LUIZ GUSTAVO CENTENO FERRAZ Relação do sistema de estadiamento clínico (TNM) e histopatológico (pTNM) com a sobrevida em carcinoma espinocelular avançado de boca e orofaringe Dissertação apresentada ao Curso de PósGraduação em Ciências da Saúde do Hospital Heliópolis, Hosphel - São Paulo, para obtenção do Título de Mestre em Ciências da Saúde Orientador: Prof. Dr. Abrão Rapoport SÃO PAULO 2009 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. DEDICATÓRIA A Deus, Pela vida. Ao meu pai, Meu maior exemplo, que com dignidade, honestidade, dedicação e amor ensinou-me, verdadeiramente, o sentido de ser um médico, e acima de tudo, de ser um homem. À minha mãe, Pelo amor incondicional, por todo amparo de sempre, e por ensinarme o verdadeiro sentido da palavra acreditar, sem o qual este caminho não estaria completo. À minha esposa Patrícia, Por toda a compreensão pela minha ausência, por todo o incentivo nas horas mais difíceis, preenchendo de amor todos os dias de luta. iii AGRADECIMENTOS Ao Prof. Dr. Abrão Rapoport, pela oportunidade do ingresso na pósgraduação. Ao Dr. Sérgio Altino Franzi, por nunca ter desistido ao longo desta trajetória. À Magnífica Reitora da Universidade de Mogi das Cruzes, Prof. Dra. Regina Célia C. Bezerra de Melo Nassri, pela possibilidade de tornar realidade o projeto da vida acadêmica. Ao Dr. Carlos Guilherme Giazzi Nassri, por toda a confiança de sempre e pela oportunidade do ingresso na vida acadêmica. Ao Dr. Belmiro José Matos, mestre maior, que me mostrou com grandeza os caminhos da Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Ao Prof. Dr. Mário Indolfo Filho, grande incentivador e responsável por meus primeiros passos na especialidade. Ao Prof.Dr. José Hipólito da Silva, por suas orientações, que me possibilitaram trilhar os caminhos da Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Ao Prof. Dr. Olavo Ribeiro Rodrigues, por me mostrar toda elegância da Cirurgia e que as reais diferenças das coisas são feitas nos detalhes. Ao Prof. Dr. Evgeny Kapritchkoff, meu mestre da Cirurgia Geral, por todos os seus ensinamentos, que trago até hoje. Ao Prof. Dr. Nelson Fontana Margarido, por seus bons conselhos e por dividir toda a sua experiência. iv Ao Dr. Kleber Simões do Espirito Santo, por reavaliar e reclassificar todo o material anatomopatológico deste estudo e pela grande ajuda na tabulação dos dados estatísticos. Ao Dr. Adriano Zanon da Silva, por reavaliar e reclassificar todo o material anatomopatológico deste estudo. Ao Dr. Emerson Favero, amigo, conselheiro e companheiro incansável de todas as horas. Ao Dr. Rui Afonso Bassani, que sempre me incentivou e me ajudou a entender o significado da palavra determinação. Á Diretoria do Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo, que viabilizou este estudo a partir da disponibilização das informações que compuseram a base de dados desta dissertação. Aos funcionários da Pós-Graduação do Hospital Heliópolis, que em todas as suas mínimas ações, de forma direta, colaboraram para que este estudo fosse concluído. À Sra. Selma Pagotto, pela grande ajuda na localização de documentos que foram base deste estudo. À Sra. Rosicler Aparecida Melo, pelo grande incentivo que não faltou em nenhum dia deste caminhada, pela torcida para que este projeto se concretizasse, e por todas as ações que ensejaram este resultado. Ao Sr. Guilherme Mitne, pelo trabalho estatístico e organização dos dados desta dissertação. À Sra. Maria Helena Vargas, pela formatação e diagramação do trabalho, e principalmente pela ajuda inestimável, sempre a tempo e a hora. v SUMÁRIO Lista de abreviaturas e siglas Lista de tabelas Lista de gráficos Resumo Abstract 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1 2 OBJETIVOS..................................................................................................... 5 3 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 7 4 MÉTODOS .................................................................................................... 22 4.1 CASUÍSTICA ............................................................................................ 23 4.2 MÉTODO ................................................................................................. 24 4.2.1 Critérios de elegibilidade .................................................................. 24 4.2.2 Critérios de exclusão ........................................................................ 25 4.2.3 Dados demográficos......................................................................... 25 4.2.4 Dados clínicos .................................................................................. 25 4.2.5 Tumor primário ................................................................................. 25 4.2.6 Distribuição e dimensões das metástases cervicais ........................ 26 4.2.7 Estadiamento clínico ........................................................................ 26 4.2.8 Dados anatomopatológicos .............................................................. 26 4.2.9 Análise do prontuário médico ........................................................... 27 4.2.9.1 Método anatomopatológico ......................................................... 28 4.2.9.2 Método estatístico ....................................................................... 29 5 RESULTADOS ............................................................................................... 31 5.1 Distribuição Conjunta ............................................................................ 38 5.2 Análise de sobrevida............................................................................. 42 5.2.1 Taxas de sobrevida e tempo de sobrevida ....................................... 42 6 DISCUSSÃO .................................................................................................. 60 7 CONCLUSÕES ............................................................................................... 76 8 ANEXOS ....................................................................................................... 78 9 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 82 Bibliografia Consultada vi LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AHNS - Sociedade Americana de Cabeça e Pescoço (American Head and Neck Society) AJCC - Comitê Americano em Câncer (American Joint Committee on Cancer) CEC - Carcinoma espinocelular KPS - Status clínico SAME - Serviço de Arquivo Médico SBCCP-AMB - Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Associação Médica Brasileira UICC - União Internacional Contra o Câncer (Union Internacional Contre le Cancer) vii LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Distribuição de freqüência da categoria T ............................... 33 Tabela 2 - Distribuição de freqüência da categoria N ............................... 33 Tabela 3 - Distribuição de freqüência da categoria M .............................. 33 Tabela 4 - Distribuição de freqüência de estadiamento clínico ................. 34 Tabela 5 - Distribuição de freqüência de categoria pT ............................. 34 Tabela 6 - Distribuição de freqüência de categoria pN ............................. 35 Tabela 7 - Distribuição de freqüência de categoria pM ............................ 35 Tabela 8 - Distribuição de freqüência de categorias pN em agrupamentos.......................................................................... 35 Tabela 9 - Distribuição de freqüência de estadiamento patológico .......... 35 Tabela 10 - Distribuição das freqüências de estadiamentos clínico e patológico em conjunto ............................................................ 36 Tabela 11 - Distribuição de freqüência de invasão vascular ...................... 37 Tabela 12 - Distribuição de freqüência de infiltração perineural ................. 37 Tabela 13 - Distribuição de freqüência de invasão vascular linfática ......... 37 Tabela 14 - Distribuição de freqüência de infiltração muscular .................. 37 Tabela 15 - Distribuição conjunta dos pacientes segundo as variáveis status clínico e T...................................................................... 38 Tabela 16 - Distribuição conjunta dos pacientes segundo as variáveis status clínico e pT.................................................................... 39 Tabela 17 - Distribuição conjunta dos pacientes segundo as variáveis status clínico e N ..................................................................... 40 Tabela 18 - Distribuição conjunta dos pacientes segundo as variáveis status clínico e pN ................................................................... 40 Tabela 19 - Distribuição conjunta dos pacientes segundo as variáveis status clínico e T_N_M ............................................................ 41 viii Tabela 20 - Distribuição conjunta dos pacientes segundo as variáveis status clínico e pT_pN_pM ...................................................... 41 Tabela 21 - Distribuição de óbitos pelo total de casos validados ............... 43 Tabela 22 - Estimador de Kaplan-Meier da função de sobrevida e estatísticas resumo do tempo de sobrevivência (em meses) para todos os pacientes que morreram ...................... 43 Tabela 23 - Distribuição de óbitos pelas categorias T ................................ 45 Tabela 24 - Estimador de Kaplan-Meier da função de sobrevida e estatísticas resumo do tempo de sobrevivência (em meses). Comparação das categorias de T .............................. 45 Tabela 25 - Distribuição de óbitos pelas categorias N ................................ 46 Tabela 26 - Estimador de Kaplan-Meier da função de sobrevida e estatísticas resumo do tempo de sobrevivência (em meses). Comparação das categorias de N ............................. 47 Tabela 27 - Distribuição de óbitos pelos estadiamentos clínicos em agrupamentos.......................................................................... 48 Tabela 28 - Estimador de Kaplan-Meier da função de sobrevida e estatísticas resumo do tempo de sobrevida (em meses). Comparação das categorias de pT.......................................... 50 Tabela 29 - Estimador de Kaplan-Meier da função de sobrevida e estatísticas resumo do tempo de sobrevida (em meses). Comparação das categorias de pN ......................................... 52 Tabela 30 - Distribuição de óbitos pela categorias pN em agrupamentos.......................................................................... 53 Tabela 31 - Distribuição de óbitos pelos estadiamentos patológicos em agrupamentos.................................................................... 54 Tabela 32 - Distribuição de óbitos pelo gênero .......................................... 55 Tabela 33 - Distribuição de óbitos pela invasão vascular ........................... 56 Tabela 34 - Distribuição de óbitos pela infiltração perineural ..................... 57 Tabela 35 - Distribuição de óbitos pela invasão vascular linfática .............. 58 Tabela 36 - Distribuição de óbitos pela invasão muscular .......................... 59 ix LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Curva de sobrevida segundo estimador de Kaplan-Meier ....... 43 Gráfico 2 - Curva de sobrevida segundo estimador de Kaplan-Meier. Comparação das categorias de T............................................ 44 Gráfico 3 - Curva de sobrevida segundo estimador de Kaplan-Meier. Comparação das categorias de N ........................................... 46 Gráfico 4- Curva de sobrevida segundo o estimador de KaplanMeier. Comparação dos agrupamentos em estádios clínicos .................................................................................... 48 Gráfico 5 - Curva de sobrevivência segundo estimador de KaplanMeier. Comparação das categorias de pT ............................... 49 Gráfico 6 - Curva de sobrevida segundo estimador de Kaplan-Meier. Comparação das categorias de pN ......................................... 51 Gráfico 7 - Curva de sobrevida segundo estimador de Kaplan-Meier. Comparação das categorias pN em agrupamentos ................ 53 Gráfico 8 - Curva de sobrevida segundo estimador de Kaplan-Meier. Comparação dos estádios patológicos agrupados .................. 54 Gráfico 9 - Curva de sobrevida segundo estimador de Kaplan-Meier. Comparação de gênero ........................................................... 55 Gráfico 10 - Curva de sobrevida segundo estimador de Kaplan-Meier. Comparação de invasão vascular ........................................... 56 Gráfico 11 - Curva de sobrevida segundo estimador de Kaplan Meier. Comparação da infiltração perineural ...................................... 57 Gráfico 12 - Curva de sobrevida segundo estimador de Kaplan-Meier. Comparação da invasão vascular linfática .............................. 58 Gráfico 13 - Curva de sobrevida segundo estimador de Kaplan-Meier. Comparação da invasão muscular. ......................................... 