a favor da abolição. A
experiência da campanha militar dera a eles um
olhar diferente: seus companheiros de armas não
eram simples mercadorias, mas homens de valor
e bravura.
Nos Estados Unidos, soldados negros participaram da Guerra de Independência contra os ingleses
(1775-1783). Quando estourou a Guerra da Secessão (1861-1865), o presidente Abraham Lincoln
autorizou o alistamento de negros como soldados e
marinheiros. Aproximadamente 200 mil afro-americanos participaram da guerra como combatentes.
Embora livres, mesmo com sua bravura confirmada nos campos de batalha, tanto nos Estados Unidos como no Brasil, os soldados negros eram sempre, por lei, liderados por oficiais brancos.
Lutando pela vida e pela dignidade
Na conquista das fronteiras no Oeste dos Estados Unidos foi grande o prestígio do Nono Regimento de Cavalaria, formado por negros. Conta-se
que os apaches, quando viram pela primeira vez os
soldados negros cavalgando, com o corpo protegido no inverno por grossos casacos de pele, apelidaram-nos de “soldados búfalos”. O apelido foi
adotado pelos membros do Nono Regimento e, já
no século XX, o compositor e intérprete jamaicano
Bob Marley compôs um reggae intitulado Buffalo
soldier. A letra diz que os “soldados búfalos, no
coração da América, roubados da África, lutaram
desde a sua chegada e lutaram para sobreviver”.
Soldados e marinheiros negros participaram
ativamente das duas guerras mundiais do século
XX. Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-
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>
oldados afro-americanos assistem a uma apresentação
S
durante a Segunda Guerra Mundial. Inglaterra, 12 de
setembro de 1942.
-1918), a França alistou milhares de soldados vindos principalmente de suas colônias do Senegal e
da Martinica.
Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os
Estados Unidos mobilizaram seus cidadãos negros para as Forças Armadas. O preconceito racial
era forte no país, e muitos duvidavam da disposição dos afro-americanos para lutar. O governo
dos EUA, no entanto, resolveu criar uma unidade
de combatentes negros e um esquadrão de aviões
de caça inteiramente formado por pilotos negros.
No final da guerra, esse esquadrão foi a unidade
de caça que perdeu menos bombardeiros durante
as missões de escolta.
Muitos dos integrantes da Força Expedicionária Brasileira, que combateu na Itália, durante a
Segunda Guerra Mundial, eram afrodescendentes.
Quando observamos as fotografias e os documentários da época, é possível notar que
os negros estavam em toda parte. Esse grande número resultava, em larga medida, do
fato de esses contingentes terem sido recrutados entre os segmentos economicamente
menos favorecidos da população. Apesar de
terem ido combater o nazismo na Itália não
exatamente por opção, e sim porque foram
recrutados, isso não os impediu de, tiritando
sob o frio das montanhas italianas e enfrentando soldados alemães, que tinham mais
experiência em combate, dar o melhor de si
para sobreviver, ajudar seus companheiros e
contribuir para a vitória dos Aliados.
Alguns escritores afirmaram que os negros,
ao participarem como combatentes das guerras americanas, estavam lutando as guerras
dos brancos. Outros escritores, negros na sua maioria, argumentaram que esses soldados lutaram para
provar que tinham dignidade e que exigiam que essa
dignidade fosse totalmente reconhecida. O paradoxo é inegável, já que negros combatiam pela democracia, enquanto em seus países eram considerados
gente de segunda classe.
Entretanto, a brava participação dos afrodescendentes nesses conflitos foi um passo importante na
superação do racismo institucional nas Américas.
Ainda que o preconceito racial continue existindo, hoje negros frequentam as academias militares, formam-se pilotos, comandam navios, lideram
exércitos inteiros.
Por essa razão, assim como Bob Marley, rendemos nossas homenagens ao espírito de luta
daqueles que, mesmo roubados da África, persistiram lutando pela própria vida, lutando por
sua dignidade.
Para discutir
A escritora nigeriana Chimamanda Adichie afirma que lia apenas histórias contadas por autores
ingleses ou estadunidenses quando era criança. Por isso, durante muitos anos, acreditou que só seria
possível escrever romances em que os protagonistas fossem brancos, de olhos azuis, comessem
maçãs e ficassem felizes com o sol depois das nevascas. Mas ela morava na Nigéria, onde nunca neva,
e onde a fruta mais comum é a manga. Chimamanda diz que foi preciso ler autores africanos para
que pudesse ter a coragem de escrever sobre o próprio cotidiano.
1. De que maneira, em sua opinião, o conhecimento da atuação de heróis negros interfere no
seu conhecimento sobre o Brasil? Por quê?
Assista
Milagre em Santa Anna. Direção de Spike Lee. EUA, 2008. O filme conta a história de quatro soldados negros que, durante
a Segunda Guerra Mundial, se encontram perdidos atrás das linhas inimigas, quando um deles resolve arriscar a vida para
salvar um menino italiano.
Os soldados búfalos. Direção de Charles Haid. EUA, 1997. História baseada num episódio real. No período da expansão
territorial dos EUA, já no século XIX, um regimento da Cavalaria cai em uma emboscada armada por duas facções de
guerreiros indígenas, e os soldados, para salvar a própria vida, têm de mostrar muita coragem e determinação.
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7
A Segunda Guerra Mundial
A guerra na Ásia
O Japão possuía um parque industrial
em crescimento desde a segunda metade do
século XIX. Entretanto, precisava de matérias-primas para manter sua indústria, dando início, por esse motivo, a uma política
de dominação da região asiática. Em 1931,
invadiu a Manchúria, e poucos anos depois
ocupou outros territórios da China.
Na época, o Japão desenvolveu uma ideologia fortemente militarista e nacionalista,
acreditando na superioridade dos japoneses
em relação aos outros povos da região. Aproveitando a situação de guerra e o enfraquecimento das nações europeias, o país continuou a expansão em direção às colônias
inglesas, francesas e holandesas na Ásia.
Você viu
ƒƒ O expansionismo
japonês na Ásia.
ƒƒ O ataque a Pearl
Harbor.
