Informe Epidemiológico Copa

Propaganda
Ano, 2013 nº01
INFORME EPIDEMIOLÓGICO
VIGILÂNCIA DAS DOENÇAS IMUNOPREVENÍVEIS
Desafios da Vigilância das Doenças Imunopreveníveis em Eventos de Massa
Tendo em vista o cenário mundial de circulação de doenças e a proximidade da Copa das Confederações (15 a
30 de junho), sendo a capital do Estado (Salvador) uma das sedes do referido evento, além de outros eventos
de massa, como a Jornada Mundial da Juventude (23 a 28/07) e Festas Populares, a exemplo dos Festejos Juninos,estima-se que visitantes e população local estarão suscetíveis ao risco da ocorrência de diversas doenças
infecciosas, a exemplo das meningites, dengue, leptospirose, sarampo, influenza, pólio, coqueluche, rubéola, varicela, infecções de origem alimentar e doenças sexualmente transmissíveis.
No tocante às doenças preveníveis por vacina, o sarampo teve a sua transmissão endêmica interrompida no
Brasil desde o ano 2000. A Região das Américas está livre da circulação do vírus endêmico do sarampo, porém
vem recebendo casos importados de outras regiões do mundo onde a doença mantém comportamento epidêmico,
a exemplo da Europa (7.000 casos confirmados em 2012, sendo 94% na França, Itália, Romênia, Espanha e Reino Unido). A circulação do sarampo se mantém endêmica na África, Ásia e Oceania. Vale ressaltar que do período de 2010 a 2013 foram confirmados, no Brasil, 123 casos de sarampo associados a vírus importado e em 2013
já foram confirmados, até a semana epidemiológica 16/2013, 05 casos de sarampo em Pernambuco, 04 em São
Paulo e 02 em Minas Gerais. Na Bahia o último surto de sarampo foi registrado em 2006 na Região de João
Dourado e Irecê, com isolamento do genótipo D4, de circulação na Europa.
Chama atenção, na Bahia, a tendência de redução da taxa de notificação de doenças exantemáticas nos últimos anos, passando de 20,8/100.000 hab em 2007 para 4,4 casos/100.000 habitantes em 2012. Esse cenário,
associado a variações dos níveis de cobertura vacinal nos municípios, abaixo da meta mínima necessária para
consolidação da eliminação da doença, se impõe como situação de risco frente a possibilidade de importação
viral. Vale ressaltar que do período de 2007 a 2013 (até a SE 14) 39 municípios se mantiveram silenciosos quanto à notificação de casos suspeitos de doenças exantemáticas e em 2012, 182 municípios (43,6%) alcançaram
cobertura vacinal (tríplice viral) inferior a 95%.
Diante disso, é de fundamental importância a manutenção de uma vigilância ativa em áreas estratégicas da
Bahia, especialmente municípios silenciosos, municípios turísticos e aqueles com tradição de Festas Juninas, os
quais deverão atrair maior quantitativo de turistas no período.
Expediente
Figura 1 - Taxa média de notificação de doenças exantemáticas (sarampo e rubéola), no período de 2007 a 2013*.
Figura 2 - Estratificação da cobertura vacinal
de tríplice viral por município, Bahia, 2012.
Fátima Guirra
Coordenadora
COVEDI/DIVEP
Adriana Dourado
Ref. Técnica COVEDI
Elaboração
GT DTP
GT EXANTEMÁTICAS
GT VARICELA
39 municípios
silenciosos no
período
GT RAIVA
GT MENINGITES
GT HEPATITES VIRAIS
Fonte: SINAN- DIVEP/SUVISA - IBGE - DATASUS
Nota: *Dados preliminares até a SE 14
Fonte: SINAN- DIVEP/SUVISA
GT PFA/ INFLUENZAE
REF. TÉCNICA COVEDI
CEI/COVEDI— COORDENAÇÃO DE IMUNIZAÇÕES E VIGILÂNCIA DAS DOENÇAS IMUNOPREVENÍVEIS
Tel:/Fax (71) 3116-0041
E-mail: - [email protected] - Site: www.vigilanciaemsaude.ba.gov.br
Controle, eliminação e erradicação de doenças imunopreveníveis
Em relação a influenza, de acor-
do com o Ministério da Saúde,
mesmo após a fase pós-pandêmica
da influenza A H1N1 pdm 2009,
declarada em agosto de 2010, o
monitoramento e as ações preventivas continuam considerando que o
vírus permanece circulando junto a
outros vírus sazonais. A partir de
2010, passaram a ser notificados
apenas os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)
hospitalizados. A notificação desses casos é realizada em uma versão Web do Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(SINAN Influenza Web). A análise
dos dados do SINAN evidencia o
comportamento endêmico do vírus
Influenza A H1N1 nos anos seguintes a Pandemia de 2009, de acordo
com a sazonalidade.