59 x RESUMO Introdução: a criação do sistema TNM, na década de 1940, trouxe uma padronização para o diagnóstico e tratamento do câncer mas, ao longo do tempo, foi alvo de críticas por não ser um sistema capaz de predizer prognóstico com a precisão esperada pela comunidade médica mundial e, principalmente, pelos pacientes acometidos, daí a razão para ter passado por diversas mudanças ao longo desse período. Objetivo: Avaliar o estadiamento clínico (TNM) e Patológico (pTNM), baseado na convenção da União Internacional contra o Câncer-UICC-2002, como prognóstico de sobrevida em carcinoma espinocelular avançado de boca e orofaringe. Método: foi elaborado um estudo retrospectivo de 33 prontuários de pacientes com carcinoma espinocelular de boca e orofaringe admitidos em um hospital público de Mogi das Cruzes - SP, sendo selecionados os casos de tratamento com finalidade curativa, não submetidos a tratamento oncológico prévio, não submetidos a cirurgia prévia ou com estádios clínicos III e IV. Resultados: A análise mostrou 75,8% dos pacientes do sexo masculino, com média de idade de 58,8 anos e prevalência de brancos (70%). Do total, 81,8% eram tabagistas e 63,6% etilistas. O sítio mais acometido foi o lábio (24,2%) seguido da base da língua. Entre as variáveis analisadas: T, N, M, pT, pN e pM, as associações das mesmas e sobrevida, somente a presença de metástase a distância teve significância estatística. Além das variáveis diretas do TNM, a análise de infiltração perineural, muscular, linfática, vascular e gênero também não tiveram significância estatística. Conclusão: O sistema TNM não conseguiu predizer prognóstico nesse estudo, não sendo capaz de individualizar avaliação para pacientes com tumores avançados. Descritores: Estadiamento de neoplasias. Carcinoma escamosas. Prognóstico. Boca. Orofaringe. xi de células ABSTRACT Introduction: the creation of the TNM system in the 1940’s provided the standardization for the treatment and diagnosis of cancer. However, this system was highly criticized throughout time, especially because it was not considered as able to predict the prognosis with the precision expected by the worldwide medical community and mainly by the affected patients, and that is why it has undergone so many changes. Objective: evaluate clinical and pathological stagings (TNM and pTNM, respectively), based on the 2002 International Union Against Cancer (IUAC) convention, such as the survival prognosis in the Advanced Mouth and Oropharynx Espinocelular Carcinoma. Method: a retrospective study was elaborated based on 33 medical charts from patients with mouth and oropharynx espinocelular carcinoma admitted in a public hospital of Mogi das Cruzes, São Paulo. The selected cases corresponded to treatments with a healing purpose, and which had not been submitted to previous oncologic treatment, surgery or with clinical staging III and IV. The analysis showed that 75.8% of the patients were male, with an age around 58.8 years. There was also a preponderance of Caucasian patients (70%). From the total of patients, 81.8% made use of tobacco and 63.6 % of alcohol. The most affected site was the lip (24.2%), followed by the tongue base. Results: Among all the analyzed variables – T, N, M, pT, pN, pM, histological factors and gender -, their associations and the survival rates, only the distant metastasis presented statistical significance. Conclusion: the TNM classification could not predict prognosis in this study, and was not able to individualize avaliation for each patient in an advanced stage. Descriptors: Neoplasm staging. Carcinoma, Squamous Cell. Prognosis. Mouth. Oropharynx. xii 1 INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO - 2 As numerosas proposições de classificação clínica do câncer sempre existentes na literatura e a discordância dos que as utilizavam levaram ao meio científico a necessidade de criação de um sistema que trouxesse uniformidade na avaliação da doença. Esse sistema padronizado foi a pedra fundamental do estadiamento do câncer nos últimos 40 anos. Piccirillo e Feinstein (1996) constataram que, originalmente descrito por Denoix e Schwartz, em 1948, o sistema TNM foi incorporado como um sistema de classificação formal em 1953, pela União Internacional Contra o Câncer (UICC - Union Internacional Contre le Cancer) , e pelo Congresso Internacional de Radiologia. A sua elaboração, à época, considerou cinco propósitos: ajudar médicos a definirem um tratamento, fornecer indicações de prognóstico, facilitar as avaliações dos resultados terapêuticos, permitir o intercâmbio de informações entre os centros de tratamento e contribuir para a pesquisa contínua em câncer. Nos Estados Unidos, o sistema TNM foi adotado em 1959 quando o Colégio Americano de Cirurgiões, o Colégio Americano de Radiologia, o Colégio Americano de Patologistas, o Colégio Americano de Médicos, a Sociedade Americana de Câncer e o Instituto Nacional do Câncer patrocinaram a formação de um estadiamento da AJCC e um relatório de resultados finais. INTRODUÇÃO - 3 O propósito declarado da American Joint Committee on Cancer (AJCC) era desenvolver sistemas para a classificação clínica do câncer que pudessem ter valor para a prática dos médicos americanos. Durante os trinta anos seguintes, a AJCC trabalhou para aperfeiçoar as definições do TNM e as classificações por estágios para todos os sítios e subsítios anatômicos, para revisar definições e classificações a partir de resultados de estudos clínicos e para educar médicos e outros profissionais da saúde sobre o sistema de classificação TNM. Em 1988, a AJCC chegou a um acordo com a UICC para um sistema de classificação e um sistema TNM comum, resolvendo, assim, as diferenças entre as classificações existentes, que haviam impedido previamente a criação de um sistema de classificação único. O sistema TNM classifica a disseminação tumoral do sítio primário para sítios distantes. Nas abordagens para a maioria dos sítios e tipos de tumores, existem cinco categorias T que se referem à extensão do tumor primário, quatro categorias N que se referem ao grau de envolvimento de linfonodos regionais e duas categorias M que se referem à presença ou não de metástase à distância. Para cada tipo de tumor, as categorias são combinadas entre si, compondo o TNM. Devido às múltiplas combinações possíveis, agrupamentos em estádios prognósticos (I, II, III, IV e V) foram desenvolvidos para facilitar as análises estatísticas. Assim, o sistema TNM é uma classificação tanto morfológica quanto microscópica, promovendo uma descrição razoavelmente precisa da extensão da lesão (Piccirillo e Feinstein, 1996). INTRODUÇÃO - 4 Inúmeras modificações foram propostas ao longo do tempo, até que chegassemos à classificação atual, devido à necessidade permanente de estabelecer-se o melhor fator prognóstico e o melhor tratamento da doença. Por esta razão, outros fatores prognósticos passaram a ser pesquisados, assim como formas diversas de tratamento que pudessem levar a melhor resultado. A partir da conclusão de outros fatores como determinantes da evolução da doença e do tratamento, o sistema TNM passou a ser bastante criticado por somente considerar o tumor, não levando em consideração os fatores de seu hospedeiro. Outros modelos de estadiamento foram propostos na tentativa de determinar o prognóstico, principalmente de pacientes com doença avançada, mas nenhum com boa capacidade de inserção na prática clínica diária. Com os tumores da cavidade oral e da orofaringe, a relação do sistema TNM não se faz de forma diferente, sendo controversos os resultados das diversas modalidades de tratamento e as taxas de sobrevida para os pacientes portadores de doença avançada. 2 OBJETIVOS OBJETIVOS - 6 O objetivo desse estudo é avaliar o estadiamento clínico (TNM) e patológico (pTNM), baseado na convenção da União Internacional contra o Câncer-UICC/2002, como prognóstico de espinocelular avançado da boca e orofaringe. sobrevida no carcinoma 3 REVISÃO DA LITERATURA REVISÃO DA LITERATURA - 8 Dasmahapatra et al.(1986) afirmaram que o manejo de pacientes com carcinoma espinocelular de orofaringe era controverso, com resultados de tratamento de pacientes com estádios I e II aparentando ser iguais com cirurgia e radioterapia, entretanto, sem informação conclusiva de uma modalidade para doenças com estádios III e IV. Analisaram 174 pacientes com carcinoma espinocelular (CEC) de tonsila tratados entre 1968 e 1982 e concluíram que o tratamento com radioterapia e cirurgia estava associado a maior sobrevida que com radioterapia exclusiva para doenças com estágio III e IV. Neste estudo, os estádios I e II não tiveram diferença significativa na forma de tratamento. A ação da quimioterapia associada à radioterapia e à cirurgia teve boa resposta e boa sobrevida livre de doença, sugerindo papel promissor e reforçando a importância de terapias combinadas. Mak-Kregar et al. (1990) compararam dois sistemas de estadiamento e os fatores prognósticos (extensão do tumor primário, invasão de sítios adjacentes, estádio da doença, linfonodos cervicais, tabagismo e sexo), baseados na classificação TNM da UICC-1982 e UICC-1987/AJCC-1988, em casos de CEC de tonsila. Utilizaram 103 pacientes reclassificados da UICC-1982 para UICC-1987/AJCC-1988 e, na análise o T foi o fator isolado com maior importância no prognóstico, não tendo havido significância estatística entre pescoço positivo e sobrevida livre de doença, bem como REVISÃO DA LITERATURA - 9 associação da categoria N e sobrevida livre de doença nas diversas classificações, mostrando a subordinação da categoria N à T, não tendo sido possível afirmar que o novo sistema pudesse promover a separação do CEC de tonsila em grupos distintos do ponto de vista de prognóstico naquela série. Zätterström et al.(1991), sugeriram que o sistema de classificação TNM foi, por muito tempo, determinante na estimativa de prognóstico e decisão sobre o tipo de tratamento. Entretanto, trazia uma dificuldade para prever, individualmente, o prognóstico de cada caso, mesmo para pacientes e tumores em condições e estadiamento similares. Outro parâmetro para prognóstico encontrado foi o sistema de graduação histológica, baseado em quatro diferentes características morfológicas da população de células tumorais e em quatro características da relação tumor/hospedeiro; onde a descrição morfológica, histopatológica e o comportamento biológico foram fatores importantes para correlacionar com prognóstico. Apontaram como maior desvantagem de ambas as classificações, tanto TNM quanto sistema de graduação histológica, que as duas são semi-quantitativas e subjetivas e os resultados podem variar de um observador para outro. Concluíram que o prognóstico de pacientes com CEC de cabeça e pescoço é, portanto, determinado por fatores distintos que têm relação com o paciente (idade, sexo, “performance status”) com o tumor (sítio primário, tamanho, disseminação metastática, grau de diferenciação histológica, infiltração perineural, vascular e capsular, além de extravasamento capsular) e com o tratamento (ressecção com margens comprometidas, resposta à cirurgia, radioterapia e quimioterapia). REVISÃO DA LITERATURA - 10 Foote et al. (1994), em estudo para determinação dos pontos de falência de tratamento em pacientes tratados com cirurgia e cirurgia combinada com radioterapia pós-operatória para CEC de tonsila, analisaram 72 pacientes e encontraram o principal ponto acima das clavículas para ambas as modalidades de tratamento, porém, com maior incidência no grupo tratado somente com cirurgia, apesar dos estádios mais avançados do pescoço no grupo tratado com cirurgia e radioterapia. A sobrevida em cinco anos para pacientes com doença em estádios III e IV que foram tratados com terapia combinada (cirurgia e radioterapia) foi significativamente maior, concluindo que a radioterapia adjuvante contribuiu para o controle da doença acima das clavículas e para melhora da sobrevida global nos estágios avançados. Vernham e Crowther (1994) analisaram o estádio à apresentação dos carcinomas de cabeça e pescoço em 127 casos, avaliados entre 1990 e 1991, admitidos no Victoria Infirmary, em Glasgow, todos estadiados pela classificação TNM UICC-1997. Destes, 44 eram da laringe, 28 da orofaringe, 17 da hipofaringe, 19 da cavidade oral e 19 de outros sítios. A distribuição por estádios foi de 61% em III e IV e 39% em I e II. Afirmaram que grande diversidade de fatores mostrou valor prognóstico, como ploidia do DNA, fator de crescimento epitelial, graduação histológica entre outros e que o TNM tem suas falhas, por exemplo, em casos de tumores pequenos em áreas juncionais, dificultando o indicador prognóstico. Não encontraram relação entre estádio ao diagnóstico e duração dos sintomas, não podendo estabelecer que tumores avançados sejam conseqüências de demora para o REVISÃO DA LITERATURA - 11 diagnóstico. Concluíram que o TNM é um bom indicador prognóstico porque reflete o comportamento do tumor. Jones et al. (1993) compararam um novo sistema de estadiamento caracterizado pela adição de classificações integradas de T e N (“TANIS- T and N integer score”), com os grupos de estadiamento TNM/1987 em câncer de cabeça e pescoço. Argumentavam que as modificações do sistema TNM implantadas em 1987 não solucionaram o problema da heterogeneidade dos grupos de estádios III e IV que já existiam e que não satisfaziam o primeiro propósito do estadiamento clínico, que é dividir pacientes em grupos com prognósticos significativos. Analisaram a capacidade de predizer prognóstico de grupos de estadiamento baseados no TNM com o sistema TANIS para resposta à radioterapia e taxas de sobrevida em um grupo de 86 pacientes com diagnóstico de carcinoma espinocelular, mensurados como estádio II da classificação TNM de cavidade oral e estádio III e IV da cabeça e pescoço, excluídos os de rinofaringe. Todos os pacientes receberam a mesma dosagem de radioterapia e no mesmo período. Concluíram que, quando comparado ao sistema de agrupamento TNM, o sistema TANIS mostrou-se melhor para predizer completa resposta à radioterapia. Quando separado em grupos (TANIS 2 a 3, 4 e 5 a 7), também teve melhor capacidade de discriminação prognóstica que os diferentes agrupamentos do sistema TNM (II, III e IV). Piccirillo e Feinstein (1996) avaliaram o significado de sintomas clínicos e comorbidades para a classificação prognóstica do câncer através de uma revisão qualitativa da literatura publicada em estadiamento, REVISÃO DA LITERATURA - 12 prognóstico e tratamento de câncer; revisão de notas do Comitê Americano em Câncer-AJCC, além de discussão com membro formal da AJCC. Constataram que apesar de dar excelente descrição do tamanho do tumor e de sua disseminação, o sistema TNM não considera a biologia clínica da doença, e que informações importantes podem ser obtidas pelos sintomas, relacionadas ao comportamento