BIOÉTICA E CUIDADOS PALIATIVOS

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BIOÉTICA E CUIDADOS
ENFERMAGEM.
PALIATIVOS:
UM
DESAFIO
PARA
A
Karyn Albrecht SIQUEIRA, 1.
Aline MASSAROLI, 2.
Ana Paula LICHESKI, 2.
Maria Denise Mesadri GIORGI, 3.
RESUMO
Introdução: Com os diversos avanços na área da saúde e com o aumento da
qualidade de vida das pessoas, muitos problemas de saúde foram resolvidos,
amenizados, curados ou retardados. A prevenção, a promoção, novos
tratamentos, tem contribuído para diminuir os agravos em saúde. Entretanto,
ainda temos muito que avançar no cuidado ao paciente e seus familiares, no
que tange ao indivíduo que necessite de cuidados paliativos. Esta dimensão do
cuidar significa dedicar longos períodos de tempo ao paciente, somado ao
desgaste físico, custos financeiros, sobrecarga emocional e exposição a riscos
mentais e físicos, porém quando insere-se na temática dos cuidados paliativos
há diversos paradigmas e discussões que devem ser superadas pelo
profissional de saúde. Entende-se como cuidado paliativo o enfoque
terapêutico baseado numa melhor qualidade de vida para o paciente e o alívio
dos sintomas presentes, portanto, os cuidados paliativos não têm objetivo
curativo, nem buscam retardar ou apressar a morte. A maioria dos profissionais
de saúde e da população em geral desconhece este tipo de cuidado e quando
descobre o significado o restringe apenas como uma forma de retardar algo
que já está iminente. A filosofia dos cuidados paliativos se opõe a eutanásia,
por isso a urgência em levantar-se e discutir o cuidado e as questões éticas
atreladas a ele. Objetivo: Refletir sobre a bioética em relação a temática dos
cuidados paliativos. Metodologia: Este estudo foi realizado durante a
construção do projeto e do referencial teórico de um trabalho monográfico
1
Relatora. Discente do 7º período do Curso de Graduação em Enfermagem da UNIVALI- Itajaí/SC. Rua
Cecílio P. de Oliveira, nº 27 – Praia Alegre – Penha/SC – CEP: 88385000- [email protected]
2
Discente do 7º período do Curso de Graduação em Enfermagem da UNIVALI- Itajaí/SC
3
Enfermeira, Mestre em Assistência de Enfermagem. Docente do Curso de Graduação em Enfermagem
da UNIVALI- Itajaí/SC.
sobre os cuidadores de pacientes com câncer avançado. Teve como base a
análise documental de livros, artigos e relatos referentes ao tema. Resultados:
O termo “paliativo” deriva do vocábulo latino pallium, que significa manta ou
coberta, já o ato de cuidar/cuidado é responsivo, ou seja, ele surge em
resposta a alguém ou a algo a quem ou à qual representa importância e que
tenha um valor. A partir destes conceitos têm-se cuidados paliativos quando
não há uma cura, no entanto trata-se o paciente com atenção e zelo, cobrindo
o sofrimento com tratamentos específicos, como por exemplo os de alívio da
dor. O cuidado é sempre específico e relacionado ao contexto na qual se
insere, criando possibilidades envolvidas com desenvolvimento que existe no
cuidado, onde o que importa é a pessoa ou o evento que a mesma está
passando e não a doença em si. Na mesma linha de raciocínio, os cuidados
paliativos implicam em um enfoque holístico ao paciente, não considerando
apenas a dimensão física, mas também os fatores psicossociais do existir
humano. Os objetivos de uma intervenção nessa fase na qual não há cura são
inúmeros e podem abordar os mais diferentes aspectos presentes no contexto
de morte, dentre estes: atender às necessidades psicológicas da pessoa,
auxiliar no processo de tomada de decisões e resoluções de possíveis
problemas pendentes, ajudar a família a lidar com as emoções que se inserem
no contexto de morte e separação e colaborar para que o tratamento oferecido
à pessoa respeite sua dignidade e melhore sua qualidade de vida. Uma
questão chave trabalhada no cuidado paliativo é o tratamento da dor e o
sofrimento do paciente. Esta problemática não é apenas uma questão técnica,
é na verdade, uma das questões éticas mais discutidas atualmente e que
precisa ser vista e enfrentada nas suas dimensões física, psíquica, social e
espiritual. O tema dor geralmente é negligenciado pelos profissionais de saúde
e educadores. Na concepção de alguns especialistas a dor pode ser dividida
em aguda e crônica, sendo apenas uma definição em relação ao tempo de
