Sistema inteligente de monitoração óptica para

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Sistema inteligente de monitoração óptica para
gerenciamento e localização de falhas em redes
DWDM
João Batista Rosolem*, Cláudio Floridia, Milton Ben-Hur Faber, Juliano Rodrigues Fernandes
de Oliveira, Ronaldo Ferreira da Silva, Jaime Alexandre Matiuso, Alberto Paradisi, Roberto
Arradi, Antônio Amauri Juriollo, Júlio César Martins
Descrevemos neste artigo um sistema inteligente de monitoração para a camada óptica que permite o
completo gerenciamento de falhas e degradações dos sistemas baseados em multiplexação em
comprimentos de onda. Este sistema permite a localização exata da causa da degradação na camada
física antes que o sistema DWDM pare de operar, otimizando dessa forma a manutenção da planta
instalada. Com os resultados obtidos até o presente momento podemos afirmar que esta ferramenta será
de grande utilidade para as operadoras de telecomunicações no gerenciamento de suas plantas de curta
e longa distância que fazem uso de sistemas DWDM.
Palavras-chave: DWDM. Sistemas de gerenciamento. Monitoração óptica. Analisadores de canais
ópticos.
Introdução
São bem conhecidas as vantagens dos sistemas
ópticos que utilizam a tecnologia Wavelength
Division Multiplexing (WDM). Entre as vantagens
de utilização dos sistemas WDM densos
(DWDM), podemos citar: a elevação da
capacidade de transmissão dos sistemas
ópticos, a economia de fibras e equipamentos de
transmissão e o aumento da flexibilidade e da
“escalabilidade” na operação (IEC WEB
PROFORUM, 2006). Nos últimos anos, o rápido
crescimento de usuários e serviços providos pela
Internet
levou
as
operadoras
de
telecomunicações a instalar, em grandes
proporções, esse tipo de tecnologia. Os sistemas
DWDM de longa distância foram os primeiros a
serem instalados e permitiram uma drástica
redução dos custos de instalação de novas fibras
e
equipamentos.
Os
sistemas
DWDM
submarinos
intercontinentais
foram
posteriormente instalados pelas mesmas razões
já citadas. Recentemente, os sistemas WDM
alcançaram a área metropolitana da planta de
telecomunicações, com paradigmas diferentes
dos paradigmas dos sistemas de longa distância.
Na área metropolitana, os sistemas WDM de
grande espaçamento espectral (CWDM) têm sido
mais empregados por oferecerem menor custo
(RBN LITERATURE, 2006). Finalmente, a
fronteira final está no acesso. Nessa fronteira,
novas tecnologias para sistemas WDM utilizando
poucos comprimentos de onda estão sendo
desenvolvidas para o atendimento de serviços
Triple Play (Internet de alta velocidade, televisão
e telefonia) em uma única estrutura de conexão
banda larga do tipo Passive Optical Network
(PON) (GEORGE, 2006).
Apesar do emprego de sistemas DWDM em
diversas partes da planta óptica, a capacidade
plena de gerenciamento da camada óptica
DWDM não evoluiu adequadamente. Atualmente,
com poucas exceções, os sistemas de gerência
dos equipamentos DWDM monitoram apenas as
potências ópticas de entrada e saída dos
conversores
de
comprimento
de
onda
(transponders) e a potência total de saída e
entrada dos amplificadores. Esse conjunto de
parâmetros supervisionados não é suficiente
para garantir o bom desempenho da rede. É
comum na atualidade, a freqüente manutenção
corretiva em redes DWDM em decorrência da
variação dos parâmetros dos canais transmitidos.
Os canais de sistemas DWDM (portadoras
ópticas em freqüências especificadas pelo ITU-T)
necessitam ser monitorados quanto a sua
potência óptica, razão sinal-ruído e desvio
espectral, para que o serviço fim a fim seja
garantido (BACH et al., 2004; LOURIE, 2006;
VUKOVIC; YANG, 2007). Atualmente, como já
mencionado, não é feita a monitoração nesse
nível de funcionalidade.
O problema se agrava quando ocorre a
expansão da rede em número de canais ou
aumento de taxas de transmissão. Nesse caso,
as margens sistêmicas (em muitas situações já
comprometidas em decorrência da degradação
da planta física) são reduzidas drasticamente
levando o sistema a operar com baixo
desempenho.