ƒƒ A virada norte-americana.
A guerra no pacífico
Império japonês em 1930
UNIÃO SOVIÉTICA
Império japonês em 1942
Aleutas
MANCHUKUO
(MANCHÚRIA)
Aliados
1943
Limites do império
japonês em 1930
Máxima expansão
japonesa em 1942
Pequim
COREIA
CHINA
JAPÃO
Hiroshima Tóquio
Ofensiva aliada
OCEANO
PACÍFICO
Nagasaki
Avanço soviético em 1945
Principais batalhas
19
45
Okinawa
Formosa
Trópico de Câncer
BIRMÂNIA
1945 BRITÂNICA
Havaí
45
19
Hong Kong
(RU)
Marianas
1945
INDOCHINA
FRANCESA
1944
Mar das
Filipinas
(1944)
194
Guam
44
Carolinas
19
4
Pearl Harbour
(7-12-1941)
1944
Marshall
1944
LA
MÁ
1945
FILIPINAS
1944
CA
1943
1944
Bornéu
Equador
Sumatra
Célebes
No
va
ÍNDIAS HOLANDESAS
Gu
iné
Salomão
Java
Mar de Coral
(1942)
OCEANO
ÍNDICO
AUSTRÁLIA
Trópico de Capricórnio
1943
Pearl Harbor
Os japoneses necessitavam das matérias-primas existentes no Pacífico. Portanto, a
presença dos norte-americanos na região
era uma ameaça para eles.
Para conter o controle norte-americano
do Pacífico, em dezembro de 1941 o Japão
atacou de surpresa a maior base naval norte-americana na região, Pearl Harbor, no Havaí. O ataque destruiu grande parte da frota e
matou milhares de soldados estadunidenses.
Até então os EUA tinham se mantido neutros, embora abastecessem os ingleses com
armas e alimentos. Depois de Pearl Harbor,
entretanto, os Estados Unidos estabeleceram uma aliança com a Inglaterra e a União
Soviética, e passaram a formar o núcleo central dos países aliados.
A Guerra no Pacífico
Midway
(3-6-1942)
Iwo Jima
Porém, o expansionismo japonês chocava-se com os interesses norte-americanos
no Pacífico. O governo dos Estados Unidos
estabeleceu, então, sanções econômicas ao
Japão, trazendo dificuldades para a economia japonesa.
Guadalcanal
(7-8-1942)
0
1 402
km
Fonte de pesquisa: Franco Jr., Hilário; Andrade Filho, Ruy de O. Atlas História Geral.
São Paulo: Scipione, 1995. p. 73.
Depois do bem-sucedido ataque a Pearl
Harbor, os japoneses ampliaram a ofensiva na Ásia, dominando a Indochina francesa e a Birmânia e Cingapura inglesas. Aos
poucos, outras regiões foram incorporadas,
como as Filipinas.
Como os japoneses temiam, os norte-americanos reconstruíram rapidamente a
frota naval no Pacífico. Em 1942, após as
batalhas do mar de Coral e de Midway, os
EUA tomaram a frente, recuperando as ilhas
do Pacífico.
História e Geopolítica
A Geopolítica é um campo de estudos que leva em consideração várias ciências, como História, Geografia, Economia e Ciência Política, entre outras.
O seu objeto de estudo é o poder, exercido pelos Estados-Nações por meio do controle de determinados espaços,
obtido com estratégias convenientes aos seus interesses.
Buscando transformar-se em potências regionais ou mundiais, os Estados-Nações participam de determinadas disputas que, muitas vezes, levam à guerra. A Geopolítica também se preocupa com a compreensão desses conflitos.
No início do século XX, os interesses das nações industrializadas eram a busca por matérias-primas e mercado
consumidor para seus produtos, obtidos nas colônias. Privada de colônias na África e Ásia, a Alemanha esperava
consegui-los na própria Europa, reordenando a geopolítica da região.
1. Faça uma pesquisa sobre a geopolítica no mundo atual. Verifique quais são as principais disputas e quais as nações envolvidas.
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Em 1941, diante do sucesso da Blitzkrieg
alemã, muitas pessoas acreditavam que o
nazifascismo dominaria o mundo. Contudo, a expulsão dos exércitos alemães das
cercanias de Moscou pelo Exército Vermelho, em dezembro de 1941, marcou uma
nova fase da guerra. Foi a primeira derrota
dos alemães.
Stalingrado
Repelido em Moscou, Hitler voltou-se
para Stalingrado. Se conquistasse essa cidade, controlaria o rio Volga, importante via
de transporte, e dominaria os campos petrolíferos da região do Cáucaso. Entretanto,
apesar da superioridade em armamentos e
número de soldados, as tropas nazistas encontraram uma feroz resistência soviética.
Quando apenas uma pequena parte de
Stalingrado ainda se encontrava sob o poder soviético, os russos enviaram um poderoso exército em socorro da cidade sitiada. O 6o Exército Alemão, com mais de
300 mil soldados, foi cercado. Embora Hitler ordenasse a luta até a morte, o marechal alemão Friedrich von Paulus, sem ter
como alimentar seus soldados, rendeu-se
em janeiro de 1943.
Muitos historiadores consideram que o
início da derrota alemã começou em Stalingrado, em cuja batalha os alemães perderam mais de 250 mil homens. Os sobreviventes foram levados a campos de
prisioneiros, e poucos retornaram à Alemanha após a guerra.
A vitória em Stalingrado marcou o início do avanço soviético. As tropas do Eixo
começavam a ser empurradas para o oeste.
A Alemanha organizou ainda um contra-ataque em Kursk, configurando a grande
batalha de tanques. Mas os soviéticos venceram novamente.
Os Aliados se reúnem
Os soviéticos combatiam sozinhos os alemães
na Europa. Para desviar
as tropas alemãs de seu
país, Stalin pressionava seus aliados ingleses
e norte-americanos para
que fosse aberta uma
frente no oeste. Ao visitar Moscou, em 1942,
o primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, prometeu uma segunda frente na Itália.
