Aula 2: Origens e formação das cidades Geografia Urbana I 2012 Base bibliográfica: CASTELLS, M. A questão urbana. MUNFORD, L. A cidade na história. BENEVOLO, L. A história da cidade. DOBB, M. A evolução do capitalismo RIBEIRO, D. Processo civilizatório 2) Modelos e desenvolvimento das cidades Buscar relação cidade – sociedade Cidade na Mesopotâmia (cidade fechada) Cidade no Egito (cidade aberta) Cidades na Grécia: Pólis Cidades no Império Romano Crise da cidade no mundo clássico Cidades medievais 2. Modelos e desenvolvimento da cidade: - Dificuldade de traçar um quadro geral (diversidade de situações) Semelhanças: a) Primeiras nasceram próximo à vale de rios: Mesopotâmia: entre Tigre e Eufrates, 3.500 anos AC (Ur, Uruk, Nínive) Egito: Rio Nilo, 3.000 anos AC (Menfis, Tebas) Índia: Rio Indo, 2.500 anos AC China: Rio Amarelo, 1.500 anos AC Rios relacionam-se a: Desenvolvimento de agricultura com o domínio dos rios (canais de irrigação, drenagem de áreas inundadas, represas) Desenvolvimento da agricultura com fertilidade de terras Aumento da produção e excedente b) Aspectos culturais: Cidade e escrita: transmissão do conhecimento e cultura Cidade e arte: advento de obras de arte específicas (arquitetura, monumentos) Mistura de culturas: por migração nos vales, por guerras e conquista, escravização c) Advento da propriedade privada: 1.700 ac já previa (Código de Hamurabi, Mesopotâmia) Comunidade primitiva pertencia à terra Criação do excedente passa às mãos do sacerdote (doação no templo) Ampliação poder da autoridade (realeza). Excedente torna-se propriedade real. Produção coletiva e pública (excedente) identificada como do poder real. Separação/divisão da propriedade: quando é entregue a outros nobres d) Características da cidade: Monumentalidade: construção de templos, palácios, sem poupar esforços e recursos. Paredes sólidas: simbolizam estabilidade do poder, segurança. Ornamentação com leões, águias, touros simbolizam força do poder central/autoridade Monumentalidade concentrada na Cidadela: núcleo, local sagrado, sede do poder. Nela há espaços abertos, com pátios internos para juntar multidões. Restante da cidade: casas apinhadas, sem ar e) Função: cidade política Cidades na antiguidade são Cidades-Estado que dominam e administram um território (ainda que haja desenvolvimento de comércio) Diferenças: os modelos de cidade na antiguidade 2.1 Cidade na Mesopotâmia (sumeriana) Relação cidade com organização da sociedade: Cidades fechadas, circundada por muralhas e fossos Rede de cidades-estado independentes ao longo vale rios (comunicação fluvial) Disputa pelo território e uso da planície Expansionismo fruto de guerras e conquista Sociedade militarizada (muitos guerreiros) População elevada (UR com dezenas de milhares de hab). Super-cidades: Babilônia com 2,5 x 1,5 km de área Poder central forte e legitimidade pela força Autoridade: rei como representante de deus Muralha: defesa contra ataque; dá forma à cidade se opondo ao campo; sujeição e controle da população (terror respeitoso) Imagem: Babilônia. Castelo e jardins suspensos. Fonte: Benévolo. 2.2 Cidade no Egito Relação cidade com organização da sociedade Cidade aberta, sem muralhas Absolutismo centralizado e teocrático Faraó é autoridade e deus Coesão política dada pela religião (não é preciso muralha) Crença na imortalidade: vida após a morte era mais importante Cidade dos mortos: construção de túmulos e pirâmides fora da cidade. Construções em pedra (durar) e mobilização de enorme FT Cidade dos vivos: em barro, mais frágil. Por vezes acampamentos enquanto construíam pirâmides. Cidades provisórias. Tebas, no Egito. A necrópole à esquerda do Rio e a cidade dos vivos à direita. Fonte: Benévolo. Pulverização de cidades: cada faraó construía a sua. Cidade menos concentrada. Forma: planta regular garantia de rápida construção. Centro cerimonial e sagrado: Templo e Palácio Imagem: aldeias para operários no Vale dos Reis (fonte: Benévolo) Muralhas eram naturais: montanhas, deserto e mar. Imagem do templo funerário em Tebas. Fonte: Patrimônio da