108 casos, em várias províncias da
China e 22 evoluíram para óbito.
Esse fato nos alerta para redobrar
a vigilância do referido agravo, especialmente por ocasião dos eventos de massa, muito embora, segundo a Organização Mundial de
Saúde, não tenha sido encontrada
evidência da transmissão sustentada entre humanos.
número de casos notificados nos
anos seguintes aos da Pandemia
ocasionada pelo vírus Influenza A
H1N1 e foram identificados outros
vírus e outros agentes infecciosos
responsáveis pelo internamento de
casos de SRAG .
INTENSIFICANDO
AS AÇÕES DE
VIGILÂNCIA
Na Bahia, ocorreu a redução no
Figura 3 - Casos de SRAG notificados por semana epidemiológica,
Bahia, 2009 – 2013*
140
120
100
2009
80
2010
60
2011
40
2012
2013
20
0
Em 2013, foram notificados ca1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31
sos de Influenza Aviária A (H5N1)
e Influenza A H3N2V em outros Fonte: SINAN Influenza WEB/ * dados prelimipaíses. No momento a preocupação nares
mundial se volta para o Novo Subtipo Viral Influenza Aviária A
(H7N9) que foi identificado em
34 37 40 43 46 49 52
Ainda considerando risco de importação viral, segundo dados da Organização Mundial de Saúde, entre os anos 2011 e 2012, 16 países registraram casos de poliomielite, e na sua maioria, decorrente de importação do poliovírus
selvagem oriundo de países endêmicos ou de países que restabeleceram a
transmissão.
Em 2012 foram registrados 223 casos, sendo 217 dos países endêmicos
(97,3%) e 6 (2,7%) dos não endêmicos. Em 2013, até 12 de março foram registrados 10 casos, sendo 05 no Paquistão, 04 na Nigéria e 01 no Afeganistão.
Considerando o cenário mundial e com a proximidade de grandes eventos
de massa no Brasil, torna-se imperiosa a divulgação de informações aos profissionais de saúde, autoridades e gestores sobre os riscos de reintrodução
do poliovírus selvagem no País, além da necessidade de alcance de elevadas e
homogêneas coberturas vacinais, em todos os municípios. Na Bahia, em 2013,
foram notificados 09 casos de Paralisia Flácida Aguda, atingindo a meta preconizada pelo Ministério da Saúde para o período analisado.
É importante a manutenção de vigilância ativa para a identificação de casos
suspeitos, sendo recomendada a intensificação das buscas ativas, como parte
do monitoramento da situação epidemiológica, com notificação de todos os
casos de Paralisia Flácidas Agudas em menores de 15 anos de idade, independente da hipótese diagnóstica.
Página 2
Poliomielite: a
prevenção é o
melhor caminho
Ações de controle e prevenção de surtos
Considerando o total de casos
c o nfir mado s de c oqueluc he
(n=524) no período de 2003 a
2012, observa-se que 58,9%
(309/524) ocorreram em menores
de 01 ano de idade e que destes,
93,8% (290/309) ocorreram em
menores de sete meses de idade,
sendo o grupo etário de 1 a 2 meses, o mais atingido. Ressalta-se
que esse grupo, em função da idade
(< 06 meses), ainda não recebeu o
esquema básico da vacinação (pelo
menos 03 doses), conforme preconizado no calendário de vacinação
da criança, do Ministério da Saúde,
o que o torna ainda mais suscetível
à doença. No período de janeiro a
dezembro de 2012, o Estado da
Bahia alcançou cobertura de
93,65% para a vacina Tetra/
Pentavalente. Vale destacar que
dos 417 municípios, apenas 190
(45,56%) atingiram a meta de
95,00% de cobertura vacinal preconizada pelo Programa Nacional
de Imunização (PNI). Essa situação
é preocupante, uma vez que a vacinação contra coqueluche é ainda a
medida de controle considerada
mais eficaz.