Havia certa desconfiança por parte de
Stalin de que os ingleses também pretendessem a destruição da URSS, embora quisessem a derrota dos alemães. Por outro lado,
o ódio de Hitler por todos os Estados, socialistas ou liberais, facilitou a aliança.
Para alcançar a vitória definitiva, era necessário que os aliados se reunissem para
dissipar as desconfianças, discutir as estratégias da guerra e pensar na situação do mundo após o fim do conflito. O primeiro desses
encontros ocorreu em Teerã, capital da Pérsia
(atual Irã), em novembro de 1943, quando
se reuniram Stalin, Churchill e o presidente
dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt.
No encontro em Teerã, Stalin insistiu para
que a segunda frente fosse aberta na França, que, no seu entender, caracterizava um
objetivo estratégico muito mais importante
que a Itália. Para o líder soviético, a proximidade do norte da França com o território
alemão forçaria Hitler a mobilizar grandes
contingentes para a região, facilitando a recuperação do Exército Vermelho no leste.
A tese foi aceita pelos governos da Inglaterra e da França, e a invasão do norte da França pelos Aliados começou a ser
planejada.
>
A reação aliada
destino da
O
Aliança foi selado
na Conferência de
Teerã, em 1943. Por
três dias, Stalin (à
esquerda), Roosevelt
(ao centro) e
Churchill (à direita)
discutiram planos
para a derrota de
Hitler e dos países
do Eixo.
A luta no interior da
cidade de Stalingrado
foi de uma violência sem
precedentes. Na imagem,
de 26 de janeiro de 1943,
soldados do Exército
Vermelho posicionam-se
contra o inimigo entre as
ruínas.
>
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A Segunda Guerra Mundial
A guerra no norte da África
O Exército italiano sofreu inúmeras derrotas na Segunda Guerra Mundial, só alcançando êxito nas situações onde houve a intervenção da Alemanha.
Mussolini ordenou a invasão do Egito,
mas foi derrotado pelos ingleses. Os alemães
enviaram, então, um exército conhecido
como Afrika Korps, sob o comando do general Erwin Rommel, para auxiliar os italianos.
A ofensiva de Rommel, que ficou conhecido como “a raposa do deserto”, reconquistou diversos territórios. Contudo, os
britânicos, liderados pelo general Bernard
Montgomery, derrotaram o Afrika Korps na
Batalha de Al-Alamein. Milhares de soldados alemães e italianos foram aprisionados.
Al-Alamein foi a primeira grande vitória
do Exército britânico contra os nazistas, e
marcou o início da conquista aliada no norte da África.
Você viu
ƒƒ A aliança entre
EUA–Grã-Bretanha–URSS.
ƒƒ O Dia D e a vitória
aliada.
A invasão da Itália
Partindo de bases sólidas conquistadas no
norte da África, os aliados invadiram a ilha
Expansão do Terceiro Reich alemão (1938-1942)
30°O
10°O
0°
10°L
30°L
50°L
70°L
°N
60
Círc
ulo Po
lar Ártico
FINLÂNDIA
NORUEGA
SUÉCIA
OCEANO
BÉLGICA
ATLÂNTICO
PARIS
FRANÇA
°N
MOSCOU
Minsk
HOLANDA
50
BERLIM
ALEMANHA
Voronez
Lvov
LUXEMBURGO
Lago
Aral
Stalingrado
POLÔNIA
Kiev
TCHECOSLOVÁQUIA
SUÍÇA ÁUSTRIA HUNGRIA
Odessa
Mar
Cáspio
N
40°
ROMÊNIA
PORTUGAL
ESPANHA
ITÁLIA
ROMA
IUGOSLÁVIA
BULGÁRIA
Mar Negro
ALBÂNIA
Alemanha em 1938
GRÉCIA
Anexado pela Alemanha em março de 1938
Ocupado pela Alemanha de setembro
de 1939 a junho de 1941
Ocupado pela Alemanha de junho
Mar Mediterrâneo
de 1941 a novembro de 1942
Aliados da Alemanha
Inimigos da Alemanha
Países neutros
ÁFRICA
Fonte de pesquisa: Arruda,
José Jobson de A. Atlas
histórico básico. 17. ed. São
Paulo: Ática, 2007. p. 30.
O dia 6 de junho de 1944 ficou conhecido como o Dia D. Uma gigantesca força-tarefa composta por milhares de soldados
britânicos, norte-americanos, canadenses e
franceses, navios, tanques e aviões desembarcou na Normandia.
As praias da região, de difícil acesso, eram
protegidas pelos alemães. No entanto, os aliados conseguiram tomar as posições. A partir
daí, outras regiões foram conquistadas.
Com a ajuda da resistência francesa, os
aliados conseguiram libertar Paris. Depois, foi
a vez da Bélgica e da Holanda. As cidades alemãs passaram a sofrer grandes bombardeios.
ar
B
GRÃ-BRETANHA
LONDRES
Normandia
M
DINAMARCA
IRLANDA
O desembarque na
UNIÃO SOVIÉTICA
Leningrado
áltico
Mar do
Norte
da Sicília, no sul da Itália, em julho de 1943.
Os italianos, cansados de tantas derrotas,
estavam dispostos a se render. O Conselho
Fascista depôs Mussolini para tentar negociar com os aliados.
Hitler, contudo, não poderia perder a Itália
para seus inimigos e ordenou que o Exército alemão ocupasse o país. Com o auxílio da
Alemanha, Mussolini instaurou um governo
no norte da Itália, a República de Salò.
Os exércitos aliados conquistaram a península Itálica a partir do Sul, encontrando
feroz resistência dos alemães. Essa etapa da
guerra contou com a participação de soldados brasileiros.
TURQUIA
ÁSIA
CHIPRE
0
623
km
>
7
oldados norte-americanos desembarcam no litoral
S
norte da França, na região da Normandia, em 6 de
junho de 1944.
Conheça melhor
Os movimentos de resistência
Em diversos países formaram-se movimentos de resistência contra a ocupação nazista.
Seus integrantes — os partisans — utilizavam táticas de guerrilha, no campo e nas cidades,
para lutar contra a barbárie alemã.