Para resolver tais problemas e dotar as
operadoras de um sistema que possua real
controle sobre a planta DWDM, detalhamos
nesse artigo um sistema inovador que
*Autor a quem a correspondência deve ser dirigida: [email protected].
Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 4, n. 1, p. 53-60, jan./jun. 2008
Sistema inteligente de monitoração óptica para gerenciamento e localização de falhas em redes DWDM
chamamos de sistema de inteligência WDM
(iWDM) para monitoração e análise de
desempenho da camada DWDM. A ferramenta
pode identificar, localizar e apontar problemas
em subsistemas e no meio físico de forma
remota, centralizada e automatizada, otimizar a
manutenção preventiva e corretiva das rotas
ópticas, viabilizar a expansão de forma segura da
capacidade dos sistemas DWDM e avaliar de
maneira precisa os efeitos das intervenções na
planta óptica. Para tanto, analisamos com mais
detalhes na Seção 1 deste artigo os problemas
em redes DWDM. Na Seção 2, descrevemos o
sistema de inteligência WDM. Na Seção 3,
discutimos a implantação prática do sistema de
inteligência WDM e, finalmente, apresentamos,
na Seção 4, a análise e os resultados obtidos
com a implementação.
1
Problemas em redes DWDM
Um sistema DWDM de longa distância, conforme
Figura 1, é composto por terminais de
transmissão com transponders, multiplexadores
e demultiplexadores de canais, amplificadores
ópticos de potência e pré-amplificadores de linha.
Outros elementos presentes são atenuadores
ópticos,
compensadores
de
dispersão,
multiplexadores de banda, etc. Entre os terminais
de transmissão encontram-se os enlaces de fibra
óptica entremeados por amplificadores ópticos
de linha. A distância máxima entre os terminais
pode chegar até 600 km e o espaçamento entre
os amplificadores de linha é na média inferior a
80 km. A supervisão dos elementos de linha é
feita através do uso de um sinal óptico, cujo
comprimento de onda está fora da banda dos
canais DWDM (1530 a 1560 nm banda C ou
1570 a 1610 nm banda L), normalmente em
1480, 1510 ou 1625 nm.
De forma geral, o ciclo de vida de um sistema
DWDM começa pelo seu dimensionamento,
seguido pelas fases de implantação, operação e
ampliações.
A fase de dimensionamento é caracterizada pela
escolha da capacidade de transmissão em
termos de números de canais (portadoras
ópticas) (ITU-T, 1998) e pela taxa máxima de
transmissão em Gbit/s. Outras importantes
decisões recaem na escolha de fibras dos cabos
ópticos que, em geral, já se encontram
instalados. Existe um importante vínculo do
desempenho do sistema DWDM com o tipo ou
com
a
qualidade
da
fibra
instalada,
principalmente para altas taxas de transmissão
(acima
de 2,5 Gbit/s)
(ITU-T,
2000).
Normalmente, as fibras dos cabos a serem
utilizados são caracterizadas, pelo menos, em
termos de atenuação e dispersão do modo de
polarização.
A fase de implantação do sistema é
caracterizada pelo alinhamento do sistema, por
54
meio do deslocamento de técnicos para as
estações terminais, onde através de analisadores
de espectro óptico, medidores de potência e de
geradores de padrão e medidores de taxa de
erro, os canais são ajustados. Atualmente, o
ajuste da homogeneidade dos canais em termos
de potência ou razão sinal-ruído é feito por meio
da escolha de atenuadores ópticos fixos que são
colocados
na
saída
dos
transmissores
(transponders).
O sistema entra na fase de operação geralmente
com poucos canais e com a faixa dinâmica
“folgada”. Poucos problemas de operação são
esperados nessa fase inicial, porém, ao longo do
tempo ocorre a degradação dos elementos ativos
e passivos do sistema. Alguns dos problemas
típicos são: rompimentos de fibras, emendas
ópticas feitas com baixa qualidade, danos em
atenuadores, em cordões e conexões ópticas,
deslocamento espectral do comprimento de onda
de operação dos lasers, entre outros.
Esses fatores são em muitos casos causados
por uma manutenção de baixa qualidade técnica
no sistema. Uma conseqüência é a ocorrência de
“desequalização” dos canais ópticos, conforme
mostram os gráficos de espectro da Figura 1. A
desequalização pode em muitos casos provocar
taxa de erros nos canais de menor potência ou
de menor razão sinal-ruído, como também nos
canais de maior potência quando ocorre
saturação dos receptores ópticos.