Na ocorrência de suspeita de coqueluche deve-se realizar notificação e investigação imediata de todos os casos, para que sejam adotadas precocemente medidas diagnósticas e tratamento adequado,
de modo a interromper a cadeia de
transmissão da doença e adotar,
de forma oportuna, as medidas de
controle (bloqueio vacinal e quimioprofilaxia) para a prevenção de
casos e surtos da doença.
Figura 4 - Série histórica dos casos confirmados de Coqueluche, Bahia,
2004 – 2013*.
200
179
180
160
131
140
Nº DE CASOS
Outra preocupação se refere ao
cenário epidemiológico da coqueluche na Bahia, que tem mostrado
tendência crescente de casos da
doença, com aumento considerável
nos anos de 2011 e 2012 (Figura 4),
ocorrendo surto em Feira de Santana e Vitória da Conquista.
120
100
80
60
35
42
41
36
27
24
2009
2010
40
16
20
6
0
2004
2005
2006
2007
2008
2011
2012
2013
ANO
Fonte: Banco paralelo/SINANNETET/GT-DTP/DIVEP/
SESAB *Dados até a SE 14, sujeitos a revisão
Em relação a varicela, no Estado
da Bahia, até a semana epidemiológica 14ª. SE – 09/04/2013 foram
notificados 763 casos da doença,
com maior concentração na faixa
etária de 1 a 4 anos (225).
ram 08 notificações de surto no afastar os acometidos da escola,
SINAN, no mesmo período.
creche e trabalho, evitar frequentar
A despeito do controle da doença locais fechados e com aglomeração
dentro do nível de endemicidade de pessoas, por um período de 10
esperado em 2013, como ainda não dias a contar do início do exantema e
se dispõe da vacina na rotina, ocor- vacinar indivíduos sob risco de deEm 2012 foram notificados até a rendo bloqueio vacinal apenas em senvolver formas graves da doença,
14ª. SE, 46 surtos de varicela no situação se surto hospitalar; reco- conforme orientações dos Centros
Estado, enquanto que em 2013, fo- menda-se intensificar as medidas de Referência de Imunobiológicos
de proteção da população, a saber: Especiais.
Por ocasião de eventos de massa,
especial atenção deve ser dada
para a posse responsável e vacinação anual de cães e gatos, além da
adoção das medidas de controle
frente a situações de agressão,
incluindo observação do animal agressor (cão e gato) e adoção de
esquema profilático indicado de
acordo com a avaliação de cada
caso, seguindo normatização do
Ministério da Saúde para prevenVolume 1, edição 1
ção da raiva humana.
relação ao feminino (45,22%).
Na Bahia, no primeiro quadrimestre de 2013, foram atendidas
5.505 pessoas com agressões por
animais. Quando comparado com o
mesmo período em 2012, verificouse que ocorreu um decréscimo de
1.808 (75,27%).
A faixa etária de maior ocorrência foi de 20-34 anos (18,49%).
Em relação a distribuição por gênero, nota-se
maior proporção para o
masculino (54,77%) em
Com relação à espécie animal agressora, a canina foi responsável
por 4.240 (84,06%) da casuística,
seguida pela felina, com 640
(12,08%). Quanto ao tipo de exposição, a mordedura apresentou
79,59% das agressões, seguida da
arranhadura, com 15,20%.
Página 3
Condutas de Vigilância e Imunização Frente aos Eventos de Massa
Considerando a vulnerabilidade da população às doenças sexualmente transmissíves e de transmissão parenteral (sanguínea), em eventos de massa, reforça-se a
importância da prevenção das hepatites b e c, especialmente relevantes quando se consideram os níveis superficiais de conhecimento das causas e das suas formas de transmissão, por parte da população em geral.
