1 Amaranthus hybridus L: Hospedeira diferencial para Lettuce mottle virus (LMoV) e Lettuce mosaic virus (LMV). Márcia de M. Echer; Renate K. Sakate; Ana C. Firmino; Márcia A. Cezar; Marcelo A. Pavan; Norberto da Silva. FCA/UNESP-Departamento de Produção Vegetal, C.Postal 237, 18603-970, Botucatu – São Paulo. E-mail: [email protected] RESUMO O presente trabalho teve como objetivo avaliar a reação de Amaranthys hybridus ao Lettuce mottle virus (LMoV) e a Lettuce mosaic virus (LMV). A inoculação foi realizada utilizando extrato foliar de plantas de Nicotiana benthamiana infectada com vírus. A reação foi avaliada pela presença de sintomas, recuperação em plantas de Chenopodium quinoa e RT-PCR utilizando-se oligonucleotídeos específicos para LMV. Verificou-se que apenas LMoV é capaz de se multiplicar e causar sintomas em A. hybridus, podendo assim ser utilizado como hospedeiro diferencial para o LMoV e LMV. Palavras-chave: caruru roxo, vírus, alface. ABSTRACT Amaranthus hybridus: A differential host for Lettuce mottle virus (LMoV) and Lettuce mosaic virus (LMV). Amaranthus hybridus was inoculated with Lettuce mottle virus (LMoV) and Lettuce mosaic virus (LMV) utilizing leaf extract of Nicotiana benthamiana infected by virus. Reaction was evaluated by symptoms, virus recovering on Chenopodium quinoa and RT-PCR utilizing specific primer for LMV. It is concluded that only LMoV is able to infect and cause sistemic symptoms on A. hybridus and this may be utilized to separate both viruses when in mixed infections. Keywords: caruru roxo, virus, lettuce. O Lettuce mosaic virus (LMV) e o Lettuce mottle virus (LMoV) são os principais vírus causadores de mosaico foliares que infectam a cultura da alface, sendo o LMV o mais importante em todas as regiões produtoras dessa hortaliça no mundo (Tomlinson, 1962). O 2 LMV foi descrito no Brasil pela primeira vez por Kramer et al. (1945) e o LMoV por Kitajima et al. (1980). Stangarlin (1995) identificou os vírus causadores de mosaico em alface, nas regiões produtoras do Estado de São Paulo e verificou que os principais vírus que incidiam sobre esta cultura eram LMV e LMoV, e que estes vírus ocorrem isoladamente ou em infecção mista. O diagnóstico do LMoV tem sido dificultado pela ausência de um hospedeiro diferencial entre este vírus e o LMV e pela falta de antissoro eficiente na sua identificação. Assim, a identificação de plantas hospedeiras diferenciais é de grande importância na identificação e na separação do LMoV. Durante uma triagem de cultivares de alface para reação ao LMoV foi incluída a espécie Amaranthus hybridus L, conhecida como caruru roxo e que ocorre com freqüência em plantações de alface, com objetivo de verificar sua reação a este vírus e também a LMV. MATERIAL E MÉTODOS A. hybridus L. foi semeada em bandejas de poliestireno expandido e posteriormente transplantadas para vasos contendo substrato e mantidos em condições de casa de vegetação, no Departamento de Produção Vegetal, Setor de Defesa Fitossanitária da FCA/UNESP-Botucatu. Plantas foram inoculadas com isolado LMoV (AF-197), LMV-II (198) e LMV-IV (199) separadamente no estádio de cinco a dez folhas, utilizando-se extrato foliar de plantas de Nicotiana benthamiana infectada com vírus. Folhas previamente polvilhadas com abrasivo carborundum (600 mesh) foram friccionadas com inóculo preparado pela maceração de folhas de plantas de N. benthamiana infectadas, em almofariz na presença de tampão fosfato de potássio 0,05M, pH8,0. Plantas de Chenopodium quinoa também foram inoculadas com a finalidade de confirmar a infectividade do inóculo. Quatro dias após a primeira inoculação as plantas foram reinoculadas, visando reduzir a ocorrência de escapes. As plantas inoculadas foram avaliadas com base na presença ou ausência de sintomas, teste de recuperação do vírus em C. quinoa, que desenvolve sintomas de lesões locais e mosaico sistêmico quando infectado por estes vírus, e por RT-PCR com oligonucleotídeos universais para o LMV. RESULTADOS E DISCUSSÃO As plantas de A. hybridus L. inoculadas com LMoV desenvolveram sintomas de pontos cloróticos e mosaico sistêmico, sete dias após a primeira inoculação, enquanto que as inoculadas com os isolados de LMV-II e LMV-IV não mostraram sintomas. No teste de 3 recuperação dos vírus em C. quinoa , apenas o LMoV foi recuperado, o que indica que o LMV não se multiplica em A. hybridus (Tabela 1). Os resultados obtidos pelo RT-PCR confirmam que o LMV não é capaz de infectar A. hybridus. A partir deste resultado pode-se concluir que A. hybridus possibilita separar LMoV de LMV, quando presentes em infecções mistas, além de identificar amostras de campo que contem somente LMV como vírus causador de mosaico. Tabela 1. Reação de Amaranthus hybridus a LMoV, LMV-II, LMV-IV. Isolado Amaranthus hybridus Recuperação em C. quinoa LMV-II (198) - - LMV-IV (199) - - PC, S LL, S LMoV (197) - = ausência de sintoma ; PC=pontos cloróticos; S= sintoma sistêmico; LL = lesão local LITERATURA CITADA KITAJIMA, E.W.; MARINHO, V.L.A.;LIN, M.T.; GAMA, M.I.C.S.; ÁVILA, A.C. Mosaico necrótico da alface: um vírus isométrico transmitido por afídeo. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.5, n.3, p.409, 1980. KRAMER, M. ORLANDO, A.; SILBERSCHMIDT. Estudos sobre uma grave doença de vírus, responsável pelo deperecimento de nossas culturas de alface. Biologico, São Paulo, v.11, p.121-134, 1945. STANGARLIN, O.S. Identificação dos vírus causadores de mosaico em cultivares de alface (Lactuca sativa L.) resistentes ao vírus do mosaico da alface nas regiões produtoras do Estado de São Paulo. Botucatu, 1995. 72p. Dissertação (Mestrado em Agronomia/Proteção de Plantas) – Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista. TOMLINSON, J.A. Control of Lettuce mosaic virus by the use of healthy seed. Plant Pathology. v.11, p.61-64, 1962.