Alguns movimentos foram organizados por liberais, outros por comunistas. Suas ações
consistiam em espionagem, sabotagem ou, ainda, na proteção aos judeus, remetendo-os
para fora das zonas ocupadas pelos nazistas.
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A derrota do Eixo
O recuo nazista
Na Polônia, com a aproximação do Exército Vermelho, ocorreu o Levante de Varsóvia. Contando com o auxílio soviético, os
poloneses rebelaram-se contra a dominação
alemã. No entanto, o levante foi brutalmente sufocado. Posteriormente, os poloneses
acusaram a URSS de não tê-los apoiado.
Finlândia, Romênia e Bulgária assinaram
acordos de paz com a URSS. Já a Hungria foi
conquistada à força.
Na frente ocidental, em dezembro de
1944, os alemães tentaram uma ofensiva na
região montanhosa de Ardenas, entre Bélgica, França e Luxemburgo. Era uma tentativa
de forçar os aliados a recuar. Embora vitoriosos no início, os alemães acabaram derrotados por dois motivos: a chegada de reforços
nos exércitos aliados e uma grande ofensiva
soviética no leste, que obrigou a Alemanha a
enviar tropas para o local.
em falta. Os membros da SS puniam com a
morte qualquer suspeito de deserção.
Em fevereiro de 1945, na cidade de Yalta, na Crimeia, os chefes dos Estados aliados,
Stalin, Churchill e Roosevelt, encontraram-se
em uma nova conferência. Os debates concentraram-se nos preparativos para o final da
guerra e na possível realidade produzida após
o seu término. Também foi discutida a participação da União Soviética na guerra contra
o Japão, após a derrota de Hitler.
O fim da guerra na Europa
Na Itália, Mussolini foi vencido, encerrando-se a República de Salò. Em sua tentativa de fuga, foi preso, julgado e fuzilado
pela resistência italiana.
Em 28 de abril de 1945, Hitler casou-se
com sua companheira, Eva Braun, e, dois
dias depois, ambos se suicidaram. Seus corpos foram incinerados.
Em 9 de maio de 1945, a Alemanha rendeu-se incondicionalmente aos aliados. O
“sonho” de Hitler, de uma Alemanha senhora do mundo, estava terminado.
Assista
A queda: as últimas
horas de Hitler.
Direção de Oliver
Hirschbiegel,
Alemanha, 2004.
O filme é uma
interpretação dos
últimos dias de vida
de Hitler em seu
bunker, em Berlim,
cercado pelas
tropas soviéticas
que avançam
sobre a cidade.
As perversões do
regime nazista e
a participação de
pessoas comuns
são representadas
com fidelidade pelo
diretor.
Consequências materiais
Além da assombrosa perda de vidas humanas, as perdas materiais na Europa foram enormes.
Todas as nações envolvidas acabaram
por esgotar seus recursos econômicos, humanos e materiais. A exceção foram os Estados Unidos. Os norte-americanos conseguiram manter intacta sua capacidade
industrial e financeira.
Grande parte do
patrimônio cultural,
artístico e material
da Europa perdeu-se na guerra. A
cidade de Dresden,
na Alemanha, em
fotografia de 1945, foi
praticamente destruída
pelos bombardeios dos
Aliados.
>
Hitler não aceitava a derrota iminente.
Agia como se alguma arma secreta pudesse ser construída ou algo que levasse a uma
vitória milagrosa dos seus exércitos pudesse
acontecer. Para ele, a guerra deveria ser levada às últimas consequências. Assim, para
o líder nazista a rendição estava fora de cogitação. Sua ordem era para que o povo alemão lutasse até o último homem.
Para evitar a capitulação, alguns oficiais
do Exército alemão tentaram assassinar Hitler. Com isso, pretendiam tornar viável
uma negociação com os aliados. Porém, os
atentados fracassaram.
Com os ataques soviéticos, do lado leste, e dos norte-americanos, dos ingleses e
demais aliados, do lado oeste, os exércitos
alemães foram aos poucos empurrados de
volta ao seu país.
O Terceiro Reich agoniza
Pouco a pouco, a população alemã deixou de confiar na propaganda de guerra
de Joseph Goebbels, Ministro do Povo e da
Propaganda, que veiculava notícias de uma
possível vitória. Após milhões de mortes e
inúmeras cidades arrasadas por bombardeios, a derrota estava evidente.
O Terceiro Reich agonizava. Foram formados grupos de crianças e idosos para defender a cidade de Berlim, cercada pelos
russos. Combustíveis e munição estavam
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7
A Segunda Guerra Mundial
Leia
Hiroshima, de John
Hersey. São Paulo:
Companhia das
Letras, 2002.
Grande reportagem
que faz um
retrato de seis
sobreviventes da
bomba atômica
um ano depois da
explosão. Quarenta
anos mais tarde, o
repórter reencontra
seus entrevistados.
>
Em Nagasaki, apenas os
prédios com estrutura
de concreto resistiram
parcialmente à bomba
atômica. Na imagem, o
Hospital da Faculdade de
Medicina de Nagasaki,
localizado a 800 metros
do local da explosão.
Fotografia tirada
poucos dias depois do
bombardeio.
A frente do Pacífico
O legado da guerra
No Oriente, a guerra estendeu-se por
mais alguns meses, devido à obstinada resistência japonesa.
Além de atacar as forças japonesas nas
ilhas da Oceania e combater a frota imperial
no Pacífico, os norte-americanos bombardeavam constantemente cidades do Japão. Os
japoneses, por sua vez, utilizavam pilotos
suicidas, os camicases, para afundar porta-aviões inimigos.
Sob o argumento de que seriam necessários muitos recursos para conquistar as
ilhas japonesas, os norte-americanos resolveram utilizar a recém-desenvolvida
bomba atômica.
Alguns historiadores, porém, formulam
outras hipóteses. Uma delas é que Harry
Truman, que assumiu a presidência após
a morte de Roosevelt, queria demonstrar o
seu poder aos soviéticos, antevendo a situação do pós-guerra.