biológico do tumor, e pelas comorbidades. Concluíram que o sistema TNM foi muito importante para a padronização da classificação do câncer e para melhorar as estimativas de prognóstico, mas estas permanecem relativamente imprecisas, prejudicando a efetividade do tratamento, e que o desafio científico é incorporar variáveis baseadas no paciente para produzir melhora no sistema de estadiamento. Al-Abdulwahed et al. (1997), em estudo retrospectivo dos fatores prognósticos do carcinoma de tonsila, analisaram 102 pacientes abordados por diversas terapêuticas, classificados pelo TNM UICC-1992. Em análise univariada, idade, padrão de crescimento, lesões ulceradas ou não, diferentes estágios T, extensão clínica da doença primária e modalidade combinada de tratamento tiveram significância estatística; porém, quando os fatores acima foram estratificados de acordo com o estágio da doença, somente lesões ulceradas ou não, e modalidade de tratamento foram significativos. Concluíram que a melhor forma de tratamento para o CEC de tonsila é a modalidade combinada. Yueh et al. (1998) elaboraram um sistema de estadiamento prático para prever mortalidade de pacientes com CEC recorrentes, persistentes e secundários da cavidade oral e orofaringe, por meio de um estudo inicial de REVISÃO DA LITERATURA - 13 coorte. Analisaram 308 casos, dos quais 62 encontravam-se dentro dos critérios de inclusão e a principal medida de avaliação da evolução foi a mortalidade em um ano. Concluíram que o sistema de estadiamento TNM de tumores recorrentes prediz a mortalidade, mas a invasão da musculatura constrictora e a perda ponderal também têm importância prognóstica grande e a consolidação destas variáveis em um sistema composto de estadiamento estratifica com sucesso pacientes com taxas altamente divergentes de mortalidade. Carinci et al. (1998) compararam os sistemas de agrupamento em estádios TNM/1987 e TANIS/1993, para predizer prognóstico do câncer da cavidade oral e orofaringe. Analisaram informações de 164 pacientes acometidos por tumores primários dos sítios citados, tratados entre 1980 e 1990, na Universidade de Ferrara, Itália. Constataram que ambos os sistemas mostraram uma significativa correlação com a taxa de sobrevida; as subcategorias de TANIS foram correlacionadas com a taxa de mortalidade no estádio IV e o TANIS resultou em melhor capacidade de predizer mortalidade quando comparado ao TNM. Concluíram que o TANIS foi capaz de separar pacientes do estádio IV do TNM em grupos prognósticos, colhendo mais informações com respeito ao TNM para cada categoria de pacientes. A comparação entre os dois sistemas mostrou que o TANIS teve maior correlação com a taxa de sobrevida, enquanto que o TNM não adicionou nenhuma informação para definição de sobrevida. Carinci et al. (1999) analisaram o sistema de estadiamento TNM/1997, interrogando-o como melhor sistema para predizer prognóstico. REVISÃO DA LITERATURA - 14 Compararam o sistema TANIS com o então novo sistema, proposto em 1997 após a revisão do sistema anterior vigente, de 1987. Avaliaram retrospectivamente 164 casos de carcinoma espinocelular primários da cavidade oral e orofaringe, tratados entre 1980 e 1990, na Universidade de Ferrara, Itália. Concluíram que ambos os sistemas mostraram correlação significativa com taxa de sobrevida, sendo que o sistema TANIS obteve melhores resultados em associação com taxa de sobrevida quando comparado com o sistema TNM/1997. Lacy et al. (1999) propuseram o desenvolvimento de um novo sistema de estadiamento para CEC recidivado de cavidade oral e orofaringe pela avaliação dos padrões de sobrevida dos pacientes apresentando-se com CEC recidivado desses sítios, para identificar fatores chaves que afetassem o prognóstico e para combinar esses fatores para criar um novo sistema de estadiamento para predizer sobrevida e ajudar em um planejamento terapêutico. Analisaram retrospectivamente 641 casos tratados entre 1980 e 1992, dos quais 249 desenvolveram recidiva e constataram que seis variáveis afetaram significativamente a sobrevida: diferenciação histológica, estádio TNM inicial, tratamento inicial, além de tempo, extensão e tratamento da recidiva. Essas variáveis foram inseridas em um modelo logístico para determinar o significado individual de cada uma delas. Somente duas foram estatisticamente significativas, o estádio TNM inicial e a extensão da recidiva. Usando o processo de consolidação conjuntiva, essas duas variáveis foram combinadas para criar um novo sistema de estadiamento para estes tumores recidivados. Concluíram que o sistema trouxe acurada REVISÃO DA LITERATURA - 15 estimativa de prognóstico, sem envolver grande tecnologia e demonstrou diferenças estatisticamente significativas na sobrevida pelo estádio. O’Brien et al. (2000), em estudo do seguimento do pescoço clinicamente negativo em pacientes com CEC de cavidade oral e orofaringe, analisaram os resultados do tratamento quando os pacientes foram escolhidos para um dos tratamentos (cirurgia ou radioterapia) ou observação do pescoço baseado em critérios clínicos. Cento e sessenta e dois pacientes fizeram parte do estudo, tendo sido identificados CEC metastáticos em 30% dos esvaziamentos cervicais. A observação foi mais utilizada para pacientes com doença em estádio mais precoce e subseqüente desenvolvimento de metástases cervicais foi incomum nesse grupo (9%). Concluíram que o tratamento seletivo do pescoço clinicamente negativo, baseado no tumor primário e estádio, levou a uma alta taxa de controle da doença regional naquela série. Nathu et al. (2000) avaliaram o impacto do volume do tumor primário no controle local para CEC da orofaringe tratado com radioterapia, com ou sem quimioterapia de indução, em 114 pacientes, tratados entre julho de 1983 e abril de 1995, estadiados como T2-T4 e com volumes tumorais medidos por tomografia. Ampla variação do volume do tumor com um determinado estádio T foi encontrada e análises multivariadas demonstraram o estádio T como sendo o fator mais significativo para afetar o controle local. O volume do tumor influenciou pouco o controle local. Scwartz et al. (2000) estudaram o tratamento de resgate para CEC recidivado da cavidade oral e afirmaram um índice de recidiva da literatura REVISÃO DA LITERATURA - 16 de 25-48%, usualmente associado a um mau prognóstico.Tiveram o objetivo de relatar os padrões de recidiva, avaliar os benefícios do reestadiamento e comparar as modalidades de tratamento. Encontraram taxa de recidiva global de 28%, sendo a mais comum a recidiva local, seguida da locoregional e regional. O estádio do tumor primário foi significativamente correlacionado com a sobrevida mesmo após a recidiva, mas o estádio do tumor recidivado não foi significativamente correlacionado com sobrevida. Concluíram que as melhores chances de novo tratamento são de pacientes com estádios I e II no tumor primário, com recidiva em período superior a seis meses do primeiro tratamento e com recidivas mais propícias para resgate por cirurgia. Groome et al. (2001) promoveram uma comparação dos agrupamentos em estádios em cabeça e pescoço publicados, em carcinoma da cavidade oral. Avaliaram o sistema TNM/1997 e outros sete agrupamentos baseados no sistema TNM propostos para o câncer de cabeça e pescoço, que foram os esquemas TANIS-3, TANIS-7, Hart, Kiricuta, Synderman, Berg e Hall. Concluíram que o sistema TNM/1997 foi definido sem uma investigação empírica; quando testado, este esquema não se saiu tão bem quanto os outros sete esquemas derivados de avaliações empíricas comparados. Os resultados obtidos sugerem que a utilidade do sistema TNM poderia ser aumentada pela melhoria do desenho do estadiamento em grupos baseada em investigações empíricas. Magalhães et al. (2001) avaliaram o valor prognóstico do linfonodo metastático e sua relação com a sobrevida livre de doença no CEC de REVISÃO DA LITERATURA - 17 cabeça e pescoço, através de estudo retrospectivo e comparativo de 31 pacientes com metástase cervical de tumor primário oculto e 637 pacientes com metástase de tumores da cavidade oral, orofaringe e hipofaringe. Verificadas as diferentes curvas de sobrevida livre de doença, aferiu-se que não houve diferenças significantes na sobrevida livre de doença nas nove curvas planejadas nos pacientes submetidos a esvaziamento cervical por tumor primário oculto ou lesão identificada na cavidade oral, orofaringe ou hipofaringe. Jose et al. (2002) analisaram prospectivamente 85 dissecções cervicais em 72 pacientes de orofaringe, tanto com pescoço N0 como N+, para avaliar a prevalência e a distribuição das metástases, entre 1996 e 2000. O sítio de prevalência da doença metastática ocorreu em diferentes níveis, principalmente de II a IV, sendo baixa a prevalência nos níveis I e V; o padrão de doença metastática não foi sempre seqüencial, com metástases intercaladas em 7% dos casos. Concluíram que a dissecção cervical eletiva deve ser feita em pescoços N0 e que os níveis I até IV devem ser dissecados. As dissecções bilaterais são indicadas para tumores que atingem a linha média ou que sejam bilaterais e, com pescoço positivo, a dissecção dos níveis I até IV pode ser terapêutica adequada com doença limitada, mas, em caso contrário o tratamento preconizado é a dissecção cervical modificada. Parsons et al. (2002) afirmaram que o tratamento do CEC da orofaringe permanece controverso, com nenhum estudo randomizado definindo a questão sobre cirurgia, radioterapia ou ambos. Analisaram as REVISÃO DA LITERATURA - 18 diversas formas de tratamento por meio dos resultados dos tratamentos das instituições acadêmicas americanas e canadenses, para tumores de todos os estádios. Concluíram que as taxas de controle local, loco-regional e sobrevida em cinco anos foram similares para pacientes submetidos a cirurgia com ou sem radioterapia, ou radioterapia com ou sem esvaziamento cervical, considerando que as taxas de complicações graves ou fatais foram significativamente maiores para o grupo submetido a cirurgia com ou sem radioterapia. Os autores preconizaram a radioterapia com ou sem esvaziamento cervical para a maioria dos pacientes com CEC de orofaringe. Hannisdal et al. (2003) analisaram os diferentes índices prognósticos em 310 pacientes com CEC de tonsila, entre 1960 e 1996. Apontaram que as diversas modificações do sistema TNM vêm sendo reportadas como melhores ferramentas de prognóstico que a classificação original, mas nenhuma foi testada em uma grande série de carcinomas tonsilares. As cinco modificações baseadas no estadiamento TN reportadas foram altamente significativos preditivos de sobrevida. Quatro variáveis clínicas indicando sobrevida menor foram identificadas: idade maior que 60 anos, gênero masculino, dose total de radiação menor que 70 Gy e duração da radioterapia maior que 50 dias. Concluíram que as modificações do TNM reportadas anteriormente são todas muito importantes preditivos de sobrevida no carcinoma tonsilar e associado a isso, idade, gênero, dose total de radiação e duração da radioterapia foram fatores prognósticos importantes. Shirazi et al. (2006) estudaram a preservação de órgãos versus o manejo cirúrgico do sítio primário em CEC de tonsila em estágio avançado, REVISÃO DA LITERATURA - 19 em 74 pacientes. Destes, 38 foram tratados com cirurgia definitiva para o sítio primário e 36 foram tratados com preservação de órgãos usando radioterapia com ou sem quimioterapia. Não encontraram diferença significativamente estatística na sobrevida global ou sobrevida livre de doença. Concluíram que a classificação T o status N foram fatores prognósticos independentes significantes para a recidiva do tumor e sobrevida. Baseados nestes dados foram a favor da terapia com preservação de órgãos para pacientes com CEC avançado de tonsila. Van der Schroeff e de Jong (2009) elaboraram revisão de estadiamento e prognóstico em cabeça e pescoço, avaliando a história do sistema TNM e a necessidade de reformulações ao longo dos anos para que trouxesse informações mais detalhadas sobre prognóstico. Avaliaram prós e contras do sistema, ressaltando seu importante papel em facilitar o planejamento do tratamento, na avaliação uniforme dos resultados dos tratamentos e pesquisas, principalmente no campo da comunicação entre médicos e pesquisadores. Além disso, observaram que o sistema TNM tem boa aceitação da comunidade médica e científica e é universalmente aplicável. A colocação de prefixos, pela UICC-AJCC, tais como “r” para o tumor recidivado, “R” para o tumor residual, c-fator que reflete a validade da classificação de acordo com o método diagnóstico empregado (varia de c1métodos padrões a c5- diagnóstico derivado de necropsia); além de “G” para os diferentes graus histológicos, “L” para invasão linfática e “V” para invasão venosa, suplementou a classificação com mais detalhes. Como pontos contrários, ressaltaram que os agrupamentos em estádios foram criados REVISÃO DA LITERATURA - 20 com base em prognósticos presumidos, sem que nenhuma análise prospectiva e multivariada tivesse sido feita para criar os quatro grupos de estadiamento a partir das várias combinações de T, N e M. A avaliação do tumor em diferentes centros médicos é subjetiva devido às diferentes ferramentas diagnósticas, à disponibilidade dessas ferramentas, além da variabilidade entre observadores. Outro fator contra apontado foi a migração de estádios, um problema de qualquer método, que pode ser resultado de uma mudança do sistema de estadiamento por si só ou por uma mudança na tecnologia, que melhore a possibilidade de avaliação da disseminação da doença, o que permite a migração do paciente de um estádio para outro. Concluíram que o sistema TNM é simples, tem grande aderência e é universalmente aceito; que a introdução de prefixos foi um passo a mais para maior detalhamento da descrição das características dos tumores e trouxe maior transparência em como as informações foram obtidas. Recomendaram veementemente que essas informações detalhadas fossem acrescentadas ao sistema TNM e que novos melhoramentos do sistema incluíssem outros fatores relevantes como idade e comorbidades, além de parâmetros da biologia molecular. Epstein (2009) discute a importância do sistema de estadiamento e propõem uma decisão terapêutica a partir de outros fatores, para a maior parte dos tumores, com base no advento dos biomarcadores moleculares. Relata que a sobrevida no câncer pode ser inversamente proporcional ao crescimento e disseminação do tumor primário e que a possibilidade de determinar a intervenção a partir de dados cirúrgicos e radiológicos fez com REVISÃO DA LITERATURA - 21 que o sistema TNM se tornasse o mais popular e utilizado como base de avaliação. Contudo, propõem a definição terapêutica baseada em outro sistema, a partir da reconsideração de alguns preceitos, tais como relativização do conceito de cura, subjetividade de sobrevida, uso de arsenal diagnóstico para mudar o estadiamento, a superação do mito “M1” do sistema TNM e a colocação de proporcionalidade na perspectiva de tratamento, com o intuito de estabelecer um sistema com perfil da doença, com explícito propósito de criar um algoritmo para o uso de drogas biologicamente direcionadas. O novo sistema proposto, chamado “METS”, tem quatro componentes que são: M - prognosticador molecular de eficácia ou resistência a drogas biologicamente direcionadas, E - detecção de doença extra sítio primário como índice de necessidade de terapia com drogas, T - morfologia do tumor como prognosticador da necessidade de terapia com drogas, S - avaliação dos sintomas como influencia no tempo e intensidade do tratamento. Concluiu que o desenvolvimento de um perfil prognosticador para guiar o uso de drogas biologicamente direcionadas pode transformar a história natural do câncer, transformando o atual paradigma de “cura-ou-morte” em um de doença crônica. 