INSTITUTO SERRANO NEVES

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Projeto Amigo do Lago da Serra da Mesa
Educação sócio-ambiental no entorno do maior reservatório artificial de água doce do Brasil.
AQUICULTURA
BACTÉRIAS EM SISTEMAS AQUÁTICOS - Nem sempre
apenas vilãs
Helcias Bernardo de Pádua
e.mail: [email protected] [email protected] - http://www.pescar.com.br/helcias
tel.0xx11-3842.3769
Esses microrganismos, juntamente com os fungos, as algas e protozoários, mantém
necessárias e complexas interações em ecossistemas aquáticos, através dos mais diversos
processos de adaptação à ambientes desfavoráveis, participando na reciclagem dos elementos
e dos nutrientes.
São diretamente responsáveis pela transformação de compostos orgânicos em inorgânicos
e essenciais na manutenção dos ciclos do nitrogênio, desnitrificação e fixação dos elementos
como: enxofre (oxidação de enxofre e sulfetos, redução de sulfetos e degradação de
compostos orgânicos contendo enxofre) e carbono (degradação de compostos orgânicos e
fixação de carbono).
Além disso, apresentam enorme capacidade de tolerar e acumular metais importantes para
outros organismos, remover substâncias tóxicas e até de recuperar metais de grande valor
econômico ou potencialmente tóxicos. O CETEM/CNPq-RJ, vêm realizando estudos
interessantes de adsorção e/ou metabolização de íons metálicos presentes em águas e
efluentes, e outras inúmeras instituições e universidades brasileiras, como IPT/SP e
UFMG/MG, que junto aos seus departamentos, vêm à alguns anos desenvolvendo estudos
com a utilização de microrganismos diversos, nos processos de degradação e depuração de
compostos tóxicos presentes na água.
As bactérias são responsáveis por ações estabilizadoras ocorridas em qualquer sistema
aquático. Esses processos podem ser naturais ou ativados através de mecanismos artificiais,
fazendo com que ocorram favoráveis ciclos biológicos e bioquímicos.
Um grupo dessas bactérias, são chamadas aeróbias, pois só reproduzem e conseguem
viver em meio que contenha oxigênio molecular livre, (atmosférico ou dissolvida na água) e,
outro grupo denominado de anaeróbias, que não necessitam de oxigênio livre para viver e
reproduzir-se. Além dessas, temos as facultativas, que como o nome mesmo diz, possuem a
faculdade de utilizar ou não o oxigênio livre.
As bactérias realizam a decomposição das substâncias orgânicas complexas, como
carboidratos (açucares), proteínas e lipídeos (gorduras), transformando-as em matéria solúvel,
que ao passar através da membrana celular, convertem-se em energia e em novas células
bacterianas e em produtos finais, posteriormente difundidos no meio líquido pela própria
membrana celular. Esta solubilização ocorre pela liberação de catalisadores orgânicos
(enzimas) específicos, assim chamados porque atuam controlando particularmente as reações
químicas, ou seja, cada enzima somente atua em determinada reação.
Nos processos aeróbios temos então como produtos finais os dióxidos de carbono, nitratos
e fosfatos, alimentos essências para as algas. As bactérias aeróbias, são encontradas
principalmente na zona fótica dos sistemas aquáticos, como também na massa microbiana dos
filtros biológicos, sendo as mais freqüentes as Pseudomonas, as Achromobacter, etc.
Já em condições anaeróbias, as bactérias produzem substâncias solúveis, utilizadas como
alimento dentro do ecossistema e que podem ser convertidos em gazes como dióxido de
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carbono, metano, gás sulfídrico e amônia.
Por outro lado, as bactérias facultativas, em conjunto com as aeróbias, são as principais
responsáveis pela remoção da DBO na porção superior da água e próximo à camada do lodo
(sedimento), exercendo um papel importante na fase de digestão anaeróbia da camada do lodo
depositado.
São elas que hidrolizam, fermentam e convertem as substâncias orgânicas complexas,
como os lipídios, as proteínas e os carboidratos, em compostos mais simples, entre os quais
predominam os ácidos voláteis, como o fórmico, acético, propiônico, butírico e valérico, por
exemplo, por essa razão, sendo denominadas de bactérias de fermentação ácida, com
importante atividade , pois os ácidos voláteis formados constituem o alimento básico ao outro
grupo de bactérias, as metalogênicas, estas últimas, responsáveis pela conversão dos
produtos da fase de digestão ácida em compostos gasosos, como o gás carbônico e metano.
Um grupo de bactérias (excepcionalmente de vida autotrófica), de interesse quanto aos
mecanismos comportamentais em sistemas aquáticos de baixa qualidade, - poluídos por
compostos orgânicos -, são as anaeróbias fotossintéticas, que possuem pigmentos ativáveis
por certos comprimentos de ondas de luz, maiores que os adsorvidos pelas algas, sendo
utilizadoras de enxofre (gás sulfídrico), retendo-o na sua célula ou convertendo-o em sulfatos
estáveis, através de mecanismos metabólicos, suprimindo assim a produção de odores
desagradáveis, porem não liberando oxigênio livre e consequentemente não contribuindo
diretamente para a decomposição da matéria orgânica.
Essas ações são de enorme utilidade em todos os sistemas de reciclagem e reuso da água
para fins não potáveis, podendo assim suprir, por exemplo , a aqüicultura, com um produto
considerado adequado, logicamente convenientemente condicionado para tal fim, ou seja à
produção e manutenção de organismos aquáticos, sem causar prejuízos ao ser humano.
Publicado:
Informativo da ABRAPOA
Ano III - nº 5, p. 8-10; l993
Biblioteca:Inst.Pesca & CETESB
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