Como nos sistemas de gerência DWDM atuais
ainda não são utilizados analisadores de
espectro óptico, a visualização desses efeitos
não é possível. Atualmente, o recurso utilizado
para a avaliação dos elementos ativos do
sistema DWDM consiste na monitoração das
potências de entrada e saída desses elementos,
bem como na monitoração interna dos
parâmetros específicos, tais como potência
gerada, corrente de polarização de lasers,
temperatura de operação, etc. Vale salientar que
a potência óptica composta, ou seja, aquela que
contém a somatória das potências de todos os
canais, não informa sobre o desempenho
individual de cada canal.
A fase de ampliação de canais pode ter início já
com uma rede degradada. Nesse contexto, as
margens
sistêmicas
são
reduzidas
progressivamente com a degradação dos
elementos da planta e com a expansão da rede
em número de canais. Em muitos casos, um
completo realinhamento do sistema é necessário.
As atividades de realinhamento do sistema para
ampliação de canais necessitam dos mesmos
recursos utilizados na fase de implantação,
acrescidos de equipamentos e equipes para
avaliação da qualidade da fibra óptica. Os
serviços de realinhamento são de alto custo e
demorados quando a rede apresenta grande
extensão territorial.
Um outro problema, não relacionado à
Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 4, n. 1, p. 53-60, jan./jun. 2008
Sistema inteligente de monitoração óptica para gerenciamento e localização de falhas em redes DWDM
degradação do sistema, porém importante, é o
do gerenciamento de canais de terceiros
(LOURIE, 2006). Conforme exibido na Figura 1,
os canais de terceiros são portadoras ópticas
coloridas que provêm de fornecedores distintos e
que entram no sistema DWDM diretamente pelo
multiplexador. Esses canais não podem ser
monitorados pelo sistema de gerência do
equipamento DWDM, exigindo das operadoras
um grande esforço de integração de gerências.
Todos esses fatores, além de outros não
relacionados, que dependem da característica de
funcionamento analógica dos sistemas DWDM,
aumentam a complexidade do gerenciamento
integral desses sistemas, criando dificuldades na
manutenção da planta, na rápida determinação e
localização de elementos com falha ou
degradação.
2
Sistema de inteligência WDM
Tendo em vista a resolução dos problemas
citados na Seção 1, desenvolvemos uma solução
denominada Inteligência WDM (iWDM), que tem
os seguintes atributos:
1. monitorar o desempenho de cada canal e da
potência composta por elementos da planta
DWDM;
2. identificar e localizar problemas em
subsistemas e no meio físico de forma
remota, centralizada e automatizada;
3. otimizar a manutenção preventiva da planta
DWDM pela avaliação precisa dos efeitos
das intervenções;
4. viabilizar a expansão de forma segura da
capacidade da planta DWDM.
O sistema iWDM é composto por um núcleo de
software principal (ver Figura 2) que tem a
função de ler e comparar parâmetros dos
sistemas DWDM, tais como: potência composta
óptica de entrada e saída dos elementos ativos,
potência do terminal transmissor e receptor por
canal, razão sinal-ruído óptica dos canais,
comprimento de onda e desvio espectral. Os
dados de potência composta são lidos na
realidade pelo sistema de gerência proprietário
do equipamento DWDM e então solicitados pelo
sistema iWDM. Os parâmetros espectrais são
lidos por analisadores de canais ópticos que
coletam os dados nas portas de monitoração dos
amplificadores ópticos de potência e do préamplificador. A Tabela 1 exibe o que cada
parâmetro lido informa sobre o desempenho da
rede.