humanidade. Africa I. 2.3 Cidades na Grécia: advento da Pólis grega Novo padrão de cidade-estado século VI ac.: Pólis Diferença: gregos se libertaram do poder político opressivo da religião (monarcas divinos) Regime DEMOCRÁTICO: decisões tomadas na Assembleia de cidadãos Cargos renovados constantemente para evitar associação com regime dos imperadores Cidadãos: excluídos os estrangeiros, mulheres e escravos (governo de minoria) Cidade-estado coloniza cidades menores: domínio político via comércio Declínio das cidades gregas: invasão por Felipe da Macedônia. Crise também com a busca de independência das cidades colonizadas Planta de Atenas no fim da era clássica. Vê-se a ágora fora da acrópole. Fonte: Benévolo. Acrópole, em destaque o Parthenon. Sítio em elevação para defesa. Fonte: Patrimônio da Humanidade, Europa 1. Forma da cidade: Cidadela com templo, palácio substituído por um Paço Municipal com a democracia Acrópole: cidadela no alto, amorreada, posição defensiva. Lugar sagrado, centro espiritual com Templo sendo a estrutura dominante. Ágora: lugar de encontro e de decisão política. Local das assembleias de cidadãos, lugar da palavra. Quem falava? Centro dinâmico da cidade. Nela depois se desenvolveu função de mercado Orientou posteriormente as praças nas cidades latinas (precursora) 2.4 Cidades do Império Romano Melhor exemplo de expansão do fenômeno: domínio territorial imposto pelas cidades-estado. Unificação do império sob comando de Roma, atingiu norte África, Oeste da Ásia, região do mediterrâneo, partes da Europa Controle de cidades por via comercial: cidades especializadas (divisão inter-urbana do trabalho). Especialização de ofícios. Legislação protetora do comércio. Séc. II e III dc. grande expansão do Império Séc. VI dc Roma chegou a ter quase 1 milhão de hab. Vida na cidade: sem coleta de lixo, sem rede de esgotos (só nos edifícios públicos), banhos públicos, casas com fossas, sem iluminaçãopública. Queda do Império: a partir séc. V: enfraquecimento do comércio, bloqueio do Mediterrâneo pelos árabes, cidades enfraquecem, outras desaparecem. Invasões bárbaras 476: queda do Império Romano (fim da antiguidade e início da Idade Média) 2.5 Crise das cidades do mundo clássico Fim do domínio das cidades-estado Redução do papel e número de cidades População dispersa para o campo Fechamento da sociedade: feudalismo Sociedade rural: economia auto-suficiente (economia natural) Destruição e crise da cidade antiga Enquanto isso na América Latina: Astecas e Maias (500 ac) e Incas vivem apogeu de cidades. Sociedades teocráticas Feudalismo (alta idade média): Grandes propriedades Servidão: regime de coerção para trabalho nas terras do senhor Vida no campo e pequenas cidades: burgo Burgo: Cidade pequena onde vivia o senhor e servos Refúgio e armazenamento de alimentos Amorreados ou em rochedos: função defensiva Murados (várias muralhas em círculos|) e com fossos e portões Características urbanísticas: ruas em curvas, aspecto desordenado, plano urbano circular e irregular Ruas seguiam os contornos da natureza, caminho do pedestre Ruas convergem ao centro, porém como labirinto (defesa) Não era espontâneo: acompanhava necessidade, oportunidade Planta de Milão, século XIV. Vê-se o anel de muralhas cercando a cidade. Fonte: Benévolo. Nurember, século XVI, gravura. Fonte: Benévolo. Paris, na Idade Média. Fonte Benévolo. Centro: igreja e praça Cidades isoladas, vida fechada. Papel marginal das cidades. Poucas mantiveram papel ativo na economia como cidades comerciais da Itália (Gênova e Veneza) Diferença entre cidade e campo dilui-se Século X: estabilidade com fim das invasões, Nova vida econômica nas cidades, comércio de expande Baixa Idade Média: crescimento da população no campo, pressão sobre a terra, exigência ampliada dos senhores de extração de renda da terra pressiona aumento de produtividade, esgotamento de terras. Crise do feudalismo. Novo sujeito social: comerciante Troca e moedas se generalizam e põe em xeque o regime de economia natural Crescimento do comércio e das cidades: forças para capitalismo