Os EUA lançaram, então, duas bombas
atômicas em 1945: uma sobre a cidade de
Hiroshima, em 6 de agosto, e outra sobre a
cidade de Nagasaki, três dias depois. Cerca
de 200 mil pessoas morreram nos bombardeios e, entre os sobreviventes, as sequelas
se fazem sentir até hoje.
No dia 2 de setembro, o Japão se rendeu,
colocando fim na Segunda Guerra.
O volume de recursos e o número de soldados mobilizados para a vitória dos aliados
foram tão grandes que especialistas denominam esse processo de guerra total. Milhões
de pessoas foram envolvidas nos exércitos e
nas fábricas de armamentos.
O conflito envolveu o mundo todo,
mesmo que indiretamente, pelos seus efeitos econômicos.
Durante a guerra, alguns países tiveram a
população drasticamente reduzida. Até hoje
não se sabe ao certo qual foi o real número de
vítimas. Estima-se, entretanto, que tenham
morrido mais de 50 milhões de pessoas, sendo cerca de 20 milhões de soviéticos.
O número de vítimas foi e continua sendo o mais alto da História. A tecnologia –
fundamental para a vitória, principalmente a utilizada no desenvolvimento de novos
armamentos – produziu enorme força destrutiva. Entretanto não foi a potência das
bombas a única causa das mortes. A política
de extermínio nazista, a fome e as doenças
contribuíram enormemente para o exagerado número de baixas.
A mudança no traçado das fronteiras europeias levou a um novo equilíbrio geopolítico mundial. A Alemanha voltou aos limites
de 1918, mas sem os territórios do leste, hoje
parte da Polônia e da Rússia. Além disso, foi
dividida em quatro zonas controladas pelos
aliados. A União Soviética sagrou-se vencedora na Europa oriental, onde conduziu o estabelecimento de governos comunistas. A Itália,
por sua vez, perdeu territórios para a Iugoslávia e a Grécia, além da Albânia e de suas
colônias africanas. Quanto ao Japão, além de
perder sua influência na Ásia, foi ocupado e
administrado pelos norte-americanos.
A decadência da Europa, arrasada pela
guerra, fez com que logo a União Soviética e
os Estados Unidos emergissem como novas
potências mundiais.
Conheça melhor
Você viu
ƒƒ A derrota alemã.
ƒƒ As bombas
atômicas e a
derrota japonesa.
ƒƒ O legado de
mortes e
destruição da
Segunda Guerra
Mundial.
Os genocídios na história
Quando, em 1945, os soldados aliados libertaram os campos de concentração nazistas, o
mundo conheceu a barbárie do Holocausto, o maior genocídio da História Contemporânea.
O genocídio, isto é, o ato de provocar a morte em massa de pessoas de um mesmo grupo
étnico, cultural ou religioso, ocorreu, porém, em outros momentos da História, motivado pela
ambição, pelo ódio e pelo preconceito.
A ação dos europeus na América e na África, dizimando povos inteiros, ou o massacre de armênios pelo exército turco na Primeira Guerra Mundial são trágicos exemplos de genocídio.
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Cultura e propaganda
nos anos de guerra
1
A mobilização para uma guerra total necessitava do convencimento de grandes parcelas da sociedade. Nesse sentido, a propaganda de
guerra foi fundamental nos países envolvidos para incentivar a produção bélica, a resistência dos civis e o alistamento militar. Para isso, foram utilizados diferentes meios de comunicação, como rádio, jornais
impressos, cartazes, cinema, etc.
A propaganda norte-americana
A propaganda nazista
Os argumentos principais utilizados no incentivo à guerra eram a revanche às perdas da Primeira Guerra e a pretensa “superioridade” racial alemã.
Em 1917, foi fundada a Universum Film AG (UFA), que se transformou na maior produtora de filmes da Alemanha. Com a ascensão de Hitler ao poder, a UFA passou a ser controlada por Goebbels, interessado no
potencial propagandístico do cinema. Os nazistas possuíam, assim, uma
larga produção cinematográfica com o intuito de influenciar o povo.
A propaganda alemã foi intensificada a partir de 1943, diante das sucessivas derrotas sofridas pelo país. Por meio dela, o governo tentava
convencer a população de que o esforço de guerra deveria ser mantido.
2
>
Nos Estados Unidos, havia uma tradição de isolacionismo diante dos
conflitos europeus. Era fundamental, portanto, que o governo demonstrasse à opinião pública a necessidade de entrar na guerra.
Para obter a simpatia da população, o governo estadunidense apresentava a democracia e a liberdade como ideais ameaçados. A luta seria, assim, pela manutenção desses valores e contra a tirania.
Os grandes estúdios cinematográficos de Hollywood colaboraram
para uma imagem positiva da guerra, além de produzir documentários
que incentivavam os soldados a lutar.
Além de mobilizar a opinião pública interna, o governo norte-americano procurou obter a simpatia de outros países da América. Com o
argumento de que a segurança do continente deveria ser compartilhada
e com o objetivo de minimizar possíveis aproximações com o Eixo, os
EUA conquistaram aliados para a guerra.
Para isso, foi criado um escritório, dirigido pelo magnata Nelson Rockefeller, que financiou projetos para a América Latina. O cineasta Walt
Disney, por exemplo, patrocinado pelo governo dos EUA, visitou países
da América produzindo personagens exclusivas para o Brasil, a Argentina
e o México. Assim nasceu Zé Carioca, malandro amante do samba que estrelou os filmes Alô, amigos (1943) e Você já foi à Bahia? (1944).
Outros cineastas também visitaram o Brasil, como John Ford e Orson Welles. Por outro lado, artistas brasileiros fizeram sucesso nos EUA,
como ocorreu com Carmem Miranda.
Essa política da boa vizinhança incluía programas radiofônicos elaborados em Nova York e veiculados no Brasil. Em As Américas em guerra, buscava-se a simpatia pela causa da guerra.
Com esse relacionamento cultural, os norte-americanos buscavam
aumentar a sua influência no continente, disseminando o american way
of life e exportando muitos de seus produtos culturais.