Tabela 1 Parâmetros lidos pelo sistema iWDM e suas correlações com o desempenho da rede
Parâmetro monitorado
Nível
Informações
Potência óptica composta
Subsistema amplificador
Permite localizar o segmento onde ocorreu a
degradação
Razão sinal-ruído (OSNR) óptica
Canal DWDM
Mostra a qualidade de operação do canal DWDM
Potência óptica por canal
Canal DWDM
Aponta para problemas em transponders
Freqüência óptica
Canal DWDM
Aponta para problemas em transponders
Figura 1 Diagrama de um sistema DWDM ilustrando alguns de seus problemas típicos
Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 4, n. 1, p. 53-60, jan./jun. 2008
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Sistema inteligente de monitoração óptica para gerenciamento e localização de falhas em redes DWDM
Tx
Rx
MUX
Gerência do
Fornecedor
WDM
Cabo óptico
EDFA
Coleta de dados
da gerência do
equipamento DWDM
Unidade de coleta,
análise e
apresentação
de informações
EDFA
DEMUX
EDFA
Analisadores de
canais ópticos
(OCA)
i-WDM
Rede IP
Figura 2 Diagrama do sistema de inteligência iWDM
Tabela 2 Exemplos de diagnósticos detectados pelo sistema iWDM
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
Diagnósticos
Rede parada (automatic shut down)
OCA em (Tx) ou cordão do OCA defeituoso
Trecho entre multiplexador e OBA com defeito (cordão)
Amplificador de potência (OBA) defeituoso
Melhoria de potência verificada em (mostrar ponto de melhoria)
Sem sinal na entrada do transponder Tx (informar # transponder)
Degradação do sinal na entrada do transponder Tx (informar # transponder)
Transponder de Tx # com potência baixa (informar # transponders com defeito)
Transponder de Tx # com comprimento de onda do laser fora da faixa (informar # transponders com defeito)
Trecho entre transponder Tx e multiplexador e com defeito em cordão/atenuador (informar trecho)
Pré-amplificador de potência (OPA) defeituoso
Trecho entre pré-amplificador (OPA) e o demultiplexador com defeito em cordão/atenuador
OCA em (Rx) ou cordão do OCA defeituosos
Transponder de Rx defeituoso (informar # transponder)
Amplificador de linha # defeituoso (informar amplificador com diminuição de Pout)
Cordões/atenuadores/fibra defeituosos no trecho (informar trecho)
Trecho entre demultiplexador e transponder Rx # com defeito em cordão/atenuador (informar # transponder)
São
estabelecidos
limiares
para
esses
parâmetros e, uma vez ultrapassados, um
algoritmo, que é o cérebro do sistema iWDM, é
acionado passando a analisar o causador da
degradação. Alguns exemplos de diagnósticos
emitidos pelo sistema iWDM são mostrados na
Tabela 2. A metodologia desse algoritmo é
propriedade do CPqD e uma publicação a
respeito encontra-se em elaboração. O algoritmo
se baseia na correlação de fatores físicos
intrínsecos ao funcionamento de sistemas
DWDM (BACH et al.; IEC, 2006; 2004; ITU-T,
2004), bem como no longo aprendizado
operacional que o CPqD adquiriu durante o
desenvolvimento de sistemas DWDM e a
execução de serviços de caracterização de redes
ópticas.
Para que o sistema iWDM execute todas as suas
56
funcionalidades, além do algoritmo de análise
dos dados da gerência do equipamento DWDM e
dos dados dos monitores de canais, ele deve
possuir um sistema de cadastro que permita que
todos os elementos da planta DWDM sejam
inseridos, começando no nível inferior de
cadastro, tal como a posição de unidades,
subindo para os níveis superiores, tais como:
sub-bastidor, bastidor, fila, sala, andar, estação,
bairro, cidade, anel, etc.
A implantação do sistema iWDM nas operadoras
de telecomunicações traz os seguintes
benefícios:
•
redução dos custos de operação e
manutenção;
•
acompanhamento constante e automatizado
da manutenção no meio físico e nos
equipamentos;
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Sistema inteligente de monitoração óptica para gerenciamento e localização de falhas em redes DWDM
•
monitoração centralizada e remota do estado
da rede;
manutenção preventiva da rede, antecipando
e evitando várias falhas graves;
expansão da rede DWDM, minimizando os
riscos técnicos e protegendo o capital
investido;
suporte a ambiente multifornecedor.
3
Implementação do sistema iWDM
•
•
•
A concepção do sistema iWDM no CPqD foi
implementada através de três linhas de
atividades: desenvolvimento do monitor de
canais, desenvolvimento do algoritmo de análise
de falhas e degradações e desenvolvimento do
software de demonstração conceitual.