4 MÉTODOS MÉTODOS - 23 Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, sob o número 001950, em 8 de agosto de 2008. 4.1 Casuística Foram avaliados retrospectivamente 33 prontuários de pacientes com diagnóstico histopatológico de carcinoma epidermóide avançado de cavidade oral e orofaringe (estádios clínicos III e IV) no período entre janeiro de 2005 e agosto de 2008, admitidos no Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital de Clínicas Luzia de Pinho Melo-SPDM da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, em Mogi das Cruzes, para tratamento curativo. MÉTODOS - 24 4.2 Método O estudo foi retrospectivo, baseado em prontuários médicos, onde avaliamos o exame propedêutico da cavidade oral, orofaringe e pescoço à admissão na rede ambulatorial. Dos prontuários analisados, inicialmente foi feita coleta dos respectivos dados, previamente registrados no atendimento inicial e classificados de acordo com o sistema TNM da UICC-AJCC/2002. Após, foi feita reavaliação com recorte dos blocos histológicos dos pacientes em questão, tendo sido analisados o sítio primário da lesão, estádio histopatológico (pTNM), a presença ou não de infiltração perineural, de invasão vascular e linfática. Todos os dados foram anotados em planilha específica. 4.2.1 Critérios de elegibilidade - Confirmação histopatológica de carcinoma epidermóide primário da cavidade oral ou orofaringe. - Prontuários médicos com dados clínicos completos pré-tratamento, obtidos através do Serviço de Arquivo Médico (SAME) - Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo. - Tratamento realizado com finalidade curativa. - Pacientes não submetidos a tratamento oncológico prévio. - Pacientes com estádio clínico III ou IV. MÉTODOS - 25 4.2.2 Critérios de exclusão Foram excluídos deste estudo os casos que apresentaram pelo menos uma das seguintes características: - Pacientes não operados. - Pacientes com outros tumores diferentes do carcinoma epidermóide. 4.2.3 Dados demográficos Os dados demográficos incluídos no presente estudo foram idade, gênero, etnia, profissão, estado civil, nacionalidade, naturalidade e procedência. 4.2.4 Dados clínicos Os dados clínicos considerados nesse estudo foram queixa principal, data do início dos sintomas, hábitos (tabagismo e etilismo) e antecedentes pessoais e familiares de câncer. 4.2.5 Tumor primário Com relação ao tumor primário, foram consideradas as seguintes características: - sítio anatômico da lesão; - características clínicas (lesão úlcero-infiltrativa, úlcero-vegetante, leucoplasia ou eritroplasia); - tamanho da lesão. MÉTODOS - 26 4.2.6 Distribuição e dimensões das metástases cervicais As metástases cervicais foram avaliadas quanto à sua distribuição e quanto às suas dimensões segundo o critério N da classificação internacional de tumores TNM-UICC-AJC/2002, levando em consideração localização anatômica e tamanho em centímetros. 4.2.7 Estadiamento clínico O estadiamento clínico foi dado pela classificação TNM (UICC - AJC, 2002), sendo a categoria T dada pela extensão, em centímetros, da lesão primária; a categoria N dada pelo tamanho, em centímetros, do linfonodo cervical metastático e a categoria M dada pela presença ou ausência de lesão metastática à distância. 4.2.8 Dados anatomopatológicos Em relação aos dados anatomopatológicos, foram avaliados: - grau de diferenciação histológica dos tumores segundo a classificação de Broders (1941); - tamanho do tumor (pT); - embolização linfática; - embolização vascular; - infiltração perineural; - invasão muscular; MÉTODOS - 27 - linfonodos metastáticos no esvaziamento cervical (pN); - comprometimento de margens cirúrgicas; - presença de metástases a distância (pM). 4.2.9 Análise do prontuário médico Os prontuários médicos dos pacientes admitidos no Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo -SPDM - da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, tiveram o estudo e avaliação do tipo independente entre dois pesquisadores, especialistas pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Associação Médica Brasileira (SBCCP-AMB), chamados de pesquisador 1 e pesquisador 2. Ambos preencheram planilha específica no primeiro dia, anotando os dados do exame loco-regional extraídos dos prontuários médicos da instituição. Foram observadas e anotadas as avaliações propedêuticas do lábio superior e inferior, mucosa jugal, gengivas, língua, loja tonsilar, pilares, base da língua e também o exame clínico das cadeias linfonodais cervicais. Após este levantamento, os pesquisadores atualizaram os estadiamentos clínicos com carcinoma epidermóide avançado da cavidade oral e orofaringe, segundo a classificação internacional dos tumores (UICC) e os dados foram anotados em planilha específica do estudo. Os prontuários médicos nos quais os pesquisadores encontraram discordância sobre o exame clínico (estádios clínicos) foram levados para discussão preliminar entre os mesmos e aqueles em que não houve MÉTODOS - 28 concordância, foram, então, submetidos a um terceiro pesquisador, também especialista pela SBCCP-AMB, determinando a correta avaliação deste estadiamento clínico. 4.2.9.1 Método anatomopatológico Foram recortados e realizadas novas análises das peças cirúrgicas de 33 pacientes selecionados, segundo os critérios de elegibilidade apresentados. Toda a análise foi feita por dois médicos patologistas. Quando houve dúvida quanto à conclusão da análise, promoveu-se discussão com ambos sobre o caso em questão. Os casos sobre os quais não houve um consenso foram, então, submetidos a uma terceira análise de outro médico patologista. Dos blocos de parafina originais, novas secções histológicas com 4 µm de espessura foram obtidas em micrótomo Leica e submetidas a protocolo de coloração pela hematoxilina e eosina, conforme segue: - Desparafinização em xilol a 60ºC por 10 minutos e xilol em temperatura ambiente por 10 minutos. - Hidratação em três passagens em álcool absoluto, álcool 95% e álcool 80%, respectivamente. - Hidratação em água corrente, água destilada. - Hematoxilina de Harris por três minutos. - Lavagem em água corrente e água destilada. - Oito imersões em solução de hidróxido de amônio 0,5%. - Lavagem em água corrente e água destilada. MÉTODOS - 29 - Passagens sucessivas em álcool 50%, álcool 80% e álcool absoluto. - Eosina por dois minutos. - Quatro passagens em álcool absoluto para desidratação. - Diafanização em xilol (quatro passagens). - Montagem em Entellan (Merck, USA). Foram estudados o tipo de tumor, sua dimensão, infiltração perineural e muscular, embolização vascular e linfática, além da presença de lesão em linfonodos cervicais. O comprometimento de margens também foi analisado e as mesmas consideradas positivas quando coincidentes com a lesão, exíguas quando estava a 2 mm da lesão e negativas quando a mais de 2 mm da lesão. Os resultados foram registrados em planilha específica, e a partir daí, foi refeito o estádio patológico de cada caso (pTNM) e classificação clínica em estádio III, IVA,IVB ou IVC. 4.2.9.2 Método estatístico A análise estatística foi realizada usando-se os seguintes programas de computador: - Microsoft Excel for Windows (versão 2003). - Microsoft Word for Windows (versão 2003). - SAS Enterprise Guide. E seguiram as seguintes técnicas: - Análise Descritiva Unidimensional. - Análise Descritiva Multidimensional. MÉTODOS - 30 - Associação e Dependência de Dados Qualitativos. - Análise de sobrevivência. A análise se refere à avaliação de 33 pacientes submetidos à cirurgia como tratamento do carcinoma epidermóide avançado de cavidade oral e orofaringe. As cirurgias ocorreram entre setembro de 2005 e outubro de 2008, sendo que as últimas avaliações de acompanhamento aconteceram entre junho de 2006 e março de 2009. O estudo, de caráter descritivo analítico, busca identificar o perfil dos pacientes, além de testar a possível associação entre algumas variáveis levando em conta o status observado nas datas acima mencionadas. A análise será dividida em duas partes. A primeira, descritiva, traz uma visão geral dos pacientes e verifica a associação de variáveis considerando a situação do paciente performance status na data da última avaliação. Já a segunda parte, denominada análise de sobrevida, determina taxa e média de sobrevida dos pacientes e verifica a possível influência de algumas co-variáveis em suas curvas de sobrevivência. Como método estatístico, usamos o teste exato de Fischer, pelo número de casos, com a seguinte execução: - 20< N<40. - Máximo de 20% das caselas com freqüência esperada menor do que 5. O nível de significância usado (alfa) foi de 5%, ou seja, alfa = 0,05 para todas as comparações. 5 RESULTADOS RESULTADOS - 32 A análise descritiva mostrou que, entre os pacientes estudados, 75,8% eram do sexo masculino e 24,2% do sexo feminino. A idade, obtida no momento da primeira avaliação, variou entre 41 e 79 anos, com média de 58,8 anos. Não houve diferença significativa entre a média de idade, quando a análise se deu correlacionando a idade e o sexo, sendo a média de 58,2 para o sexo masculino e 60,8 para o sexo feminino. Houve prevalência de caucasianos na população, sendo estes 70% contra 30% de não caucasianos. A atividade profissional mais freqüente foi de pedreiro, em 15% dos pacientes. A principal queixa apresentada foi a presença da lesão (36,4%), seguida de dor (30,3%), presença de tumoração (18,2%), disfagia (12,1%) e alteração da fala (3,0%). No grupo estudado, 81,8% eram tabagistas e 63,6% eram etilistas; a associação do tabagismo com o etilismo esteve presente em 60,6% dos casos. A distribuição de freqüência dos sítios do tumor primário se deu por: lábio (24,2%), base de língua (18,2%), palato duro (15,2%), soalho (12,1%), língua oral (9,1%), tonsila palatina (9,1%), palato mole (9,1%) e região jugal (3,0%). RESULTADOS - 33 Com relação à abordagem do pescoço, em 30% dos casos não houve proposta de esvaziamento cervical, em 24,2% foi realizado esvaziamento radical unilateral; em 24,2% o esvaziamento supra-omo-hoideo unilateral; em 9,1% o esvaziamento supra-omo-hioideo bilateral; em 6,1% o esvaziamento radical bilateral e em 6,1% os esvaziamentos radical e supraomo-hioideo associados. Quanto ao estadiamento clínico TNM, categoria T, obtivemos 90,9% de casos T3; 6,1% de casos T4 e 3,0% de casos T2. Para a categoria N, encontramos 78,8% de casos sem metástase cervical; 12,1% de casos N1, 3,0% de casos N2b; 3,0% de casos N2c e 3,0% de casos N3. Já na categoria M, 100% dos casos não tinham doença metastática à distância (Tabelas 1, 2 e 3). Tabela 1 - Distribuição de freqüência da categoria T Válidos T2 T3 T4 Total Freqüência 1 30 2 33 % 3,0 90,9 6,1 100,0 % Válida 3,0 90,9 6,1 100,0 % Acumulada 3,0 93,9 100,0 Tabela 2 - Distribuição de freqüência da categoria N Válidos N0 N1 N2b N2c N3 Total Freqüência 26 4 1 1 1 33 % 78,8 12,1 3,0 3,0 3,0 100,0 % Válida 78,8 12,1 3,0 3,0 3,0 100,0 % Acumulada 78,8 90,9 93,9 97,0 100,0 Tabela 3 - Distribuição de freqüência da categoria M Válidos M0 Freqüência 33 % 100,0 % Válida 100,0 % Acumulada 100,0 RESULTADOS - 34 Quando associamos as categorias T, N e M para a composição do estadiamento clínico, obtivemos os seguintes agrupamentos com ordem decrescente de freqüência: T3NOMO (75,8%), T3N1M0 (9,1%), T2N2cM0 (3,00%), T3N2bM0 (3,0%), T3N3M0 (3,0%), T4N0M0 (3,0%) e T4N1M0 (3,0%). Estas associações permitiram a organização do grupo em estádios III, IV A e IV B, com distribuição conforme a Tabela 4. Tabela 4 - Distribuição de freqüência de estadiamento clínico Válidos Estadio III Estadio IVA Estadio IVB Total Freqüência 28 4 1 33 % 84,8 12,1 3,0 100,0 % Válida 84,8 12,1 3,0 100,0 % Acumulada 84,8 97,0 100,0 Quanto ao estadiamento patológico pTNM, a categoria pT apresentou pT3 com maior freqüência 63,6%, seguida de pT1 (18,2%), pT2 (9,1%) e pT4 (9,1%). Quanto à categoria pN, obtivemos 66,7% de casos pN0, 18,2% de casos pN2b, 9,1% de casos pN2c e 6,1% de casos pN1, conforme as Tabelas de 5 a 8. Tabela 5 - Distribuição de freqüência de categoria pT Válidos pT1 pT2 pT3 pT4 Total Freqüência 6 3 21 3 33 % 18,2 9,1 63,6 9,1 100,0 % Válida 18,2 9,1 63,6 9,1 100,0 % Acumulada 18,2 27,3 90,9 100,0 RESULTADOS - 35 Tabela 6 - Distribuição de freqüência de categoria pN Válidos pN0 pN1 pN2b pN2c Total Freqüência 22 2 6 3 33 % 66,7 6,1 18,2 9,1 100,0 % Válida 66,7 6,1 18,2 9,1 100,0 % Acumulada 66,7 72,7 90,9 100,0 Tabela 7 - Distribuição de freqüência de categoria pM Válidos pM0 Freqüência 33 Tabela 8 - Distribuição de % 100,0 % Válida 100,0 freqüência de % Acumulada 100,0 categorias pN em agrupamentos Válidos Sem metástase linfonodal com metástase linfonodal Total Freqüência 22 11 33 % 66,7 33,3 100,0 % Válida 66,7 33,3 100,0 % Acumulada 66,7 100,0 Quando associamos as categorias pT e pN para a composição do estadiamento patológico, obtivemos os seguintes agrupamentos em ordem decrescente de freqüência: pT3pN2b (63,6%), pT1pN1 (18,2%), pT2pN2a (9,1%) e pT4pN2c (9,1%). Essas associações permitiram a organização do grupo em estádios patológicos II, III e IVA, conforme a distribuição mostrada nas Tabelas 9. Tabela 9 - Distribuição de freqüência de estadiamento patológico Válidos Estádio II Estádio III Estádio IVA Total Freqüência 1 20 12 33 % 3,0 60,6 36,4 100,0 % Válida 3,0 60,6 36,4 100,0 % Acumulada 3,0 63,6 100,0 RESULTADOS - 36 A avaliação e dimensionamento do tumor e de suas metástases também foram objetos da pesquisa, com interesse na comparação entre o que foi mensurado para a composição do estadiamento clínico e o que foi encontrado na análise anatomopatológica. Para a categoria T, em 70% dos casos do estudo não houve diferença em relação à categoria pT; em 30% dos casos a categoria T foi diferente da categoria pT. Quanto à categoria N, em 63,6% dos casos não houve diferença em relação à categoria pN; em 36,4% essa diferença esteve presente. A Tabela 10 relaciona os dados de agrupamento em estádios clínicos com os dados de agrupamento em estádios anatomopatológicos, mostrando a correlação entre a avaliação da doença elaborada antes e depois do tratamento: Tabela 10 - Distribuição das freqüências de estadiamentos clínico e patológico em conjunto Estádio II Estádio AP Estádio III Estádio IVA Total Contagem % TNM clínico Contagem % TNM clínico Contagem % TNM clínico Contagem % TNM clínico Estádio III 1 3,6% 20 71,4% 7 25,0% 28 100,0% Estádio IVA 0 ,0% 0 ,0% 4 100,0% 4 100,0% Estádio IVB 0 ,0% 0 ,0% 1 100,0% 1 100,0% Total 1 3,0% 20 60,6% 12 36,4% 33 100,0% A análise histológica mostrou que a invasão vascular esteve presente em 30,3% dos casos (Tabela 11), a invasão perineural em 48,5% dos casos (Tabela 12), a embolização linfática em 24,2% dos casos (Tabela 13) e a infiltração muscular em 84,8% dos casos (Tabela 14), tendo sido esta a característica mais predominante. RESULTADOS - 37 Tabela 11 - Distribuição de freqüência de invasão vascular Válidos Ausente Presente Total Freqüência 23 10 33 % 69,7 30,3 100,0 % Válida 69,7 30,3 100,0 % Acumulada 69,7 100,0 Tabela 12 - Distribuição de freqüência de infiltração perineural Válidos Ausente Presente Total Freqüência 17 16 33 % 51,5 48,5 100,0 % Válida 51,5 48,5 100,0 % Acumulada 51,5 100,0 Tabela 13 - Distribuição de freqüência de invasão vascular linfática Válidos Ausente Presente Total Freqüência 25 8 33 % 75,8 24,2 100,0 % Válida 75,8 24,2 100,0 % Acumulada 75,8 100,0 Tabela 14 - Distribuição de freqüência de infiltração muscular Válidos Ausente Presente Total Freqüência 5 28 33 % 15,2 84,8 100,0 % Válida 15,2 84,8 100,0 % Acumulada 15,2 100,0 As margens cirúrgicas de ressecção foram livres em 72,7% dos casos, comprometidas em 15,2% e exíguas em 12,1% dos casos. A recidiva local esteve presente em 9,1% dos pacientes até a data da última avaliação e a recidiva regional em 3,0% deles. A metástase à distância foi encontrada em 9,1% dos pacientes e, em 100% desses casos, o sítio acometido foi o pulmão. Ao final do período de avaliação do estudo, 72,7% dos pacientes encontravam-se vivos e sem registro da doença, 18,2% morreram em decorrência da doença, 6,1% morreram em decorrência de outra doença e 3,0% encontravam-se vivos e com doença em atividade. A observação dos RESULTADOS - 38 pacientes variou de um a 41 meses, com média de 14; quanto ao óbito, este ocorreu com média de 15 meses e mediana de 10 meses. 5.1 Distribuição Conjunta As tabelas a seguir mostram a distribuição conjunta das variáveis em que se suspeitou a associação. Na Tabela 15, encontra-se a comparação entre o tamanho do tumor à apresentação e status clínico dos pacientes após o tratamento. Tabela 15 - Distribuição conjunta dos pacientes segundo as variáveis status clínico e T KPS Vivo sem doença Vivo com doença Óbito pela doença Óbito por outra doença Total Freqüência Observada % Linha % Coluna Observada % Linha % Coluna Observada % Linha % Coluna Observada % Linha % Coluna T 3 2 1 4,2 100,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 1 21 87,5 70,0 1 100,0 3,3 6 100,0 20,0 2 100,0 6,7 30 4 2 8,3 100,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 2 Total 24 1 6 2 33 Teste Exato de Fisher: Table Probability (P) = 0,3710; p-valor = 1 Pela tabela acima, não percebemos grandes desvios entre os valores observados e esperados, confirmado pelo p-valor = 1 do teste exato de Fisher, não havendo evidências estatísticas para rejeitar a hipótese de não associação entre as variáveis, ao nível de significância de 5%, ou seja, não existe diferença estatisticamente significante entre as categorias, mostrando que o tamanho do tumor não influenciou a status clínico no grupo. RESULTADOS - 39 Já na Tabela 16, encontramos a comparação do tamanho do tumor, dimensionado após o tratamento cirúrgico e a “performance status”. Tabela 16 - Distribuição conjunta dos pacientes segundo as variáveis status clínico e pT KPS Vivo sem doença Vivo com doença Óbito pela doença Óbito por outra doença Freqüência Observada % Linha % Coluna Observada % Linha % Coluna Observada % Linha % Coluna Observada % Linha % Coluna Total pT 1 5 20,8 83,3 0 0,0 0,0 1 16,7 16,7 0 0,0 0,0 6 2 3 3 12,5 100,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 3 14 58,3 66,7 1 100,0 4,8 4 66,7 19,1 2 100,0 9,5 21 4 2 8,3 66,7 0 0,0 0,0 1 16,7 33,3 0 0,0 0,0 3 Total 24 1 6 2 33 Teste Exato de Fisher: Table Probability (P) = 0,0226; p-valor = 1 Da mesma forma, não percebemos grandes desvios entre os valores observados e esperados, confirmado pelo p-valor = 1 do teste exato de Fisher, não havendo evidências estatísticas para rejeitar a hipótese de não associação entre as variáveis, ao nível de significância de 5%, ou seja, não existiu diferença estatisticamente significante entre as categorias. Na Tabela 17, encontramos a comparação entre a presença e tamanho de doença metastática e o status clínico após o tratamento. É possível observarmos que, novamente, não encontramos diferença estatisticamente significante entre as variáveis, denotando que presença e tamanho de metástase cervical não influenciou o óbito neste estudo. RESULTADOS - 40 Tabela 17 - Distribuição conjunta dos pacientes segundo as variáveis status clínico e N KPS Freqüência Vivo sem doença Vivo com doença Óbito pela doença Óbito por outra doença Observada % Linha % Coluna Observada % Linha % Coluna Observada % Linha % Coluna Observada % Linha % Coluna Total 0 19 79,2 73,1 1 100,0 3,9 4 66,7 15,4 2 100,0 7,7 26 1 N 3 4 5 3 12,5 75,0 0 0,0 0,0 1 16,7 25,0 0 0,0 0,0 4 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 1 16,7 100,0 0 0,0 0,0 1 1 4,2 100,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 1 1 4,2 100,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 1 Total 24 1 6 2 33 N, pN: 0 =N0; 1 = N1; 2 = N2a; 3 = N2b; 4 = N2c; 5 = N3 Teste Exato de Fisher: Table Probability (P) = 0,0284; p-valor = 0,6982 Com relação à comparação entre o status clínico e tamanho da metástase dimensionado após tratamento cirúrgico, mostrado na Tabela 18, a seguir, podemos afirmar também, que não observamos diferenças estatisticamente significante entre as categorias, mostrando que o tamanho da metástase cervical, medido após tratamento, não influenciou o óbito, no presente estudo. Tabela 18 - Distribuição conjunta dos pacientes segundo as variáveis status clínico e pN KPS Vivo sem doença Vivo com doença Óbito pela doença Óbito por outra doença Total Freqüência Observada % Linha % Coluna Observada % Linha % Coluna Observada % Linha % Coluna Observada % Linha % Coluna pN 0 1 15 62,5 68,2 1 100,0 4,6 4 66,7 18,2 2 100,0 9,1 22 2 8,3 100,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 2 3 4 5 20,8 83,3 0 0,0 0,0 1 16,7 16,7 0 0,0 0,0 6 2 8,3 66,7 0 0,0 0,0 1 16,7 33,3 0 0,0 0,0 3 N, pN: 0 =N0; 1 = N1; 2 = N2a; 3 = N2b; 4 = N2c; 5 = N3 Teste Exato de Fisher: Table Probability (P) = 0,0332; p-valor = 1,0000 Total 24 1 6 2 33 RESULTADOS - 41 As variáveis apresentadas acima foram analisadas comparativamente ao óbito com o intuito de avaliar o papel isolado de cada uma na evolução dos casos. A seguir, mostramos a análise da comparação das variáveis em conjunto, para a composição dos sistemas de estadiamentos clínico e patológico e assim, a comparação destes com status clínico. Tabela 19 - Distribuição conjunta dos pacientes segundo as variáveis status clínico e T_N_M KPS Freqüência Vivo sem doença Vivo com doença Óbito pela doença Óbito por outra doença Observada % Linha % Coluna Observada % Linha % Coluna Observada % Linha % Coluna Observada % Linha % Coluna Total T_N_M 2_4_0 3_0_0 1 4,2 100,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 1 3_1_0 3_3_0 3_5_0 4_0_0 4_1_0 Total 2 8,3 66,7 0 0,0 0,0 1 16,7 33,3 0 0,0 0,0 3 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 1 16,7 100,0 0 0,0 0,0 1 1 4,2 100,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 1 1 4,2 100,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 1 1 4,2 100,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 1 24 18 75,0 72,0 1 100,0 4,0 4 66,7 16,0 2 100,0 8,0 25 1 6 2 33 N, pN: 0 =N0; 1 = N1; 2 = N2a; 3 = N2b; 4 = N2c; 5 = N3 Teste Exato de Fisher: Table Probability (P) = 0,0156; p-valor = 0,7788 Tabela 20 - Distribuição conjunta dos pacientes segundo as variáveis status clínico e pT_pN_pM KPS Vivo sem doença Vivo com doença Óbito pela doença Óbito por outra doença Total Freqüência Observada % Linha % Coluna Observada % Linha % Coluna Observada % Linha % Coluna Observada % Linha % Coluna pT_pN_pM 1_1_0 2_2_0 3_3_0 4_4_0 5 20,8 83,3 0 0,0 0,0 1 16,7 16,7 0 0,0 0,0 6 3 12,5 100,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 0 0,0 0,0 3 14 58,3 66,7 1 100,0 4,8 4 66,7 19,1 2 100,0 9,5 21 2 8,3 66,7 0 0,0 0,0 1 16,7 33,3 0 0,0 0,0 3 N, pN: 0 =N0; 1 = N1; 2 = N2a; 3 = N2b; 4 = N2c; 5 = N3 Teste Exato de Fisher: Table Probability (P) = 0,0226; p-valor = 1 Total 24 1 6 2 33 RESULTADOS - 42 As Tabelas 19 e 20 mostram a distribuição conjunta da variável status clínico com o estadiamento clínico e patológico do tumor, a fim de verificar a associação entre os mesmos e o status clínico. Desse modo, não se observam grandes desvios entre os valores observados e esperados. Com p-valor de 0,77 e 1, respectivamente, do teste exato de Fisher, não temos evidências estatísticas para rejeitar a hipótese de não associação das variáveis ao nível de significância de 5%, ou seja, parece não haver diferença estatisticamente significante entre as categorias. 5.2 Análise de sobrevida 5.2.1 Taxas de sobrevida e tempo de sobrevida A seguir são apresentadas as taxas de sobrevida e tempos médio e mediano dos seis pacientes que morreram pela doença (KPS=3), considerando como censura aos dois óbitos ocorridos por outra doença (KPS = 4), totalizando oito pacientes. O tempo de sobrevivência considerado será o decorrido entre a data da cirurgia e a data da última avaliação. Além da análise da sobrevida segundo as categorias dos sistemas clínico (TNM) e patológico (pTNM) e seus agrupamentos em estádios, analisamos também a influência de outros fatores como sexo e parâmetros histopatológicos (infiltração vascular, linfática, perineural e muscular). RESULTADOS - 43 Gráfico 1 - Curva de sobrevida segundo estimador de Kaplan-Meier Tabela 21 - Distribuição de óbitos pelo total de casos validados N Total Nº de eventos 31 6 Censurado N % 25 80,6% Tabela 22 - Estimador de Kaplan-Meier da função de sobrevida e estatísticas resumo do tempo de sobrevivência (em meses) para todos os pacientes que morreram Estimativas de sobrevida Meses após cirurgia 0 0,4 5,6 9 9,3 10,4 11,3 16,4 29,2 Sobrevida Falhas Erro Padrão 1 * 0,8571 0,7143 0,5714 0,4286 0,2857 * 0 0 * 0,1429 0,2857 0,4286 0,5714 0,7143 * 1 0 * 0,1323 0,1707 0,187 0,187 0,1707 * 0 Tempo de sobrevida: Média = 14,8571; Mediana = 10,4 * Observações censuradas Número de falhas 0 0 1 2 3 4 5 5 6 Número de vivos 8 7 6 5 4 3 2 1 0 RESULTADOS - 44 Da Tabela 22, podemos observar uma primeira censura aos 0,4 meses (11 dias), de um paciente que foi a óbito por outra doença. O primeiro óbito motivado pela doença ocorreu quase seis meses após a cirurgia, e a última, até o momento da última observação, ocorreu após 29 meses da cirurgia. O tempo médio de sobrevivência dos pacientes, sem considerar nenhuma outra variável, foi de aproximadamente 15 meses, sendo que 50% deles foi a óbito até 10 meses após a cirurgia (mediana). Gráfico 2 - Curva de sobrevida segundo estimador de Kaplan-Meier. Comparação das categorias de T RESULTADOS - 45 Tabela 23 - Distribuição de óbitos pelas categorias T T T2 T3 T4 Total N Total Nº de eventos 1 28 2 31 0 6 0 6 Comparações globais Qui-quadrado Log Rank (Mantel-Cox) 0,853 Censurado N % 1 100,0% 22 78,6% 2 100,0% 25 80,6% df 2 p 0,653 Teste de igualdade de distribuições de sobrevida para diferentes níveis de T Tabela 24 - Estimador de Kaplan-Meier da função de sobrevida e estatísticas resumo do tempo de sobrevivência (em meses). Comparação das categorias de T T=3 Estimativas de sobrevida Meses após cirurgia 0,0 0,4 5,6 9,0 9,3 