AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE CUIDADOS

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AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE CUIDADOS PALIATIVOS E A
INTERFACE COM O CONCEITO DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE
SAÚDE
Marília Ribeiro Onofre1
Thayana Menezes Ribeiro2
Maria Célia de Freitas3
Introdução: O cuidado paliativo é prestado a pessoas com doenças avançadas ou em fase
terminal, que ameaçam à continuidade da vida, sendo este realizado por uma equipe
interdisciplinar. A essência desse cuidado não é a cura ou controle da doença, mas a qualidade
de vida, envolvendo paciente e família. Tem como finalidade promover o controle dos
sintomas e minimizando o sofrimento gerado pela doença. Os profissionais de saúde, em
especial, os enfermeiros, têm dificuldade em adotar medidas de cuidados para naturalizar a
condição humana e promover a aceitação familiar. Neste sentido, despertou o interesse de
conhecer as representações sociais sobre cuidados paliativos revelados nos filmes, visto que
buscam retratar as condições da vida cotidiana reais para reflexão das pessoas. Objetivos: O
estudo objetivou refletir sobre as representações sociais de cuidados paliativos revelados nos
filmes escafandro e a borboleta, intocáveis e o filho da noiva e a interface com o conceito da
organização mundial de saúde. Metodologia: Estudo descritivo com base em filmes que são
discutidos entre os membros da equipe multiprofissional que se congregam a cada dois meses
para debater sobre cuidados paliativos, objetivando sensibilizar a equipe para a atenção à
temática, em especial, no cuidado ao idoso. A reunião ocorre em sala de uma associação a
noite. A definição do filme é feita por especialista em cuidado paliativo e, nos encontros são
convidados profissionais estudiosos da área, facilitadores, para conduzir as discussões. Para
leitura, análise e interpretação dos dados, utilizou-se a análise temática. Resultados: Na
análise dos filmes identificaram-se as temáticas: família e a dificuldade de lidar na paliação,
os cuidados paliativos como preocupação da equipe multidisciplinar e o ambiente como
cenário de paliação. Em o escafandro e a borboleta, o paciente está hospitalizado, se
encontrando em uma paralisia, pois sofreu um grave derrame cerebral. A equipe
multidisciplinar investe em cuidados permanentes de comunicação com o paciente, através do
único movimento de um olho e assim consegue grandes avanços com o paciente, apesar de se
tratar de um ambiente hostil em muitos momentos, o paciente reconhece realizar novos laços
e afetos com os profissionais. A família demonstra insegurança no lidar e, se mantém distante,
especialmente nos primeiros dias, revelando despreparo para a condição de dependência do
paciente. Nos Intocáveis o paciente é tetraplégico, vive no domicílio e usufrui de todas as
condições de tratamento possível e possui uma ótima condição financeira, é autônomo e
investe no tratamento e na escolha do seu cuidador. Os profissionais que lidam com ele,
principalmente seu cuidador, inovam na maneira de exercer esse cuidado, não enxergando ele
como um doente e isso resulta em benefícios a vida do paciente. A família se mantém
distante, até mesmo a filha que reside no mesmo local. O filho da noiva, outro filme, a
paciente é portadora de demência em estágio avançado, reside em instituição de longa
permanência, sendo cuidada pelos profissionais da instituição, que se mostram capacitados em
realizar o cuidado. A família se envolve com o cuidado, busca realizar o sonho de toda a vida
da paciente, mas reconhece a impossibilidade de sua compreensão acerca da situação que
vivência. Embora, a família seja envolvida com o cuidado, tem dificuldades em lidar com a
1
Mestranda do Programa de Pós-Graduação Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde da Universidade
Estadual do Ceará. Componente do Grupo de Pesquisa Enfermagem Educação Saúde e Sociedade (GRUPEESS).
2
Aluna do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual do Ceará. Componente do
GRUPEESS.
3
Professora Doutora do Curso de Graduação em Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação Cuidados
Clínicos em Enfermagem da Universidade Estadual do Ceará. Componente do GRUPEESS.
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paciente e transfere a maior parte dessa responsabilidade a instituição. Para a Organização
Mundial de Saúde (OMS) cuidados paliativos consistem na assistência promovida por uma
equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus
familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do
sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais
sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais. Em todos os filmes apesar de
caracterizarem em situações e ambientes distintos, nas temáticas os cuidados paliativos como
preocupação da equipe multidisciplinar, de modo geral observa-se um investimento dos
profissionais em oferecer condições adequadas e tentar socializar e promover qualidade de
vida, fazendo a interface com o conceito da OMS, este aponta a melhoria de qualidade de vida
do paciente diante de uma condição que ameaça a vida. Entretanto em alguns momentos dos
filmes, como forma de crítica, surgem poucos profissionais que se mostram despreparados e
que geram situações desconfortáveis aos pacientes. Na segunda temática família e a
dificuldade de lidar na paliação observa-se a necessidade de envolvê-la, prepara-la para a
adaptação a nova condição de vida do paciente, pois a família pode ser um fator agregador
para a qualidade de vida do paciente. Na temática ambiente como cenário de paliação, que
dentre eles estão hospital, domicilio e instituição de longa permanência, percebe-se que a
opção do local muitas vezes vai depender da situação em que o paciente se encontra, mas a
escolha de preferência que vai trazer uma melhor qualidade de vida e bem estar é onde o
paciente se sinta mais próximo de sua família e do seu convívio social. Conclusão: É cada
vez mais frequente o ato de cuidar dos indivíduos que necessitam de cuidados paliativos, que
estão fora de possibilidade terapêutica curativa. Os filmes em questão destacam situações
reais do cotidiano em que tanto os profissionais de saúde quanto a família irão se deparar em
algum momento com essa situação, portanto mostra-se necessário novas discussões em
profundidade acerca da temática. Chama a atenção em todos os filmes à relação paciente e
família que se mostram muito frágeis e despreparadas, entretanto a proximidade com a
família, que seria ou deveria ser um dos principais fatores que influenciaria positivamente a
qualidade de vida, não ocorre de modo satisfatório com o paciente em cuidado paliativo,
transparecendo assim a dificuldade das pessoas em lidar com a finitude e o processo de morte.
Contribuições ou implicações para a Enfermagem: Aprofundamento nas discussões sobre
o cuidado paliativo qualificado envolvendo o paciente e familiar, além de evidenciar sua
identidade como profissional na equipe de cuidados paliativos a pessoas em diferentes
contextos. Referências: World Health Organization. Better palliative care for older people.
Geneva: WHO; 2004. MOSCOVICI, S. Representação sociais: investigações em psicologia
social. Rio de Janeiro: Vozes, 2003. PESSINI, L.; BERTACHINI, L. Novas perspectivas em
cuidados paliativos: ética, geriatria, gerontologia, comunicação e espiritualidade. O mundo da
saúde, São Paulo, v. 29, n. 4, 2005. p. 491-509.
Descritores: Cuidados Paliativos, Enfermagem, Psicologia Social.
Áreas temáticas: Processo de Cuidar em Saúde e Enfermagem.
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