Os principais países envolvidos na guerra, até mesmo o Brasil, preocuparam-se com a questão da propaganda. Em todos eles a fórmula era
a mesma: desenvolver o sentimento patriótico e convencer sobre a necessidade de vencer o inimigo, retratado como um “bárbaro”.
s cartazes foram amplamente
O
utilizados durante a Segunda
Guerra, em virtude do forte
impacto visual que causavam.
O cartaz 1, produzido pelo governo
estadunidense, mostra um
militar japonês e outro nazista
se aproximando do território
dos Estados Unidos. O texto diz:
“Cuidado! Nossos lares estão em
perigo agora!”.
O cartaz 2, produzido pelo governo
nazista, exibe um soldado alemão
subjugando um dragão vermelho,
que representa a URSS comunista.
A legenda diz: “Liberdade da
Europa”. Nos dois cartazes, os
inimigos são representados
como animais grotescos ou
conquistadores insanos.
Você viu
ƒƒ As estratégias da propaganda de guerra
nazista e norte-americana.
103
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04.03.10 09:13:49
Seja o Historiador
Analisar a propaganda política impressa
como documento histórico
A propaganda é a atividade de divulgar ideias, conceitos e valores sobre questões políticas, cívicas,
religiosas, filosóficas, artísticas, sociais, etc. A propaganda não possui uma finalidade comercial direta, e
por isso é diferente da publicidade, que visa basicamente estimular a venda de produtos e serviços.
O estudo da propaganda permite conhecer a maneira como os vários grupos que compõem a sociedade se estruturam e que valores e ideais procuram praticar. Por isso, a propaganda é muito estudada
por vários tipos de profissionais, como sociólogos, cientistas políticos, comunicólogos, etc.
Os historiadores também se interessam pelo estudo da propaganda, que é uma importante fonte de
informação sobre as ideias e os projetos das instituições e grupos de opinião do passado.
A propaganda política
Entre os vários tipos de propaganda, a propaganda política é aquela praticada por grupos e partidos,
dentro ou fora do Estado, ligados ao governo ou à oposição.
A propaganda política tem por objetivo interferir na forma como o poder político é repartido e exercido na sociedade. A atividade política é, por definição, coletiva, portanto esse tipo de propaganda tem
o potencial de interferir, positiva ou negativamente, na vida de um grande número de pessoas.
Ao longo da História, os grupos que atuam na política passaram por transformações, produzindo nesse
processo um tipo de propaganda adaptado aos tempos que viviam. Os historiadores analisam esse processo
de transformação, procurando identificar os elementos que compõem o pensamento político do passado.
A análise da propaganda política efetuada pelos historiadores segue, em linhas gerais, os passos descritos a seguir.
Identificar as características básicas
É necessário inicialmente identificar as características básicas da peça de propaganda política a analisar, tais como: a identificação do tipo de peça (discurso, cartaz, manifesto, panfleto, etc.); o local onde
foi produzida; o grupo político que a produziu e a data de produção.
Usaremos como exemplo a peça de propaganda reproduzida abaixo.
Cartaz de propaganda de bônus
de guerra, chamados “bônus da
vitória”, elaborado em 1942 por
G. K. Odell para o governo do
Canadá, então um domínio da
Inglaterra. Na parte superior,
à esquerda, lê-se: “Mantenha
essas mãos distantes!”. O texto
da base diz: “Compre os novos
bônus da vitória”.
>
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05.03.10 16:50:57
1. Que tipo de peça de propaganda está reproduzido na imagem?
2. Em que local a peça foi produzida?
3. Que grupo político a produziu?
4. Qual é a época em que foi produzida?
Pesquisar sobre o contexto histórico
Determinada a origem, a data de produção e o grupo responsável pela elaboração da peça propagandística, o próximo passo é conhecer o contexto histórico no qual a peça de propaganda está inserida. Esse passo é importante para o entendimento dos motivos que geraram a produção do documento
analisado.
A pesquisa do contexto histórico não deve se limitar às questões políticas. Também os acontecimentos econômicos, culturais e sociais devem ser pesquisados.
Para conseguir essas informações, podem-se consultar enciclopédias, jornais e a internet.
5. Pesquisar os principais fatos políticos que ocorreram na data de produção do exemplo
apresentado.
6. Pesquisar informações relacionadas à instituição que produziu o documento analisado.
Descrever o conteúdo do documento
Após contextualizar a produção do documento, é o momento de analisar o seu conteúdo. A análise
do conteúdo vai depender do tipo de documento escolhido.
No caso de documentos escritos (discurso, panfleto, manifesto, etc.) deve ser feita uma leitura atenta, anotando as ideias principais.
No caso de documentos que possuam representações ou elementos iconográficos (desenhos, retratos, medalhas, estátuas, etc.), como os cartazes, é necessário prestar atenção aos elementos gráficos utilizados, fazendo uma descrição objetiva do documento e pesquisando o significado dos símbolos que
possam estar representados.
7. No caso do documento proposto como exemplo, fazer uma descrição dos aspectos iconográficos,
anotando também o texto existente no documento.
8. Pesquisar o significado dos símbolos representados no documento.
Elaborar uma conclusão
Depois da identificação das características básicas, do contexto histórico e da descrição do conteúdo, é o momento de analisar o significado da propaganda política. Para realizar essa análise adequadamente, todas as informações obtidas nas etapas anteriores devem ser reunidas e organizadas de maneira
a facilitar a elaboração da conclusão.
A base é o contexto histórico, com a caracterização e localização do grupo que produziu o documento em relação aos outros grupos sociais e políticos, bem como em relação aos eventos que estavam ocorrendo naquele período. Essas informações devem ser utilizadas para explicar de forma clara e objetiva
o significado do conteúdo exposto no documento.
As questões básicas a serem tratadas são as seguintes.
•Qual a motivação do grupo ou instituição para produzir a propaganda analisada?
•Qual o significado dos elementos de texto ou iconográficos utilizados na propaganda?
•Qual a finalidade da propaganda?