10,4 11,3 16,4 29,2 Sobrevida Falhas Erro Padrão 1 * 0,8571 0,7143 0,5714 0,4286 0,2857 * 0 0 * 0,1429 0,2857 0,4286 0,5714 0,7143 * 1 0 * 0,1323 0,1707 0,187 0,187 0,1707 * 0 Número de falhas 0 0 1 2 3 4 5 5 6 Número de vivos 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Tempo de sobrevida: T3; Média = 14,9; Mediana = 10,4 * Observações censuradas Pelas tabelas e gráfico acima, podemos constatar as mesmas observações obtidas dos relacionados a sobrevida; isto ocorreu porque todos os pacientes que foram a óbito ou que foram censurados pertenciam à mesma categoria T, não refletindo, portanto, diferença sobre o panorama global. Com p= 0,653 não houve significância estatística para afirmarmos que a categoria T influenciou a sobrevida. RESULTADOS - 46 Gráfico 3 - Curva de sobrevida segundo estimador de Kaplan-Meier. Comparação das categorias de N Tabela 25 - Distribuição de óbitos pelas categorias N N N0 N1 N2b N2c N3 Total N Total 24 4 1 1 1 31 Nº de eventos 4 1 1 0 0 6 Comparações globais Qui-quadrado Log Rank (Mantel-Cox) 5,405 Censurado N % 20 83,3% 3 75,0% 0 ,0% 1 100,0% 1 100,0% 25 80,6% df 4 p 0,248 Teste de igualdade de distribuição de sobrevida para os diferentes níveis de N As curvas de sobrevida do Gráfico 3 são de difícil análise, pois as categorias N1 da variável N contêm apenas um indivíduo cada uma. Com isso, não é possível obter dados apenas pela observação da curva. Podemos constatar que embora o maior número de óbitos tenha ocorrido na RESULTADOS - 47 categoria N0 (4/24), eles representaram 16,7% da mesma; a categoria N1 teve um óbito (1/4) que representou 25% daquele grupo, já a categoria N2B teve um óbito (1/1) que representou 100% daquela amostra. Com p= 0,248 a categoria N também não teve significado estatístico para afirmarmos que influenciou a sobrevida, embora tenha havido diferenças no tempo médio e mediano desta sobrevida. Tabela 26 - Estimador de Kaplan-Meier da função de sobrevida e estatísticas resumo do tempo de sobrevivência (em meses). Comparação das categorias de N Estimativas de sobrevida Meses após cirurgia Sobrevida 0,0 0,4 9,0 9,3 11,3 16,4 29,2 1 . 0,8 0,6 0,4 . 0 0 6 1 0 0 10 1 0 Falhas N=0 0 . 0,2 0,4 0,6 . 1 N=1 0 1 N=3 0 1 Tempo de sobrevida: N0; Média = 17,6; Mediana = 11,3 N1; Média = 5,6; Mediana = 5,6 N2a; Média = 10,4; Mediana = 10,4 * Observações censuradas Erro Padrão Número de falhas Número de vivos 0 . 0,1789 0,2191 0,2191 . 0 0 0 1 2 3 3 4 6 5 4 3 2 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 1 1 0 RESULTADOS - 48 Gráfico 4 - Curva de sobrevida segundo o estimador de Kaplan-Meier. Comparação dos agrupamentos em estádios clínicos Tabela 27 - Distribuição de óbitos pelos estadiamentos clínicos em agrupamentos Estádio clínico agrupado Estádio III Estádio IVA e IVB Total Log Rank (Mantel-Cox) N Total Nº de eventos 26 5 5 1 31 6 Comparações globais Qui-quadrado 0,005 Censurado N % 21 80,8% 4 80,0% 25 80,6% df 1 p 0,943 Teste de igualdade de distribuição de sobrevida para os diferentes níveis de estádio clinico agrupado Para o agrupamento em estádios, observamos cinco óbitos (5/26) para pacientes classificados no estádio III, representando 19,2% desta amostra; e um óbito para paciente classificado nos estádios IVA e IVB (1/5), representando 20% da amostra. Com p= 0,943 não tivemos significância RESULTADOS - 49 estatística para afirmar que houve diferenças entre os respectivos estádios avançados e a sobrevida. Gráfico 5 - Curva de sobrevivência segundo estimador de KaplanMeier. Comparação das categorias de pT A mesma situação da categoria N ocorre quando analisamos a categoria pT (Gráfico 5). Com apenas um indivíduo (n) nas categorias 1 e 4 da variável pT, a interpretação fica bastante dificultada. RESULTADOS - 50 Tabela 28 - Estimador de Kaplan-Meier da função de sobrevida e estatísticas resumo do tempo de sobrevida (em meses). Comparação das categorias de pT Estimativas de sobrevida Meses após cirurgia Sobrevida 0 10 1 0 0,0 0,4 5,6 9,0 11,3 16,4 29,2 1 * 0,8 0,6 0,4 * 0 0,0 9,3 1 0 Falhas pT = 1 0 1 pT = 3 0 * 0,2 0,4 0,6 * 1 pT = 4 0 1 Erro Padrão Número de falhas Número de vivos 0 0 0 1 1 0 0 * 0,1789 0,2191 0,2191 * 0 0 0 1 2 3 3 4 6 5 4 3 2 1 0 0 0 0 1 1 0 Tempo de sobrevida: pT1; Média = 10,4; Mediana = 10,4 pT3; Média = 16,9; Mediana = 11,3 pT4; Média = 9,3; Mediana = 9,3 Teste de Log-Rank: Qui quadrado = 0,7704; DF = 2; p-valor = 0,6803 Teste de Wilcoxon: Qui quadrado = 0,2759; DF = 2; p-valor = 0,8712 * Observações censuradas Apesar de nesse caso os tempos médio e mediano também serem diferentes entre as categorias da variável pT, pelos testes de igualdade LogRank e Wilcoxon também temos evidências estatísticas para rejeitar a hipótese de igualdade das curvas de sobrevivência das três categorias ao nível de significância de 5%. RESULTADOS - 51 Gráfico 6 - Curva de sobrevida segundo estimador de Kaplan-Meier. Comparação das categorias de pN Novamente, a existência de apenas um indivíduo nas categorias 3 e 4 dificulta a interpretação das curvas do Gráfico 6. RESULTADOS - 52 Tabela 29 - Estimador de Kaplan-Meier da função de sobrevida e estatísticas resumo do tempo de sobrevida (em meses). Comparação das categorias de pN Estimativas de sobrevida Meses após cirurgia Sobrevida 0,0 0,4 9,0 9,3 11,3 16,4 29,2 1 * 0,8 0,6 0,4 * 0 0,0 5,6 1 0 0,0 10,4 1 0 Erro Padrão Falhas pN = 0 0 * 0,2 0,4 0,6 * 1 pN = 3 0 1 pN = 4 0 1 Número de falhas Número de vivos 0 * 0,1789 0,2191 0,2191 * 0 0 0 1 2 3 3 4 6 5 4 3 2 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 1 1 0 Tempo de sobrevida: pN0; Média = 17,6; Mediana = 11,3 pN2a; Média = 5,6; Mediana = 5,6 pN2b; Média = 10,4; Mediana = 10,4 * Observações censuradas As diferenças nos tempos médio e mediano de sobrevida entre as categorias da variável pN podem nos levar a acreditar em uma diferença nos tempos de sobrevivência das três categorias, porém, devemos levar em consideração que as categorias 3 e 4 possuem apenas um indivíduo cada, fato que torna a amostra pequena e compromete o resultado. Para tornarmos a avaliação mais fiel, elaboramos análise dividindo a categoria pN em dois grupos, com e sem metástase linfonodal, com a finalidade de comparação com a sobrevida. O grupo sem metástase linfonodal teve quatro óbitos (4/20) que representaram 20% desta amostra, enquanto o grupo com metástase linfonodal teve dois óbitos (2/11) representando 18,2%. Com p= 0,772 não podemos afirmar que existe diferença estatisticamente significante entre os dois grupos. RESULTADOS - 53 Tabela 30 - Distribuição de óbitos pela categorias pN em agrupamentos N Nº de eventos Total Sem metástase linfonodal 20 4 Com metástase linfonodal 11 2 Total 31 6 Comparações globais Qui-quadrado Log Rank (Mantel-Cox) 0,084 pN agrupado Censurado N % 16 80,0% 9 81,8% 25 80,6% df 1 p 0,772 Teste de igualdade de distribuição de sobrevida para os diferentes níveis de pN em agrupamentos Gráfico 7 - Curva de sobrevida segundo estimador de Kaplan-Meier. Comparação das categorias pN em agrupamentos RESULTADOS - 54 Gráfico 8 - Curva de sobrevida segundo estimador de Kaplan-Meier. Comparação dos estádios patológicos agrupados Tabela 31 - Distribuição de óbitos pelos estadiamentos patológicos em agrupamentos Estádio AP agrupado 2 Estádios II Estádios III e IVA Total Log Rank (Mantel-Cox) N Total Nº de eventos 1 0 30 6 31 6 Comparações globais Qui-quadrado 0,264 Censurado N % 1 100,0% 24 80,0% 25 80,6% df 1 p 0,607 Teste de igualdade de distribuição de sobrevida para os diferentes níveis de estadiamento patológico em agrupamentos Todos os óbitos neste estudo ocorreram em pacientes classificados nos estádios patológicos avançados, que compuseram um grupo específico para avaliação (6/24), representando 20% do total desses pacientes, classificados nos estádios III e IVA. Com p= 0,607 não obtivemos significância estatística para afirmar que o estádio patológico interferiu na sobrevida. RESULTADOS - 55 Gráfico 9 - Curva de sobrevida segundo estimador de Kaplan-Meier. Comparação de gênero Tabela 32 - Distribuição de óbitos pelo gênero Gênero Masculino Feminino Total N Total Nº de eventos 24 5 7 1 31 6 Comparações globais Qui-quadrado Log Rank (Mantel-Cox) 0,187 Censurado N % 19 79,2% 6 85,7% 25 80,6% df 1 p 0,665 Teste de igualdade para distribuição de sobrevida para diferentes níveis de gênero Quando analisamos o gênero para correlação com a sobrevida, observamos que entre os que morreram, cinco eram masculinos (5/24), representando 20,8% do grupo de homens, e um era feminino (1/7), representando 14,3% do grupo de mulheres. Com p=0,665 do teste igualdade de log-rank, não temos significância estatística para afirmar que o gênero tenha influenciado a sobrevida. RESULTADOS - 56 Gráfico 10 -Curva de sobrevida segundo estimador de Kaplan-Meier. Comparação de invasão vascular Tabela 33 - Distribuição de óbitos pela invasão vascular Invasão Vascular Ausente Presente Total N Total Nº de eventos 21 3 10 3 31 6 Comparações globais Qui-quadrado Log Rank (Mantel-Cox) 3,698 Censurado N % 18 85,7% 7 70,0% 25 80,6% df 1 p 0,054 Teste de igualdade de distribuição de sobrevida para diferentes níveis de invasão vascular A invasão vascular esteve presente em três pacientes (3/21) que morreram pela doença, representando 14,3% deste grupo; quanto ao grupo que não apresentou invasão vascular, outros três pacientes morreram pela doença (3/10), representando 30% da amostra. As diferenças nas curvas mostradas no Gráfico 10 sugerem que haja menor tempo de sobrevida para os pacientes que tiveram infiltração vascular. Quando analisamos o p-valor do teste de igualdade de log-rank, observamos que o p=,054 encontra-se bastante perto do nível de significância (alfa) de cinco por cento, mostrando uma tendência de que a infiltração vascular interfira na sobrevida. RESULTADOS - 57 Gráfico 11 -Curva de sobrevida segundo estimador de Kaplan Meier. Comparação da infiltração perineural Tabela 34 - Distribuição de óbitos pela infiltração perineural IPN Ausente Presente Total Log Rank (Mantel-Cox) N Total Nº de eventos 16 3 15 3 31 6 Comparações globais Qui-quadrado 1,274 Censurado N % 13 81,3% 12 80,0% 25 80,6% df 1 p 0,259 Teste de igualdade de distribuição de sobrevida para os diferentes níveis de infiltração perineural Quanto à infiltração perineural, do total de 16 pacientes que não tiveram a infiltração, três foram a óbito pela doença, representando 18,7% desta amostra; entre os pacientes que apresentaram infiltração perineural, outros três foram a óbito pela doença, representando 20% desta amostra. Com p= 0,259 não podemos afirmar que a infiltração perineural causou impacto na sobrevida. RESULTADOS - 58 Gráfico 12 -Curva de sobrevida segundo estimador de Kaplan-Meier. Comparação da invasão vascular linfática Tabela 35 - Distribuição de óbitos pela invasão vascular linfática IVL Ausente Presente Total Log Rank (Mantel-Cox) N Total Nº de eventos 23 5 8 1 31 6 Comparações globais Qui-quadrado 0,007 Censurado N % 18 78,3% 7 87,5% 25 80,6% df 1 p 0,932 Teste de igualdade de distribuição de sobrevida para os diferentes níveis de invasão vascular linfática Do grupo analisado, 23 pacientes não apresentaram infiltração linfática e destes, cinco foram a óbito pela doença, representando 21,7% da amostra. Quanto aos oito pacientes que apresentaram infiltração linfática, um foi a óbito, representando 12,5% da amostra. Com p=0,932 do teste de igualdade de Log Rank, não temos significância estatística para afirmar que a infiltração vascular linfática influenciou a sobrevida nesse estudo. RESULTADOS - 59 Gráfico 13 - Curva de sobrevida segundo estimador de Kaplan-Meier. Comparação da invasão muscular Tabela 36 - Distribuição de óbitos pela invasão muscular Invasão muscular Ausente Presente Total Log Rank (Mantel-Cox) N Total Nº de eventos 4 1 27 5 31 6 Comparações globais Qui-quadrado 0,005 Censurado N % 3 75,0% 22 81,5% 25 80,6% df 1 p 0,943 Teste de igualdade para distribuição de sobrevida para os diferentes níveis de invasão muscular Com p=0,943 a infiltração muscular também não apresentou significância estatística para afirmarmos que influenciou a sobrevida. 