reclamação do paciente, enfim, não recebe a atenção devida na assistência
contemporânea. O mesmo autor considera a possibilidade da elaboração de
um programa especial sobre esta temática nos currículos de formação dos
profissionais de saúde, abordando a dor nas suas diferentes dimensões, a
importância da qualidade de vida e os valores éticos e a necessidade da
abordagem multiprofissional, visando uma melhor compreensão e prevenção
da dor. O que se vê é o tratamento ainda tecnicista em relação a dor, os
avanços se dão através de novas drogas analgésicas e não no entendimento
da dor de cada um, muitas vezes não sendo necessário nenhuma intervenção
farmacológica. As culturas tradicionais tomam o homem responsável por seu
comportamento sob o impacto da dor, sendo que hoje é a sociedade industrial
que responde diante da pessoa que sofre, para livrá-la desse incômodo. O
processo de perda também é um dos fatores que devem ser trabalhados nos
cuidados paliativos e é aí que entramos em outra problemática. O profissional
tem que estar preparado para seguir alguns referenciais éticos em relação ao
enfrentamento da perda. Um dos principais referenciais, o da verdade, é de
extrema importância na relação interpessoal profissional de saúde X paciente e
seus familiares. Deve-se comunicar a verdade ao paciente e seus familiares,
possibilitando a participação nas decisões dos mesmos e o início do processo
de enlutamento, já que no caso do cuidado paliativo, a morte é iminente. Negar
ao paciente e à família a sua condição de saúde é impedir que eles enfrentem
seus medos. É impedir a evolução de cada um em direção ao processo de
morrer. E, quando o momento da morte chega, é natural que eles, ao invés de
sentirem paz, tranqüilidade, aceitação, sintam raiva por terem sido enganados.
Vê-se então a dificuldade em comunicar a verdade em casos de prognósticos
ruins, e a necessidade de qualificação dos profissionais, pois tais respostas
devem ser discutidas com muita cautela. Outro referencial é o de não
abandonar, trazendo então o real significado do paliativo, o de assistir mesmo
não tendo cura. Em relação à capacitação dos profissionais há a necessidade
não só de formas de proporcionar medidas que melhorem a qualidade de vida
ao paciente, mas também do entendimento do próprio profissional que a morte
não significa erro no cuidado, falha na assistência. Considerações Finais:
Com as diversas mudanças tecnológicas, novos conhecimentos e os
progressos na área da saúde, percebe-se que a humanização é fundamental
para a mudança esperada no cuidado ético do ser humano. Para tanto, o
trabalhador necessita valorizar a afetividade e a sensibilidade, procurar uma
relação saudável, na qual os saberes são compartilhados e o paciente é
participe em todo o seu cuidado. Dentre os cuidados oferecidos, o conforto
destaca-se, pois não podemos pensar em conforto sem bem-estar, tampouco
em bem-estar sem conforto. Parece difícil imaginar uma pessoa com morte
iminente em conforto. Porém, a busca por fazer algo mais para proporcionar
bem-estar, mesmo que temporário, a um ser, é a essência do cuidado. Neste
contexto, é relevante a atuação do profissional dentro de uma unidade de
cuidados paliativos, e este deve estar preparado para prestar sua assistência
tanto em nível ambulatorial como domiciliar, e no de internação. Nesses níveis
de assistência, o profissional deverá ter contato e ligação com os pacientes
tendo como foco principal a vida, e não somente a morte. Temos que aprender
a não negar a existência da morte mas aceitá-la com naturalidade. Procurar
viver de acordo com esta concreta realidade, admitindo a própria morte,
aceitando-a quando vier. Assim, compreenderemos melhor os pacientes em
cuidados paliativos e teremos condições de assisti-los, isentos de nossas
próprias angústias, de modo completo e adequado. É fundamental não perder
de vista a reflexão e o senso crítico que nos auxiliem no questionamento de
nossas ações. Procurando desenvolver a solidariedade e o compromisso no
cuidado do indivíduo, da família e da comunidade.
Palavras Chave: Cuidados paliativos. Bioética. Humanização da Assistência.
Temática: Formação e capacitação.
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