9. Analisar o documento proposto como exemplo utilizando as questões fornecidas acima,
escrevendo um texto contendo as conclusões.
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Ontem e hoje
Energia nuclear, medo e poder
No início dos anos 1940, os norte-americanos desenvolveram a primeira arma nuclear.
Desde então, alguns países passaram a produzir e acumular armas nucleares, buscando obter poder no mundo.
Essa tecnologia é objeto do desejo de muitas nações.
Carta de Albert Einstein ao presidente Roosevelt, datada de agosto de 1939
Senhor:
Algumas obras recentes de E. Fermi e L. Szilard […] me
levam a esperar que o elemento urânio possa ser transformado em uma nova e importante fonte de energia, num
futuro próximo. Certos aspectos expostos dessa situação parecem exigir nova consideração e, se necessário, rápida atenção da parte da Administração. Portanto, creio ser meu dever
levar à sua atenção os seguintes fatos e recomendações:
Ao longo dos últimos quatro meses, tem-se tornado
provável, apesar da obra de Jolliot na França, bem como da
de Fermi e Szilard, na América, ser possível realizar uma reação nuclear em cadeia, numa grande massa de urânio, através da qual vasta soma de poder e grandes quantidades de
novos elementos semelhantes ao radium poderiam ser gerados. Agora é quase certo que isso poderia ser alcançado num
futuro próximo.
Esse novo fenômeno também conduziria à construção de
bombas e é concebível – embora não totalmente certo – que bombas extremamente poderosas desse tipo pudessem ser construídas. Uma só bomba desse tipo, carregada em barco ou explodida
num porto, poderia muito bem destruir todo o porto, junto com
algum território ao redor dele. […]
Os Estados Unidos possuem apenas muito escassas reservas de urânio e em quantidades moderadas. Existem algumas boas reservas no Canadá e na Tchecoslováquia, embora
as fontes mais importantes estejam no Congo Belga.
Tendo em vista tal situação, talvez o Sr. considere desejável manter algum contato permanente entre a Administra-
ção e o grupo de físicos trabalhando nas reações em cadeia,
na América. […]
Entendo que a Alemanha tenha recentemente suspendido a venda do urânio das minas da Tchecoslováquia, das quais
ela se apoderou. O fato de ter ela tomado essa decisão tão recente talvez possa ser explicado pela hipótese de que o filho do
Subsecretário de Estado Alemão, Von Weizsacher, esteja ligado ao Instituto Kaiser Wilhelm, de Berlim, onde alguma coisa
da obra americana está sendo agora repetida.
Sinceramente,
Albert Einstein
Traduzido pelos autores. Disponível em: <http://hypertextbook.com/>.
Acesso em: 27 nov. 2009.
Centro da cidade de Hiroshima destruído pela bomba atômica.
Fotografia de setembro de 1945.
ElBaradei crê que Irã quer tecnologia para ter armas nucleares
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed ElBaradei, disse acreditar que o Governo do Irã está desenvolvendo sua tecnologia nuclear com
a intenção de construir um arsenal atômico.
Em declarações à “BBC”, ElBaradei disse ter “a sensação
de que o Irã gostaria de ter a tecnologia que lhe permita ter
armas nucleares”, acrescentando que os iranianos “querem
mostrar para seus vizinhos e ao resto do mundo que ‘conosco não se brinca’ ”. […]
O diretor-geral da AIEA argumentou que os iranianos
não estão errados, já que as potências nucleares não são tratadas da mesma forma que os outros países.
Para ElBaradei, o exemplo mais claro disso é a Coreia do
Norte, país que, apesar de ter armamento nuclear, é convidado a se sentar em uma mesa de negociação, enquanto o Iraque de Saddam Hussein, sem ter esse tipo de recurso bélico,
foi “pulverizado”.
Segundo o diretor-geral da AIEA, a solução para evitar
que o Irã [...] obtenha armamento atômico é manter uma
boa relação política e diplomática com Teerã, fazendo o país
se sentir parte da comunidade internacional.
Artigo publicado em 17 jun. 2009. Disponível em: <http://ultimosegundo.
ig.com.br/>. Acesso em: 27 nov. 2009.
Reflita
1. Em sua opinião, como a sociedade e os cientistas devem se comportar diante de pesquisas que, apesar de terem
uma utilidade prática e pacífica, podem também ser usadas para fins militares, caso da tecnologia nuclear?
2. Debata com seus colegas sobre o motivo pelo qual os poucos países que atualmente detêm a tecnologia
nuclear procuram impedir que outros países desenvolvam essa tecnologia.
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Dossiê
As guerras na História
As guerras são tão antigas quanto as civilizações. Elas
ocorrem quando povos, Estados ou instituições procuram impor violentamente seus interesses em detrimento
do interesse de outros.
Ao longo da História, as guerras tiveram motivações
e características diferentes. Algumas foram vencidas em
uma única batalha, outras em campanhas que duraram
anos. Em algumas morreram poucos soldados, em outras, milhões de pessoas. As guerras ocorreram entre diversas nações ou se constituíram como guerras civis;
ocorreram em nome do poder, da arrogância, do amor
ou, ainda, em nome de Deus.
Os vários sentidos da guerra
>
O fato de as guerras fazerem parte da história da humanidade não quer dizer que a destruição e a matança
sejam características inerentes ao ser humano e que não
possamos lutar por um mundo sem guerras. Na realidade, a paz tem sido uma das grandes preocupações mundiais, e muitas organizações multilaterais e ONGs foram
formadas para zelar por sua preservação.
Entretanto, as guerras muitas vezes modificaram os rumos do processo histórico e, por isso, tornaram-se balizas
cronológicas. Os historiadores consideram, por exemplo,
a conquista de Roma pelos bárbaros como marco do fim
da Idade Antiga, enquanto a queda de Constantinopla
provocada pelos turcos marcaria o fim da Idade Média.
Muitos países elevaram à categoria de heróis nacionais
pessoas que construíram sua fama em guerras, como, por
exemplo, Joana d’Arc na França, George Washington nos
Estados Unidos, almirante Nelson na Inglaterra, Simon
Bolívar na Venezuela e Ho Chi Minh no Vietnã.