Destaca-se, nesse momento, a necessidade de intensificar os mecanismos de divulgação de informação, visando motivar mudanças comportamentais e reforçar atitudes relacionadas à afirmação da responsabilidade no uso
de preservativos, no não compartilhamento de seringas
e agulhas, entre outros mecanismos de prevenção, além
da importância do acesso à vacina da hepatite b.
Vale ressaltar que, em 2013, a faixa etária alvo da
vacinação contra hepatite b foi ampliada para menores
de 50 anos de idade, decisão embasada no comportamento epidemiológico da doença.
Em relação a hepatite A, doença que tem como principal
via de contágio a fecal-oral, por contato inter-humano ou
por meio de água e alimentos contaminados (ex: mariscos
crus contaminados), deve-se reforçar a importância das
medidas de higiene pessoal, cuidados com água de consu-
os padrões epidemiológicos dessa endemia, sendo
relevante considerar a utilização do SINAN para
seu monitoramento.
Tabela 1 - Freqüência de casos confirmados de Hepatites Virais segundo classificação etiológica, por
macrorregião da Bahia, no período de janeiro a abril
de 2013*
Tot Macro Res
Macro CentroLeste
Macro CentroNorte
Macro Extremo
Sul
Ign/Branco Vírus A Vírus B Vírus C Vírus E Vírus B + C
Não se
aplica
Total
1
1
13
12
0
1
0
28
0
6
1
2
1
0
0
10
1
0
5
5
0
0
0
11
Macro Leste
3
2
39
67
0
4
2
117
Macro Nordeste
0
0
6
4
0
0
0
10
Macro Norte
0
13
3
10
0
0
0
26
Macro Oeste
3
3
2
2
0
0
0
10
Macro Sudoeste
0
1
6
5
0
0
0
12
Macro Sul
Total
1
9
0
26
5
80
9
116
0
1
0
5
0
2
15
239
mo humano e manipulação de alimentos, atentando para Fonte: Divep / Sinan Net
a pertinência de se conhecer a vulnerabilidade sócio- *Dados até a SE 17, sujeitos a revisão
ambiental de áreas geográficas, a fim de compreender
Figura 5 - Cobertura acumulada da vacina hepaNo tocante à meningite, doença caracterizada pela inflamatite b para o período de 1994 a 2012*, na faixa ção das membranas que revestem o encéfalo e a medula espietária de 1 a 29 anos de idade, na Bahia.
nhal, decorrente de infecção por vírus, bactérias ou outros
micro-organismos, especial atenção deve ser dada para a identificação precoce dos casos suspeitos, assistência imediata e
tratamento; além da adoção das medidas de controle para prevenção de novos casos e surtos da doença.
51 de municípios com cobertura < 50%
Fonte: http/www. lcmady.blogspot.com, acessado
na série histórica
em 22/10/12
Os principais sintomas clínicos da doença são febre, cefaléia
e vômito, podendo apresentar ainda rigidez de nuca, convulsão
e petéquias no corpo (manchas vermelhas) em caso de meningococemia. Um caso suspeito deve ser atendido por médico e
quando confirmado o diagnóstico, tem a indicação de internação e intervenção terapêutica.
Dentre as meningites, a doença meningocócica (DM), causada
pela bactéria Neisseria meningitidis, tem sido considerada a
de maior importância epidemiológica na Bahia atualmente. Em 2012, na Bahia, foram confirmados 131 casos
(0,89/100mil hab.) de DM, com 33 óbitos e letalidade de 25%. O sorogrupo C é predominante (83% dos casos
sorogrupados). A faixa etária < 1 ano de idade apresentou maiores incidências (1,1 casos/100.000 habitantes).
Como medidas de prevenção, desde 2010 o Ministério da Saúde inseriu a vacina meningocócica conjugada C no
calendário básico de vacinação e atualmente a população alvo são menores de 2 anos. Outras medidas de prevenção e controle adotadas em casos de DM: manter o ambiente ventilado e quimioprofilaxia de contatos íntimos dos casos suspeitos ou confirmados.
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de
Vigilância Epidemiológica. Guia de Vigilância Epidemiológica, 7ª Ed.; Cad. 6, Brasília,
2010.
Ministério
da Saúde
SESAB, Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, Plano de Ação de Vigilância à Saúde
para a Copa das Confederações FIFA 2013, Bahia, 2013.
Download