6 DISCUSSÃO DISCUSSÃO - 61 O sistema de estadiamento clínico TNM vem sendo criticado há muito por tratar-se de um método que considera o tamanho do tumor e a extensão de sua disseminação anatômica, mas não considera a biologia clínica do câncer, tanto em sua forma estrutural quanto em sua função fisiológica, bem como não leva em consideração as comorbidades do paciente acometido (Piccirillo e Feinstein, 1996). Vernham e Crowther (1994) estudando o estádio à apresentação de carcinomas de cabeça e pescoço, analisaram uma população cuja idade média era de 64,7 anos e com proporção de 3:1 para o sexo masculino. O estádio à apresentação foi de 78% em estádio III e IV, e 39% em estádio I e II. Em nosso estudo, a idade média da população foi de 58,8 anos, com distribuição de gênero de 75,8% de homens e 24,2% de mulheres; com relação ao estádio não foi possível estabelecer comparação, já que o propósito desse estudo foi a análise de pacientes com tumores avançados, portanto, com 100% dos casos em estádio III e IV. As distribuições de gênero e idade na população seguiram o mesmo padrão encontrado na literatura, como demonstram outros estudos (Mak-Kregar et al., 1990; AlAbdulwahed et al.,1997, Carinci et al.,1998) Nos nossos resultados, a avaliação do tamanho do tumor à apresentação estatisticamente não influenciou a sobrevida dos pacientes, DISCUSSÃO - 62 embora, em números absolutos, das variáveis encontradas T2, T3 e T4, a que teve a maior mortalidade pela doença foi a variável dos pacientes classificados em T3, com 20% dos casos, enquanto que 100% dos pacientes classificados em T2 e T4 estavam vivos e sem doença ao final do período de observação. Mak-Kregar et al. (1990) compararam dois sistemas de estadiamento clínico, o UICC 1982 e o UICC 1987/AJCC 1988 e analisaram fatores prognósticos, para o carcinoma espinocelular da região tonsilar. Em ambos os sistemas, na análise multivariada, houve influência dominante da categoria T, que promoveu maior intervalo livre de doença, em cinco anos, para pacientes classificados nas categorias T2 e T1 e pior para os classificados nas categorias T3 e T4. Piccirillo e Feinstein (1996) estudaram sintomas clínicos e comorbidades como significado para a classificação prognóstica do câncer, e concluíram que a extensão anatômica do tumor é somente um dos fatores que influenciam a sobrevida. Al-Abdulwahed et al. (1997), analisando os fatores prognósticos em câncer de tonsila, concluíram que a categoria T de estadiamento foi fator prognóstico de significância estatística para a sobrevida, estando as categorias de T1 a T4 associadas a melhor e pior prognóstico respectivamente. Nathu et al. (2000), em um estudo do impacto do volume do tumor primário no controle local para o carcinoma espinocelular da orofaringe tratado com radioterapia, concluiu que a categoria T foi o fator mais importante para prever tal controle, tendo o volume do tumor um valor menos pronunciado. Todos os resultados obtidos nas séries descritas corroboraram os demais DISCUSSÃO - 63 relatados na literatura, que como consenso, identificam a categoria T como um dos principais fatores prognósticos do câncer da boca e da orofaringe. Não obstante, este estudo não foi capaz de reproduzir os mesmos índices, contrapondo-se aos resultados da literatura, já que a categoria T, com p=0,653, não teve impacto de significância estatística na sobrevida. A categoria pT quando comparada à sobrevida, nos nossos resultados, também não apresentou significância estatística, embora, em números absolutos, tenha mostrado os piores resultados nas categorias pT4 e pT3, respectivamente, aí seguindo a tendência da literatura. Com relação à doença metastática no pescoço, ao contrário da maior parte das referências encontradas, nossa série também não conseguiu reproduzir os mesmos resultados, não tendo a categoria N tido qualquer interferência na sobrevida. Mak-Kregar et al. (1990), fazendo a comparação de dois sistemas de estadiamento clínico, o UICC1982 e o UICC1987/AJCC 1988 e a análise de fatores prognósticos, tiveram resultado semelhante ao do nosso estudo; mesmo reclassificando a categoria N de um sistema para o outro, não houve interferência da mesma na sobrevida, estando esta, em ambos os estudos, subordinada à categoria T, corroborando os dados encontrados nesta pesquisa. Al-Abdulwahed et al. (1997), no estudo de fatores prognósticos do câncer de tonsila, constataram que entre os fatores pesquisados: idade, gênero, padrão de crescimento da lesão (endofítico ou exofítico), tipo de lesão (ulcerada ou não), categoria T, categoria N, modalidade de tratamento e dose de radioterapia; somente categoria N, o gênero e a dose da DISCUSSÃO - 64 radioterapia foram as variáveis que não tiveram significância estatística. Os resultados encontrados nas duas séries descritas acima, embora estejam em concordância com os resultados de nossa pesquisa, contrapõem-se aos de outros autores que estabelecem o linfonodo metastático como fator prognóstico importante e de aspecto negativo. Magalhães et al. (2001) estudaram o valor prognóstico do linfonodo metastático e a sua relação com a sobrevida livre de doença no câncer de cabeça e pescoço, em 668 casos, através da comparação do tratamento cirúrgico e com radioterapia adjuvante, quando indicada, de tumores com foco primário desconhecido (esvaziamento cervical) e tumores de cavidade oral, orofaringe e hipofaringe (sítio primário e pescoço), levando-se em consideração o fator N da classificação TNM para os tumores com foco primário desconhecido e T e N para os casos de lesão primária identificada. A sobrevida livre de doença foi semelhante nos dois grupos, mesmo submetidos à estratificação quanto ao parâmetro T, em relação àqueles com lesão primária conhecida. Em concordância com a literatura, o comprometimento cervical, independente do tamanho do tumor, foi determinante para a evolução de pacientes com tumores da cabeça e pescoço, observação que não se mostrou diferente para os tumores metastáticos com foco primário desconhecido. Um viés nesse estudo foi a pequena quantidade de casos no grupo de tumores com foco primário desconhecido. Shirazi et al. (2006), avaliando os resultados de tratamento do carcinoma espinocelular de tonsila em estádio avançado, pela preservação de órgãos e por cirurgia do sítio primário, constataram que os únicos fatores DISCUSSÃO - 65 determinantes para uma pior sobrevida global e sobrevida livre de doença foram a categoria T (T3 e T4) e a categoria N (N2c e N3), sendo que os resultados de ambos os tratamentos foram comparáveis. Esses relatos mostram que a categoria N não é, como a categoria T, uma unanimidade quando considerada como fator prognóstico isoladamente, embora seu valor no estadiamento clínico seja inconteste. A avaliação da categoria pN também seguiu a mesma tendência da categoria N neste estudo e não influenciou a sobrevida, contrariando resultados da literatura, estes também controversos. O’Brien et al. (2000) estudaram o uso do critério clínico exclusivo no tratamento do pescoço clinicamente negativo em pacientes com carcinoma espinocelular da cavidade oral e da orofaringe, analisando os resultados quando os pacientes foram escolhidos para um dos tratamentos (cirurgia ou radioterapia) ou observação do pescoço. Encontraram um sobrevida global de 86% para pacientes do grupo tratado por cirurgia e que tiveram o pescoço patologicamente negativo e de 68% para os com pescoço patologicamente positivos. Doença metastática oculta esteve presente em cerca de 30% dos esvaziamentos cervicais; concluíram que o tratamento eletivo do pescoço clinicamente negativo baseado no sítio primário do tumor e estádio permitiu maiores taxas de controle da doença nesse estudo, demonstrando clara relação entre comprometimento histopatológico do pescoço tido como negativo com sobrevida. Magalhães et al. (2001), na análise do valor prognóstico do linfonodo metastático e sua relação com a sobrevida livre de doença no câncer de DISCUSSÃO - 66 cabeça e pescoço, compararam o estádio patológico pN dos respectivos sítios primários avaliados no estudo: boca, orofaringe, hipofaringe com tumor primário desconhecido. Concluíram que a sobrevida livre de doença entre os tumores com sítio primário conhecido e os com sítio primário desconhecido não teve diferença estatística significante. Nesse estudo o estádio patológico pN, assim como em nossa série, não influenciou a sobrevida. A categoria M do estadiamento clínico, neste estudo, foi a única que teve um impacto estatisticamente significante na sobrevida, tendo influenciado claramente a evolução quando presente, seguindo os dados encontrados na literatura, que também a tornam consenso como categoria de papel dominante como fator prognóstico. Ainda neste estudo, quando avaliamos o estádio clínico TNM na sua forma agrupada, relacionando-o com a sobrevida, os resultados não mostraram diferença estatisticamente significante entre as diferentes categorias associadas. Essa observação também não corroborou os dados da literatura, que mostram o estadiamento clínico como um entre os principais fatores determinantes da sobrevida, principalmente quando a associação desses fatores leva em consideração a categoria T, historicamente o ponto comprovadamente de maior impacto nesses índices. O estadiamento patológico pTNM também seguiu a mesma tendência do estadiamento clínico e não trouxe influência à sobrevida. Mak-Kregar et al. (1990), em estudo que comparou os sistemas de estadiamento da UICC 1982 e UICC 1987/AJCC 1988 e a análise de fatores prognósticos para o carcinoma de região tonsilar, constataram que a DISCUSSÃO - 67 categoria T foi o fator isolado de maior importância, sendo que pacientes com pescoço positivo não tiveram impacto na sobrevida livre de doença, assim como não encontraram significância estatística entre a associação das diferentes categorias N e a sobrevida livre de doença. Não houve, naquele estudo, diferença na sobrevida entre os estádios de I a III e o estádio IV, quando o parâmetro foi a classificação UICC 1987/AJCC1988, ainda que nem todos os pacientes do estudo tenham sido reclassificados. Quando o parâmetro foi a classificação UICC 1982, os resultados foram os mesmos. O trabalho apontou dois fatos importantes, a impossibilidade de reclassificação de todos os pacientes e a subordinação da categoria N à categoria T no prognóstico. Nas duas classificações, a categoria T era muito semelhante e bastante dominante e, em ambas, a categoria N não teve valor prognóstico claro, mostrando que o novo sistema criado ainda não era o ideal. No nosso estudo, os resultados, exceto pela categoria T, foram bastante semelhantes, embora não tenhamos podido relacioná-los com o domínio de uma categoria especificamente, apesar da grande distribuição de casos e óbitos na categoria T3, e não tenhamos tido estádios I e II nas nossas estatísticas. Vernham e Crowther (1994), estudando o estádio dos tumores à apresentação em carcinoma de cabeça e pescoço, observaram que o sistema TNM ainda era o mais acurado indicador prognóstico. Naquele trabalho avaliaram pacientes com tumores de diferentes sítios primários baseados na classificação UICC 1997, considerando estádios I e II como precoces e III e IV como avançados. Do total da amostra, cerca de 61% foi DISCUSSÃO - 68 estádio III ou IV e cerca de 39% estádio I ou II. Para todos esses sítios, a média de duração dos sintomas foi de 6,1 meses no grupo com doença precoce e de 4,6 meses no grupo de doença avançada, sem uma diferença estatisticamente significante. Não conseguiram estabelecer relação entre estádio ao diagnóstico e duração dos sintomas, mostrando que doença avançada não significa necessariamente demora para o diagnóstico. O sistema TNM, quando relacionado com o tempo de evolução da doença, pode ser um parâmetro importante para avaliar o comportamento biológico, agressivo ou não, de um tumor. Contudo, as lacunas deixadas pelo sistema TNM de classificação dos tumores e sua dificuldade em fazer um adequado prognóstico, fizeram com que muitas críticas a ele fossem levantadas ao longo do tempo e outros fatores prognósticos fossem pesquisados. Piccirillo e Feinstein (1996) avaliaram os sintomas clínicos e a comorbidade como significantes para classificação prognóstica do câncer. Constataram que, embora o sistema TNM desse excelente descrição do tamanho do tumor e de sua disseminação anatômica, ele sozinho não considerou a biologia clínica desse tumor, manifestada por sua forma estrutural e por sua função fisiológica. Informações prognósticas importantes puderam ser determinadas pelos sintomas dos pacientes e pelas comorbidades, que não são um fator dependente da doença. Em análises multivariadas, a perda de peso mostrou-se um fator importante, mesmo após o controle da doença, até quando comparado à duração dos sintomas, sítio tumoral, disseminação regional e grau de diferenciação celular. DISCUSSÃO - 69 Al-Abdulwahed et al. (1997), em estudo para a avaliação dos fatores prognósticos do carcinoma de tonsila, pesquisaram os seguintes fatores: idade acima ou abaixo de 50 anos, gênero, crescimento endofítico e exofítico, lesões ulceradas ou não, categoria T, categoria N, modalidade de tratamento e dose da irradiação. Em análises univariadas, somente a categoria N, o gênero e a dose da irradiação não tiveram significância estatística. Quando os fatores acima foram estratificados de acordo com os estádios da doença, somente os fatores lesão ulcerada ou não e modalidade de tratamento tiveram significância estatística. Em análises multivariadas, ambos os fatores mantiveram suas significâncias. Hannisdal et al. (2003) avaliaram diferentes índices prognósticos em pacientes portadores de carcinoma de tonsila, em uma série de 310 pacientes, baseados nas diversas propostas de modificações do sistema TNM reportadas como melhor forma de avaliação que a classificação original. Encontraram quatro variáveis clínicas que indicaram sobrevida doença-específica menor, sendo estas idade maior que 60 anos, gênero masculino, dose total de radiação menor que 70GY e duração da radioterapia por período maior que 50 dias. A análise de possíveis fatores prognósticos isolados que pudessem ter influenciado a sobrevida neste estudo, além dos fatores morfológicos contemplados na classificação do sistema TNM, incluiu a avaliação dos parâmetros histopatológicos do tumor. Entre a infiltração perineural, muscular, linfática e vascular, nehuma das variáveis apresentou influência significativa na sobrevida, muito embora a infiltração vascular tenha DISCUSSÃO - 70 apresentado tendência de significância (p=0,054), fato que talvez pudesse ser corroborado em uma análise com número maior de casos. Assim como os fatores histopatológicos, o gênero também não influenciou a sobrevida, corroborando o achado de Al-Abdulwahed et al. (1997) e contrapondo Hannisdal et al. (2003). Fatores prognósticos relacionados ao tratamento e outros relacionados ao tumor e ao paciente não foram testados. Quando analisamos a eficiência do sistema TNM para predizer prognóstico em nosso estudo, vimos que ele não desempenhou esse papel com sucesso; nem mesmo a categoria T exerceu seu papel clássico de influência. Embora a distribuição dos casos tenha se dado com muito maior quantidade no estádio III (28), nos estádios IVA e IVB (5) o número de óbitos foi proporcional em relação ao do grupo de estádio III. A única categoria que teve papel marcante na sobrevida foi a M, que quando positiva, já está inserida no mais avançado estádio IV C. Considerando que as estimativas baseadas somente no TNM foram relativamente imprecisas nesse estudo, seja por tratar-se de análise com reduzido número de casos, seja por período de observação curto, parece sensato