O monitor de canais (OCA) é o equipamento que
permite a visualização do espectro óptico com a
presença das portadoras transmitidas e
recebidas. Esse equipamento, diferentemente
dos analisadores de espectro óptico de
laboratório, é destinado ao uso em sistemas de
telecomunicações, apresentando funcionalidades
e custo reduzido. O equipamento desenvolvido
baseia-se no uso de tecnologias modulares
comerciais. A estratégia adotada é a da
integração do módulo OCA com módulos de
processamento de dados baseados no sistema
operacional Linux, com módulo de chaveamento
óptico para a leitura de diversos sistemas DWDM
na mesma estação e de módulo de comunicação
Ethernet. Dessa forma, várias rotas podem ser
analisadas pelo mesmo equipamento. O módulo
OCA comercial utiliza a tecnologia de fibra de
Bragg (Blazed FBG) e matriz de fotodetectores
para ler o espectro óptico da banda C (1528 nm
a 1568 nm). A precisão do equipamento na
leitura de comprimento de onda é de 50 pm e a
precisão de potência lida é de 0.5 dB. A faixa de
medição da razão sinal-ruído óptica é de 10 a 28
dB. O tempo de leitura de toda a banda espectral
da banda C é inferior a 100 ms. O módulo de
chaveamento óptico utiliza tecnologia MEMS e,
de acordo com a aplicação, pode possuir até 8
portas ópticas de entrada para uma de saída. O
módulo de processamento de dados possui
microprocessador de 32 bits, operando em 50
MHz de freqüência de relógio e 8 Mbit/s de
memória Flash. Esse módulo possui embutido o
sistema operacional Linux que realiza algumas
operações com os dados enviados pelo módulo
OCA antes de exteriorizá-los. Em aplicações
futuras o mesmo módulo de processamento
poderá realizar parte do processamento do
algoritmo iWDM localmente. O módulo OCA, já
integrado com todos esses módulos exterioriza
os dados via interface Ethernet 10BaseT ou via
interface serial. A Figura 3 mostra uma foto do
OCA desenvolvido.
O algoritmo de análise de falhas, conforme já
comentado, foi desenvolvido com fundamentos
baseados na correlação de fatores físicos
intrínsecos ao funcionamento de sistemas
DWDM e em procedimentos de manutenção
surgidos do longo aprendizado operacional que o
CPqD adquiriu ao longo do tempo no
desenvolvimento de sistemas DWDM e nos
serviços de caracterização de redes ópticas.
O software de demonstração conceitual, cuja
janela é mostrada na Figura 4, foi desenvolvido
para demonstrar a viabilidade do conceito iWDM.
Basicamente o software lê em um arquivo tipo
texto, criado pela gerência do equipamento
DWDM, as variáveis potência de entrada e saída
de cada módulo ativo, bem como a identificação
dos módulos ao longo da rota óptica. Além disso,
o software de demonstração funcional também lê
as variáveis do OCA de cada canal, que são:
potência, razão sinal-ruído e comprimento de
onda.
Figura 3 Foto do analisador de canais ópticos desenvolvido para uso no sistema iWDM
Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 4, n. 1, p. 53-60, jan./jun. 2008
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Sistema inteligente de monitoração óptica para gerenciamento e localização de falhas em redes DWDM
Figura 4 Janela do software de demonstração do sistema iWDM
O software de demonstração funcional consegue
extrair a partir destes dados, de um cadastro
simplificado e de valores de limiares dos
parâmetros fixados pelo usuário, informações de
grande importância para a operação da rede.
Essas informações são mostradas na Figura 4.
Na parte superior da janela um gráfico exibe o
elemento do sistema afetado através de um
diagrama. Ainda na parte superior, à direita, um
sinalizador informa sobre os alarmes no sistema.
Na parte esquerda da janela, são inseridos os
valores de limiares do sistema. Na parte central,
são mostrados os valores de desempenho dos
canais antes e depois das ocorrências e, na
parte direita da janela, a localização precisa do
elemento
com
falha.
O
software
de
demonstração conceitual foi desenvolvido em
linguagem C/C++.
4
Resultados
As três partes que compõem o sistema iWDM
(monitor de canais, algoritmo de análise de
falhas e degradações e o software de
demonstração conceitual) foram desenvolvidas e
testadas inicialmente no CPqD. Para tanto se
utilizou de forma acoplada planilhas simuladas de
sistemas de gerência de equipamento DWDM
comerciais, simulador de efeitos para sistemas
DWDM, sistema de transmissão DWDM
experimental compacto (ver Figura 5) e
equipamentos OCAs desenvolvidos no CPqD.
Todos esses elementos foram adequadamente
ajustados para garantir a maior veracidade
58
possível de dados em relação a um sistema real.
Em todos os testes realizados no CPqD, o
sistema
funcionou
adequadamente,
diagnosticando todos os defeitos previstos.
Posteriormente, o sistema foi testado em campo
em uma operadora de telecomunicações. O
enlace de fibras utilizado no teste possuía um
comprimento de 360 km e o sistema DWDM
continha três amplificadores de linha, um
amplificador de potência e um pré-amplificador.
O teste foi conduzido com 6 canais ópticos em
operação. Para testar o sistema, o cordão óptico
de saída de um transponder de transmissão foi
atenuado em 5 dB. O sistema iWDM detectou e
localizou com
sucesso este evento de
degradação forçada. Além da detecção de
falhas, o sistema apresentou também excelente
desempenho na monitoração em tempo real dos
parâmetros dos canais ópticos. A Figura 6
apresenta um exemplo de espectro medido pelo
OCA e mostrado pelo sistema iWDM.
Atualmente, um novo teste de campo está sendo
conduzido em uma nova operadora de
telecomunicações envolvendo uma quantidade
maior de enlaces a serem monitorados.
A próxima etapa de desenvolvimento deverá ser
a da implementação de um software de maior
porte que tenha capacidade de cadastro dos
elementos de diversas rotas. O desempenho do
sistema frente a novas tecnologias de rede, tais
como amplificadores Raman, amplificadores com
controle de ganho e Reconfigurable Optical Add
and Drop Multiplexers (ROADMs) também será
avaliado.
Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 4, n. 1, p. 53-60, jan./jun. 2008
Sistema inteligente de monitoração óptica para gerenciamento e localização de falhas em redes DWDM
Figura 5 Sistema de transmissão DWDM experimental compacto
Figura 6 Espectro medido pelo OCA e apresentado pelo sistema iWDM
Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 4, n. 1, p. 53-60, jan./jun. 2008
59
Sistema inteligente de monitoração óptica para gerenciamento e localização de falhas em redes DWDM
Conclusão
Acesso em: 10 ago. 2006.
Um sistema de monitoração para a camada
óptica que permite o completo gerenciamento do
desempenho dos sistemas baseados em
multiplexação em comprimentos de onda foi
desenvolvido e testado. Os resultados obtidos,
até o presente momento, permitem afirmar que
esta ferramenta será de grande utilidade para as
operadoras
de
telecomunicações
no
gerenciamento e localização de falhas e
degradações de suas plantas de curta e longa
distância que fazem uso de sistemas DWDM.
ITU
TELECOMMUNICATION
STANDARDIZATION
SECTOR
(ITU-T).
Recommendation G.692: Optical Interface for
Multichannel Systems with Optical Amplifiers.
Genebra, 1998.
Referências
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KILPER, D.C., Optical Performance Monitoring.
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GEORGE, J., Designing Passive Optical
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Disponível
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<
http://www.ofsoptics.com/resources/poncosteffect
ivetripleplay.pdf> Acesso em: 10 ago. 2006.
INTERNATIONAL
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CONSORTIUM (IEC). Web Proforum Tutorials.
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Disponível
em:
<http://www.iec.org/online/tutorials/dwdm/>
ITU
TELECOMMUNICATION
STANDARDIZATION
SECTOR
(ITU-T).
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G.662:
Generic
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ITU
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(ITU-T).
Recommendation G.697: Optical monitoring for
DWDM systems. Genebra, 2004.
LOURIE, M., Channel Monitors offer key DWDM
building block. Lightwave, v. 23, n. 1, p.15 e 1819, jan. 2006.
RBN LITERATURE. Characteristics of CWDM.
Disponível
em:
<
http://www.rbni.com/rbn_cwdm_tech_paper1_20sep02.pdf> Acesso em: 10 ago. 2006.
VUKOVIC, A., YANG, W., Real Time
Performance Monitoring Benefits Reconfigurable
Optical Networks. Lightwave, p.1, 11, 12, 13, 40 e
18-19, fev. 2007.
Abstract
In this work, we describe an optical layer monitoring system which allows the management of failures and
degradations in wavelength division multiplexing systems. The obtained results show that such a tool can
be very important for Telecom Companies, aiming to monitor their short and long distance optical plants
which use DWDM systems.
Key words: DWDM. Management system. Optical monitoring. Optical channel analyzers.
60
Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 4, n. 1, p. 53-60, jan./jun. 2008
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