Para cada povo, em um tempo e espaço específicos, as
guerras possuíram um caráter distinto. Os Tupiniquim,
por exemplo, praticavam-na não para conquistar ou escravizar outros grupos, mas porque fazia parte da cultura
masculina. Mas, para outros povos, a guerra mostrou-se
um excelente negócio, possibilitando enormes lucros por
parte das empresas especializadas em armamentos.
Grandes obras literárias também se valeram das guerras
como pano de fundo. A Ilíada, de Homero, Henrique V, de
Shakespeare, ou Guerra e paz, de Leon Tolstoi, são considerados clássicos mundiais atemporais.
Por meio dos conflitos armados, instituições colocaram à prova a sua hegemonia e poder. Até mesmo as
religiões já abençoaram as guerras, como foi o caso do
cristianismo nas Cruzadas.
Outra característica bélica é o fato de a ambição causar a queda de muitos impérios que não colocaram limites em suas conquistas. Isso ocorreu com os assírios,
com Alexandre da Macedônia, com Napoleão Bonaparte
e com Hitler.
o longo do tempo, as estratégias de guerra transformaram-se, assim como a forma de organização dos exércitos e os armamentos
A
tecnológicos usados. À esquerda, soldados romanos representados em relevo, lutando contra os gauleses, c. século I a.C. À direita, soldado
estadunidense consulta aparelho de GPS durante ataque a Tikrit, Iraque, em 2003.
Discussão sobre o texto
1. Pode-se dizer que as guerras ao longo da História tiveram sempre objetivos parecidos? Por quê?
2. No seu entendimento é possível um mundo sem guerras no futuro? Como? Formule hipóteses.
3. Escolha duas entre as guerras citadas no texto. Escreva o que foi estudado sobre elas.
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A Segunda Guerra Mundial
Atenção: não escreva no livro.
Responda a todas as questões
em seu caderno.
Atividades
Verifique o que aprendeu
1. Winston Churchill afirmou que a Segunda Guerra
Mundial era a continuação da Primeira. Por que ele
fez essa afirmação?
2. O que foi a política de “apaziguamento” adotada
pela diplomacia inglesa? Pode-se dizer que ela foi
bem-sucedida? Por quê?
3. Explique os motivos que levaram Hitler a obter vários sucessos militares seguidos até o ano de 1942.
4. Apesar dos conflitos ideológicos entre Inglaterra,
Estados Unidos e União Soviética, explique como
foi possível a aliança entre esses três países.
5. Por que a invasão da Polônia marcou o início da
Segunda Guerra Mundial?
6. Quais foram os motivos que levaram os japoneses
a atacar os Estados Unidos em Pearl Harbor?
7. Qual foi o significado do Dia D para a derrota dos
alemães na Segunda Guerra Mundial? Explique.
8. Por que, apesar das várias derrotas que vinha sofrendo, a Alemanha demorou a render-se aos aliados?
9. Esclareça a importância dos movimentos de resistência nos países invadidos.
10. Descreva as características da propaganda de
guerra nos países beligerantes. Quais eram seus
pontos em comum? Quais eram as especificidades
da propaganda nazista?
Leia e Interprete
11. Observe a charge abaixo e responda às questões.
12. Leia o que Rudolf Höss, comandante do campo de
concentração de Auschwitz, escreveu em suas memórias e responda às questões a seguir.
Depois de minha prisão, fizeram-me notar que
eu podia ter me recusado a executar as ordens, ou
mesmo, se necessário fosse, liquidado Himmler.
Não creio que uma tal ideia pudesse aflorar no espírito de um único oficial dentre os milhares de SS
[...]. Em sua qualidade de Reichsführer, Himmler era
intocável [...]. A partir do momento em que se procedeu ao extermínio em massa, não me senti feliz em
Auschwitz. Eu estava descontente comigo mesmo.
Estafado de trabalho, não podia confiar em meus subordinados, e não era compreendido e sequer ouvido
por meus chefes hierárquicos. Eu me encontrava realmente numa situação pouco invejável, ao passo que
todo mundo dizia que “o comandante tinha uma vida
das mais agradáveis” [...]. Nunca fui cruel e nunca me
deixei arrastar a sevícias [...]. Eu era uma engrenagem
inconsciente da imensa máquina de extermínio do 3o
Reich. A máquina se quebrou, o motor desapareceu,
e, devo fazer o mesmo. O mundo assim o exige.
Citado por Vincent, G. Guerras ditas, guerras silenciadas e o
enigma identitário. In: Prost, Antoine; Vincent, Gerard (Org.).
v. 5. História da vida privada: da primeira guerra a nossos dias.
São Paulo: Companhia das Letras, 2006. p. 228-229.
a)Qual é a imagem que o autor procura passar de
si no seu relato?
b)De que maneira ele procura retirar de si a
responsabilidade pelas mortes no campo de
concentração?
c)O autor considera que poderia ter agido diferentemente, contestando as ordens de seus
superiores?
d)O que ele procura exprimir com “A máquina se
quebrou, o motor desapareceu, e, devo fazer o
mesmo. O mundo assim o exige.”?
13. O poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu o
poema “Carta a Stalingrado”, publicado originalmente no livro A rosa do povo. Leia um trecho desse poema e responda às questões.
Stalingrado…
Charge russa representando a coalizão contra o nazismo.
a)Que países aparecem representados na gravura?
b)A que momento da guerra a gravura se refere?
c) Que elementos gráficos usados pelo autor representam o esfacelamento do poderio alemão?
d)Por meio da análise da charge, é possível perceber qual o posicionamento do autor com relação
aos países envolvidos?
Depois de Madri e de Londres, ainda há grandes
[cidades!
O mundo não acabou, pois que entre as ruínas
outros homens surgem, a face negra de pó e de
[pólvora,
e o hálito selvagem da liberdade
dilata os seus peitos, Stalingrado,
seus peitos que estalam e caem,
enquanto outros, vingadores, se elevam.
[…]
Fomos encontrá-lo em ti, cidade destruída,
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