pensarmos que o prognóstico de cada um não pode ser dado somente por um sistema baseado exclusivamente nos aspectos morfológicos da doença, e que tem dificuldade em prever prognóstico individualmente. Um sistema clínico de classificação precisa incorporar variáveis do paciente; a extensão anatômica do câncer é apenas um dos fatores para a decisão sobre o tratamento, a avaliação científica sobre o DISCUSSÃO - 71 prognóstico e sobre esse tratamento podem ficar incompletas devido a rígida aderência a um sistema baseado somente na avaliação anatômica. Jones et al. (1993) analisaram a comparação do sistema de classificação integrado de Te N, com o agrupamento em estádios do sistema TNM, em um grupo de 86 pacientes com carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço, tratados com radioterapia, com a finalidade de identificar a melhor performance prognóstica destes grupos. O sistema TANIS foi melhor para predizer melhor resposta à radioterapia e sobrevida, mesmo quando ambos os sistemas foram avaliados divididos em seus agrupamentos. Carinci et al. (1998) propuseram um comparação entre sistemas de agrupamento em estádios TNM e TANIS para prever prognóstico do câncer da cavidade oral e da orofaringe. Usaram a classificação UICC1987 para comparação com a nova classificação, que utilizava as categorias T e N associadas a outros pontos integrados a ela. Concluíram que o sistema TANIS teve duas vantagens principais, por ser mais fácil de ser utilizado e por estar mais fortemente relacionado com a sobrevida que o sistema TNM. Este foi capaz de separar pacientes em estádio IV do TNM, por colher mais informações para cada categoria de pacientes. Seus dois principais pontos negativos foram o fato de ser baseada no princípio de que as categorias T e N são igualmente importantes e independentes para prever prognóstico e por não deixar claramente definido como estadiar pacientes com metástase à distância. Carinci et al. (1999), estudaram o sistema TNM/1997 para avaliá-lo como melhor sistema para prever prognóstico, através da análise de 164 DISCUSSÃO - 72 casos de pacientes acometidos por carcinoma espinocelular da cavidade oral. Ambos os sistemas mostraram uma correlação significativa com a taxa de sobrevida, porém o sistema TANIS obteve melhores resultados nesta associação. Esses resultados reforçam críticas contumazes ao sistema TNM, bastante encontradas na literatura, por falhar ao integrar pacientes com relativa diferença de grau de disseminação da doença em um mesmo grupo, principalmente no estádio IV. Groome et al. (2001) promoveram uma comparação dos agrupamentos em estádios em cabeça e pescoço nos carcinomas de cavidade oral, utilizando a classificação UICC-AJCC/ 1997 e outros sete agrupamentos baseados no TNM, quais foram TANIS 3, TANIS 7, esquema de Hart, de Kiricuta, de Synderman, de Berg e de Hall. Os critérios de comparação definidos foram: subgrupos definidos por T,N e M que fizeram um determinado grupo com um esquema de agrupamento terem taxas semelhantes de sobrevida; taxas de sobrevida diferindo entre os grupos; capacidade alta de prever cura; e distribuição de pacientes entre os grupos sendo balanceada. Os achados foram sumarizados por um sistema de pontuação e o resultado de interesse foi a sobrevida específica. O sistema de estadiamento clínico TNM não se saiu melhor que nenhum dos outros esquemas testados, reforçando ainda mais a idéia de que o TNM pode ser melhorado através da remodelação dos agrupamentos em estádios e que fatores do paciente, do tratamento, da biologia do tumor, entre outros, devem ser considerados. DISCUSSÃO - 73 Em contrapartida às novas propostas, o TNM foi sendo modificado através dos anos, tentando atender às necessidades de um melhor sistema de estadiamento, principalmente no que se refere aos desmembramentos dos agrupamentos e à criação de mais subdivisões de categorias. Com isso tornou-se mais extenso e mais complexo, dificultando em parte sua aplicabilidade clínica, um de seus principais trunfos sempre. Van der Schroeff e de Jong (2009), em análise do estadiamento e do prognóstico no câncer de cabeça e pescoço, entenderam que o acréscimo de prefixos ao sistema, para designar tumor recidivado, residual, estádio patológico, clínico, além do fator de certeza (c-fator) e os prefixos L para invasão linfática e V para invasão vascular, permitiu que o TNM trouxesse informações mais detalhadas sobre a doença, e o consideraram, ainda assim, um método de fácil utilização. Epstein (2009) analisando o sistema TNM como terapeuticamente não mandatário na abordagem do câncer, propôs um novo algoritmo para definição de tratamento denominado METS. Esse algoritmo baseia-se no critério molecular para avaliação de sensibilidade ou resistência a drogas, na presença de doença em sítio diferente do primário para avaliação de necessidade de terapia sistêmica, em características do tumor primário como tamanho e grau de diferenciação para avaliação de necessidade de ablação local, e nos sintomas apresentados, para proposição de melhor tempo e intensidade de tratamento. Trata-se de um modelo de abordagem que tenta aliar a base anatômica do TNM a fatores do paciente e, principalmente, moleculares do DISCUSSÃO - 74 tumor. Aliás, marcadores moleculares estes que se tornaram o advento mais desafiador no tratamento do câncer, já que podem orientar o melhor benefício terapêutico do tratamento com drogas específicas. Obviamente uma grande mudança em um tão consagrado sistema gerará enorme discussão e a aplicabilidade de outro método qualquer terá de ser testada clinicamente ao esgotamento. Independentemente do sistema adotado, novos conceitos talvez precisem ser considerados para que se estabeleça um novo padrão de abordagem. Conforme Epstein (2009), o conceito de cura, a subjetividade de sobrevida, o avanço dos recursos diagnósticos, o mito da presença de metástase à distância e a desproporcionalidade do conceito de perspectiva precisam ser relativizados. Os resultados obtidos no diversos trabalhos da literatura, por vezes se contrapõem em alguns pontos específicos, embora todos eles, de forma global, tragam um consenso sobre a necessidade de considerarmos novos fatores para elaboração de prognóstico no câncer de cabeça e pescoço. Apesar disso, nenhum destes novos sistemas foi capaz de ocupar o espaço do sistema TNM, seja pela dificuldade de colocá-los na prática clínica diária, seja pela rígida aderência da comunidade médica e científica a esse sistema. A crença essencial na morfologia, provável herança do pensamento vigente no século XX, também chamado de “século dos cirurgiões”, talvez seja a principal razão para o fato. Com a evolução, houve a abertura do campo, mais profissionais e uma visão mais ampla passaram a povoar o território da oncologia, com a apreciação DISCUSSÃO - 75 de fatores não morfológicos, variáveis clínicas e principalmente da biologia molecular. Se no século XX, a cirurgia ficou marcada por seu grande desenvolvimento e pela maior contribuição ao avanço da medicina, talvez possamos constatar que o real avanço ainda está por vir, neste século XXI, à partir das pesquisas com a biologia molecular. 7 CONCLUSÕES CONCLUSÕES - 77 O sistema TNM não conseguiu predizer prognóstico nesse estudo, não sendo capaz de individualizar a avaliação para pacientes com tumores avançados. 8 ANEXOS ANEXOS - 79 Anexo A - Planilha de pesquisa do prontuário Relação do sistema de estadiamento clínico TNM e patológico pTNM com o prognóstico, em carcinoma epidermóide avançado de cavidade oral e orofaringe. Curso de Pós-Ggraduação em Ciências da Saúde do Hospital HeliópolisHOSPHEL, São Paulo. Aluno: Luiz Gustavo Centeno Ferraz Orientador: Abrão Rapoport 1. Número: _______________________________________________________ 2. SAME: ________________________________________________________ 3. Iniciais do nome: _______________________________________________ 4. Idade: _________________________________________________________ 5. Sexo: (1) Masculino (2) Feminino __________________________________ ( ) 6. Etnia: (1) Branco (2) Negro (3) Amarelo (4) Pardo (5) Outros ____________ ( ) 7. Profissão: _____________________________________________________ 8. Estado Civil: (1) Solteiro (2) Casado (3) Separado (4) Divorciado (5) Viúvo _ ( ) 9. Nacionalidade: _________________________________________________ 10. Naturalidade: ___________________________________________________ 11. Procedência: ___________________________________________________ 12. Grau de escolaridade: (1) Fundamental incompleto (2) Fundamental (3) Médio incompleto (4) Médio (5) Superior incompleto (6) Superior ______ ( ) 13. Queixa principal: _______________________________________________ 14. Data do início dos sintomas: ________________________________ meses 15. Hábitos: (1) Cigarro (2) Cigarro de palha (3) Charuto (4) Cachimbo (5) Mascar fumo (6) Rapé _______________________________________ ( ) 16. Tabagismo: (1) + (2) ++ (3) +++ (4) ++++ ___________________________ ( ) 17. Etilismo: (1) Destilado (2) Fermentado (3) Vinho (4) Cachaça (5) Outros _______________________________________________________ ( ) 18. Quantia de ingesta etílica diária: (1) + (2) ++ (3) +++ (4)++++ __________ ( ) 19. Antecedentes pessoais de câncer: (1) Sim (2) Não __________________ ( ) 20. Antecedentes familiares para câncer: (1) Sim (2) Não ________________ ( ) ANEXOS - 80 21. Sítio primário: (1)lábio (2) gengiva superior (3) gengiva inferior (4) palato duro (5) língua oral (6) soalho (7) língua e soalho (8) retromolar (9) base de língua (10) amígdala (11) parede posterior (12)palato mole (13) ____________________________________________ ( ) 22. Lado da lesão primária: (1) Direita (2) Esquerda _____________________ ( ) 23. Tamanho da lesão primária: Até 2 cm (2) 2-4 cm (3) Maior que 4 cm _____________________________ ( ) 24. Estadio clínico do pescoço no diagnóstico: (1) NX (2) N1 (3) N2A (4) N2B (5) N2C (6) N3 __________________________________ ________( ) 25. Presença de metástase a distância no diagnóstico: (1) MX (2) M0 (3) M1 _______________________________________________________ ( ) 26. Estadio TNM no diagnóstico: T______ 27. Estadio clínico no diagnóstico: (1) III N_____ M______ (2) IV ______________________ ( ) 28. Exames Realizados: (1)- TC (2)- Laringoscopia direta (3)-Endoscopia (4)- Rx tórax (5)-Rx panorâmica de mandíbula (6)-USG (7)- outros _____________________________________________ ( ) 29 Data da cirurgia: ____/____/________ 30. Tipo de esvaziamento cervical direito: (1) SOH (2) Lateral (3) Outros seletivos (4) Radical I (5) Radical II (6) Radical III - funcional (7) Radical clássico (8) Não realizado __________ ( ) 31. Tipo de esvaziamento cervical esquerdo: (1) SOH (2) Lateral (3) Outros seletivos (4) Radical I (5) Radical II (6) Radical III – funcional (7) Radical clássico (8) Não realizado _________ ( ) 32. Estadio patológico: pT _______ pN_______ pM ________ 33. Tamanho da lesão no anátomo-patológico: (1) até 2 cm (2) 2 - 4 cm (3) Maior que 4 cm _____________________________________________ ( ) 34. Invasão vascular: (1) Sim (2) Não ________________________________ ( ) 35. Invasão perineural: (1) Sim (2) Não ______________________________ ( ) 36. Embolização linfática: (1) Presente (2) Ausente ____________________ ( ) 37. Invasão muscular: (1) Sim (2) Não _______________________________ ( ) 38. Margens cirúrgicas: (1) Livres (2) Comprometidas (3) Exíguas ________ ( ) 39. Número de linfonodos dissecados: _________________________________ 40. Número de linfonodos comprometidos: ____________________________ ANEXOS - 81 41. Número de linfonodos com rotura capsular: _________________________ 42. Cadeias linfáticas comprometidas: (1) IA (2) IB (3) IIA (4) IIB (5) III (6) IV (7) V (8) VI (9) VII __________________________________ ( ) 43. Número do anátomo-patológico: __________________________________ 44. Data da radioterapia: ___/___/_____ até ___/___/____ 45. Tipo de aparelho da radioterapia: (1) Acelerador linear (2) Cobalto (3) Braquiterapia (4) Outros ______________________________________ ( ) 46. Dose da radioterapia no sítio primário: __________________________ cGy 47. Dose da radioterapia cérvico-facial: _____________________________ cGy 48. Dose da radioterapia fossas: __________________________________ cGy 49. Data de início da quimioterapia: ____/____/______ 50. Data da última sessão de quimioterapia: ____/____/______ 51. Tipo de quimioterapia: (1) Neoadjuvante (2) Adjuvante (3) Concomitante (4) Paliativa ____________________________________ ( ) 52. Principais drogas quimioterápicas e doses: _________________________ 53. Avaliação da recidiva: (1) Local (2) Loco-regional (3) Distância ________ ( ) 54. Data da recidiva: ____/____/______ 55. Local da metástase a distância: ___________________________________ 56. Segunda neoplasia primária: (1) Sim (2) Não ______________________ ( ) 57. Data do diagnóstico da segunda neoplasia primária: ____/____/_____ 58 Tipo de tratamento da recidiva: (1) Cirúrgico (2) RXT (3) QT (4) RHD (5) Grupo de paliação ___________________________________ ( ) 59. Data da última avaliação: ____/____/______ 60. Performance status: (1) Vivo sem doença (2) Vivo com doença (3) Óbito por neoplasia (4) Óbito por outras causas ___________________ ( ) 9 REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS - 83 Al-Abdulwahed S, Kudryk W, Al-Rajhi N, Hanson J, Jenkins H, Gaedke H, Jha N. Carcinoma of the tonsil: prognostic factors. J Otolaryngol. 1997, 26(5):296-99. Broders AC. The microscopic grading of câncer. Surg Clin North Am. 1941; 21(4):947-62. 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Rio de Janeiro: INCA, 2004. 1 * Referências: adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver) Livros Grátis ( http://www.livrosgratis.com.br ) Milhares de Livros para Download: Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação - Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo